MURAL 81

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MUSEU DO NAUFRÁGIO NA PRAIA DOS INGLESES #PASSANASAMSUNG NA FEIJOADA DO CACAU SKATE OLÍMPICO DE FLORIPA PARA TÓQUIO A FORÇA DO SOBRENATURAL NA ILHA






EM DIA COM OS NOVOS TEMPOS

foto LAURA SACCHETTI

EDITORIAL

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T

oda edição da Revista Mural é especial! Mas esta, a de n.o 81, é emblemática: começou a ser produzida no calor do calor do verão, com a energia de um início de ano feliz e promissor, repleto de festas, comemorações, novidades e muita gente linda circulando pela nossa querida Floripa. De repente, nos encontramos com uma pandemia, que impôs mudanças de comportamento, regras de convivência e limitações de contato... quanta novidade – e diferença. Mas a gente está aqui! Com o carinho de sempre e com novidades: como resultado desse aprendizado, vem aí o portal da Revista Mural. Será mais uma forma de estar em contato com você. Bem eu, que acreditava que nunca iria abraçar também a comunicação online. Ainda vamos falar do portal, mas por ora seguimos apresentando esta edição, que traz na capa o advogado Pedro de Queiroz, que aos 44 anos está ainda mais motivado e preparado para se dedicar cada vez mais à advocacia, valorizando a vida e o que dela escolhe como essencial. Você vai gostar de conhecer um pouco mais desse cara gente boa, de sorriso largo e extremamente focado na profissão. Em uma das últimas festas do verão, a tradicional Feijoada do Cacau, a Samsung mostrou o quanto gosta de inovar, colocando nas mãos dos fotógrafos da Mural os modernos S10. Nossa equipe aprovou a qualidade e performance do aparelho. Ilha abençoada, Florianópolis guarda em suas águas provavelmente o mais antigo acervo europeu que existe em nosso Estado, e parte dele tem sido apresentada ao público no Museu do Naufrágio, instalado no Canto Sul dos Ingleses, em espaço cedido pelo Costão do Santinho. Fui lá com a Laura Sacchetti e a Lu Zuê para encontrar o Narbal Corrêa, presidente do Projeto de Arqueologia Subaquática – o PAS –, visitar o espaço, bater um papo legal com o pessoal e saber das novidades sobre a possível mudança de endereço. E aproveitando que estava pertinho do Costão do Santinho, a Lu foi conferir também o que acontece por ali em relação aos esportes. Seja no golfe ou nas corridas noturnas, o Costão continua dando show, e você vai ver. Florianópolis ganhou atributos a mais, que fazem brilhar os olhos: alargamento da faixa de areia em Canasvieiras, revitalização do Largo da Alfândega e a Praça São Luís, ainda em processo de construção, são três melhorias que agregam muito à Capital, tanto no que diz respeito à beleza quanto à recuperação da história local. E por falar em história, trouxemos também o capítulo final de uma longa história de saudade: a Ponte Hercílio Luz foi devolvida aos catarinenses no dia 30 de dezembro de 2019, e na primeira semana passaram por suas pistas e passarelas cerca de 1,18 milhão de pessoas. Um recorde de público. E agora, a questão: qual será o melhor uso para a nossa querida, linda e recuperada ponte? Vamos acompanhar... Do real para o sobrenatural: com o repórter Carlos Damião fui até a Enseada de Brito para uma entrevista com o museólogo e artista Gelci José Coelho, o Peninha. Acabou sendo uma gostosa roda de conversa, sobre as lendas e expressões culturais milenares da nossa “Ilha das Bruxas”. Na conversa, Peninha entregou a origem da narrativa das pedras de Itaguaçu, que seriam bruxas petrificadas por intervenção do diabo. Você vai ficar tão surpreso quanto nós ficamos! E vai gostar. Na onda da pandemia que assola o mundo, Lu Zuê escreveu uma matéria sobre o silêncio que tomou conta das ruas de Florianópolis depois que o governo do Estado decretou situação de emergência, em 17 de março, e dá pinceladas a respeito da nossa necessária adaptação a essa nova realidade, deixando claro o que para nós, da Mural, é óbvio: estamos – e ficaremos – juntos, como sempre... só que, também, de formas diferentes.

Juliana Wosgraus nos brinda com uma intrigante matéria sobre os mistérios do Egito, que perduram e encantam multidões ao longo dos séculos. Enquanto isso, nosso repórter radical, Luís Roberto Formiga nos conta um pouco da história de como Floripa viu nascer a prática do skate, para depois ser reconhecida como um dos grandes ninhos do esporte. Os Jogos Olímpicos foram adiados, mas Floripa vai a Tóquio, pelas rodas do skate. Escolhida por duas vezes musa do Carnaval de Floripa, a diva Letícia Mello, filha do atleta e ator Breno Mello (intérprete de Orfeu no filme de 1959) e da Mana de Xangô, conversou com o repórter Olavo Moraes sobre o convívio com o pai, a infância e sonhos realizados. Falando um pouco sobre hábitos alimentares, Tarcísio Mattos nos conta sobre o cinturão verde da Grande Florianópolis, apresentando os produtores, suas histórias e as regras de certificação dos alimentos para a comercialização. E nessa mesma pegada que aborda a qualidade dos alimentos, o jornalista Marcos Heise dá dicas valiosas para quem quer fazer um churrasco vegano. E melhor ainda se a sua escolha for pelos vegetais orgânicos. Viajar é bom! Convidada pelo Órgão Oficial de Turismo da Côte d’Azur para uma imersão cultural na bela Nice, capital da Riviera mediterrânea do Sul da França, Daniele Maia nos leva junto para conhecer em detalhes a beleza da cidade, localizada entre mar e montanhas, pertinho dos Alpes, da Itália, Suíça e Áustria. O restaurante Rita Maria mudou, agora é O Rei do Mar, um bistrô e loja de produtos relacionados ao mar. E aproveitando o período, o chef Narbal deu o start para a realização de um sonho antigo: a criação da Escola Desterrense de Comida. E tem também o nosso time de colunistas: Ana Carolina Abreu falando sobre os benefícios do vinho, que vão (bem) além do valor nutricional; Laura Sacchetti, sobre o uso crescente da Fibrina, que é eficaz no tratamento para preservar ou ganhar volume ósseo; Mariana Tremel Barbato apresenta uma tendência de tratamento, o “Drug Delivery, que consiste em entregar ativos no local exato onde ele deve agir; e Roberta Ruiz fala sobre a importância do fortalecimento do assoalho pélvico, um conjunto de músculos responsável pela sustentação de órgãos como bexiga, útero e intestino. Quer fugir do estresse do dia a dia? Por meio de tratamentos corporais e faciais, o Vittae Spa possibilita a quem deseja se cuidar, fazer isso com estilo. E as festas e reuniões legais, com gente circulando? Quanta saudade! Muita gente bonita e descolada na coluna de Juliana Wosgraus, e as impressões de Léo Comin sobre a primeira edição da festa paulistana Chocolate, que tomou conta da Vila dos Araçás. Já tem promessa de segunda edição tão logo a vida retorne à normalidade. E ainda uma seleção de imagens das festas que rolaram no P12, Acqua Plage, Donna, Milk Club e Art’s Gastronomia e Música (do Grupo Novo Brasil), e no Le Barbaron, que nesse verão esteve sob o comando dos primos e empresários Antônio Abreu, Felipe Abreu e Luciano Santa Ritta. E é claro, a festa de lançamento da Mural, para todo mundo poder imaginar como será nosso próximo encontro! Vamos pensar nisso enquanto esperamos pelo futuro – que seja em breve – quando esse afastamento ficará apenas na lembrança. Teremos, certamente, boas e felizes experiências para compartilhar! Até lá! Boa leitura.



EXPEDIENTE

8 DIREÇÃO MARCO CEZAR EDITOR-CHEFE MARCO CEZAR JORNALISTA RESPONSÁVEL MARCOS HEISE (MTb-SC 0932 JP) PLANEJAMENTO GRÁFICO AYRTON CRUZ LU ZUÊ COLABORARAM NESTA EDIÇÃO ADRIEL DOUGLAS ANA CAROLINA ABREU ANTÔNIO HUSADEL BRUNO PRIMO CAMILA MACHADO CARLOS BORTOLOTTI CARLOS DAMIÃO CLEIDE DE OLIVEIRA DANIEL SILVA DANIELA PASSOLD DANIELE MAIA DARLINE SANTOS EDUARDO MARQUES EDUARDO VALENTE GUTO FOLS JOHN VENTURA JOSYANE SALACHE JOVANI PROCHNOV JULIANA WOSGRAUS JULIO CAVALHEIRO LAURA SACCHETTI LEO COMIN LEONARDO SOUSA LU ZUÊ LUÍS ROBERTO FORMIGA MAFALDA PRESS MARCELO BALDISSERA MARCELO KRAUSE MARCOS HEISE MARIANA TREMEL BARBATO MATEUS CAPELLETTI MURILO JANUÁRIO NUNES OLAVO MORAES PAULO SCHIMIDT RAFAEL CENSI RICARDO WOLFFENBUTTEL ROBERTA RUIZ RODRIGO ORMOND SÉRGIO SONA SÉRGIO VIGNES TARCÍSIO MATTTOS THIAGO ALVIM IMPRESSÃO Maxigráfica | Curitiba/PR As opiniões expressas pelos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Revista Mural. 0 marcocezar.foto@gmail.com 1 48 3025-1551

MURAL DA SAMSUNG SAMSUNG NA FEIJOADA DO CACAU

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ARQUEOLOGIA HISTÓRIA NO FUNDO DO MAR

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COSTÃO DO SANTINHO PARA TODOS OS GOSTOS

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ENCANTOS DA ILHA QUATRO (NOVOS) ENCANTOS DE FLORIPA

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IMAGINÁRIO DA ILHA A FORÇA DO SOBRENATURAL NA ILHA

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ILHA SILENCIOSA O DIA EM QUE A ILHA PAROU

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SÍMBOLOS EGÍPCIOS SUCESSO E MISTÉRIO MILENARES

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EMPREENDIMENTO TOCA PRA TOCA

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FORMIGA RADICAL DE FLORIANÓPOLIS A TÓQUIO, DE SKATE

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CINEMA E CARNAVAL VINICIUS DE MORAES, OBAMA, A MUSA E O CARNAVAL DE FLORIPA

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FOTOGRAFIA PELAS LENTES DOS ARTISTAS

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ORGÂNICOS | PARTE 1 SEM VENENO NA MESA

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PELO MUNDO NICE

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EMPREENDIMENTO RESTAURANTE RITA MARIA VIRA “O REI DO MAR”

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COMER & BEBER CHURRASCO VEGANO

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NUTRIÇÃO ACEITA UMA TAÇA DE VINHO?

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SAÚDE BUCAL FIBRINA RICA EM PLAQUETAS

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VITTAE SPA EQUILÍBRIO ENTRE CORPO E MENTE

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SAÚDE DRUG DELIVERY

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FISIOTERAPIA CORRIDA E ASSOALHO PÉLVICO

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PETS DENTISTAS DE CACHORROS

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OCULTO CHOCOLATE, A FESTA

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JULIANA WOSGRAUS COLUNA

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MURAL DA MURAL 80 EDIÇÕES, 80 LANÇAMENTOS

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MURAL GRUPO NOVO BRASIL FESTAS

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MURAL LE BARBARON PÉ-NA-AREIA

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ANIVERSÁRIO MARIA EUGÊNIA FERNANDES

ÍNDICE

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10 CAPA PEDRO DE QUEIROZ FOTOS MARCO CEZAR SALÃO JACQUES JANINE PRODUÇÃO DA DANIELA ALEXANDRE CABELO E MAKEUP MARCELO BALDISSERA ASSISTENTE MATEUS CAPELLETTI


CAPA

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CAPA

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CAPA

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AMOR À FAMÍLIA, À PROFISSÃO E À VIDA


Para o advogado Pedro de Queiroz, paixão pelo saber, vocação, empreendedorismo, família e fé são essenciais para conquistar sucesso profissional e felicidade texto LU ZUÊ fotos MARCO CEZAR

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ilho mais novo dos microbiologistas Aquilles Amaury Cordova Santos e Neusa de Queiroz Santos, o advogado Pedro de Queiroz alcançou, ainda jovem, o reconhecimento profissional no disputado segmento da advocacia, e vem dele mesmo, de forma fácil como o largo sorriso que sempre o acompanha, a explicação para isso. “Desde cedo, fui muito dedicado aos estudos, resiliente, extrovertido e destemido. Eu era aquele sempre disposto a falar em público, ser líder e defender com retórica jurídica, minhas ideias e meus amigos, com o mesmo vigor que hoje emprego no exercício da advocacia. Esses são alguns dos valores que com gratidão devo à minha família, assim como o mais importante de todos: a fé. Ela remove montanhas”, explica. Se dos pais ele herdou o gosto e a dedicação aos estudos, a vocação profissional Queiroz credita à longa tradição familiar na área jurídica: foi a partir do convívio com seu avô paterno, Manoel Lobão Muniz de Queiroz – o “Dr. Lobão” –, com os tios Rogério e Valéria e com o primo, Ricardo de Queiroz, que ele teve o contato com a vida profissional que mais tarde escolheria trilhar. “O fruto nunca cai muito longe da árvore; há quem diga que já nasci advogando, mas apenas os mais próximos sabem como é desafiador o caminho que escolhi”, pondera. Mas desafios sempre foram estimulantes para Pedro de Queiroz, que na parede do escritório expõe, junto aos diplomas de graduação e pós-graduação em Direito, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os títulos de “Honra ao Mérito Acadêmico” obtidos nos cinco anos do curso e o “Prêmio José Arthur Boiteux”, de melhor aluno da instituição. “Tudo isso foi consequência de uma disciplina de 80 horas semanais bem distribuídas entre estudos, estágio, e trabalho. Acredito na frase que afirma que o único lugar onde ‘sucesso’ vem antes de ‘trabalho’ é no dicionário”, comenta Queiroz, que ainda se emociona ao mostrar seu primeiro registro como professor de inglês, aos 18 anos de idade. Com perfil empreendedor e com os exemplos de liderança herdados, segundo explica, dos tios Henrique Córdova (ex-governador de Santa Catarina) e Antônio Carlos Scherer (reconhecido empresário catarinense), fica fácil entender porque, logo após a graduação, em 1998, Queiroz abriu seu próprio escritório de advocacia e passou a integrar o quadro de professores efetivos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), lecionando Direito Civil e Processual Civil. “Foi apenas a continuação de uma rotina já estabelecida de mais de 16 horas diárias de dedicação, mas agora focada na plena satisfação pessoal e profissional, fazendo exatamente aquilo que sempre quis e planejei, conjugando a advocacia independente com o prazer da docência”, lembra. Para Queiroz, o sucesso profissional e a felicidade foram apenas consequência e não metas em si mesmas.

CAPA

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CAPA

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O CASAL PEDRO E DANIELA, COM OS PAIS DO PEDRO, AQUILLES E NEUSA


15 CAPA

Reconhecimento profissional e perfil empreendedor Não é exagero afirmar que Pedro de Queiroz construiu uma carreira sólida e amparada em um currículo impressionante. Reconhecido em seu próprio meio como referência em causas de alta complexidade e muitas vezes polêmicas, no ano de 2002 o escritório consolidou-se definitivamente como uma das mais renomadas sociedades de advogados do Brasil, a Pedro de Queiroz Advocacia, e junto à sua banca de advogados, o dedicado profissional ganhou destaque na imprensa local e nacional, sobretudo pela resolução de causas muito difíceis. Uma das mais emblemáticas – um longo processo a respeito de supostas irregularidades em aposentadorias de servidores da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) – rendeu entrevistas em rádios e debates acalorados em emissoras locais de televisão, e em 2011, no auge da questão, foi tema do programa Fantástico, na Rede Globo, despertando ainda mais o interesse da sociedade sobre o jovem advogado. Rápido nas atitudes e na forma de falar, Queiroz defendeu seus clientes com um realismo jurídico impressionante e conseguiu convencer não apenas juízes, mas também a toda uma comunidade jurídica. Em 2006, investindo ainda mais na qualificação profissional, Queiroz morou em Nova Iorque, expandindo sua atuação ao patamar internacional. Nesse período, o escritório já atuava em todos os estados do Brasil, com destaque para a filial em Manaus, que por meio de seus associados locais chegou a realizar mais de 300 audiências por mês, principalmente para empresas públicas, utilizando recursos de tecnologia que à época eram praticamente inexplorados pelos concorrentes. Esse know-how em tecnologia e processos licitatórios, somado ao espírito empreendedor de Queiroz, deu vazão à constituição de outras empresas de segmentos estratégicos. Com um aguçado senso de oportunidade, o advogado montou um grupo econômico composto de empresas voltadas às mais diversas atividades comerciais, incluindo franquias de correios, agências lotéricas, administradora de bens e restaurantes, chegando a dez diferentes negócios. “Ser advogado, professor e empresário – tudo ao mesmo tempo – foi minha aposta profissional decisiva. Há quem invista em ações, e eu decidi investir em pessoas e na minha própria capacidade de gerenciar. Esta experiência de vida acumulada em tão pouco tempo foi muito válida e me rendeu muito mais do que boas histórias”, conta. Assim, diversificando investimentos e apostando na profissão escolhida e em si mesmo, Queiroz consolidou em definitivo a segurança financeira e, sobretudo, a satisfação de seu lado empreendedor. Entretanto, à exceção do escritório de advocacia, ele avalia seus outros empreendimentos como commodities que continuam a valorizar. Em 2019, por exemplo, liquidou metade de seus ativos. A razão? O investimento na própria qualidade de vida e o foco no que sabe fazer de melhor: ser pai e advogado.“A minha trajetória de empreendedor foi uma experiência ótima, que me permitiu aprender muito com erros e acertos, e a lição mais importante é manter o foco no caminho que leva ao sucesso profissional e à felicidade. Por isso, a meta para os próximos anos é ser mais advogado, mais família e cultivar mais amigos. É o que eu gosto e sei fazer”, avalia o profissional.


CAPA

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Realização além do profissional Extremamente dedicado à família, Queiroz exibe, tanto pela casa quanto pelo escritório, uma série de porta-retratos e mostra, orgulhoso, um livro publicado em homenagem “aos” Queiroz. E foi além: duas das empresas que administra levam seu sobrenome. O mais famoso deles, o “Empório de Queiroz”, restaurante estabelecido no coração do Mercado Público de Florianópolis, foi concebido justamente para receber familiares e amigos, além, é claro, de obter retorno financeiro. O nascimento da filha Maria Eduarda, foi um “divisor de águas” que marcou uma mudança de ritmo em sua vida. “Maria é meu maior patrimônio, e ser pai, uma missão maravilhosa.” A consolidação familiar veio da união com Daniela Alexandre e seu enteado Felipe, que mora e trabalha em São Paulo. Dany, como é carinhosamente conhecida, trouxe a estabilidade e também a personalidade fundamental para sustentar o caminho em busca de uma realização além do profissional. Eles, segundo Queiroz, é que dão propósito a todo trabalho e exercem papel fundamental no sentimento de realização pessoal. “Até a Constituição Federal estabelece: a família é a base da sociedade, e de fato, é a minha base. É por meio dela que cada um de nós aprende o que é o amor, e sem amor nada, absolutamente nada, importa. Para mim, família é a pedra angular de toda a existência e de toda a energia. Este é um bom resumo da minha fé, e acredito que o universo entrega exatamente o que pedimos. Sou grato por tudo, em especial pela minha família”, afirma, emocionado, o advogado, pai e marido. Apaixonado por filosofia, física quântica e pelo conhecimento da história e – em especial – das religiões, Queiroz mantém até hoje a sua rotina de estudos, e cita, vez por outra, passagens bíblicas e de outras doutrinas ou religiões com a mesma

facilidade que pronuncia um artigo da Constituição ou de um Código de Leis. Dentre as passagens citadas, uma chama atenção: “Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus”, citando Eclesiastes 2: 24, referenciado ao explicar também, sua paixão por viagens, sua dedicação aos amigos e a presença constante em eventos sociais. “O que se leva dessa vida; é a vida que se leva”, resume. Entre suas amizades, faz questão de destacar o Dr. Luciano Saporiti, médico especialista em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva e capa da edição n.o 78 da Revista Mural, que lhe ajudou aperceber a importância de equilibrar carreira, família e lazer. Aos 44 anos, Pedro de Queiroz reúne a força de vontade do jovem empreendedor com a experiência adquirida e está ainda mais motivado e preparado para novo desafios que elege para seu futuro: empreender na advocacia, investir em pessoas e perseverar na fé, com sabedoria e amor pela vida e pelo que dela escolhe como essencial.

MARIA EDUARDA, LUCIANO SAPORITI, DANIELA E PEDRO DE QUEIROZ


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MURAL DA SAMSUNG

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NA 12 horas de cobertura festiva em uma das maiores festas da cidade fotos LAURA SACCHETTI e MARCO CEZAR

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empre um passo à frente, a Samsung decidiu inovar e fazer a cobertura fotográfica da Feijoada do Cacau 2020. Com o celular Samsung S10 na mão, foram feitas as imagens do evento, e os fotógrafos da Revista Mural ficaram surpresos com a alta qualidade e performance do aparelho. Confiram as fotos no mural da Samsung.

CACAU COM A EQUIPE DA REVISTA MURAL: JOHN VENTURA, MARCO CEZAR, LAURA SACCHETTI E AYRTON CRUZ


MURAL DA SAMSUNG

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MURAL DA SAMSUNG

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foto MARCELO KRAUSE

ARQUEOLOGIA

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HISTÓRIA NO FUNDO DO MAR De simples pesca submarina na região Norte da Ilha, resultou na descoberta de um naufrágio e no resgate do maior e mais antigo acervo europeu existente no Estado

NARBAL CORRÊA


foto ACERVO DO PAS

ARQUEOLOGIA

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texto LU ZUÊ fotos ALEXANDRE VIANA, ANTÔNIO HUSADEL, CLÁUDIO CONTENTO, LAURA SACCHETTI, KIKO LARUS, MARCELO HRAUSE, MARCO CEZAR E MAURÍCIO MARINO

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foto ACERVO DO PAS

história das navegações está na base do mundo que conhecemos hoje. As embarcações acompanharam a expansão das civilizações, das galés gregas às caravelas portuguesas, das canoas havaianas aos luxuosos navios de cruzeiro. Ao longo de sua colonização, o continente americano, então povoado por tribos indígenas, recebeu navegantes de etnias distintas, como chineses, vikings e povos mediterrâneos. Após a chegada de Pedro Álvares Cabral, o litoral do que viria a se tornar o Brasil passou a ser frequentado por inúmeras embarcações. E os naufrágios acompanharam muitas destas odisseias marítimas: em toda a costa brasileira, estima-se que sejam mais de nove mil. Em Florianópolis, uma parte dessa história submersa tem sido apresentada ao público no Museu do Naufrágio. Instalado no lugar conhecido como Canto Sul dos Ingleses, o museu abriga artefatos foto ANTÔNIO HUSADEL de um barco naufragado no século 17. De acordo com os pesquisadores da ONG PAS (Projeto de Arqueologia Subaquática), trata-se da embarcação espanhola Nuestra Señora de Aránzazu, provavelmente fabricada na Nicarágua, comanda pelo pirata inglês Thomas Frins. Entre os anos de 1684 a 1687, o barco teria participado de diversos saques em colônias espanholas no pacífico.

DANIEL RIBEIRO DA COSTA E NARBAL CORRÊA

foto MARCO CEZAR

O presidente do PAS, Narbal Corrêa, explica que a aventura desta descoberta histórica remonta ao ano de 1989. Durante uma pesca submarina, Alexandre Viana e o tio, Murilo Viana, encontraram alguns objetos de cerâmica antigos semi enterrados. Eles retiraram do local cinco vasos e este fato ficou em suspenso até o ano 2000, quando, durante uma pescaria em São Paulo, a bordo do Mister Blake – barco do amigo comum, Marcelo Moura, onde Corrêa era tripulante –, Alexandre Viana mostrou uma foto dele em 1989 com os vasos expostos. “Como já havia trabalhado na retirada de cerâmicas e faiança portuguesa do navio Alfama de Lisboa, no ano de 1986, em Recife, assim que eu olhei para aquela imagem, pensei em fazer um pedido oficial para a Marinha e explorar o local. E assim foi feito. Primeiro, recebemos a autorização apenas para pesquisa, que não permite a retirada de nenhum objeto do fundo do mar. Em 2004, porém, a exploração foi permitida”, explica Corrêa. Os trabalhos receberam R$ 2,4 milhões em investimentos da Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica no Estado de Santa Catarina).


foto MARCELO KRAUSE

ARQUEOLOGIA

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ALEXANDRE VIANA

foto LAURA SACCHETTI

foto LAURA SACCHETTI

Ao longo dos anos, vários outros nomes foram incluídos na O Museu do Naufrágio funciona num espaço de 40 m² dentro empreitada. Os historiadores Amílcar D’Avila de Mello e Francisco do Costão do Santinho, e já recebeu mais de 30 mil visitas Silva Noelli trouxeram um caráter científico ao projeto, que foi assinadas ao longo de 15 anos de atividade. Nos meses de alta ganhando contornos cada vez mais sérios e particulares. “Nós temporada, quando Florianópolis é um dos principais destinos foto ACERVO DO PAS criamos novas metodologias de registro e também de férias de turistas brasileiros e de outras partes do fizemos o primeiro projeto científico-arqueológico mundo, o museu registra cerca de mil visitas/mês. do Brasil. Mapeamos detalhadamente uma “É mais do que a maioria dos museus locais área de 400 m² no fundo do mar, e conseguem atrair”, arrisca Corrêa. isso corresponde a uma das maiores Entre as peças encontradas e escavações subaquáticas já realizadas expostas, destacam-se o leme da no mundo. E um detalhe: pouca gente embarcação (colocado num tanque de sabe desse fato. O que estamos água doce para preservação), cerca fazendo é devolver uma peça do de 300 gargalos de botijas peroleiras quebra-cabeças da história do Brasil”, (recipiente utilizado no transporte revela Corrêa com um sorriso no de alimentos e outros materiais), rosto, destacando que apenas cerca vestimentas, fragmentos de ossos, de 30% da área foi investigada. relógios de sol, além de um sino de Alexandre e Narbal se associaram ao bronze e outros tantos objetos. Nada de também mergulhador Marcelo Lebarbechon baús repletos de ouro e joias, mas Narbal para fundar o PAS, tendo como grandes garante que o resgate histórico é o achado incentivadores os empresários Fernando mais importante, que o estimulou ao longo dos Marcondes de Mattos, presidente do Resort Costão do anos a continuar realizando o trabalho de pesquisa Santinho, Wilfredo Gomes e o ex-governador, já falecido, Luiz e: “Este é, possivelmente, o mais antigo acervo europeu Henrique da Silveira. “Digo com a maior tranquilidade que eles são existente em nosso Estado. Não é um fato que diz respeito a umas os pais da arqueologia subaquática no Brasil. E simplesmente porque poucas pessoas, mas uma descoberta que ajuda a contar a história entenderam a importância das pesquisas e o valor das descobertas”, de todos nós, tanto da Ilha de Santa Catarina quanto das Américas. afirma Narbal Corrêa. Este tesouro não tem preço”, finaliza.


foto LAURA SACCHETTI

ARQUEOLOGIA

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Inspiração para a vida

seu filho, Murilo, de 21 anos, também decidiu cursar História, estimulado por tudo o que foi vivenciando no Museu do Naufrágio. Mas não apenas as crianças são inspiradas pelo projeto. O próprio Daniel da Costa foi em busca de conhecimento para desempenhar de forma cada vez mais eficiente o trabalho que lhe era confiado. “Com os biólogos e arqueólogos aprendi a catalogar, recuperar e executar a manutenção das peças, além de realizar a dessalinização e secagem dos fragmentos. Cada coisa requer uma atenção diferenciada”, conta. Ele já fez também cursos de restauração de cerâmicas arqueológicas, de curadoria, de mergulho e de marinheiro profissional. “Fui em busca disso tudo por causa do PAS. Hoje sou curador do museu, e não quero que nada disso aqui se perca”, conclui.

foto ACERVO DO PAS

foto MARCO CEZAR

Responsável pelo tratamento e conservação das peças e atendimento do público, Daniel Ribeiro da Costa trabalha com a equipe desde o início das escavações subaquáticas e criação do Museu do Naufrágio. No início, movido pela paixão, era voluntário, e atualmente é contratado pelo Costão do Santinho para executar o serviço. Ao longo de todos esses anos, ele vem colecionando histórias engraçadas, diferentes e tocantes. Daniel conta, por exemplo, que quando o museu começou a funcionar foi produzida uma revista em quadrinhos contando toda a história do projeto, do mergulho inicial à coleta das peças após a permissão para explorar o local. Esse material era distribuído às crianças e, há pouco mais de um ano apareceu por lá um rapaz que havia conhecido o museu há dez anos, e perguntou sobre a revistinha. “Eu respondi que não tinha mais, e poucos dias depois ele voltou com um exemplar em mãos, e aí eu me lembrei que quando ele esteve lá, nós colocamos máscara de mergulho nele, mostramos como eram feitas as escavações e tiramos foto. Ele, então, me contou que decidiu ser historiador pelo que conheceu ali. Preciso dizer mais alguma coisa?”, conta, acrescentando que


ONDE ENCONTRAR M Museu do Naufrágio, localizado no canto direito da Praia dos Ingleses (acesso por caminhada). N (48) 98851-1990.

foto MARCO CEZAR

A construção onde está instalado o Museu do Naufrágio fica em uma área entre as dunas e o costão, conhecida como Canto Sul dos Ingleses. Desde 2006 há uma ação do Ministério Público Federal (MPF) correndo na Justiça que, a partir da justificativa de que a praia é de uso comum e não pode ser apropriada, assim como as dunas são áreas de preservação permanente, exige a demolição das construções ali existentes. Há pouco mais de três anos, em 2016, parte das 58 construções foi posta abaixo, entre elas, uma com cerca de 150 anos, que abrigava um restaurante. O rancho adaptado, onde funciona o Museu do Naufrágio, ainda está lá, mas o MPF exige que o acervo seja retirado do espaço, que deve ser demolido. Narbal Corrêa defende que se trata de construções consolidadas (pelo tempo que existem), e que essa característica se sobrepõe a qualquer reforma ou benfeitoria realizada. “Vamos fazer o que a justiça determinar, é claro, mas remover o acervo do local é uma atitude que não vai ao encontro daquilo que acreditamos ser o melhor para a pesquisa ou para a comunidade”, afirma. Segundo ele, além do risco que se corre transportando peças com mais de 300 anos, perde-se a identidade do lugar, a proximidade com o local onde a história aconteceu. “Fora do ambiente serão peças soltas”, explica o presidente do PAS. Agora, diante da real possibilidade de ter que mudar de endereço, o PAS negocia com a Marinha do Brasil a transferência e manutenção do acervo. “Eles estão concentrando esforços para realizar essa mudança. São sensíveis à causa e reconhecem a importância do achado e a relevância de todo o trabalho. Acredito que ainda demore um pouco, mas a mudança é uma possibilidade muito real”, conclui Narbal Corrêa. Até o final de abril, o projeto receberá a visita de dois profissionais da Marinha – um arqueólogo e uma museóloga – para concluir as avaliações e definir encaminhamentos e prazos. Diante dos fatos, que aconteça o melhor!

foto ACERVO DO PAS

De mudança?

foto MAURICIO MARINO

foto LAURA SACCHETTI

ARQUEOLOGIA

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COSTÃO DO SANTINHO

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Dos dias no campo de golfe às noites nas areias da praia, também no esporte, o Costão dá sempre um show


COSTÃO DO SANTINHO

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texto LU ZUÊ fotos COSTÃO DO SANTINHO/DIVULGAÇÃO

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a paisagem singular de Florianópolis, formada pela união entre o verde dos muitos morros e o azul do mar das mais de 40 praias existentes na Ilha, um lugar, em especial, se destaca. Entre o Morro das Aranhas (que preserva mais de 1 milhão de m² de área verde) e o Morro dos Ingleses, fica a Praia do Santinho, uma longa e larga faixa de areia, escolhida a dedo para abrigar o Costão do Santinho, um dos resorts mais famosos do Brasil, destino de pessoas que desejam aproveitar “o melhor dos dois mundos”: uma praia linda e preservada, cercada por uma exuberante e convidativa paisagem verde. Não por acaso, as atividades oferecidas – sejam elas de promoção própria ou resultado de parcerias – estimulam a vida ao ar livre, a prática de exercícios em meio à natureza e a contemplação das belezas ali existentes. Vez por outra, inclusive, modalidades esportivas ou de lazer diferenciadas e adequadas a cada uma das quatro estações do ano se juntam a tudo o que o Costão oferece durante o ano todo, e juntas, as programações cumprem a missão de surpreender, entreter, encantar, envolver e fidelizar moradores, hóspedes e o público em geral. É assim, por exemplo, com o golfe, esporte que vem conquistando adeptos na Capital e atrai adultos e crianças.


COSTÃO DO SANTINHO

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Os praticantes são estimulados a desenvolver a concentração, capacidade de planejamento e a disciplina, e além de proporcionar uma atividade física e mental, o golfe ajuda a aliviar o estresse do dia a dia. Tudo isso ao ar livre e em contato com a natureza. E que natureza: o Costão Golf Club está inserido numa área cercada de verde, com morros, dunas e lagoas. E a praia fica logo ali... Pela infraestrutura e características do campo, jogadores de diferentes níveis se sentirão à vontade para dar suas tacadas. De acordo com a administração do Costão Golf, o desenho do campo, aliado à combinação de buracos de potência e de estratégia, à magnífica paisagem que o rodeia e à impecável manutenção, garantem sua classificação como um dos melhores e mais atrativos

campos do Brasil: o percurso é altamente competitivo e atraente, aumentando o desafio para os jogadores. O drive range – área para praticar as tacadas – do Costão também é considerado um dos melhores do País. Conta com 22 baias de lançamento e uma área de alcance de 300 x 100 jardas, algo pouco visto na maioria dos clubes de golfe. É certo que o golfe ainda não é um esporte altamente difundido, mas é competitivo e empolgante como muitas outras modalidades, e talvez a grande diferença seja que o jogador joga contra si mesmo, e não contra um adversário. Apesar disso, não pode ser considerado unicamente um jogo solitário, e um campo de golfe é um ótimo lugar para interagir, compartilhar bons momentos e estabelecer novas e boas amizades.


COSTÃO DO SANTINHO

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Show noturno Entre as muitas atividades desenvolvidas por meio de parcerias, uma, em especial, acabou transformando-se em evento, graças a um público fiel e cada vez mais variado e animado: a Night Run Costão do Santinho, que em 2020 chegou à sua 9.a edição. Criada em 2012, a prova é organizada pela Ponto Eventos Especiais e abre o calendário oficial de provas do Estado, oferecendo aos atletas uma alternativa numa época em que quase não acontecem competições dessa modalidade por aqui. A ideia é celebrar a paixão pelo esporte e estabelecer um clima de confraternização, com muita festa, música e toda aquela vibração e energia características das corridas de rua. E o sucesso tem sido uma constante: este ano, as inscrições para a Night Run Costão do Santinho se esgotaram antes do prazo final, atingindo o limite técnico da corrida e reunindo dois mil atletas nas areias do Norte da Ilha. E um detalhe: da mesma forma que aconteceu na edição de 2019, este ano também as mulheres formaram o maior grupo de participantes. De acordo com a organização da prova – que conta com o suporte logístico e patrocínio do Costão do Santinho – ao longo do tempo a Night Run foi se firmando não apenas como um desafio para

os atletas, e mais do que isso, reuniu características de prova de reencontro e confraternização, e por conta disso, ano após ano foram sendo agregadas ao evento novidades para garantir experiências únicas não apenas para os participantes, mas também para o grande público formado por familiares, amigos, hóspedes do resort e turistas que recebem, de forma festiva, os corredores na linha de chegada. Tradicionalmente, a largada e a chegada acontecem na Praia do Santinho, em frente ao resort, e o início da prova é anunciado por uma grande queima de fogos. Quem optou pelo percurso de 5 km, começou em frente ao Costão do Santinho, foi até o fim da praia, contornou as dunas entre o Santinho e Ingleses e retornou pela orla da praia. Os participantes que escolheram o percurso de 10 km foram pelas dunas até a praia dos Ingleses e depois retornaram até o Costão do Santinho, sempre pela areia. Um show à parte foi garantido pelo uso das headlamps – entregues no kit dos corredores – que permitiram aos atletas uma sensação ímpar e criaram um lindo cenário, iluminando toda a orla da praia. A areia cansa e aumenta o tempo da prova, mas em sua maioria, muito mais do que vencer a corrida ou bater recordes pessoais, os participantes da Night Run Costão do Santinho buscam é compartilhar uma experiência incrível, em um clima amigável e com muita energia positiva. E dão show nas areias!




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QUATRO (NOVOS) ENCANTOS DE FLORIPA texto LU ZUÊ fotos CARLOS BORTOLOTTI

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ão é novidade que Florianópolis encanta praticamente todo mundo que passa por aqui. Seja pelas belezas naturais, pelo povo hospitaleiro que abre os braços e o coração para os visitantes, pelos lugares pitorescos que se espalham por todos os cantos da Ilha, pelas histórias e casos que só quem é daqui entende, e quem não é faz questão de conhecer. Além das muitas coisas boas e belas, que de forma natural fazem nossa Ilha ser o que ela é, existem aqueles toques humanos e pontuais, que alguns chamam de benfeitorias, outros de interferências, mas que todos concordam: são motivos a mais para se amar uma cidade que sabe se reinventar e evoluir, sem se desligar de suas raízes.

Florianópolis ganhou encantos a mais. Da devolução da Ponte Hercílio Luz, que encerrou 2019 com chave de ouro, à praça São Luís, ainda em processo de construção, a Ilha fica cada dia mais linda


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Canasvieiras de cara nova

foto LEONARDO SOUSA

Impossível não ficar impactado ao comparar o “Antes” e o “Depois” da praia de Canasvieiras após o alargamento da faixa de areia. Acostumados a disputar um espaço que variava entre um e cinco metros, dependendo do trecho, moradores e turistas foram contemplados com 50 metros iniciais, que após as idas e vindas das marés ao longo dos meses deve se estabilizar em 35 metros de largura. Com isso, um dos balneários mais movimentados do Norte da Ilha e reconhecido como o preferido pelos turistas argentinos ganhou cara – e vida – nova. Se antes, na alta temporada, era inimaginável jogar frescobol nas areias de Canasvieiras, após a entrega da benfeitoria, no dia 17 de janeiro, a realidade era completamente diferente e jogadores de vôlei compartilhavam espaço com grupos praticando ginástica. Literalmente, cada um no seu quadrado... e bem acomodados! Foram necessários R$ 10,5 milhões de investimento e cinco meses de trabalho para transformar o trecho de aproximadamente 2,3 km, entre Canajurê e o trapiche, em um ambiente mais adequado e qualificado para acomodar os banhistas e todos os seus equipamentos de lazer. E para viabilizar essa importante mudança – esperada há décadas – foram dragados quase

ANTES DO ALARGAMENTO DA FAIXA DE AREIA

foto LEONARDO SOUSA

400 mil m³ de areia de uma jazida no fundo do mar, a cerca de 1 km da costa, e depositados na orla. A ideia inicial era começar as obras logo que a ordem de serviço foi assinada, em agosto de 2019, para que tudo estivesse pronto em 22 de dezembro, antes do início da alta temporada. Mas depois de contratempos – tanto relacionados aos equipamentos quanto legais – as obras, de fato, começaram no dia 4 de outubro e depois disso o prazo de entrega teve outros três adiamentos. Até que, no dia 13 de janeiro, por meio de uma nota, a Prefeitura comunicou que o alargamento estava concluído, e utilizou seis máquinas no mesmo dia, finalizando o nivelamento da areia na área do trapiche. Banhistas acompanharam tudo, acostumando-se com o barulho e os operários, e avançando, aos poucos, no espaço conquistado a partir da interferência. Não há como negar o quanto Canasvieiras melhorou, e como a memória é normalmente seletiva e quase todo mundo se acostuma rapidamente às coisas boas, passada a fase de adaptação e correções do fundo do mar, o alargamento foi amplamente aprovado por moradores e turistas. Além de valorizar o balneário e movimentar a economia local, o projeto garantiu beleza, mais qualidade de vida e deve servir de exemplo e ser replicado em outras praias que também viram suas faixas de areia diminuírem nas últimas décadas, como Ingleses e Jurerê, no Norte da Ilha, e Armação, no Sul.

DEPOIS DO ALARGAMENTO DA FAIXA DE AREIA


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Passado devolvido e presente valorizado O sol que brilhava na manhã daquele sábado, 8 de fevereiro, já avisava: seria um dia especial. E não havia como ser diferente! Era a data marcada para que a Florianópolis recebesse de volta o Largo da Alfândega, um espaço público que abriga mais de 120 anos de história, que se estende a partir da Praça Fernando Machado até o Mercado Público Municipal. Construída nessa grande área e inaugurada no final do século 19, a Casa da Alfândega foi fundamental para a economia da cidade, num tempo em que o mar margeava as ruas que abrigavam a parte mais importante do comércio local, norteando o ritmo do desenvolvimento da Ilha e de seus arredores. Na época, era pela água que aqui chegavam as mercadorias vindas da Europa e das mais variadas regiões das Américas, e por ela também nossos comerciantes escoavam café, produtos agrícolas e pescados para o mundo. A Casa de Alfândega, pertinho do Mercado Público, funcionava como posto fiscal e de registro desse intenso comércio, que dava vida e movimento ao Largo da Alfândega. Assim foi até o início dos anos de 1960, quando o mar foi ficando longe, novas formas de comércio e controle se estabeleceram e a casa perdeu sua função administrativa. Talvez por ser ponto de passagem diária de milhares de pessoas, com o tempo e sem função prática, o Largo da Alfândega passou a fazer parte daquela rotina acelerada, que nos impede de observar, admirar e reconhecer o quanto cada pedra, banco, árvore ou monumento pelos quais passamos são importantes para nossa vida. Só quando, por uma razão ou outra, somos deles afastados é que conseguimos entender o quanto aquele lugar ajudou a construir também a nossa história. Fechado ao público desde 2018 para uma completa requalificação urbana, o largo deixou as pessoas ansiosas pelo reencontro, não apenas porque desejavam que as obras

terminassem, que os tapumes fossem retirados e que a vida voltasse ao normal naqueles arredores, mas porque a vontade de ver novamente o espaço fazendo parte do dia a dia, do vai e vem dos pedestres e dos cenários de fotos de turistas já não tinha mais espaço para crescer. Na parte prática, a obra demandou investimentos de R$ 9,5 milhões, sendo R$ 8,7 milhões do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o restante do valor como contrapartida da Prefeitura de Florianópolis, que também foi a responsável pela execução da intervenção, que deu destaque às características do Largo da Alfândega enquanto lugar de memória, espaço de lazer, convivência e comércio. Encantamento define a reação provocada nas pessoas pelos espelhos d’água (que fazem menção ao mar que chegava até o muro histórico, escondido pelo aterro, redescoberto durante as obras e integrado ao projeto), pelo novo calçamento e pela estrutura metálica que faz referência às tradicionais toalhas de renda de bilro. Ganhou a cidade com a valorização da paisagem urbana, ganharam os moradores e visitantes, tanto os que visitam o Largo pela primeira vez quanto aqueles que não abrem mão de passar por ali para não voltar a sentir saudade. O lugar abriga e transpira história, e a requalificação permitiu que aconteçam ali novos capítulos de diferentes histórias, mantendo a conexão entre o passado de Florianópolis e o presente de cada um.


fotos DIVULGAÇÃO

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Já foi mar, já foi forte, abrigou feira... agora, será uma praça Localizada entre as avenidas Mauro Ramos e Rubens de Arruda Ramos (a Beira-Mar Norte), na esquina com a rua Bocaiúva, uma área agora sem graça, de quase 2 mil m², deve, em alguns meses, dará lugar a uma acolhedora praça, que certamente se converterá em um local referência para quem quer usufruir de um espaço privilegiado, com localização central e estratégica, e que traz como bônus a possibilidade de acompanhar um pôr do sol mais lindo do que o outro e a proximidade com um pedaço importante da história da Ilha. Adotante da área cedida à Prefeitura em 2016 pelo Exército, o Beiramar Shopping é o responsável pela transformação de uma faixa de terra em uma área de convivência pública, e para desenvolver o projeto, buscou referências históricas como forma de referendar o passado e promover a ligação com o presente. Com base em informações cartográficas, muitas delas do século 18, o terreno é dado como a provável localização do sítio arqueológico denominado Forte São Luís, construído em 1770, durante o governo de Francisco Souza de Menezes. Em uma só edificação funcionavam uma bateria, o quartel da tropa, o quartel do comandante e a cozinha. A casa de pólvora ficava mais perto da praia, e basicamente a função do conjunto era a de evitar pirataria e contrabando na baía Norte da Ilha. Em 1839, a área teria sido vendida e quase foi transformada em um Largo, e provavelmente em 1928, quando foi aberto o último trecho da avenida Mauro Ramos, as edificações foram demolidas. A partir de 1955, o local passou a ser reconhecido como Praça São Luís, e durante algum tempo até abrigou uma feira livre.

História – básica e rapidamente – recuperada, voltamos ao projeto da praça. Por meio de um radar de penetração de solo foi detectada a presença de alguma estrutura abaixo da superfície – que pode se tratar de parte das ruínas do que um dia foi o Forte São Luís – e também por isso a nova praça deve utilizar 1.200 m² do total do terreno, permitindo a preservação de uma parte da área e a continuidade dos estudos arqueológicos. De acordo com o projeto desenvolvido pelo Conselho do Beiramar Shopping, a ideia é trabalhar com elementos paisagísticos especiais que remetam à história do lugar e promovam uma interação lúdica com o público, utilizando itens pontuais, como brinquedos e poltronas confortáveis, além de muitas árvores nativas da Ilha. A água será o elemento central da proposta – a forma circular com caminhamento em direção ao centro representa a Ilha rodeada de água por todos os lados e com mais água no centro, seu coração. Fazendo uma referência não literal à história, a estrutura principal cava o solo levando a mensagem do passado supostamente ali enterrado, e no caminho em direção ao coração, traços da história estarão gravados na pedra que cobre o piso. Prevista para ser entregue à cidade no primeiro semestre de 2020, a Praça São Luís certamente trará gratas surpresas ao público. É esperar para ver.


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40 foto MAFALDA PRESS

Se pudesse expressar sentimentos, certamente ela também deixaria transparecer a ansiedade... Ansiedade por receber carros, pessoas, por ser novamente uma ligação entre Ilha e Continente


foto RICARDO WOLFFENBUTTEL/W.IMAGEM

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o mesmo tempo em que o público contava os minutos para fazer por meio dela a travessia entre Ilha e Continente, também a Ponte Hercílio Luz parecia saudosa do calor do contato com o público. E finalmente, depois de quase 30 anos de interdição, de idas e vindas, projetos, ideias e contestações, no dia 30 de dezembro de 2019 a “ponte foi devolvida” a Florianópolis, aos catarinenses e seus visitantes. A saudade era enorme, evidenciada pelo grande movimento que, desde cedo, deu aos arredores do Parque da Luz um ar de festa. Muita gente procurava um lugar privilegiado para acompanhar a solenidade programada e ser um dos primeiros a fazer a travessia, outros, o melhor ângulo para as últimas fotos da ponte vazia; mas todos comemoravam.

Reconhecendo a data como um momento histórico, muito especial e – por que não dizer, sentimental –, o Governo do Estado de Santa Catarina criou o Projeto Viva a Ponte, um conjunto de ações que integrou as secretarias de Estado da Infraestrutura e da Segurança Pública, Fundação Catarinense de Cultura, Fundação Catarinense de Esporte, Santur, Defesa Civil... eram muitos os envolvidos, mas a Hercílio Luz merecia. O Viva a Ponte convidou o público não apenas a acompanhar a extensa programação artística, gastronômica, cultural e esportiva preparada para comemorar, ao longo de uma semana, a reabertura da estrutura, mas também a se integrar, sentir, viver cada momento, cada atração, participando ativa e intensivamente dos eventos, ou mesmo criando seu próprio evento. E o convite foi aceito: de acordo com os números divulgados pelos órgãos do governo do Estado, mais de 200 mil pessoas aproveitaram para foto ARQUIVO SÉRGIO VIGNES

texto LU ZUÊ


foto RICARDO WOLFFENBUTTEL/SECOM

foto MAFALDA PRESS

Uma festa de recordes

matar a saudade já no primeiro dia, especialmente nos primeiros momentos da reabertura e no final da tarde e início da noite, quando o calor abrandou e o pôr do sol pareceu complementar a programação, como que, também, prestando sua homenagem. As primeiras pessoas a atravessar a Hercílio Luz, logo após a solenidade e discursos de autoridades, estavam a bordo de quase 200 carros antigos. Foi uma carreata – puxada por um Fusca dos anos de 1970, dirigido pelo governador Carlos Moisés da Silva, e um Opala da mesma década, guiado pela vicegovernadora Daniela Reinehr – que deu início à movimentação, mas havia carros de diferentes marcas e anos de fabricação, vindos de todos os lugares, tanto da Grande Florianópolis quanto do interior de Santa Catarina, e até de outros estados, como São Paulo e Paraná. Depois dos carros, as pistas da ponte foram tomadas pela população: eram famílias inteiras, grupos de jovens, turistas, pessoas mais idosas, quase todos com celulares na mão, registrando em detalhes o momento especial de pisar no novo piso gradeado; era um grupo variado, mas que tinha em comum o sorriso no rosto e a expressão de encantamento com a grandiosidade da ponte. Quem passa por ela se sente realmente pequeno. Nos dias que se seguiram não seria diferente: seja como novidade para uns ou como reencontro para outros, a Ponte Hercílio Luz passou a ser o destino obrigatório para quem andava por aqui, e tudo foi noticiado. Até o “surpreendente” balanço, especialmente no vão central, ganhou espaço na mídia e no imaginário das pessoas. “Será que ela está realmente firme?” ou “Ela não vai cair?”, as pessoas perguntavam. A verdade é que ela sempre balançou. Quem era velho conhecido, lembrou! A Hercílio Luz está de volta, e que seja para ficar... foto MAFALDA PRESS

Ao longo de sete dias, entre 30 de dezembro de 2019 – quando a ponte foi reaberta –, e 5 de janeiro de 2020, quando foi oficialmente encerrada a programação comemorativa, a Hercílio Luz viu passarem por suas pistas e passarelas cerca de 1,18 milhão de pessoas. Um recorde de público, certamente só superado pela quantidade de selfies publicadas e hashtags relacionadas à reabertura. O dia mais movimentado foi o penúltimo (sábado, 4 de janeiro), quando quase 400 mil pessoas circularam entre as cabeceiras, e o domingo – marcado pela Corrida da Hercílio Luz – fechou com mais de 300 mil visitantes. Foram pessoas de todas as idades e estilos de vida, que apenas aproveitaram a ocasião ou curtiram ao máximo os eventos preparados, que incluíam oficinas de arte e esporte e prática de esportes radicais, como pêndulo humano, rapel e bungee jumping. Para os mais conservadores, feirinhas de gastronomia e artesanato, além de shows de música. Sem exceção, todas as programações atraíram muita atenção e reuniram um grande número de pessoas. Para se ter uma ideia, as inscrições para a corrida, limitadas em duas mil, foram iniciadas às 14 horas do dia 20 de dezembro, e em 8 minutos e 48 segundos, todas as vagas já haviam sido preenchidas. Para cuidar de tudo e viabilizar o evento foi necessário mobilizar uma equipe de 170 pessoas entre organizadores e trabalhadores de apoio. Nos sete dias foram realizadas 65 apresentações culturais. De acordo com os relatórios, quase mil saltos de bungee jumping foram realizados, cerca de 17 mil itens de alimentação foram comercializados (o sorvete foi o preferido dos visitantes, com 4,2 mil unidades), 6,6 mil litros de chope, 2,6 mil litros de água e 1,2 mil litros de caldo de cana. foto JULIO CAVALHEIRO/SECOM

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foto RICARDO WOLFFENBUTTEL/SECOM

foto TEMPO EDITORIAL

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Os números impressionam, mas não conseguem traduzir a emoção e o encantamento que as atrações despertaram no público: dos primeiros passos dados na Hercílio Luz reaberta, no dia 30 de dezembro, à apresentação da Orquestra de Baterias de Florianópolis, que reuniu 60 músicos e encerrou a programação na noite do domingo, 5 de janeiro, passando pela cascata de fogos na virada do ano e pela travessia de slackline realizada pelo catarinense Rafel Bridi (que cruzou o vão de 340 metros entre as duas estruturas mais altas do monumento, a 40 metros de altura da pista), tudo mereceu – e ganhou – muitos aplausos. A Ponte Hercílio Luz havia, finalmente, deixado de ser só um cartão-postal da Capital e voltava a fazer parte da vida dos catarinenses. E de muitos catarinenses, uma vez, que os ferros que auxiliaram na sustentação da estrutura durante todo o período de restauração serão utilizados na construção de mais de 500 pontes em todo o Estado, e várias cidades já assinaram o termo para receber os kits metálicos que derivaram das obras. Ainda há muitas dúvidas a respeito das formas e condições de utilização da Hercílio Luz daqui para a frente – abre-se para circulação de carros particulares? Fica restrita a pedestres e ciclistas? Linhas de ônibus e veículos oficiais? Enfático em sua colocação, o fotógrafo Tarcísio Mattos – organizador de um livro sobre a ponte, dispara: “Ela deve ser aberta, sim, para o tráfego. Todos os cálculos foram feitos com o objetivo de que ela voltasse a ser um elo rodoviário entre a Ilha e Continente, e ela está segura. Deixá-la como um bibelô chega a ser um desrespeito para com sua história. Ela não nasceu para isso: nasceu para ser bonita e ter uma função social. Ela quer receber a “cosquinha” dos pneus passando sobre ela”, defende.

Em 2002, depois de pouco mais de um ano e meio com um projeto pronto, jornalistas pautados, cadastro aprovado no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) para captação de recursos via Lei Rouanet prestes a expirar, os fotógrafos Tarcísio Mattos e Eduardo Marques, sócios na Tempo Editorial, receberam um telefonema fundamental para essa história: concluindo o balanço do ano, e definindo recursos para investimentos em cultura, a Eletrobras decidiu aplicar no projeto da dupla parte do montante total disponível, o que viabilizou a produção do livro Hercílio Luz: uma ponte. Daquele momento até o dia do lançamento, realizado no Palácio Cruz e Sousa, passaram-se cerca de 45 dias, período em que, cuidadosamente pautados e orientados por Mattos, quatro jornalistas debruçaram-se sobre os quatro primeiros capítulos da obra. “Até então, em termos de literatura o que existia sobre a ponte se resumia a publicações técnicas ou românticas, e nossa ideia era fazer um livro quase que histórico. E conseguimos apresentar uma história consistente, que começa no tempo em que a ponte não existia, passa pelo período de sua construção, pela influência que ela exerceu na vida da comunidade e chega até seu fechamento e a agonia da reforma”, explica Mattos. Fernando Goss escreveu sobre Uma Ilha sem uma ponte, um recorte do começo do século até o início da construção da Hercílio Luz; Jeni Joana Andrade, sobre Uma ponte para uma Ilha, esmiuçando as questões técnicas, políticas e econômicas que envolviam a construção da ponte; Daisi Vogel, sobre A ponte e a cidade, mostrando como a ponte se integrou à cidade, do dia de sua inauguração até o fechamento; e coube a Flávio de Sturdze escrever Uma ponte em agonia, que apresentou um recorte do momento do fechamento até a conclusão do livro, evidenciando a falta que ela fazia. Organizador da obra, Tarcísio Mattos pautou e orientou a equipe: todos os textos deveriam ter sempre a ponte como centro, e todo o processo deveria ser produzido a partir dela. foto ARQUIVO SÉRGIO VIGNES

foto RICARDO WOLFFENBUTTEL/SECOM

A ponte eternizada em livro


foto AYRTON CRUZ

FOTÓGRAFO SÉRGIO VIGNES foto ARQUIVO SÉRGIO VIGNES

No último capítulo, um time de artistas, críticos e pensadores apresentou – cada um em sua modalidade de expressão – diferentes olhares sobre a Ponte Hercílio Luz. Nesse espaço, sim, Tarcísio Mattos explica que havia uma “defesa emocional da ponte, e eles a tratavam como um ser necessário, mais do que uma obra necessária. Ela foi vista e apresentada como um ente emocional na vida da cidade”. Obras de Patrícia Laus, Sérgio Vignes, Max Moura, Dalmo Vieira, Eduardo Marques, Elaine Borges, Suzete Sandin, entre outros, estavam ali, acrescentando doses de emoção à obra. Paralelamente ao desenvolvimento do trabalho pelos profissionais, Mattos e Marques se debruçaram sobre a pesquisa do material iconográfico, e analisaram quase cinco mil fotos de Florianópolis nesse período, vindas de veículos de comunicação, arquivos oficiais e particulares. Entre essas coleções estava a do fotógrafo Sérgio Vignes. Neto do engenheiro francês, Paul Vignes, que veio ao Brasil para trabalhar na construção de ferrovias e pontes, ele conta que seu pai, Ivan Vignes, era um apaixonado compulsivo por pontes. “Ele colecionava tudo sobre pontes: postais, fotos, matérias de jornal. E de um amigo que trabalhava no governo, ganhou uma série de fotos das obras da Hercílio Luz. Fotos antigas, históricas, diferentes e lindas...”, conta. Deste álbum particular vieram algumas das imagens selecionadas por Tarcísio Mattos, que chamou Vignes para participar, também da produção do livro. “Tenho orgulho de ter participado e ter sido, inclusive, um incentivador deste projeto. No lançamento, fiquei super emocionado quando vi, nas primeiras páginas, uma foto de meu pai acompanhada de um agradecimento especial”, lembra Sérgio Vignes, que guarda, embalado, um exemplar autografado naquela ocasião por todos os participantes, inclusive por Hercília Catharina da Luz, filha do ex-governador Hercílio Luz, falecida em 2011. “Guardo assim para preservar, para permitir que filhos e netos continuem tendo acesso a essa história”, conta. Devido às pesquisas realizadas na pré-produção e todo o material lido durante a finalização do projeto, Tarcísio Mattos tornou-se um profundo conhecedor das histórias antiga e contemporânea da ponte, e lembra que durante muito tempo foi, inclusive, fonte de jornalistas que buscavam informações e material sobre ela. “Considero esse livro um dos feitos mais legais de minha vida”, finaliza.

foto ARQUIVO SÉRGIO VIGNES

foto JOHN VENTURA

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A FORÇA DO SOBRENATURAL NA ILHA

Uma roda de conversa sobre o tema que circunda nossas origens

texto CARLOS DAMIÃO ilustrações FRANKLIN CASCAES

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sobrenatual estimula percepções sobre o que parece imaginário, oculto, misterioso ou mágico. E nem sempre é tão sobrenatural quanto parece (afinal, como diz a sabedoria espanhola, ‘yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay’)... Florianópolis já foi conhecida como a “Ilha das Bruxas”, por causa das lendas e expressões culturais milenares trazidas pelos imigrantes de origem luso-açoriana. Mas, por causa da resistência religiosa tradicional (católica), acabou se tornando a “Ilha da Magia”. Para conhecer melhor o que significa a força do sobrenatural na Ilha, a equipe da Mural foi à casa do museólogo e artista Gelci José Coelho (Peninha), na Enseada de Brito (Palhoça). “Eu moro aqui para não ‘sujar’ a Ilha”, costuma dizer Peninha, um crítico

do desenvolvimento urbano desenfreado, que descaracterizou Florianópolis nas últimas cinco décadas. Na casa de Peninha, a equipe encontrou um grupo de amigos dele – e a entrevista acabou se transformando numa roda de conversa, com a participação do artista Valdir Agostinho, da arquiteta e urbanista Sílvia Lenzi, da professora e pesquisadora Isabel (Bebel) Orofino, e da assistente social Maria Aparecida (Cida), que cuida de Peninha após sua longa internação hospitalar para tratamento de saúde. ”A última obra de Deus foi a Ilha, como se fosse uma joia para enfeitar sua grande obra, o mundo. E era encantada mesmo, a tal da Ilha, que os indígenas chamavam de Meiembipe, uma terra elevada ao longo do rio”, observa Peninha. O sobrenatural está no misticismo que preservamos ao longo dos séculos, como as benzedeiras, as bruxas, as manifestações religiosas de todas as origens, em especial a católica (culto ao Divino) e a espírita de natureza afro-brasileira.


foto MARCO CEZAR

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CIDA, BEBEL, VALDIR AGOSTINHO, PENINHA E SILVIA LENZI

Benzedeiras As benzedeiras e benzedores representam a força da fé, a energia espiritual necessária para enfrentar o cotidiano ou superar algum tipo de problema pessoal. “O ato de benzer tem uma função curativa, terapêutica, as benzedeiras são de origem europeia, da idade média”, diz Bebel Orofino. “Toda cultura tem o seu curandeiro. As benzedeiras são milenares. Mas a benzedura não é feita só por mulher, o Valdir Agostinho é um exemplo de homem benzedor, são poucos homens, mas tem.” “O mistério é muito simples demais: tem que acreditar no poder da benzedura”, diz Valdir Agostinho. “Quando você vai ao benzedor, você gera uma relação de fé, uma relação de energia. Esse mistério é muito simples, é um mistério de fé, uma ligação cósmica.”

As bruxas da Ilha Outro mistério são as bruxas. Peninha explica: “Elas são lindas, as mais bonitas são morenas de olhos verdes. O olhar enfeitiça. Não podem ser descobertas. Ou seja, elas não podem se mostrar, porque perdem o fado. Deve ter muita bruxa por aí, mas elas não podem se apresentar (‘Oi, prazer, eu sou a bruxa tal’). Se agir assim, perde o poder”. “Elas untam o corpo com óleo de ervas do Oriente e se transformam no que quiserem.” “De onde vem a importância do batizado da criança? Tem que batizar logo, não pode esperar, porque pega mal olhado e tal. O batizado foi um costume criado pela Igreja Católica para combater as bruxas.” “Não pode falar de bruxas, porque atrai”, recomenda Peninha, que lembra uma reza, transcrita por Franklin Cascaes, cuja função é espantar esses seres fantásticos:

PELA CRUZ DE SÃO SAIMÃO Que te benzo com a vela benta na sexta-feira da Paixão. Treze raios tem o sol, treze raios tem a lua. Salta demônio para o inferno, pois esta alma não é tua. Tosca Marosca, rabo de rosca. Aguilhão nos teus pés e relho na tua bunda. Por baixo do telhado São Pedro, São Paulo e São Fontista. Por cima do telhado São João Batista. Bruxa tatarabruxa, tu não me entres nesta casa, nem nesta comarca toda. Por todos os santos, dos santos, Amém!” “Depois da reza, podes falar em bruxa, porque estás protegido”, aconselha Peninha.


As santas cruzes Outra manifestação característica do sobrenatual está representada nas santas cruzes, colocadas junto a igrejas de comunidades da Ilha e da Grande Florianópolis, como na Enseada de Brito, onde vive Peninha. Mais de 30 delas foram desenhadas por Franklin Cascaes e sua instalação contou com ajuda de Peninha, fiel escudeiro do folclorista e pesquisador durante cerca de 10 anos. Popularmente se diz que as santas cruzes “protegem os moradores das coisas que andam à noite”. Ou seja, têm um sentido sobrenatural muito forte. Peninha e Bebel Orofino explicam que as santas cruzes contêm elementos da religiosidade popular que remontam ao processo de colonização do território catarinense, entre os séculos 16 e 18. Quando os portugueses chegavam, a primeira providência era colocar a cruz e construir a capela ao lado (ou atrás). “Todos os elementos decorativos têm significado, a escada, a caveira com ossada (dizem que quando aconteceu a crucificação de Cristo houve uma grande tempestade e apareceram ossos, e que esses ossos seriam de Adão). Tem o galo, a torquês, um relho, o resplendor, a coroa de espinhos. A cruz irradia proteção para a comunidade, em especial durante a Quaresma, quando os seres sobrenaturais

foto MARCO CEZAR

foto CARLOS DAMIÃO

foto MARCO CEZAR

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se manifestam. Tanto que durante a Quaresma as pessoas não saíam às ruas, porque era o momento de bruxas e lobisomens aparecerem. Pior ainda na Semana Santa, porque Cristo está preso e vai ser morto. Imagina, Cristo morto, o diabo está solto, não há defesa contra o diabo. Aí eles soltavam um boi (touro), que virava a imagem do próprio diabo. Os pagadores de promessas iam para a rua para provocar o boi, até que ele entrasse na água do mar – e o ritual terminava. Essa religiosidade era muito popular. Mas uma reforma da Igreja mudou essa cultura, por influência dos padres e bispos de origem germânica ou italiana.”

Uma cidade “embruxada” Peninha diz que “Nossa Senhora do Desterro era um nome pesado, mas era um nome nobre, bíblico (representando a fuga para o Egito). Nossa Senhora do Desterro era a santa padroeira das viagens dos bandeirantes, por isso a Ilha recebeu esse nome. Florianópolis é “embruxada” por causa do nome adotado em substituição a Desterro, em 1894. Uma homenagem ou uma humilhação? Uma humilhação que a gente carrega covardemente. Já se tentou mudar o nome. A Ilha de Santa Catarina está no ‘Arquipélago das Ondinas’. Virgílio Várzea sugeriu Ondina, no início do século 20, para substituir o nome Florianópolis, mas ninguém aceitou.”


foto DIVULGAÇÃO

foto AYRTON CRUZ

IMAGINÁRIO DA ILHA

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O baile das bruxas Peninha foi quem criou a narrativa sobre as pedras de Itaguaçu, que teriam sido bruxas petrificadas por intervenção do diabo. “Eu tinha uma amiga jornalista que trabalhava na TVCom, da RBS TV (hoje NSC TV), Karla Cabral. Ela me pediu ajuda para fazer uma matéria sobre o boitatá lá no Morro do Rapa, em Ponta das Canas. Era um domingo de sol. Falei que não adiantava ir, porque o boitatá só aparece à noite. Aí sugeri: ‘Por que não fazes ali em Itaguaçu, onde o diabo transformou as bruxas em pedras?’. Ela me perguntou: ‘Tens a história?’. Respondi ‘tenho’. Aí elaborei a história. Aquilo ali (Itaguaçu) era um antro, um lugar meio desprezado, medonho. Fui levar a Karla para o meio das pedras, estava cheio de despachos, era um ‘despachódromo’. ‘Viste Karla, até hoje fazem despachos aqui por causa disso, na passagem das estações’. As bruxas fazem quatro sabás por ano, um em cada passagem de estação. Aí teve um sabá com a presença do diabo, elas prestaram satisfação a ele sobre os meses que passaram, fizeram reverências, beijaram o rabo dele e tal. Uma delas, que era da alta sociedade, frequentava o Clube 12 de Agosto e ficava se gabando disso. Aí outra ficou se lamentando, que gostaria de ir numa festa assim, de gente fina. A primeira sugeriu: ‘Vamos fazer uma festa dessas, a gente convida os boitatás, os curupiras, os caiporas, a gente faz um baile desses pra nós, das bruxas, mas sem o diabo, a gente não convida ele’. E assim foi feito, veio a orquestra selenita, lá da Lua, os boitatás, os vampiros, as mulas sem cabeça. Mas uma das bruxas, a mais invejosa, saiu de fininho e foi ao encontro do diabo para fazer intriga. ‘Sabias que elas estão fazendo uma festa e não te convidaram porque tu fedes a enxofre?’. Aí ele foi para o meio delas e as transformou todas em pedras, as pedras de Itaguaçu.”

A magia de Cascaes Tanto Peninha, quanto Valdir Agostinho e Bebel Orofino, que se dedicam às pesquisas sobre a cultura popular em Florianópolis e região, acreditam que o misticismo herdado dos colonizadores define bem o chamado sexto sentido, que é a capacidade de “sentir além” (e acima) do real. Embora não tenha sido o único, Franklin Cascaes foi o pesquisador que mais captou a ideia do fantástico, do mundo extrassensorial, entre os moradores da região litorânea de Florianópolis. Assim, quando se fala no sobrenatual, é impossível ignorar (ou desprezar) o mundo místico de Cascaes e de seus seguidores.


ILHA SILENCIOSA

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O DIA EM QUE A ILHA PAROU


Florianópolis em quarentena se transformou numa cidade de silêncios texto LU ZUÊ fotos CARLOS BORTOLOTTI

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ma cidade sem comércio, sem carros, sem transeuntes, sem o frenesi diário. Quando a Ilha de Santa Catarina ainda era chamada pelos índios carijó de Meiembipe, expressão que significa “montanha ao longo do mar”, o silêncio e a tranquilidade reinavam soberanos neste pedacinho de terra. No século XVI, antes da chegada dos portugueses, a Ilha e seus arredores eram uma região silenciosa, ainda distante da revolução industrial, sem preocupações comerciais, com uma população que vivia por meio da agricultura, além da pesca e coleta de moluscos. A mesma terra, outro século: em março de 2020, a agora denominada Florianópolis pôde experimentar dias daquele silêncio de antes, mas por motivos bastante diferentes. Desde o final de 2019, o mundo vem acompanhando com certa perplexidade o avanço de uma doença infecciosa causada pelo coronavírus. Com um contágio rápido por todo o globo, transformando a doença em pandemia, as autoridades não tiveram outra alternativa que não fosse evitar a transmissão de um vírus para o qual ainda não existe vacina ou cura. E também há uma série de informações, algumas duvidosas, muitas contraditórias. De certo, sabemos que o contágio é fácil e rápido, que a aglomeração de pessoas agiliza o processo e que somos todos possíveis contagiados se não seguirmos cuidadosamente os protocolos de higiene. Assim, medidas de isolamento foram tomadas pelos governos. Em Santa Catarina, a situação de emergência declarada no dia 17 de março de 2020 pelo Governo do Estado (Decreto n.o 515), impôs um período de quarentena, mudou a rotina dos habitantes e as paisagens das cidades. Na Capital do Estado, um deserto de gente se tornou a cena urbana mais frequente. Na praça XV de Novembro, a figueira centenária permaneceu sem que ninguém a admirasse. Possivelmente, desde 1891

“Foi assim No dia em que todas as pessoas Do planeta inteiro Resolveram que ninguém ia sair de casa Como que se fosse combinado em todo o planeta Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém, ninguém.” TRECHO DE “O DIA EM QUE A TERRA PAROU”, DE RAUL SEIXAS E CLAUDIO ROBERTO

quando foi colocada em seu local definitivo, nunca ficou tanto tempo sem a reunião de pessoas ao seu redor. Até mesmo as calçadas de petit-pavè idealizadas pelo artista Hassis, com os desenhos ligados ao folclore ilhéu, deixaram de fascinar os olhos dos turistas. De norte a sul, de leste a oeste, as praias da cidade também não receberam visitantes na virada do verão para o outono. De Jurerê ao Campeche, da Joaquina ao Cacupé, não desfilaram biquínis e sungas. As ondas quebraram sozinhas sem os surfistas. Na areia, apenas a Guarda Municipal se certificava de que a reclusão imposta estava sendo respeitada. No Centro da cidade, bares e casas noturnas sequer abriram suas portas. Nenhuma mesa ou cadeira colocadas na frente dos estabelecimentos. A área leste, que ganhou novos ares de boemia nos últimos anos, virou corredor de vento. A música cessou nas boates, impedindo as festas e confraternizações em pubs nas imediações da Avenida Beira-Mar. Por toda a cidade, o comércio parou. Dos shoppings centers ao mercado público. Das lojas de variedades nos bairros ao camelódromo municipal. E na região continental? Nada diferente. O Parque de Coqueiros ficou à disposição exclusiva de aves e insetos; mesmo o Estreito se tornou um mero local de passagem para quem era obrigado a sair, seja para trabalhar nos serviços essenciais ou para comprar produtos de necessidade básica. Neste cenário de distopia, que lembra a canção “O dia em que a Terra parou”, do maluco beleza Raul Seixas, a cidade de Florianópolis completou 347 anos de fundação. Não houve festa. Uma imagem bastante simbólica que circulou nas redes sociais durante o dia 23/03, data da comemoração, trouxe o prefeito Gean Loureiro sentado sozinho na sala de reuniões do gabinete em frente a um pequeno bolo. O “parabéns pra você” foi em silêncio. Uma outra maneira de enxergar esta pandemia é vê-la como uma ponte que nos ligará ao futuro – como se deu dos carijós ao manezinho da Ilha no século XXI. Uma ponte só começa a ser construída quando os dois lados estão de acordo. É um ato de união. Tanto no mundo quanto em Florianópolis, o ineditismo desta pandemia pode ampliar ainda mais nossos laços. E para uma cidade ligada ao continente por três pontes, talvez esta seja a grande lição a ser aprendida.

ILHA SILENCIOSA

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ILHA SILENCIOSA

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O desafio da adaptação No momento da finalização de sua edição n.o 81, a Revista Mural se viu em meio a essa realidade de pandemia, que provocou mudança de hábitos e limitou a circulação de pessoas, materiais e objetos, e paralisou serviços considerados não essenciais. Tivemos que nos adaptar ao momento e aos processos vigentes. As notícias são muitas e as dúvidas também. A ciência ainda está fazendo descobertas sobre o Covid-19 e todos estamos atentos, e pensando tanto em nosso compromisso quanto nos cuidados com a saúde dos nossos leitores, vamos circular primeiramente – e também – na versão online. Sabemos que o “isolamento social” não é, absolutamente, saudável, e que a manutenção de atividades de ocupação e exercício mental são fundamentais para mantermos a saúde e o equilíbrio emocional. Por isso, estamos disponibilizando conteúdo para garantir que isso seja possível, apresentando matérias que podem inclusive ajudar alunos longe das escolas, como aulas de história da nossa cultura popular até o catarinense que ganhou um dos maiores prêmios do cinema mundial e não é devidamente reconhecido em sua terra. Trazemos dicas de saúde, curiosidades, momentos de glamour – porque prevenção sim, perder o fair play jamais. E vai dar até para matar saudade das festas que rolaram no verão, porque festas, por enquanto, só nas fotos das que já aconteceram e estarão sempre na Mural. Estamos juntos, como sempre... só que, também, de formas diferentes. Esta é nossa maneira de construir uma ponte que nos transportará a um futuro (que esperamos seja em breve), onde essas limitações serão apenas lembranças, e possamos compartilhar boas e felizes experiências.


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foto INTERSCOPE RECORDS/ 2011 foto VCHAL/SHUTTERSTOCK

A fascinação e encantamento dos símbolos egípcios

Astronomia e arquitetura texto JULIANA WOSGRAUS fotos DIVULGAÇÃO

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história do antigo Egito com seus quatro mil anos de civilização – e lá se vão mais de 2050 anos, que acabou com a morte de Cleópatra, seu último faraó, em 30 a.C. –, fascina até hoje. Perduram também símbolos desta cultura que se tornaram populares em todo o mundo, além do legado cultural, arquitetônico, astronômico e outros que nos ensinam e intrigam ainda agora, como a Esfinge de Tebas (da obra “Édipo Rei”, de Sófocles), a nos devorar em encantamentos e mais perguntas, muitas ainda indecifráveis. foto MEMPHIS TOURS/DIVULGAÇÃO

SÍMBOLOS EGÍPCIOS

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A constelação de Órion fascina os povos há milênios e também é a mais fácil de ser vista de praticamente toda a Terra, com seu célebre Cinturão de Órion, formado pelas estrelas Mintaka, Alnilam e Alnitak, um trio alinhado com a mesma distância visual. Embora Alnilam esteja mais distante da Terra, é a que brilha mais. Ela tem 300 mil vezes e meia a luminosidade do nosso Sol. Também são conhecidas como as Três Marias. E o verão é a época do ano mais favorável para sua visualização aqui do Hemisfério Sul. A célebre constelação tem ainda outras três referências fáceis de ver a olho nu: Betelgeuse, de luz avermelhada; Rige, uma super gigante azul; e Bellatriz, também com luz azulada. Mas são as estrelas do cinturão de Órion que já encantavam também os povos que pisaram sobre a Terra há milhares de anos. No Egito antigo foram construídas as grandes pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos, formando um trio perfeitamente alinhado com a visão aérea do Cinturão de Órion. A primeira delas, Quéops, construída há 2.550 a.C. Na mesma época, longe da África, no México os astecas construíram suas pirâmides Teotihuacan, com o mesmo alinhamento. Este é um encantamento e mistério milenar que ainda não se explica, e por que nos fascina tanto?


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SÍMBOLOS EGÍPCIOS

Símbolos e realizações Do Egito vieram símbolos milenares que atravessaram o tempo e o espaço e estão por todas as partes da Terra na atualidade. Seja nas pequenas pirâmides de cristal para energizar a casa, em joias e inúmeros acessórios com seus poderosos símbolos, também “up to date” na pele das pessoas através de tatuagens. Nas roupas de cantores e cantoras, nos videoclipes, cenários de shows, em quase tudo do mundo do entretenimento encontramos hoje símbolos do Egito. E nem falo dos legados sociais, culturais, científicos, da invenção do alfabeto e da escrita, dentre outras realizações desta antiga civilização do norte da África que utilizamos até hoje.

Os símbolos mais famosos OLHO DE HÓRUS Este é um dos amuletos egípcios mais populares de todos os tempos. O Olho de Hórus tem entre muitos significados, o de força e proteção. Hoje são vistos em qualquer local para onde se olhe, seja num colar, numa tatuagem, num cenário ou estampa de roupa, videoclipe, cenário de show, ele está em todas. Para os egípcios o “olho que tudo vê” representavam a clarividência, além do poder, força e proteção espiritual. É o favorito em tatuagens atualmente. CRUZ DE ANSATA Associada à Ísis, deusa da fertilidade e da maternidade, e de Osíris, deus da vegetação e da vida no além, essa cruz oval representava a eternidade. Chave ou Cruz da Vida, Ankh era usada pelos faraós para atrair proteção, saúde e felicidade. Hoje são usadas como gargantilhas, pulseiras e também em tatoos na pele de diversas gerações no mundo todo. ESCARAVELHO Outro dos amuletos mais populares da antiguidade, o escaravelho simboliza o deus egípcio do Sol – Kepri. Era utilizado nos funerais para proteger contra maus espíritos. SERPENTE Venerada pelos egípcios, a serpente simbolizava proteção, saúde e sabedoria. Sua representação era considerada um talismã poderoso. GATO Animais venerados, eram considerados seres superiores. Os gatos estavam associados à Bastet, deusa da fertilidade.

TYET OU TET Muitas vezes confundida com a Cruz Ansata pela forma ovalada, o nó de Ísis (Tyet ou Tet) também era considerado um poderoso amuleto simbolizando a proteção da deusa da fertilidade e da maternidade, Ísis. Era amarrado no pescoço do morto a fim de lhe garantir uma viagem protegida e segura. FÊNIX Considerada o pássaro da ressurreição, símbolo de vida e da renovação, a mítica personagem renasceu de suas cinzas. Está associada ao ciclo do Sol, representando o símbolo das revoluções solares. Vale lembrar que os egípcios criaram o ano de 365 dias, referência seguida por todos aos povos. PENA A pena simbolizava justiça, de forma que representava o peso mais leve, mas necessário para interferir no equilíbrio da balança. Bom para pensar isso. Fato é que estes símbolos, seja pela estética apenas, ou pelo antigo significado, continuam poderosos.


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TOCA PRA TOCA

Restaurante Toca da Garoupa convida para uma experiência única em gastronomia fotos DIVULGAÇÃO

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os últimos meses, a Toca da Garoupa teve o prazer de receber personalidades da Ilha, da música, do esporte e da cultura brasileira. Localizado na rua Alves de Brito, no Centro de Florianópolis, é especializado em frutos do mar, com ingredientes frescos e sabor inesquecível.


EMPREENDIMENTO

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foto RAFAEL CENSI

FORMIGA RADICAL

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DE FLORIANÓPOLIS A TÓQUIO, DE


texto LUÍS ROBERTO FORMIGA fotos MARCO CEZAR e RAFAEL CENSI

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lorianópolis, 1978, na ilha paradisíaca com praias isoladas entre propriedades rurais à beira do mar estava prestes a receber um evento esportivo inédito. Ruas de areia e paisagens espetaculares para se chegar em um lugar que a partir daquele momento se tornaria sagrado para uns ou, no mínimo, entraria para a história de um esporte e uma filosofia de vida para outros. O skate, esporte de prancha que originalmente buscava a liberdade nos seus movimentos, era totalmente influenciado pelo surfe nas ondas do mar, que no início essas coreografias simuladas eram praticadas nas ruas, no asfalto e no plano. Mas foi em 1978 que Floripa mudou o destino desse esporte no Brasil. Chegar no Clube 12 de Agosto, em Jurerê, era o objetivo, o primeiro campeonato brasileiro de skate em uma pista onde os skatistas poderiam manobrar em curvas inclinadas, simulando com mais velocidade e radicalidade as manobras do surfe. Era para ser somente um campeonato, mas o traçado sinuoso da pista que descia a encosta do morro, no canto esquerdo de Jurerê, lotou de gente bonita, que estava atrás da curtição e de viver a vida de uma forma despojada e natural, próximo ao esporte e ao ar livre. O primeiro Campeonato de Skate do Brasil virou um inesquecível festival. Esse evento marcou demais, não somente pela juventude bonita, mas também por eu ter acertado o primeiro

aéreo do Brasil em competição, manobra que o skatista voa segurando o skate, também inédito na época. Ainda garoto, vivi a emoção de vencer e de sair nas revistas como o primeiro campeão brasileiro na categoria Júnior de skate em pista. Nesse evento decidi que esse seria meu objetivo de vida, viver intensamente e ao lado do esporte. 40 anos depois, acompanhando esse esporte, faço esse relato, da importância dessa cidade encantada no desenvolvimento dessa atividade que ganha em 2020 o status de esporte olímpico.

Garoto eu fui para Califórnia Ser campeão brasileiro me deu projeção e logo fui convidado por uma equipe para fazer parte da primeira delegação brasileira a competir no exterior, mais precisamente na Califórnia, o sonho de consumo dos adolescentes da época. Nós fomos humilhados tecnicamente falando, os caras eram bons demais no skate em pistas. Saí de lá com muita experiência adquirida e com um modesto 26.o lugar. Foi um sonho conquistado, mas o que ficou claro na minha cabeça infanto-juvenil era que seria impossível vencer os gringos, principalmente os americanos.

FORMIGA RADICAL

fotos ARQUIVO PESSOA L

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foto RAFAEL CENSI

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A ENERGIA POSITIVA DESSE ESPORTE SERÁ O MAIOR LEGADO DO SKATE PARA OS JOGOS OLÍMPICOS

No início dos anos 80, o skate entrou em recessão, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. As pistas fecharam e o skate mudou de rumo no planeta Terra. O alto custo para manter os skate parks, a cultura de não se pagar para andar de skate, problemas com seguradoras etc., colocaram o skate de volta na rua. O esporte se afastou de sua essência, a pegada de estar ligada ao estilo do surfe deu lugar a uma expansão na cena urbana, nas ruas, em rampas de salto e depois nas praças e lugares onde houvesse corrimãos, escadas e bancos de parques, estruturas que pudessem ser usadas como locais de execução de manobras. Passou mais de 10 anos e a modalidade street skate dominava. Alguns heróis da resistência se mantinham nas poucas pistas existentes, na grande maioria particulares ou algumas públicas que estavam sem manutenção e corroídas pelo tempo. Mesmo assim surgiu uma geração de ouro do esporte. Digo Meneses, Lincoln Ueda, Bob Burnquist, Sandro Dias e Cristiano Mateus sonharam mais alto e foram competir e até morar no exterior, aqui no Brasil o skate em pistas continuava hibernando enquanto esses caras mostravam que nosso país tinha seus representantes no topo do ranking mundial, principalmente no half pipe, aquela famosa pista em formato de U, onde voar em manobras aéreas era o que tinha que ser mostrado.

mar e nas ondas, além de bom surfista mantinha o skate no pé. E foi nessa praia que ele conheceu Rafael Bandarra e André Barros, de Brasília (DF), no ano de 1994.

1997, construindo um sonho Os três amigos, Leo, Rafa e André decidem fazer acontecer. Eles meteram a mão na massa, literalmente, e no bolso, ao invés de reclamarem da falta de pistas. Compraram terrenos no Rio Tavares e fizeram o primeiro bowl da região, tudo para construir um sonho sem depender de ninguém. Viver surfando, andando de skate e curtindo a Ilha da Magia de forma intensa e saudável era o objetivo. Em 1997, o skate volta através dessa pista a ter aquela pegada surf style aqui em Florianópolis, original desse esporte de prancha. Mais que isso, ele foi sendo naturalmente inserido nesse bairro da costa leste da Ilha de Santa Catarina. Aquele primeiro bowl virou um lugar que agregava amigos que curtiam surfe, skate, arte e música. Era o impulso que o skate precisava em Florianópolis. foto MARCO CEZAR

Os altos e baixos do skate

Areia de praia, sal, sol e skate Ainda nos anos 90 surge um garoto prodígio no skate brasileiro, Leo Kakinho, de Guaratinguetá, interior de São Paulo. Desde pequeno, Leo já tinha muito estilo e atitude. Ele era um garoto pequeno, que além de tatuagem – coisa rara em um adolescente –, tinha também muita técnica nas pistas, principalmente no banks. Esse fenômeno do esporte da época mudou-se para Florianópolis, mais especificamente para a Praia Mole, de olho no

LEO KAKINHO, RAFAEL BANDARRA E ANDRÉ BARROS


foto MARCO CEZAR

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Nasce uma estrela

foto MARCO CEZAR

O tempo foi passando e rapidamente o pequeno bowl foi sendo reformado e em volta surgiu a pousada Hi Adventure. Nasce o filho de André Barros, Pedro. Ainda bebê, mesmo antes de andar, já engatinhava e deslizava sobre o skate enquanto os surfistas skatistas curtiam a vida sobre as pranchas. Esse estilo de vida trouxe muita gente legal que era atraída para essa pousada e essa pista. Artistas como Marcelo D2, Digão dos Raimundos, entre outros. Gente que respira skate e música como os irmãos e empresários, raíz do skate, Alemão Drop Dead e Dranho faziam shows fortalecendo o conceito de skate arte e acompanhavam o crescimento de um super talento, fortalecendo o que chamo de centro de “cultura skatística”.

foto EDUARDO VALENTE

ANDRÉ E PEDRO BARROS

foto DIVULGAÇÃO

O esquema surfe skate estava tão legal que um dia veio um gringo andar nesse bowl e enfatizou “Rio Tavares mother fucker!”. A gíria em inglês não era um palavrão e sim um superlativo, traduzindo seria mais ou menos como: “Rio Tavares é sensacional!”. Nasce um conceito, o nome de uma galera que tinha mais que vontade de curtir a vida, eles tinham o skate no sangue. EDU ALEMÃO E DRANHO DROP DEAD

MORCEGO, SÍMBOLO DA RTMF (RIO TAVARES MOTHER FUCKER), 20 ANOS DA DROP FAMILY

HOSOI, RAFAEL BANDARRA E PAUL VAN DOREN, FUNDADOR DA MARCA VANS, A MARCA MUNDIAL DO SKATE

foto MARCO CEZAR

foto MARCO CEZAR

RTMF, do Rio Tavares para o mundo


foto JOVANI PROCHNOV

foto RAFAEL CENSI

FORMIGA RADICAL

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PEDRO BARROS (FOTO AO LADO) E YNDIARA ASP (ACIMA) SÃO PROMESSAS DE MEDALHA PARA AS PRÓXIMAS OLIMPÍADAS

Mais pistas surgiram na Ilha, tem skate no Norte, no Sul no Leste e no Oeste de Floripa. Os projetos de Leo Kakinho e o desenvolvimento de uma técnica de construção de terrenos “skatáveis” por essa equipe superou tudo que é lugar. Essa variação de pistas fez de Florianópolis o lugar mais legal do mundo para quem quer evoluir no skate e curtir a vida. Não é a toa que no skate feminino Floripa também manda forte, duas das melhores skatistas do Brasil, Yndiara Asp e a campeã brasileira de 2019, Isadora Pacheco, são da área.

Da cena de skate hardcore aos Jogos Olímpicos

Desde as primeiras competições, Pedro era destaque e conquistou o mundo deixando claro que o estilo desse brasileiro era avassalador. A criatividade, a performance e, principalmente, sua força e explosão são insuperáveis. Acumulando seis títulos mundiais, Pedro mostrou ao mundo um skate em patamar superior. Desde o tempo de skatistas como Christian Hosoi, norte americano que expandiu os limites nos aéreos altos e cheios de estilo, não se via alguém com tamanho diferencial. Voando mais alto e pegando mais pesado que qualquer outro skatista, principalmente, quando as paredes das pistas são mais desafiadoras. Pedro anda em qualquer terreno, no street, nos banks e nos parks, nas transições mais altas como a mega rampa. É o exemplo máximo do que é ser um skatista overal, que anda em qualquer lugar. Com a visão de empreendedorismo do pai André, do Rafael e do padrinho Léo, o sucesso do skate em Florianópolis gerou mais frutos. Uma legião de novos skatistas tem um modelo a seguir, seja como skatista profissional ou como pessoa, Pedro é o exemplo a ser seguido. Além disso, outros brothers, de outros lugares, como Murilo Peres, Felipe Foguinho e os melhores skatistas do Brasil sempre estão na área.

foto MARCO CEZAR

Nas pegadas do campeão

Mesmo com a indefinição de uma data para os Jogos Olímpicos, por conta da pandemia do coronavírus, a estreia do skate é certa, grande parte da equipe que vai representar o Brasil é daqui ou frequenta essa área. Todo mundo, mesmo de outros centros do skate no Brasil, como SP, PR ou RJ, andam nessas pistas e se respeitam. Essa conversa de pessoas de fora não serem bem recebidas no skate não cola. Nesse esporte a expressão “fora haule” não rola. Mais de 40 anos depois ficou claro que eu estava errado ao achar que seria impossível vencer os norte americanos; hoje o skate do Brasil é referência. Sem dúvida, o maior legado que o skate deixará nessa estreia nos Jogos Olímpicos será o sorriso no rosto, o prazer em competir e, principalmente, aplaudir os outros competidores, mesmo em uma final que vale medalha de ouro. A equipe brasileira ainda não está definida até o final dessa edição, mas uma coisa é certa: a participação da cidade de Florianópolis nos Jogos Olímpicos em Tóquio 2021 ficará por conta do skate. Boa sorte, Brasil!

RAFAEL BANDARRA, PEDRO BARROS, ANDRÉ BARROS E LUÍS FORMIGA



foto ANTÔNIO HUSADEL

CINEMA E CARNAVAL

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CINEMA E CARNAVAL

foto DIVULGAÇÃO

VINICIUS DE MORAES, OBAMA, A MUSA E O CARNAVAL DE FLORIPA

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Qual a ligação entre o “Poetinha”, o ex-presidente norte-americano, a diva e a maior festa popular do país na Capital?

Referência para a história

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“Sua mãe Ann e sua irmã Maya visitavam o ex-presidente em Nova Iorque, onde cursava a Universidade Columbia. Uma noite, enquanto folheava o jornal Village Voice, os olhos da minha mãe se iluminaram ao ver a propaganda de um filme, Orfeu Negro, exibido no centro da cidade. Minha mãe insistiu para que fossemos naquela noite, disse que foi o primeiro filme estrangeiro que viu. Ela tinha apenas 16 anos. Foi a primeira vez que fez algo totalmente sozinha. Sentiu-se adulta. Quando viu o filme, achou que era a coisa mais bonita que já tinha visto”, contou Obama, ao lembrar as palavras da mãe. Em uma noite estrelada de verão, Letícia Mello e família – o marido João Luiz Machado, os filhos Gabi e Jorge e a mãe Mana de Xangô – receberam a reportagem da Revista Mural para um bate-papo, na sede da Transformar, espaço neuropsicológico onde a pedagoga oferece serviços voltados à área de educação e saúde, para crianças e adolescentes. Com muita simpatia, fala macia e sorriso cativante, a rainha do Carnaval de Floripa falou de um pouco de tudo: do convívio com o pai Breno Mello, da infância, do sonho realizado, suas memórias, seu trabalho e do que ama. “Hoje, além do Carnaval e da minha família, a A MÃE, MANA DE XANGÔ, Transformar é minha grande paixão.” FIGURA TRADICIONAL

foto DIVULGAÇÃO

rimeiro, a relação singela: Rainha em 2014, Letícia Mello foi escolhida por duas vezes musa do Carnaval de Floripa, em 2016 e 2017. E onde entra o poeta, dramaturgo, escritor, compositor e diplomata brasileiro, autor de Soneto de Fidelidade, uma das mais importantes obras da literatura brasileira, precursor da Bossa Nova no Brasil? E ainda, como o primeiro presidente negro de umas das mais importantes nações do planeta se encaixa nessa equação? Antes de seguir com as respostas do quebra-cabeças, é necessário lembrar a autoria de “Poetinha” da peça Orfeu da Conceição, obra que deu origem ao filme Orfeu Negro, de 1959. Transposição do mito grego de Orfeu e Eurídice para uma favela carioca, na época de Carnaval, destaque para a participação do galã brasileiro Breno Mello, pai da musa Letícia, intérprete de Orfeu em um elenco praticamente negro. Agora, caro leitor, as conexões, irão se completar. Assim que você souber que a primeira referência de Barack Obama ao Brasil, surgiu com a paixão da mãe, a antropóloga Stanley Ann Dunham, por Orfeu Negro, seu filme preferido. A história foi bem contada pelo próprio Obama em sua biografia Dreams from my father.

foto MARCO CEZAR

textos OLAVO MORAES fotos MARCO CEZAR, ANTÔNIO HUSADEL E ARQUIVO PESSOAL

DA CIDADE


Relação com o pai foto ANTÔNIO HUSADEL

Anos intensos

“São muitas as recordações. Vivemos anos intensos até o momento da separação, quando eu tinha 15 anos e ele foi morar em outra cidade. Foi um pai incrível. Muito presente.”

Sambando no banquinho “Acompanhei algumas gravações dele, viajamos juntos. Esse amor, essa paixão que ele tinha, tanto pelo futebol, quanto pelo Carnaval ficou muito clara. Ele conseguiu me passar isso. Lembro que, desde pequenina, ele me colocava em cima de um banquinho para sambar, com a música Bole, bole, bole. E foi muito emocionante quando fui rainha [do Carnaval, em 2014], eles anunciaram meu nome, e a banda, sem saber – o universo conspirou a meu favor – tocou essa mesma música para minha entrada.”

Ensinamentos “O pai me ensinou a sambar, a ter a classe, a ter glamour, a ter um sorriso. Ele já me passava isto desde pequena.”

Violão presente

Bailes infantis

“Na lembrança do Carnaval e a presença do pai, o que mais me marca é o violão. Eu tenho o violão do pai, o violão do filme Orfeu Negro. Foi um presente, um troféu para ele. No meu aniversário sempre fazia serenata. Nos acordava, às vezes, no café da manhã tocando violão. A presença mais viva do pai é o nosso violão.”

foto DIVULGAÇÃO

“Uma das marcas da minha infância é a cadeira que ele me colocava para sambar. Ele tocava e eu sambava os bailes de Carnaval onde ele me levava. Era muito gostoso, sempre participando, sempre sambando, sempre me incentivando.” foto ANTÔNIO HUSADEL

CINEMA E CARNAVAL

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Lembranças de infância “Lembro que ele fez um filme e todos nós, os filhos, fomos para o Rio de Janeiro. Gravou com o José Wilker. Tenho algumas memórias de estarmos lá, no Rio, no hotel, do set de gravação. Daqui de Florianópolis recordo do Bom Abrigo, um lugar que ele adorava; a Ponta de Baixo, onde ia para compor. Sentava embaixo de algumas árvores e ficava ali. Essas são as minhas maiores lembranças de infância.”

CINEMA E CARNAVAL

foto ANTÔNIO HUSADEL

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Paixão pela Consulado

foto ANTÔNIO HUSADEL

“O pai tinha um amigo no tempo da Elase, Sérgio Bertoldo, o Passarinho, presidente da Consulado, e acabou levando toda a família. Foi lá que a minha irmã conheceu o mestre-sala, são casados há 27 anos, a Déia e o Mazinho. Minha relação com o Carnaval nasceu dentro da Consulado. Meu coração é vermelho e branco. Ele me deu essa paixão vermelho e branco. Os desfiles e homenagens aconteceram todos lá, mas também fui homenageada por outras escolas.”

Espírito feliz “Lembro do Clube 1.o de Junho, um baile que a gente sempre ia. Aqueles bailes à tarde, aquelas marchinhas. No centro de Florianópolis, à tarde, passeios em família... Lembranças enquanto pequena. Depois a presença na escola. O pai me buscando de pijama na boate, quando comecei a sair. De propósito, para me fazer passar vergonha na frente dos amigos [sorrisos]. Ele era muito divertido, sempre muito brincalhão, com espírito feliz.”

Orfeu Negro “Lembro do filme, do início ao fim, de todas as falas, lembro da música. Assistindo o filme, lembro que eu chorava muito, porque ele morre no final. Até eu entender que era uma gravação, um filme... Mesmo tendo ele presente, sofria bastante com isso.”

Do futebol ao cinema “O pai nasceu em Porto Alegre, jogou futebol no Renner, no Fluminense, no Corinthians, chegou a jogar com o Pelé. Ele estava andando na rua e um moço seguiu ele e parou para perguntar o que ele queria e o cara falou: sou olheiro, tu tens o perfil que a gente procura para o filme. O pai não acreditou, mas foi. Ele chegou lá, fez a seleção e foi aprovado para o Orfeu Negro. Depois ele fez mais nove filmes, entre curtas e longas.”


Faixa com batom

“Ter me tornado rainha do Carnaval foi maravilhoso, um sonho realizado. Cresci com o sonho, sentindo o amor pelo pai, sambando na cadeirinha. Eu brincava com faixa de papel hgiênico, escrita de batom Rainha do Carnaval. Sambava e brincava com amigas. Sempre sonhei com isto.”

Eleita na primeira participação “Tínhamos uma pizzaria na época. Trabalhávamos no Carnaval, vendíamos cerveja, água, refri e pizza para as escolas de samba. Então fui o cavalo azarão. Ninguém me conhecia, porque eu estava sempre de uniforme, blusa vermelha e calça preta vendendo. Aí aparece a Letícia com uma mega fantasia, samba no pé, porque treinava desde pequenina. Tinha várias favoritas e todos ficaram se indagando: quem era aquela menina, aquela mulher. Assim fui eleita em minha primeira participação. Muitas concorrentes tentam várias vezes, em busca do maior título do sonho de uma passista, que é ser rainha do Carnaval de Florianópolis.”

JOÃO LUIZ MACHADO, LETÍCIA CORRÊA, GABRIELA MELLO MACHADO E JORGE MELLO MACHADO

A batalha fora da avenida “Quando nós optamos, em toda a família, apoiar esse sonho, eu trabalhava como coordenadora pedagógica em uma escola. Entregando o título em 2015 ainda fui musa do Carnaval de Florianópolis pela Consulado por dois anos, 2016 e 2017, e há dois anos nasceu a Transformar, em julho de 2017. Há dois anos eu não desfilo oficialmente, apenas participo e curto o Carnaval, não saio mais na avenida. Não foi simples, acabei de terminar o mestrado agora. Não iria conseguir me dedicar tanto ao Carnaval, porque coloquei meus estudos à frente nestes dois anos.” Agora, ano que vem eu volto [sorrisos]... Até brinquei, porque agora o regulamento foi para 40 anos [antes era 30], estou pensando em voltar de novo a concorrer em ser rainha do Carnaval de Florianópolis [mais sorrisos]... Mas, falando sério, em 2021 eu volto. Com a empresa consolidada,com uma equipo que pode me dar esse suporte e a gente já pode saracotear de novo. Terminei o mestrado em educação, sou especialista no Transtorno do Espectro Autista, algo que eu amo bastante. Tenho atendimento para todas as crianças que precisam, alfabetizaçao, letramento. Foi uma estrada nova, um presente que Deus colocou no meu caminho. Abri mão da minha vida profissional e aposto na Transformar. Nasceu em uma salinha de 26 metros quadrados, em 2017. Em 2018, meu esposo largou o trabalho, onde esteve por 8 anos como supervisor de lojística, e viu a necessidade de me dar esse suporte, de vir transformar comigo. Demos um passo maior e hoje estamos dando suporte para quase 100 crianças de atendimento de terapeuta ocupacional, nutricionista, fono e psicólogo. Então, hoje, além do Carnaval e da minha família, a Transformar é minha grande paixão.

foto ANTÔNIO HUSADEL

Rainha do Carnaval

foto MARCO CEZAR

CINEMA E CARNAVAL

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foto DIVULGAÇÃO

CINEMA E CARNAVAL

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Breno Mello, retrato do Brasil FILMOGRAFIA

w Orfeu Negro, 1959 w Os Vencidos, 1963 w Rata de Puerto, 1963 w O Santo Módico, 1964

wO Negrinho do Pastoreio, 1973 w Prisioneiro do Rio, 1988

foto DIVULGAÇÃO

Breno Mello é um personagem fascinante. Retrato do Brasil. Une as duas maiores paixões do país: Carnaval e futebol. Sambista, foi atleta profissional e ator. Jogou no Santos, ao lado de Pelé. Interpretou o protagonista em um dos maiores clássicos do cinema nacional, Orfeu Negro, de 1959. Primeira obra da língua portuguesa a conquistar o Oscar – de Filme Estrangeiro. Começou a jogar no time do São José, de Porto Alegre, passando depois pelo Renner, também da capital gaúcha; depois Santos (SP) e Fluminense (RJ). Nascido em 1931, morreu no dia 14 de julho de 2008, em Porto Alegre. Deixou cinco filhos, Letícia e outros quatro irmãos do primeiro casamento, e 12 netos. Quando defendia o Fluminense foi descoberto pelo diretor francês Marcel Camus para estrelar o filme Orfeu Negro. Baseado na peça de Vinícius de Moraes Orfeu da Conceição, foi rodado no Rio de Janeiro em 1959. Conquistou vários prêmios, entre eles a Palma de Ouro em Cannes, em 1959; o Globo de Ouro e o Oscar de filme estrangeiro para a França, em 1960. Breno interpretou o personagem Orfeu. Foi o que bastou para que começasse a idealizar a saída dos gramados. Ainda jogou mais um pouco pelo Santos, mas logo se definiu pelo cinema. Em sua última aparição na tela fez parte do documentário Renner – O Papão de 54, que retrata a épica conquista deste extinto clube de Porto Alegre no Campeonato Gaúcho, quebrando a hegemonia da dupla Grêmio e Internacional.

MARCEL CAMUS, JUSCELINO KUBITSCHEC, MARPESSA DAWN, BRENO MELLO E VINICIUS DE MORAIS


FOTOGRAFIA

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PELAS LENTES DOS ARTISTAS fotos ANTÔNIO HUSADEL e DANIELA PASSOLD

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a arte dos fotógrafos Antônio Husadel e Daniela Passold, as imagens do Carnaval 2020 de Florianópolis. A emoção da passarela, os bastidores, o samba no pé, o detalhe, o olhar, a explosão de cores do maior espetáculo cultural do Brasil. A imagem congelada para a posteridade. A foto exclusiva do novo Rei Momo, Marcão, no dia da eleição da corte. Tudo isso e muito mais, pelas lentes dos artistas.

THALLITA JUANITA

JOICE PEREIRA DA SILVA

CAROLINE MAIER

JEFFERSON WILLIAN DA COSTA


FOTOGRAFIA

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CÔRTE DO CARNAVAL 2020

ANDRESSA OURIQUES

JULIANA JOY

CAMILA VENTURA

RENATA OLIVEIRA

ANDRADE (MACARRONADA ITALIANA)

KARINA MARCELINO




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SEM VENENO NA MESA Da produção a certificação dos alimentos orgânicos do cinturão verde da Grande Florianópolis


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GRUPO HARMONIA DA TERRA

texto TARCÍSIO MATTTOS fotos TARCÍSIO MATTTOS e EDUARDO MARQUES

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segunda-feira de Carnaval encontrou Lu Eicke entre as árvores de clemenules dos pomares que cultiva em Alfredo Wagner juntamente com o marido, Tarcísio, e com o sócio do casal, o Eduardo Marques. No final da tarde da terça-feira gorda, o trabalho dos três, mais o do Toninho, que os ajuda nas tarefas mais pesadas, contabilizou 435 quilos de frutas raleadas em um terço das 800 árvores da variedade de tangerinas que cultivam na propriedade. Não precisava ser assim. Algumas horas de aplicação de um composto químico que regula o crescimento das frutas seria suficiente para que os quatro tirassem uma bela folga nos dias destinados às folias de Momo. Na mesma manhã, quem viajava para Florianópolis pela BR-282, pode ter cruzado com Fernando Ponte de Sousa, que subia para o Sítio Belo Monte, em Rancho Queimado, onde iria entrar na mata

para colher os shitakes cultivados no meio da floresta e um pouco de uvas para a produção de mais garrafas do Insurgentes, vinho envelhecido em ânforas e sem a adição de açúcares e mineralizantes. Não muito longe dali, em Rio Pequeno, distrito de Taquaras, também em Rancho Queimado, Geraldo Junckes, escolhia cada um dos morangos de suas estufas de plantio suspenso, plantados em sacos recheados com terra de barranco, casca de arroz e adubo natural. Perto do meio-dia o fotógrafo desta matéria encontrou Tânea Follmann no Sítio Saraquá, em Rio Antinhas, município de Águas Mornas, preparando as cestas com as verduras, hortaliças e frutas colhidas mais cedo e que seriam entregues pelo sistema Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA). Lu, Fernando, Geraldo e Tânea são agricultores e, cada um por seus próprios motivos, optaram por produzir alimentos orgânicos e fazem parte do Harmonia da Terra, grupo de certificação participativa ligado à Rede Eco Vida de Agroecologia.


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Aqui e lá fora Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil possui pouco mais de 20 mil unidades certificadas para plantar, processar e comercializar produtos com o direito de ostentarem o selo “Orgânico Brasil”. Em Santa Catarina são 1.645, o que representa 0,7% do total das mais de 200 mil propriedades rurais produtivas no Estado. No cinturão verde da Grande Florianópolis, responsável por colocar alimentos frescos nas mesas dos consumidores da Capital, apenas 297 agricultores são certificados para a prática da agricultura sem venenos.

O Brasil está muito longe de ser reconhecido como um país de produção orgânica. Em relação à área, por exemplo, apenas 0,4% das terras usadas para a produção de alimentos cultiva orgânicos. Está na 100.a posição entre os 177 países mostrados no anuário 2018 do Instituto de Pesquisas da Agricultura Orgânica, entidade com sedes na Suíça, Áustria, Alemanha, França e Bélgica. Em faturamento, entre 55 países mostrados, o Brasil está na 22.a posição, mesma colocação quando se trata da contagem absoluta de produtores, independentemente do tamanho da população.


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Enxadas e papéis

Tânea

Para que uma propriedade rural receba o certificado, ela precisa passar por um período de observação e adaptação que leva, em média, pouco menos de dois anos, mas pode se estender para seis, se a terra foi utilizada anteriormente para a produção de fumo, dada a quantidade e potência dos venenos que a cultura do tabaco utiliza e deixa na terra. Neste período, e daí por diante, toda a produção precisa ser documentada com anotações de cada ação realizada pelo agricultor, os insumos precisam ser de origem certificada ou autorizados para o uso na agricultura orgânica. Para saber se está tudo dentro dos conformes, o produtor ainda tem que ficar atento às portarias e instruções normativas que são anexadas à Lei de Orgânicos de tempos em tempos. E quando os produtos chegam nas mãos do vendedor, ele deve ser acompanhado de pelo menos quatro documentos: certificado válido, DTC (termo de responsabilidade), rastreabilidade e nota fiscal. Há duas maneiras de ter tudo isto: contratar os serviços de uma empresa certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura ou entrar em um grupo de certificação participava, que é o caso da Lu, do Fernando, do Geraldo e da Tânea. Mas basta um erro de um deles para comprometer a certificação das demais sete famílias que integram o Harmonia da Terra. Para evitar transtornos e ampliar o conhecimento das normas e das técnicas de cultivo, eles se encontram pelo menos uma vez por mês, alternando as reuniões entres as suas propriedades, para que todos possam ver como o colega está cuidando da terra e da produção. Uma vez por ano, antes da emissão ou renovação do certificado, a propriedade e os papéis são conferidos pelos verificadores de conformidade vindos de fora e ainda estão sujeitos a visitas não agendadas do Ministério da Agricultura. A principal motivação da reunião de fevereiro foi a conferência dos Planos de Manejos, documentos extensos, onde o produtor explicita as áreas onde cada cultura será plantada, quanto pretende plantar, colher e comercializar e ainda se compromete com as boas práticas relacionadas com o trato com a terra, com os animais e com as relações de trabalho.

As cestas que a Tânea entrega para seus 40 clientes é a realização de seu sonho. Agricultora raiz, nascida e criada às margens do rio Peperi-guaçu, divisa do Brasil com a Argentina no interior de Itapiranga, acompanhou o sofrimento dos pais, parentes e vizinhos na lida com os plantios de fumo e com o relacionamento com as empresas que dominam os mercados do tabaco. Decidiu que iria estudar para encontrar uma maneira de fazer com que o trato entre todas as partes fosse mais humanizado, honesto e saudável. Se formou em Agronomia pela UDESC, em Lages, onde conheceu o estudante de engenharia florestal, Vitor Rita, que foi lá estudar para aprender a proteger as matas. Hoje eles moram e produzem em Águas Mornas e implantaram em Florianópolis a primeira célula do sistema CSA, que significa, literalmente “comunidade que sustenta a agricultura”. Seus clientes fazem uma espécie de assinatura de alimentos e recebem semanalmente, e com valor fixo por um ano, uma cesta de produtos colhidos pelo casal ou que eles adquirem de colegas de produção orgânica. Há gratidão e comprometimento entre as partes. Seu empenho é o de levar este conhecimento para mais agricultores e ajudar a formar novos grupos.


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Geraldo Geraldo Junckes também é um agricultor raiz. Hoje, ele colhe 5 mil caixas de morangos, toneladas de tomates, de cenoura e de alho-poró por ano, em sua propriedade em Rio Pequeno, onde nasceu há 54 anos. Quando tinha uns 15 anos chegou na região a “Revolução Verde”, pacote tecnológico voltado para a agricultura e que prometia aumentar a produção com o uso intensivo de venenos e adubos químicos. Ele era o responsável por preparar as caldas que seus irmãos aplicavam nas plantações e logo percebeu que aquilo não poderia fazer bem para as plantas, para as pessoas e para o planeta.

O jovem logo despontou como uma liderança na comunidade e, em 2001, incentivado pelo pastor luterano Silvino Schneider, participou do Encontro Interamericano de Vivências Comunitárias, na Venezuela, e viu que a agricultura orgânica já era praticada há mais de 20 anos no país caribenho. No ano seguinte, assim que foi aprovada a Lei de Orgânicos no Brasil, foi um dos primeiros agricultores de Santa Catarina a obter certificação via auditoria e, em 2014, migrou para a certificação participativa e é um dos verificadores da Rede Eco Vida de Agroecologia.


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Fernando Já Fernando Ponte de Sousa, 68 anos, professor e pesquisador aposentado do Departamento de Sociologia e Ciência Política, é novo na área. Assim como mais quatro colegas do grupo, é parte de um fenômeno relativamente novo, mas consistente, que é a ida de gente da cidade para o campo produzir alimentos livres de venenos e outros agroquímicos. Chegam praticamente sem nenhum conhecimento de agricultura e de mercado, mas com a intenção de colocar em prática seus conceitos de alimentação saudável, sustentabilidade e redução de consumo. Num primeiro momento a intenção do “neo-rural” é produzir para comer e presentear família e amigos com o fruto da terra colhido com as próprias mãos. Mas o romantismo não é barato e a opção de ampliar a produção e comercializar como alimento orgânico é um dos horizontes que se abrem à sua frente. Fernando já produz perto de 90% do que é consumido por sua família e diz que estará feliz quando alcançar a sustentabilidade energética, hídrica e econômica do sítio. Os shitakes e o vinho são vendidos em grupos de consumo e restaurantes orgânicos da região do Sul da Ilha, onde mantém a sua casa da cidade. Como bom professor, difunde conhecimento e usou argumentos financeiros para convencer boa parte de seus vizinhos a trocarem o uso de venenos por produtos biológicos na condução das roças.


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Lu A quarta-feira de cinzas foi de boa chuva em Alfredo Wagner onde a Lu, a Luzia do começo da história, passou dois dias fazendo o raleio das frutas. E como não deu para trabalhar nos pomares, usou o tempo para dar uma geral nas casas da Pousada Pedras Rollantes, após a saída dos hóspedes que passaram ali os dias de Carnaval. Parte dos valores das vendas das frutas, as três casas da pousada e um café que é servido apenas nas tardes de domingos, é de onde vem o meio de vida dos também neo-rurais Lu e Tarcísio. Ele, jornalista, fechou sua editora há dois anos; ela empresária, fechou uma loja na Lagoa da Conceição um pouco antes e mudaram para Pedras Rollantes em 2013. O sócio Eduardo tira do sítio parte das frutas e os valores das estadias em seus dois Estúdios, mas ainda trabalha como fotógrafo free-lance para grandes revistas de circulação nacional. As frutas estarão maduras e serão colhidas apenas em junho e julho, mas o manejo das árvores e do solo dura o ano inteiro. Para conseguirem a qualidade que buscam, ele começa logo após a colheita, com a limpeza dos pomares, podas, adubações, controles de fungos, de insetos etc., sem usar uma gota sequer de veneno ou de adubo químico. O raleio, o trabalho da hora, é o ato de retirar das árvores pelo menos a metade das frutas que agora estão do tamanho de uma bola de pingue-pongue e, em abril, tirar mais a metade do que sobrou. Assim, dizem, as árvores se mantêm saudáveis, as frutas que ficam recebem mais nutrientes e ficam mais doces, saborosas e vistosas. w Para saber mais sobre o raleio das clemenules, acesse o QR Code ao lado.





PELO MUNDO

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Tour na charmosa cidade de Côte d’Azur


Um pouco da história de Nice A cidade de Nice pertencia à Itália e se tornou francesa somente a partir de 1860, ela pertencia ao reino da Sardenha. A beleza natural da região e seu clima favorável, bastante ameno, atraiu as classes mais favorecidas da Inglaterra na segunda metade do século XVIII, quando muitas famílias da aristocracia viajavam para passar o inverno em Nice. Uma curiosidade é que a tradicional Ópera de Nice foi construída com sua entrada de forma a não bater sol, pois a aristocracia jamais tomava sol. No século XIX, a baía dos Anjos era o lugar de férias preferido dos ingleses, que a partir daí deram o nome ao passeio marítimo que se encontra na orla de La Promenade des Anglais (na tradução, significa o passeio dos ingleses), hoje em dia é um dos locais mais famosos da França, um verdadeiro cartão postal. Outra curiosidade, e dessa vez sobre a Promenade des Anglais, é que ela foi a inspiração para a construção de Copacabana, no Rio de Janeiro. O coração turístico da cidade de Nice é o Vieux-Nice (Nice antiga), com construções antigas e charmosas ruelas que nos remetem há muitos séculos, encontramos restaurantes, cafés e lojas por toda parte. Neste bairro se encontra a catedral de Nice, Cathedrale Sainte Réparate, do século XVII. Uma das praças mais famosas é a Praça Massena, que fica bem próximo ao cartão postal da cidade, Promenade des Anglais. Nesta praça existe uma impactante fonte, Fontaine du Soleil, com o Deus Apolo no centro, inspirada na mitologia grega. Em volta da estátua de Apolo estão Marte, Vênus, Mercúrio, Saturno e Terra. texto DANIELE MAIA fotos ARQUIVO PESSOAL

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ive a honra de ser convidada pelo Órgão Oficial de Turismo da Côte d’Azur para uma imersão cultural na bela cidade francesa de Nice. Aqui divido com vocês um pouco da minha viagem encantadora. Nice é a capital da Riviera mediterrânea do Sul da França, localizada entre mar e montanhas, pertinho dos Alpes, da Itália, Suíça e Áustria. Essa charmosa cidade fica na famosa Côte d’Azur, a apenas 30 km da fronteira com a Itália, bem ao lado de Mônaco (13 km) e é a segunda maior cidade da região Provença-Alpes-Côte d’Azur e a quinta cidade mais populosa da França.

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PELO MUNDO

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Nesta praça existe também uma formidável instalação no alto com sete homens em forma de budas. As estátuas foram feitas de resina translúcida, e à noite cada buda modifica de cor. Cada um representa um continente e estão posicionados na direção de cada um. A ideia desta instalação é a interação de todos os continentes para paz. Outro lugar fantástico é a Coline du Château, antigamente havia um castelo, mas foi derrubado. Este lugar é maravilhoso para passear, fazer piquenique, e o mais importante, desfrutar da vista mais bonita da cidade! No alto a vista é panorâmica para o mar e para a cidade de Nice. Atravessando o parque também há uma linda vista para o porto de Nice e pode se ver também o topo das montanhas coberto de neve. Realmente impressionante! Continuando o passeio na Cours Saleya, chegamos a famosa Marché des Fleurs, a Feira das Flores, onde você não encontra somente flores, mas também frutas, produtos, quadros de artistas franceses, especiarias e especialidades da região como a Socca,

uma massa à base de grão de bico, típica da região. Uma delícia de passeio e imersão na cultura local. Neste passeio você consegue avistar o prédio onde o famoso pintor Matisse morou, porém seu museu fica em outro endereço, no bairro de Cimiez. Nice tem vários museus importantes como Musée Marc Chagall, Musée d’Art Moderne et Contemporain. Um outro museu também muito importante é o de fotografia, o Musée Charles Nègre, que também fica nesta área do Marché des Fleurs. O museu recebe exposições de renomados fotógrafos. Desta vez tive o prazer de fazer uma imersão nas obras de Guy Bourdin, um dos mais importantes fotógrafos de moda do mundo. Ele revolucionou este universo com suas fotografias surrealistas e nada convencionais nos anos 50. Suas obras são fontes de inspiração para artistas, fotógrafos e editoriais de moda até hoje. Nice está em plena modernização, com um aeroporto internacional, a cidade inaugurou um tramway (bonde) totalmente moderno que liga o aeroporto de Nice diretamente com o centro da cidade.


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Outra inovação foi a reforma total do primeiro shopping da região, o Cap 3000, que foi construído em 1968, fica ao lado do aeroporto e bem em frente ao mar, com boutiques renomadas como Galeries Lafayette, Sephora, Dior Parfum e Capsule. O espaço gourmet é ao ar livre com uma vista deslumbrante e de gastronomia diversificada. Nice tem muitos bairros e pontos turísticos a serem visitados, fica numa região privilegiada, repleta de belas cidades a serem exploradas, como, por exemplo, Grasse, o berço da perfumaria francesa. Outra cidade encantadora é Saint Paul de Vence. A Côte d’Azur é uma região fascinante, repleta de histórias e muitas riquezas. Nice de avião fica a uma hora e vinte minutos de Paris. O meu conselho é depois de conhecer bem a cidade de Nice, alugar um carro e visitar suas redondezas. Bon Voyage et à très bientôt !

DMHLUXURY – Daniele Maia 0 dmaia@dmhluxury.com C @dmhluxury

RECEBER CHIC – Melissa Moutinho 0 melissafmoutinho@gmail.com C @melissamoutinho




EMPREENDIMENTO

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RESTAURANTE RITA MARIA VIRA “O REI DO MAR” As novidades da nova casa do chef Narbal e sua filha Victória


EMPREENDIMENTO

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proveitando a proibição da captura e comercialização de lagostas, o restaurante Rita Maria mudou! Depois de dar a volta ao mundo divulgando a cozinha de Florianópolis e buscando elementos para uma nova casa, o chef Narbal e sua filha Victória transformaram o restaurante em O Rei do Mar. Sai a lagosteria e entra um bistrô com loja de produtos relacionados ao mar. O novo espaço tem apenas 30 lugares. E tem mais, o chef pescador Narbal voltou para a cozinha – depois de 2 anos afastado – sempre na companhia de seu fiel escudeiro chef Platin Abraham. O “menu” é elaborado diariamente com o que se tem de mais fresco no mercado. Além de pratos tradicionais e criações do Narbal, no cardápio são oferecidos receitas de outros chefs. Foi a maneira encontrada para homenagear e valorizar jovens talentos. Além disso, o bistrô funciona de quinta a domingo ou qualquer outro dia com reserva antecipada. Quintas e sextas, das 18h30min às 23h30min, e sábados e domingos, das 11h30min às 23h30min. Eventos são bem-vindos, aproveitando e ambientando o espaço externo para receber maior número de convidados. E tem mais, foi lançada a pedra fundamental para realização de um sonho antigo do chef: a Escola Desterrense de Comida. Cursos com duração de 1 dia vão perpetuar receitas tradicionais da Ilha. Seguindo o formato da escola de cozinha tailandesa Blue Elephant, será oferecido um cardápio de cursos para cada dia da semana. “Completando o pacote de novidades, além de catering para eventos corporativos e festas, abrimos em anexo o escritório de consultoria para restaurantes”, conta o chef. Afinal, Narbal e Vic são especialistas no assunto e administram 5 estabelecimentos ligados à gastronomia.


COMER & BEBER

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Perto do fogo textos MARCOS HEISE fotos CLEIDE DE OLIVEIRA

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hurrasco vegano? Como assim? Os puristas e tradicionalistas torcem o nariz. Churrasco é carne e pronto. Pera aí. Não é – mais – bem assim. Hoje o número de pessoas que adota a alimentação só de vegetais aumenta a cada dia. E se vai oferecer um churrasco sabendo que entre seus convidados tem gente vegana, por uma questão de cortesia, precisa existir uma opção para que estas pessoas também se alimentem e sintam prazer com o que for servido. Ser vegano hoje é um estilo de vida e deve ser também respeitado. Melhor ainda se a sua escolha for pelos vegetais orgânicos. Diante disso, da praticidade e da beleza que é seu resultado final, bolei uma seleção de vegetais assados na brasa

que ficam uma delícia. E o e que é melhor: Se para veganos o prato principal está garantido, para os demais convidados do churrasco esta preparação serve como um complemento às proteínas que forem servidas. Existe um programa de TV na grade da emissora de TV por assinatura Globosat, Canal GNT, o Perto do Fogo, onde o apresentador Felipe Bronze, que às vezes recebe convidado, faz todas as preparações na brasa, inclusive de doces. Como as verduras são cortadas e precisam ser mexidas durante o assado é recomendável usar aquela bandeja ou o cesto grill que podem ir direto ao fogo, colado no carvão, ou sobre a grelha, mantendo-se aí uma distância regular como é feito com as carnes. Particularmente indico esta segunda opção, mais higiênica e também segura, porque os legumes assam e ficam “passados” no ponto certo, ainda com boa consistência na mastigada.


COMER & BEBER

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Nesta versão usei cenoura cortada no sentido do comprimento com o fatiador de legumes, tomates cereja, abobrinhas italianas (sem o miolo), pimentão vermelho ou amarelo e cebolinha verde no final para decorar. Deixe os legumes cozinharem com o calor da brasa, pode até ir ao ponto de um chamuscado leve que deixa um gosto legal. Bom é ir mexendo e de vez em quando colocar azeite de oliva aos respingos. Se for temperar com sal e pimenta, faça isso apenas na hora de servir. Acho desnecessário. Melhor deixar o saleiro e a pimenteira e mais o azeite de oliva à disposição para cada comensal temperar do seu gosto. Se não quiser servir como prato quente, basta fazer o processo e aguardar que os legumes esfriem, coloque na geladeira e antes de servir regue com um bom azeite de oliva. Fica como uma excelente opção de salada e neste caso é legal acrescentar folhas verdes e radicchio roxo para melhorar a apresentação. P.S.: Para uma porção de uns 2 kg de legumes, dependendo do tamanho do cesto grill, o assador consome em média de 2 a 3 long necks de “chá verde”, mais conhecida como Heineken, até o preparo ficar pronto. P.S. 2: Nada impede que ao lado do assado de legumes, mas não encostado, role aquela carne esperta, bem gorda, macia e suculenta, que será a festa dos não veganos e assim todo mundo fica feliz.

Cresce consumo de orgânicos Após ouvir mais de mil pessoas em doze grandes cidades brasileiras no ano passado, o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), em parceria com a Brain (Bureau de Inteligência Corporativa), descobriu que 19% dos entrevistados consomem algum produto orgânico. Há dois anos, esse percentual era de 15%. VEJA OS PRINCIPAIS ACHADOS DA PESQUISA: w 1 em cada 5 brasileiros já consome algum alimento orgânico no país; w A ingestão de orgânicos – entre quem tem esse hábito – acontece, em média, três vezes por semana; w Frutas, verduras e legumes são os itens mais vendidos do setor, que ainda tem cosméticos, roupas etc; w 75% dos entrevistados citaram o valor mais elevado como fator que pesa na decisão de compra; w A oferta vai além da feira. Embora as feiras livres e os hortifrútis sejam os locais priorizados na hora de comprar frutas, legumes e verduras orgânicos, os grandes supermercados estão abrindo um espaço cada vez maior para esses vegetais.

MARCOS HEISE é jornalista e cozinheiro. Nos finais de semana faz atendimentos gastronômicos em espaços gourmet de condomínios, salões de festas e residências. Sua comida segue a linha autoral e artesanal. 0 heise@unetvale.com.br


NUTRIÇÃO

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Começa os benefícios que vão além do valor nutricional

ACEITA UMA TAÇA DE VINHO? textos ANA CAROLINA ABREU fotos DIVULGAÇÃO

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e tem um assunto que me agrada é o vinho. Poderia filosofar horas, e de preferência, degustando uma taça. Antes de mais nada, acho importante entendermos o papel cultural do vinho e, assim como a comida, perceber que seus benefícios vão além do valor nutricional, e estão ligados ao ritual e sua carga afetiva. Já dizia Fernando Pessoa: “Ora o vinho bebemos porque é festa, ora o vinho bebemos porque há dor, mas de um e de outro vinho nada resta”. Agora sim, depois de poetizar um pouco vamos ao que interessa, explicar porque o vinho pode ser consumido e quais seus benefícios. Acho importante deixar claro que não quero encorajar ninguém a beber e, embora existam diversos estudos demonstrando os benefícios, quando se trata de pesquisa em humanos, é muito complexo atribuir tantos benefícios a apenas um item da dieta. Vamos começar falando do nosso intestino. Já expliquei em outro artigo da importância da nossa microbiota no equilíbrio do organismo e na prevenção de doenças. Pois bem, saibam que o vinho tinto pode melhorar a qualidade e quantidade de bactérias no nosso intestino. Estudos recentes demonstraram que os polifenóis presentes no vinho tinto aumentam o número de Bifidobacterias e Lactobacillos no intestino de indivíduos obesos e consequentemente melhoram marcadores como pressão arterial,

glicemia e os níveis de colesterol. O vinho também aumenta as bactérias que fazem a produção de butirato (alimento das bactérias boas), com isso melhoramos a imunidade, digestão e manutenção do peso. Em outro estudo randomizado ficou comprovado que consumir 150ml de vinho tinto pode diminuir as chances de infarto e doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes. Os níveis de colesterol também podem ser beneficiados com o consumo do vinho. E o que faz o vinho tinto ser tão estudado? Sua quantidade de polifenóis presentes na casca da uva. Os polifenóis são compostos bioativos presentes nas plantas, com função protetora celular, anti-inflamatória e antioxidante. Entre os polifenóis mais estudados temos o resveratrol e a quercetina. O vinho tinto é provavelmente a fonte mais conhecida de resveratrol devido ao processo de fermentação que transforma o suco de uva em álcool. Quando o vinho tinto é produzido, as sementes de uva e as peles fermentam nos sucos da uva, o que tem um efeito positivo nos níveis e na disponibilidade do resveratrol. E falando do resveratrol, sempre vem aquela dúvida sobre utilizá-lo na forma de suplemento e também qual a melhor fonte: o vinho ou o suco. Não existem estudos comprovando que o resveratrol na forma de suplemento é completamente absorvido. Sabe-se que a biodisponibilidade do resveratrol também depende do álcool, portanto o vinho tinto tem teores mais elevados do que o suco de uva. Aí vem a pergunta, e se o resveratrol está principalmente na uva escura, como fica o vinho branco? Mesmo tendo menor teor de resveratrol, já existem estudos demonstrando que o vinho branco possui outros compostos, também presentes no azeite de oliva, que previnem Alzheimer e têm efeitos cardioprotetores.


NUTRIÇÃO

97 Quanto ao consumo, o recomendado seria sempre consumir junto com a refeição, preferencialmente o jantar e em torno de 150ml ao dia. E sabe como começou esta história de que o vinho faz bem? O famoso paradoxo francês! Quando pesquisadores começaram a avaliar que os franceses, apesar de consumirem muito queijo e alimentos gordurosos, tinham menores índices de problemas cardiovasculares que em outras regiões. Claro que aqui fica minha observação, que até já comentei no artigo das Blue Zones, temos que entender que o vinho faz parte de um contexto e estilo de vida, por isso precisamos parar de buscar milagres e equilibrar nossa rotina. Nenhum alimento ou nutriente nos cura isoladamente. Precisamos fazer nossa parte neste processo.

Sulfitos Sulfitos são conservantes adicionados no vinho. Muitas pessoas hoje apresentam sensibilidade aos sulfitos. Em alguns países as vinícolas são obrigadas a indicar nos rótulos a quantidade de sulfito. Os vinhos tradicionais não podem conter mais do que 350ppm (partes por milhão) de sulfitos, e os vinhos orgânicos não mais que 100ppm. Infelizmente nem todos os locais são regulamentados e muitas pessoas apresentam queixas como dor de cabeça, gástricas ou respiratórias devido ao excesso de sulfitos. Os sulfitos não são apenas acrescentados na produção, eles aparecem naturalmente como subproduto da própria fermentação. Ou seja, ao pé da letra, não existem vinhos totalmente isentos dessas substâncias. Quando falamos em vinhos sem sulfitos, nos referimos à ausência de anidrido sulfuroso (INS 220) adicionado.

Vinho vegano Você sabia que existem vinhos veganos? Parece estranho falar desta forma, já que um produto elaborado a partir de uma fruta logicamente seria vegano. Mas a maioria dos vinhos não é vegano, pois utilizam em seu processo de clarificação produtos de origem animal como a albumina (proteína do ovo), caseína (proteína do leite) ou gelatina (proteína animal). Estes produtos são eliminados no processo de filtração, mas para quem segue o veganismo à risca, a maioria dos vinhos seria inadequada.

Curiosidade Se você beber uma taça de vinho todas as noites durante a vida adulta, você consumirá mais de 4 mil garrafas de vinho.


SAÚDE BUCAL

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Eficácia no tratamento para preservar ou ganhar volume ósseo texto e fotos LAURA SACCHETTI (CRO-SC 12391)

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entre tantos desafios encontrados no dia a dia do consultório odontológico, um deles é a perda de volume e estrutura óssea nos pacientes que nos procuram. Quando nos deparamos com situações onde podemos preservar ou ganhar volume ósseo, a odontologia tem apresentado algumas formas de tratamentos, melhorando o prognóstico dos pacientes. Com o intuito de acelerar o reparo tecidual foi desenvolvido por Choukroun e Dohan a Fibrina Rica em Plaquetas e Leucócitos (L-PRF). Trata-se de um biomaterial autólogo (do próprio paciente) utilizado para a cicatrização, colhido a partir de uma simples amostra de sangue, onde a mesma deve ser centrifugada imediatamente após a coleta. Como resultado desses processos temos o fibrinogênio, que é uma proteína solúvel, transformada em fibrina (membrana) insolúvel pela trombina. A fibrina gel, constitui a primeira matriz cicatricial dos locais lesionados. “Auto-hemoterapia” é a ideia de utilizar o sangue de forma autógeno para estabelecer algum tipo de terapia para determinadas patologias. É, na realidade, uma técnica muito antiga. O uso de concentrado sanguíneo rico em células formadoras de tecido abriu novos caminhos na Periodontia e na Implantodontia, podendo ser empregados na clínica em alvéolos pós exodontia, defeitos ósseos periodontais, recobrimento radicular em caso de recessões, enfim, pode ser empregado em diversas situações. Mas o que vem ganhando visibilidade na mídia é a Fibrina Rica em Plaquetas Injetável (I-PRF), devido influenciadores como Kim Kardashian divulgarem os procedimentos em suas redes sociais. O I-PRF tem como função a ativação do processo de crescimento celular e estimula a produção de colágeno, dando estrutura, firmeza e elasticidade à pele, sendo muito empregado na Harmonização Orofacial. É importante que, para o planejamento do caso, sejam avaliados os exames complementares de sangue do paciente.

DÚVIDA | Qualquer paciente pode realizar a venopunção para obtenção de I-PRF? Não. É contraindicado em pacientes que estão em tratamento de hemodiálise ou pacientes mastectomizados. Através da Resolução n.o 158, de 8 de junho de 2015, do Conselho Federal de Odontologia, publicada no Diário Oficial da União, em 06/07/2015 (n.o 126, Seção 1, pág. 89), é permitido ao cirurgião-dentista habilitado a realização de venopunção e a obtenção de PRP e PRF nas suas várias formas. LAURA SACCHETTI

Centro Executivo Maxim’s, Av. Rio Branco, 354, 6.o andar, sala 602 – Centro – Florianópolis/SC. 1 (48) 3225-1082 / 99130-2077 0 laurasacchetti.implante@gmail.com



VITTAE SPA

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O Vittae Spa nasceu do sonho de uma empreendedora para transformar o desejo de seus clientes em realidade texto LU ZUÊ fotos RODRIGO ORMOND


VITTAE SPA

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MASSAGEM COM PEDRAS VULCÂNICAS

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DAY SPA KIDS

DAY SPA CLEÓPATRA

magine-se num ambiente que lhe permite uma completa imersão em saúde, beleza e bem-estar. Se o pensamento lhe trouxe sensações como se estivesse sonhando, você teve uma ideia muito próxima das sensações e dos tratamentos oferecidos pelo Vittae Spa, localizado no bairro Ingleses, em Florianópolis. O projeto do spa surgiu a partir de um desejo pessoal da proprietária Cledinéia Rosa. Formada em Direito, com pósgraduação na Fundação Getúlio Vargas em Desenvolvimento Humano de Gestores, o empreendedorismo sempre lhe pareceu uma opção viável. “Tenho uma experiência de 15 anos trabalhando em um banco, mas abrir um negócio próprio ligado à área da saúde, estética e bem-estar é um sonho que me acompanha há bastante tempo. Após o nascimento do meu filho João Pedro, decidi que era o momento de realizar esta empreitada”, revela Cledinéia, que aguarda o nascimento de Luis Felipe, seu segundo filho. Atualmente, a empresária cursa Biomedicina, com o objetivo de ampliar ainda mais seus conhecimentos no segmento da estética. No Vittae Spa, os atendimentos são customizados para diferentes tipos de públicos, como noivos e noivas, profissionais em seus próprios ambientes de trabalho, convidados em festas particulares, entre outros. Com duração que varia entre duas a seis horas, os tratamentos incluem massagens, hidratações, banhos, sauna, além de diversos procedimentos com técnicas específicas. “Cada cliente tem uma necessidade distinta. Por isso, as opções têm de se moldar ao corpo e à mente

do indivíduo. Mesmo nos atendimentos para casais ou famílias, a atenção é particularizada para que a experiência seja singular. Nossa estrutura é extremamente aconchegante e moderna. Além disso, personalizamos o ambiente para cada situação”, explica a empresária. Inaugurado em agosto de 2019, o espaço já alcançou reconhecimento e recebeu o prêmio Top of Mind como melhor spa de Florianópolis. Para Cledinéia, o retorno positivo de quem passa pelo estabelecimento se mostra fundamental nesta jornada que está apenas em seu início: “A satisfação dos nossos clientes é o que nos move para continuar no mercado. Aqui no spa, trabalhamos com objetivo de proporcionar muitas experiências novas e momentos únicos. São tratamentos corporais e faciais feitos para quem deseja tanto se cuidar bem como fugir da correria e estresse do dia a dia. E sempre trazemos a aromaterapia como elemento indispensável em nossas sessões. É como sonhar acordado”. E para curtir esse sonho todos os caminhos levam ao Vittae Spa.

DAY SPA FAMÍLIA

DAY SPA GRUPO

SAIBA MAIS ENDEREÇO: Rua do Marisco, 550, Mezanino do Hotel Oceania – Ingleses – Florianópolis/SC HORÁRIO: Segunda a sábado, 9 às 21 horas. FONES: (48) 3261.3427 | (48) 99111.6508 | (48) 99983.0010 E-MAIL: contato@vittaespa.com.br SITE: vittaespa.com.br


SAÚDE

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Conheça este método de destaque no tratamento da pele

DRUG DELIVERY

texto DR.A MARIANA TREMEL BARBATO (CRM/SC: 10877/RQE: 6741) fotos MARCO CEZAR

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ocê gosta de tratamento rápido e cansou de aguardar o produto tópico dar resultado? Devido às camadas que compõe a pele e devido à barreira cutânea existente na superfície da nossa pele, apenas uma pequena quantidade dos produtos consegue adentrar a pele e, principalmente, as camadas mais profundas. Por isso, o método drug delivery, que permite a permeação de produtos e ativos na derme, tem agradado os médicos dermatologistas e seus pacientes. No último congresso IMCAS (International Master Course on Aging Skin), em Paris (janeiro de 2020), esta técnica ganhou ainda mais destaque e promete muitas novidades seguindo essa tendência de tratamento. O método é muito simples e eficaz, pois consiste em entregar ativos no local exato onde ele deve agir.

Através de um microagulhamento ou laser, abrimos canais na pele que facilitam a penetração dos ativos. Existem, inclusive, adesivos com microagulhas (patch oclusivo) que estão sendo estudados para facilitar a entrada de medicamentos na derme. Vários são os protocolos que encontramos disponíveis, lembrando que devem ser realizados em consultório médico, com material estéril, já que se trata de microperfurações na pele. Podemos tratar melasma, rugas, cicatrizes, estrias e queda de cabelo com essa técnica. Dependendo de cada caso, mesclas específicas com ativos inovadores, clareadores, vitaminas e fatores de crescimento são utilizadas. O número de sessões varia conforme a necessidade do paciente. Um destaque é a técnica MMP (Microinfusão de Medicamentos na Pele) para tratamento capilar que utilizando fatores de crescimento e ativos diretamente no bulbo (raiz) do fio ajuda no crescimento do cabelo. A recuperação com as técnicas de drug delivery é, geralmente, muito rápida e logo após o procedimento já não conseguimos ver os furinhos na pele, já que os canais formados logo se contraem. O procedimento não deve ser realizado caso o paciente tenha alguma infecção no local e no pós procedimento deve ser tomado todo o cuidado com a limpeza da área por se tratar de portas de entrada que foram criadas para se evitar contaminação. MARIANA TREMEL BARBATO Rua Ferreira Lima, 238, 6.o andar, Florianópolis 1 (48) 3223-6891 e 9933-7000 0 contato@marianabarbato.com.br


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FISIOTERAPIA

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CORRIDA E ASSOALHO PÉLVICO

Fisioterapia pélvica é um importante aliado para os praticantes de corrida

texto ROBERTA RUIZ foto DIVULGAÇÃO

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ituado abaixo da região do abdome, o assoalho pélvico é um conjunto de músculos responsável pela sustentação de órgãos como bexiga, útero e intestino. É, também, parte importante na absorção do impacto durante a atividade física e pela continência urinária e fecal. Gravidez, menopausa, obesidade e esportes de forte impacto podem causar um enfraquecimento na região, gerando problemas como a incontinência urinária. Toda atividade de alto impacto tem ligação direta com o aumento da pressão intra-abdominal, sobrecarregando os órgãos pélvicos e “empurrando-os” para baixo. Essa pressão constante faz com que a bexiga desça e os músculos do assoalho pélvico, enfraquecidos, não suportem o peso, resultando na incontinência urinária. No caso de atividades vigorosas, como a corrida, pode ocorrer a incontinência urinária por esforço, já que acontece um aumento de pressão intra-abdominal. Além da incontinência urinária, mulheres com predisposição à prolapso urinários – mais popularmente conhecido como bexiga caída – podem ter seus sintomas agravados. A culpa não é só da atividade física. O problema pode ser considerado comum tanto em mulheres sedentárias quanto naquelas que praticam esportes. A diferença é que atletas têm uma incidência maior por receberem mais impacto.

E o que fazer? O mesmo que para qualquer outro músculo ou grupo muscular: fortalecimento! É importante pensar que o assoalho pélvico é um grupo de músculos, então deve ser fortalecido como qualquer outro. A reeducação dos músculos do assoalho pélvico pode prevenir e tratar as disfunções e acabar com os incômodos. Existem métodos de fisioterapia que podem ser utilizados para isso, entre eles o tratamento chamado cinesioterapia – técnica que provoca contração e relaxamento de forma voluntária do músculo trabalhado. Além de exercícios de força e resistência muscular é importante trabalhar a conscientização em relação ao músculo, pois muitas mulheres não sabem contrair o assoalho pélvico da forma adequada. Hoje temos, além da cinesioterapia, um arsenal tecnológico que otimiza o tratamento, caso tenha alguma disfunção estabelecia ou ausência de consciência desta musculatura como: laser, radiofrequência, eletroestimulação, cones vaginais, biofeedback, entre outros. A fisioterapia pélvica é um importante aliado para os praticantes de corrida, além de prevenir e tratar disfunções, existem vários estudos sobre o bom funcionamento da musculatura pélvica relacionado com a melhor performance do atleta. Então, se você é praticante de corrida, faça um avaliação e o fisioterapeuta vai te orientar e incluir exercícios específicos desta musculatura na sua rotina! Tratar quando necessário, e prevenir sempre! ROBERTA RUIZ Fisioterapeuta – Crefito 38.482 Pós-graduada pela USP em Fisioterapia Respiratória Instrutora de Pilates pela Physio Pilates Polestar (USA) Pós-graduada em Fisioterapia Pélvica – Uroginecológica Funcional (Inspirar). Formação em RPG e Terapias Manuais-Maitland (AUS) Formação em podoposturologia (palmilhas posturais). Proprietária do Espaço Integrata – www.integratafisio.com.br Integrata Pilates e Fisioterapia pélvica F Rua Gravata, 75 – Campeche – Florianópolis/SC C @integratafisio 1 (48) 99140-1810 0 roruizfisio@gmail.com


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PETS

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DENTISTAS DE CACHORROS Os pets agora vão ao dentista texto MARCOS HEISE fotos GUTO FOLS E DIVULGAÇÃO

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número de pets nos lares brasileiros não para de crescer. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 132 milhões de animais de estimação nos lares do País. Eles já superam o número de crianças. Um estudo feito em mercado de varejo e consumo brasileiro, apontou que o mercado pet deve faturar cerca de R$ 20 bilhões neste ano de 2020. Com um cenário aquecido e em constante expansão, produtos e serviços estão sendo desenvolvidos para todos os gostos e públicos. São creches, spas, hotéis, aplicativos, acessórios e a diversificação de serviços oferecidos aos bichinhos. Uma dessas novidades vem de uma empresa catarinense, a Olsen, que fabrica conjuntos médicos e odontológicos, e agora incorpora uma linha específica de equipamentos para tratamentos de pets, a linha Olsen Vet. Quem comanda esta inovação é a vice-presidente executiva da empresa, Elisa Olsen, filha do fundador e atual presidente, Cesar Olsen. Elisa descobriu cedo uma ligação afetiva muito forte com animais, ela pratica hipismo desde 6 anos de idade. Na lida constante com os bichos passou a fazer uma conexão entre sua atuação profissional na empresa da família e nas preocupações

com a saúde dos animais, que a exemplo de seres humanos, passa obrigatoriamente pela saúde bucal. Daí surgiu a ideia da Olsen VET, uma linha de equipamentos para tratamento dentário de pequenos animais, como felinos e cães. “Com todo amor e dedicação, a Olsen está começando uma nova linha de produtos para os veterinários que amam o que fazem e buscam qualidade e excelência no serviço daqueles animais que são parte das nossas vidas. A Olsen quer fazer a diferença nos bichinhos que amamos”, afirma Elisa Olsen.

EMPRESA OLSEN INCORPORA UMA LINHA ESPECÍFICA PARA OS PETS


PETS

107 O atual portfólio da empresa catarinense vem despertando o interesse de profissionais veterinários de todo o País. A Empresa está levando os equipamentos para os principais eventos do segmento de saúde humana e animal do País. A linha atual tem três alternativas, o Compact Piezo, para clínicos gerais que precisam de solução para procedimentos de profilaxia em animais de pequeno porte, o Cart Veterinário, para profissionais, clínicas ou hospitais com maior quantidade de procedimentos odontológicos e o Odonto Care, para profissionais especializados em áreas de odontologia que necessitam de uma solução completa, robusta e ao mesmo tempo portátil.

PREVENÇÃO AINDA É O MELHOR REMÉDIO

VICE-PRESIDENTE EXECUTIVA DA EMPRESA OLSEN, ELISA OLSEN

A importância de tratar a saúde preventiva Assim como um médico veterinário é parte imprescindível na vida de um pet, o dentista de cachorros e gatos, que também é um médico veterinário, representa um papel importante na vida dos animais. Tendo a região oral como uma das principais causadoras de problemas e doenças, eles necessitam de atenção especial para seus dentes e gengivas, e o mercado direcionado ao mundo dos pets ganha cada vez mais profissionais do segmento, garantindo que seu amigão possa ficar com a saúde bucal em dia. Tendo em vista que até 85% dos animais em fase adulta – acima dos cinco anos de vida – tem de lidar com algum tipo de problema dentário, fica ainda mais clara a ideia de que esse tipo de cuidado deve ser levado em conta e ser constante na vida dos pets. Segundo pesquisa do Instituto QualiBest, 78,8% dos proprietários brasileiros cuidam da saúde dos seus animais de estimação. A pesquisa mostra, ainda, que 72% dos animais de estimação são considerados membros das famílias,

27% tem o aniversário comemorado e 28% dormem na cama dos seus donos. Os números do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reforçam o poder do segmento: são 158 mil veterinários em atividade e 8.800 novos profissionais formados a cada ano, 19.611 clínicas veterinárias com atendimento 24 horas, 549 hospitais, 18.220 consultórios, 50 mil petshops, 3.448 laboratórios e 152 ambulatórios. Outra entidade focada neste segmento é a Associação Brasileira de Odontologia Veterinária, fundada em 25 de outubro de 2002 pelo prof. dr. Marco Antonio Gioso, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e pioneiro desta especialidade em nível latino-americano, sendo o primeiro board certified em odontoveterinária pelo AVDC (EUA). Desde então, a ABOV tem reunido centenas de profissionais apaixonados pela odontologia veterinária, desde acadêmicos até profissionais especializados, que buscam aprender e compartilhar conhecimento, em nome do crescimento desta área da medicina veterinária.



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OCULTO

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CHOCOLATE, A FESTA A festa paulistana que tomou conta da Vila dos Araças, em Floripa fotos PAULO SCHIMIDT

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lá, Família Oculto! E lá vamos nós para a edição 81! A edição 80 estava demais, reservo-me mais tempo, a cada edição, para ler e comer ela com os olhos. Revista que você tem leitura gratuita, com informações como receitas, música, destinos, arte, gastronomia, treinos... Eita, coisa boa! Primeiramente venho avisar ao nosso público que as festas da Like a Boss que eram na antiga Fields não estão mais acontecendo. Em uma edição especial que fizemos com Matue, na Ocean Floripa, na marina da Prainha, foi um sucesso e logo teremos novidades. Nesta edição falarei da festa Chocolate, de São Paulo. Quem de vocês lembra do Hip Hop Chic das quintas do El Divino? Acredito que muitos, foram oito anos de festas na label Oculto/Hip Hop Chic. Alguém deve lembrar que mais tarde, uma vez por mês, surgiu uma festa de São Paulo chamada Chocolate, pois é, a mesma está de volta à Ilha, com a mesma proposta, trazendo djs renomados nacionais. Tivemos na primeira edição da Chocolate o dj King, meu colega e amigo, que chegou a ser nosso residente nas quintas do Hip Hop Chic. Aconteceu dia 18/01, na Vila dos Araças, e encontrei muita gente bonita de todas as tribos desfilando e dançando numa noite especial. Nesta noite também se apresentaram Dubstrong, nosso conhecido das quintas do Hip Hop Chic, bem como meu amigo e dj Naomi, que começou sua caminhado junto ao Oculto. Outro dj que se apresentou foi o parceiro dj Glazer, aqui de Floripa, sempre com sua performance que dispensa comentários. Foi uma noite com música boa com texto LEO COMIN todas essas atrações. Quem ganha somos nós frequentadores e conhecedores da boa música.

Durante o evento, obras de arte foram produzidas pelos artistas Léo Mousse, Franco Maestri, Jhozfer, Fabiano Moraes e Marcelo Barnero. Estas obras irão a leilão e o que for arrecadado será doado a projetos sociais. Também tivemos o espaço Budweiser, onde poderiam ser criadas rimas e beats. Está prevista a segunda edição, também na Vila dos Araças, logo a vida retorne a normalidade depois dessa pandemia do Covid-19 que nos assombra. E com certeza não ficará devendo nada ao público, no que se refere a serviços, música, atrações e muita gente bonita. Uma festa cultural que agrega muito a nossa querida Lagoa. Fica ligado que logo menos teremos novamente para você aproveitar novamente ou para conhecer a festa, caso não tenha ido na primeira edição. Neste ano a Chocolate em parceria com a Desterro Societá irão produzir quatro edições desta label em Floripa, a segunda será em abril, conforme já mencionei acima. Precisamos de festas boas para nossa cultura hip hop não morrer. Obrigado, Senhor, que venha a próxima edição, ansioso e esperando a festa de lançamento regada a espumantes Aurora. Viva!


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fotos CAMILA MACHADO

fotos BRUNO PRIMO

JULIANA WOSGRAUS

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A MODELO GABRIELA BORGES COM MAIÔ WEEKEND SWINWEAR

Modelo empresária

MIGUEL, FILHO DA EMPRESÁRIA SORAIA ZONTA

Proteção solar vegana

A modelo LUIZA MUND, catarinense de Blumenau, radicada em Sampa, com endereço em Floripa, também agregou mais uma função à vida de recém-casada: virou empresária na área de moda. E neste verão estreou sua marca, Weekend Swimwear. A proposta reúne praticidade e conforto com elegância. Suas roupas transitam da cidade para a praia. De olho em toda a cadeia produtiva, além de ter uma linha produzida em Lycra Eco, nas embalagens também existe a preocupação em preservar o meio ambiente. São feitas com material reciclado e biodegradável. A sede da marca fica em São Paulo, mas a venda online para todo o Brasil pode ser feita pelo site www. weekendsw.com, e dá para conferir no Instagram (@weekend. sw). A nova geração se antecipou ao apelo dos consumidores que já têm esta consciência latente. foto CLEIDE DE OLIVEIRA

Neste verão de fritar a pele, SORAIA ZONTA, catarinense da nova geração de empresárias, lançou um produto de uso fundamental. Ela criou o primeiro protetor solar natural, 100 % vegano e sustentável do Brasil, através da sua marca Bioart, e que protege dos raios UVB e UVA. Já entrevistei a Soraia aqui para Mural e toda a sua linha em produtos de beleza – cosméticos e tratamento – são veganos. Ela também cuida, em detalhes, de toda a cadeia produtiva da sua marca, incluindo o material das embalagens, tudo ecologicamente correto. A Bioart vende seus produtos pelo site https://loja. bioart.eco.br/ e logo terá mais um canal de vendas.

Moda e arte que transita Elas são amigas de sintonia fina, a prova está nos modelitos, lindos, que GEÓRGIA MORITZ e LUCIANA HOEPCKE COMELLI usaram na abertura da exposição de outro amigo, Standa Sedlak, artista tcheco que vive no Canadá. A mostra From Sea to Sea foi organizada por Geórgia e Rafael Reis, com curadoria de Edson Bush Machado, no Espaço Oficinas do CIC, no início de março.

GEÓRGIA MORITZ E LUCIANA COMELLI: ESTAMPAS IGUAIS, MODELOS DIFERENTES EM MOSTRA DE ARTE

Casal fitness na vida e no trabalho, MARCELO SCHERER e FLÁVIA MANFRO sempre fazem bem à saúde de quem está perto deles


foto DARLINE SANTOS

JULIANA WOSGRAUS

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KARLA SILVA, LUCIANA PETRELLI, BIANCA SILVA E MYRINE VLAVIANOS, ENVOLVIDAS EM PROJETO DE MULHERES ARTISTAS

Olho Mágico

foto DARLINE SANTOS

LUCIANA PETRELLI estreou a exposição Olho Mágico com suas fotos artísticas na loja BK, da KARLA SILVA, com curadoria de MYRINE VLAVIANOS. A estreia foi em março e a mostra segue por três meses. Tem conceito diferenciado já que não se trata de uma exposição de arte num cubo branco, mas num espaço não convencional. Vale a pena conferir ao vivo. Na sequência virão outras exposições, fazendo parte do Projeto Mulheres Artistas na BK.

O casal MARCOS KOERICH e FRANCINE AMARAL, com a filha YASMIN no colo do papai

GERAL DA EXPOSIÇÃO NA BK

MARINA GONZAGA e a filha ROBERTA, que num piscar dos meus olhos virou moça

MARINHO MARCONDES e seu sorrisão, marca registrada


JULIANA WOSGRAUS

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DEBORA SILVEIRA num eterno brinde à vida, mesmo em tempos de intervalo nas celebrações, por enquanto

FERNANDA e JOEL NIEBHUR, ele sobrinho do Cacau, filho da Kátia e Socó, já fez história como sócio-fundador de uma das maiores e prestigiadas bancas de advogados em Santa Catarina

CACAU MENEZES sempre gostou de novidades e realizar coisas novas. E agora, lá vai ele recomeçar o que sempre fez, mas de um jeito diferente e em novo endereço. Dia 13 de abril estreou no Grupo ND. Com espaço no jornal, web e TV, tudo que tem direito e gosta

EDUARDA TONIETTO esbanjando estilo


JULIANA WOSGRAUS

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DAMAS DE VERMELHO! Fazem parte da turma de Floripa que se autodenomina As Descendentes, em seu mais recente encontro. O próximo terá de esperar, este foi marcante

A médica oftalmologista CAROLINA CANSIAN e sua mãe, ANA LUIZA TRINDADE, empresária do ramo de gastronomia. Ambas agora em intervalo nas suas funções no trabalho

ANINHA CARVALHO e LICA PALUDO: quando as amigas podiam sair por aí e se abraçar. Gestos e atitudes que voltarão logo

ANA LOCATELLI, ao centro, de branco, na festa dos seus 15 anos que para sorte da adolescente poderosa foram celebrados antes das recomendações de quarentena pela qual estamos passando


MURAL DA MURAL

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80 EDIÇÕES, 80 LANÇAMENTOS

Lançamento da Mural lotou o Art’s Gastronomia fotos MARCO CEZAR

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hegamos a edição número 80, um número simbólico para nós da Mural. Quem estampou a capa foi a belíssima e competente Eduarda Tonieto, e como já é tradição fizemos uma linda festa de lançamento no Art’s Gastronomia, com direito a Batman e a Mulher Gato, que também ilustraram as páginas da revista com os 80 anos do homem morcego, confira as fotos.

LU ZUÊ, PEDRO E HELENA

LAURA SACCHETTI

KADU ALMEIDA

JUAREZ E GABRIELA

ANA PAULA E EDSON

LUCIANO GUILHERME VISSOTTO

DAIANE MARAVILHA

RENATO SÁ E FERNANDA BORNHAUSEN

ANA E RAFAEL

CAIO CEZAR

DANI E DONI


MURAL DA MURAL

117

CAROL, MARISOL E GISELA

SINDY PRESTES

DIEGO ARAGÃO E STEFANIA NASCIMENTO

GIULIANA SANTOS

NAIMA E GUSTAVO

MARIA LÚCIA

ÁLVARO BERTOLLI E FABIOLA

RODRIGO E CLEDINEIA

SARA

TURMA DO ALISSON

RODRIGO E CAROL

GIBÃO

CAROL E FORMIGA

RENATO SÁ, TEDESCO E TONIETTO

JULIANA PINHO MENEZES DIPIETRO

PAULO TONIETTO E MARISOL

ROBERTA

FERNANDO E MICAELA

GIO


MURAL GRUPO NOVO BRASIL

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ED PEREIRA E ROMÁRIO

JULIANA AMORIM

BIANCA AGUIAR

MARIANA E SOFIA BONFANTI

BRUNA HENNINGS

GABIGOL

MARIA EDUARDA BERNARDO

EDUARDO CORDEIRO E NANA GITTI

ADRIANO SANDRINI E DEBORAH VIEGAS

RENATA SCHWERZ E PETERSON UNGARETTI

FALCÃO E LILI FARIA

LISE CRIPPA E PAULO MENDES

LUCIANO SAPORITI, HENRIQUE FERNANDES E GABRIEL ROCHA

ALESSANDRA AMBRÓSIO

BRUNO BE E BÁRBARA FICHTER

FESTAS

ALISSA CALIFICE

GNB no verão 2020

fotos ADRIEL DOUGLAS, MURILO JANUÁRIO NUNES, DANIEL SILVA

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estas e shows de atrações nacionais e internacionais agitaram o verão nas casas do Grupo Novo Brasil. Confira quem curtiu as casas do grupo: P12, Acqua Plage, Donna, Milk Club e Art’s Gastronomia e Música.

EGÍDIO MARTORANO E ROSE CAMPOS

MARIA CLAUDIA ORLANDI

ANDRÉ RESENDE E ÍSIS VALVERDE



JOVENSNOVO PROMESSAS MURAL GRUPO BRASIL

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EDUARDO PINHO MOREIRA E NICOLE TORRET

CINTIA E GEAN LOUREIRO

BRUNA STAHELIN

BRUNA SOUZA

AMANDA COMANN

CLARA ZANELATO

BELLE PREVIATTI

RAFAELA GUIMARÃES

THAYNA HOEPERS

HELENA DA SILVEIRA

FRANCIELE PUCHIVAILE

NOELE BORGES

ALICE MATOS

LUÍSA JUPPA

NADINE ALBA

ANITTA

LUANNA LODI

JHENYFFER SANTUCCI

BÁRBARA NETTO

FRANCIELE PERÃO

ANA FERREIRA

ANA CAROLINA OLIVEIRA

MONIQUE AMIN

LUANNA LODI



BETINA, IARA, MARIA, TANIA, ROSANE, INARA, DÉBORA E MARTINA

MURAL LE BARBARON

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ANINHA E WALTINHO KOERICH

PÉ-NA-AREIA

Temporada agitada no Le Barbaron

MARIA HELENA E JORGE BORNHAUSEN

MAURA GLAMONATTO, DANIELLE MELO, TAÍS ARAÚJO E PAULA PASSOS

RICARDO SIMAS E MARINA LINS VON WANGENHEIM

SERGINHO KOERICH E ISABELA CAMPOS

VANESSA BOROSWSKI E GUI PEREIRA

texto JOSYANE SALACHE fotos MARCO CEZAR

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elebrando uma temporada de sucesso e consagrando o conceito de bar “pé-na-areia”, o charmoso Le Barbaron, na Praia Brava, retornou às suas origens nesse verão, sob o comando dos primos e empresários Antônio Abreu, Felipe Abreu e Luciano Santa Ritta, com um novo cardápio e uma programação diversificada. Os tradicionais sunsets deram o tom do verão, agora aliados a um novo projeto da casa com a label “What the Funk”, reunindo a galera jovem e bonita da Ilha aos domingos, sempre com artistas badalados e convidados especiais no line up!

DAZARANHA

TURMA DA JULIANA MOTA

TURMA DO ANTÔNIO ABREU

MARIA DO ROCIO E CESAR ABREU

JUDITE E MARCELLO PETRELLI

TURMA DA VANESSA

FERNANDA BORNHAUSEN E RENATO SÁ

TURMA DA NATÁLIA

TURMA DA JULIANA DURANTI

GABRIELA, ANA PAULA, FLÁVIA, TATI E DANIELA

TURMA DA PATI

RAFAELA SANTANA

EDUARDO SATTAMINI E ANDREIA

GISMARI BUFFON





ANIVERSÁRIO

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MARIA EUGÊNIA FERNANDES

fotos MARCO CEZAR

Maria Eugênia Fernandes, filha da Lu e Orlando Fernandes, comemorou seu aniversário em grande estilo. Ela recebeu os amigos no Noma Sushi Bar, o jantar virou balada, e a noite foi até o amanhecer. Vida longa Maria Eugênia!


ANIVERSÁRIO

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