Cadernos do Museu da Pólvora Negra - Nº5

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fabris militares, o fabrico, a aquisição, o armazenamento e distribuição de artefactos militares, desde a pólvora (e mais tarde também munições), ao armamento, víveres, uniformes e demais apetrechos de guerra. Pelas reformas do Arsenal do Exército, em 1895, a Fábrica da Pólvora de Barcarena passou novamente a ser administrada diretamente por esta instituição. Neste período de transição do século XIX para o século XX, em que as pólvoras ditas químicas ou pólvoras sem fumo, constituíam as principais pólvoras de aplicação militar, o Decreto Real de 1902 que regulamentava o funcionamento dos diferentes estabelecimentos fabris que constituíam o Arsenal do Exército, determinava, referindo-se à Fábrica da Pólvora de Barcarena: “...especialmente destinada ao fabrico das pólvoras negras, tanto das que são aplicadas aos serviços militares como das de venda (caça, pirotecnia e pedreiras) á manufactura dos artifícios pirotécnicos e ao carregamento dos cartuchos de caça em que forem empregadas as pólvoras negras”. Com a extinção do Arsenal do Exército, em 1927, a Fábrica de Pólvora de Barcarena passou a designar-se por Fábrica de Pólvoras Físicas e Artifícios [Decreto de 19 de Agosto de 1927], sem que se tivesse operado qualquer alteração significativa nos processos de fabrico ou na produção, mas que a distinguia, nominal e funcionalmente, da Fábrica de Pólvoras Químicas de Chelas. A partir de 1927, a Fábrica de Pólvoras Físicas e Artifícios abriu as portas à industrialização e à livre concorrência comercial e, nesta fase, esta fábrica conheceu um dos seus períodos de maior desenvolvimento, com a aquisição de nova maquinaria, modernização do seu laboratório e, curiosamente, com o estreitamento na cooperação com as escolas práticas do Exército. No pós 2ª Guerra Mundial, beneficiou ainda de diversos apoios ao desenvolvimento da Industria Militar, nomeadamente do Plano Marshall mas, na verdade, este desenvolvimento enquadrava-se sobretudo num movimento mais vasto de incentivo ao desenvolvimento industrial nacional, no âmbito de uma política económica nacionalista e autárcica do Estado Novo Apesar dos processos de modernização, manteve-se na

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› A FÁBRICA DA PÓLVORA DE BARCARENA E A 1.ª REPÚBLICA

produçãodos de pólvoras físicas para caça e para fins militares, Apesar processos de modernização, manteve-se na com a produção de rastilhos, carregamento de fins granadas (de produção de pólvoras físicas para caça e para militares, mão ae produção artilharia) de e engenhos pirotécnicos. de granadas (de com rastilhos, carregamento mão e artilharia) e engenhos pirotécnicos. A partir de 1947 (com o encerramento/transferência da fábrica a fábrica de Barcarena foi objeto de A partir de deChelas), 1947 (com o encerramento/transferência da nova remodelação Militar fábrica de Chelas),eapassou fábrica adedesignar-se Barcarena Fábrica foi objeto de de Pólvoras e Explosivos, a suaFábrica produção às nova remodelação e passoualargando a designar-se Militar pólvoras químicas para fins militares “...destina-se ao fabrico de Pólvoras e Explosivos, alargando a sua produção às de pólvoras físicas e fins químicas, de“...destina-se explosivos eaoartifícios pólvoras químicas para militares fabrico especializados necessários à constituição de emunições de pólvoras físicas e químicas, de explosivos artifícios de todos os calibres e ao exercício da actividade militar. especializados necessários à constituição de munições A este das de todosestabelecimento os calibres e aocompete exercício odacarregamento actividade militar. munições de artilharia ou de quaisquer outras cujo fabrico A este estabelecimento compete o carregamento das ou acabamento não ou estejam especialmente afectos munições de artilharia de quaisquer outras cujo fabricoa outroacabamento estabelecimento.” Nesta fábrica, já no contexto ou não estejam especialmente afectosdasa Campanhas de África 1961-1974, fez-se o carregamento outro estabelecimento.” Nesta fábrica, já no contexto das de granadas de de África morteiro, granadas fez-se de artilharia e bombas Campanhas 1961-1974, o carregamento paragranadas a aviação. de de morteiro, granadas de artilharia e bombas para a aviação. A PRIMEIRA REPÚBLICA E A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL O homicídio do Arquiduque da Áustria, Franz Ferdinand, em 1914 desencadeou um conflito e, por força de alianças, a 1ª Guerra Mundial. Portugal, então uma jovem e truculenta República, enviou de imediato, em Setembro de 1914, um contingente de tropas metropolitanas para o Sul de Angola e outro para o Norte de Moçambique, onde as fronteiras com territórios alemães ficavam então mais ameaçadas, pois as tensões eram já muito anteriores a 1914. A pressão alemã (e britânica) fazia sentir-se já desde os finais do século XIX. Curiosamente, este conflito, apesar de elevar a pressão alemã sobre as fronteiras do Cunene e do Rovuma, pôs fim à aliança secreta entre a Alemanha e a Inglaterra, para a espoliação destes territórios africanos à soberania Portuguesa. Neste contexto, revelava-se inevitável a intervenção de tropas portuguesas na 1ª Guerra Mundial, no teatro de operações africano.


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