DYLAN DOG VOL. 15

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UM COBRADOR DE MATAR

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História originalmente publicada em Dylan Dog nº 283 (Itália, abril de 2010)

Texto: GIOVANNI DI GREGORIO Desenhos: GIAMPIERO CASERTANO

groucho!

lidas no ardor da paixão, são doces e românticas! vinte anos depois, quando se acha no sótão, viram piadas!

adivinhe o que é isto! não diga! uma velha carta de amor de uma ex?

errou! é uma intimação pra pagamento!

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a propósito, você já não devia ter pago?

como é?! não temos mais dinheiro no banco?

não aceitaram o cheque porque a conta estava no vermelho, mas eu preenchi em azul! queriam dinheiro vivo, mas a única libra que eu tinha no bolso não dava sinais de vida!

somos ricos negativos... não temos no banco, não temos no colchão, não temos!

se é um cliente e você o espantar, está despedido! e, com o seu salário, eu pago o imposto!

pelo menos ainda não cortaram a luz...

procuro o senhor dog... está em casa?

um pesadelo lhe pesa? mostre seus monstros! a propósito, por que se chama conta-gotas, se o usuário precisa contar as gotas?

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sou eu... sente-se, por favor...

desculpe, mas não entendi o seu nome!

...mas é melhor que também se sente!

obrigado...

eu me espantaria do contrário, já que não falei!

eu sou horace sterling, setor de cobrança da hm revenue & customs(*)... detectamos falta de pagamento dos impostos do ano fiscal 1996, cujo total constou da notificação que lhe enviamos recentemente...

(*) a receita federal britânica.

...que vejo ali e que, se a tivesse aberto, encontraria o total devido bem detalhado!

você é da receita? o que receita pra falta de grana?

o valor final compreende também a multa e os juros de mora...

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seis mil seiscentas e sessenta e seis libras e sessenta e seis pences? é uma quantia monstruosa! aliás, diabólica!

tenha em mente que se passaram quatorze anos...

não duvido da sua certeza e nem da sua boa-fé, senhor dog... o fato é que o pagamento não consta dos nossos registros...

em todo caso, o assunto será resolvido de imediato se mostrar o recibo...

eu sempre paguei os impostos em dia... sei que fiz isso também em 96!

claro... já vou procurar!

eu vou ter que examinar um monte de papéis, mas o recibo vai aparecer... não está com pressa, está?

vocês do fisco são sempre assim fiscalistas? nunca confundem fisco com fiasco? a propósito... conheço um cara que, pra não pagar impostos, venderia a alma ao diabo sem pedir recibo!

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eu, não, mas a administração, sim... se não pagar em quatro dias, a mora será majorada em dez por cento!

mora majorada? seria uma morena major?

o assunto é sério... insolvência é uma coisa séria, em qualquer circunstância...

...sobretudo para quem não paga nem as contas do dia a dia!

dentro do envelope há um formulário a preencher... pode pagar no seu banco ou no nosso departamento, em horário comercial... eu já falei que paguei esse imposto!

...e o senhor só tem quatro dias... até logo!

nesse caso, a quantia será integralmente restituída, mediante apresentação do recibo...

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nós, sonegadores? que idiotice! como o cara que comia banana sem descascar porque já sabia o que tinha dentro!

e todo mundo sabe que sonegadores têm conta na suíça... nós de suíço não temos nem os furos dos queijos!

em vez de falar bobagem, venha ajudar a procurar o bendito recibo! deve estar aqui, em algum lugar!

a gente devia procurar um contador, mas pra dizer quanto você deve ele cobraria a mesma quantia! e dentistas pagam impostos com sorrisos... dos outros, claro!

se não acharmos, terei que recorrer ao banco...

bem... então espero não precisar!

uma vez eu fui pedir um empréstimo! só dariam se eu não precisasse!

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a política do banco nos leva a exigir garantias dos nossos clientes...

lamento, senhor dog, mas não podemos ajudá-lo!

não entendo... já me emprestaram outras vezes!

e o seu ofício é tão incerto e tão pouco... rentável, se me permite!

se eu fosse milionário, não estaria pedindo grana, não acha?

os tempos mudam... a recessão econômica, a incerteza dos mercados internacionais... e o senhor não tem imóveis ou outros bens a penhorar, só um carro velho!

tem toda a razão! é que, ultimamente, o senhor tem ultrapassado o limite da sua tipologia de conta...

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eu sempre restituí o dinheiro!

claro, claro... mas, veja, é que o senhor pertence à categoria do que chamamos de cliente fracamente solvível...

há um velho ditado que todo bancário conhece... cliente solvível, problema resolvível!

senhor dog? senhor dog!

mas o senhor pode tentar numa financeira... às vezes têm ofertas vantajosas e...

eu conheço outro ditado... ladrão maior não é quem rouba um banco, mas quem funda um!(*) eu tenho que resolver o problema, já que não acho o recibo...

(*) bertold brecht (1898-1956)

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fez bem em me avisar, leischer!

eu só fiz o meu dever, senhor gerente geral!

tanto zelo deve ser premiado! e, por acaso, o posto de chefe dos caixas vagou...

sim, e não é a primeira vez... preza os interesses do banco, o que é admirável num simples empregado!

eu... eu agradeço, senhor... não sei se estarei à altura do cargo...

você merece, leischer, trabalha conosco há anos... começa amanhã!

claro, senhor gerente... será feito!

até lá, sobre o problema de que falávamos, providências são necessárias... pode cuidar disso?

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dezessete por cento! percebe? e os juros sobem se eu devolver a grana em mais de dois anos!

e era a financeira mais vantajosa! não sei como conseguem se olhar no espelho...

não podem, a imagem deles não se reflete... em compensação, têm os caninos desenvolvidos, e não é fácil andar com dois yorkshires na boca!

você podia vender um rim! no mercado negro pagam um olho da cara! tá, mas o que você faria com três olhos?

quem dera fossem simples vampiros! esses eu saberia como encarar!

nada... talvez fosse um recibo de entrega e voltou pro remetente...

mpf! nenhum sinal do recibo?

eu preferia pagar a multa! aquele lugar me apavora... que monstros, o quê!

vou ter que ir à receita pedir mais prazo! É o único jeito!

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