Ano XXVIII – 3 de Maio de 2014
Nº 1323
Edição Especial
Estrela da Manhã Semanário Republicano e Democrático Independente e Defensor dos Interesses da Região
JOSÉ CASIMIRO DA SILVA, UM GRANDE FAMALICENSE Há uma música da fadista Mariza que diz que “há gente que fica na história, da história da gente”. José Casimiro da Silva é uma dessas figuras incontornáveis da história das gentes de Vila Nova de Famalicão. Famalicense de gema, nascido na freguesia de Calendário, José Casimiro da Silva foi, acima de tudo, um grande empreendedor. A sua obra, que atravessa várias áreas da sociedade, deixou vestígios importantes na vida do nosso concelho, que nem o tempo nem a memória coletiva apagam. Por isso, enquanto famalicense e presidente da Câmara Municipal é, para mim, uma grande honra associar-me a esta homenagem, nesta edição especial do Jornal “Estrela da Manhã”. Cinquenta e quatro anos após o lançamento do primeiro número, reavivamos agora esta publicação, que foi também o reflexo do espírito empreendedor e inovador deste Homem, cujo nome está escrito com letras de ouro nos pergaminhos da nossa história. Fruto de uma época em que a instabilidade política e social marcava o dia-a-dia, Casimiro da Silva conseguiu criar e dinamizar instituições e associações, verdadeiros pilares da
nossa sociedade, que ainda hoje mantêm a sua marca, como é o caso do Rotary Clube de Famalicão, mas também da Santa Casa da Misericórdia, ou da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Famalicão. Publicista e jornalista foi diretor, proprietário e editor, primeiro do jornal “Estrela do Minho” e depois do “Estrela da Manhã”, que junta agora ao seu espólio esta edição especial. Foi também o fundador do Centro Gráfico de Famalicão. Casimiro da Silva foi ainda vereador da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão na época do Estado Novo. Da multiplicidade de cargos exercidos destaque ainda para a direção do Futebol Clube de Famalicão, num dos períodos áureos do clube, presidência do Grémio do Comércio de Famalicão, presidência da Comissão Venatória do Concelho de Vila Nova de Famalicão, mesário do Hospital, entre outros. Foi, sem dúvida, um homem das letras, da cultura, da comunidade, mas foi sobretudo um homem de ação. Em 1959, Casimiro da Silva integra a Comissão Executiva das Festas Antoninas reavivando as festividades do con-
celho, após um interregno de quase meio século. As festas regressam “nas vésperas do 13 de Junho graças à congregação dos esforços de um grupo inflamado de bairristas e da Câmara Municipal do Concelho”, como refere João Afonso Machado na obra “Famalicão uma Vila que se inova”. Casimiro da Silva fica responsável pela organização da Parada Folclórica. Em 1980, um grupo de amigos prestou-lhe uma homenagem, na Fundação Cupertino de Miranda, atribuindo-lhe então a autarquia famalicense, presidida por Antero Martins, a Medalha de Ouro de Reconhecimento. Na altura, foi também atribuído o seu nome a uma rua, em Calendário, sua terra natal. Como todas as figuras marcantes, Casimiro da Silva foi também uma personalidade controversa, principalmente no que diz respeito à política e à sua relação com o Estado Novo. Fernando Pessoa dizia que “o Homem é do tamanho do seu sonho”. Eu acrescento que o homem é também do tamanho da sua obra. E, José Casimiro da Silva tem uma obra enorme, uma obra que merece ser divulgada e cada vez mais valorizada! Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Paulo Cunha