TFG - Arquitetura Humanitária: Centro de Acolhimento e Habitação para Refugiados

ARQUITETURA HUMANITÁRIA CENTRO DE ACOLHIMENTO E HABITAÇÃO PARA REFUGIADOS NATHÁLIA BLOIS

ARQUITETURA HUMANITÁRIA CENTRO DE ACOLHIMENTO E HABITAÇÃO PARA REFUGIADOS

Nathália Martins Pereira Blois

Orientador: André Tiani Trabalho Final de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Veiga de Almeida, como parte dos prérequisitos necessários a obtenção de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Rio de Janeiro 2020

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus; À minha família e aos meus pais: José e Cláudia, por todo apoio e esforço em tornarem este sonho possível, sem eles eu não estaria aqui.

Ao meu namorado Jean, quem me ajudou e apoiou durante toda a minha jornada acadêmica; Ao meu orientador André Tiani, por toda dedicação e aprendizado. Fundamental para a existência deste trabalho, a quem respeito e admiro; Aos mestres que dividiram conosco toda sua sabedoria;

ÍNDICE INTRODUÇÃO................................................................................................................................

9

DEFINIÇÕES.................................................................................................................................

11

JUSTIFICATIVA...........................................................................................................................

12

CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA.........................................................................................

16

DADOS.........................................................................................................................................

19

HISTÓRICO E ANÁLISE DO TERRITÓRIO.....................................................................................

21

ESTUDOS DE CASO...................................................................................................................... 2 9 O PROJETO.................................................................................................................................

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................

77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................

81

INTRODUÇÃO Este trabalho visa contribuir com o tema refugiados e arquitetura humanitária; focando na inserção territorial e na questão habitacional, que são os principais problemas identificados.

O território em foco na pesquisa é a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que por se tratar de uma metrópole é um dos principais destinos de imigrantes que buscam refúgio, melhores oportunidades e emprego.

A proposta deste trabalho é apresentar para órgãos uma forma de proporcionar dignidade e visibilidade socioespacial a partir da arquitetura.

Para isto foram feitas análises espaciais, territoriais, pesquisas bibliográficas e de dados fornecidos por órgãos públicos e instituições, além do estudo a partir da visão e perspectiva de pessoas refugiadas que hoje vivem no estado do Rio de Janeiro.

Com base em tudo isso o projeto oferece uma assistência ampla à refugiados e a pessoas em situação de vulnerabilidade, que vão desde às orientações primárias e acolhimento até capacitação e independência financeira.

O projeto se trata de um local que possa receber e dar assistência à pessoas refugiadas e em situação de vulnerabilidade.

Onde possam ser abrigados, capacitados, orientados e os inserindo territorialmente.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

9

DEFINIÇÕES REFUGIADO: Conforme Art. 1º da Lei Nº 1997/9.474, será reconhecido como refugiado todo indivíduo que sai de seu país por fundado temor de perseguição por causa de sua etnia, religião, nacionalidade, convicção política, pertencimento a certo grupo social ou devido à grave e generalizada violação de direitos humanos.

SOLICITANTE DE REFÚGIO: É a pessoa que entra em um país e pede para que sua condição de pessoa refugiada seja reconhecida, mas ainda não teve a solicitação apreciada em caráter definitivo.

MIGRANTE: Indivíduo que se descola de sua região de origem em busca de melhores condições de vida, não por causa de uma ameaça direta.

IMIGRANTE: Indivíduo que entra em outro lugar, também sem ameaça direta.

APÁRIDAS: Toda pessoa que não seja considerada por qualquer Estado, segundo a sua legislação, como seu nacional

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

10

MIGRAR

[Do latim migrate] passar de uma região para outra

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

11

JUSTIFICATIVA Cidades grandes como o Rio de Janeiro são foco para imigrantes que procuram um novo recomeço e oportunidades. Assim como outras cidades do Brasil, a cidade do RJ não está bem preparada para receber esse fluxo imigratório, que deve crescer ainda mais com o passar dos anos e não possui instalações e serviços apropriados para lidar com tal problemática.

As habitações para refugiados pelo mundo, segundo noticiários, são em sua maioria inapropriadas, feitas às pressas para atender aos que chegam em situação de vulnerabilidade. Como essas habitações e abrigos são comumente feitas sem nenhum tipo de planejamento prévio, não é difícil de se ver refugiados instalados em cabanas e containers improvisados (imagem 1), alocados em um formato de acampamento e militarizado. Esses abrigos buscam em tese oferecer proteção e abrigamento provisório, mas por outro lado, no cotidiano, acaba resultando em exclusão, controle social, reclusão e em permanência.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

Imagem 1 –Acampamento de refugiados.

Fonte: Uol Notícias (2014) Apenas 5% dos municípios com presença de imigrantes e refugiados no Brasil oferecem serviços de apoio segundo o IBGE. Na cidade do Rio de Janeiro não há nenhum órgão público que de suporte direto à essas .

12

pessoas, sendo assim o suporte dado é basicamente feito por membros (quase sempre conterrâneos) e instituições da sociedade civil, como é o caso do PARES Cáritas RJ, que fornece abrigo provisório e diversos tipos de assistência. De 4.367 pessoas 1.521 responderam que tiveram algum tipo de acolhimento sengundo a Cáritas RJ.

Imagem 2 Fonte: Cáritas (2018)

RJ,

apud.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

Natália

cidade

Habitações e centros de acolhimento devem ser planejados a partir da ótica do refugiado e de suas necessidades. Precisase de políticas públicas e refúgios que proporcionem mais dignidade, minimize traumas psicológicos, que dê voz, que fomente o pertencimento e a inserção territorial no tecido urbano que acolhe.

Essas políticas públicas devem ser pensadas de forma cuidadosa para que não aumente a desigualdade e discriminação da população nativa contra imigrantes, dificultando a inserção territorial na cidade que acolhe como é alertado por Carmen Lussi (2015, p. 136) “Desigualdade não se combate com igualdade; se previne com equidade” Esse pensamento é sustentado por Bauman (2017, p.17) que explica como a população nativa menos afortunada se sente ofendida e preterida por terem seus valores negados por outras pessoas, fazendo com que cresça a xenofobia, racismo e o nacionalismo. Bauman (2017, p.21) também fala sobre esses “estranhos” imigrantes serem um lembrete das guerras e ameaças aos nossos sonhos e bem-estar. E é um hábito humano culpar e punir os mensageiros dessa intimidação.

13

Além disso, Bauman (2017, p.33) adverte o fato de muitas vezes não ser vantajoso para governantes aliviar as tensões e ansiedade dos cidadãos causada por refugiados, mas sim alimentar esses medos para benefício próprio e se promover na carreira política.

A problemática dos refugiados é utilizada como um desvio de atenção para problemas que os governantes são incapazes ou não tem interesse em solucionar.

A questão habitacional é a parte mais delicada, como é apontado por Charly apud Natália Cidade, um refugiado da República do Congo reconhecido há mais de dez anos no Brasil e funcionário da Cáritas. Charly chama atenção para a mobilidade e o deslocamento casa-trabalho, já que muitas pessoas trabalham longe de casa e realizam um movimento pendular diariamente.

Segundo ele: Moradia determina quase tudo; quando a gente vai procurar um trabalho, a primeira coisa exigida é um simples comprovante de residência. Uma coisa bem simples para vocês brasileiros, mas para a gente dificulta de conseguir trabalho. Quando uma pessoa chega, o primeiro lugar que acaba indo viver é com outra família congolesa que já estava pré-estabelecida aqui no Brasil. Porque o maior problema da gente aqui no Rio, é a moradia.

O governo infelizmente não providencia esse espaço para acolher os refugiados. Então esse é um grande desafio que o governo brasileiro tem em relação ao tema dos refugiados.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

Imagem 3 - Charly Kongo Fonte: Blog Atados (2018)

14

Charly também aponta a construção de redes de conterrâneos, que segundo ele, há um grande movimento de solidariedade, tanto na parte de acolhimento quanto de integração para fortalecerem os laços sociais com esses que tiveram uma experiência parecida e para manterem sua cultura viva.

Além da relação e integração com conterrâneos, eles querem uma integração com a população nativa, querem ser aceitos, mas ao mesmo tempo manter sua cultura e a memória do país de origem vivas: Nós da África subsaariana nos identificamos com a população negra daqui, até nos esquecemos que não estamos no nosso país. Vendo gente tão parecida conosco, então a gente já se acha igual a vocês às vezes. A mesma coisa com os sírios, colombianos, encontram pessoas parecidas com eles aqui no Brasil, então isso é uma coisa boa no Brasil. E nisso, nós mesmo sabendo que vamos passar um bom tempo de nossas vidas nesse país, precisamos conhecer aqui, a geografia, saber andar na cidade, dominar a língua daqui. E isso não nos faz esquecer nossa cultura não. [...]

Nos integrarmos à sociedade brasileira, não significa que vamos esquecer da nossa origem. A gente combina os dois entendeu?

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

Imagem 4 - Refugiados em Evento Fonte: Cáritas (2019)

15

CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA Guerra, conflitos políticos, religiosos e extrema pobreza são alguns dos motivos que fazem milhares de pessoas migrarem todos os anos em busca de refúgio e melhor qualidade de vida. Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), temos hoje no mundo o maior número de deslocados já registrado desde a Segunda Guerra Mundial: 25.9 milhões de refugiados, 41.3 milhões de deslocados internos e 3.5 milhões de solicitantes de refúgio, totalizando 70.8 milhões de deslocados devido a perseguições e conflitos.

Já no Brasil, até janeiro de 2020 foram registrados 22.760 refugiados reconhecidos de 92 nacionalidade diferentes, havendo um aumento expressivo já que em 2010 esse número era de 3.904 refugiados reconhecidos. De acordo com dados do ACNUR (gráfico 1) o estado que mais recebeu solicitações de refúgio nos últimos anos foi Roraima com mais de 20.000 solicitações, grande parte delas vinda de venezuelanos fugindo de conflitos no país.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

Imagem 5 –Acampamento de refugiados.

Fonte: Uol Notícias (2014)

16

O Rio de Janeiro apesar de ser uma metrópole recebeu menos solicitações em comparação com outros estados, com 706 solicitações totais de 37 nacionalidades diferentes sendo 67, 42% do gênero masculino. A partir do gráfico 2 é possível analisar o número de solicitações no período.

Imagem 6 - Estado decisões do Conare.

Fonte: ACNUR (2020)

de

solicitação

das

Quando se trata da nacionalidade desses solicitantes de refúgio os venezuelanos também aparecem de forma expressiva, seguido por Senegal, Haiti e Síria.

Imagem 7 - Solicitantes de refúgio por quantidade x período.

Fonte: Cáritas, apud Natália Cidade (2018)

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

17

Conforme é relatado por Natália Cidade (2018 p. 176) com o auxílio do mapa de solicitantes de refúgio da RMRJ (imagem 8) é constatado uma incidência de sírios, colombianos e venezuelanos na região centro-zona sul, porém, por outro lado, os solicitantes de origem africana ocupam mais a zona norte e outros locais periféricos, principalmente Duque de Caxias.

Imagem 8 - Solicitantes de refúgio no Rio de Janeiro (2014 – 2017) Fonte: Cáritas, apud Natália Cidade (2018)

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

18

DADOS PERFIL DOS SOLICITANTES DE REFÚGIO NO BRASIL ATÉ 2020

PERFIL DOS SOLICITANTES DE REFÚGIO NO RIO DE JANEIRO ATÉ 2020

Feminino 37.7%

Gênero:

Feminino 35.3%

Gênero:

Masculino 62.3%

Masculino 64.7%

Faixa etária:

País de origem:

País de origem:

30.000

Haiti 4.7% Senegal 5.5%

500

Outro 18.7%

40.000

Outro 8.9%

Faixa etária:

Venezuela 35.7%

Cuba 3.1%

400 300

20.000 Angola 12.4%

200

10.000

Venezuela 76.8%

0

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

0-4

5-11 11-17 18-29 30-59 60+

Síria 13.6%

100 RDC 16.6%

0

0-4

5-11 11-17 18-29 30-59 60+

19

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

20

HISTÓRICO E ANÁLISE DO TERRITÓRIO O bairro de São Cristóvão, também conhecido como "Bairro imperial", é um a região com grande importância urbana e histórica, visto que este território inicialmente ocupado por índios Tamoios e após a chegada dos portugueses, passou a ser uma área pertencente aos jesuítas entre 1572 e 1583 em uma região desmembrada

Já no século XX, São Cristóvão passou a ter uma intensa atividade industrial. Chegou a ser considerado o bairro mais industrializado da América do Sul. Com a industrialização o perfil do bairro mudou, deixado ser um local atraente de moradia , dando lugar a deterioração de edificações históricas, a construção de

conhecida como Fazenda do Engenho Velho, Fazenda do Engenho Novo e Fazenda de São Cristóvão.

elevados e grandes vias e a sucessivos aterramentos, tornando o berço da cidade do Rio de Janeiro em um território esquecido

Mais tarde a Região foi ocupada pela

pelas autoridades.

família real, onde viveu três gerações monarcas, Dom João VI, Som Pedro I e até o

Junto com as indústrias, vieram imigrantes à procura de emprego. Houve um processo

fim do regime de Dom Pedro II, instalados na Quinta da Boa Vista.

de ocupação desordenada e favelização das áreas em torno das fábricas. Ao passo em

A região passou por uma série de transformações, entre elas a instalação de

que havia a ocupação de imigrantes, a classe média se moveu para os bairros da Zona Sul

iluminação pública e a primeira telefônica da América Latina.

da cidade. Os antigos sobrados e casarões foram transformados em pequenas lojas comerciais e pensões.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

linha

21

O TERRENO

Avenida Pedro II - São Cristóvão - RJ

LEGISLAÇÃO Macrozona de ocupação incentivada; Zona: Comércio e Serviços Gabarito: 11 m, 3 pavimentos; IAT: 1,5 Permitido a construção de dificios multifamiliares.

800 m de estação de Cristóvão.

distância da metrô São

Fonte: Elaboração do autor com base nos dados da Secretaria Municipal do RJ (2020)

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

22

ANÁLISE DO TERRITÓRIO

FIGURA E FUNDO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

ÁREAS VERDES

23

VIÁRIO

LOCAL

U S O SU S O S D O S O L O

COLETORA

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

EXPRESSA

RESIDENCIAL

MISTO

INDUSTRIAL

INSTITUCIONAL

COMERCIAL

24

MOBILIDADE

Estação de metrô Ponto de ônibus Estação de trêm

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

25

ANÁLISE DE VOCAÇÃO ESPACIAL

84

68 06

061

80 06

68

ÁREA = 13.260 M²

REGIÃO MAIS SILENCIOSA

MAIOR INCIDÊNCIA SOLAR MAIOR INCIDÊNCIA DE VENTOS

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

26

FOTOS DO LOCAL

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

29

ESTUDOS DE CASO

Paris, França | Julie Beller DIST. SUPRIMENTOS 7.4% RECEPÇÃO 14.4%

Programa de necessidades

SAÚDE 3.9%

ACOMODAÇÃO 74.3%

Pólo de acomodação HABITAÇÃO 28.3% ÁREA LIVRE 44.3%

BANHEIROS 8.9% ALIMENTAÇÃO 18.4%

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

30

CENTRO HUMANITÁRIO PARIS NORD Após a crise humanitária de refugiados que cercava toda a Europa, Paris não ficou de fora e recebeu um grande fluxo de refugiados que passaram a ocupar as ruas da cidade em

efêmera, com uma estrutura modular e de fácil manuseio. O projeto é dividido em três blocos, o de recepção que fica em uma bolha inflável, as acomodações que foram montadas

barracas de acampamento. Com a intenção de solucionar este problema de forma rápida

em um antigo galpão e o centro de saúde.

As acomodações foram divididas em oito

e oferecer mais dignidade à esses refugiados ,foi construído um centro humanitário de acolhimento a partir de uma arquitetura

blocos para 50 pessoas, onde cada quarto abriga quatro pessoas, os banheiros são compartilhados

ABRIGO TEMPORÁRIO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

RECEPÇÃO

CENTRO DE SAÚDE

31

Berlim, Alemanha

EDUCAÇÃO 3%

O centro de acolhimento de Tempelhof fica localizado em um aeroporto desativado, inicialmente idealizado como símbolo de força a quem desembarcava na Alemanha nazista. Ocupa uma área de mais de 400 hectares, se tornando hoje no maior centro de acolhimento de refugiados do mundo.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

USO COMUM 44.6%

Programa de necessidades

HABITAÇÃO 50%

32

CENTRO HUMANITÁRIO DE TEMPELHOF Os migrante são acomodados em tendas e boxes instalados nos hangares do aeroporto, também conta com áreas de lazer e de esporte, escola, centro médico e de emprego.

A projeção dos alemães é que o Tempelhof consiga receber até 7 mil pessoas, mas sempre como um ponto de passagem, dando abrigo a refugiados enquanto conseguem emprego e moradia reiniciar a vida no novo país.

eles fixa

não para

1- Escola 3- Campo de futebol 4- Campo de esportes 5- Centro médico Workshops Centro de emprego 6- Cozinha 7- Espaço de armazenamento

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

33

São Paulo, Brasil | Luana Bueno

O projeto se trata de um trabalho final de graduação do curso de arquitetura. a área proposta para implementação fica no bairro de Santa Efigênia em São Paulo com o propósito de abrigar migrantes em situação de vulnerabilidade.

O edifício conta com área de habitação temporária, aluguel social, além de atendimento de saúde.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

34

CENTRO ACOLHIDA REFUGIADOS Programa de necessidades

USO COMUM 9.8%

ADM 1.3% COMÉRCIO 26.3%

BANHEIRO 1%

HABITAÇÃO 58.3%

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

35

O PROJETO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

38

PARTIDO ARQUITETÔNICO

O projeto se trata de um complexo multifuncional, que busca fornecer moradia

O espaço pretende oferecer as ferramentas necessárias para suprir necessidades

temporária, minimizar traumas psicológicos e fomentar o pertencimento e inserção

primárias destes refugiados em situação de vulnerabilidade, até sua independência,

territorial a partir de um espaço democrático.

adaptação e inserção territorial.

Localizado no bairro de São Cristóvão no

Para isso o projeto tem como diretrizes e

Rio de Janeiro o projeto tem a intenção de trazer uma reativação urbana e moradia para a região que hoje é degradada, não atrativa

ponto de partida a ótica e reais necessidades deum refugiado, e uma arquitetura perene, durável, já que se trata de uma arquitetura

e com pouco uso residencial.

transitória.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

39

O programa foi desenvolvido a partir da análise dos estudos de caso presente neste caderno e criação de personas para uma compreensão do macro ao micro.

RECEPÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: É a porta de entrada do complexo, ali é onde o primeira

solicitante de refúgio terá sua assistência e orientações. Onde

também há distribuição de suprimentos e é oferecido assistência jurídica e psicológica.

CULTURAL: Foi um local pensado com o propósito de criar uma interação dos refugiados com a população nativa, além de geração de renda.

Onde irão expor sua cultura e costumes através da arte e culinária, havendo assim uma troca cultural mútua.

ALUGUEL SOCIAL: Esta iniciativa incentiva a moradia no

CENTRO DE SAÚDE:

território, além de ser uma forma do refugiado dar o primeiro passo em busca de estabilidade na cidade e contribuindo para

Onde é prestado atendimento médico emergencial, acompanhamento de vacinação, etc.

que essas pessoas não tenham apenas a opção de se estabeleceram em regiões periféricas da cidade. Visto que a assistência habitacional é temporária a alocação social serve também para dar continuidade à integração deste refugiado.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

40

PROGRAMA DE NECESSIDADES HABITAÇÃO TEMPORÁRIA: É onde refugiados em situação de vulnerabilidade serão acolhidos temporariamente até se reestabelecerem.

São apartamentos diferentes que buscam atender à situação de cada refugiado.

Sendo assim, há os apartamentos familiares, para solteiros, casais e

de integração e estar. No térreo conta há áreas de integração e lazer, como sala de televisão, sala de jogos, brinquedoteca e biblioteca.

portadores de necessidades especiais.

EDUCACIONAL: Um espaço que busca capacitar essas pessoas para o mercado de trabalho, além de oficinas e ensino linguístico. ÁREAS COMUNS: Em todos os andares do edifício de habitação temporária, constam cozinhas e lavanderias comunitárias, além áreas

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

41

PLANTA DE IMPLANTAÇÃO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

42

SETORIZAÇÃO PROJETO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

43

SETORIZAÇÃO IMPLANTAÇÃO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

44

CIRCUITO MIGRATÓRIO - PROJETO

CAPACITAÇÃO

ALUGUEL SOCIAL

HABITAÇÃO TEMPORÁRIA

ATENDIMENTO MÉDICO

AUTONOMIA FINANCEIRA

ASSISTÊNCIA

RECEPÇÃO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

45

PRINCIPAIS ACESSOS

CIRCULAÇÃO VERTICAL

ACESSOS

ACESSO CARROS

ACESSO PEDESTRES

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

ACESSO CARROS

46

PRINCIPAIS FLUXOS

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

47

DESCANSO E NATUREZA

CRIANÇAS E FAMÍLIA

ANFITEATRO

PRAÇAS E SEUS USOS

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

48

REDÁRIO

ENCONTRO E INTERAÇÃO

ACADEMIA POPULAR

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

49

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

50

RECEPÇÃO

PLANTA BAIXA - TÉRREO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

PLANTA BAIXA - PAV. 1

51

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

52

CENTRO DE SAÚDE

PLANTA BAIXA - TÉRREO

FACHADA FRONTAL

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

53

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

54

ALUGUEL SOCIAL A

HABITAÇÃO PNE COMÉRCIO USO COMUM

B

B

CIRCULAÇÃO

SERVIÇO

A

PLANTA BAIXA - TÉRREO A

B

B

A

PLANTA BAIXA - PAV. TIPO

HABITAÇÃO CIRCULAÇÃO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

55

APARTAMENTO TIPO

CORTE B

PLANTA COBERTURA

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

56

FACHADA FRONTAL

CORTE A

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

57

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

58

ALUGUEL SOCIAL - CONJUGADO A

A

HABITAÇÃO PNE COMÉRCIO USO COMUM CIRCULAÇÃO

SERVIÇO

B

B

B

B

A

PLANTA BAIXA - TÉRREO

A

PLANTA BAIXA - PAV. TIPO HABITAÇÃO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

CIRCULAÇÃO

59

CORTE B B

APARTAMENTO TIPO

A

A

B

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

PLANTA COBERTURA

60

FACHADA FRONTAL

CORTE A

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

61

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

62

HABITAÇÃO TEMPORÁRIA AP FAMÍLIA AP CASAIS AP SOLTEIROS USO COMUM

PLANTA BAIXA - PAV. TIPO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

63

APARTAMENTO CASAIS

SETORIZAÇÃO AP CASAIS

APARTAMENTO FAMILIAR

SETORIZAÇÃO AP FAMILIAR ÍNTIMO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

SOCIAL

SERVIÇO

64

APARTAMENTO SOLTEIROS

APARTAMENTO PNE

SETORIZAÇÃO AP SOLTEIROS

SETORIZAÇÃO AP PNE

ÍNTIMO

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

SOCIAL

SERVIÇO

65

CONFORTO AMBIENTAL

FLUXO DOS VENTOS

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

66

FACHADA BLOCO ROXO

FACHADA BLOCO AZUL

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

67

ANÁLISE SOLAR

VERÃO - 10H

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

VERÃO - 17H

68

ANÁLISE SOLAR

INVERNO - 10H

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

INVERNO - 17H

69

CORTE QUADRA CENTRAL

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

70

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

71

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

72

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

78

Conforme discutido no presente trabalho, a questão imigratória sempre existiu, portanto, compreende-se que a problemática dos refugiados não se trata de algo emergencial e temporário, mas sim de algo definitivo e precisa ser encarado desta forma pelas autoridades e governantes visto que tem se tornado número

cada vez mais alarmante com um de pessoas deslocadas cada vez

maior.

Essas

pessoas

que

chegam

em

situação de vulnerabilidade carecem de políticas públicas que fomentem uma inserção socioespacial, o pertencimento, que dê voz e mais dignidade.

Também é importante enfatizar que essas políticas públicas devem ser pensadas a partir da ótica do equidade.

ARQUITETURA HUMANITÁRIA

refugiado

promovendo

mais

79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGENCIA DA ONU PARA REFUGIADOS (ACNUR). Dados sobre refúgio no Brasil.

2018.

Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/dados-breefugio/dados-sobre-refugio-no-brasil/ Acesso em: 29 mar. 2020.

ALLEN, Katherine. Além da tenda: Por que campos de refugiados precisam de arquitetos (agora mais do que nunca). 2013. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-

CIDADE, Natália da Cunha. REFUGIADOS URBANOS ESTUDO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO TERRITORIAL DE REFUGIADOS NO RIO DE JANEIRO E SEU IMPACTO NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO LOCAL. Dissertação (Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Urbanismo). - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

GEHL, Jan. Cidade para pessoas. São Paulo: Perpectiva, 2013.

152647/alem-da-tenda-por-que-campos-defugiados-precisam-de-arquitetos-agora-maisdo-que-nunca Acesso em: 05 abr.2020.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta.

1 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

LUSSI, Carmen. desigualdades na

Políticas migração

públicas e e refúgio.

CÁRITAS ARQUIDIOCESANA DO RIO DE JANEIRO. Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.caritas-

Psicologia. USP [online]. 2015, vol.26, n.2, pp.136-144. ISSN 0103-6564. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-6564D20140014.

rj.org.br/ Acesso em: 10 abr. 2020.

Acesso em: 03 abr. 2020.

SILVEIRA, Daniel. Apenas 5% dos municípios com presença de imigrantes e refugiados no Brasil oferecem serviços de apoio, aponta IBGE. Disponível em:https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/ 09/25/apenas-5percent-dos-municipios-compresenca-de-imigrantes-e-refugiados-norasil-oferecem-servicos-de-apoio-apontaibge.ghtml Acesso em: 01 abr. 2020.

SECRETARIA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO. Legislação bairro a bairro 2020.

Disponível em: http://mapas.rio.rj.gov.br/# Acesso em: 08 jun. 2020.

ARQUITETURA E URBANISMO 2020