6 YEARS OF MUSICBOX

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‘Musicbox, como marco inovador’

‘É uma casa de arte e de cultura’

Quando os loucos anos do após-guerra transformaram a Rua Nova do Carvalho num mar de roupa branca e azul, vestida pelos milhares de marinheiros que aqui aportaram de regresso a casa, os velhos bares Lusitano, Atlântico, Filadélfia e Europa, dominavam o mercado das mulheres fáceis, do whiskey “marado” e dos rios de cerveja nacional. A animação fazia-se através de velhas caixas de música, eventualmente reformadas do oeste americano ou embaladas no Paris-Texas... Acidentalmente, ou não, nos baixos do arco que sustenta a Rua do Alecrim e em armazém que se dedicava a aprestos navais, surgiu o Texas, que logo se distinguiu dos seus colegas de negócio, pela inovação das instalações e pela dinâmica musical introduzida no meio-ambiente, sustentada por um agrupamento criado para o efeito, por três ou quatro cegos retirados da rua, mas excelentes intérpretes do que era moda na altura... A inovação obrigou a que os velhos dinossauros copiassem a iniciativa. Durante muito tempo, e enquanto as music boxes não apareceram com todo o seu esplendor tecnológico de luz e som, a música dos ceguinhos campeou nos bares existentes. Refere-se o surgimento do Texas para que, com a curiosidade e coincidência que os nomes trazem até nós, destaquemos que exactamente no mesmo local, com novo nome de baptismo e com padrinhos jovens, modernos e arrojados, surgisse agora a Musicbox, como marco inovador, a dizer-nos que aqui, nesta rua e neste local tão marcado por preconceitos, era possível a procura e o cultivo de outras iniciativas culturais, com a consequente alteração do estigma da velha Rua Nova do Carvalho, filha direita do seu pai Cais do Sodré.

Assim muito directamente, existem dois tipos de bares: os bares que anunciam um mundo de novidades, um sem fim de actividades paralelas e acabam apenas a vender copos. E depois existem aqueles que cumprem muito mais do que aquilo que prometeram. O Musicbox é um destes últimos e felizes casos e, também por isso, é muito mais do que um bar no sentido tradicional do termo. É uma casa de arte e de cultura. Começou sorrateiramente a mexer os seus tentáculos e hoje é uma das forças mais activas de Lisboa. E isso sente-se até no Porto, a cidade onde vivo. É algo que se sente à distância. Pela linha da programação, pelo volume da agenda, pelas “marcas” culturais que inventou e soube gerir, pela novidade que muitas vezes imprime nas suas escolhas, pelo risco e pelo bom gosto das suas propostas. E isto tudo em apenas seis anos. Espantoso. Venham mais seis a multiplicar pelo número que quiserem.

Alfredo GonçalvES Empresário. Vestotel, Cais do Sodré

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‘O Musicbox é um pulmão criador. É um fora da caixa’ ANA MESTRE DESIGNER

Seria redutor falar simplesmente da actividade do Musicbox, quando tenho a alma cheia das pessoas que o idealizaram e que o constroem diariamente. Quando tenho a memória dos dias e das noites passadas em torno da concretização de um projecto que é muito mais do que a sua face visível. Quando tenho a memória de vocês os quatro (Gonçalo, Alex, João R., João T.) a construírem a possibilidade de uma ideia chamada Velvet (saibam!) e, só mais tarde, Musicbox Lisboa. Quando diariamente vivo lado a lado, no escritório partilhado, com a sua equipa criativa e de produção que o inunda (a ele Musicbox) de inspiração, dedicação, perfeccionismo e de uma força intrínseca que só os que ousam sonhar possuem. O Musicbox é um pulmão criador. É um “fora da caixa”. É um brilho diurno que todas as noites se transforma em magia sonora. É um tributo contínuo à cultura musical e artística contemporânea. É uma certeza que nenhuma crise irá parar. Sei que me arrisco a que me censures o texto, mas digo-o com toda a (im)parcialidade que me mereces: o Musicbox és tu, Gonçalo, que sonhaste alto e de forma brilhante. É simplesmente assim. E é assim que és Musicbox!

André Gomes Jornalista (Bodyspace.net)

‘They always seem to give the artists an experience they always will remember’ Bob Van HeuR Agente (Belmont Bookings)

We have been working with Musicbox for several years now and it always has been an absolute pleasure. Musicbox really cares about the bands who are playing their venue. The production of the shows is always top-notch and the hospitality is from an outstanding level. They always seem to give the artists an experience they always will remember and giving them great memories about Portugal, Lisbon and Musicbox.

‘Acredito que 95% do sucesso do Musicbox assenta no respeito’ Bruno Martins Jornalista (Metro)

Bem sei que são só seis anos e, apesar de me ter esforçado bastante, não me consegui lembrar da primeira noite em que estive no Musicbox. Talvez o “barulho das luzes” tenha relegado as lembranças dessa noite para universos da mente mais inacessíveis... Mas, felizmente, ao fim destes seis anos, recordo-me de muitas outras noites. Vejo as noites do Musicbox como lições de bom gosto. Foi aqui que assisti a alguns dos concertos mais marcantes dos últimos anos.

Principalmente, pela proximidade que os artistas criam com o público. Pela diversidade de géneros: do rock ao hip hop, passando, obviamente, pelo registo mais electrónico. Ou as noites temáticas – recordo-me de “poetry slam” ou o trabalho dos Reservoir Dogs com as músicas dos filmes de Tarantino. E consigo eleger o concerto dos The Stepkids, em Dezembro de 2011, como o melhor que já vi no Musicbox. Acredito que 95% do sucesso do Musicbox assenta no respeito. Por toda a gente que frequenta esta sala: funcionários, artistas e público. Construíram uma casa de programação ecléctica e desafiante, que já é um dos pilares do movimento cultural e criativo de Lisboa. Parabéns!

‘a highly concentrated compendium of everything that is strange, dark and beautiful’ CHERYL Collective Arts Collective NY

The first time it was suggested that we bring our New York-based dance party to Lisbon, we were surprised. “Portugal? Really?!”. We had NO IDEA what we were getting into. Fast forward a few years and Lisbon is our favorite European city to visit on tour. And every time we’re in town, there is only one venue we stop at – the Musicbox. From the beginning, Pedro welcomed us with open arms and showed us the magic, mystery and mayhem that is Lisboa. That magic translated into extremely awesome events at the Musicbox, somehow it all worked. CHERYL + Musicbox = insane disco bloodbath of Portuguese people, many of whom have become our close friends. Why does it work? We think it has to do with the club’s amazing sound system, enormous video projections, killer staff, and a regular crowd that is always down to party, get weird, and try something different. Oh, and the fact that the club is a secret fort inside an old bridge that used to be a brothel isn’t hurting the vibe. The Musicbox is a highly concentrated compendium of everything that is strange, dark and beautiful in the land of Lisboa.

‘trabalha-se de coração, com muita cabeça’

DAVIDE PINHEIRO Jornalista

O Musicbox esconde-se debaixo da Rua do Alecrim, no arco que separa o Cais do Sodré dos marinheiros e o dos engenheiros civis, mas não raras vezes a fila à porta dá para os dois lados. O Musicbox é isso, um clube agregador de géneros e diferenciador nas propostas, culturalmente activo, próximo da mente e do corpo. No Musicbox trabalha-se de coração, com muita cabeça. Há uma política artística exemplar e equilibrada entre concertos, DJs e residências como a do Cais do Sodré Funk Connection, a banda mais cool do bairro. No Musicbox, já vi concertos, ouvi e fui também DJ, já passei o ano, já troquei ideias, olhares e beijos. Sábado, estou lá outra vez.

‘senti-me em casa logo no primeiro gig’ DJ Ride Produtor/DJ

Foi a minha primeira actuação “mais a sério’’ em Lisboa. O meu álbum de estreia ‘’Turntable Food’’ tinha saído há poucos dias, e ia apresentá-lo em formato live act com alguns músicos amigos no Musicbox. Estávamos em 2007, lembro-me de termos entrado e ter havido aquele click, de ter adorado a energia do espaço, assim como as condições técnicas e, estranhamente, senti-me ‘’em casa’’ logo no primeiro gig. O concerto correu bem, apesar do nosso ‘’amadorismo’’ na altura, e olhando para traz é engraçado perceber que nunca tive uma noite que corresse mal no Musicbox. Posso dizer que é o único espaço onde tenho mantido uma residência, paralelamente ao meu crescimento como DJ e produtor, e coisas dessas nunca acontecem por acaso. Dos ‘’simples’’ DJ sets e live acts passámos a ter uma relação mais séria com as noites Rock it, onde toco e faço a curadoria e que tem sido um dos projectos mais estimulantes para mim. É raro encontrar um espaço que reúna tantas qualidades e uma equipa tão open mind, principalmente no nosso país, e quando isso acontece, só nos resta continuar a apoiar e a aplaudir. Obrigado!

‘cada noite é um desafio e nunca está ganha’ Hugo Moutinho Louie Louie/DJ

O Musicbox surgiu na altura certa. Lisboa precisava de uma sala que pudesse albergar, no mesmo espaço, concertos e DJs de vários estilos, sem perder de vista a vontade de mostrar nomes consagrados e dar oportunidade a ilustres desconhecidos, antes de se tornarem grandes. Ao longo destes seis anos, o Musicbox soube perceber qual o caminho a seguir, reinventando a programação sempre que a vontade de mudar falasse mais alto. Foram muitas as noites que passei no Musicbox, seja a ver concertos, a dançar ou como DJ. Lembro-me, em particular, dos concertos de El Guincho, WhoMadeWho, Chain And The Gang, The Discotexas Band e Rebeka, pela entrega das bandas e pela reacção do público, que dá em troca aquilo que recebe. Lembro com especial carinho os meus DJ sets no Musicbox. Cada noite é um desafio e nunca está ganha. Quem enche a pista quer, acima de tudo, divertir-se e ser conquistado, e sabe-me bem ver sorrisos no final da noite.

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