Catálogo da exposição Aesthesis - 2015

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Aesthesis Carlos Batista

09 de setembro a 04 de outubro 2015


Obra de capa SĂŠrie Desencontro Carlos Batista / TĂŠcnica Mista / 61x95 cm


APRESENTAÇÃO Carlos Batista, ou apenas Carlinhos, no início da década de 90 começa a desenhar e a pintar influenciado pelo meio artístico cuiabano. Bené Fonteles, mestre da xerografia que aqui atuou nos anos de 1980, e Adir Sodré foram os seus primeiros estimuladores. Mas foi inspirado na geometria gráfica de Wlademir Dias-Pino que ele encontrou o fio condutor para deslanchar o traço e despertar o veio construtivo que anima o seu trabalho. Pinta como se fizesse viagens aéreas para captar visões cartográficas, tem a capacidade de apreender a “essência” da ideia-forma de onde parte para alcançar a abstração. A exposição de Carlinhos reúne doze obras de duas séries: Desencontros e Silêncios Caqui, inspiradas em fragmentos de poemas de Silva Freire e no Movimento Intensivista. A mostra apresenta uma explosão de significados por experiências e energia criadora do artista que estão impulsionadas pela “Aesthesis”, termo grego que expressa o sentir que está subordinado e relacionado aos sentidos físicos. Para tanto, identificamos como Aesthesis o ato criador do artista que envolve todos os seus sentidos físicos na criação e ideia de suas imagens, que apresenta cenas imaginadas que prendem a atenção, causando efeitos de ilusão no espectador. A estética apresentada nas obras causa um efeito positivo no leitor que renova ou amplia sua percepção, conforme observa Aline Figueiredo: “Não tem o apelo do decorativo e da estilização, e que imprime personalidade em cada uma de suas folhas”. Traz sobre o papel técnicas mistas em acrílica, areia lavada, linhaça, cera e lápis de cera, e em seguida se procede à raspagem, ou seja, raspa ou lixa o excesso do que se acrescentou para assim alcançar texturas e exercitar a pesquisa de cores. O Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, e o Museu de Arte sentem-se honrados de receber a exposição do artista Carlos Batista e deseja que todos possam sentir e adentrar ao mundo das energias criadoras de suas obras. Viviene Lozi Rodrigues Diretora Executiva do Museu de Arte de Mato Grosso


SĂŠrie Desencontro Carlos Batista / TĂŠcnica Mista / 61x95 cm


AESTHESIS Não haveria outra forma de encarar a contemporaneidade de Carlinhos – Carlos Batista – que não a de compreender, profundamente, sua busca por novas ideias de arte e sua relação específica com o próprio pensamento. Carlinhos é um pulsar criador, que se move continuamente entre aquilo que pensa e concebe o novo e aquilo que faz esse novo se projetar em suas telas, em grafismos sempre infinitos, em silêncios instigantes, em protestos disfarçados, em liberdade absoluta. Passa, sob e sobre o seu pensar, no seu fazer e no nosso ver, uma frase pontual do artista, também contemporâneo, Wlademir DiasPino: “você é responsável pelo que vê”. Assim, nos responsabilizando pelas leituras que fazemos da obra de Carlos Batista, não só nos deparamos com as experiências aesthésicas do artista como, principalmente, com as nossas próprias. Porque, de acordo com a citação de Dias-Pino, vemos o que queremos ver. E Carlinhos nos permite ver o que queremos ver. Neste caminho, encontramos a série Silêncios Cáqui. O que vemos? Solidão? Devastação? Nascido no concretismo da união entre forma e conteúdo, Carlinhos busca exatamente isso – dar-nos a liberdade de absorver sua própria liberdade de criação; dar-nos liberdade para compactuar, com ele, o absurdo maniqueísmo da luta entre o ser e o ter, o bem e o mal, o espírito e o pragmatismo –, do qual a consciência não nos livra, ao qual estaremos presos porque precisamos escolher, decidir, definir. Tudo claro e evidente no fragmento das escrituras do poeta Silva Freire: “quando o óleo da tristeza não se mistura”. Denúncia, lucidez, posição, postura. Silêncios Cáqui nos remete a tudo aquilo que não se fala abertamente: solidão sim, devastação sim, catarses sim. São obras com texturas que prometem ampliar nossa interação; com óleos da tristeza que não nos arriscamos a reconhecer, mas que, contudo, nos devolvem à nossa própria experiência. “Depois que o fogo passou” – outro excerto da escritura de Silva Freire – nos dá a certeza de que por ali havia vida. Há vida. Porque o fogo passou, desolador, mas não findou o grande Processo. Suas obras raramente recebem títulos. Para quê? Limitar a imaginação de quem vê? Impedir novas conclusões, novos pensamentos, novos fazeres? Carlinhos prefere que suas obras sejam sempre “uma explosão de significados, um ponto que emana ondas, força, magnetismo para todos os lados”. Sem títulos, o indivíduo brinca com seu próprio repertório – o que foi mesmo que você viveu? – questiona-se.


Intensa do intenso Intensivismo criado por Silva Freire e Dias-Pino, no entanto não é caixa ressonante do movimento. É sim, um ajuntamento de coisas novas trazidas por antiga semeadura: texturas, geometrias, planos diferentes – tudo isso nos dá a sensação exata do “aqui e agora e o É da coisa”. Seu trabalho é presente, é sempre o agora. Porque o seu pensamento – louco, fugidio, prolixo, amplo, aberto, livre – também é o agora. Os quadrados – quase sempre presentes naquilo que faz – significam, segundo o artista, “forças representadas por horizontais, verticais e diagonais (quase nunca vistas), que são a cara da inflexibilidade, da razão absoluta, do radicalismo, do pragmatismo”, que são, de repente, quebrados e desmontados pelos seus traços orgânicos, inseridos sinuosamente, como que acompanhando o voo do espírito, da sensibilidade, da liberdade. Abusando do paralelismo entre a comunicação visual e as demais linguagens, encontramos a série Desencontros. Mas, se colocarmos as obras de cabeça para baixo – Carlinhos tem o hábito de não assinar embaixo das obras, para que nunca tenha “para baixo” ou “para cima” – continua sendo Desencontros? As composições visuais de Carlinhos sempre hão de representar conceitos em contextos espaciais – e todos eles têm uma sustentação irreversível nas coisas do mundo, seja através das acertadas palavras de Silva Freire ou Wlademir; seja por meio da observação da inquietude humana; seja através da finitude dos recursos naturais ou ainda, e principalmente, através do choque do indivíduo com a realidade. As cores em suas obras tampouco são aleatórias – ou indicam vida intensa ou indicam o nada. Aí, o encontro com a antecor: cores da morte, da fumaça, das destruições. Tudo nele são embates, movimentos, passagens, questionamentos. Carlinhos é assim. O artista inquieto, intenso, brilhantemente inteligente que faz questão de que sua obra fale por ele. E ela fala enquanto ele nos fala: veja, interprete – comungue comigo a incrível função da Arte. O Museu de Arte de Mato Grosso está honrado em receber este artista que fala da vida, da natureza, do espírito humano. Honrado por ingressar no mundo contemporâneo de Carlos Batista. Tânia Arantes Coordenadora de Projetos do Museu de Arte de Mato Grosso


Série Silêncios Cáqui Carlos Batista / Técnica Mista / 65x45 cm


CARLOS BATISTA

Carlos Antônio Batista da Silva – Recife, PE, 1955. Desenhista. Reside em Mato Grosso desde 1980. Participou das coletivas: Festival de Inverno (2001); Mostra de Artes Plásticas; Galeria Pellegrim (2002/03), todas em Chapada dos Guimarães, por ocasião dos Festivais de Inverno; XXII e XXIII Salão Jovem Arte Matogrossense (2003/04), obtendo prêmio Aquisição no XXII; Coletiva de Outubro (SEC, Cuiabá, 2004); Sala de Artes do Empório (São Jerônimo, Alto da Lapa, SP, 2005); Caminhos da Coluna Prestes (XXIII Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães, 2007); Mostra Individual na Galeria Pellegrim (2007); Mostra Oficina na Escola (Moitará Sebrae Center, Cuiabá, MT, 2008); Percurso [Magia Propiciatória], Museu de Arte e Cultura Popular de Mato Grosso (2014); Três Décadas de Artes Visuais em Mato Grosso, Museu de Arte (2015).


Série Silêncios Cáqui Carlos Batista / Técnica Mista / 65x45 cm


Série Silêncios Cáqui Carlos Batista / Técnica Mista / 65x45cm


FICHA TÉCNICA Governo do Estado de Mato Grosso Governador do Estado Pedro Taques Secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso Leandro Carvalho Secretária Adjunta de Cultura Regiane Berchiele Diretoria Executiva - Associação Casa de Guimarães Érika Abdala Eduardo Espíndola Museu de Arte de Mato Grosso Diretora Executiva Viviene Lozi Coordenadora de Projetos Tania Arantes Assessoria de Comunicação e imprensa Lidiane Barros Protásio de Morais Administrativo Hozana Almeida Monitores Natália Nogueira Nathalye Pereira Patrick Goulart Serviços Gerais Anderson Amoim Mara Rúbia Vanessa Lira


Museu de Arte de Mato Grosso Rua Barão de Melgaço, nº 3565, Centro,Cuiabá – MT Aberto de Terça a Domingo das 9h às 17h Tel.: (65) 3025-3221

PRODUÇÃO:

PARCEIROS:

REALIZAÇÃO:

MUSEU DE ARTE DE MATO GROSSO

Museu de Arte MT


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