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uel Moreno, como di Emest Man· dei quando soube de ua morte, pertencia ao núcleo de dirigentes trotskistas que tomou a seu cargo a tarefa de impul. ar a Quarta Internacional depois da Segunda Guerra Mundial, quando a organização tinha perdido seu fundador, leon Trotsky, e seus melhores dirigentes, massacrados pelo fascismo e pelo stalinismo. ascido na Argentina em 1924 (seu verdadeiro nome era Hugo Miguel Bres· o), começou muito cedo sua militância no trot ki mo. os primeiros anos da ada de 40, o trotskismo argentino limitava-se a grupos de intelectuai , com pouca ou nenhuma relação com o movimento operário. Moreno logo compreendeu que essa era a grande debilidade do trots i mo, que só poderia ser uperada aprofundando-se na cla se operária e em uas luta. Of rdo Importante partido trotilld8ta do mundo Com essa compreensão, Moreno fundou em 1944, com um grupo de jovens, o Grupo Operário Marxi ta. Meses depai , ligaram-se à greve da maior fábrica argentina daquela época, integrando ao grupo o principais dirigentes da luta. O GOM in talou- e num bairro operário da Grande Bueno Aires e começou a participar do processo de fundação de novos sindicatos. Sob a direção de Moreno. militantes do GOM fundaram, entre outras, a Associação Operária Têxtil, um dos maiores sindicatos do pai. Desde então. a vida de Moreno esteve intimamente vinculada aos processos mais ricos da luta operária argentina: a . tência ao golpe militar de 1955, a recuperação dos indica tos sob intervenção do governo militar, a greve metalúrgica de 1956 (na qual fez parte da direção), a fundação das "62 OrgaRizações", que foi um grande órgão de resistência operária té que os burocratas conseguiram dominá·lo. Mas Moreno nunca perdeu de vista que seu objetivo central era a construção de um partido socialista revolucionário. Por isso, nunca se deixou impressionar pe ê itos sindicais e não considerou camo um objetivo em si mesmo os postos de direção sindical. Foi assim que Moreno conduziu o prode construção partidária que, a partir daquele pequeno GOMde 1944, che· •

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gou ao que é hoje o maior partido trotskista do mundo, o Movimento ao Socialismo (MAS), na Argentina.

o COIIIltrator ela IDterlUlCtonal Para qualquer político, a con trução de um grande partido em seu próprio país poderia representar a conclusllo de sua tarefa. Para Moreno, internacionalista convicto, nio era assim. Sabia, e muitas veZes nos repetiu essa lição, que assim como a classe operária precisa de seus sindicatos para lutar contra os patrões e de um partido de classe para lutar contra o governo burguês, também necessita de um partido mundial para enfrentar o si tema imperialista, que explora e oprime os trabalhadore do mundo inteiro. Já em 1948, Moreno repre ntou seu partido no Segundo Congresso da Internacional (o primeiro depois da morte de Trotsky). Dai em diante, participou ativamente da vida do movimento trotskista mundial. Combateu a direção revisionista que levava a Quarta Internacional a capitulação aos partidos comunistas e movimentos nacionalistas burgueses. Através do Secretariado latino-Americano do Trotski mo Ortado o, impulsionou a luta camponesa no Peru, no começo do anos 60. Após a reunificação da Quarta Internacional em 1963, Moreno, junto com outros dirigentes, empreendeu a luta contra uma nova versão do revisionismo: agora sob a forma de capitulação ante o guerrilheiri mo. E sempre, em meio às mais furiosas polêmicas, seu forte era a participação nos acontecimentos revolucionários e o fortalecimento da organização internacional. Por isso, em 1979, impulsionou a forinação da Brigada Simón Bolívar, que comb&bl na icarigua ao lado dos sandi· Distas. E também por isso ajudou a desenvolver organizações trotskistas em vários países do mundo e procurou sempre chegar a acordos principistas com dife· rentes correntes, com o objetivo de unifi· car o movimento trotskista mundial. Essa disposição unitária, no entanto, sempre teve um limite rígido: os principios do marxismo revolucionário. Em 1982 reagrupou as forças que continuavam fiéis aos principios, sem capitular ao sta1inismo e à social-democracia, na U· (Quarta la ), e a ela dedicou seus últimos anos de vida. em por isso deixou de brigar pela unidade principis· ta do trotskismo. A morte o surpreendeu

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Morreu ahuel Moreno, nosso querido Hugo. Milhares de socialistas revolucionários, no mundo inteiro, o reconheciam como mestre. Entre eles, estamos nós, que editamos o jornal Co Por isso, esta edição sai com uma semana de atraso e com várias páginas dedicadas a homenagear o grande revoluCionário desaparecido. A

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É impossível exagerar a importância desse golpe para a liga Internacional dos Trabalhadores (Quarta Internacional), a organização que tinha Moreno como seu principal dirigente e com a qual mantemos uma relação de plena solidariedade política. Moreno não foi somente fundador da LIT(QI) e seu principal dirigente. Sobre ele recaía a enorme tarefa de formar uma equipe de direção internacional, a partir de direções nacionais ainda jovens e inexperientes. Moreno podia fazê-lo porque resumia mais de quarenta anos de luta revolucionária internacionali ta e tinha uma capacidade e cepcional de elaboração teórica e política. Por isso, também, seu conselho e opiniões eram orientação valiosa para as seções nacionais da LIT(QI).

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Sim, a morte de Moreno é uma precisamente quando tentava, uma vez mai , chegar a esse resultado, em meio a uma nova onda de ascenso revolucioná· rio das massas do mundo inteiro.

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Poderíamos encerrar aqui este resumo. o entanto, seu trabalho teórico merece, pelo menos, uma referência. Em livros, folhetos e cursos, Moreno mostrou suas qualidades como continuador da obra teórica dos mestres do marxismo. Seus textos sobre história argentina e latino-americana e sobre lógica marxista e ciências modernas sllo textos de estudo em

Convergência Socialista

perda imensa para n' ,militantes tro kistas do movimento operário. De agora em diante, terem maiores ponsabilidades, deverem rar n 50S esforços e, seguramente, cometerem mais e~ • as estamos dispostos a assumir essas responsabilidades, a realizar t0dos os esforços n . e a corrigir n elTQS o espírito critico e utocri· esta será também uma f de prestar nossa homenagem ao companheiro de luta, dirigente, mestre e amigo que acab os de perder.

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Como Moreno n ensinou, continuaremos desenvolvendo a organização política e sindical e as lutas do movimento operário, continuaremos combatendo o capitalismo e os burocratas contra-revolucionários no mundo todo ,continuaremos defendendo os princípios do socialismo revolucionário trot kista, continuaremos estudando e defendendo o marxismo, continuaremo lutando pela unidade mundial da classe trabalhadora, continuaremo construindo o partido para dirigir a classe operária rumo à tomada do poder e à revolução socialista. A tarefa e a luta às quais Moreno entregou toda a sua vida não terminam com sua morte. Agora elas estão em nossas mãos. universidades de vários países da América Latina e Europa. Ma , para Moreno, o trabalho teórico estava intimamente ligado à atividade política. Por isso, aprofundou a teoria leniDista do partido e da organização, desenvolveu a teoria da revolução permanente e nos deixou valiosas análises sobre o processos revolucionários destes anos conturbados. ahuel Moreno morreu no dia 2S de janeiro. em Bueno Aire. Deixou um grande partido nacional, o MAS Ar· gentino: uma organização internacional, a L1T (QI), e suas seções em vinte paise do mundo.


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