Complexo Cultural de Tradições Afro-Brasileiras

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Mylena Lelis Antonio 101927

COMPLEXO CULTURAL DE TRADIÇÃO AFRO-BRASILEIRA EM ITABIRA-MG

Trabalho de Conclusão de Curso I apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa.

Orientador: Roberto Goulart

Viçosa, Minas Gerais junho de 2025

01

APRESENTAÇÃO

1.1 | Introdução [5]

1.2 | Problemática [6]

1.3 | Justificativa [7]

1.4 | Objetivos [8]

1.4.1 | Objetivo Geral

1.4.2 | Objetivos Específicos

1.5 | Metodologia [8]

02

MEMÓRIA E RESISTÊNCIA AFRO-BRASILEIRA

2.1 | Breve histórico da população negra e afrobrasileira [10]

2.2 | O apagamento da tradição afro-brasileira [12]

2.3 | A Resistência Cultural [14]

03

CONTEXTUALIZANDO ITABIRA

3.1 | Sobre o município [17]

3.2 | O contexto [19]

3.2.1 | O contexto do município

3.2.2 | O perfil da população

3.2.3 | Características do tecido urbano e análise do entorno

3.3 | As manifestações e os patrimônio afro-brasileiros [29]

3.3.1 | As comunidades quilombolas

3.3.2 | A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

3.3.3 | O Congado

3.3.4 | A Capoeira

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

04

4.1 | Estudos de caso [40]

4.1.1 | Centro de Culturas Negras do Jabaquara

4.1.1 | Casa do Benin 4.2 | Referências projetuais [45]

4.1.1 | Flexibilide

4.1.1 | Referencias Africanas e Afro Americanas na arquitetura

05

PROPOSTA PROJETUAL

5.1 | Os terrenos [53]

5.2 |Proposta projetual [56]

5.3 | Conceito [56]

5.4 | Programa de necessidades, pré-dimensionamento, setorização e fluxograma [57]

5.5 | Partido [60]

5.6 | Diretrizes projetuais e desenvolvimento preliminar [61]

5.7 | Conclusão e próximos passos [64]

BIBLIOGRAFIA

06

6.1 | Referências [65]

6.2 | Refências Imagens [67]

01 apresentação

O presente Trabalho de Conclusão de Curso busca construir a fundamentação teórica para o projeto a ser desenvolvido na disciplina ARQ 399 - Trabalho de Conclusão de Curso II. Serão tratadas, de forma breve, a problemática da invisibilização da história e cultura afro-brasileira e como os diferentes patrimônios e manifestações culturais existentes, juntamente com o contexto do município de intervenção corroboram para a proposta do tema de trabalho: um Complexo Cultural de Tradições Afro-Brasileiras, em Itabira, cidade do interior de Minas Gerais.

Imagem 2 | Apresentação de Congado

1.1 | INTRODUÇÃO

O presente trabalho, propõe o desenvolvimento da fundamentação teórica para o projeto de um Complexo Cultural de Tradições Afro-Brasileiras e busca trazer, mesmo que em caráter acadêmico, um maior entendimento e valorização da cultura e história afro-brasileira que é historicamente subvalorizada. Logo, é essencial que haja o aprofundamento das discussões acerca da temática racial em diversos campos, inclusive o da arquitetura e produção cultural.

A escolha pelo tema surge de uma inquietação pessoal diante da falta de reconhecimento da matriz cultural africana dentro da cultura nacional. Além disso, o projeto representa uma oportunidade de debater a temática racial dentro da arquitetura, assunto que requer maior sensibilização por parte dos arquitetos

e urbanistas, especialmente ao considerar-se os patrimônios materiais vinculados à história e cultura negra, contudo, o seu aprofundamento ainda é consideravelmente limitado.

A cultura afro-brasileira é um pilar fundamental da formação da nação brasileira, embora as manifestações culturais africanas e os novos costumes criados em território brasileiro tiveram, por séculos, sua relevância ignorada, sendo marginalizados e invisibilizados ¹. O preconceito se manifesta de diversas formas, por parte da sociedade no geral e até mesmo os órgãos oficiais, como os responsáveis pelo Patrimônio Histórico e Cultural, que por muito tempo desconsideravam os patrimônios afro-brasileiros. Isso vem como uma consequência da institucionalização do racismo na sociedade brasileira.

Em Itabira- MG – município do de médio porte do interior de Minas Gerais onde a proposta será implantada – devido ao grande percentual de população afrodescendente, há diversos patrimônios afro-brasileiros materiais e imateriais que podem ser considerados de grande importância e que são tombados em variadas instâncias: desde a municipal até a nacional.

É de especial interesse tratar de alguns bens e práticas específicas que podem ser encontradas no município, como é o caso único bem arquitetônico tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a ermida da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Para além dos patrimônios materiais, serão abordadas as comunidades quilombolas de Itabira e as práticas culturais de destaque, como é o caso do Congado e da Capoeira.

Tendo em vista as informações apresentadas, a ideia do projeto de um Complexo Cultural de Tradições Afro-brasileiras surge como uma forma de criar um espaço de acolhimento, exposição e educação em relação ao patrimônio material e imaterial afro-brasileiro, além de servir como um possível apoio à organização de eventos voltados à temática que ocorrem na cidade. Um espaço de união e discussões, buscando aproximar os habitantes e visitantes da cultura afro-brasileira.

¹ LIMA, A. R. Patrimônio Cultural Afro-brasileiro e o Registro de Bens Imateriais: alcances e limitações

Imagem 4 | Caminhada do bloco Afro Olodum no Bairro da Ribeira, Salvador, 1990. por Lázaro Roberto.

1.2 | PROBLEMÁTICA

A principal problemática tratada pelo trabalho é a questão histórica do apagamento enfrentado pela cultura e tradição afrobrasileira e a demanda por um local que possa constituir-se como um espaço de referência para essa população no município. É fundamental promover condições para favorecer a formação identitária, fortalecer a sensação de pertencimento, oportunizar a educação cultural e reforçar as políticas de preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro. Para entender compreender melhor essa questão, é importante reconhecer que:

Ao longo do tempo, os negros vêm perdendo seus territórios, tanto humanos e culturais como espaciais e geográficos. Essa perda se inicia na África, com o processo de colonização. Depois da diáspora, os negros no Brasil se esforçam por reconstruir seus espaços de referência, mas o processo de perda permanece. Há séculos, os negros vêm perdendo seus vínculos com o meio e os locais de origem, o que afeta diretamente sua identidade. Como podemos construir identidade sem referenciais? (MARIOSA, 2020).

Dessa forma, serão analisadas as demandas da comunidade para que o projeto arquitetônico possa atender a múltiplas atividades ligadas à cultura afro-brasileira, como é o caso das manifestações do Congado e da Capoeira, oferecer suporte às comunidades quilombolas da região e à organização dos eventos voltados à temática racial. Além de tudo, a concentração de tais programas em um local, funcionaria como uma tentativa de estimular o diálogo entre líderes de grupos, projetos e organizadores dos eventos, fortalecendo o segmento social afro-brasileiro como um todo no município. Essa articulação é essencial para manter suas tradições e revisitar a história e cultura, valorizando a comunidade.

Imagem 5 | Colagem (modificada)

1.3 | JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, é possível observar um espaço crescente para as discussões relacionadas à temática da cultura afrobrasileira, inclusive no próprio município de intervenção. Em 2021, a Prefeitura de Itabira assinou o Termo de Compromisso para o Enfrentamento ao Racismo, a medida teve apoio da ONU Mulheres. É possível notar a atuação da Prefeitura Municipal e outras instituições acerca de questões étnico-raciais. Foram promovidos alguns eventos, palestras e exposições que serão destacadas ao longo do presente trabalho. No entanto, mesmo com tais esforços, um espaço físico permanente e articulador seria de grande

valia para a centralização e fortalecimento das ações.

A falta de algumas dessas iniciativas relacionadas à infraestrutura cultural, mostram uma lacuna na legislação municipal, que garante à população o acesso à cultura produzida pela própria comunidade:

Art. 105. A municipalidade deverá assegurar o direito de acesso da população às obras culturais, produzidas pela comunidade ou por ela incorporadas, assim como o direito de participar das decisões sobre a política cultural municipal, em um desenvolvimento conjunto, envolvendo todos os agentes que atuem, tenham interesse ou queiram dele participar. (ITABIRA, 2016) Logo, considerando o próprio contexto

do município, que possui uma população autodeclarada preta e parda significativa, a implementação de um Complexo Cultural de Tradição Afro-brasileira em Itabira parte de uma tentativa da mitigação da problemática apresentada, valorizando a cultura afro-brasileira através da criação de um espaço articulador que reforce essa identidade cultural e fomente a exposição e educação acerca dos patrimônios. Além disso, intenciona-se que o espaço sirva como apoio às práticas culturais afro-brasileiras, como as festividades do Congado. Visto que, percebe-se que as comunidades quilombolas do município e os representantes dessas manifestações e práticas demandam um espaço de apoio para garantir a resistência dos costumes.

Para além desse reforço identitário e de acesso à cultura, o espaço pode servir a fins educativos e de interesse turístico, o que dialoga com o objetivo da diversificação de sua matriz econômica apresentado pelo município nos últimos anos, em que o turismo aparece no Plano Diretor Municipal Participativo como um eixo a ser desenvolvido, tratando os potenciais turísticos existentes e os a serem constituídos como:

componente ativo propulsor de sua economia, da geração de renda e trabalho, da preservação e conservação do meio ambiente e da cultura local atribuindo-lhes valor e significados a serem oferecidos para a sua população e para os visitantes (ITABIRA, 2016).

² NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Com apoio da ONU Mulheres, Itabira firma termo de compromisso para enfrentamento ao racismo. ³ Segundo o IBGE, no CENSO 2022, as populações parda e preta somam 73,59%.

Imagem 6 | Movimento Negro Unificado

1.3

| OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do presente trabalho é aprofundar o conhecimento acerca dos patrimônios materiais e imateriais e práticas culturais afro-brasileiras, especialmente no contexto de Itabira - MG, para o desenvolvimento da proposta projetual de um espaço que forneça apoio e promova a valorização da cultura afro-brasileira na disciplina ARQ 399Trabalho de Conclusão de Curso.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I) Mapear práticas tradicionais e patrimônios materiais e imateriais.

II) Construir uma base de referenciais teóricos e conceituais para o embasamento do projeto.

III) Entender o contexto dos patrimônios e práticas culturais de interesse para a identificação das demandas da comunidade, para o desenvolvimento do programa mais adequado.

IV) Analisar dados secundários relevantes, demais informações levantadas e o contexto do entorno de intervenção.

V) Analisar o terreno escolhido, avaliando características físicas, infraestrutura urbana, acessibilidade, relação com os aspectos urbanísticos, interação com o entorno e a proposta, e análise de legislação

VI) Identificar e realizar estudos de caso com estratégias projetuais ou programas com questões similares ao projeto a ser desenvolvido.

VII) Construir conhecimento acerca de diretrizes e estratégias projetuais que referenciam a cultura afro-brasileira.

VIII) Construir conhecimento acerca de diretrizes e estratégias para flexibilidade das edificações

IX) Identificar e analisar as necessidades levantadas e definir o programa de necessidades e pré-dimensionamento.

X) Elaborar diretrizes projetuais e dar início à concepção de um projeto arquitetônico que crie condições de expor a história e cultura afrobrasileira, incentivar a educação em relação ao tema e fornecer espaços para a promoção de eventos voltados para a cultura afro-brasileira.

1.4 | METODOLOGIA

Partindo dos objetivos esperados para o trabalho, a metodologia é essencial para delimitar as estratégias usadas no desenvolvimento do trabalho. Dessa forma, é possível esquematizar as ações, compreender e organizar a elaboração do projeto e auxiliar na elaboração do cronograma, que posteriormente orientará o progresso das etapas. Alguns dos métodos utilizados foram: Pesquisas exploratórias, revisão bibliográfica, levantamento, sistematização e análise de dados secundários, conversa com a comunidade e definição de diretrizes.

A seguir, segue a definição da metodologia adotada para o cumprimento de cada objetivo específico:

I) Pesquisa exploratória, análise de materiais oficiais e delimitação de práticas que possam ser atendidas

II) Revisão bibliográfica de livros, trabalhos acadêmicos e artigos que tratem da temática da valorização da cultura afro-brasileira e de centros de tradição

III) Levantar dados quantitativos, informações qualitativas, pesquisa exploratória, conversa com a comunidade e representantes ou integrantes de grupos culturais, revisão e análise bibliográfica

IV) Sistematização e análise de dados, levantar deficiências e potencialidades, análise de características físicas do entorno, análise de legislação local

V) Visita ao local, análise por meio de mapas, diagramas e gráficos, revisão da legislação

VI) Explorar opções, selecionar e analisar os projetos que possuem características similares ao produto a ser desenvolvido

VII) Pesquisa exploratória de referências e definição de estratégias que possam ser utilizadas

VIII) Pesquisa exploratória de referências e definição de estratégias que possam ser utilizadas

IX) Definir o programa de necessidades, pré-dimensionamento e setorização do projeto

X) Definir as diretrizes de projeto, conceito, partido e demais materiais para o início do estudo preliminar

memória e

resistência afro-brasileira

O presente capítulo busca contextualizar a cultura e tradição afrobrasileira e apresentar brevemente o histórico da população negra, desde a formação do Brasil como nação. Além disso, pretende-se perceber o impacto da escravidão e a posterior repressão e desvalorização da cultura afro-brasileira ao longo dos anos, que persiste até os dias atuais.

Imagem 7 | Exposição CCBB

2.1 | BREVE HISTÓRICO DA POPULAÇÃO

NEGRA E AFRO-BRASILEIRA

O histórico da população africana no Brasil é, desde o princípio, repleto de violações e sofrimentos. O período escravagista foi uma tragedia humanitária longeva - e os seus efeitos ecoam até hoje nos descendentes das pessoas que foram escravizadas.

A chegada de pessoas negras ao territorio, que na época era colônia portuguesa, ocorreu após a expansão marítima no século XV, em que os países europeus passam a explorar outros territórios, principalmente na América e África, impondo seus costumes, dominando sua população e extraindo suas riquezas. Com a concentração das atividades de exploração econômica no continente americano, tem início o processo da captura forçada e tráfico da mão de obra africana que começa a ser tratada como mercadoria a partir da chegada dos primeiros navios negreiros na costa brasileira. Consequentemente, o tráfico de escravos movimentou um grande mercado e perdurou por séculos, especialmente no Brasil, que teve uma abolição legal de forma tardia: em 1888.

A imediata exploração da nova terra se iniciou com o simultâneo aparecimento da raça negra fertilizando o solo brasileiro com suas lágrimas, seu sangue, seu suor e seu martírio na escravidão (NASCIMENTO, 1978)

Segundo Nascimento (1978), durante o

período da escravidão, esse processo era, por muitas vezes, justificado por meio de uma narrativa de um “senhor benevolente”, por meio da definição de leis e outras ações que imputavam uma ideia de legalidade, benevolência e generosidade na atuação civilizadora no continente africano. A mão de obra africana era utilizada principalmente nos latifúndios de produção agrícola como a de cana de açúcar, localizados principalmente na região Nordeste do país. Nessa mesma pagina, com a descoberta e posterior exploração de metais preciosos, especialmente em Minas Gerais, “o ponto focal dos escravos africanos foi deslocado mais para o sul” (NASCIMENTO, 1978).

Durante o período da escravidão, diversas manifestações e práticas de resistência surgiram, configurando-se como parte da cultura desenvolvida pelos Africanos no Brasil. Dentre elas podese destacar a Capoeira e o Congado. Também vale ressaltar que, ao fim do período escravagista, a articulação do movimento abolicionista, ganhou força em todo o continente, especialmente por meio de movimentos de resistência, revoluções populares e até mesmo por meio de uma articulação com as elites. Dentre os movimentos, no Brasil, pode-se destacar a Revolta dos Malês em 1835, considerado o maior levante de escravizados no país.

Os negros escravizados foram pilares para a formação do país, sustentando a estrutura econômica4. Além disso, a formação da cultural brasileira é intimamente envolvida com as questões raciais, pois diversos costumes e manifestações entendidos como “nacionais” são fruto da combinação, em várias instâncias, entre elementos da cultura africana, indígena e europeia. Contudo,

4 NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A, 1978.

Imagem 8| Gravura de escravos em navio negreiro

em diversas teorias, análises e reflexões acerca da cultura nacional principalmente aquelas produzidas no século XX, as manifestações culturais advindas de grupos ou individuos nãobrancos, eram consideradas inferiores, ou até mesmo como aculturais, como menciona Ortiz (1985) “o negro e o índio se apresentam como entraves ao processo civilizatório.”.

Também nessa época, ocorreu a formação dos Quilombos, comunidades que abrigavam as pessoas negras fugidos e articulavam movimentos de resistência, estando presentes em grande parte do território nacional. Os quilombos normalmente concentramse em áreas rurais, e, atualmente, diversas comunidades remanescentes quilombolas ainda resistem, mantendo e repassando práticas e costumes culturais importantes e tornandose um pilar fundamental para a manutenção da

cultura afro-brasileira.

Com a abolição da escravatura, as condições oferecidas às pessoas negras libertas e seus descendentes foram precárias, sem qualquer tipo de apoio ou condições adequadas para a subsistência, sendo “atirados à rua, à própria sorte” (NASCIMENTO, 1978). Parte se alista para servir ao exército, substituindo sangue português/brasileiro por sangue africano nas batalhas. Grande maioria dessa população, continua a viver em uma posição de inferioridade e marginalização, como é destacado a seguir:

Autoridades governamentais e sociedade dominante, se mostraram perfeitamente satisfeitas com o ato de condenar os africanos “livres”, e seus descendentes, [...] a um novo estado econômico, político e cultural de escravidão-em-liberdade (NASCIMENTO, 1978, p. 67)

Ao longo do século XX, o movimento negro tem diversos desdobramentos em termos de manifestações e lutas por direitos, tanto no Brasil, como em um cenário internacional, importante para fortalecer teorias relacionadas a racialidade, desenvolver movimentos de resistência e valorizar a cultura como um todo.

Alguns pontos de destaque são o movimento dos direitos civis, que articulou a luta pelo fim da segregação racial nos Estados Unidos da América, consagrando figuras de destaque como Malcom X, Martin Luther King Jr e Rosa Parks. No Brasil, diversos movimentos surgiram ao longo dos anos com o ideal da luta contra o racismo, como foi o caso da Frente Negra Brasileira e o Movimento Negro Unificado.

Até os dias atuais, a população afrobrasileira apresenta diversas lutas por direitos básicos, visto que os impactos de séculos de

exploração, violência e preconceito prejudica a vivência da população afrodescendente. São exemplos dessa atuação desde a luta política por ações afirmativas até movimentos de manifestação recentes, que reforçam a constante luta, como o “Black Lives Matter”, movimento que vem de 2013, mas ganhou força durante a pandemia do COVID-19, após a morte de George Floyd nos Estados Unidos, que escancarou o processo de violência, especialmente a policial, contra a população negra.

Imagem 10 | Movimento “Vidas Negras Importam” no Brasil.
Imagem 9 | Martin Luther King Jr. na Macha sobre Washington em 1963

2.2 | O APAGAMENTO DA TRADIÇÃO AFRO-BRASILEIRA

Levando em consideração o histórico da população afrodescendente previamente apresentado, é importante tratar do consequente apagamento cultural e social enfrentado desde o período colonial, até os dias atuais.

No período da escravidão, as pessoas negras “foram transformados em objeto, os separando de sua humanidade e criando uma leitura ocidentalizada acerca da sua cultura e valores” (NASCIMENTO, 2015), dessa forma, os múltiplos aspectos da cultura dos diversos povos africanos eram desconsiderados, discriminados e reprimidos e os laços com as suas histórias e a resistência das tradições eram negados.

Após a abolição da escravatura, em 1899, o Ministro das Finanças Rui Barbosa, ordenou que fossem incinerados diversos registros históricos que tratavam da escravidão, tráfico de escravos, e assuntos afins4. Com a eliminação desses registros, também o ocorre o apagamento da história individual de inúmeras pessoas e das ferramentas necessárias para a reconstrução de um histórico coletivo da população afro-brasileira.

Segundo Nascimento (1978), nesse período, surge também uma ideia de “democracia racial”, com a justificativa de considerar todos como uma “população brasileira”, independentemente de etnia, como forma de garantir uma justiça social. No entanto, desconsiderar todo o impacto do passado escravocrata e suas consequências, combinada a eliminação dos registros, é na verdade uma forma de “negar ao negro a possibilidade de autodefinição, subtraindo-lhe os meios de identificação racial” (NASCIMENTO, 1978, p.79).

A tentativa de conter as discussões sobre raça e consequentemente o reconhecimento da cultura e contribuição perdura. Também há uma tentativa significativa de embranquecimento cultural, através de um processo de aculturamento, fortalecida também através do sistema educacional:

usado como aparelhamento de controle nesta estrutura de discriminação cultural [...] Se consciência é memória e futuro, quando e onde está a memória africana, parte inalienável da consciência brasileira? Onde e quando a história da África, o desenvolvimento de suas culturas e civilizações, as características do seu povo, foram ou são ensinadas nas escolas brasileiras? Quando há alguma referência ao africano ou negro, é no sentido do afastamento e da alienação da identidade negra (NASCIMENTO, 1978).

Combinado a isso, a marginalização e a perseguição acerca de

Imagem 11 | Criaça participante do congado.

Combinado a isso, a marginalização e a perseguição acerca de elementos da cultura africana, constrói um ideal que mantém uma discriminação perpetuada pelo racismo que se manifesta de forma estrutural na sociedade.

De acordo com Lima (2020), até mesmo no período da criação do órgão responsável pelas questões patrimoniais, o SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), houve uma busca por uma identidade nacional que desconsiderava as contribuições indígenas e afro-brasileiras, não percebendo-os como representantes de uma cultura.

Somente após a década de 80, com a discussão acerca dos patrimônios imateriais, e o tombamento de alguns locais como o Terreiro da Casa Branca e a Serra da Barriga, inicia-se um “novo momento na relação entre o Estado e as culturas afro-brasileiras” (LIMA, 2020). Entretanto, os avanços ainda podem ser considerados desiguais quando se observa o tímido desenvolvimento de políticas públicas efetivas para o reconhecimento e a preservação dos bens e práticas materiais e imateriais associados à cultura afro-brasileira e a falta de políticas culturais e educacionais.

A invisibilização em relação à cultura afro-brasileira ocorre em diversos campos, inclusive na educação e produção científica. No ano

de 1981, houve uma manifestação em Salvador, durante a 33ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que, entre outras temáticas tratadas, questionava e reivindicava o ensino da história e cultura negra. Somente no ano de 2003, a Lei 10.639/03 introduz a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africanas nas escolas de ensino fundamental e médio. Entretanto, apesar desses avanços, ainda é possível perceber certa resistência acerca do desenvolvimento da temática, com pouco aprofundamento, além da resistência de alguns ideais e percepções da história e cultura a partir de uma construção histórica que ocorre por uma perspectiva europeia.

Além do apagamento histórico, também pode-se perceber uma consequente marginalização econômica. De acordo com Souza (2019), o mercado torna essa marginalização funcional para os estratos superiores, justificando a exploração dessa mão de obra sem a devida valorização, o que ocorre até os dias atuais, perpetuando o desempenho dos mesmos papéis secularmente servis por parte dessa classe, que o autor define como uma “ralé” social, em que “a perpetuação da escravidão “dentro dos homens” gerando a “ralé de novos escravos” de hoje em dia, ainda que, formalmente, não exista mais a escravidão”. (SOUZA, 2017)

Martins/Olhar Imagem.

2.3| A RESISTÊNCIA CULTURAL

A resistência cultural surge desde o período da escravidão, no qual diversos movimentos e expressões de cultura foram criadas de maneira a lidar com a opressão vivida e reafirmar a identidade afro-brasileira. Ainda que em menor intensidade, os desafios de manter as culturas e suas tradições em um cenário hostil seguem até os dias atuais.

Algumas das manifestações que passaram e ainda passam por repressão de forma intensa, são as de origem religiosas. Como forma de resistência, as religiões de matriz africana localizavam seus templos em locais escondidos, dificultando o acesso e repressão da polícia, que segundo Nascimento (1978), era frequente. Os policiais confiscavam as esculturas, os objetos do culto e as vestimentas, além de prender os sacerdotes e praticantes do culto.

Existem ainda as manifestações da religiosidade que se consolidaram através do sincretismo religioso, associando à igreja católica como uma forma de resistência. Nessas práticas encontra-se o Congado, uma: “tradição se perpetuou ao longo dos anos por meio de um trabalho de rememoração das origens e práticas trazidas pela ancestralidade africana, articuladas a aspectos do catolicismo impostos pelo colonizador, e, em alguns casos, a elementos dos povos indígenas originários da terra.” (IPHAN, 2024).

Além das manifestações religiosas, resistências efetivas contra a escravidão, como as comunidades quilombolas, foram de grande importância para a articulação de movimentos contra o regime escravagista. Ainda existem inúmeras comunidades remanescentes, e apesar das certificações criadas com o objetivo de garantir os direitos que auxiliam a manutenção das comunidades,

O Congado é uma forma de expressão que buscava preservar as identidades culturais africanas, vinculada ao catolicismo por meio do sincretismo religioso.

A capoeira combina luta, música e expressão corporal como uma forma de resistência à situação de extrema violência.

Os quilombos eram comunidades rurais formadas por escravos fugidos como forma de resistência.

O afoxé, ligado a religião afro-brasileira, são cortejos de rua que saem durante o carnaval.

Imagem 13| As congadas
Imagem 14| Gravura de roda de Capoeira
Imagem 15 | Gravura do Quilombo dos Palmares
Imagem 16| Filhos de Gandhy, bloco de Afoxé

muitas delas ainda enfrentam desafios como conflitos territoriais, e dificuldades em relação subsistência dessas comunidades, que tem papel importante na resistência da história e costumes, que em grande parte é mantido através de uma tradição oral.

Outra estratégia de resistência que foi fortemente combatida é a capoeira, que chegou a ser, inclusive, criminalizada em 1890, durante o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca. As rodas de capoeira, que surgem como “prática urbana de resistência de escravos de ganho, na maioria das vezes reunidos nos agrupamentos conhecidos como maltas” (IPHAN, 2014), tem variadas expressões até os dias atuais, e apesar de ainda enfrentar discriminação ganhou destaque nas últimas décadas, consolidando-se como uma forte prática cultural nacional.

Além da cultura imaterial, também é importante destacar a necessidade do reconhecimento em relação aos espaços como pertencentes à história da população negra e importantes para a cultura afro-brasileira. Dessa forma, a manutenção e valorização desses espaços atuam como importante incentivo à salvaguarda e à educação patrimonial e antirracista, como é o caso da recente intervenção realizada no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.

Essa intervenção, finalizada no ano de 2023, busca valorizar e expor o histórico do Cais, que foi reconhecido como o principal cais de desembarque de escravizados do continente, e em 2017 foi declarado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. Durante os primeiros anos das intervenções do projeto “Porto Maravilha”5, em 2011, o cais foi redescoberto e apenas recentemente, passou por obras de valorização do entorno e criação da exposição artística “Valongo, Cais de Ancestralidades”, que discorre sobre o histórico do sítio arqueológico.

Contudo, são necessários ainda mais avanços em relação ao reconhecimento e a valorização da cultura afro-brasileira, como o reconhecimento de mais elementos da cultura como patrimônio, de maneira a salvaguardar esses materiais e práticas. Além disso, é necessário o fortalecimento de políticas públicas que incentivem ainda mais a redução da desigualdade social causada por questões raciais e incentivem a educação acerca da temática.

5 PREFEITURA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO. Obra de valorização do Cais do Valongo é finalizada no Porto Maravilha.

Imagem 17| Obras do Cais do Valongo concluidas

03 CONTEXTUALIZANDO ITABIRA

O capítulo a seguir busca abordar o contexto do município, seu histórico, desenvolvimento e a sua relação com os patrimônios, manifestações e tradições afro-brasileiras. Além disso, será realizada a análise de questões importantes para embasar o projeto, como dados acerca de sua população, suas características urbanas e análises do entorno dos terrenos de intervenção.

Imagem 18| Itabira

3.1 | SOBRE O MUNICÍPIO

Itabira é um município de médio porte no interior de Minas Gerais, localizado a 110 km de Belo Horizonte, capital do estado. A cidade está na Região Intermediária de Belo Horizonte e na Região Imediata de Itabira. Faz fronteira com 9 municípios, sendo estes: Itambé do Mato Dentro, Jaboticatubas, Nova União, Bom Jesus do Amparo, João Monlevade, São Gonçalo do Rio Abaixo, Bela Vista de Minas, Nova Era e Santa Maria de Itabira.

O município possui uma extensa área, equivalente a 1.253 km², entretanto, como ilustra o Mapa 1, 93,7% dessa área está em macrozona rural. A mancha urbana do município se estende por 4,7% do território.

O Plano Diretor Participativo Municipal de Itabira define ainda uma Macrozona Mista de Desenvolvimento Econômico, que possuem tem o objetivo de incentivar a localização de atividades econômicas, industriais e de serviços, que se privilegiem da rodovia e limitar a ocupação residencial lindeira.

A população, segundo o CENSO 2022, é de 113.343 habitantes e o município possui uma densidade demográfica de 90,40 hab/km², valor que pode ser justificado pela extensa área rural sem ocupação, revelando

uma concentração desigual de população. O município possui um Indice de Desenvolvimento Humano de 0,756 (CENSO 2010), considerado como alto, que engloba o intervalo de índices entre 0.700 e 0.799.

Alguns aspectos de ordem física e geológica do município de acordo com o IBGE, mostram que a cidade está em área de clima zonal Tropical Brasil Central, subquente, com temperatura média entre 15 e 18 ° C em pelo menos um mês e semiúmido, com 4 a 5 meses do ano secos. Possuí relevo acidentado, dentro das classificações de Serra do Espinhaço Meridional e Planalto da Zona Metalúrgica Mineira. Além disso, o município encontrase na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, participando dessa forma, do CBH Doce (Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce).

É um município com atividade econômica baseada principalmente no setor industrial, com extração de minério de ferro, seguido pelo setor de serviços. A cidade também possui diversos destaques naturais, turísticos e culturais.

Mapa 3.1.1 | Localização do município de Itabira-MG
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: IBGE e Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S 110km
Imagem 19 | Vista aérea de Itabira - MG

HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

O povoamento de Itabira tem início no início do século XVIII, por volta de 1720, quando dois irmãos paulistas descendentes de bandeirantes: Francisco e Salvador Faria de Albanaz, avistaram o pico da Serra do Cauê. A partir da percepção da abundância dos metais, os exploradores transferiram-se para o local seus escravos e colonos (IBGE, 1959). Logo, passou a ser explorado o ouro na região, e surgiram ao longo do tempo pequenas cabanas nas margens do córrego.

No entanto, a região era previamente ocupada por povos indígenas, e há informações de conflitos, ainda que não fossem sistemáticos, entre estes e os novos ocupantes. A etimologia de Itabira deriva da língua tupi e significa “pedra que brilha” referindo-se à Serra do Cauê.

Durante os anos seguintes, a cidade se dedicava economicamente, principalmente a exploração dos metais e as forjas, mas também, em menor escala à indústria têxtil e alimentar, e a agricultura e pecuária, com “mão de obra utilizada [...] de ex-escravos empregados em regime de parceria, de colonos ou de outros assalariados rurais” (CÂMARA DE ITABIRA, 2010). Logo, a população negra faz-se presente desde o surgimento do município.

O município passa por várias transformações em termos administrativos e territoriais, destacadas ao longo da linha do tempo abaixo. No ano de 1957, a Companhia Vale do Rio Doce passa a explorar minério de ferro no município. Esse ponto foi fundamental para o seu desenvolvimento e expansão como uma cidade de mineradora.

1827

Vila 1848

1833

Itabira

Criação e anexação dos distritos: São José da Lagoa, Carmo de Itabira, Santa Maria, Dionísio, Aliança

Cidade 1891

O Pico do Cauê é uma importante serra do município que concentrava uma grande quantidade de minérios. Atualmente, após anos de exploração mineral, sua altura decresceu de forma significável.

Na Praça do Centenário concentram-se diversos edifícios históricos importantes do centro do Município, como a Casa de Carlos Drummond de Andrade e a antiga prefeitura.

A Igreja de Nosssa Senhora do Rosário dos Pretos também é um grande destaque da região do Centro Histórico do município.

1911

Dionísio deixa de ser distrito de Itabira

Município possuí 5 distrito, sendo eles: Itabira, Aliança, Nossa Senhora de Itabira, Santa Maria e São José da Lagoa

1920

1938

São José da Lagoa deixa de ser distrito de Itabira. Alteração dos nomes de distritos para Santa Maria de Itabira e Senhora do Carmo

Itabira passa a se chamar Presidente Vargas e o distrito de Aliança passa a se chamar Ipoema. Santa Maria de Itabira deixa de ser distrito

1943

1947

O município volta a se chamar Itabira

O município é constituido por 3 distritos: Itabira, Ipoema e Senhora do Carmo

1960-ATUAL

Itabira de Mato Dentro
Distrito de Caeté
Imagem 20 | O Pico do Caue em 1952
Imagem 21 | Praça do Centenário em 1955
Imagem 22 | Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

3.2.1 | O CONTEXTO DO MUNICÍPIO

Mapa 3.2.1 | A Região Imediata de Itabira

A cidade está na Região Intermediária de Itabira, uma das cinco que englobam a Região Imediata de Belo Horizonte. configurando-se como um “polo de hierarquia superior diferenciado a partir dos fluxos de gestão privado e público e da existência de funções urbanas de maior complexidade” (IBGE, 2017) à outras 8 cidades do entorno, sendo estas: Bom Jesus do Amparo, Santa Maria de Itabira, Passabém, Itambé do Mato Dentro, São Sebastião do Rio Preto, Santo Antônio do Rio Abaixo, Ferros e Carmésia.

Todos os demais municípios pertencentes a região intermediária possui menos de 10 mil habitantes, com exceção à Santa Maria de Itabira. Logo, o município de Itabira pode prover infraestrutura de saúde, empregos, educação, comércio e outros serviços.

O PIB do município de Itabira no ano de 2021, segundo a Fundação

João Pinheiro foi de R$ 14.971.929.073,00. Por sua vez, o PIB per capita, foi de R$ 123.006,06. A concentração do PIB nos setores econômicos explicita a dependência econômica do município à mineração, visto que, mais de 70% da arrecadação municipal vem do setor industrial.

Gráfico 3.2.1| Distribuição do PIB de Itabira - MG por setores econômicos (IBGE 2021)

Agropecuária Indústria Serviços Administração Pública

O cenário econômico do município torna-se preocupante, visto que as minas de extração de Ferro são exploradas há anos, e a data de exaustão prevista para a exploração em Itabira, segundo relatório da Vale de 2024, é no ano de 2041. A Região Intermediária de Itabira perdeu participação no PIB do estado nos últimos anos, como uma consequência do “esvaziamento observado do núcleo industrial do complexo metalmecânico estadual” (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2022). Dessa forma, urge que o município adote uma postura de diversificação econômica, para garantir sua subsistência.

Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: IBGE | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S
Fonte: Fundação João Pinheiro. Painel Interativo de Dados. (Gráfico de autoria própria)
Imagem 23 | Imagem aérea de Itabira, com destaque para a exploração mineral e as grandes barragens de rejeito existentes

RELEVÂNCIA CULTURAL

“Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”

- “Confidência do Itabirano”|Carlos Drummond de Andrade

O município de Itabira também apresenta significativa relevância cultural, principalmente, por ser a cidade natal do importante autor Carlos Drummond de Andrade. Em seus poemas, Drummond descrevia o município principalmente no momento anterior a intensificação da exploração mineral na cidade. O autor, inclusive recusou a retornar ao município, mesmo que o atribuíssem a imagem de um: “saudosista empedernido, de inimigo da industrialização e do desenvolvimento e renovação das cidades”. (ANDRADE apud. WISNIK,2018)

Muitos dos equipamentos culturais, patrimônios tombados e atrativos turísticos são voltados para destacar a figura do autor. São exemplos: A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, o Memorial Carlos Drummond de Andrade, a Fazenda do Pontal e o Museu de Território Caminhos Drummondianos. Além disso, eventos como a Semana Drummondiana são realizados anualmente.

A cidade também tem uma produção cultural ativa. Anualmente, acontecem diversos festivais que contemplam diversas temáticas, sendo alguns deles destacados a seguir:

O Festival de Inverno ocorre anualmente e teve, até então 50 edições. São realizados shows gratuítos, oficinas, entre outras manifestações culturais.

O Festival Literário de Itabira, apesar de recente, tem reunido autores nacionais e internacionais e promovendo debates e outras atividades.

O MAPA (Mostra de Arte Pública) é um festival recente que trouxe uma renovação ao cenário do município com intervenções de arte urbana.

A Expoita, que já teve 36 edições, é um importante evento anual, que engloba show de conhecidos artitas nacionais, além de palestras, oficinas, cursos, seminários, estandes, leilões e exibições voltadas para o agronecócio.

Imagem 25 | Festival de Inverno de Itabira MG
Imagem 26 | III Flitabira
Imagem 27 | Mural de Drummond por Eduardo Kobra
Imagem 28 | Expoita
Imagem 24 | Estátua do autor no Memorial Carlos Drummond de Andrade, obra de Oscar Niemeyer.

3.2.2 | O PERFIL DA POPULAÇÃO

113.343 hab.

População do município (CENSO 2022)

117.747 hab.

População estimada (2024)

Itabira é uma cidade de médio porte que está em ritmo de crescimento populacional, com previsão crescimento estimada de 3,88% pelo IBGE para o ano de 2024. O município possui uma densidade demográfica de 90,41 hab./km² (CENSO 2022). A população predominantemente é urbana e, ao considerar apenas a população e área urbana para o cálculo, indica uma densidade demográfica de 1.799,8 hab./ km, explicitando a grande extensão de área rural com poucos moradores e densidade de 6,23 hab./km².

|

intervenção (CENSO 2022)

Para uma análise dos dados mais aproximadas à realidade do entorno da área de intervenção, em alguns aspectos foram analisados dados de um recorte de 8 setores censitários em seu entorno. O setor de intervenção, nomeado como setor 70, tem população de 339 habitantes e sua densidade demográfica é de 274,49 habitantes/km². Dentre os setores próximos, sua densidade é a terceira menor.

Em relação às pirâmides etárias do município, é possível perceber um predomínio de população em idade economicamente ativa, com 30 anos ou mais. Nas pirâmides etárias dos setores próximos e do setor da área de intervenção, observa-se grande quantidade de população acima dos 40 anos.

Mapa 3.2.3 | Densidade demográfica dos setores censitários próximos ao terreno de
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: IBGE | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S
Homens Mulheres
Gráfico 3.2.3 | Pirâmide etária do município de Itabira- MG (CENSO 2022)
Mapa 3.2.2
A população nos setores censitários próximos ao terreno de intervenção (CENSO 2022)
Fonte: Elaboração
Fonte: Censo Demográfico 2022. Demografia — Agregados por municípios (Gráfico de autoria própria)
Urbana
Gráfico 3.2.2 | Distribuição da população em área rural e urbana (CENSO 2022)
Fonte: Censo Demográfico 2022. Panorama CENSO 2022 (Gráfico de autoria própria)
Fonte: IBGE Cidades - Panorama Itabira (Gráfico de autoria própria)

Gráfico 3.2.4 | Pirâmide etária dos setores próximos ao terreno (CENSO 2022)

Gráfico 3.2.5 | Pirâmide etária do setor do terreno (CENSO 2022)

96,05

Índice de envelhecimento de Itabira-MG (CENSO 2022)

182,03

Índice de envelhecimento dos setores próximos (CENSO 2022)

314,28

Índice de envelhecimento do setor (CENSO 2022)

Isso fica mais claro ao observar o índice de envelhecimento populacional, que mostra que a região de intervenção possuí uma grande quantidade de população idosa, em comparação com o município como um todo, que possui um índice de menor escala.

A predominância no município e nos setores próximos e no setor de intervenção é feminina. Entretanto, quando analisamos a razão de sexo por raça/cor no município, percebe-se que, entre a

90,4%

Razão de sexo de Itabira- MG (CENSO 2022)

89,6%

Razão de sexo dos setores próximos (CENSO 2022)

83,2% Razão de sexo do setor (CENSO 2022) RAZÃO DE

- MG (CENSO 2022)

população preta, a razão de sexo é de 101,63%, indicando uma predominância de homens negros.

Em relação à dados relativos à renda per capita do município, como não foram divulgados os dados referentes ao censo de 2022, é apresentado o cenário do último censo, em 2010. Para maior contexto, vale ressaltar que, nessa época, a população do município era de 100.300, logo houve

Gráfico 3.2.7 | Distribuição de renda/domicílio em Itabira-MG (CENSO 2010)

Sem rendimento

um crescimento populacional de 13%. O PIB, segundo a Fundação João Pinheiro, era de R$ 4.137.155.461,0, o que indica um crescimento de mais de 350% quando comparado ao dado de 2021, previamente apresentado. Contudo, em 2010, a distribuição de renda por domicílio era concentrada principalmente entre 1/2 e 1 salário-mínimo. 2,64% dos domicílios não possuíam rendimentos.

Homens Mulheres
Homens Mulheres
Branco Preto A marelo Pardo Indígenas
Gráfico 3.2.6| Razão de sexo por raça/cor no município de Itabira
Fonte: Censo Demográfico 2010. Renda dos Domicílios — Agregados por setores censitários (Gráfico de autoria própria)
Fonte: Censo Demográfico 2022. Demografia — Agregados por setores (Gráfico de autoria própria)
Fonte: Censo Demográfico 2022. Demografia — Agregados por setores (Gráfico de autoria própria)
Fonte: Censo Demográfico 2022. Demografia — Agregados por setores e Agregados por municípios (Gráfico de autoria própria)
Fonte: Censo Demográfico 2022. Cor ou Raça— Agregados por municípios (Gráfico de autoria própria)
Fonte: Censo Demográfico 2022. Demografia — Agregados por setores e Agregados por Municípios (Gráfico de autoria própria)

Gráfico 3.2.8 | População residente por raça/cor em Itabira-MG (CENSO 2022)

Gráfico 3.2.11 | População alfabetizada por raça/cor e idade em Itabira-MG (CENSO 2022)

Censo Demográfico 2022. Cor ou raça — Agregados por município (Gráfico de autoria própria)

Gráfico 3.2.9 | População residente por raça/ cor dos setores próximos (CENSO 2022) Gráfico 3.2.10 | População residente por raça/cor do setor (CENSO 2022)

Atualmente, no município, 73,59% da população, declararam-se pretos e pardos, segundo o CENSO 2022.

O município possui 0,36% de população quilombola. Contudo, muitas das comunidades quilombolas, surgiram na área rural do município enquanto ele ainda possuía outra formação administrativa, previamente apresentada. Dessa forma, faz-se necessário também observar esse dado para esses outros municípios, que eram distritos de Itabira para entender a importância dessas comunidades durante a história do município. Um exemplo é o caso de Santa Maria de Itabira, que tem extensa fronteira com a área rural de Itabira e possuí 13,52% de sua população como quilombolas.

A análise de outros dados, como a alfabetização no município, também foi realizada por meio de recortes raciais, para compreender as possíveis necessidades. Ao analisar a porcentagem de população alfabetizada por faixa etária e raça/cor é possível perceber que, a partir dos 45 anos, a porcentagem de população alfabetizada reduz. Quando consideramos raça/cor a população parda e preta possui menor porcentagem de população alfabetizada. Ao observar o recorte de idosos acima de 80 anos, há uma diferença de quase 30% entre os idosos brancos e negros. Tal discrepância pode ser explicada pela dificuldade de acesso de pessoas negras à recursos como educação, que eram ainda mais intensas no passado, como explicitado por Nascimento (1978): Nessa teia, o afro-brasileiro se vê tolhido de todos os lados, prisioneiro de um círculo vicioso de discriminação - no emprego, na escola- e trancadas as oportunidades que permitiriam a ele melhorar suas condições de vida. (NASCIMENTO, 1978, p.85) Logo, uma demanda para o projeto é um local adequado para a alfabetização de idosos.

Fonte:
Fonte: Censo Demográfico 2022. Cor ou raça — Agregados
Fonte: Censo Demográfico 2022. Alfabetização — Agregados por município (Gráfico de autoria própria)

3.2.3 | CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO E ANÁLISE DO ENTORNO

O município de Itabira está em expansão, e nos últimos anos tem surgido novos condomínios e loteamentos, além da expansão de bairros existentes. Como é possível observar através do Mapa 3.2.4, com uma demarcação aproximada da mancha urbana ocupada em intervalos de 10 anos, desde o ano de 1985, a mancha urbana tem cada vez ganhado mais área, o que dialoga com o crescimento populacional e econômico previamente apresentados.

A cidade é dividida em 25 macrozonas, incluindo a Macrozona Urbana da Sede Municipal, que, por sua vez, é dividida em 16 zonas, segundo o Plano Diretor Municipal Participativo do Município de Itabira (2006). Dentre essas, encontram se as zonas de centralidade, predominantemente residenciais, de estruturação urbana, de adensamento, de expansão urbana, de atividades tecnológicas e ensino, as ZEIS (Zonas de Especial Interesse Social), zonas de interesse ambiental, zonas ligadas à exploração mineral e a zona de amortecimento. Os terrenos de intervenção encontram-se nas zonas Centralidade I (CEI) e Zona Predominantemente Residencial II (ZR2). Em relação à divisão por bairros, Itabira possui 82 bairros. Os terrenos de intervenção encontram-se no bairro Penha, que é tradicional, predominantemente residencial e vizinho ao Centro.

| Os bairros do município de Itabira-MG, com destaque para os bairros próximos à área de intervenção

Mapa 3.2.5 | As zonas do município de Itabira - MG
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S
Mapa 3.2.6
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S
Mapa 3.2.4 | Evolução aproximada da mancha urbana de Itabira ao longo dos anos
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | DATUM WGS84
LEGENDA
Ocupação urbana

A partir da rotatória da Praça Acrísio Alvarenga, no Centro, são derivadas as principais Avenidas da Cidade. Tais avenidas concentram grande parte dos comércios e serviços, além de serem importantes conexões com os demais bairros da cidade e encontram-se estacadas nos mapas e imagens abaixo, sendo elas: Avenida João Pinheiro, a principal avenida do município, que tem concentração de uso comercial.

A Avenida Carlos Drummond de Andrade, importante via arterial, conecta a área central à rodovia e aos dois hospitais da cidade. Nela encontram-se importantes edifícios como a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e a Câmara Municipal. Um dos terrenos de intervenção localiza-se na esquina entre a avenida e a Rua Dona Zezeca.

A Avenida Mauro Ribeiro é a única das apresentadas que não deriva diretamente da Praça Acrísio Alvarenga, mas tem ganhado grande destaque por sua expansão dos últimos anos. Tem grande quantidade de edifícios de uso misto e comercial, principalmente com restaurantes e bares.

Por fim, a Avenida Cristina Gazire, que conecta o centro à bairros com grande densidade de ocupação, e recentemente vê-se a construção de edificações comerciais. Nessa avenida encontra-se o edifício da Prefeitura Municipal de Itabira.

Imagem 29 | Avenida João Pinheiro
Imagem 31 | Avenida Mauro Ribeiro
Imagem 30 | Avenida Carlos Drummond de Andrade
Imagem 32 | Avenida Cristina Gazire
Mapa 3.2.7 | Principais avenidas nas proximidades da área de intervenção
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S
Mapa 3.2.8 | Delimitação dos bairros e principais avenidas da área de intervenção
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S
Mapa 3.2.9 | Hierarquia viária e sentido das vias na área de intervenção
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S

Mapa 3.2.10 | Patrimônios¹ e equipamentos de cultura na área de intervenção

Fundação Carlos Drummond de Andrade

Concha Acústica

LEGENDA

Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S

¹ Apesar de haver outros edifícios de caráter históricos, foram considerados os edifícios públicos

1 | Museu de Itabira

2 | Casa de Carlos Drummond de Andrade

3 | Sobrado do Monsenhor Felicissimo

4 | Sobrado do antigo Hospital

5 | Cadeia Municipal

6 | Casa do Santeiro Alfredo Duval

7 | Sobrado de Francisco Osorio Mendes

8 | Centro Itabirano de Artesanato

9 | Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade

10 | Casa da Cidadania

11 | Casa do Brás

12 | Concha Acústica

13 | Memorial Carlos Drummond de Andrade

14 | Fazenda do Pontal

Alguns equipamentos de ordem cultural, concentram-se próximos à área de intervenção, que pela proximidade do centro histórico, também é rica em patrimônios históricos arquitetônicos. Outros equipamentos culturais, são, em grande parte voltados para destacar a história de Carlos Drummond de Andrade.

Em 1997, surgiu o Museu de Território Caminhos Drummondianos, que coloca os poemas do autor em placas de ferro fundido à frente dos locais de Itabira mencionados em sua obra. A primeira das placas, com o poema “A Alfredo Duval”, encontra-se em frente à casa do santeiro Alfredo Duval, homem negro, nascido na vigência da lei do Ventre Livre, que se dedicou às artes e ofícios.

Museu de Território Caminhos Drummondianos

Memorial Carlos Drummond de Andrade

Imagem 33 | Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade
Imagem 34 | Concha Acústica
Imagem 35 | Museu de Território Caminhos Drummondianos
Imagem 36| Memorial Carlos Drummond de Andrade

Mapa 3.2.11 | Equipamentos importantes próximo aos terrenos de intervenção

1 | Museu de Itabira

2 | Casa de Carlos Drummond de Andrade

3 | Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

4 | Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário

5 | Escola Municipal Coronel José Batista

6 | Casa Paroquial Monsenhor José Lopes dos Santos

7 | Colégio Nossa Senhora das Dores

8 | Hospital Nossa Senhora das Dores

9 | Antigo Hospital

10 | Centro de Convivência InterAgir

Em relação aos terrenos selecionados para a intervenção, localizam-se em lados opostos da Rua Dona Zezeca. Ambos os terrenos estão em esquinas, o primeiro deles na esquina com a Avenida Carlos Drummond de Andrade e o segundo, com a Avenida João Soares Silva. A escolha pelos terrenos partiu principalmente da proximidade com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, além de ser um local próximo ao Centro do município, facilitando o acesso e possivelmente atraindo visitantes da região, além de ser munido de rede de transporte público e contar com estrutura de equipamentos consolidada.

O entorno de intervenção é predominantemente residencial, com gabarito principalmente de até 2 pavimentos. Próximos à equipamentos públicos importantes nas proximidades, como igrejas, escolas municipais e particulares e o hospital público do município, que fica à menos de 300 m.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Imagem 37 | Museu de Itabira Imagem 38 | Casa de Drummond
Imagem 39| Igreja de N. S. do Rosário dos Pretos Imagem 40 | Catedral Diocesana de Itabira
Imagem 41 | Escola Municipal Coronel José Batista Imagem 42 | Casa Paroquial
Imagem 43| Colégio Nossa Senhora das Dores Imagem 44 | Hospital Nossa Senhora das Dores
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal

Mapa 3.2.12 | Gabarito das edificações próximas aos terrenos de intervenção

Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S

Mapa 3.2.13 | Uso e ocupação do solo das edificações próximas aos terrenos de intervenção

Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise | DATUM Sirgas 2000 UTM Zone 23S

A Av. Carlos Drummond de Andrade, em altura próxima aos terrenos, apresenta grande quantidade de novas edificações de uso comercial / misto.

Há uma grande quantidade de edifícios históricos nas proximidades dos terrenos. Portanto, o gabarito é reduzido.

Na Rua Dona Zezeca, há edificios comerciais, como uma madeireira e uma clínica particular de saúde.

Ao lado do terreno maior, na Av. Carlos Drummond de Andrade, há edifícios menor porte, com uso residencial, comercial e misto, respectivamente.

Fonte:
Imagem 45 | Novas construções na Avenida Carlos Drummond de Andrade
Imagem 46 | Edificações de caráter histórico na Rua Major Lage
Imagem 47| Madeireira próxima ao terreno.
Imagem 48 | Edificações vizinhas à testada na Av. Carlos Drummond de Andrade

3.3 | AS MANIFESTAÇÕES E OS PATRIMÔNIOS AFRO-BRASILEIROS EM

ITABIRA

O município de Itabira, devido ao seu histórico de formação previamente apresentado, e ao grande contingente de população negra, possui diversas manifestações e patrimônios afro-brasileiros importantes, mas que nem sempre receberam destaque na história do município ou nas políticas públicas.

Apesar de não serem tão enfatizadas, algumas das figuras importantes na história do município são pessoas negras. Como é o caso do santeiro Alfredo Duval, que nasceu na vigência da Lei do Ventre Livre, e viveu de artes e ofícios. “Ele é o primeiro a trabalhar o calçamento de ruas, na época, barrentas; a construir chafarizes, facilitando o acesso de água potável para as casas e a criar os primeiros sistemas de esgoto, provavelmente usando tubulação de bambu.” (FARIAS, 2023). Logo, sua contribuição na formação do centro histórico do município é inegável. Atualmente, sua residência é tombada pelo patrimônio histórico da cidade, sendo a primeira localidade a receber a placa do Museu de Territórios Caminhos Drummondianos, com o poema “A Alfredo Duval” escrito por Carlos Drummond de Andrade.

Nos últimos anos, a temática racial vem sendo mais abordada também de forma institucional, com uma maior atenção por parte da Prefeitura Municipal, que tem promovido e apoiado eventos culturais, discussões e palestras.

Destaca-se, por exemplo, o FLI Itabira, evento promovido anualmente com patrocínio principal do Instituto Cultural Vale desde 2021 e apoio da Prefeitura Municipal e Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, que tem ampliado a discussão da temática racial por meio da cultura. No ano de 2022, a exposição “Muros Invisíveis”, parte do festival, expôs na Praça do Areão, imagens de 42 retratos de moradores de Itabira, afro-empreendedores, que são socialmente invisibilizados. Em sua terceira edição, o festival trouxe importantes figuras negras, como Conceição Evaristo, que recebeu o Prêmio Juca Pato de

Imagem 49 | Casa do Santeiro Alfredo Duval
Imagem 50 | Exposição “Fala Quilombo: Uma palavra que tem história” no Museu de Itabira

Entrega do prêmio Personalidades Afro-itabiranas – Luís Gama durante a programação do Mês da Consciência Negra de 2024.

Abertura da exposição “Muros Invisíveis” por Yuri Oliveira durante o 2.° Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira)

Intelectual do Ano e visitou o Quilombo Morro Santo Antônio. Em sua última edição, a temática tratada foi “Literatura, Amor e Ancestralidade”, e homenageou Maria Gregória Ventura, a matriarca do Quilombo.

Além disso, o Instituto Fala Quilombo, promoveu a exposição “Fala Quilombo: Uma palavra que tem história”, inaugurada em 2024, que trouxe mais informações sobre a história das comunidades quilombolas da bacia do Rio Doce, expondo também conceitos importantes da cultura negra e criando um espaço educativo, tecnológico e interativo, voltados especialmente para crianças.

Algumas outras ações de destaque incluem a programação especial do “Novembro Negro” que vem sendo realizada no município, durante o mês do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Em 2024, houve a entrega do prêmio Personalidades Afro-itabiranas – Luís Gama, promovido pela Secretaria de Governo e da Diretoria para Promoção da Igualdade Racial, homenageando figuras de destaque em áreas variadas.

Além de reunir para a exposição figuras importantes no município, a abertura contou com apresentações, como a da Guarda de Marujo.

Conceição Evaristo em coletiva de imprensa no terceiro dia do III Flitabira, debateu diversas questões tangentes à questões raciais.

Para além das já abordadas, existem inúmeras manifestações da cultura afro-brasileira. Entretanto, como uma forma de direcionar melhor o programa do Centro de Tradição Afro-Brasileira, foi realizado um recorte de algumas manifestações e patrimônios para maior aprofundamento sobre seu histórico, cenário dentro do município e as principais demandas encontradas. Dessa forma, serão apresentados a seguir: As comunidades quilombolas do município, que possuem algumas demandas particulares, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, único patrimônio material tombado pelo IPHAN no município. Além disso, serão apresentadas as práticas do congado e capoeira.

Imagem 51 | Prêmio Personalidades Afro-Brasileiras
Imagem 52 | Abertura da exposição “Muros Invisíveis”
Imagem 53 | Apresentação da Guarda de Marujo durante a abertura da exposição
Imagem 54 | Conceição Evaristo durante o 3º Festival Literário Internacional de Itabira

3.3.1| AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

As comunidades quilombolas eram “verdadeiras cidadelas reunindo africanos fugidos da escravidão” (NASCIMENTO, 1978) e espalhadas por grande parte das províncias. Entre o mais conhecido está o Quilombo dos Palmares, constituído no Alagoas, contando com expressiva população, que chegou à quase 30 mil pessoas. Tinha uma sociedade organizada em um sistema de produção comunal e trocas e resistiram à diversas expedições militares, até serem destruído por forças mercenárias comandadas por bandeirantes.

Em Itabira são reconhecidas as Comunidades Remanescentes Quilombolas do Morro Santo Antônio, certificada pela Fundação Cultural Palmares em 2011 e do Capoeirão, certificada em 2019. Localizadas em área rural, tais comunidades encontram-se nas extremidades do município, a quase 20 km do centro.

Imagem 55 | Comunidade Quilombola do Capoeirão
Imagem 56 | Atividade com a Comunidade Quilombola do Morro do Santo Antônio.
Mapa 3.3.1 | Distância das comunidades remanescente quilombolas em relação ao centro da cidade de Itabira
Fonte: Elaboração autoral (QGIS 3.34) | DATUM Sirgas 2000

A população quilombola do município corresponde à 0,36% dos habitantes. Contudo, durante o período de surgimento destes quilombos, o município possuía outra formação administrativa, com alguns municípios vizinhos como distritos, parte de seu território. É o caso com o município de Santa Maria de Itabira, que atualmente possui cerca de 13% da população municipal quilombola e tem o Quilombo Barro Preto certificado pela Fundação Cultural Palmares.

A comunidade Quilombola do Morro de Santo Antonio encontra-se próxima a divisa do município com Santa Maria de Itabira. No quilombo ainda se mantém algumas tradições como a fabricação das quitandas6, muito comuns em Minas Gerais. Segundo Lifschitz e Bonomo (2015), o termo “quitandeira” era utilizado para denominar escravas negras que vendiam alimentos em tabuleiros nas ruas e após o século XIX, o termo “quitanda” permaneceu, mesmo que ressignificado, consagrandose à elaboração caseira da pastelaria. Além disso, a matriarca do quilombo, Maria do Gregório Ventura é um forte símbolo do movimento negro do município.

Já a comunidade quilombola do Capoeirão, fica mais

próxima da divisa com o município de João Monlevade. Possui algumas tradições ligadas ao artesanato, como tecitura de balaios e peneiras de taquara além da produção alimentícia como a farinha de mandioca e o cultivo de plantas, hortaliças e ervas medicinais7. Para José Canuto, vicepresidente da Associação dos Moradores da Comunidade Quilombola do Capoeirão, é importante “Levar o conhecimento da comunidade como quilombo” (CANUTO, 2023). Dessa forma, o compartilhamento de saberes da comunidade torna-se essencial, contribuindo para a manutenção da tradição.

Atualmente, o Instituto Fala Quilombo juntamente com o grupo de pesquisa OCDOCE (Grupo de Pesquisa e Extensão sobre Conflitos e Confluências Rurais da Bacia do Rio Doce) tem atuado fortemente junto às comunidades quilombolas do município, ampliando a discussão e visibilidade acerca das comunidades, auxiliando em seu crescimento econômico por meio da divulgação das Cestas da Rede Agroecológica do Rio Doce, que contém produções dos quilombos e também promovendo o evento anual “Fala Quilombo” que é um encontro de Comunidades Quilombolas, Periféricas e Indígenas da Bacia do Rio Doce que amplia a discussão de várias temáticas voltadas a questões raciais.

6 ROSÁRIO, M Exposição “Muros Invisíveis” - Depoimento da fotografada - Maria do Rosário. [Itabira]: Youtube, 27 mar. 2023. Entrevista concedida a Flitabira.

7CANUTO, José. Exposição “Muros Invisíveis” - Depoimento do fotografado - José Canuto. [Itabira]: Youtube, 27 mar. 2023. Entrevista concedida a Flitabira.

PRINCIPAIS DEMANDAS

Exposição do histórico das comunidades

Venda de produtos das comunidades como as quitandas e artesanato.

Espaço de apoio para a organização de eventos

Compartilhar saberes e práticas das comunidades

Espaço de apoio para os membros da comunidade próximo ao centro da cidade. Tendo em vista a distância das comunidades e a proximidade à equipamentos importantes, como o hospital.

Imagem 57 | Fotografia de Maria Gregório Ventura “Dona Tita”, matriarca da Comunidade Quilombola do Morro Santo Antônio, por Yuri Oliveira para a Exposição “Muros Invisíveis”, 2022.

3.3.2| A IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

As igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos estão presentes em diversos municípios brasileiros, surgindo no período da escravidão como uma forma de estratificação, tendo em vista que:

a enorme distinção entre a classe negra escravizada e os homens brancos escravizadores impõe condições de separação de todos os espaços e situações sociais. As igrejas não devem abrigar as duas classes. O que tem por resultado, a criação de irmandades entre os negros em busca de sua própria religiosidade (ainda que imposta pela catequização), que se dá por meio da edificação de pequenas capelas (MELO et al, 2020)

As irmandades de São Benedito dos Homens Pretos e de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, estas que surgem a partir de narrativa mitológica do encontro dos povos negros e Nossa Senhora do Rosário, atuaram como uma forma de controle, para manter uma boa ordem e relação com os senhores “Nos países católicos essa função disciplinar era monopólio das fraternidades religiosas” (BASTIDE apud NASCIMENTO, 1978).

A partir disso, cria-se uma comunidade que mantém vínculos, costumes e festividades próprias, logo, essas irmandades tornamse importantes símbolos da resistência afro-brasileira.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos do município de Itabira é de especial interesse, visto que sua ermida é o único bem arquitetônico tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na cidade. Localizada na esquina entre a Rua Praia do Rosário e a Av. João Soares da Silva, de acordo com Santos (2024), sua construção remete ao ano de 1705, pelo padre Manoel do Rosário e João Teixeira Ramos, ou de 1720, em que os irmãos Ilbernaz construíram uma capela que supostamente substitui a capela anterior.

Registros mais consolidados acerca da Igreja surgem apenas anos após. Com a construção de uma nova Igreja de Nossa Senhora do Rosário em 1793, a Irmandade de Nossa Senhora do

Imagem 58 | A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Imagem 59| Pintura no forro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

PRINCIPAIS DEMANDAS

Exposição do histórico da Igreja, visto que, apesar da significativa importância, seu histórico ainda é pouco conhecido pela população geral do município.

Espaço de apoio para algumas das atividades da comunidade da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos que demandem um maior espaço.

Rosário dos Pretos recebe autorização, em 1799, para a reforma da antiga capela, sendo assim “de benfeitoria dos “homens pretos” a atual estrutura e arquitetura do Rosarinho” (SANTOS, 2024).

Ainda segundo Santos (2024), a igreja foi construída de tijolos de adobe e não tem divisão de nave e capela mor, logo suas paredes laterais são contínuas. A fachada frontal é dividida em três planos por chanfros de 45º, com duas aberturas em cada. A cobertura tem estrutura de madeira e telhado cerâmico de duas águas, e a torre possui telhado de 4 águas. A igreja possuí em sua lateral direita o cemitério, em que os membros da irmandade eram enterrados. Por localizar-se em um nível abaixo da avenida, em frente a sua fachada principal há um paredão com guarda corpo. Internamente, a igreja possui diversos ornamentos e imagens de estilo rococó. Um dos grandes destaques é o forro em tábua corrida com pinturas, em especial a pintura da capela-mor, que é datada do século XVIII ou início do século XIX pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural (IBPC), retratado na imagem 59, que tem estilo parecido com o pintor Francisco de Souza que ornamentou a matriz de Santa Barbara (LIVRO DO TOMBO DA MATRIZ DE ITABIRA, 1925 apud SANTOS, 2024).

A ermida de Nossa Senhora do Rosário foi tombada pelo IPHAN em 23 de dezembro de 1949, por meio da inscrição de nº 347 no Livro do Tombo. A partir da Resolução do Conselho Consultivo do SPHAN, de 13/08/85, referente ao Proc. Administ. nº13/85/SPHAN, o tombamento passa a incluir todo o seu acervo. Dessa forma, o bem torna-se legalmente protegido e passa por fiscalizações pelo Instituto para verificação das condições de conservação. Além disso, qualquer intervenção a ser realizada deve ser previamente autorizada pelo órgão.

A partir disso, houve restaurações em 1954, 1977, 1984 e por fim, em 2017, após a Igreja estar fechada por mais de quatro anos. O IPHAN não concedeu recursos para tal restauração e uma iniciativa da comunidade através da campanha “Meu Coração é Rosário”, em conjunto com a Prefeitura Municipal, permitiu que os reparos necessários fossem realizados na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, para que seu funcionamento pudesse ser retomado. A reabertura ocorreu em 17 de julho de 2017, com uma procissão que contou com a presença das Guardas de Marujos do município. Atualmente, a Igreja funciona apenas aos domingos, em que semanalmente são celebradas as missas no período noturno.

Imagem 60 | Colagem com imagens da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

3.3.3| O CONGADO

O Congado é uma tradição afro-brasileira na qual as “comunidades reinadeiras e congadeiras que se constituíram a partir de um processo de resistência e ressignificação empregados por povos negros em diáspora” (IEPHA, 2024) desenvolvem ofícios, práticas próprias e realizam as festividades religiosas que louvam os santos vinculados ao catolicismo negro, saindo em cortejo pelos municípios e entoando canções.

A manifestação religiosa e cultural é uma das mais populares e antigas do estado de Minas Gerais, sendo inclusive, a sua preservação parte da Constituição Estadual de 1989, na qual o parágrafo 1º do artigo 207, inciso VII da seção IV indica que: “O Estado, com a colaboração da comunidade, prestará apoio para a preservação das manifestações culturais locais, especialmente das escolas e bandas musicais, guardas de congo e cavalhadas.”

Na cidade de Itabira, a origem da Guarda de Marujo tem contribuições indígenas, visto que “a guarda surgiu de grupos de escravizados que foram levados

para a região para trabalhar em uma mina [...]. A partir disso foi feita a união de pessoas negras com grupos de pessoas indígenas” (IEPHA, 2024). A festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário começou a ser celebrada no município em 1911 e os primeiros grupos surgem na Serra dos Alves, vilarejo no distrito de Senhora do Carmo.

O município possui, atualmente, a Associação das Guardas do Congado de Itabira, que reúne cerca 10 guardas de marujo, chegando a cerca de 400 membros no total. Segundo

Imagem 61 | Reunião com presidentes, capitães ou representantes das Guardas de Congados da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano
Imagem 62 | Colagem com imagens das apresentações das Guardas de Marujo em Itabira

Antonio Beato, ex-presidente da Associação das Guardas de Majuro de Itabira, em entrevistas concedidas como parte da programação do I e do III FLI Itabira (Festival Literário Internacional de Itabira) em 2021 e 2023, respectivamente, o movimento do Congado é um “patrimônio Itabirano vivo”8. Contudo, Beato indica que, nos últimos anos, houve um declínio da participação de público que não compõe as Guardas de Marujo nas celebrações. Além disso, ele revela preocupação acerca da resistência da tradição, visto que parte da população jovem não apresentava tanto interesse na participação, fazendo-se necessário o incentivo à essa população como forma de garantir a preservação.

8 BEATO, A. Exposição "Muros Invisíveis" - Depoimento do fotografado – Antonio Beato. [Itabira]: Youtube, 27 mar. 2023. Entrevista concedida a Flitabira.

PRINCIPAIS DEMANDAS

Reuniões da Associação e organização das festividades

Ensaios e manutenção da tradição Armazenamento e confecção de adereços

Apoio no possível recebimento de representantes do Congado de outros municípios em festividades

Imagem 64 | Fotografia de Antonio Beato, ex-presidente da Associação das Guardas de Marujo de Itabira, por Yuri Oliveira para a Exposição “Muros Invisíveis”, 2022
Imagem 63 | Crianças na participação de Itabira na 114ª Festa de São Benedito em Aparecida do Norte - SP.

3.3.4| A CAPOEIRA

A capoeira é uma prática de origem afro-brasileira que mistura arte marcial, expressão corporal e música. A roda “reúne cantos e gestos que expressam uma visão de mundo, uma hierarquia, um código de ética, e revelam companheirismo e solidariedade” (IPHAN, 2014). A prática surgiu no período da escravidão como um instrumento de resistência, funcionando como estratégia para lidar com o controle e a violência. A capoeira possui diversas variações, como a Capoeira Angola, Capoeira Contemporânea e Capoeira Regional.

A Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil reconhecido pelo IPHAN em 2008. Já em 2014, a Roda de Capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, que afirma que a roda de capoeira: Funciona como uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos e promove integração social e a memória de resistência à opressão histórica. (UNESCO, tradução nossa)

Imagem 65 | Roda de Capoeira
Imagem 66 | Evento 2º Conexão Capoeira

PRINCIPAIS DEMANDAS

Espaço para a prática e ensino da capoeira

Ensino da fabricação dos instrumentos e armazenamento de equipamentos

Fortalecimento do diálogo entre os diferentes grupos e da capoeira no município

A prática também apresenta forte função social, atuando como instrumento de:

formação de redes de sociabilidade e constituição da identidade e da autoestima de:

formação de redes de sociabilidade e constituição da identidade e da autoestima de grupos afro brasileiros, (...) a convivência respeitosa e harmoniosa entre diferentes grupos étnico raciais, etários e de gênero, no país e fora dele, promovendo, mais que uma ideologia, uma prática de diversidade cultural e de combate ao racismo e outras formas de preconceito (...) a socialização de crianças e jovens e o desenvolvimento de formas de ensino-aprendizagem capazes de envolver múltiplas dimensões de sua formação (física, psíquica, ética, efetiva, lúdica). (IPHAN 2008 apud. IPHAN,2014)

Na cidade existem alguns mestres capoeiristas que perpetuam a tradição, entretanto, em conversa com o mestre do grupo “Luta Bantu de Capoeira Contemporânea” em Itabira, foi possível perceber que apesar da importância do trabalho de manutenção da capoeira como uma resistência cultural e resgate ancestral, a prática ainda não recebe incentivos suficientes. Em entrevista concedida ao FLI Itabira, como parte da Exposição “Muros Invisíveis”, o mestre também apresentou preocupação em a insegurança do espaço utilizado atualmente, que sofreu inclusive, tentativas de invasão, além de indicar que ainda há certo preconceito com a capoeira e repressão no município.

Nos últimos anos, algumas iniciativas surgiram, como o evento “Conexão Capoeira”, que teve início em 2023, e na semana da Consciência Negra, levou ao espaço da Feira dos Produtores Rurais a oportunidade de ampliar o contato da população com a roda de capoeira, além de promover a cerimônia de troca de cordas, prática que marca a progressão dos alunos, em que cada cor indica uma graduação.

Imagem 67 | Fotografia do mestre “Guayamum Capoeira”, por Yuri Oliveira para a Exposição “Muros Invisíveis”, 2022

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

O presente capítulo busca apresentar brevemente os projetos arquitetônicos utilizados como referência para a elaboração da proposta projetual. Serão apresentados dois estudos de caso e alguns projetos e ideias observadas para uma reflexão sobre a flexibilidade em espaços culturais e referências de arquitetura Africana e AfroBrasileira.

Imagem 68 | Centro de Culturas Negras do Jabaquara

ESTUDOS DE CASO 4.1

4.1.1| CENTRO DE CULTURAS NEGRAS DO JABAQUARA

Local: Bairro Jabaquara, São Paulo-SP

Autores do projeto: Shieh Arquitetos Associados

Data projeto: 1977

Data da Inauguração: 1980

Oficializado como um Equipamento Municipal de Cultura e Patrimônio da cidade de São Paulo, com o atual nome em junho de 2018.

O Centro de Culturas Negras foi inicialmente projetado como uma biblioteca pública e para o desenvolvimento de outras atividades como palestras, exposições, apresentações e cursos de artesanato e culinária para a comunidade. Localizado em um terreno amplo, com conexão com a Casa do Sítio da Ressaca, importante patrimônio histórico do município, o projeto visava contemplar três etapas: o restauro do edifício histórico, o tratamento adequado da área ao redor e, por fim, a criação do novo edifício para atender ao programa citado.

Imagem 69 | CCN Jabaquara

A casa do Sítio da Ressaca é um patrimônio histórico tombado pelo município de São Paulo, construído em taipa de pilão, acredita-se que tenha sido abrigo na passagem de muitos negros escravizados que fugiam para o Quilombo do Jabaquara, em Santos. Portanto, a edificação do Centro de Culturas Negras localiza-se em um terreno de importância histórica para a população afro-brasileira. A escolha pelo projeto como estudo de caso parte da necessidade de entender melhor como foi trabalhado o programa de um espaço voltado para a cultura negra, e como pode-se criar uma relação com os patrimônios existentes.

GRANDES VÃOS USO DA TOPOGRAFIA

Edificação em desuso

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Afastamentos

Trajetória solar Ventos predominantes

Pontos de ônibus

Principais visadas

Um sistema construtivo que permitisse grandes vãos foi essencial para a flexibilidade do espaço, que pode ser adaptado para receber as diferentes práticas relacionadas à cultura afro-brasileira

Para criar uma edificação que dialoga melhor com o entorno. O terraço além de servir como um acesso, torna-se um mirante, contribuindo para a valorização do patrimônio existente

TRATAMENTO DO ENTORNO

De forma a conectar as edificações, e garantir o uso confortável do espaço externo

Imagem 72 | Casa do Sítio da Ressaca

DESAFIOS E ESTRATÉGIAS

ATIVIDADES VARIADAS

Espaços amplos e flexíveis, que possam receber atividades distintas, nesse caso, o auditório recebe também além das atividades artísticas, como apresentações. as oficinas de capoeira e de danças variadas.

EDUCAÇÃO ACERCA DO TEMA

Criação de uma biblioteca de acesso público com um acervo de mais de 3000 obras, todas voltadas para a temática racial.

MANUTENÇÃO DA PRODUÇÃO CULTURAL

Conta com espaço que recebe variadas exposições, tanto na área interna, nos dois primeiros pavimentos, como na área externa da edificação.

4.1.2| CASA DO BENIN

Local: Pelourinho, Salvador - BA

Autores do projeto: Lina

Bo Bardi com colaboração de Marcelo Ferraz (Brasil Arquitetura) e Marcelo Suzuki

Data projeto: 1987

Data da inauguração: 1988

Tipo de projeto: Restauro, Institucional

A Casa do Benin é um projeto de restauro que torna-se um exemplar do trabalho de Lina Bo Bardi no Centro Histórico de Salvador, para sua revitalização, logo após o reconhecimento do local como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1985. A intervenção, focada em um intercâmbio cultural Brasil-Africa: existente desde a época da escravidão, quando do Benin vinha a maior parte dos negros africanos construir o BrasilColônia e que, retornando ao seu país de origem, levavam também as marcas culturais do Brasil para a África. (PUPPI, 2016)

Imagem 78 | Área de exposição
Imagem 77 | Casa do Benin

O casarão, típico do século XIX, havia passado por intevenção estrutural realizada pela gestão anterior da prefeitura, após um incêndio, que adicionou vigas e colunas em concreto, que se tornou um desafio para a arquiteta, que considerou a intervenção pesada e desequilibrada em relação ao edifício9.

O programa busca englobar, além das áreas do centro de estudos, com biblioteca e área expositiva, um restaurante, a casa do representante do Benin e também um local que pudesse hospedar estudantes e pesquisadores africanos.

Para isso, como o terreno é totalmente ocupado pelo imóvel, utiliza-se do terreno vizinho, conectando a edificação original às áreas adicionais por meio da área verde.

DESAFIOS E ESTRATÉGIAS

INTERVENÇÃO ANTERIOR

CONEXÃO COM ELEMENTOS AFRICANOS

O pesado concreto da intervenção anterior foi revestido com palha de coqueiro trançada à mão, como uma maneira de trazer uma maior conexão com a área expositiva

NOVA CIRCULAÇÃO VERTICAL

A escada foi alocada entre as colunas de concreto e a parede longitudinal do edifício, criando um caminho moderno, mas em linha contínua, assim como era comum nas casas coloniais da mesma tipologia de lote da edificação.

SENSIBILIDADE AOS DIFERENTES PERÍODOS

Os diferentes materiais e técnicas dos tempos distintos são expostos:

Parede estrutural é descascada (revelando a técnica construtiva do período colonial)

Estrutura de concreto da intervenção anterior

Escada metálica e o trançado de palha da intervenção recente (Revela também o contraste entre o industrial e o artesanal)

A nova construção do restaurante remete às construções africanas, além disso, com o paisagismo do “quintal” Lina monta uma espécie de cenário no ambiente externo, remetendo ao ambiente natural Africano

01 | Praça

02 | Jardim do Benin

03 | Cachoeira

04 | Restaurante do Benin

05 | Cozinha

06 | Depósito

07 | Acesso à casa do representante do Benin 08 | Sala

09 | Cozinha

10 | Quarto 11 | Terraço-jardim

12 | Exposições 13 | Vazio

14 | Biblioteca 15 | Administração 16 | Alojamento de estudantes 17 | Banheiros Acessos

Apoio (Cozinhas e depósitos)

Área de exposição

Biblioteca

Circulação

Acolhimento (Sala, Quartos)

Áreas livres

Banheiros

Restaurante

Imagem 82 | Área de exposição e escada nova

REFERÊNCIAS PROJETUAIS 4.2

4.2.1| FLEXIBILIDADE

Considerando a multiplicidade de manifestações que serão englobadas na proposta projetual, torna-se de extrema importância o entendimento de estratégias de flexibilidade na arquitetura, especialmente em edifícios culturais. Dessa forma, para o projeto dentro de uma área limitada, por meio de algumas estratégias relacionadas à distribuição e delimitação dos ambientes, layout e outras técnicas permitem uma compatibilização desses usos.

A seguir serão apresentados brevemente alguns projetos que aplicam a flexibilidade para o atendimento de um programa usos diversos em espaços culturais.

CENTRO CULTURAL E DE EXPOSIÇÕES

Local: Nova Friburgo, RJ

Autores do projeto: Estúdio 41

Data projeto: 2014

Status do projeto: Não construído

Tipo de projeto: Institucional

Proposta vencedora do concurso do Instituto Brasileiro de Arquitetura (IAB)

USO DE ESPAÇOS LIVRES

Criação de um palco para apresentações ao ar livre, complementando o programa do Centro Cultural e comportando até 10.000 pessoas.

O projeto busca abrigar os eventos, feiras, festivais que derivam dos negócios realizados na região serrana do Rio de Janeiro, valorizando o turismo, comércio, gastronomia e o patrimônio cultural.

Uma das premissas do projeto foi potencializar a flexibilidade dos usos. Além disso, aproveitar o terreno de implantação ao máximo, com o uso dos espaços livres.

A forma do edifício é clara e racionalizada, permitindo uma visualização e reconhecimento pelos usuários que estão em deslocamento na rodovia em que o terreno está localizado.

PLANTA LIVRE E GRANDES VÃOS

Construção racional, utilizando pré-fabricação e permitindo o uso de grandes vãos através da estrutura metálica, garantindo pouca intervenção estrutural na planta, que não possuí muitas divisões internas.

PORTAS PIVOTANTES

Integração dos espaços internos e externos junto à fachada norte. Permitem a conexão da praça de eventos com os espaços cobertos do pavilhão.

DIVISÓRIAS MÓVEIS

Flexibilização do térreo para que possa ter várias configurações diferentes. Os auditórios e salas de reunião permitem o recolhimento das divisórias, aumentando a área livre interna

Imagem 84 | Vista aérea do projeto
Imagem 85| Diagrama em perspectiva

CENTRO CULTURAL JACAREÍ

Local: Jacareí, SP

Autores do projeto: Ruy Ohtake

Data projeto: 2010

Data da inauguração: 2014

Área de construção: 6.445 m²

Tipo de projeto: Institucional

O programa do edifício busca estimular as atividades culturais e educacionais. Possúi um dos teatros mais bem equipados do interior de São Paulo. O projeto é dividido em setor de audiovisuais, com hall de exposições, ateliês de aulas e o setor de formação e aperfeiçoamento de professores, possuindo três auditórios para 100 pessoas, seis auditórios para 50 pessoas, salas de reunião e administração, lanchonete, loja de artesanato e livraria, entre outras atividades.

PALCO EXPANSÍVEL

O palco do teatro tem portas que se abrem totalmente, ampliando seu espaço e integrando o espaço com um palco externo voltado para o estacionamento, permitindo o uso do espaço livre

PLANTA LIVRE

A concentração da estrutura metálica como no perímetro externo do edifício permite um espaço com maior liberdade de reorganização interna

NÚCLEO DE CIRCULAÇÃO/ ÁREAS MOLHADAS

A concentração da circulação vertical e áreas molhadas, que são mais rígidos, permitem uma distribuição mais livre dos demais ambientes.

SALAS MULTIUSO

Salas multiuso de 6x8m e 12x8m, com divisórias móveis entre si, permitindo a ampliação e uso dos ambientes para diversas atividades.

Imagem 89 | Centro Cultural Jacareí
Imagem
Imagem 93
Imagem 90| Planta do nível térreo

4.2.2| REFERÊNCIAS AFRICANAS E AFRO AMERICANAS NA ARQUITETURA

A seguir serão apresentados alguns projetos de arquitetos Africanos e AfroAmericanos realizados nos últimos anos. As referências foram de extrema importância para a compreensão da produção arquitetônica contemporânea Africana e Afro Americana e como são incorporados elementos da cultura e tradição em seus projetos. Além disso, foi possível observar como referências da arquitetura vernacular africana podem ser incorporadas em um contexto moderno por meio de soluções, forma, materiais e técnicas construtivas.

Imagem 94 | Museu Nacional de História e Cultura Afro Americana

INSTITUTO GOETHE

Local: Dakar, Senegal

Autores do projeto:

Keré Architecture

Data projeto: 2018

Área: 1.700 m²

Status do projeto: Em construção

Tipo de projeto: Institucional

O projeto busca atender ao programa do instituto, fornecendo espaços para diversas atividades como exposições, cursos de idiomas e concertos. Possúi auditório, refeitório, biblioteca, salas de aula e escritórios. O telhado cobre partes do espaço externo, que pode ser utilizado para eventos.

COBERTURA

A cobertura é desprendida do volume principal e possui estrutura metálica com pilares que mimetizam o formato de árvore

RESPEITO AO AMBIENTE TIJOLOS DE LATERITA

O projeto tem a intenção de ser respeitoso ao entorno (que inclui o Museu Léopold Sédar Senghor) e ao ambiente natural. Para isso, a construção se aproxima do tradicional e sua estrutura é moldada pela copa das árvores pré-existentes.

A laterita é uma rocha residual com grande disponibilidade local e qualidades isolantes, regulando passivamente o clima no interior do edifício. O jogo de cheios e vazios no assentamento garante uma aparência translúucida e mais leve ao projeto.

Imagem 95 | Instituto Goethe Senegal Imagem
Imagem 96| Planta do nível térreo

CENTRO DE OPORTUNIDADE PARA MULHERES

Local: Ruanda

Autores do projeto:

Sharon Davis Design

Data projeto: 2013

Área: 2200 m²

Tipo de projeto: Institucional

O projeto busca criar oportunidades e dar suporte principalmente para mulheres e fomentando a educação e o desenvolvimento de atividades econômicas como a agricultura. Através de parcerias com empresas locais, foram implantadas diversas estratégias sustentáveis como sistemas de purificação de água, biogás, banheiros de compostagem.

IMPLANTAÇÃO

O programa é distribuído em 17 blocos distribuídos pelo terreno seguindo uma ideia de aldeia vernacular

TÉCNICAS LOCAIS

Uso do tijolo como estrutura os tijolos. Os tijolos perfurados arredondados utilizados foram produzidos no local pelas mulheres

COBERTURA INDEPENDENTE

As coberturas ventiladas são adotadas em alguns projetos contemporâneos, auxiliando na manutenção do conforto térmico.

FORMATO CIRCULAR

Salas e áreas comunitárias seguem o formato circular, tradicional de algumas construções ruanesas.

Imagem 100 | Centro de Oportunidade para Mulheres Imagem
Imagem 101| Planta do nível térreo

MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO AMERICANA

Local: Washington, Estados

Unidos

Autores do projeto: Adjaye Associates

Data projeto: 2016

Área: 39,019 m²

Tipo de projeto: Institucional

Definido através de um concurso de projeto, o Museu Nacional abriga um grande programa entre exposições, teatro, café, administração e armazenamento de acervo para as grandes exposições. São tratadas diversas temáticas relacionadas à história e à cultura Afro Americana.

CONCEPÇÃO FORMAL

A forma de “coroa” foi inspirada por uma cariátide Yoruba, com as paredes inclinadas para a parte superior. Contudo, para uma integração maior com o contexto de locação, seus ângulos foram estabelecidos em 17º, como uma forma de seguir a angulação do Monumento de Washington, marco de extrema importância, localizado próximo ao edifício.

INTEGRAÇÃO COM O ENTORNO

Um dos desafios era a integração com o entorno e para isso foram adotadas diversas estratégias, como as referências formais ao Monumento de Washignton e a distribuição de parte do extenso programa em quatro pavimentos no subsolo, como uma maneira de evitar um gabarito destoante do entorno.

PAINEIS METÁLICOS

Foram utilizados 3600 painéis na cor bronze, com padrão que faz uma alusão ao trabalho de serralheria que era frequentemente feito por Afro americanos. Esses paineis tem a densidade modificável, de forma a filtrar a luz do sol e reduzir o aquecimento. Eles também podem ser utilizados como paineis de projeção. O tamanho e dos paineis tiveram como referência as pedras do Monumento Washignton.

Imagem 105| Museu Nacional de História e Cultura Afro Americana e Monumento Washington Imagem

05 PROPOSTA PROJETUAL

O presente capítulo visa apresentar a proposta projetual e trazer a análise de aspectos físicos do terreno, a legislação municipal e seus parâmetros construtivos, além de apresentar as primeiras ideias em relação ao projeto arquitetônico do Complexo de Tradições Afro-brasileiras em Itabira, contemplando o programa de necessidades, setorização, prédimensionamento, discussão de conceito e partido arquitetônico e a concepção volumétrica inicial.

Imagem 109 | Perspectiva da proposta

5.1| OS TERRENOS

Mapa 5.1.1 | Análise do terreno de intervenção

Fonte: Elaboração autoral | Base de dados: Geoportal Itabira - Geowise

LEGENDA

Edificação em desuso

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Afastamentos

Trajetória solar

Ventos predominantes

Pontos de ônibus

Principais visadas

Para atender ao programa, considerando a localização, parâmetros construtivos e área disponível, optou-se pela escolha de dois terrenos. O primeiro deles localiza-se na esquina entre a rua Dona Zezeca e a Av. Carlos Drummond de Andrade e o segundo, na esquina entre a rua Dona Zezeca e a Av. João Soares da Silva. Em uma análise físico-ambiental, percebe-se que o terreno 1 possúi topografia bastante planificada, enquanto o terreno 2, encontra-se em uma área de aclive. Os ventos tem direção predominante nordeste em grande parte do ano. O terreno 2, possúi uma visada de destaque para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, ilustrada na imagem 113.

Imagem 110 | Vista para o terreno 2
Imagem 111 | Vista para a esquina entre a Av. João Soares Silva e Rua Dona Zezeca
Imagem 112 | Vista para o terreno 1
Imagem 113 | Vista para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Mapa 5.1.2 | Insolação e ventos predominantes no entorno¹

LEGENDA

Ventos predominantes

Trajetória solar

Terrenos de intervenção

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Os terrenos localizam-se em uma área de vale, e devido ao gabarito das edificações do entorno, não possuem muitas barreiras do para insolação. Em relação aos ventos predominantes, a topografia das quadras do entorno e suas edificações, de certa forma, agem como uma barreira, logo, os ventos não são fortes no local.

A ABNT NBR 15220, essencial para o entendimento do desempenho térmico nas edificações, apresenta em sua terceira parte, um zoneamento bioclimático do país, de acordo com as temperaturas e umidade média do local. Para cada zona são apresentadas as suas características e as estratégias bioclimáticas recomendadas para um bom desempenho térmico. A Zona Bioclimática 3, deve atender cenários distintos, visto que, em um ano típico, possui horas tanto em zonas de desconforto térmico por frio, quanto de desconforto térmico por calor.

Mapa 5.1.3 | Delimitação da Zona Bioclimática 3

A cidade de Itabira pertence à Zona Bioclimática 3, e possuí como estratégias bioclimáticas recomendadas:

Zona de aquecimento solar da edificação

Zona de massa térmica para aquecimento

Zona de desumidificação (renovação do ar)

Zona de ventilação

Fonte: ABNT NBR 15220-3 (modificado)

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS

AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO

INÉRCIA TÉRMICA PARA AQUECIMENTO

VENTILAÇÃO CRUZADA

¹ Foi considerada uma insolação para o período da tarde (16h) no período do verão

PLANO DIRETOR E PARÂMETROS URBANÍSTICOS

TERRENO 2

(Zona Predominantemente Residencial II)

ÁREA: 702,95 m²

C.A: 2,2 =1.546,49 m²

T.O: 70% térreo = 492,06 m²

50% demais pavimentos= 351,475 m²

PERMEABILIDADE: 20% = 140,59 m²

04 PAVIMENTOS ACIMA DA RUA

H. máx.= 15 m

Afastamento frontal= 6 m

Demais afastamentos = 1,5 m

(edificações acima de 6m)

TERRENO 1

Zona CE I | ADEP

(Áreas de Diretrizes Especiais de Proteção ao Patrimônio Histórico, Cultural e Paisagístico)

ÁREA: 1601 m²

C.A: 1,2 = 1.921,2 m²

T.O: 70% térreo = 1.120,7 m²

50% demais pavimentos= 800,5 m²

PERMEABILIDADE: 20% =320,2 m²

02 PAVIMENTOS ACIMA DA RUA

H. máx.= 8,5 m

Afastamento frontal= 6 m

Demais afastamentos = 1,5 m

(edificações acima de 6m)

Apesar da localização em lados opostos da rua Dona Zezeca, os terrenos encontram-se em zonas diferentes segundo o zoneamento do Plano Diretor Participativo do Município de Itabira, legislação vigente desde 2016.

O terreno 1, encontra-se na zona Centralidade I. Contudo, por fazer parte de uma área especial delimitada pela proximidade ao centro histórico, os parâmetros urbanísticos vigentes são referentes à Àrea de Diretrizes Especiais de Proteção ao Patrimônio Histórico, Cultural e Paisagístico, dessa forma, o município possui o direito de preempção, com a finalidade de proteção das áreas. Além disso, em relação aos parâmetros apresentados no diagrama abaixo, é necessário reforçar que há algumas exceções para a ADEP, mediante parecer do Conselho Consultivo Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Itabira (COMPHAI), como a dispensa de recuo frontal.

Já o terreno 2, encontra-se na Zona Residencial II e permite o uso residencial unifamiliar e multifamiliar e os usos comerciais, de serviços e institucionais de atendimento local.

Para edificações não residenciais maiores que 300 m²

Nos primeiros 300 m²: 1 vaga a cada 60 m²

Para a área que exceder os 300m²: 1 vaga a cada 45 m²

*Conforme Estudo de Impacto de Vizinhança, podem ser exigidas mais vagas

*O Poder Executivo poderá reduzir ou suprimir a exigência de vagas obrigatórias para estacionamento de veículos na ADEP, com o objetivo de viabilizar a revitalização de edificação de interesse histórico e cultural existente.

VAGAS DE ESTACIONAMENTO

5.2| PROPOSTA PROJETUAL

A proposta de um Complexo Cultural de Tradições AfroBrasileiras no município de Itabira, surge como uma maneira de criar um espaço expositivo e educativo em relação à história e cultura afro-brasileira e que dê apoio aos seguintes grupos e demais demandas, que terão os espaços necessários melhor detalhados no programa de necessidades. A seguir serão retomadas a síntese das demandas coletadas:

COMUNIDADES QUILOMBOLAS

◊ Expor o histórico das comunidades.

◊ Apoiar a organização dos eventos voltados para a temática como o “Fala Quilombo”.

◊ Compartilhamento dos saberes e prática e venda dos produtos das comunidades.

◊ Espaço de acolhimento próximo ao Centro da cidade.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

◊ Expor o histórico da Igreja.

◊ Espaço de apoio à algumas atividades da comunidade.

CONGADO

◊ Espaço para as reuniões da Associação das Guardas de Marujo.

◊ Armazenamento e confecção de adereços.

◊ Ensaios.

◊ Acolhimento de representantes de Grupos de Congado de outras regiões em possíveis encontros.

CAPOEIRA

◊ Espaço para o ensino e prática

◊ Armazenamento e confecção de instrumentos

◊ Espaço para reuniões

ALFABETIZAÇÃO DE IDOSOS

◊ Salas de aula

*Demanda coletada segundo os dados demográficos de analfabetismo

5.3| CONCEITO

SANKOFA

O conceito do projeto parte da ideia de um andinkra – ideograma do povo akan da África

Ocidental que representam provérbios/ideias–podendo ser traduzido como “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”x. Pode ser representado como as voltas opostas ou o pássaro com a cabeça voltada para trás.

O conceito representaria a busca pela sabedoria em “aprender com o passado para entender o presente e moldar o futuro”x. Dessa forma, voltar as raízes seria essencial para o avanço.

EXPOSIÇÃO EDUCAÇÃO

Do histórico da população e das tradições locais

Acerca da história e cultura afro-brasileira

RESISTÊNCIA

Manutenção das práticas tradicionais

4 SANKOFA. Sobre a Sankofa. Revista de história da áfrica e de estudos da diáspora africana. São Paulo, SP, v. 15, n.26, p. 5, jan. 2022.

5.4| PROGRAMA DE NECESSIDADES, SETORIZAÇÃO, FLUXOGRAMAS E PRÉ DIMENSIONAMENTO

Para construir o programa de necessidades do projeto, foram observadas as demandas individuais de cada um dos grupos apresentados anteriormente, além de demandas adicionais que derivam da análise de dados e do apoio ao programa geral do Complexo Cultural de Tradições:

COMUNIDADES QUILOMBOLAS

♦ Espaço expositivo

♦ Cozinha comunitária/escola

♦ Local de acolhimento na região central

♦ Loja

♦ Sala de reunião

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

♦ Espaço expositivo

♦ Cozinha comunitária

♦ Sala de reunião

CONGADO

♦ Cozinha comunitária

♦ Sala de reunião

♦ Sala de administração para a Associação das Guardas de Marujo

♦ Sala de fabricação de adereços

♦ Sala de armazenamento de materiais

♦ Espaço para ensaios

♦ Acolhimento para visitantes

CAPOEIRA

♦ Sala de ensaios

♦ Sala para ensino e fabricação de instrumentos

♦ Sala de administração

♦ Sala de armazenamento de materiais

♦ Vestiário

DEMANDAS GERAIS

♦ Estacionamento

♦ Recepção

♦ Guarda volumes

♦ Área de exposição

♦ Acervo

♦ Banheiros

♦ Auditório

♦ Biblioteca

♦ Camarins

♦ Sala de diretoria do Complexo Cultural de Tradição

♦ Sala de administração do Complexo Cultural de Tradição

♦ Lanchonete

♦ Sala de aula multiuso

♦ Depósito de lixo

♦ DML

A partir da ideia inicial dos espaços necessários, o programa foi compatibilizado, reunindo algumas das demandas em um único espaço, e em seguida, dividido entre os dois terrenos.

O terreno 1, abriga o maior bloco, que atende a maior parte das demandas culturais/educacionais, das demandas práticas dos grupos e das demandas gerais do Complexo. Já o terreno 2, apesar de possuir a sala de oficinas, abriga principalmente atividades de apoio, acolhimento e administrativo.

VISITAÇÃO/RECEPÇÃO

♦ Estacionamento

♦ Recepção

♦ Guarda-volumes

♦ Área expositiva

♦ Acervo

♦ Loja e lanchonete

♦ Estoque

CULTURAL/EDUCATIVO

♦ Sala de ensaios

♦ Biblioteca

♦ Auditório

♦ Salas de aula multiuso

♦ Cozinha comunitária/escola

♦ Despensa

ADMINISTRATIVO

♦ Sala de diretoria

♦ Sala de administração

APOIO

♦ Copa

♦ Sala de descanso

♦ Vestiários/camarins

♦ Banheiros

♦ DML

♦ Depósito de lixo

♦ Almoxarifado

RECEPÇÃO

♦ Estacionamento

♦ Recepção

CULTURAL/EDUCATIVO

♦ Sala de oficinas

♦ Depósito

ADMINISTRATIVO

♦ Sala de adminstração da Associação da Guarda de Marujo

♦ Sala de adminstração organização de eventos

♦ Sala de adminstração capoeira

♦ Sala de reuniões

ACOLHIMENTO

♦ Dormitórios

♦ Cozinha compartilhada

♦ Terraço

APOIO

♦ Copa

♦ Banheiros

♦ DML/Lavanderia

♦ Depósito de lixo

♦ Almoxarifado

SETORIZAÇÃO E

SETORIZAÇÃO DOS TERRENOS | escala 1:500

Edificação em desuso

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Afastamentos

Trajetória solar Ventos predominantes Pontos de ônibus Principais visadas

LEGENDA

Afastamentos

Acesso de Veículos

Acesso de pedestres

SETORES

Visitação/Recepção

Cultural/Educativo

Apoio

Circulação

Administração

Acolhimento

A setorização foi pensada de maneira a distribuir as áreas de cultura/educação e visitação/recepção no térreo, considerando os acessos pensados para pedestres para alocar os setores de visitação. A partir do sentido das vias, foram definidas também a locação dos acessos para veículos. Os setores de circulação vertical foram locados na parte frontal dos blocos, próxima aos acessos e o setor de apoio, aos fundos de cada terreno.

FLUXOGRAMA TERRENO 1

FLUXOGRAMA TERRENO 2

Edificação em desuso

de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Afastamentos

Trajetória solar Ventos predominantes Pontos de ônibus

Igreja
LEGENDA

5.5 | PARTIDO

O conceito manifesta-se no projeto principalmente por meio do percurso criado e articulação dos “blocos” que abrigam cada um dos propósitos dentro do edifício. O início do percurso em área de exposição traz o contato com o passado, as áreas destinadas às práticas oficinas garantem a resistência dos costumes no presente e juntamente com a educação, dá a oportunidade de melhoria das condições do futuro.

O uso de materiais e tecnicas que ligam o passado e a tradição ao presente e futuro remetem à ideia adotada. Formas orgânicas que remetem ao ideograma também foram aplicadas na implantação.

1/4 1/2 3/4

Uso de módulos de 6 m e suas variações na distribuição do programa

RESISTÊNCIA

EXPOSIÇÃO RESISTÊNCIA

Junção dos blocos do programa

Junção dos blocos do programa

Distribuição pelo número de pavimentos necessários ao programa

Distribuição pelo número de pavimentos necessários ao programa

Demarcação do eixo de circulação vertical e criação do terraço (Vista para a Igreja de N. S. do Rosário dos Pretos)

Demarcação do eixo de circulação vertical

Acessos amplos no térreo integrando com o ambiente externo. Circulação panorâmica, com proveito das vistas.

Acessos demarcados pela integração com o exterior na lateral e por um pórtico na fachada principal

5.6| DIRETRIZES PROJETUAIS E DESENVOLVIMENTO PRELIMIINAR

Igreja

Áreas verdes

Afastamentos

Área de intervenção urbana

Ponto de ônibus

Edificações à construir

Deck

Pilares

Eixos estruturais

Curso D’agua (canalizado)

APROXIMAÇÃO | escala 1:500

Edificação em desuso

Afastamentos

Trajetória solar Ventos predominantes Pontos de ônibus Principais visadas

A implantação dos edifícios procura integrar as duas fachadas de cada um dos lotes e direcionar os acessos, delimitando-os através dos canteiros e seguindo formatos orgânicos. Apesar dos estacionamentos no subsolo dos edifícios, em cada um dos terrenos foram alocadas duas vagas de estacionamento.

No terreno 1, ao longo da fachada leste, onde encontra-se a loja foi alocado um deck que possa servir como uma extensão da área de mesas. Na outra extremidade do terreno, foi alocado um espaço livre.

Já no segundo terreno, o caminho conecta diretamente as duas esquinas do lote, e integra-se à sala de oficinas voltada para a Av. João Soares Silva e a entrada principal, na rua Dona Zezeca.

de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
LEGENDA
LEGENDA
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
LEGENDA

VOLUMETRIA

VOLUMETRIA NO ENTORNO

Vista para o Bloco B
Vista para o Bloco A
Vista para a rua Dona Zezeca

Para o sistema estrutural do edifício, foi decidido pela ESTRUTURA METÁLICA adotado por ser uma construção racional, rápida e que permite grandes vãos, contribuindo para a criação de ambientes com maior flexibilidade. Aliado ao contexto regional, de uma cidade mineradora e próxima à cidades que processam o aço, o material torna-se uma escolha apropriada. O vão máximo utilizado foi de 12 m, considerando questões logísticas de transporte do material.

DIAGRAMA INICIAL DO LANÇAMENTO ESTRUTURAL

OUTROS MATERIAIS

VIGAS E PILARES

Serão utilizados pilares em perfil H e vigas em perfil I, com alturas a definir conforme pré dimensionamento, em tamanhos padronizados, seguindo os módulos.

LAJES

Permite uma construção rápida e consideravelmente mais limpa, utiliza chapas de aço e concreto, dessa forma, configura-se como um sistema misto.

VEDAÇÃO EXTERNA

Pretende-se utilizar os tijolos de solo cimento, alternativa simples e mais sustentável. Também confere identidade aproximada às referências arquitetônicas analisadas.

VEDAÇÃO INTERNA

O dry wall permite uma construção rápida, e com maior flexibilidade para possíveis adaptações necessárias, além de conferir as propriedades necessárias, como o isolamento.

ESQUADRIAS

Pretende-se utilizar madeira, trazendo um ponto da tradição construtiva, combinada ao vidro de baixa emissividade (low-e), que confere propriedades que melhoram o conforto térmico interno da edificação.

Para a cobertura, pretendese utilizar da estrutura metálica, permitindo uma maior plasticidade. O material da vedação será definido conforme melhor adequação ao formato adotado.

COBERTURA

Pretende-se utilizar algumas estratégias e sistemas adicionais para reduzir os impactos e promover uma maior autonomia da edificação. São estas:

ENERGIA FOTOVOLTÁICA

Serão realizados estudos para garantir a geração própria de energia nos edifícios, por meio de sistema de placas fotovoltáicas, uma fonte limpa e que pode promover autonomia ao edifício.

COLETA E REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA

Por meio da coleta e reaproveitamento da água pluvial e de reutilização de águas cinzas, pretendese reduzir o impacto do consumo do edifício.

DRENAGEM

Uso de estratégias como jardins de chuva e pisos drenantes para garantir melhor drenagem no terreno.

5.7| CONCLUSÃO E PRÓXIMOS PASSOS

Foi possível, ao longo do desenvolvimento do trabalho, compreender melhor as questões relativas à cada manifestação que levaram ao programa de necessidades, e dessa forma, iniciar o desenvolvimento do projeto arquitetônico do edifício, contudo, cabe o melhor desenvolvimento da proposta e, em seguida, seu detalhamento, na disciplina ARQ 399 - Trabalho de Conclusão de Curso II. Logo, as propostas podem sofrer alterações conforme as necessidades do projeto.

Algumas questões à serem trabalhadas na próxima etapa serão delimitadas a seguir:

PROJETO ARQUITETÔNICO

◊ Pré dimensionamento estrutural

◊ Estudos de layout e definição de planta baixa

◊ Melhor desenvolvimento da volumetria do projeto

◊ Otimização e solução dos estacionamentos

◊ Solução das coberturas do projeto

◊ Solucionar áreas técnicas e sistemas utilizados

◊ Composição de fachadas

◊ Definição de demais materiais

IMPLANTAÇÃO

◊ Melhor solução de integração entre o espaço livre e o edifício

◊ Desenvolvimento do paisagismo

◊ Qualificação das áreas verdes e da praça no Terreno 1

INTERVENÇÃO URBANA

◊ Deslocamento do ponto de ônibus e criação de nova estrutura

◊ Estudo da integração entre os edifícios e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

◊ Soluções de melhoria de acessibilidade e segurança no trânsito (proposição de nova solução de travessia)

◊ Intervenção urbana de demarcação do Complexo Cultural (principalmente através de pintura no piso)

BIBLIOGRAFIA

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Imagem 6 | Imagem de Abdias do Nascimento.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico

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IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico

2022: Agregados por setores. Rio de Janeiro: IBGE, 2023.

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6.2| REFERÊNCIAS IMAGENS

Imagem 1 (Capa):

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Imagem 3: Apresentação de Congado na Festa de celebração do Triunfo Eucarístico em Ouro Preto [S.d.]. Fotografia. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/641129696991000154/>. Acesso em: 01 jun. 2025.

Imagem 4: LÁZARO, R. “Caminhada do bloco Afro Olodum no Bairro da Ribeira, Salvador, 1990”. 1990. Fotografia. Disponível em: < https://revistazum.com.br/radar/arquivo-zumvi/attachment/00084caminhada-do-bloco-afro-olodum-no-bairro-da-ribeira-ba-anonoventa-lazaro-roberto/ >. Acesso em: 03 jun. 2025.

Imagem 5: Colagem (modificada) [S.d.]. Fotografia. Disponível em: < https://br.pinterest.com/pin/3799980927278094/ >. Acesso em: 03 jun. 2025.

Imagem 6: Movimento Negro Unificado [S.d.]. Fotografia. Disponível em: < https://br.pinterest.com/pin/641129696990915656/>. Acesso em: 03 jun. 2025.

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