Saúde bucal de crianças indígenas Parkatêje Uma estudante de Odontologia, pesquisadora iniciante do Museu, foi até a tribo dos Parkatêjê estudar a saúde bucal das crianças Alice Martins Morais, Agência Museu Goeldi
Uma das principais perguntas que faz o estudo desenvolvido na Iniciação Científica do Museu Goeldi se refere à relação entre aleitamento materno e saúde bucal. Um projeto de pesquisa da estudante de Odontologia e bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Dimitra Castelo Branco, relaciona a saúde bucal das crianças da etnia Gavião com determinantes socioeconômicos, históricos e culturais.
Dimitra Castelo Branco
M
Informativo do Museu Paraense Emílio Goeldi
Ano 30
N° 68
Março de 2014
ISSN 2175 - 5485
Danilo Gustavo Asp
udanças na dieta alimentar das populações indígenas como a inclusão de alimentos oriundos de uma cultura não indígena podem representar risco para a saúde dos dentes dentre crianças da etnia Gavião que residem no sudeste do Pará. Como resultado de entrevistas com 20 mães habitantes da aldeia Parkatêjê, além de um levantamento odontológico junto a 34 crianças, estudo desenvolvido no Museu Paraense Emilio Goeldi revela, que, apenas metade delas, já havia recebido orientação odontológica em sua vida.
Crianças da tribo dos Parkatêjê em atividade bucal
O estudo da acadêmica do quarto ano do curso de odontologia da Universidade Federal do Pará, Dimitra Castelo Branco, integra o projeto “Estudo de Antropologia da saúde-doença para atenção á saúde indígena”, coordenado pelo pesquisador Antonio Maria de Souza Santos, orientador de seu trabalho e pesquisador do Museu Goeldi. Motivações para a pesquisa – Em 2009, Dimitra ingressou no curso de odontologia da UFPA e era estágiária voluntária na área de Antropologia da Saúde Indígena no MPEG. Nesse mesmo ano, ela participou da Conferência de Educação Escolar Indígena em Marabá (Aldeia Kyikatêjê) e Belém e pôde ter seu primeiro contato em campo com povos indígenas, em especial com a etnia Gavião. A cultura indígena tem sofrido diversas alterações com o contato com a sociedade não-índia, aí incluída a alimentação, num rompimento da dieta tradicional e a incorporação de alimentos industrializados. Esses fatores têm levado a uma crescente deterioração dos dentes dos indígenas, ocasionando perdas e a necessidade de uso de prótese dentárias. Dentre as variáveis estudadas por Dimitra estão: tempo de aleitamento materno, dieta cariogênica (rica em açúcar que facilite e funcione como um fator de desenvolvimento de cárie) e hábitos de higiene bucal em crianças indígenas.
Para Dimitra, “além das atividades educativas, algo explicitado como necessidade pela comunidade, os dados relacionados à higiene e à dor obtidos a partir dos questionários nos mostraram que há a necessidade de realizarmos levantamento epidemiológico da condição de saúde bucal”, o que fica para uma segunda fase do estudo. Três projetos sobre antropologia da saúde-doença indígena são referência para a pesquisa desenvolvida por Dimitra Castelo Branco. – “Valorizando Talentos na Área Indígena”; “Etnicidade Humanização e Saúde Indígena” e “Família Indígena Brasileira Fortalecida” compõem quadro de cooperação científica entre o Escritório da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em Belém; o Museu Goeldi e a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde).
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Destaque Amazônia
Ano 30
N° 68
Março de 2014
ISSN 2175 - 5485
Dimitra Castelo Branco
Também foi verificado que a orientação de escovação (limpeza) da boca e dentes por profissional de saúde foi relatada por metade das crianças, deixando a outra sem atendimento odontológico. Relatos entre as crianças revelam dor de dente como uma constante ainda que a ingestão de alimentos do tipo (doces, salgadinhos, biscoitos recheados, entre outros) entre as refeições tem freqüência limitada com consumo verificado de 1 a 3 vezes por mês.
Pg. 4 e 5
Camila Travassos
Dimitra conta ainda que “após as visitas, as crianças foram reunidas para a realização de atividade de educação em saúde bucal”, onde foi possível verificar “os conhecimentos relacionados à higiene bucal, bem como orientar sobre a prática de escovação e escovação supervisionada com a presença e participação das mães”.
No nordeste paraense, a área de exploração de sal no início do século XX, constitui hoje sítios históricos - São Roque e Ilha do Jabuti, na estrada da bela praia de Ajuruteua, em Bragança. História oral e documentos compõem estudo do Goeldi.
Antônio Carlos Lobo Soares
Em campo, Dimitra foi até as aldeias do povo Parkatejê, da etnia Gavião, Terra Indígena Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Pará. Lá, Dimitra contou com a ajuda de uma estudante de odontologia da tribo, Inara Totoré. Juntas, aplicaram questionários para levantar informações socioeconômicas, dados sobre a dieta, os hábitos de higiene e sobre amamentação. Foram entrevistadas 20 mães da Parkatêjê que receberam orientações sobre higiene, entregando, inclusive, material visual demonstrativo das práticas.
Das marés amazônicas, o sal da vida regional
Som nas cidades
A flora da urbana
Cuidados e saúde
Medição do barulho em parques e praças da cidade de Belém é essencial para identificar paisagens sonoras e maneiras de garantir sossego e saúde. Pg. 6 e 7
Estudo de espécies vegetais em áreas de preservação é indicativo de sustentabilidade ambiental no entorno de grandes centros urbanos como Belém. Pg. 2 e 3
Pesquisa investiga como manter a saúde bucal entre indígenas Parkatejê diante da introdução de alimentos estranhos à sua cultura original. Pg. 8