Mini-Prosa musicoteca Roberta Martinelli

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ROBERTA MARTINELLI POR LETUCE A Roberta já chegou sorrindo, com a boca, com os olhos, com as mãos... A Roberta sorri toda, né? Logo nos percebemos igualmente capricornianas, deliramos rápido, com pouca intimidade, fez-­se um elo astral. O que ela faz no Cultura Livre é tão importante, e talvez ela mesma não tenha noção do quão importante é. Ali eu conheci outras bandas, ali eu me apresentei umas 3 vezes e gente do Brasil todo me mandou mensagem depois. A Rober-­ ta é curiosa, engraçada, inteligente, figura, querida demais. E animada. Um dia, eu cario-­ ca tosca, estava com muito frio em SP, e pedi para ela comprar uma meia-­calça de lã pra mim a caminho do Cultura Livre. Poxa, não é que ela comprou? E o carro dela parou de funcionar, e sei lá mais o quê, mas ela chegou com aquela simpatia, e eu fiquei mais quenti-­ nha. Viva a Berta!

ROBERTA MARTINELLI POR FELIPE CORDEIRO

Roberta Martinelli é a embai-­ xadora classe A das novas músicas brasileiras.

Roberta – Ah, e eu me encantei com aquelas pessoas. Eu tinha crescido em outro meio, sabe? E ver pessoas que passam o dia se preocupando com o corpo, com o que você está sentindo, como você vai tocar a pessoa, como você faz pra encan-­ tar o mundo... tipo, são preocupações tão mais nobres, né? Eu poderia ajudar muito mais do que tentando resolver o siste-­ ma carcerário, que ia ser uma coisa super difícil e com pessoas muito mais quadradas, no caso, no caminho. E eu achava que ali ia ser tudo muito mais importante, eu ia conseguir muito mais e ia ser mais feliz. Cristina – Você encontrou seu nicho, né? Você, por algum motivo você se sente bem nesse meio... Roberta – É. Aí, fui fazer teatro, fui fazer [Escola Superior de Artes] Célia Helena e minha vida era o teatro. Eu nunca pensei que eu pudesse viver sem teatro na minha vida. Enquanto eu fazia o curso, eu pensava: “Nossa, quando eu acabar, se eu não conseguir trabalhar com isso, eu vou ser a pessoa mais infeliz do mundo”! Eu me formei. O Célia Helena eram 3 anos de curso. Eu fiquei no Célia Helena e, ao mesmo tempo, eu fazia parte de um grupo de teatro na USP. Então, eu fazia peças na USP super experimentais e, no Célia Helena, a gente fazia uma peça por semestre. É meio um estudo, mas para os alunos é a peça da vida, sabe? Aí, no último semestre, a gente fez uma peça de formatura e entramos em cartaz com essa peça. Depois, eu virei assistente de direção do diretor da peça e aí eu comecei a perceber que era muito difícil trabalhar com teatro. Eu era a mais velha do meu grupo e eu acho que, por isso, eu senti mais o desespero de não ganhar dinheiro. Como é que eu ia fazer? Tive que começar a dar aulas... eu tinha largado a faculdade de Direito e chegou um momento em que eu não tinha como ganhar dinheiro. Aí eu comecei a dar aulas de teatro, de artes. Tentei de todas as maneiras... 8


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