TFG 1 - Complexo Cinematográfico: um espaço de memória e de criação

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um espaço de memória e de criação COMPLEXO CINEMATOGRAFICO

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COMPLEXO CINEMATOGRAFICO

um espaço de memória de criação

Natália Toralles dos Santos Braga Orientada por Arq. Aline Montagna da Silveira Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAUrb Universidade Federal de Pelotas - UFPel Pelotas, RS. 2019

“Os anos podem passar num segundo e você pode pular de um lugar para o outro. E, no verdadeiro cinema, cada objeto e cada luz têm significado, como num sonho.”

1.1 TEMA 14

1.2 OBJETIVOS 16

1.3 JUSTIFICATIVA 18

1.4 LOCALIZAÇÃO 22

TEMÁTICA

2.1 O CINEMA 26

2.1.1 Início da arte [27] 2.1.2 Início do cinema no Brasil [34] 2.1.3 Início da produção cinematográfica em Pelotas [36] 2.1.4 Os cinemas de Pelotas [40]

2.2 IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DO BEM 44

2.2.1 Pesquisa histórica [45] 2.2.2 Levantamento físico [54] 2.2.3 Análise tipológica [61] 2.2.4 Levantamento fotográfico [64] 2.2.5 Insolação e ventos dominantes [68] 2.2.6 Diagnóstico [69]

01 02 03

3.1 O CINEMA 72

3.2 IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DO BEM 74

3.2.1 Referencial cinematográfico [76] 3.2.2 Referencial projetual [80]

EMBASAMENTO PROJETUAL

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO

4.1 ASPECTOS

LEGAIS

96

4.1.1 Lei Municipal 4568/2000 [97] 4.1.2 III Plano Diretor de Pelotas [98] 4.1.3 Código de Obras [100] 4.1.4 Manual do Usuário do Imóvel Inventariado [101]

4.2 PROGRAMA DE

NECESSIDADES

4.2.1 Programa proposto [103] 4.2.1 Proposta existente [104]

4.3 ESTUDOS

ESPACIAIS

4.3.1 Cheios e vazios [107] 4.3.2 Fluxos e acessos [108]

102

106

4.4 PROPOSTA 110

4.4.1 Zoneamento [112] 4.4.2 Diretrizes de intervenção [114] 4.4.3 Demolir / construir [116] 4.4.4 Espaços [118] 4.4.5 Justificativas de projeto [126] REFERÊNCIAS 128

04 05 PROJETO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Brigitte Bardot,
1955 - Hulton Archive. Disponível em: http://time.com/4386011/front-row-movie-theaters/
APRESENTAÇÃO

O trabalho desenvolvido resulta no projeto de um espaço da Universidade Federal de Pelotas voltado para a produção cinematográfica. O espaço fornece uma estrutura aos cursos de Cinema de Animação e Cinema e Audiovisual, abrangendo as etapas de produção, edição e divulgação do conteúdo criado, atendendo às demandas de ambos os cursos.

Por meio de um apanhado histórico a respeito da produção cinematográfica na cidade Pelotas, teve-se conhecimento de que a cidade já foi um polo de produção desse tipo de conteúdo, com destaque nacional no ramo. Além do mais, a cidade sempre esteve muito relacionada com a sétima arte, visto que, por meio da pesquisa histórica, foi levantado aproximadamente quarenta salas de cinema que existiram em Pelotas.

O contato universidade-comunidade será feito através da divulgação do material criado pela universidade na sala de projeção. Além dos espaços de convivência que estão previstos no projeto e, principalmente, dos espaços relacionados à memória do cinema na cidade.

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APRESENTAÇÃO

THE OPENING-NIGHT SCREENING OF BWANA DEVIL, the first full-length, color 3-D movie, Nov. 26, 1952, at the Paramount Theater in Hollywood. J.R Eyerman - The LIFE Picture Collection

11

A temática do trabalho é a valorização da produção local de conteúdo cinematográfico. Assim, o projeto buscará oferecer uma estrutura ideal para a produção, edição e divulgação desse material criado pela universidade.

Ao escolher o local que pudesse melhor abrigar a estrutura pensada, foi tido conhecimento de que a Universidade Federal de Pelotas possui uma estratégia de ocupação de prédios de elevado valor patrimonial. A edificação escolhida pertence à universidade.

Assim, outra questão abordada no trabalho é a valorização de uma edificação histórica para a cidade de Pelotas. Trata-se do prédio que abrigou a Antiga Cervejaria SulRiograndense que, atualmente, encontra-se em estado de deterioração e arruinamento. Acredita-se que, por meio de intervenções arquitetônicas, ocorra uma maior apreciação do bem.

12 1.1 TEMA
13
ACERVO DA AUTORA, 2019

O objetivo principal do trabalho é propiciar um maior contato entre a universidade e a sociedade por meio da produção criativa da universidade e da memória relacionada ao cinema. E desta forma promover o que há de atual nessa indústria através da divulgação dos trabalhos produzidos pelo curso de cinema da universidade.

A ideia é que através dos levantamentos teóricos a respeito do cinema e da edificação a ser intervida, se possa criar um projeto com os seguintes objetivos específicos: viabilizar espaços de produção cinematográfica vinculados à universidade, disponibilizar espaços de divulgação desses materiais e propor espaços de convivência.

14 1.2
OBJETIVOS
15
ACERVO DA AUTORA, 2019

JUSTIFICATIVA

DA ESCOLLHA DO PRÉDIO:

Com o passar dos anos, e com o surgimento de novas tecnologias voltadas para o lazer no interior das residências, o número das salas de cinema de rua foram reduzindo. Essas salas passaram a ser substituídas por salas de projeção nos grandes centros comerciais. Na cidade de Pelotas não foi diferente e o que resta são as lembranças da época em que ir ao cinema era um evento social e o local era considerado um ponto de encontro.

O prédio da Antiga Cervejaria Sul-Riograndense é uma edificação com importância histórica para a cidade e, depois de passar a pertencer à Universidade Federal de Pelotas, começou a ter seu potencial cultural explorado. Atualmente a edificação abriga a Livraria da UFPel e passou por dois projetos de caráter cultural não executados. Trata-se de um prédio da universidade, de grande estrutura, cuja maior parte se encontra desocupada e em fase de deterioração.

Localizado na zona do Porto – região que conta com um grande número de prédios da universidade - o complexo encontra-se próximo à estrutura atual dos cursos de cinema da UFPel.

16
1.3

INDICAÇÃO DAS UNIDADES ACDÊMICAS E OUTRAS INSTALAÇÕES DA UPEL PRÓXIMAS À ÁREA DE INTERVENÇÃO

Fonte: Prefeitura Municipal de PelotasAdaptado pela autora

1 - Centro de Artes - Teatro e Dança 2 - Biblioteca de Ciências Sociais - UFPel 3 - Campus das Ciências Sociais e Humanas 4 - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAURB 5 - Centro de Artes - Bloco 1 6 - Centro de Artes - Bloco 2 7 - Editora e Livraria UFPel. EDIFICAÇÃO A SER TRABALHADA 8 - Centro de Engenharias - CENG / Cotada 9 - Centro de Engenharias - Alfândega 10 - Campus Anglo

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DA CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA:

Em conversa com professores dos cursos de Cinema da UFPel, foram apontados alguns problemas que o curso apresenta na formação dos profissionais que atuarão no mercado de trabalho. Destaque para a inexistência de um estúdio de produção de conteúdo audiovisual e, muitas vezes, a formação é concluída sem que os estudantes tenham conhecido uma estrutura que abrigue esse programa.

A estrutura adaptada do estúdio de Stopmotion* também foi apontada como uma das questões que poderiam ser melhoradas. Do mais, o restante da estrutura oferecida pela universidade atende de forma satisfatória às necessidades dos cursos.

A universidade contava com uma sala de cinema digital –o Cine UFPel -localizada na Agência de Desenvolvimento da Lagoa Mirim, que exibia ao público, de forma gratuita, longas-metragens do Brasil e do Mercosul e filmes fora do circuito comercial. Porém, no dia 08 de setembro de 2018, o Cine UFPel foi interditado por tempo indeterminado em virtude de um incêndio.

Uma outra questão é a divulgação aberta para a comunidade do conteúdo produzido pela universidade. Aproximar a comunidade da universidade é uma das questões mais debatidas atualmente.

* mais informações a respeito da técnica na página 88.

18 1.3
JUSTIFICATIVA

SOBRE OS CURSOS DE CINEMA DA UFPEL:

O curso com o nome ‘Cinema e Animação’ foi criado no ano de 2007. No processo de consolidação desse curso, surgiu a necessidade de dividir a formação em duas, com entradas distintas. Assim, deu-se origem à estrutura atual (Bacharelado em Cinema de Animação e Bacharelado em Cinema e Audiovisual). Hoje, são oferecidas 28 vagas anuais para cada curso, com o total de 213 estudantes. A produção anual gira em torno de 60 filmes. [1] Até o ano de 2016, a UFPel era a única universidade que ofertava formação pública superior em audiovisual no Rio Grande do Sul. [2]

Cinema de Animação: formar profissionais que atuem na produção da animação em suas diferentes tecnologias e especificidades, além de articular esta prática a partir da inserção no campo de produção audiovisual do Brasil. [3]

Cinema e Audiovisual: formar profissionais que atuem em competências específicas da produção audiovisual como direção, direção de arte, direção de fotografia, roteiro, montagem, finalização e efeitos visuais. [2]

[1] https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2017/10/20/cursos-decinema-da-ufpel-completam-dez-anos/ [2] https://institucional.ufpel.edu.br/cursos/cod/5010 [3] https://institucional.ufpel.edu.br/cursos/cod/5020

19

MAPA BRASIL, RIO GRANDE DE SUL E PELOTAS Fonte: Produção da autora.

20 1.4 LOCALIZAÇÃO

ÁREA DE INTERVENÇÃO

PLANTA DE SITUAÇÃO ESCALA 1/1000

Fonte: Produção da autora.

21
2
PARIS MORTEL - Johan Van der Keuken (Dutch, 1938–2000). Disponível em:
http://www.artnet.com/artists/johan-van-der-keuken/

TEMÁTICA: o cinema e o patrimônio edificado

2.1.1 Início da arte

2.1.2 Início do cinema no Brasil

2.1.3 Início da produção cinematográfica em Pelotas

2.1.4 Os cinemas de Pelotas

Nessa etapa do estudo foi realizado um levantamento histórico do cinema na escala mundial, nacional e regional. E questionado o porquê dessa arte ter se tornado tão importante para a cidade de Pelotas e região.

Esse estudo foi dividido em quatro etapas: o início da arte - analisando o cinema como experimento científico e como sétima arte; o início do cinema no Brasil - analisando o contexto histórico em que essa arte foi inserida no território brasileiro; o início da produção cinematográfica na cidade de Pelotas - com base no estudo de figuras importantes para a consollidação do cinema e das salas de cinema na cidade; e por último, foram listadas quarenta e uma salas que existiram na cidade e indicados os endereços a as datas de inauguração que se tem conhecimento.

Desta forma, essa etapa do trabalho instiga o leitor a analisar a importância dessa arte para a cidade e o motivo pelo qual esse Trabalho Final de Graduação busca remeter e recordar essa importância para os dias atuais.

24 2.1 O CINEMA

A panel from the strip-cartoon biography in Camera Comics no. 4 (US Camera Publishing Corporation, 1944).

25
“ALGUM DIA AS PESSOAS VÃO RIR E CHORAR COM O QUE ELAS VÃO VER EM UMA TELA COM IMAGENS EM MOVIMENTO” - Tradução livre.
2.1.1 INÍCIO DA ARTE

O final do século XIX foi uma época marcada pelo avanço nos estudos do ramo da fotografia. Etienne Jules Marey (1830 - 1904) iniciou os estudos da cronofotografia, registrando fases do movimento em uma única superfície fotográfica através do fuzil fotográfico (Figura xx). Edward James Muybridge (1830 - 1904) deu continuidade na pesquisa comprovando que existe um momento na corrida de cavalos em que o cavalo não encosta nenhuma das patas no chão.

“O cinema é a evolução natural de uma série de etapas que foram sendo vencidas pelos pesquisadores, pelos homens de ciência.” [1]

IN MOTION 19th June 1878 Muybridge. Library of Congress Prints and Photographs Division.

26
01
THE HORSE
2.1.1 INÍCIO DA ARTE
FUZIL FOTOGRÁFICO DE MAREY Fonte: DIY PHOTOGRAPHY

Em 1888, com a popularização dos filmes fotográficos (filmes flexíveis feito de celuloide) era permitido a qualquer pessoa a utilização de uma câmera portátil. Pesquisas em todo o mundo visavam encontrar uma forma de perfurar lateralmente as películas e gerar uma imagem em movimento. [1]

Em 1893, Thomas Edison filmou uma série de pequenos filmes num estúdio de West Orange, Nova Jersey. Edison reproduziu os filmes perfurados de 35 milímetros (que se tornaria a bitola padrão) nos kinestocópios. As imagens eram reproduzidas no interior do próprio aparelho e só podiam ser visualizadas individualmente. [1]

“Estou experimentando um instrumento que faz com os olhos aquilo que o fonógrafo faz com os ouvidos” - Thomas Edison, 1888.

ANÚNCIO PARA EDISON FILMS AND PROJECTING KINETOSCOPES

The Moving Picture World, June 15, 1907, p. 242.

[1] CURSO BÁSICO DE HISTÓRIA DO CINEMA. A.C. Carvalhaes. Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Estado: Clube de Cinema de Porto Alegre, 1975.

27
2.1.1 INÍCIO DA ARTE

02AS PRIMEIRAS PRODUÇÕES

August e Louis Lumière são considerados os pais do cinema por criarem mecanismos aperfeiçoados para deslocar o filme na máquina, inspirado no dispositivo de encadeamento da máquina de costura. 2 E no dia 28 de dezembro de 1895 os irmãos Lumière projetaram alguns filmes no seu Cinematógrafo.

Em 1902, George Mélièsconsiderado o invetor da técnica cinematográfica - anuncia “Viagem à Lua. Foi considerado o priemiro filme de ficção científica por não representar cenas verídicas. Mélies provou que não havia região distante ou imaginária que não fosse capaz de reproduzir no estúdio cinematográfico que mandou construir e onde criou centenas de filmes. [1]

28
VIAGEM À LUA - GEORGES MÉLIÈS Fonte: Superinteressante, 30 jun 2005, 22h00. ESTÚDIO DE VIDRO DO GEORGE MÉLIÈS
2.1.1 INÍCIO DA ARTE
Fonte: The New York Times, 1 Janeiro, 2012.

[ 28 de dezembro de 1895 ]

Data conhecida como o nascimento do cinema.

Os irmãos Lumière projetaram no subsolo do Grand Café, em Paris (espaço de aproximadamente 100 metros quadrados, com o público de 35 pessoas - dentre eles Georges Mélies).

Alguns dos filmes apresentados nessa data foram: “A Saída do Porto”, “A Chegada de um Trem à Estação de La Ciotat” – o qual assustou a plateia quando a locomotiva avançava para o primeiro plano - “A Demolição de um Muro” - primeiro filme a usar a técnica da reversão - “O Desjejum do Bebê”, “O Regador Regado” - considerada a primeira comédia - “Corrida em Sacos”, “Partida de Baralho”. [1]

CINÉMATOGRAPHE LUMIÈRE Henri Brispot, França, 1896

Fonte: Bibliothèque nationale de France, ENT D0-1 (BRISPOT, Henri). Disponível em: https://gallica.bnf. fr/ark:/12148/btv1b9004725s

[1] CURSO BÁSICO DE HISTÓRIA DO CINEMA. A.C. Carvalhaes. Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Estado: Clube de Cinema de Porto Alegre, 1975.

29 2.1.1 INÍCIO DA ARTE

O INÍCIO DAS PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS

No período 1902-1906, Charles Pathé abre estúdios de filmagem, fábrica de filmes e laboratórios em diversos lugares da França. Em 1908 ele já possuía mais de vinte filiais mundiais, comercializando mais filmes para os Estados Unidos do que toda a produção norte-americana reunida. A indústria cinematográfica assumiu uma posição de importância na economia francesa, inferior somente à indústria bélica. [1]

Até 1914, Itália e França eram os expoentes mundiais em relação à sétima arte, porém, devido ao período das guerras mundiais que sucederam, as indústrias cinematográficas foram arrasadas. Simultaneamente, surgia na costa oeste dos Estados Unidos uma nova era de produções. Assim, Hollywood tornou-se a capital do cinema. [2]

No ano de 1905 as primeiras salas de cinema tornaramse populares nos Estados Unidos, sob a denominação de Nickelodeons, onde se pagava o equivalente a cinco centavos por meia hora de espetáculo. Os filmes se popularizaram entre os imigrantes, os quais não entendiam o inglês falado nos teatros. A indústria cinematográfica prosperou e resultou na abertura de centenas de novas salas.

[1] CURSO BÁSICO DE HISTÓRIA DO CINEMA. A.C. Carvalhaes. Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Estado: Clube de Cinema de Porto Alegre, 1975.

[2] Vídeo “UMA BREVE HISTÓRIA DO CINEMA”. Disponível em https://www. youtube.com/watch?v=rfJC-unlzFw

30
2.1.1 INÍCIO DA ARTE
03

1 - INTERIOR DE UM NICKELODEON.

Fonte: Moving Picture World, Nov. 30, 1907.

2 - FACHADA DE UM NICKELODEON.

Fonte: Charmaine Zoe, from a 1911 issue of The Implet.

Ambas disponíveis em: https://pabook.libraries. psu.edu/literary-culturalheritage-map-pa/featurearticles/more-yournickels-worth-nickelodeon

31
2.1.1 INÍCIO DA ARTE

1896

Primeira exibição de cinema no Brasil realizada na Rua do Ouvidor, 57, no Rio de Janeiro. [3]

EM PELOTAS [4]

02/12/1833

Foi inaugurada a Sociedade Scênica Theatro Sete de Abril.

26/11/1896

Foi realizada a primeira sessão de cinema da cidade de Pelotas, na Biblioteca Pública.

1897

A primeira sala fixa, destinada, embora não exclusivamente, ao cinema, inaugurou-se em julho de 1897, na Rua do Ouvidor. [3]

a produção desses países. A Companhia adquiriu todas as grandes salas exibidoras de São Paulo. [3]

1919

Surge a Escola de Artes Cinematográficas Azzurri, uma parceria de Gilberto Rossi e Arturo Carrari. Foi a primeira de uma série que se espalha por todo o Brasil. As escolas formavam atores, técnicos, operadores, cinegrafistas e laboratoristas. [3]

1929

Luiz de Barros dirige, em São Paulo, o primeiro filme falado brasileiro: “Acabaramse os otários”. Sincronizado com discos. O cinema chegava, mundialmente, a uma nova fase. [3]

Década de 30

1898

Afonso Segreto trazia para o Brasil a primeira câmera de filmar. Foram registradas algumas vistas da Baía de Guanabara. [3]

1907

São instalados mais de 20 cinematógrafos (espaços fixos de projeção) no Rio de Janeiro no segundo semestre desse ano. Acredita-se que a distribuição regular de eletricidade foi um dado fundamental para o estabelecimento de salas fixas em todo o Brasil. [3]

1911

É organizada a Companhia Cinematográfica Brasileira, por Francisco Serrador, formada por industriais e banqueiros os quais agiam no campo da distribuição e da exibição. Torna-se distribuidora para o Brasil de firmas estrangeiras, privilegiando

O sucesso dos filmes falados juntamente com a quebra da bolsa de Nova Iorque, fez com que a indústria de Hollywood investisse no lançamento de filmes sonoros. O Brasil sofreu com as consequências desse novo mercado. [3]

1934

Entrou em vigor a lei nº 21.240, promulgada por Getúlio Vargas em 1932. A lei tornava obrigatória a exibição de pelo menos um filme nacional em todas as salas do país. [5]

1935 Instalação do Estado Novo. Além da censura, o governo lançou-se, por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda, à produção de jornais cinematográficos. [3]

[3] OS PIONEIROS DO CINEMA BRASILEIRO: Raízes do cinema brasileiro. Carlos Roberto de Souza. ALCEU - v.8 - n.15 - p. 20 a 37 - jul./dez. 2007

[4] FRANCISCO SANTOS: Pioneiro no cinema do Brasil. Yolanda Lhullier dos Santos. Semeador, 1996.

[5] POR UMA MEMÓRIA DO CINEMA DOCUMENTÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL: Desafios para uma nova historiografia do cinema brasileiro. Cássio dos Santos Tomain. Intexto, Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 23, p. 103- 119 julho/dezembro 2010.

32 2.1.2 INÍCIO DO CINEMA NO BRASIL

“ACABARAM-SE OS OTÁRIOS”, 1929 Primeiro filme sonoro brasileiro Imagem disponível em: http://salalatinadecinema.blogspot.com/2010/08/ acabaram-se-os-otarios-1929-brasil.html

33
2.1.2 INÍCIO DO CINEMA NO BRASIL

01SOBRE FRANCISCO SANTOS

Francisco Santos foi um dos grandes responsáveis pelo início da produção cinematográfica na cidade de Pelotas. Santos trabalhava no ramo do teatro e, devido às turnês, não se estabelecia em apenas um lugar. O teatro o transformou em um artista completo, pois produzia, dirigia, escrevia, criava cenários e adaptava textos para o palco. A passagem por Pelotas o agradou pois viu na cidade uma oportunidade no ramo artístico.

Santos não só planejava como montou um estúdio de cinema na cidade. No ano de 1912 foi divulgada no jornal local a notícia de que a Companhia Cinematográfica Guarany operaria na cidade de Pelotas e no ano seguinte, teve-se notícia de que Santos firmou contrato de aluguel da edificação localizada na Rua Marechal Deodoro, nº 459, esquina Rua General Teles, para a instalação da nova fábrica. [4]

A historiografia clássica considera a produção de filmes em Pelotas como um dos mais importantes ciclos regionais do cinema brasileiro, pois no ano de 1913 Francisco Santos despertou o cinema gaúcho para a ficção de longa-metragem (TOMAIN, 2010). [5]

[4] FRANCISCO SANTOS: Pioneiro no cinema do Brasil. Yolanda Lhullier dos Santos. Semeador, 1996.

[5] POR UMA MEMÓRIA DO CINEMA DOCUMENTÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL: Desafios para uma nova historiografia do cinema brasileiro. Cássio dos Santos Tomain. Intexto, Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 23, p. 103- 119 julho/dezembro 2010.

34 2.1.3 INÍCIO DA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA EM PELOTAS
35 COMPANHIA CINEMATOGRÁFICA GUARANY Edificação localizada na Rua Marechal Deodoro, nº 459, esquina Rua General Teles. Disponível em: https://www.facebook.com/Olharessobrepelotas 2.1.3 INÍCIO DA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA EM PELOTAS

A fábrica contava com espaços para fixar e revelar filmes, máquina de imprimir em bobinas, oficina de litografia, atelier de desenho, sala para colação de filmes coloridos, máquina de apanhar as cenas, galpão envidraçado (50 x 25m, erguido no pátio).

A equipe realizava filmagens nas quais eram documentadas as atualidades da região, como festas sociais, inaugurações, banquetes. Essas filmagens eram uma espécie de cine-jornal e complementavam a programação dos cinemas. Nos anos de 1913 e 1914, a Guarany realizava coberturas esportivas, confeccionava fitas artísticas como: O Beijo, Maldito Algoz, Os Óculos do Vovô e O Crime dos Banhados.

Mesmo com uma situação financeira favorável, a Guarany fechou suas portas. Acredita-se que uma das causas possa ter sido a eclosão da Primeira Guerra Mundial e que o país inteiro sofria com prejuízos das cargas (filmes, na sua maioria) importadas da Europa.

O monopólio estadunidense na indústria cinematográfica (na fabricação de película, na produção e na distribuição de filmes) resultou em uma crescente pressão das distribuidoras de filmes nas empresas locais. E essa pode ter sido mais uma causa para o fechamento da Guarany.

“Como se explica que aqui, numa cidade interiorana de um estado sem tradição cinematográfica pudesse ter surgido quase como que um surto na criação de filmes? Pelotas nunca mais conheceu trabalho semelhante na produção de cinema. Nos anos 20 volta-se a produzir com certa intensidade no centro do país, enquanto no sul jamais o cinema vai tomar impulso ou repetir a façanha de Francisco Santos.”

FRANCISCO SANTOS: Pioneiro no cinema do Brasil. Yolanda Lhullier dos Santos. Semeador, 1996, p. 36.

[4] FRANCISCO SANTOS: Pioneiro no cinema do Brasil. Yolanda Lhullier dos Santos. Semeador, 1996.

36
2.1.3 INÍCIO DA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA EM PELOTAS
[4]

OS ÓCULOS DO VOVÔ, 1913

“Os Óculos do Vovô” foi a primeira obra de ficção lançada pela Guarany Films. A filmagem foi feita em locações no Parque Souza Soares e no estúdio da Guarany. Foram exploradas técnicas cinematográficas, principalmente de montagem, que possibilitaram as gravações externas e internas.

O filme conta a história de um menino que pinta os óculos do avô de preto enquanto ele dorme. Ao acordar o avô acredita estar cego. Santos dirigiu, escreveu o roteiro e interpretou o avô.

O material ficou décadas desaparecido e, no ano de 1973, o cineasta e pesquisador Antonio Jesus Pfeil recuperou fragmentos do filme. “Os Óculos do Vovô” é considerado o mais antigo filme brasileiro de ficção.

Parte das gravações ocorreram na R. Mal. Deodoro esquina R. General Telel - A então residência de Francisco Santos e sede da Guarany Minuto 2:28 do filme disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A7byQu967ww

[4] FRANCISCO SANTOS: Pioneiro no cinema do Brasil. Yolanda Lhullier dos Santos. Semeador, 1996.

37
03
CENA DO FILME “OS ÓCULOS DO VOVÔ” - 1913
2.1.3 INÍCIO DA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA EM PELOTAS
[4]

R. 15 de Novembro, 205

(1925)

(1928/1967)

(1910)

(1956) (1927) (1968)

(1909) (1912) (1954) (1949) (1921/1970)

[6 / 7]

R. Gomes Carneiro entre Gonçalves e Félix Av. Bento Gonçalves entre B. Sta. Tecla e Mal. Deodoro SEM INFORMAÇÃO

[6] [7]

Colônia de Pescadores Z3 SEM INFORMAÇÃO

[6]

R. Padre Anchieta entre R. Gen. Neto e R. 7 de setembro R. Padre Anchieta entre R. General Teles e R. D. Pedro II

SEM INFORMAÇÃO

[6]

[6]

Com base na análise de referenciais teóricos, foi possível estruturar uma lista com quarenta e um cinemas que existiram na cidade de Pelotas entre os anos de 1901 (inauguração do primeiro cinema da cidade) até 2019 (ano em que este trabalho foi desenvolvido). [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 8]

R. Mal. Floriano, 6 R. Benjamin Constant esquina R. Álvaro Chaves Av. Domingos de Almeida, 2114 SEM INFORMAÇÃO Av. Duque de Caxias, 668 R. Garibaldi 660 A Av. Cidade de Lisboa R. Gal. Argolo entre R. 15 de Nov. e R. Padre Anchieta R. Gonçalves Chaves esquina R. Lobo da Costa SEM INFORMAÇÃO Av. Farroupilha

[6]

38 1. CINE
2.
3.
4.
5.
6. CINE
7. CINEMA
8. CINEMA
9. CINE
10. CINEMA
11.
12. CINE
13.
14.
15.
16.
17.
18. CINE-THEATRO
19. CINEMA
20.
AMÉRICA
CINE-THEATRO APOLLO
CINE-THEATRO AVENIDA
CINE BANDEIRANTES
CINE BEIRA MAR
BENFICA
CAPITÓLIO
COLISEU
CONTINENTAL
ÉDER SALÃO
CINEMA ELDORADO
ESMERALDA
CINEMA EXCELSIOR
CINE FRAGATA
CINE GARIBALDI
CINE GLÓRIA
CINE-THEATRO GONZAGA
GUARANY
HIGH LIFE
CINEMA IDEAL
2.1.4 OS CINEMAS DE PELOTAS

(1912)

(1910) (1910) (1911)

(1962)

(1912)

(1967) (1938)

(1901) (1963) (2001) (2013)

[8] [8] [8] [6] [6]

[7] [6] [7]

Rua 7 de Setembro, 353 Bairro Santa Terezinha R. Gen. Neto entre R. 15 de Nov. e R. Anchieta R. Lobo da Costa esquina R. Anchieta R. 15 de Nov. esquina R. 7 de Setembro R. Gen. Osório esquina Rua Gen. Argolo R. Tuparandi, 366. Laranjal SEM INFORMAÇÃO R. Santo Antônio. Bairro Santa Terezinha SEM INFORMAÇÃO R. Andrade Neves, 2316. R. Gen. Neto entre R. 15 de Nov. e R. Anchieta R. Andrade Neves, 1979 SEM INFORMAÇÃO Av. Gal. Daltro Filho R. Mal. Floriano entre R. Anchieta e R. XV de Nov. R. Gal. Osório, 1095 Av. Domingos de Almeida R. São Francisco. Bairro Santa Terezinha R. Andrade Neves. Shopping Calçadão. Av. Ferreira Viana. Shopping Pelotas.

[6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7] [6 / 7]

[6] PELOTAS MEMÓRIA: Palcos & Telas. Neson Nobre Magalhães. Ano 12 Nº2, 2001.

[7] ESPAÇOS DE CINEMEIROS EM PELOTAS. Luís Giovani Adamoli Castro. a. Instituto de Ciências Humanas. Departamento de História e Antropologia. Curso de História. Monografia para obtenção do título de licenciado em História, 2005.

[8] DEZ FATOS HISTÓRICOS E CURIOSIDADES SOBRE PELOTAS. Deco Rodrigues. Disponível em http://ecult.com.br/noticias/dez-fatos-historicos-ecuriosidades-sobre-pelotas

39 21. CINE
RÁDIO 22. CINE
23. CINEMA
24. CINEMA
25. CINEMA
CHIC 26. CINEMA
27. CINEMA
28. CINE
29. CINE
30. CINE 15 31. CINE-RÁDIO PELOTENSE 32. CINEMA
IDEAL 33. CINE REI 34. CINE
35. CINE-THEATRO
36. THEATRO
ABRIL 37. CINE
38. CINE
39. CINE TUPY / TUPI 40. CINEART 41. CINEFLIX
PALÁCIO DO
PARA TODOS
PARISIENSE
POLITEAMA
PONTO
POPULAR
PRAIANO
PRESIDENTE
PRINCIPAL
RECREIO
SANSCA
SÃO RAFAEL
SETE DE
TABAJARA
TAMOIO
SHOPPING PELOTAS
OS CINEMAS DE PELOTAS
2.1.4

CINEMA POPULAR, 1932 PELOTAS MEMÓRIA: Palcos & Telas. Neson Nobre Magalhães. Ano 12 Nº2, 2001.

40 2.1.4 OS CINEMAS DE PELOTAS

SETE

41
2.1.4 OS CINEMAS DE PELOTAS
DE ABRIL, 1930 PELOTAS MEMÓRIA: Palcos & Telas. Neson Nobre Magalhães. Ano 12 Nº2, 2001.

IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DO BEM

2.2.1 Pesquisa histórica

2.2.2 Levantamento físico

2.2.3 Análise tipológica

2.2.4 Levantamento fotográfico

2.2.5 Insolação e ventos dominantes

2.2.6 Diagnóstico

Para essa etapa do trabalho, foi realizada uma pesquisa histórica do bem por meio da análise de material teórico, documentos e reportagens dos jornais da época. Com esse apanhado de dados, foi possível perceber a importância da Cervejaria Sul-Riograndense para o desenvolvimento econômico da Cidade de Pelotas.

A edificação representa toda a evolução do processo de desenvolvimento da indústria. Seus volumes acrescentados conforme o crescimento da fábrica é um reflexo dessa sobreposição de temporalidades (camadas). O complexo de edifícios carrega uma bagagem histórica e arquitetônica de imenso valor para a comunidade.

Após todo o estudo histórico, foram realizados levantamentos, análises da tipologia, diagnósticos e mapeamentos dos danos da edificação onde será realizada a intervenção.

42 2.2

INDICAÇÃO DO LOCAL DE INSTALAÇÃO DA CERVEJARIA HAERTEL.

Mapa da cidade de Pelotas, 1882. Fonte: Acervo do NEAB - Adaptado pela autora

43
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

“O que foi a lucta, no inicio, para impôr os produtos ao publico ainda pouco acostumado a consumir a hygienica bebida, bem o sabe o fundador, cuja grande energia e faculdade de trabalho tiveram que empregar-se seriamente para vencer os obstáculos que lhe impediam a marcha. Aos poucos, porém, a fabrica foi progredindo, melhorando e ampliando sempre a sua produção e captanto, a confianza e a sympathia do publico. O seu desenvolvimento foi tal, que as primitivas instalações se tornaram insuficientes e que, seis anos passados, o Snr Leopoldo Haertel mandou construir o prédio actual que ocupa tres quartos de quadra, com frente para as ruas Benjamin Constant, Conde de Porto Alegre e José Patrocinio e cuja planta e instalação respondem admiravelmente às necessidades de formidável produção diaria de 15.000 garrafas permitindo eleval-a facilmente a 25.000.” [1]

Material disponibilizado por Guilherme Pinto de Almeida

44
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA
[1]
45
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA
CERVEJARIA SUL-RIOGRANDENSE CARRICONDE, Clodomiro. Álbum de Pelotas Nocentenário da Independencia. Pelotas: Globo, 1922. Acervo Guilherme Pinto de Almeida.

Leopoldo Haertel, nascido em São Leopoldo, é filho de Guilherme Haertel, que possuía uma fábrica de cerveja em pequena escala. [2]

Em 1889 fundou a própria cervejaria na cidade de Pelotas. Nascia então a Cervejaria Haertel, que mais tarde seria conhecida como Cervejaria Sul-Riograndense, fábrica de cerveja, águas minerais e gasosas, gelo e sifões. [1]

“Photographias de então mostram o rápido desenvolvimento da incipiente indústria: uma simples casa de madeira, onde entrou a funcionar, poude transformarse nas grandes edificações de hoje.”

[Sexta-feira, 24 de Setembro de 1926] [2]

O PÁTIO DE CARGA DOS CAMINHÕES AUTOMÓVEIS PARA ENTREGA DA CERVEJA E DO GELO (1915)

DOMECQ & Cia., M. O Estado do Rio Grande do Sul. Barcelona: Estabelecimento Graphico Thomas, 1916. p. 250-254. Acervo Guilherme Pinto de Almeida.

[1] Material disponibilizado por Guilherme Pinto de Almeida

[2] Reportagens de jornais antigos disponibilizadas por Adão F. Monquelat

46
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

CONSTRUÇÃO DO NOVO ESCRITÓRIO EM 1914

FERREIRA & C. - Almanach de Pelotas III (1915). Oficinas Tipográficas do Diário Popular, 1914. Acervo Guilherme Pinto de Almeida.

47
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

1889

Fundação da Cervejaria Haertel que, mais tarde, seria conhecida como Cervejaria Sul-Riograndense. Foi instalada em um prédio alugado na Rua Conde de Porto Alegre. [1]

1892

Construção do escritório da Cervejaria Sul-Riograndense. [3]

1897

Construção da edificação com saída para a Rua Benjamin Constant, originalmente com a função de residência da família Haertel. [1]

Cartão postal - reprodução parcial. Livraria Americana. Fotógrafo: Henrique Patacão (tirada na virada do século 20). Acervo Guilherme Pinto de Almeida.

1911

É levantada a chaminé de 36 metros de altura. A chaminé representava um monumento da indústria moderna e era possível de ser observada dos trens vindos de Rio Grande. [2]

A essa altura, a Cervejaria SulRiograndense possuia em sua estrutura maquinários para fabricar gelo, filtrar cerveja e engarrafar bebidas. [1]

1912 Construção da edificação com entrada pela Rua Conde de Porto Alegre. [5]

1913

Foram acrescentados edifícios para lavagem de garradas, engarrafamentos e adegas. Na mesma época foi abolida a sala onde funcionava a caldeira, sendo construída no local a rampa para a lavagem dos caminhões. [3]

1914 Recebimento de novas máquinas importadas da Alemanha. 1 Aumento da edificação com entrada pela Rua Benjamin Constant. 5 O aumento constava na construção de um bloco com dois pavimentos e de um prédio de cinco andares, no qual passaria a ter um mirante. [3]

1915 Considerável expansão espacial para dar vazão ao aumento da produção. 1 Além da construção de prédio térreo onde passaria a funcionar o escritório. [3] Neste mesmo ano operava na faixa de 15mil garrafas/dia. [1]

década 10 década 20 década 30 década 40 década 50 -----

século xix

-----
RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA HAERTEL
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

1917

Acréscimo com acesso pela Rua José do Patrocínio. [5]

1922

A indústria ultrapassou a elevada quantia de 18000 garrafas diárias, abastecendo parte do mercado nacional. As principais marcas eram: Perú, Moreninha, Preta, São Luiz e Commercial. [3]

1926

A instalação do novo maquinário vizava reduzir o tempo de serviço com aproveitamento da produção. Capacidade de produzir 3000 garrafas/hora.

Próximo a esse período, Leopoldo Haertel adquiriu o terreno localizado na Rua Benjamin Constant esquina Liberdade (atual Rua Dr. João Pessoa) com fundos para a Rua Conde de Porto Alegre com o objetivo de continuar a introduzir melhoramentos. Assim, a cervejaria passou a ocupar a quadra em sua totalidade, pelas quatro faces. [2]

1929

A residência de Haertel sofre tentativa de assalto. O assaltante era sobrinho de 20 anos de Haertel que foi preso em flagrante no local.

[A Opinião Pública – Pelotas, Quintafeira, 6 de Junho de 1929] [2]

1930

Dia 18 de Janeiro de 1930 foi anunciado no jornal a cerimônia de sepultamento de Leopoldo Haertel. O empresário faleceu aos 67 anos. [Sábado, 18 de Janeiro de 1930] [2]

1931

Após encerradas as atividades da indústria, suas instalações foram utilizadas como depósito de arroz, sofrendo pequenas modificações devido ao novo uso. 3 Dentre essas modificações consta a construção/acréscimo na Rua Benjamin Constant. 5 Na documentação analisada, a edificação deixou de conter o nome de Leopoldo Haertel passando para HAERTEL & CIA LTDA. [5]

[1] Material disponibilizado por Guilherme Pinto de Almeida

[2] Reportagens de jornais antigos disponibilizadas por Adão F. Monquelat

[3] Fichas SeCult

[5] Material arquivado na prefeitura

década 80 década 70 década 90 anos 2000 anos 2010 década 60 -----

-----
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

1941

Conforme consta no registro de imóveis, o novo adquirente passa a ser a Companhia Cervejaria Brahma. [4]

1944

As instalações da fábrica foram vendidas para a Cervejaria Brahma. O interesse da cervejaria carioca foi utilizar os edifícios como depósitos, escritório local e como oficina para seus veículos; ou seja, não foi comprado com intenção de dar continuidade à função de fabrico de cerveja. A ocupação parcial das edificações resultaram num processo de deteriorização do restante desocupado. Porém, a situação ainda era reversível. [3]

1948

Inesperado fechamento da antiga fábrica de cerveja Haertel que, até a data em questão, pertencia à Companhia de Cervejaria Brahma. [2]

“Essa notícia – acentuou o líder da bancada majoritária – ecoôu com verdadeiro alarme não só no seio da população, como junto aos poderes da comuna, que prontamente se movimentaram no sentido de ser obstada a lamentável decisão daquela empreza.”

[Diário Popular – Pelotas, 21 de Abril de 1948] [2]

século xix

1957

Construção do volume com acesso pela Rua João Pessoa. [5]

1983

Tentativa do processo de tombamento da edificação impugnado pela Companhia Cervejaria Brahma. Processo que se estendeu pelos anos seguintes. O imóvel fez parte do conjunto de edificações presentes no Tombamento provisório da cidade de Pelotas do ano 1982. [3]

1999

Conforme análise da Ficha de Inventário do Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul desse ano, tanto o depósito quando o restante do complexo que fazia parte da antiga Cervejaria Sul-Riograndense estava considerado desocupado e não em estado de ruína. Os galpões da Rua Conde de Porto Alegre estavam com a cobertura em telha de cimento amianto e com as esquadrias de ferro. O imóvel foi classificado no Nível 2 de inventário. [3]

2001

O prédio passa a ser protegido pela Lei Estadual 11.499 por ser elemento integrante da área III – “Sítio do Porto” declarada Patrimônio Cultural do Estado e pela Lei Municipal 4568/00, que institui a Zona de Preservação do Patrimônio Cultural – “Sítio do Porto”. Assim, devem ser preservadas as fachadas públicas e a volumetria dos bens constantes no Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas. Cabe ao Município exigir conservação, reparação ou restauração dos prédios enquadrados na referida lei. [3]

década 10 década 20 década 30 década 40 década 50

-----
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2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

2002

O complexo passou a ser classificado como desocupado e como ruína na Ficha de Inventário do Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. [3]

2004

O imóvel passa a estar cadastrado no Inventário do Patrimônio Histórico Cultural de Pelotas realizado em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. [3]

Conforme o registro de imóveis, o novo adquirente passa a ser a Companhia Antárctica Paulista Indústria Brasileira de Bebidas e Conexos, meses mais tarde (em novembro) tendo sua razão social alterada para Companhia Brasileira de Bebidas. [4]

2005

Conforme consta no registro de imóveis, o novo adquirente passa a ser o Município de Pelotas e, logo após do Roberto Ferreira Comercial e Construtora LTDA. Com a condição única e exclusiva de implantação de uma unidade do “Programa de Arredamento Residencial”, de caráter especial, com recuperação dos prédios históricos da antiga fábrica, denominado “Reciclagem da Antiga Cervejaria Sul Rio-Grandense – Par Revitalização” com recursos da Caixa Econômica Federal e com prazo para implementação de dois anos. Caso contrário, o imóvel volta a ser patrimônio do Município. [4]

2005/2006

Início de um processo de empreendimento para a revitalização da área da antiga Cervejaria Sul-Riograndense por meio do protocolo de intenções celebrado entre a Prefeitura Municipal de Pelotas, a Caixa Econômica Federal e o SINDUSCON, através da Construtora Roberto Ferreira Ltda., com o acompanhamento do Ministério Público. A ideia seria realizar um Pólo Cultural, um local que centralizaria diversas atividades culturais e educacionais na região do porto. [3]

2012

01/10/2012 - Como não houve o cumprimento da condição, o cuidado e responsabilidade sobre o imóvel retorna para o Município de Pelotas. 20/12/2012 - Conforme o registro de imóveis, o novo donatário passa a ser a Universidade Federal de Pelotas, com as condições de que o imóvel seja destinado, em parte, à promoção de atividades culturais de interesse da comunidade pelotense. [4] 14/12/2012 – Inauguração das primeiras instalações do Mercosul Multiculturas da Universidade Federal de Pelotas. Faz parte da estratégia de ocupação de prédios de elevado valor patrimonial pela universidade. 1 Projeto assinado pela Simone R. Neutzling e Cia. Ltda.

[2] Reportagens de jornais antigos disponibilizadas por Adão F. Monquelat [3] Fichas SeCult [4] Registro de Imóveis [5] Material arquivado na prefeitura

década 80 década 70 década 90 anos 2000 anos 2010 década 60 -----

-----
2.2.1 PESQUISA HISTÓRICA

* a planta de situação foi anexada neste caderno na sessão 1, capítulo 1.4 - Localização. Página 23 ** o levantamento foi disponibilizado pela Universidade Federal de Pelotas

PLANTAS BAIXAS - LEVANTAMENTO

145.94

58.52 25.96 49.74 11.72 110.44 61.78

45.85 21.62 35.24 65.83 57.62 39.73 8.27 40.32 145.90

168.62 172.23

Primeiro Pavimento 1:500 1

52
2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO 01

11.95 26.48

19.26 20.03 22.18 26.42 19.94 26.55 16.60 23.79

23.24

21.48

12.17

87.91

66.09

Segundo Pavimento 1:500 2

53 2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO

47.03

19.38 27.65 38.63

2 3 4 12.73 25.98

17.74 7.88 23.28

25.62 10.19 12.30

Terceiro Pavimento 1:500 1

54 2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO

LHAERTEL

FACES DE QUADRA

RUA CONDE DE PORTO ALEGRE 1:500 Acervo UFPel.

LHAERTEL

RUA DR. JOÃO PESSOA 1:500 Acervo UFPel.

55 2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO
02

RUA JOSÉ DO PATROCÍNIO 1:500 Acervo UFPel.

RUA BENJAMIN CONSTANT 1:500 Acervo UFPel.

56 2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO
LHAERTEL LHAERTEL

FACES DE QUADRA - FOTO

57 2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO
03
RUA CONDE DE PORTO ALEGRE Produção da autora, 2019. RUA DR. JOÃO PESSOA Produção da autora, 2019.

RUA JOSÉ DO PATROCÍNIO Produção da autora, 2019.

RUA BENJAMIN CONSTANT Produção da autora, 2019.

58 2.2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO

DESCRIÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS

1/200 1/200

Ornamentado com cimalha, pinhas e frontão. Dois balcões, guarnecidos por gradis de ferro decorados e um frontão semicircular. O prédio tinha cobertura com telha francesa em três águas, com platibanda. [1] Simetria bilateral e acesso principal pela lateral direita.

A fachada pela rua José do Patrocício possui um portão de acesso de serviço e seis aberturas agrupadas em pares.

Ornamentado com cimalha, pinhas e frontão. Dois balcões, guarnecidos por gradis de ferro decorados e um frontão semicircular. O prédio tinha cobertura com telha francesa em três águas, com platibanda. [1] Simetria bilateral e acesso originalmente pela lateral esquerda e, em algum momento inverteu-se o acesse para o lado direito da edificação (acesso atual).

59 2.2.3 ANÁLISE TIPOLÓGICA
01
[1] Material disponibilizado por Guilherme Pinto de Almeida

ESQUEMA EVOLUTIVO DA EDIFICAÇÃO Luísa Mantelli, 2019.

60 2.2.3 ANÁLISE TIPOLÓGICA 02
EVOLUÇÃO CONSTRUTIVA DO COMPLEXO
1 8 2 3 4 5 7 6

[ 1 ] (1897) Residência da família Haertel.

[ 2 ] (1911) Chaminé de 36m altura [2] (atualmente não existe mais).

[ 3 ] (1912) Adegas e oficina [5]. Pé-direito alto, grandes aberturas e ambientes muito compartimentados.

[ 4 ] (1913) Salão de engarrafamento com setor de lavagem de garrafas. Vedado em alvenaria de tijolo e estruturado por pilares metálicos e de alvenaria. Cobertura estruturada por tesouras tipo ‘Polanceau’ com lanternin, revestida com frontão triangular clássico, piso de cimento alisado, vãos de concreto, soleiras de pedra, janelas de báscula com bandeira fixa de ferro e vidro, portões de ferro tipo grade [3].

[ 5 ] (1914) Edifício de cinco andares, com um mirante [3] O primeiro pavimento com pé-direito duplo. Suas paredes eram interiormente revestidas, a meia altura, com azulejos portugueses nas cores azul e branco, seguidos por escaiolas que encontravam os entrepisos estruturados em vigas de ferro. Pisos em ladrilho hidráulico. Apresentavam arcos abatidos - elemento importante na unidade do conjunto; são menores nos andares superiores, sem grades como no térreo, mas em madeira, com postigo [1].

[ 6 ] (1915) Escritório. Estruturado em alvenaria de tijolo, com cobertura de duas águas sobre tesouras de madeira [3]. O edifício foi restaurado em 2012 e hoje abriga a Livraria da UFPel.

[ 7 ] (1917) Edificação para caldeiras.

[ 8 ] (1931) Depósito de garrafas e caixas. O novo volume possuía um telhado em quatro águas com estrutura de madeira e telha francesa sem forro [3].

[1] Material disponibilizado por Guilherme Pinto de Almeida

[2] Reportagens de jornais antigos disponibilizadas por Adão F. Monquelat

[3] Fichas SeCult

[5] Material arquivado na prefeitura

61
2.2.3 ANÁLISE TIPOLÓGICA
62 2.2.4 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO 03 A EDIFICAÇÃO / ÁREA DE INTERVENÇÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 3 4 S/ ESC.
5 7 9 10

1

R.BenjaminConstant R.C.dePortoAlegre R.Dr,JoãoPessoa R.JosédoPatrocínio

4

2 3

ESQUEMA DESTACANDO A VOLUMETRIA DO ENTORNO Produção da autora, 2019.

64 04 O ENTORNO
4

ESQUEMA INSOLAÇÃO E VENTOS DOMINANTES Produção da autora, 2019.

ventos dominantes no inverno ventos dominantes no verão ventos dominantes anualmente

66 2.2.5 INSOLAÇÃO E VENTOS DOMINANTES

7 4 1 3 2 5 material danificado descolamento de revestimento sujidade vegetação

6

1/2000 vista 1 vista 2 vista 4 vista 3 vista 5 vista 7

vista 6

INDICAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA ÁREA DE INTERVENÇÃO ESCALA 1/500 Produção da autora, 2019.

67 2.2.6 DIAGNÓSTICO
3
ORSON WELLES AND GREGG TOLAND: THEIR COLLABORATION ON CITIZEN KANE. Robert L. Carringer, Critical Inquiry, Vol. 8, No. 4 (Summer, 1982), pp. 651-674. Disponível em: https://cinephiliabeyond.org/

EMBASAMENTO PROJETUAL

O conceito do projeto é criar um espaço de criação e de memória.

A criação é dada através da produção cinematográfica, de conteúdo audiovisual. E a memória por meio de espaços de projeção e acervo que remetam aos antigos cinemas da cidade. Quem não guarda uma boa lembrança dos cinemas locais?

A memória também é remetida na arquitetura, por meio de uma edificação fabril situada na zona do Porto. Tal edificação pertencia a Cervejaria Sul-Riograndense e exerceu um importante papel na economia pelotense.

A integração da comunidade com a universidade ocorrerá através da divulgação do material criado nesse espaço. Incentivando a produção local.

A ideia é criar um espaço que respeite a memória, a história, os moradores, os estudantes. Um espaço que projete os acontecimentos passados e os que estão por vir. Que respeite o antigo e o novo, que respeite todas as idades. Criar um espaço de MEMÓRIA E CRIAÇÃO.

70
3.1 CONCEITO

cinema

O cinema conta uma história, com início, meio e fim. Essa história pode ser interpretada de muitas maneiras diferentes conforme o olhar de quem assiste. Cada telespectador possui uma bagagem de histórias, que podem estar ligadas à história contada no cinema. Ou vivida no cinema. A verdade é que todo mundo tem uma boa história sobre cinema.

memória

A memória é uma história, um cheiro, uma música, um filme, um lugar. A memória remete, retrocede, recorda. A memória anda junto com a nostalgia. E a nostalgia é a combinação de temporalidade e espacialidade. Quando se fala de espaço é que entra a arquitetura.

universidade

Passado, presente, futuro. É no presente que preservamos o passado e planejamos o futuro. Uma forma de manter o cinema na memória de quem vai visitar essa arquitetura é trabalhando também com o novo, com o criativo. A universidade forma pessoas, forma sociedade, forma profissionais. Essa é uma oportunidade de unir universidade e sociedade. Cinema atuando como história, Memória como nostalgia, Arquitetura como espaço e Universidade como criatividade.

arquitetura

Arquitetura é espaço, é obra, é arte e também é tempo. Arquitetura habita, conforta e recorda. E a arquitetura, estando diretamente ligada à evolução da humanidade, serve como pilar para metáforas e antecipações futuristas ou resgates históricos.

71

3.2.1 Referencial cinematográfico

3.2.2 Referencial projetual

Para a etapa 3.2.1 do trabalho foram analisados filmes que tratassem da temática do cinema. O enfoque foi dado para obras em que fosse destacado o espaço do cinema e sua importância nas relações interpessoais.

Esse estágio da pesquisa foi de extrema importância para o resgate de um dos assuntos norteadores deste trabalho: o cinema como agente de memória. Ademais, a análise das obras embasou a construção e o aprimoramento do conceito.

Já na etapa 3.2.2 foram analisadas referências de soluções projetuais. Para essa fase da pesquisa, foram estabelecidos três eixos de análise referecial: análise de estúdios de produção audiovisual, análise de intervenções arquitetônicas em edificações existentes e análise de materiais e técnicas construtivas utilizados, além do uso desses espaços.

72 3.2
REFERÊNCIAS

3.2.1 Referencial cinematográfico

Cinema Paradiso (1988) A Invenção de Hugo Cabret (2011)

3.2.2 Referencial projetual

Referências de estúdios de conteúdo audiovisual Estúdios Quanta, SP BOOP Studios, SP Estúdio A, RS Térreo Estúdio, SP

Referências de intervenção em pré-exsitência e usos SESC Pompeia, SP Cinemateca Brasileira, SP

Referência de estilo arquitetônico e usos SESC Pompeia, SP Cinemateca Brasileira, SP Pixar, CA/EUA

73

Um filme de Giuseppe Tornatore, Cinema Paradiso conta a história de Totó em três fases da vida dele: infância, adolescência e fase adulta. Mais do que isso, o filme retrata a relação de Totó com o Cinema Paradiso, o cinema local da cidade de Giancaldo, interior da Itália.

Antes da televisão, o cinema era considerado ponto de encontro dos moradores da cidade e era lá que trabalhava Alfredo, único projecionista da cidade. Ainda criança, Totó torna-se amigo de Alfredo e passa a observar o trabalho do amigo, aprendendo todo o processo de projeção. Ocorre um incêndio no cinema e o acidente faz com que Alfredo perca a visão. Após a reforma do lugar, Totó passa a ser o projecionista no Novo Cinema Paradiso trabalhando no local inclusive na sua fase adolescente. O cinema passa o ponto de encontro do menino com o seu primeiro amor.

Na transição para a fase adulta, Totó decide sair da cidade e trabalhar com cinema. Anos mais tarde, já como cineasta de sucesso, ele retorna à cidade para o funeral do amigo e, é surpreendido com a demolição do antigo cinema, juntamente com todos os moradores da cidade que guardavam memórias do local.

O filme retrata a época em que ir ao cinema era considerado um evento e a sala de projeção era um local de encontro entre as pessoas. O filme mostra a história da vida de Totó, dos seus relacionamentos e de como o cinema mudou a sua vida, tornando-se uma homenagem à sétima arte.

74
01
3.2.1 REFERENCIAL CINEMATOGRÁFICO

TRECHO 00:34:42 – 00:35:06 DO FILME “CINEMA PARADÍSO“

75
3.2.1 REFERENCIAL CINEMATOGRÁFICO

A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (2011)

O filme dirigido por Martin Scorsese, baseado no livro de Brian Selznick, conta a história de um menino – Hugo Cabret – que busca desvendar a história de um autômato deixado pelo pai. Porém, a história vai muito além disso. A busca por tentar desvendar e remontar a máquina fortalece o vínculo que Hugo tinha com seu pai, que, juntos, trabalhavam nisso.

O que surpreende no enredo é que existem mais histórias que envolvem esse objeto. Isabelle, amiga de Hugo e sobrinha do homem que trabalha na loja de brinquedos da estação de trem, o próprio homem e Hugo estão interligados por meio dessa máquina e da mensagem que ela passa.

Ao conseguirem consertar a máquina e fazê-la funcionar, Hugo e Isabelle se deparam com uma mensagem em forma de desenho, que os direciona para o cinema e toda a temática que ele aborda. Hugo leva Isabelle ao cinema, assim como seu pai fazia com ele. O filme mostra a história de Hugo e de como o cinema mudou a sua vida, tornando-se uma homenagem à sétima arte.

Dois tipos de cinema que marcaram o início dessa arte são lembrados no filme: o cinema documental de Auguste e de Louis Lumière e o cinema ficcional de Georges Méliès. Os irmãos Lumière são homenageados nas cenas da estação de trem enquanto que Méliès é retratado na história como um personagem-chave para o enredo: o tio de Isabelle. Méliès era um ilusionista que decidiu transpor sua mágica para as telas após ver um filme dos irmãos Lumière, fazendo do cinema “um novo tipo de magia”.

76
02
3.2.1 REFERENCIAL CINEMATOGRÁFICO
77
3.2.1 REFERENCIAL CINEMATOGRÁFICO
TRECHO 00:41:40 – 00:42:09 DO FILME “A INVENÇÃO DE HUGO CABRET“

ESTÚDIOS QUANTA

Rua Mergenthaler, 1.000 - Vila Leopoldina - São Paulo - SP

O maior complexo da América latina para locação de Estúdios, iluminação e movimento para o setor audiovisual no Brasil. Presentes em São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais. 2.400 m2 divididos em 4 estúdios completos com 1.000 m2 de áreas de produção compostas por: camarins suítes individuais, camarins coletivos, camarins para maquiagem e cabelo, salas de produção e multiplataformas, depósitos, banheiros, copa, área comum.

Principais características: Paredes duplas com isolamento acústico; Pisos duplos de concreto, flutuantes e nivelados a laser, para 2.000kg/m2 com sistema antivibração; Portas Soundlock; Ar-condicionado com baixo nível de ruído; Grids ajustáveis (exceto estúdio 4).

78
01
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
ESUEMA INDICANDO A LOCALIZAÇÃO DE CADA ESTÚDIO Foto disponível em http://www.estudiosquanta.com.br

Estúdio 1

Dimensões: 45,90 x 26,40m – 1210m²

Pé-direito: 12m (7,5m abaixo do grid)

Produção/camarins: 500m²

Elétrica: 242 kva – 380 V Ar-condicionado: 140 TR

Estúdio 2

Dimensões: 29,64 x 17,99m – 533m² Pé-direito: 12m (8,5m abaixo do grid)

Produção/camarins: 350m² Elétrica: 151 kva – 380 V Ar-condicionado: 80 TR

Estúdio 3

Dimensões: 22,15 x 15,20m – 330m² Pé-direito: 12m (7,5m abaixo do grid)

Produção/camarins: 135m²

Elétrica: 95 kva – 380 V Ar-condicionado: 60 TR

Estúdio 4

Dimensões: 17,05 x 11,75m – 200m² Pé-direito: 8m (5,2m abaixo do grid)

Produção/camarins: 90m² Elétrica: 97 kva – 380 V Ar-condicionado: 40 TR

ESTÚDIO 1 ESTÚDIO 2 ESTÚDIO 4 ESTÚDIO 3

79
ESUEMA INDICANDO A LOCALIZAÇÃO DE CADA ESTÚDIO Foto disponível em http://www.estudiosquanta.com.br e adaptada pela autora, 2019.
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL

02BOOP STUDIOS

Rua Xavier Kraus, 117 - Vila Leopoldina, São Paulo - SP

O espaço, com uma área total de 1500m², conta com dois estúdios com estruturas independentes e um gerador estacionário de 260KVA’s.

Estúdio 1

Dimensões: 15 x 16m – 240m²

Elétrica: 80 kva

Acústica: blimpado 48dB

Estrutura: 2 camarins (10 x 3m), 3 banheiros, sala de reuniões, 1 cozinha, espaço de alimentação para 45 pessoas, área externa privativa, grid para luz de cinema.

Estúdio 2

Dimensões: 10 x 13m – 130m²

Elétrica: 50 kva

Acústica: sem solução acústica

Estrutura: teto retrátil, camarim (10 x 3m), 1 cozinha, 2 banheiros, espaço de alimentação para 20 pessoas.

80
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
81
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
BOOP STUDIOS Disponível em http://www.studioboop.com

Avenida Senador Salgado Filho, 7000 - Viamão - RS

O Tecna – Centro Tecnológico Audiovisual do Rio Grande do Sul – é uma iniciativa da PUCRS, em conjunto com a Fundacine e o Governo do Rio Grande do Sul, que busca integração e colaboração entre universidades, empresas, poder público e sociedade, com o objetivo de atender à demanda histórica do setor audiovisual. O espaço é o único estúdio do Brasil localizado em um Parque Científico e Tecnológico e ligado a uma Universidade.

Sobre o Estúdio A Área: 13,07 x 16,66m - 300m² Altura útil (abaixo do grid): pé-direito de 9,85m até o forro e 8,13m até os grids. Carga de iluminação cênica: 800A. Áreas de apoio: 130m², 4 salas de apoio para camarim, figurino, produção e armazenamento de cenários.

Acústica: foi utilizado o conceito “Box in a Box”, criando uma estrutura interna sem interferência da externa.

Grids: doze grids modulares com versatilidade de posicionamento. Cada um tem 2,6 x 2,6m.

82
TECNOPUC CAMPUS VIAMÃO Imagem disponível em http://www.pucrs.br/tecna/
03
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL

INTERIOR DO ESTÚDIO A Imagens disponíveis em http://www.pucrs.br/tecna/

83
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL

TÉRREO ESTÚDIO

Rua Felipe de Gusmão, 57 - Sumarezinho - São Paulo - SP Térreo Estúdio é responsável por atividades relacionadas ao audiovisual, como direção de arte, cenografia, criação de personagens, modelagem e construção de bonecos, animação stop motion, design de produto, estruturas complementares, miniaturas, maquetes...

O estúdio é especializado em: produção de conteúdo completo em stop motion e pacote de pré-produção para publicidade, TV, cinema e mídia digital.

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO STOP MOTION Imagem disponível em https://www.instagram.com/terreo_estudio/

Stop Motion é uma técnica cinematográfica caracterizada pela utilização de fotografias sequenciais de um mesmo objeto, simulando seu moviento. Essa técnica remete aos primórdios do cinema.

84
04
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
85 3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO STOP MOTION Imagem disponível em https://www.instagram.com/terreo_estudio/

SESC POMPÉIA

Rua Clélia, 93 - Água Branca - São Paulo - SP

Projeto de 1986, o conjunto do Sesc Pompéia se trata de um projeto de requalificação e de reforma dos antigos galpões da fábrica de tambores da Pompéia e na construção de outros três volumes (dois primas retangulares e uma torre cilíndrica). Projeto de intervenção da arquiteta ítalobrasileira Lina Bo Bardi, a edificação tornou-se ícone da arquitetura moderna e brutalista brasileira.

O espaço é utilizado como um centro de cultura e de lazer, contendo em sua programação cerca de 120 atrações artísticas por mês. No seu programa, há quadras esportivas, piscina, espaços de exposições, área de alimentação, teatro (de duas frentes). O espaço atende uma vazão de 1,25 milhão de pessoas por ano.

86 3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
05
VOLUMES ANEXOS À ANTIGA ESTRUTURA FABRIL Disponível em https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi
87
EXTERIOR E INTERIOR DA EDIFICAÇÃO Disponível em https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi

06CINEMATECA BRASILEIRA

Em 1988 o espaço do antigo matadouro municipal foi cedido pela prefeitura à instituição da Cinemateca. O matadouro, originalmente construído em 1884, encerrou suas atividades em 1927. Durante os anos entre o fechamento do antigo matadouro e as iniciativas de preservação, houve ausência de qualquer medida de manutenção do conjunto.

As últimas intervenções preveram restaurar os galpões existentes procurando manter o estilo arquitetônico original com algumas alterações na construção. A construção do anexo deu-se em virtude de evitar o desgaste das estruturas antigas devido ao intenso uso de algumas áreas. Sobre o anexo: implantação de novo edifício para abrigar as salas de projeção, uma sala multiuso e o foyer, com dois pavimentos semienterrados para não alterar as proporções do conjunto remanescente.

Para atender às solicitações do programa definido pela Cinemateca Brasileira, foi proposta a construção de módulos independentes, que atuassem de forma autônoma em relação aos edifícios preexistentes.

Disponível em http://cinemateca.org.br/conheca-cinemateca

88 3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
EXTERIOR DA CINEMATECA NACIONAL

Para esses módulos, foram destinados: o laboratório de restauro de filmes; depósitos climatizados de filmes e vídeos; sede da Sociedade Amigos da Cinemateca – SAC; setor de seminários e exposições temporárias; biblioteca e midiateca; administração; salas de exibição e de aula; anfiteatro ao ar livre.

Dentre os principais os elementos novos introduzidos pelo arquiteto Nelson Dupré notam-se os novos caixilhos em aço na cor preta; a utilização de superfícies envidraçadas em substituição aos portões de madeira; as tesouras e lanternins redesenhados, respeitando-se a dimensão das peças originais, agora em aço.

Para um dos pavilhões a instalação de uma sala de projeção para 230 pessoas. Após a manutenção das formas das aberturas originais e instalação de novas esquadrias de aço, com fechamento de vidro, foram colocadas cortinas opacas operadas por comandos automáticos.

89
UMA DAS SALAS DE PROJEÇÃO DA CINEMATECA NACIONAL Disponível em http://cinemateca.org.br/conheca-cinemateca

07PIXAR ANIMATION STUDIOS BUILDING 1

1200 Park Ave, 94608, Emeryville, USA

A Pixar, líder do setor em animação por computador, queria um prédio que abrigasse artistas, animadores, cientistas da computação e administradores e que criasse uma cultura de compartilhamento de idéias e de talentos entre as diferentes áreas do conhecimento.

Projeto liderado pelo arquiteto Bohlin Cywinski Jackson em parceria com o paisagista Peter Walker e o sócio e CEO da empresa Steve Jobs, a instalação possui capacidade para 600 funcionários com um plano de expansão para até 1.000 funcionários.

ÁTRIO PRINCIPAL DO P´REDIO

Disponível em https://www.world-architects.com/en/auerbach-glasow-sanfrancisco/project/pixar-animation-studios-building-1

90
3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
Photo © Sharon Risedorph

O projeto procura refletir uma visão contemporânea do aspecto industrial, incluindo aço, tijolo, concreto e vidro. O uso do espaço consiste em 3 salas de projeção, instalações para conferências, espaço para escritórios, café, lounge, além de um átrio central com pé direito duplo, dando maior iluminação e visibilidade dos espaços.

O sistema de iluminação, projetado pelo escritório Auerbach Glasow, varia conforme o uso de cada espaço, assumindo um sistema mais flexível nas áreas de trabalho artístico e iluminação de alta eficiência na ala dos escritórios. O teatro é equipado com um sistema de controle de iluminação, utilizando fibra óptica.

TEATRO EQUIPADO COM SISTEMA DE ILUMINAÇÃO COM FIBRA ÓPTICA

Photo © Sharon Risedorph

Disponível em https://www.world-architects.com/en/auerbach-glasow-sanfrancisco/project/pixar-animation-studios-building-1

91 3.2.2 REFERENCIAL PROJETUAL
4 ACERVO DA AUTORA, 2019.
O PROJETO

4.1 ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS

4.1.1 Lei Municipal 4568/2000

4.1.2 III Plano Diretor de Pelotas

4.1.3 Código de Obras

4.1.4 Manual do Usuário do Imóvel Inventariado

Nessa etapa do estudo foi realizada uma análise dos documentos referentes aos aspectos legais e normativos nos quais a edificação está inserida.

A importância de analisar essa documentação em uma etapa precedente à projetual está no domínio do que é permitido fazer na edificação e do que não é permitido.

Desta forma, a proposta de projeto respeitará a legislação, principalmente nas questões de preservação do patrimônio cultural.

Segundo a SeCult, a edificação está classificada no Nível 2, definida no III Plano Diretor de Pelotas.

94

LEI MUNICIPAL 4568/2000

A Lei Municipal 4568/2000 classifica a área da cidade em Zonas de Preservação do Patrimônio Cultural (ZPPCS) conforme o processo de expansão urbana da cidade. Cada ZPPC é correspondente a um dos primeiros loteamentos estabelecidos no município e buscam manter a identidade histórica e cultural de cada local. A edificação encontrase na zona portuária da cidade de Pelotas, sendo assim, foi classificada na ZPPC 3 - Sítio do Porto.

A Lei Municipal 4.568/2000 também estabelece a preservação das fachadas públicas e volumetria dos bens constantes no Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas. De acordo com o Art. 9º, poderá o Município exigir conservação, reparação ou restauração dos prédios enquadrados na referida lei.

ZPPC 3 - Sítio do Porto Zona localizada à beira do Canal São Gonçalo onde eram desenvolvidas as atividades portuárias da cidade, importantes para o desenvolvimento da indústria do charque e dos produtos manufaturados.

95
01
ZPPC 1 ZPPC 2 ZPPC 4 ZPPC 3
4.1.1 LEI MUNICIPAL 4568/2000
Fonte: Prefeitura Municipal de Pelotas. Adaptado pela autora.

Dos quatro níveis de preservação, de acordo com a avaliação da Secretaria Municipal de Cultura, o objeto de estudo encontrase no nível 2. Os imóveis classificados nessa categoria apresentam a seguinte descrição:

“[...] a preservação integral de sua(s) fachada(s) pública(s) e volumetria, as quais possibilitam a leituratipológicadoprédio. Poderão sofrer intervenções internas, desde que mantidas e respeitadas suas características externas”.

O Art. 70 trata das Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Cultural (AEIAC) e das Zonas de Preservação do Patrimônio Cultural (ZPPC) já reconhecida por lei4.568/2000.

Art. 71 - A AEIAC-ZPPC, compreende alguns Focos Especiais de Interesse Cultural (FEICs). O objeto de estudo está classificado na FEIC - Zona Portuária, a qual possui a seguinte caracterização:

“Consideradofocodeinteresse da ZPPC por ser referência histórico-cultural devido à presença do Porto, por sua singularidade na relação entre espaços construídos e abertos, percebida através do conjunto de edificações industriais, vias e cais do porto, pela possibilidade de visualização da paisagem aberta em direção ao Canal e pelo conjunto de unidades arquitetônicas com potencial de reciclagem.”

96
02
4.1.2 III PLANO DIRETOR DE PELOTAS

Art. 148 - Devem ser mantidas as características tipológicas e formais, fachadas públicas e volumetria da arquitetura tradicional existente e integrante do Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas em Lei Municipal.

Art. 149 - Deve ser preservada a integração harmônica das novas inserções à arquitetura tradicional existente e integrante do Inventário do Patrimônio Cultural de Pelotas, conforme a Lei Municipal.

Art. 152 - O Regime Urbanístico na Área Especial de Interesse do Ambiente Cultural da ZPPC observa os seguintes dispositivos: I - Altura máxima de 10,00m

(dez metros);

CLX - Taxa de ocupação de 70% (setenta porcento);

CLXI - Isenção de recuos de ajardinamento e laterais;

CLXII - Recuo de fundos de no mínimo 3,00m (três metros).

MAPA DA ZONA URBANA DE PELOTAS COM DELIMITAÇÃO DOS FOCOS E EIXOS DE INTERESSE NA ZONA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL (ZPPC)

Fonte: Prefeitura Municipal de Pelotas, 2008. Adaptado pela autora, 2019.

97
4.1.2 III PLANO DIRETOR DE PELOTAS

Art. 191 - As edificações destinadas a locais de reunião que abriguem cinemas, teatros, auditórios e templos religiosos, dotados de assentos fixos dispostos em filas deverão atender aos seguintes requisitos:

I - Máximo de 16 (dezesseis) assentos na fila, quando tiverem corredores longitudinais em ambos os lados; II - Máximo de 8 (oito) assentos na fila, quando tiverem corredor longitudinal em um único lado; III - Setorização através de corredores transversais que disporão de, no máximo, 14 (catorze) filas; IV - Os corredores transversais e longitudinais terão larguras não inferiores a 1,20m (um metro e vinte centímetros) e 2,00m (dois metros), respectivamente.

Art. 192 - Os cinemas, teatros, auditórios, centros de convenções, boates, discotecas e assemelhados deverão ser dotados de sistema de renovação mecânica de ar e de instalação de energia elétrica com iluminação de emergência, conforme legislação e normas técnicas de prevenção e combate à incêndios.

98
03
4.1.3 CÓDIGO DE OBRAS

MANUAL DO USUÁRIO DO IMÓVEL INVENTARIADO

Parte 1 4.1 Intervenções em Prédios Inventariados

O que é permitido fazer em um prédio inventariado?

Alterações internas, inclusive demolições de paredes.

Troca de madeiramento do telhado, desde que mantida a cobertura de telhas cerâmicas.

Construção no fundo do lote, desde que não visível do passeio público.

O que não é permitido fazer em um prédio inventariado?

Alterações na fachada que descaracterizem o imóvel. Alterações na volumetria do imóvel, ou seja, intervenções que alterem a inclinação e forma de distribuição do telhado.

99
04
4.1.4 MANUAL DO USUÁRIO DO IMÓVEL INVENTARIADO

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O projeto a ser desenvolvido trata-se de uma intervenção no complexo a Antiga Cervejaria Sul-Riograndnse. Um dos motivos que levou à escolha dessa edificação foi o fato de que o prédio pertence à Universidade Federal de Pelotas e que, ao ser adquirido pela universidade, foi destinado a um uso de caráter cultural.

O projeto desenvolvido pela arquiteta Simone Neutzling apresenta um programa de necessidades voltado para atividades culturais.

O projeto a ser desenvolvido neste trabalho odificará algumas das decisão tomadas pela universidade a respeito da edificação, mas buscará manter a edificação como um espaço de produção cultural da universidade.

O espaço demarcado abrigaria uma sala de concertos musicais, sala de espetáculos e um teatro/auditório. O destino para este espaço será o projeto desenvolvido para este Trabalho Final de Gradução.

DESTAQUE ÁREA DE INTERVENÇÃO

Produção da autora, 2019.

100 4.2

1) ESTÚDIOS

- Estúdio de produção de conteúdo audiovisual - Estúdio de stopmotion

2) SALA DE PROJEÇÃO

3) SALAS GERAIS - Espaços Cineclube - Espaço de discussão

4) ÁREAS COMUNS - Espaço de lazer - Espaço ao ar livre - Alimentação - Circulação - Sanitários

5) ÁREAS DE APOIO - Sala de equipamentos (gerador) - Espaço carga/descarga - Depósitos - Camarim - Sala de produção

6) ESPAÇO PARA ACERVO - Armazenamento de trabalhos acadêmicos

- Dimensões: 10 x 15 m - Pé direito: 5 m

- Dimensões: 6 x 9 m - Pé direito: 3 m - Que possibilite a filmagem de dois cenários ao mesmo tempo - Espaço para montagem do cenário

- Capacidade: 80 - 100 pessoas - Não passar sensação de vazio quando tiver pouco público

- Espaço aberto para eventos - Espaço para projeção ao ar livre

- Depósito de cenários - Depósito dos equipamentos a serem utilizados no estúdio - Camarim com sanitários independentes

- Espaço no qual os trabalhos acadêmicos possam ser consultados

101
DESTAQUE ÁREA DE INTERVENÇÃO Produção da autora, 2019.
4.2.1 PROGRAMA PROPOSTO

PRIMEIRO PAVIMENTO 1/1000

O zoneamento propõe espaços multiculturais organizados da seguinte maneira:

SEGUNDO PAVIMENTO 1/1000

PLANTAS ESQUEMÁTICAS DO ZONEAMENTO PROPOSTO E APROVADO PELA UNIVERSIDADE

Fonte: Universidade Federal de Pelotas. Adaptado pela autora, 2019.

102
4.2.2 PROPOSTA EXISTENTE

TERCEIRO PAVIMENTO 1/1000

1 - livraria e café 2 - expressões multiculturais 3 - hall 4 - administração, circulações, banheiros 5 - acervo cartográfico 6 - biblioteca do mercosul 7 - espaço de memória 8 - atividades extensão

9 - laboratório realidade virtual 10 - malg 11 - coral 12 - banheiros, circulações 13 - exposições 14 - espaço para representação dos países no Mercosul 15 - grupo de teatro universitário 16 - núcleo de música

103
4.2.2 PROPOSTA EXISTENTE

4.3.1 Cheios e vazios

4.3.2 Fluxos e acessos

Com base na análise da planta baixa do complexo, foi traçada uma malha. Nota-se que essa malha auxiliou na organização espacial do projeto. A evolução de volumes do complexo respeitaram esse traçado.

TRAÇADO PARA ANÁLISE DA PLANTA BAIXA. Escala 1/2000 Produção da autora, 2019.

Um estudo de cheios e vazios foi feito com o objetivo de estudar qual área do complexo abrigaria de forma mais harmônica a implantação de um novo volume.

Observa-se que o comlexo apresenta uma organização espacial claramente marcada pelos cheios e vazios. Desta forma, foi possível lançar um espaço no qual seria mais pertinente a implantação de um novo volume correspondente ao projeto de intervenção.

Esse novo volume será trabalhado e detalhado neste Trabalho Final de Graduação, sem esquecer que o projeto vai tratar do complexo da Antiga Cervejaria como um todo, mantendo seus acessos originais e respeitando a volumetria e os traçados existentes.

104 4.3
ESTUDOS ESPACIAIS

CHEIOS E VAZIOS

Escala 1/1000 Produção da autora, 2019.

PROPOSTA DE PREENCHIMENTO

Escala 1/1000 Produção da autora, 2019.

105
4.3.1 CHEIOS E VAZIOS

FLUXOS E ACESSOS Escala 1/1000 Produção da autora, 2019.

acessos principais outros acessos possíveis fluxos

espaço de intervenção

PROPOSTA DE FLUXOS E ACESSOS Escala 1/1000 Produção da autora, 2019.

acessos mantidos acesso secundário espaço de intervenção espaço de ligação

106 4.3.2 FLUXOS E ACESSOS

Com base na análise histórica e espacial dos acessos do complexo existentes, é possível destacar dois deles como principais. Conforme indicado no primeiro esquema da página 110, esses acessos são dados pela Rua Benjamin Constant.

Ao criar um novo volume, pensou-se em manter o acesso historicamente demarcado como o principal. Desta forma, foram sugeridas alternativas de acesso seundárias pela Rua Dr. João Pessoa, como indicado no segundo esquema da página anterior, e a entrada pricipal foi mantida pela Rua Benjamin Constant.

107
4.3.2 FLUXOS E ACESSOS
DOMECQ & Cia., M. O Estado do Rio Grande do Sul. Barcelona: Estabelecimento Graphico Thomas, 1916. p. 250-254. Acervo Guilherme Pinto de Almeida.

VOLUME PROPOSTO Produção da autora, 2019.

108 4.4 PROPOSTA
14.91 m 14.28 m 9.66 m 28.26 m 5.86 m 23 . 8 7 m 11 . 9 4 m 19 . 7 0 m 30 . 5 6 m hall / memória WC WC alimentação produção stopmotion cineclube acervo sala de projeção estúdio apoio carga/descarga gerador cenários WC WC acesso s.vestuário camarim área externa espaço para eventos acesso principal PÁGINA 116 PÁGINA 118 PÁGINA 120 PRIMEIRO PAVIMENTO C/ INDICAÇÕES DOS RECORTES DE PLANTA Escala 1/500 0.10 0.15 0.15 0.10

Com base no programa de necessidades e suas especificidades, foram criados dois zoneamentos que melhor atendessem às demandas do projeto.

PROPOSTA DE ZONEAMENTO Escala 1/1000 Produção da autora, 2019.

espaço de produção espaço de serviço espaço de circulação espaço social espaço abertos

110
4.4.1 ZONEAMENTO

área de alimentação

acesso principal estúdio de produção audiovisual carga/descarga apoio camarim

sala de projeção espaço cineclube estúdio stopmotion

ESQUEMA VOLUMÉTRICO DO ZONEAMENTO Produção da autora, 2019.

111

DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO

recuperação da estrutura do telhado e execução de cobertura metálica termo acústica

recuperação da estrutura, exercução da nova cobertura, lanternim fechamento em vidro

ligação préexistência e nova construção através de estrutura metálica com fechamento em vidro

recuperação das esquadrias e manutenção dos vãos originais

abertura de vãos respeitando o trimorfismo da fachada

circulação externa entre préexistente e nova construção

112 4.4.2

recuperação da estrutura, exercução da nova cobertura, lanternim fechamento em vidro

recuperação da estrutura do telhado e execução de cobertura metálica termo acústica

recuperação das esquadrias e manutenção dos vãos originais

retirada da vegetação existente no interior da edificação

abertura de vãos respeitando o trimorfismo da fachada

demolição de estrutura comprometida localizada no interior do galpão

113

existente demolir construir

PLANTA DEMOLIR/CONSTRUIR

Escala 1/500 Produção da autora, 2019.

114 4.4.3
/ CONSTRUIR
DEMOLIR

VOLUMETRIA Produção da autora, 2019.

115
1 : 1 -3D-_3 1
116 4.4.4 ESPAÇOS 172 m² Es túdi o 62 m² Apoio c arga / des carga 75 m² Carga / Des carga 22 m² Sala Gerador 54 m² Camarim 21 m² Alimentação 8 m² W C Feminino 8 m² W C Masc ulino 15 m² Depósito de Cenários 33 m² Sala de Ves tuário 25 m² Área Social e Ac es so 0 15 m 6 35 m 0 15 m 8 11 m 0 15 m 0 1 5 m 4 1 2 m 0 1 5 m 2 3 9 m 0 1 5 m 2 3 9 m 0 1 5 m 3 0 0 m 0 1 5 m 6 0 0 m 0 1 5 m 5 0 0 m 0 1 5 m 3 50 m 0 15 m 10 96 m 4 9 2 m 5 00 m 0 15 m 7 31 m 0 15 m 2 00 m 1 4 3 0 m 12 46 m 1 1 7 9 m 0 15 m 14 61 m 0 15 m 13 89 m 0 15 m 5 59 m 0 15 m 5 89 m 0 1 5 m 3 7 0 m 0 . 1 5 m 4 0 0 m PLANTA BAIXA PRIMEIRO PAVIMENTO Escala 1/150

espaço para eventos espaço vestuário

camarim

equipamentos depósito cenário carga/ descarga

apoio

117
WC acesso
54 m² Es túdio S topmotion 36 m² Sala de P rodução 172 m² Es túdi o 62 m² Apoio c arga / des carga 21 m² Alimentação 0 1 5 m 5 0 0 m 0 1 5 m 1 4 3 0 m 12 46 m 0 . 8 0 m 1 5 . 0 1 m 0 1 5 m 4 . 0 0 m 0 1 5 m 1 1 7 9 m 0 15 m 14 61 m 0 15 m 13 89 m 0 15 m 5 59 m 0 15 m 5 89 m 0 . 1 5 m 3 . 7 0 m 0 1 5 m 4 0 0 m 0 15 m 2 75 m 0 15 m 9 00 m 0 15 m 2 56 m 0 12 m 4 17 m 0 15 m 2 93 m 6 67 m 0 15 m 9 00 m 0 15 m 0 1 5 m 6 0 0 m 0 1 5 m 0 1 5 m 4 0 0 m 4 1 8 m 4 6 6 m 4 . 5 5 m 4 5 1 m PLANTA BAIXA PRIMEIRO PAVIMENTO Escala 1/150
119 26 W C Ma
alimentação estúdio
sala de produção
stopmotion
232 m² Sala de P rojeç ão 43 m² W C 32 m² Ci necl ube 25 m² Ac erv o Material A cadêmico 0 8 0 m 0 15 m 9 00 m 0 15 m 0 1 5 m 4 6 6 m 0 4 9 m 2 9 6 9 m 0 30 m 28 50 m 3 0 1 m 0 1 5 m 1 6 6 0 m 0 1 5 m 9 5 0 m 5 20 m 0 12 m 4 45 m 0 15 m 14 00 m 4 43 m 0 15 m 5 2 8 m 0 1 5 m 4 7 7 m 0 1 5 m 8 6 8 m 0 1 5 m 5 8 5 m 0 1 5 m 4 5 1 m 0 30 m 2 91 m 1 50 m0 15 m 5 21 m 0 15 m 3 17 m 10 83 m 6 0 4 m 1 5 8 m 2 7 3 m PLANTA BAIXA PRIMEIRO PAVIMENTO Escala 1/150
121 cinema WC cineclube acervo
27 m² Sala de P rojeç ão 574 m² Es paço de Permanência 2 0 0 m 0 1 5 m 3 0 1 m 0 4 4 m 9 95 m 4 95 m 0 15 m 9 04 m 1 50 m 5 49 m 4 45 m 2 91 m 7 0 5 m 3 2 6 m 1 0 3 1 m PLANTA BAIXA SEGUNDO PAVIMENTO Escala 1/150

sala de projeção espaço de permanência

123

JUSTIFICATIVAS DE PROJETO

O elemento de ligação entre a nova edificação e a préexistência consiste em uma cobertura de vidro.

Por questões relacionadas ao conforto térmico dentro deste bloco, somente parte dessa cobertura é em vidro.

O limite do campo visual de um humano é de 50º. Essa angulação foi levada em consideração para que uma pessoa situada no ponto mais distante deste volume não perca a visual da construção pré-existente.

124 4.4.5
ESTRATÉGIA DE PARTE DA COBERTURA EM VIDRO Escala 1/100
50º limitedocampovisual

Uma das demandas de projeto consiste em um espaço específico para carga e descarga de equipamentos. O transporte desses equipamentos é feito através de automóveis de carga.

Para projetar esse ambiente, foi necessário dimensioanr esse tipo de veículo e verificar se a rua comporta a rota de giro do transporte.

O ambiente para descarregar os materias respeita a distância mínima calculada em relação à esquina.

12m

125
Rua Benjamin Constant Rua Dr. João Pessoa ROTA DE GIRO DO CAMINHÃO Produção da autora, 2019.
5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CURSO BÁSICO DE HISTÓRIA DO CINEMA. A.C. Carvalhaes. Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Estado: Clube de Cinema de Porto Alegre, 1975.

2. Vídeo “UMA BREVE HISTÓRIA DO CINEMA”. Disponível em https://www. youtube.com/watch?v=rfJC-unlzFw

3. OS PIONEIROS DO CINEMA BRASILEIRO: Raízes do cinema brasileiro. Carlos Roberto de Souza. ALCEU - v.8 - n.15 - p. 20 a 37 - jul./ dez. 2007

4. FRANCISCO SANTOS: Pioneiro no cinema do Brasil. Yolanda Lhullier dos Santos. Semeador, 1996.

5. POR UMA MEMÓRIA DO CINEMA DOCUMENTÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL: Desafios para uma nova historiografia do cinema brasileiro. Cássio dos Santos Tomain. Intexto, Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 23, p. 103- 119 julho/dezembro 2010.

6. PELOTAS MEMÓRIA: Palcos & Telas. Neson Nobre Magalhães. Ano 12 Nº2, 2001.

7. ESPAÇOS DE CINEMEIROS EM PELOTAS. Luís Giovani Adamoli Castro. a. Instituto de Ciências Humanas. Departamento de História e Antropologia. Curso de História. Monografia para obtenção do título de licenciado em História, 2005.

8. DEZ FATOS HISTÓRICOS E CURIOSIDADES SOBRE PELOTAS. Deco Rodrigues. Disponível em http://ecult.com.br/noticias/dez-fatos-historicos-ecuriosidades-sobre-pelotas

128
CAPÍTULO 2.1

1. Material disponibilizado por Guilherme Pinto de Almeida

2. Reportagens de jornais antigos disponibilizadas por Adão F. Monquelat

3. Fichas SeCult

4. Registro de Imóveis

5. Material arquivado na prefeitura

129
CAPÍTULO 2.2

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