Fotografia: João Ferreira Textos: João Ferreira e Pedro Alves
Prefácio: Miguel Brandão Pimenta
Ficha Técnica Título: Os Bichos de Braga Autoria: João Ferreira e Pedro Alves Textos de: João Ferreira e Pedro Alves Fotografias de: João Ferreira Edição: Betweien, Lda. Design e Paginação: Rita Amorim Revisão ortográfica: Márcia Ramalho Revisão Científica: Pedro Alves Impressão: Gráfica Diário do Minho 1.ª Edição, Braga, abril de 2022 Depósito Legal: ISBN: Tiragem: 500 exemplares Copyright: Município de Braga Reservas de Direitos de Autoria
AGRADECIMENTOS Quero agradecer ao executivo da Câmara Municipal de Braga pela confiança e oportunidade para mostrar o meu trabalho. Ao biólogo Pedro Alves, por todo o rigor científico e método que emprestou a esta obra. Ao Miguel Brandão Pimenta, por, amavelmente, ter escrito o prefácio e por todos os bons concelhos. À equipa do Mosteiro de S. Martinho de Tibães e ao Clube de Caçadores de Braga, por cederem os seus espaços para fotografar e pelas dicas que deram. Sou grato aos muitos biólogos, fotógrafos ou simples interessados que contribuíram para que conseguisse algumas fotos (Virgínia Duro, Vítor Oliveira, Filipa Sousa, Carlos Silva, Carlos Rio, Daniel Sousa, Tiago Magalhães, Bruno Araújo, Jorge Costa, Ismael Cunha, Susana Barbosa, Rui Lemos, Sandra Antunes, Sérgio Esteves, Pedro Alves, Paulo Perames e Mário Amaro). Peço desculpa aos que, por ventura, possa ter esquecido de mencionar. À minha família e amigos, obrigado por todo o apoio e motivação.
PREFÁCIO Foi-me dado o privilégio de prefaciar esta obra do fotógrafo João Ferreira e do biólogo Pedro Alves, um belíssimo livro que tem o dom de nos encantar com um conjunto notável de imagens alusivas aos “bichos” de Braga. Esta colecção de imagens de João Ferreira mostra-nos a beleza inspiradora de muitas das criaturas animais que habitam o concelho de Braga. E dá-nos a conhecer a diversidade, a complexidade e a singularidade do que a Natureza, auxiliada pelo Homem, produziu nesta região ao longo dos séculos: uma paisagem plena de facetas formada por bosques de carvalhos, pinhais, matos e pastios em harmonia com os aglomerados rurais que caracterizam o concelho. João Ferreira leva-nos também ao mundo secreto da urbe bracarense, ao mundo dos pequenos habitats, dos quintais, dos parques e dos jardins – ilhas de vegetação no meio da cidade - que propiciam a existência de numerosos seres vivos. Com uma apresentação bem cuidada, esta obra, patrocinada pela Câmara Municipal de Braga, lembra-nos também nas suas linhas - e entrelinhas - o valor e a importância da preservação dos pequenos habitats rurais e urbanos, recursos preciosos e insubstituíveis que urge defender e ampliar. É sem dúvida uma das mais belas obras de fotografia publicadas sobre a temática em Portugal. Um trabalho que exigiu do fotógrafo uma enorme dedicação e certamente uma boa dose de paciência. Como diz João Ferreira, “Foram meses de muito trabalho. Descobri uma Braga (até para mim) algo escondida. A vida apareceu nos recantos mais inesperados, por vezes de forma exuberante, outras de forma mais esquiva”. Mas este livro não é apenas uma colectânea de imagens surpreendente. Nesta obra, com uma estrutura bem pensada e organizada João Ferreira e Pedro Alves começam por retratar os habitats do concelho de Braga. Para depois, em textos soltos, singelos mas rigorosos, descreverem com mestria a fauna local, adoptando uma ordem cronológica simples mas apropriada. Devo dizer que me surpreenderam as mais de oitenta espécies animais fotografadas e descritas, entre aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, não esquecendo os pequenos invertebrados tão úteis mas quase sempre tão ignorados.
Igualmente interessante é a inclusão de um glossário indispensável para quem não está acostumado à terminologia complexa do universo da biologia. E, da mesma forma, o mapa da Rede de Percursos Pedestres criado pela Câmara Municipal de Braga que nos introduz no mundo surpreendente dos “Bichos de Braga” revelando-nos alguns dos segredos nele contidos. O livro termina com um conjunto de referências bibliográficas de onde se destacam os guias práticos de observação de animais dirigidos a um público que anseia iniciar-se na observação da fauna urbana e do meio rural. Ao mesmo tempo que escrevo estas palavras, neste princípio de Inverno, orquestrado pelo canto precoce da coruja-do-mato ou pelo voo da garça-real vinda do Norte, vejo-me a percorrer alguns dos trilhos de Braga com o livro debaixo do braço. Um livro de consulta obrigatória e um importante estímulo para o estudioso, o naturalista e para o público em geral. Um livro que honra os autores.
Gerês, 3 de Janeiro de 2022 Miguel Brandão Pimenta
Vereador da Câmara Municipal de Braga
NOTA DE ABERTURA O projeto “Braga - Fauna” figura como ponto de partida para dar a conhecer a riqueza animal que o nosso território sustenta. Um trabalho minucioso que permite ao leitor ver e/ou absorver um habitat natural revestido de cor, formas e sons. Terra de “patrimónios”, onde a história, a arte e a contemporaneidade se unem na construção de uma metrópole criativa e ousada, Braga é também natureza envolvida numa diversidade biológica que se transforma todos os dias. Penso e vejo o nosso território como um habitat de biodiversidade animal, onde a ruralidade é “casa” da natureza selvagem. Na falta de um compendio da variedade de espécies de animais existentes no concelho, foi criada a obra que parte à descoberta dos trilhos que compõem o ecossistema natural de Braga. Um percurso pelas freguesias, pelos seus rios e vales para descobrir animais, os seus habitats e o ambiente que os acolhe. Dando a conhecer as múltiplas espécies que habitam o nosso território, o livro subdivide em categorias a vida animal. Desde aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, na obra é possível encontrar informações e ainda curiosidades sobre cada espécie: as suas caraterísticas físicas; os seus mecanismos de defesa; os comportamentos na época reprodutiva, entre outras. Ilustres são também as fotografias que a acompanham. Imagens que captam a pureza natural do concelho, com o poder de nos transportar para a sua vida selvagem. Uma coleção de registos que são exemplo da persistência e perseverança impressas neste trabalho, numa plena conexão entre o fotógrafo, a natureza e todos os seus elementos. Somos privilegiados na medida em que habitamos numa área onde se dá uma das mais belas simbioses: metrópole e ruralidade. Considero que o concelho de Braga oferece o que de melhor se pode retirar das vertentes rural e citadina. Ao longo da investigação e captação de imagens para a concretização desta obra, foi possível confirmar que temos freguesias com uma vida animal admirável e fascinante que não nos deixa indiferentes. Este projeto reflete-se num périplo (também ele figurativo) pela biodiversidade do nosso território. Uma verdadeira jornada pela Braga natural e selvagem. Fazendo uso das palavras do naturalista David Attenborough, “a compreensão do mundo natural não é apenas uma fonte de grande curiosidade, mas também de grande realização”. Encontramos esta “realização” nas páginas daquele que é o primeiro grande projeto dedicado à biodiversidade em Braga. Desafio todos a fazer parte desta expedição.
BIOGRAFIA
João Ferreira, nascido em Oliveira S. Pedro, Braga, em 1987, desde cedo revelou grande entusiasmo pelo mundo natural, especialmente pela fauna, sendo comum em criança ficar durante horas a observar os diversos animais que encontrava. Desde as áreas rurais onde cresceu, aos passeios em família ao Parque Nacional Peneda Gerês sempre aproveitou para estabelecer um contacto mais íntimo com a natureza. Em adulto a sua vida profissional nunca o colocou em contacto com o mundo natural, mas a paixão pela natureza manteve-se, caminhadas e passeios em meio natural foram sendo rotina, até que achou que deveria partilhar as maravilhas que ia observando, de uma forma mais visual, assim, por volta de 2014, decidiu começar a fotografar. Desde aí, sobretudo de forma autodidata, (através de livros, documentários e conselhos de colegas mais experientes) foi-se especializando em rastrear, detetar e fotografar os animais que habitam a zona norte de Portugal. Entende a fotografia de natureza como uma forma de documentar os seres vivos e ecossistemas, mas também, como uma forma de arte, que faz a ponte entre a sensibilidade humana e o mundo natural, sendo por isso uma ferramenta fundamental para a preservação dos valores naturais. Desde que começou a fotografar, já passaram pelas suas lentes espécies como o Lobo ibérico, cabra montês, corço, veado, lontra, toirão, águia real, grifo, abutre preto, picanço de dorso ruivo, poupa, salamandra lusitânica, rã ibérica, as duas víboras lusitanas, lagarto d’agua, vaca loura, aranha vespa e muitos outros. Já teve fotos distinguidas em concursos como o Braga natural, ADERE Gerês-Xurés, e Rewilding Portugal/Comunidade cultura e arte. Atualmente colabora com a Camara Municipal de Braga na divulgação dos valores naturais do concelho.
Pedro Alves, natural de Lamas-Braga, nasceu em 1992 e desde cedo revelou um particular fascínio pelos traços, cores e dinâmicas da Natureza. Este foi aumentando ao longo do seu crescimento numa zona rural, a aldeia de Lamas, em Braga, o que culminou na sua formação académica na área da Biologia. Tem colaborado com diversas campanhas nacionais de sensibilização ambiental como monitor científico, fotógrafo e designer, como por exemplo os projetos “Charcos com Vida”, “STOL”, “Noite das Criaturas das Trevas”, em organismos como o Mosteiro de S. Martinho de Tibães, Laboratório da Paisagem, Casa do Conhecimento, Fundação de Serralves, entre outros. Mais recentemente desenvolveu projetos de conservação da natureza, pela Quercus-ANCN, no Parque Natural do Tejo Internacional relacionados com monitorização de avifauna e cervídeos, alimentação de aves necrófagas, fotografia de natureza e educação ambiental e em Évora com a problemática da mortalidade de aves em linhas elétricas. De forma complementar, dedica-se à fotografia de natureza e vida selvagem, por considerar que, através da contemplação dos seres vivos a partir de um ponto de vista mais íntimo, a população fica mais sensibilizada para a preservação e proteção da natureza.
ÍNDICE
16
17
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
18
19
CONSELHOS AO OBSERVADOR
CARACTERIZAÇÃO DOS HABITATS DO MUNICÍPIO DE BRAGA
20 AVES 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Águia-de-asa-redonda Alvéola-cinzenta Carriça Chapim-azul Chapim-carvoeiro Chapim-rabilongo Chapim-real Chasco-cinzento Coruja-do-mato Corvo-marinhode-faces-brancas
42 44 46 48 50 52
Estorninho-preto Falcão-peneireiro Falcão-peregrino Felosa-comum Gaio Gaivota-depatas-amarelas
54 56 58 60
Garça-real Gavião Gralha-preta Guarda-rios
62 64 66 68 70 72 74
Lugre Melro-preto Mergulhão-pequeno Mocho-galego Pato-real Perdiz Pica-paumalhado-grande
76 78 80 82 84 86 88 90 92
Pintassilgo Pisco-de-peito-ruivo Pombo-torcaz Poupa Rabirruivo-preto Tentilhão-comum Tordo-comum Tordoveia Toutinegra-debarrete-preto
94 96 98
Toutinegra-do-mato Trepadeira-azul Verdilhão
100 MAMÍFEROS 102 104 106 108 110 112
Coelho-bravo Esquilo Gineta Javali Lontra Morcego-deferradura-pequeno
114 116 118 120 122 124
Ouriço-cacheiro Raposa Rato-do-campode-rabo-curto Texugo Toirão Vison-americano
126 RÉPTEIS 128 130 132 134
Cobra-de-água-decolar-mediterrânica Cobra-deágua-viperina Cobra-de-escada Cobra-rateira
136 138 140 142 144
Lagartixade-Bocage Lagarto-de-água Licranço Osga-moura Sardão
146 ANFÍBIOS 148
Rã-defocinho-pontiagudo
156
Salamandralusitânica
150 152 154
Rã-ibérica Rã-verde Salamandra-depintas-amarelas
158 160
Sapo-comum Tritão-deventre-laranja
162 164
Tritão-marmoreado Tritão-palmado
166 PEIXES 168
Boga Góbio
170 171
Boga-do-norte Ruivaco
172 173
Truta-de-rio Verdemã-comum
186 188 190 192 194
Gaiteiro-azul Libélula-achatada Louva-a-Deus Pirilampo Vaca-loura
174 INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS 176 178 180 182 184
Abelha-do-mel Aranha-vespa Barqueiro Borboleta-caveira Borboletaimperador-pequena
196
210
BRAGA
MAPA PEDESTRE
214 GLOSSÁRIO 220 BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
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Quando iniciei a minha carreira como fotógrafo de natureza, especialmente de fauna, deparei-me com várias dúvidas. Afinal, o que queria eu fotografar? O meu campo de conhecimento incidia, principalmente, sobre a fauna ou (como habitualmente designamos) os “bichos”. Mas como? Onde? Que animais fotografar? Para quem vive na Europa, o continente mais humanizado de todos, seria possível encontrar animais verdadeiramente selvagens? Haveria ainda espaço para a vida selvagem numa das cidades mais povoadas e industrializadas de um pequeno país europeu? A opção mais óbvia foi procurar os últimos refúgios da vida selvagem que me eram geograficamente mais próximos, como os parques naturais e nacionais e as zonas protegidas. Braga fica relativamente perto de alguns. O Parque Nacional Peneda Gerês (PNPG) é o mais icónico. Todavia, o Parque Natural do Litoral Norte (PNLN), a Paisagem Protegida de Corno do Bico (PPCB) ou o Parque Natural de Montesinho (PNM), são também importantes reservas de biodiversidade. Durante anos visitei e continuo a visitar estes espaços, sendo o PNPG um local especialmente mágico, onde pude fotografar muitas das espécies que compõem o meu portefólio. Mas e se procurar no meu concelho? Nas vetustas ruelas da Bracara Augusta, nos rios e ribeiros que o atravessam, nos campos agrícolas e bosques que o ladeiam? O que posso encontrar? Este foi o desafio lançado pela Câmara Municipal de Braga: descobrir e mostrar a fauna que este concelho partilha connosco. Durante cerca de 18 meses, a minha principal missão foi conseguir retratar, em fotografia, vários dos nossos “vizinhos”, especialmente as espécies mais emblemáticas que cá habitam. Assim, desde o Este ao Cávado; do centro da cidade às aldeias mais rurais; dos bosques aos campos; dos muros de pedra aos edifícios de betão armado, procurei os “bichos” de Braga. Não com a ambição de retratar todos os animais, mas com a ideia de mostrar, principalmente aos bracarenses, que ainda podem passear no seu concelho e deliciarem-se com as pescarias de uma lontra no rio ou com o piar de uma coruja nos bosques; atravessar um prado e ver as abelhas e borboletas de flor em flor ou os lagartos a apanhar sol. Eles vivem entre nós, conseguiram adaptar-se aos ecossistemas que geramos, fazem parte da vida, cultura e história desta cidade. Compete-nos (a todos) proteger este legado. Assim como protegemos os edifícios mais icónicos, as tradições mais antigas, as personalidades mais emblemáticas desta cidade, também eles fazem parte da identidade bracarense. Devemos ter orgulho em dizer que o rio Este é um rio com vida; que o som dos pássaros e insetos se sobrepõe ao dos automóveis nas matas em volta da cidade; que nos parques da cidade é possível ver mais animais do que aqueles que se conseguem contar. Foram meses de muito trabalho. Descobri uma Braga (até para mim) algo escondida. A vida apareceu nos recantos mais inesperados, por vezes de forma exuberante, outras de forma mais esquiva. Recorri ao conhecimento de tantas pessoas que me ajudaram (fotógrafos, biólogos, caçadores ou cidadãos amáveis). Foi imenso o saber válido que me ajudou a alcançar este resultado fotográfico. Espero, com as minhas fotografias, despertar vontade nos meus conterrâneos de conhecer a cidade através de outro prisma, de percorrer os seus trilhos e encontrar esta rica e bela biodiversidade.
METODOLOGIA O objetivo deste projeto não passou por fotografar todos os animais selvagens do concelho, mas sim reunir uma amostra da biodiversidade animal que ele alberga. Assim, a proposta passou por retratar o máximo de espécies possível - com valor artístico e documental - conforme estes fossem detetados e a fotografia fosse possível. Para procurar os melhores locais do concelho para a observação de fauna, usei a aplicação BragaExplorers que o Município de Braga faculta com acesso a trilhos marcados e fáceis de interpretar e que abrangem uma grande rede de percursos do concelho. Apesar de grande parte dos animais aqui retratados possa ser encontrado em praticamente toda a área do concelho, foram associados, a cada animal, os percursos em que se verificou ser mais provável encontrálo. De ressaltar que este facto não impede que se encontre certo animal num percurso não mencionado, ou que se faça um percurso e não se encontre a espécie a ele associada. Uma das maiores belezas que a natureza nos oferece é a maravilha do inesperado. Foram usadas diversas técnicas e equipamentos fotográficos para a deteção e registo de fauna: armadilhagem fotográfica, espera em abrigo e fotografia de proximidade. A fotoarmadilhagem consiste em colocar máquinas automáticas equipadas com sensores de movimento e visão noturna ou câmaras fotográficas comuns com vários flashes, ativados por um sensor de movimento, que filmam/fotografam os animais (especialmente mamíferos e aves) sem os perturbar, tanto de dia como de noite. No ato de espera, permaneço estático, com camuflagem, num ponto favorável e é usada uma teleobjetitiva de longo alcance para fotografar. No que concerne à fotografia de proximidade, especialmente com os animais mais pequenos (anfífíbios, répteis ou insetos e outros invertebrados), são utitilizadas lentes macro para captar com mais pormenor, alternando com lentes de ângulo aberto para alcançar o ambiente em que o animal vive. O livro foi organizado pelos diversos grupos de animais, com as espécies ordenadas por ordem alfabética, sendo que os vertebrados são tratados por grupos (Aves, Mamíferos, Répteis, Anfíbios e Peixes) e os invertebrados são tratados como um único grupo (Insetos e outros invertebrados). Apesar de não ser uma obra cientítífica, a partir deste livro pretendese absoluto rigor e validade. Nesta medida, os textos expostos são fundamentados numa extensa bibliografia cientítífica. A observação de campo teve a colaboração indispensável do Pedro Alves - biólogo minhoto - que reviu toda a obra e escreveu muitos dos textos que acompanham as fotografias de cada espécie.
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CONSELHOS AO OBSERVADOR Observar fauna em ambiente selvagem pode ser extremamente gratificante, mas nem sempre é um objetivo fácil de concretizar. Nesta perspetiva, deixo alguns conselhos àqueles que desejem ver por si os belos animais que habitam este município. - Comece pela fauna mais simples Normalmente queremos ver um texugo ou um açor - animais muito esquivos ou pouco abundantes - o que resulta muitas vezes em frustração. Comece por observar os pássaros dos jardins e os anfíbios nos tanques e vá “treinando o olho”. Além de ser motivacional, vai ajudá-lo a desenvolver hábitos de observador. - Consulte guias de campo Guias como os presentes na bibliografia são extremamente úteis para identificar corretamente as diferentes espécies. Ajudam também a escolher a melhor época do ano e horas do dia para observar cada espécie e os habitats mais favoráveis à sua ocorrência.
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- Use binóculos, telescópios terrestres, câmaras com grande capacidade de zoom ou lentes com elevada distância focal Raramente um animal aparece a pouca distância do observador. Para o identificar corretamente, alcançar pormenores morfológicos ou apreciar melhor a espécie, é indispensável a utilização de um instrumento que permita ver à distância. Assim, podemos analisar sem perturbar o animal, usufruindo de observações mais duradouras e naturais. - Seja discreto Envergue roupas pouco garridas, caminhe com calma, não faça barulho e escute. Os animais estão sempre alerta a presenças estranhas. Tente sempre interferir o menos possível porque as espécies estão na sua luta diária pela sobrevivência. - Seja paciente Nem sempre terá sucesso nas primeiras tentativas para observar determinada espécie. Por vezes é preciso insistir, aguardar mais que uns minutos, voltar aos mesmos locais ou tentar um horário ligeiramente diferente.
CARACTERIZAÇÃO DOS HABITATS DO MUNICÍPIO DE BRAGA
O município é composto por diferentes habitats. Cada um com características únicas. Os bosques, os montes, as galerias ripícolas, os cursos de água, os prados e as zonas agrícolas são os habitats com maior expressão no concelho. Bosques de folhosas Bosques maioritariamente compostos por carvalho-negral (Quercus pyrenaica), carvalho-alvarinho (Quercus robur), castanheiro (Castanea sativa), loureiro (Laurus nobilis), freixo (Fraxinus angustifólia), azevinho (Ilex aquifolium), pilriteiro (Crataegus monogyna), aveleira (Corylus avellana) e sobreiro (Quercus suber). Estas florestas são constituídas por árvores maduras de grande porte que se caracterizam pela grande biodiversidade que albergam. São zonas sombrias, com pouca ou nenhuma vegetação rasteira. O chão é coberto de folhas que conservam a humidade. Têm grande resiliência a incêndios. Formavam grande parte da área florestal nativa desta zona. São bons exemplos deste habitat a mata do Mosteiro de S. Martinho de Tibães e algumas zonas florestais entre o Bom Jesus e o Sameiro. Bosques mistos Florestas compostas por algumas folhosas, como o carvalho-alvarinho, sobreiro e carvalho-negral, intercalados com espécies exóticas, como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e o eucalipto (Eucalyptus globulus). São florestas que se caracterizam pela abundância de matos, compostos por giestas (Cytisus striatus), silvas (Rubus fruticosus), tojo (Ulex europaeus) e outras espécies arbustivas. São, portanto, zonas florestais densas, com alguma biodiversidade e que formam grande parte da mancha florestal do concelho, como, por exemplo, o monte do Picoto. Montes No concelho nenhuma elevação ultrapassa os 700 metros. Em alguns cabeços mais batidos pelo vento, a densidade arbórea é baixa. Sobreiros e eucaliptos são as árvores mais comuns, intervalados com zonas densas de mato. São geralmente zonas com pouca água. O Monte das Caldas e a Serra dos Picos são bons exemplos. Galerias ripícolas Formação linear de espécies lenhosas arbóreas e arbustivas que se encontram associadas às margens dos cursos de água. Configuram uma espécie de túnel sobre as linhas de água que serve como corredor ecológico. Espécies como o choupo (Populus nigra), o amieiro (Alnus glutinosa), o sanguinho (Frangula alnus), o salgueiro-branco (Salix alba), a borrazeira-preta (Salix atrocinera) e o ulmeiro (Ulmus minor) são as mais comuns. São bons exemplos alguns troços do Rio Este - em Priscos e Ferreiros - e o troço inicial do Rio Guisando. Rios e ribeiros São, na sua maioria, perenes. O Rio Cávado apresenta pouco desnível e pouca corrente. O mesmo não se verifica nos ribeiros e pequenos rios, como o Este. São todos eles rios de águas claras, isto é, só em alturas de grandes chuvadas apresentam quantidades muito visíveis de sedimentos em suspensão. Prados e zonas agrícolas Zonas tipicamente abertas, onde (normalmente) existe uma paisagem em mosaico com campos agrícolas cultivados, pastagens para gado e campos não cultivados que albergam matos e silvados com pequenos bosques de folhosas ou mistos pelo meio ou nas orlas. No Minho é normal existirem linhas de choupos ou árvores de fruto a separar as propriedades. É usual haver tanques e linhas de água que enriquecem o habitat. Podemos encontrar esta paisagem um pouco por todo o concelho, mas as zonas agrícolas de Sequeira, Figueiredo e Lamas são bons exemplos.
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AVES
21 As aves são os animais que mais nos chamam a atenção pelas cores exuberantes, pelo canto melodioso, pela capacidade de voar. Na ambição de apreciar essas qualidades mais de perto, domesticamos várias e fizemos delas nossos animais de estimação. Mas, a beleza indómita do voo livre, o canto inesperado daquele pássaro lá na árvore… Não são coisas replicáveis numa gaiola. Assim, mesmo para quem tem como animal de companhia uma ave, apreciar estes seres em meio natural, é um espetáculo da natureza. Das muitas dezenas que habitam permanentemente ou sazonalmente este concelho, consegui fotografar algumas. Entre migradoras, residentes, noturnas, diurnas, rapinas, canoras, coloridas, discretas, grandes, pequenas, a variedade é muita. Vários métodos foram usados para se obter imagens fotográficas de valor artístico e documental. Desde armadilhas fotográficas, até às longas esperas camuflado. Ver um guardarios pescar no rio Este; um bútio a planar sobre o Picoto; um rabirruivo alimentar os filhotes numa casa rural abandonada; ou ouvir o canto de uma carriça nas sebes da Universidade do Minho, foram só alguns dos momentos que deleitaram os dias de campo. O uso de binóculos e guia de campo facilita a identificação correta das espécies, mas algumas delas apenas são detetáveis pelos chamamentos.
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ÁGUIA DE ASA REDONDA Buteo buteo Descrição: Esta ave de rapina de médio porte, que tem populações residentes e invernantes em Portugal, é muitas vezes apelidada de milhafre. Relativamente comum e fácil de avistar, pousada em postes, junto à estrada, ou a planar em círculos. Em termos de habitat, é generalista. O seu território pode incluir zonas agrícolas, florestas, elevações rochosas, planícies e outros. O ninho é geralmente feito numa árvore de grande porte. No final da primavera, nascem entre 2 a 3 crias. É um predador generalista que caça pequenos roedores, rãs ou até cobras e pode também apresentar hábitos necrófagos. Em Braga: É possível avistar em toda a cidade, excluindo as áreas mais urbanizadas. No “trilho da senda dos Galos”, no “trilho dos dois Montes” ou na “Grande rota da Serra dos Picos”, é fácil observar. Sabia que… É a única espécie de ave de rapina diurna presente em todas as regiões do continente e ilhas.
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Motacilla cinerea
ALVÉOLA CINZENTA 24
Descrição: Ave de pequeno porte, residente, do tamanho aproximado de um pardal. Caracteriza-se pelo seu peito/ventre amarelo, cauda longa e por estar constantemente numa espécie de dança em que oscila a cauda. Relativamente comum junto a cursos de água com corrente, é fácil observá-la em rios, pousada nas margens ou em rochas ou troncos emersos no leito. O ninho, feito de detritos que apanha no rio, costuma estar em cavidades naturais, mas também em pontes de pedra ou moinhos de água. A alimentação é sobretudo insetívora, desde pequenas lagartas a mosquitos, que captura em voo, acrobaticamente. Em Braga: Possível de observar em praticamente todos os cursos de água do concelho. O trilho “dos Bosques do Rio Este” ou no percurso “pelos prados do Rio Torto”. Sabia que… A alvéola-cinzenta é também conhecida na região por lavandisca.
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CARRIÇA Troglodytes troglodytes Descrição: A carriça é das aves mais pequenas de Portugal e o seu característico canto é dos mais belos sons da nossa avifauna, que se escuta todo o ano. As cores acastanhadas, pelo contrário, são pouco chamativas. É uma ave comum em espaços florestais e agrícolas, onde pode ser observada num constante bulício, por entre valados e silvados, a saltitar e em voos curtos, de um lado para o outro. O ninho pode estar num valado ou até em construções humanas, como cabines de rega ou garagens. Este é muito característico e inconfundível (um novelo de musgo e ervas com uma pequena abertura). Alimenta-se sobretudo de insetos e aranhas. Em Braga: Presente em todo o concelho. Pode ser observada no percurso “descobrindo o Couto de Tibães” ou “A volta do Rio Este”. Sabia que… As carriças aceitam bem objetos humanos no habitat, de tal forma que chegam a fazer o ninho em coisas que usamos no dia a dia, como umas botas penduradas, uma ferramenta agrícola ou um automóvel estacionado.
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CHAPIM AZUL Cyanistes caeruleus Descrição: Passeriforme residente, de pequenas dimensões, mas de cores vivas. Caracteriza-se por uma plumagem entre o azul e o amarelo. Fora da época de reprodução, agrega-se em pequenos bandos, inclusive, com outras espécies de chapins, voando de árvore em árvore. É uma ave relativamente comum e facilmente observável em jardins, parques urbanos e pequenos bosques. O ninho é construído na cavidade de uma árvore ou muro que dá abrigo a uma prole que pode chegar a 7 ou mais crias. Alimenta-se principalmente de pequenos invertebrados, mas também inclui sementes e fruta madura na sua dieta. Em Braga: Comum em todo o concelho. Pode ser observado nos trilhos “Castro das Caldas”, “Santa Marta das Cortiças” e da “Morreira”. Sabia que… Ocupa muito facilmente as caixas-ninho que os humanos lhe providenciam, por isso, se quiser ter nova vizinhança no seu jardim, já sabe o que fazer.
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CHAPIM CARVOEIRO Periparus ater Descrição: Dos mais pequenos chapins de Portugal, não possui cores tão vivas como os chapins azul e real; com tons pretos, cinzas e castanhos e aspeto despenteado. É bastante tolerante à presença humana e está presente no país durante todo o ano. Normalmente visto em zonas com árvores maduras, com elevada apetência por resinosas. Os ninhos são normalmente construídos em orifícios de árvores, como, por exemplo, ninhos antigos de pica-pau. A alimentação é composta por insetos, frutas e bagas. Em Braga: Abundante em todo o concelho. Pode ser observado nos trilhos “Na senda do Castelo de Penafiel de Bastuço” e no “Caminho dos Santuários”. Sabia que… É uma ave que acorre muito facilmente a comedouros de jardim.
CHAPIM RABILONGO Aegithalos caudatus 32
Descrição: Este minúsculo chapim tem a aparência de uma pequenina e fofa bola de penas, com uma cauda comprida e um bico curto, com cores dominantes claras e algumas penas pretas. Forma geralmente bandos integrados por aves da própria espécie, que durante todo o ano percorrem as galerias ripícolas, bosques e pomares, em ritmo acelerado. O ninho é construído em forma de bolsa e é bastante elaborado com musgo, líquenes, teias de aranha, penas e pelos. A alimentação passa por pequenos insetos, rebentos e sementes, dependendo da altura do ano. Em Braga: Abundante em todo o concelho. Os percursos “Pelo vale do Cávado”, “Moinhos de Priscos” e “Pela margem do Cávado” são bons pontos de observação. Sabia que… O ninho é ampliado à medida que as crias vão crescendo.
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CHAPIM REAL 34
Parus major Descrição: Tem o tamanho aproximado de um pardal, é o maior dos nossos chapins. Cores vivas entre branco, preto, amarelo, cinza-azulado e desenhos bem marcados. É comum e residente todo o ano. Habita desde bosques a jardins e é facilmente observável em meio urbano. Deslocase em bandos com várias espécies de chapins. Nidifica em buracos de árvores, onde constrói um ninho arredondado com musgo e pelos de animais, sendo um inquilino frequente de caixasninho. Alimenta-se de insetos, bagas, rebentos e sementes. Em Braga: Frequente em todo o concelho. Pode ser observado percorrendo os trilhos “Entre Braga e o Cávado”, “Caminho dos Santuários” e “Trilho do Monte das Velhas”. Sabia que… É um aliado importante no controlo da lagarta-do-pinheiro, por ser um predador voraz destas lagartas.
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CHASCO CINZENTO Oenanthe oenanthe
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Descrição: Da família dos papa-moscas, é uma ave migradora que está de passagem no nosso país, desde o final do verão até outubro. Apenas nidifica nas terras altas, acima dos 800m de altitude, entre Abril e Setembro. Tem uma variação de plumagem muito assinalável, entre a época reprodutora e não reprodutora. Na zona de Braga, ocorre em plumagem não nupcial de tons mais acastanhados. O ninho fica em cavidades de muros ou fissuras nas rochas. Prefere zonas abertas, algo rochosas, com poucas árvores e vegetação baixa. A alimentação é sobretudo insetívora. Em Braga: Não é muito frequente, mas pode ser observado nos trilhos “Calcorreando a Serra dos Picos” e “São Pedro da Oliveira”. Sabia que… Apesar do seu pequeno tamanho, este passeriforme pode atravessar todo o continente europeu para ir passar o inverno a África.
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CORUJA DO MATO Strix aluco Descrição: Rapina noturna de médio porte. Tem hábitos quase exclusivamente nocturnos. Por essa razão é pouco observada, apesar de ser abundante no país. Pode chegar a um metro de envergadura, com uma plumagem que ocorre em tons cinza ou pardos alaranjados, bastante mimética com o habitat. O seu piar inconfundível é dos mais característicos das noites minhotas. Ocupa, sobretudo, florestas velhas de caducifólias e orlas de zonas agrícolas e habitacionais. O ninho é quase sempre em cavidades de velhos carvalhos ou sobreiros, onde nascem duas ou três crias. Alimenta-se, fundamentalmente, de roedores (desde ratazanas a pequenos ratos do campo), sendo um importante aliado dos agricultores e população em geral no controlo de pragas agrícolas e vetores de doenças. Em Braga: Abundante em todo o concelho, é possível observar fazendo os trilhos “Dois Montes”, “Descobrindo o Couto de Tibães” e “Pelo vale do Cávado”. Sabia que… Esta espécie é monogâmica e tem hábitos muito territoriais, podendo ultrapassar os 20 anos de vida.
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CORVO MARINHO DE FACES BRANCAS Phalocrocorax carbo Descrição: Ave grande de aspeto primitivo, com coloração praticamente toda negra. No inverno forma bandos que sobem os rios, abandonando estas zonas nos meses de primavera, conforme o tamanho da massa de água que ocupa. Muito relacionada com o meio aquático (seja mar, rio, albufeiras ou lagoas). A nidificação ocorre em falésias junto ao mar. No entanto, tem sido registada nidificação desta espécie em algumas albufeiras do interior do país. Alimenta-se, particularmente, de peixes e crustáceos que captura através de mergulhos de curta duração. Em Braga: Nos meses de outono e inverno é muito fácil observá-lo nos percursos “A volta do Rio Este”, “Pela Margem do Cávado” e “Dos Solares”. Sabia que… Ao contrário de outras aves mergulhadoras, as suas penas não são impermeáveis. Por isso, é frequente observá-lo de asas abertas virado para o sol, a secar.
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ESTORNINHO PRETO Sturnus unicolor
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Descrição: Passeriforme algo parecido com o melro, ligeiramente mais pequeno, plumagem preta brilhante, bico amarelo e pernas rosadas. O estorninho é das mais loquazes aves da nossa fauna, num constante chilrear, com cada ave a apresentar um canto distinto, composto por sons que imita de outras aves. Em contexto urbano, imita sons de origem artificial, como carros e máquinas. É frequente vê-lo em grandes bandos no solo, pousados em fios elétricos ou mesmo em voo, formando massas negras que se deslocam como um fluído. As zonas agrícolas abertas, prados de pasto ou zonas urbanas são os seus habitats prediletos. O ninho geralmente fica na cavidade de uma árvore. É oportunista, sendo frequentemente observado junto a gado, onde se alimenta de invertebrados. Em Braga: Ave bastante abundante no concelho. É de simples observação nos trilhos “Da Mamoa” e “Pelos prados do Rio Torto”. Sabia que… Os estorninhos pretos são endémicos da Península Ibérica e sul de França.
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Falco tinnunculus
FALCÃO PENEIREIRO 44
Descrição: Esta rapina de pequena dimensão caracteriza-se por ter cauda comprida e plumagem composta por tons arruivados e claros, com pintas e barras escuras. É facilmente observável pelo seu hábito de pousar em locais visíveis e por pairar no ar a relativa baixa altitude, batendo um pouco as asas (daí o seu nome comum). Ocupa quase todos os tipos de habitat, sendo que também pode ocupar zonas urbanizadas. O seu alimento é composto por pequenos roedores, musaranhos e grandes insetos como gafanhotos. Em Braga: Não é muito comum. Apesar disso pode ser observado com regularidade nos trilhos “Da Mamoa” e “Castro das Caldas”. Sabia que… Não constrói ninhos. Ocupa fendas e cavidades de rochas ou árvores.
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FALCÃO PEREGRINO Falco peregrinus 46
Descrição: Ave de rapina de médio porte. Um pouco mais pequena do que um bútio e com forma mais aerodinâmica. A plumagem é muito contrastada: branca e preta, com uma característica lágrima negra. Não é uma ave fácil de observar. É bastante discreto. Pode ser observado no cimo de uma escarpa ou a planar bem alto. É uma ave muito territorial, principalmente durante a nidificação. Ocupa (essencialmente) escarpas, antigas pedreiras e falésias costeiras, onde faz o ninho numa “varanda”. Todavia, para caçar, gosta de áreas abertas, como prados. Rapina bastante especializada a caçar em voo, fazendo mergulhos de alta velocidade sobre outras aves (principalmente pombos ) e matando-os com o impacto. Em Braga: Raro na região, mas pode ser observado nos trilhos “Encosta do Sol” e “Grande Rota da Serra dos Picos”. Sabia que… É considerado o animal mais rápido do mundo, uma vez que os seus mergulhos podem ultrapassar os 300 km/h.
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FELOSA COMUM Phylloscopus collybita Descrição: Pequena ave invernante de tons castanhos esverdeados. Chega ao nosso território com os meses mais frios. Não forma bandos, mas é comum ver vários indivíduos juntos. É uma ave generalista no que toca a habitat, sendo fácil observá-la em jardins, parques ou junto de rios. Não nidifica em Portugal e a alimentação é à base de pequenos insetos, especialmente mosquitos. Em Braga: Nos meses de outono/inverno é muito abundante, podendo ser vista fazendo os percursos “Bosques do rio Este” e “Moinhos de Priscos”. Sabia que… Em Espanha é apelidada de “mosquiteiro”, dada a sua elevada preferência por mosquitos.
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GAIO Garrulus glandarius Descrição: Corvídeo de cores vivas e especialmente abundante no Minho. Do tamanho aproximado de uma rola, saltam à vista as penas azuis das asas, uma poupa clara na cabeça e o bico robusto. Habita (preferencialmente) zonas de bosque de caducifólias, pinhais e parques urbanos. O ninho, geralmente, é composto por um aglomerado de galhos numa árvore de médio/grande porte. É bastante generalista no que toca a alimentação: frutos, insetos, bagas, pequenos animais (lagartixas e micromamíferos). Em Braga: Comum no concelho. Os trilhos “Santa Marta das Cortiças”, “Trilho das Fontes” e “Trilho dos Miradouros” são bons pontos de observação. Sabia que… Tem a fama de ser o maior plantador de carvalhos e castanheiros do país. Tem o hábito de fazer despensas de alimento para tempos mais difíceis, enterrando bolotas e castanhas. Algumas delas germinam porque acabam por se esquecer delas.
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GAIVOTA DE PATAS AMARELAS Larus michaellis
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Descrição: Ave de grande envergadura, com asas estreitas e compridas. Ventre e cabeça de cor branca, dorso cinzento e patas e bico amarelos. Normalmente, esta ave habita as zonas costeiras de falésias e praias. No entanto, foram-se habituando a aproveitar o fornecimento de alimento que os detritos humanos proporcionam. Assim, é comum verem-se grandes concentrações destas aves junto de lixeiras ou centros urbanos. Por norma, fazem o ninho com um amontoado de galhos numa falésia, mas, nas cidades, aproveitam edifícios altos para esse fim. A alimentação é generalista. Pescam peixes, alimentam-se de animais mortos e até consomem resíduos humanos. Em Braga: Embora a população residente destas aves não seja grande no concelho, é muito fácil vê-las em trilhos como “na Senda dos Galos”. Sabia que… Apesar de ser a espécie mais abundante de gaivota do país, já foram registadas 19 espécies em Portugal.
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GARÇA REAL Ardea cinerea Descrição: Ave de grande porte, com pernas muito altas e um bico comprido. A plumagem, em tons de branco/cinza, pormenores pretos e uma pequena poupa, chama a atenção. Habitualmente solitária ou em pequenos grupos, passa os meses frios a patrulhar diversas zonas húmidas, sendo possível encontrá-la em rios, charcos ou simples campos 49 alagados. No verão, migra para as zonas de nidificação, onde faz o ninho. Em termos de alimentação, é uma caçadora astuta: usam a sua visão muito apurada para encontrar peixes, rãs e pequenas cobras, em zonas de baixa profundidade. Em Braga: Nos meses de outono e inverno ao fazer os trilhos “entre Braga e o Cávado”, “Margem do Cávado” ou “a Volta do Rio Este”. Sabia que… Utiliza um mecanismo tipo mola no seu pescoço para desferir um ataque fulminante na sua presa, trespassando-a com o seu bico como se de uma lança se tratasse.
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GAVIÃO Accipiter nisus Descrição: Pequena rapina diurna, varia de tamanho, entre um gaio e uma rola turca. Caracteriza-se por asas curtas e amplas, cauda comprida e pernas longas e despidas. O dorso é cinza escuro e o ventre/peito é claro, com bandas cinza escuras. Os machos adultos exibem no ventre belas tonalidades alaranjadas ou rosadas. Os olhos dos jovens são geralmente amarelos, podendo ficar laranjas ou mesmo vermelhos, quando adultos. O habitat destas aves é normalmente composto de densos bosques, orlas de zonas agrícolas e matagais densos. Nem sempre é fácil de observar, por ser muito esquivo. Raramente plana, evita zonas abertas e pousar em locais despidos. O ninho é geralmente feito numa árvore de grande porte. Alimenta-se, quase exclusivamente, de pequenos pássaros, como pardais, verdilhões, melros e estorninhos. Em Braga: Embora não seja raro, pode ser observada fugazmente. Ao percorrer os caminhos como “Os bosques do Rio Este”, “Castro das Caldas” e “Trilho das Fontes”, pode dar-se um momento de sorte. Sabia que… Tem um acentuado dimorfismo sexual, sendo a fêmea substancialmente maior que o macho.
GRALHA PRETA Corvus corone 58
Descrição: Dos maiores passeriformes e corvídeos da nossa fauna. É muitas vezes apelidada de corvo, apesar de ser substancialmente menor, ter um bico menos robusto, cauda em leque e não em cunha e vocalizações distintas do “verdadeiro” corvo (Corvus corax). É frequente em campos agrícolas, centros urbanos e florestas. Raramente está solitária. Forma bandos de três até uma dúzia ou mais, dependendo das condições do habitat, idade dos indivíduos e época do ano. O ninho é feito numa árvore de grande porte, pela fêmea, com galhos que o macho recolhe. Alimenta-se de quase tudo, é oportunista e tem hábitos necrófagos. Pode ultrapassar os 20 anos de longevidade e é monogâmica. Em Braga: Muito frequente no concelho, é fácil de observar ao fazer trilhos como “Nascente do Rio Este”, “Trilho da Mamoa” e “Calcorreando a Serra dos Picos”. Sabia que… Era frequentemente capturada e mantida em cativeiro por ser muito inteligente, conseguir imitar sons e ter uma grande longevidade.
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GUARDA RIOS Alcedo atthis
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Descrição: Das mais coloridas aves da nossa avifauna, com um bico relativamente longo. Saltam à vista os tons laranjas e, dependendo da luz, azuis ou verdes muito vibrantes. Fácil de observar num poiso junto a um curso de água ou a voar freneticamente rio acima/rio abaixo. Residente, habita em rios e outras massas de água ricas em alimento, sejam pequenos peixes, anfíbios, lagostins ou outros invertebrados que captura através de mergulhos rápidos e que depois faz chocar com o poiso. É muito territorial e não forma bandos. O ninho é, usualmente, um buraco feito na margem ou valado próximo do rio. Em Braga: Comum no concelho. É relativamente fácil observá-lo nos trilhos “A Volta do Rio Este”, “Margem do Cávado” e “Bosques do Rio Este”. Sabia que… Os seus olhos são especializados na caça subaquática: têm duas fóveas e fotorrecetores que funcionam como um filtro polarizador.
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LUGRE Spinus spinus Descrição: Passeriforme um pouco mais pequeno que um pardal. Caracteriza-se pelos seus tons verdes amarelados, mais contrastados no macho. É invernante no nosso país e geralmente desloca-se em bandos que podem ser numerosos. Habita desde parques a florestas de caducifólias e galerias ripícolas. Não nidifica em Portugal. Alimenta-se, sobretudo, de sementes. Em Braga: No inverno pode ser facilmente visto nas árvores ao fazer percursos como “Na Senda do Castelo de Penafiel de Bastuço” ou “Moinhos de Priscos”. Sabia que… Varia muito na população invernante: há anos em que é muito abundante e outros em que é particularmente escasso.
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MELRO PRETO Turdus merula Descrição: Dos passeriformes mais comuns da nossa fauna, é uma ave bastante conhecida. De cor preta (macho) ou escura (fêmea), o característico bico amarelo/laranja é imagem de marca. O belo canto assobiado e chamamentos de alarme são uma constante na paisagem sonora minhota. Presente todo o ano, são aves territoriais. Podem-se juntar alguns indivíduos em áreas de muito alimento, mas não forma bandos. É muito generalista em termos de habitat: florestas, áreas agrícolas e zonas humanizadas são-lhe familiares. O ninho, em forma de tigela, feito com musgo e ervas, pode estar num arbusto, silvado ou construção humana e nele coloca 4 ou 5 ovos azuis. É generalista, mas tem preferência por invertebrados. Em Braga: Muito comum em todo o concelho. Percursos como o “GR17 (via romana XVII)”, “Trilho da Mamoa” ou “São Pedro de Oliveira”, podem proporcionar a oportunidade de observar esta espécie. Sabia que… Por ter um canto melodioso e ser relativamente fácil de criar à mão, quando retirado do ninho, inúmeros indivíduos foram e ainda são retirados do seu habitat natural para transformar os jovens melros em animais de cativeiro. Refira-se que esta prática, apesar de muito vulgar, é totalmente proibida e alvo de pesadas coimas.
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MERGULHÃO PEQUENO Tachybaptus ruficollis Descrição: Forma geral de pato, mas pequenino e arredondado. De tons acastanhados e ruivos, com uma mancha clara na zona do bico. São quase sempre vistos na água, sozinhos ou em pares, enquanto fazem pausas entre mergulhos. Emite um chamamento característico, mas é bastante discreto. Normalmente habita rios largos e calmos, lagos e represas. O ninho é feito na margem, em zonas com vegetação aquática. Alimenta-se de pequenos peixes, girinos, lagostins e outros invertebrados. Em Braga: Apesar de não ser abundante, os trilhos “Margem do Cávado” e “Pelo Vale do Cávado” são favoráveis à sua observação. Sabia que… Quando se sente ameaçado, mergulha até um máximo de 15 segundos, emergindo a vários metros de distância.
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MOCHO GALEGO Athene noctua Descrição: Pequeno, com formato arredondado e com uns grandes olhos amarelos, plumagem parda acastanhada e bico curto. Tem um extenso rol de vocalizações, desde uma espécie de miar de gato a um grito agudo. É residente e ocupa o território durante todo o ano. É frequente vê-lo pousado no alto de esteios ou postes e, apesar de ser uma rapina noturna, pode ser bastante ativo de dia. Habita, essencialmente, zonas abertas (prados) e zonas agrícolas (vinhas e olivais). O ninho é quase sempre no buraco de uma árvore. Alimenta-se de insetos, mas também fazem parte da sua dieta outros invertebrados, pequenos roedores, musaranhos, lagartos e algumas aves. Em Braga: É abundante no concelho, sendo possível observá-lo com facilidade nos trilhos “Da Mamoa”, “Castro das Caldas” e “Pelo Vale do Cávado”. Sabia que… Em períodos de elevada abundância de alimento, cria despensas em orifícios nas árvores.
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PATO REAL Anas platyrhynchos Descrição: Das aves mais conhecidas no país, por ser muito comum em jardins e parques públicos. O macho é bastante vistoso, com a cabeça verde brilhante e o peito castanho. Os sons que emite não são muito diferentes dos emitidos por patos domésticos. Pode ser observado pousado na água, nas margens ou a voar agitadamente entre diferentes massas de água. Raramente se encontra sozinho, formando bandos. Habita zonas de baixa profundidade de lagos humanizados, rios e ribeiros, albufeiras e outras massas de água. O ninho é sempre no chão, numa ilhota ou na margem, geralmente em zonas de vegetação mais alta. Alimenta-se de praticamente tudo o que encontra. É omnívoro e oportunista. Em Braga: É bastante comum. Pode ser observado caminhando pelos trilhos “Entre Braga e o Cávado” e “Bosques do Rio Este”. Sabia que… É o antecessor da maioria dos patos domesticados.
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Alectoris rufa
PERDIZ 72
Descrição: Galináceo muito conhecido, especialmente dos caçadores. De aspeto rechonchudo, cauda curta, tons cinzentos e alaranjados, com pormenores vermelhos. O típico chamamento do macho é bastante audível, bem como a vocalização de alarme. Raramente anda sozinha. Pode ser vista em grupos de duas, três ou mais de dez, normalmente na beira de um caminho ou zona agrícola, bicando o chão, tal como uma galinha. Quando assustada, faz curtos e espalhafatosos voos rasos. Prefere zonas abertas, de matos baixos e zonas agrícolas. O ninho é feito no chão e a ninhada pode ser numerosa. Comem sementes e insetos. Em Braga: Comum, mas não abundante. Fazer os trilhos “Santa Marta das Cortiças” ou “Nascente do Rio Este” proporciona possibilidades de avistamento. Sabia que… As crias são nidífugas, ou seja, nascem já com penas e abandonam o ninho poucas horas após o nascimento.
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PICA PAU MALHADO GRANDE Dendrocopos major Descrição: Pouco maior que um melro, esta icónica ave tem um lugar próprio no imaginário comum. As suas cores chamam a atenção com penas brancas, pretas e vermelhas. Os chamamentos estridentes são bastante identificáveis, lembrando uma gargalhada. É residente e solitária. Muito pouco conspícua, raramente poisa em galhos ou postes, sendo mais frequente vê-la subir os troncos de forma vertical. Habita florestas densas de caducifólias e pinhal. O ninho é um característico buraco, feito numa árvore pela própria e é aproveitado muitas vezes por outras aves. Alimenta-se de larvas que encontra sobre a casca das árvores. Em Braga: Bastante comum, mas algo difícil de observar. Os percursos “Descobrindo o Couto de Tibães”, “Trilho dos Miradouros” e “Dos Dois Montes” são os melhores locais para se avistarem. Sabia que… Possui uma língua bastante comprida e pontiaguda, que usa para capturar as presas.
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PINTASSILGO Carduelis carduelis Descrição: Muito conhecido no país. É um pequeno passeriforme, de cores vivas, com destaques de vermelho e amarelo. É um bom cantor e pode andar em bandos mistos com a mesma espécie e outras. Muito frequente em parques e jardins, margens de rios e zonas agrícolas. É uma ave que acorre muito bem a alimentadores artificiais. Este residente constrói o ninho no buraco de uma árvore ou num arbusto denso. Alimenta-se de sementes. Em Braga: As margens do rio Este e os campos agrícolas do concelho são bons locais para o seu avistamento. Fazendo percursos como “Moinhos de Priscos”, “Bosques do Rio Este” e “Na Senda dos Galos” há uma grande possibilidade de os ver. Sabia que… São dos principais alvos da captura ilegal de aves para cativeiro, pelas cores chamativas, canto harmonioso e por ser possível cruzar com o canário doméstico. Algo que ainda ocorre em Portugal com muita frequência.
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PISCO DE PEITO RUIVO Erithacus rubecula Descrição: Muito comum no Minho, é inconfundível. Os tons acastanhados do dorso contrastam com o peito laranja. O formato arredondado, a tolerância aos humanos e o canto melodioso fazem-no das aves mais simpáticas dos nossos bosques e jardins. Portugal tem populações residentes e invernantes. É muito territorial, expulsando aves semelhantes do seu território. No entanto, é das aves que melhor convive com o ser humano, sendo fácil de observar a poucos metros de distância. O ninho, em forma de taça, é feito num arbusto ou num valado. Alimenta-se de insetos, mas não desdenha as migalhas de um picnic. Em Braga: Ave muito abundante em todo o concelho. Pode ser observado no percurso pelos trilhos “Castro das Caldas”, “Miradouros” e “A volta do Rio Este”. Sabia que… No nosso país é frequentemente morta em armadilhas ilegais, por ser considerada um petisco.
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POMBO TORCAZ Columba palumbus Descrição: É o maior dos pombos europeus, podendo chegar aos 40 cm de comprimento. Não passa despercebido, quer pelo tamanho, canto e forma agitada como voa. Apresenta plumagem cinzenta, aspeto compacto, mas alongado, com peito proeminente, manchas brancas na parte lateral do pescoço e barras brancas transversais na parte superior das asas. Distingue-se facilmente do pombo-doméstico pela presença dessas manchas e barras. Geralmente, forma bandos numerosos. Gosta de áreas florestadas, próximas a áreas agrícolas e pode mesmo ocupar parques e jardins. Alimenta-se de cereais, bolotas, pinhões e rebentos de plantas. Em Braga: Bastante comum. É facilmente observável nos trilhos “Caminho dos Santuários”, “Nascente do Rio Este” e “Monte das Velhas”. Sabia que… Produz uma secreção, no papo, que contém mais proteínas e gorduras do que o leite humano, rica em antioxidantes e agentes imunológicos, com a qual alimenta as crias, nas 2 primeiras semanas de vida.
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POUPA Upupa epops Descrição: Ave icónica da nossa fauna que ganhou o nome devido ao belo penacho que exibe no topo da cabeça. A coloração de laranja, branco e preto é inconfundível, bem como o bico comprido. O chamamento desta ave, essencialmente migradora no norte do país, é um sinónimo da chegada da primavera às nossas terras. Prefere zonas abertas de prados ou matos, com algumas árvores. O ninho é feito em buracos de árvores ou muros. Alimenta-se de insetos, minhocas e aranhas. Em Braga: Pode ser vista com facilidade nos campos agrícolas e parques e nos seguintes percursos: “Pelos Prados do Rio Torto”, “Trilho da Mamoa” e “Encosta do Sol”. Sabia que… A poupa recolhe muitas vezes dejetos de mamíferos com o quais forra o seu ninho.
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RABIRRUIVO PRETO Phoenicurus ochruros
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Descrição: Pequeno passeriforme, mas deslumbrante. O macho apresenta um belo contraste entre o preto do corpo e o ruivo da cauda, por isso, adquiriu as alcunhas de pisco-carvoeiro e rabo-queimado. Tem uma espécie de “tique nervoso” em que está constantemente a balançar o corpo. É bastante loquaz, com alguns cantos bem conhecidos da paisagem sonora das nossas aldeias. Muito fácil de observar. Costuma empoleirar-se em sítios bem visíveis como muros, esteios e telhados. Gosta de habitar zonas rochosas, áreas agrícolas, aldeias e cidades. Tem uma forte propensão para fazer o ninho em estruturas humanas. Alimentase (sobretudo) de insetos. Em Braga: Muito comum em qualquer aldeia do concelho. Pode ser observado com facilidade nos percursos “Na senda dos Galos”, “Encosta do Sol” e “São Pedro da Oliveira”. Sabia que… É uma ave originária de zonas rochosas e montanhosas, mas adaptou-se com muito sucesso às nossas construções. Do seu ponto de vista, os nossos edifícios são só mais um monte de pedras.
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TENTILHÃO COMUM Fringilla coelebs Descrição: No tamanho e formato, assemelha-se a um canário doméstico. Possui, no caso do macho, cores vivas, entre o verde, o laranja e o cinza. A fêmea é bem mais discreta. É frequente vê-lo acompanhado de indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes, tanto no arvoredo como no chão, em busca de alimento. Habita parques arborizados e bosques densos. O ninho pode ser feito na cavidade de uma árvore ou num arbusto denso. É granívoro, alimentando-se, essencialmente, de sementes e grãos. Em Braga: Pode ser facilmente avistado nos trilhos “Dos dois Montes”, “Santa Marta das Cortiças” e “Caminho dos Santuários”. Sabia que… Apesar de ser uma ave residente, é mais fácil de observar durante o inverno. Isto porque o seu número aumenta com a chegada de aves vindas de países com invernos mais rigorosos que os nossos.
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TORDO COMUM Turdus philomelos Descrição: O conhecido tordo, espécie cinegética muito apreciada, é um dos melhores cantores da avifauna portuguesa. O seu canto melodioso contrasta com o seu aspeto discreto, que é o de um melro de cores pardas. Procura o seu alimento no solo e é nesse momento que se torna mais fácil de observar (quando um ou mais indivíduos estão entretidos a remexer a manta morta à procura de invertebrados). Habita parques urbanos, zonas agrícolas com misto de silvados e zonas de sub-bosque. O ninho é muito parecido com o de melro, sendo mais raro construí-lo sobre estruturas humanas. A sua população é fortemente incrementada no inverno por aves migradoras. Em Braga: É fácil de observar em vários pontos. Trilhos como “Bosques do Rio Este”, “Das Fontes” e “Na Senda do Castelo de Penafiel de Bastuço”. Sabia que… O macho é capaz de reproduzir verdadeiros recitais matutinos com mais de 50 diferentes melodias, bastante complexas.
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Turdus viscivorus
TORDOVEIA 90
Descrição: O maior dos tordos portugueses. Distingue-se do tordo-comum por ser um pouco maior e pelos tons mais claros da plumagem, também ela mimética. É uma ave pouco gregária, sendo mais frequente ver só um ou dois indivíduos, em voo ou pousados numa árvore. Habita florestas bem maduras com algumas zonas abertas ou na orla de prados e zonas agrícolas. O ninho, em forma de taça, fica em geral numa árvore. A alimentação é essencialmente composta por insetos e outros invertebrados. Em Braga: Os campos agrícolas adjacentes a zonas florestais e rios da cidade são bons locais, trilhos como “Pelo Vale do Cávado” e “Bosques do rio Este” oferecem boas oportunidades de avistamento. Sabia que… Para extrair as partes moles da casca, bate com os caracóis numa rocha, até a casca partir ou o caracol sair. É frequente usarem a mesma rocha, criando um depósito de cascas à sua volta.
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TOUTINEGRA DE BARRETE PRETO Sylvia atricapilla Descrição: Passeriforme de pequeno porte. Com tons cinzentos e com um icónico barrete, preto no macho e castanho na fêmea. É residente, mas as suas populações são incrementadas no inverno. Solitário e territorial, ocupa zonas de silvados, matos densos e jardins, sendo bastante discreto. O ninho pode ser instalado num valado ou arbusto. Alimenta-se de invertebrados, bagas e fruta. Em Braga: Comum, mas discreta, pode ser vista ao longo dos cursos de água que ladeiam os campos agrícolas. Percursos como “A Volta do Rio Este”, “Trilho dos Solares” e “Trilho dos Miradouros” são boas opções. Sabia que… Para a poder ver e ouvir regularmente no seu jardim, basta plantar algumas sebes e arbustos com bagas. Este tipo de vegetação e alimento são especialmente atrativos no inverno.
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TOUTINEGRA DO MATO Curruca undata
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Descrição: Esta toutinegra, especialmente pequena, caracteriza-se por uma longa cauda e pelas cores atraentes de cinza escuro no dorso, com ventre avermelhado e olho e anel orbital vermelhos. Solitária, em constante atividade frenética, é também bastante identificável pelo canto. Habita em zonas de matos baixos, normalmente em zonas elevadas e expostas. No Minho prefere tojais, giestais e urzais com alguma rocha. Alimenta-se de insectos como gafanhotos ou lagartas. Em Braga: Não é uma espécie abundante no concelho, pois tem um habitat bastante específico. Onde as condições se reúnem, podem ser vistos vários casais. Trilhos como “Nascente do Rio Este” e “Castro das Caldas”, são as melhores opções para avistamento. Sabia que… Apesar de poder ser localmente abundante, está classificada mundialmente como quase ameaçada de extinção.
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TREPADEIRA AZUL Sitta europaea
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Descrição: Ave pequena com cauda curta, corpo robusto e bico potente. Deve o seu nome à sua cor dominante. O chamamento é característico, sendo que vários indivíduos podem andar juntos de árvore em árvore. Habita sobretudo em bosques maduros de caducifólias, mas parques urbanos com árvores velhas também são ocupados pela espécie. O ninho é feito, geralmente, em buracos de árvores. Alimenta-se de insetos que procura debaixo das cascas das árvores ou na madeira morta, mas não desdenha os restos de um picnic. Em Braga: Em zonas de arvoredo maduro é comum, sendo os percursos “Dois Montes”, “Dos Santuários” e “Descobrindo o Couto de Tibães” bons locais para observação. Sabia que… É uma acrobata nata, sendo capaz de percorrer os troncos das árvores em qualquer direção e sentido.
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VERDILHÃO Chloris chloris Descrição: O nome desta ave já descreve uma parte do seu aspeto. É toda verde, com algumas penas mais claras nas asas. Do tamanho de um pardal, aproximadamente. O canto não é especialmente melódico, mas bastante variado. Pode ser visto com indivíduos da mesma espécie e bandos mistos. É uma ave generalista no habitat: vive em parques, campos agrícolas, bosques e jardins. O ninho é geralmente feito numa árvore grande. Alimenta-se de sementes. Em Braga: Comum, pode ser vista com facilidade em qualquer campo agrícola do concelho. Trilhos como “A Volta do Rio Este” ou “Das Fontes” são pontos de observação provável. Sabia que… Adora sementes de girassol, por isso, se semear uns girassóis no seu jardim, não só terá flores bonitas, como irá atrair esta e outras aves.
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MAMÍFEROS
101 Apesar de ser o grupo mais fácil de identificar, os mamíferos são, possivelmente, os animais mais difíceis de observar. São animais com elevado peso simbólico. Há inúmeros contos, desenhos animados e histórias que incluem estas espécies. Mas, a verdade, é que a maioria deles permanece oculta dos nossos olhos, seja por serem esquivos, pouco tolerantes à nossa presença ou, simplesmente, por terem hábitos noturnos. Em ecossistemas mais humanizados, há espécies que adquirem hábitos especialmente noturnos, de forma a evitar a nossa presença. Vivem entre nós, sem que nos apercebamos. São os animais que mais obrigaram ao uso da armadilha fotográfica. Para encontrar mamíferos é essencial detetar indícios da sua presença: pegadas, dejetos ou restos de alimentação. Ao realizar alguns percursos da aplicação BragaExplorers, convém estar atento porque talvez a pedra na margem do rio conte a história das recentes refeições de uma lontra; aquela lama fresca no caminho nos avise sobre o texugo que várias noites ali passa para ir comer fruta ao velho pomar; ou o pinheiro, com um dos lados sem casca, nos indique que um javali gosta de ali se coçar para remover parasitas. Depois, com mais ou menos sorte e muita persistência e método, pode ser-se premiado com um avistamento direto.
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COELHO BRAVO Oryctolagus cuniculus Descrição: Em formato, é muito semelhante aos domésticos, mas a cor é sempre cinza pardo, com a parte inferior da cauda branca e a ponta das orelhas pretas. Pode ser visto, ao final da tarde ou de manhã cedo, nas bermas de caminhos florestais, por norma junto a outros indivíduos da mesma espécie. Os seus escavados e latrinas são marcas de presença. Habita zonas agrícolas, matos densos e zonas abertas e pode mesmo ocupar parques urbanos ou até pequenos lotes de terreno por construir. As tocas são habitualmente compostas por uma rede de túneis, com várias câmaras e entradas na base de rochas ou árvores. Alimenta-se, essencialmente, de vegetação rasteira e leguminosas. Em Braga: É relativamente fácil observá-lo nos trilhos “Castro das Caldas” e “Calcorreando a Serra dos Picos”. Sabia que… Apesar de já ter sido muito abundante, trava agora uma luta pela sobrevivência. As doenças contagiosas são as maiores ameaças, principalmente a doença hemorrágica viral e a mixomatose. Felizmente, parece estar a recuperar.
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ESQUILO Sciurus vulgaris Descrição: Provavelmente, o roedor mais bem-amado da fauna ibérica. A sua pelagem ruiva, a longa cauda farfalhuda e as orelhas com pincel fazem do seu avistamento o ponto alto de uma caminhada. Ativo durante o dia, é possível observá-lo a saltar de árvore em árvore ou a correr pelos troncos ou ramos. Emite chamamentos característicos e as pinhas roídas que deixa são indícios da sua presença. Habita zonas de bosque caducifólio denso e pinhal maduro. Faz a toca em buracos de árvores ou em molhos de agulhas de pinheiro e pode chegar a hibernar. Alimenta-se de pinhões, bolotas e castanhas, entre outros frutos secos. Em Braga: Não é abundante, mas pode ser visto ao fazer os trilhos “Descobrindo o Couto de Tibães” e “Dos dois Montes”. Sabia que… É um predador oportunista: caso encontre um ninho desprotegido, pode comer os ovos e as crias.
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GINETA Genetta genetta Descrição: Com tamanho e forma geral de um gato, é na verdade um viverrídeo. Distingue-se pelo focinho pontiagudo, pelagem de tons cinzentos com manchas pretas no corpo e bandas pretas na cauda. É particularmente silenciosa e raramente se deixa ver, pois tem hábitos noturnos e crepusculares. Boa trepadora, com hábitos arborícolas. As características latrinas em cima de uma rocha ou cabine de rega são dos poucos indícios da sua presença. Habita zonas de florestas densas ou na orla de campos agrícolas. A toca encontra-se em cavidades de grandes árvores, mas também pode usar construções humanas abandonadas. Alimenta-se de pequenos mamíferos ou aves desprevenidas, bagas, frutas, entre outros. Em Braga: Apesar de raramente se deixar ver, é comum e está presente em todo o concelho. Trilhos como “Castro das Caldas”, “A Volta do Rio Este” e “Moinhos de Priscos” são locais de possível observação. Sabia que… Não é uma espécie nativa, embora se considere naturalizada. Pensa-se que foi trazida pelos árabes, há centenas de anos, para controlo de roedores.
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JAVALI Sus scrofa Descrição: Grande e maciço, é o maior ungulado do concelho, podendo chegar aos 150 kg de peso. Com pelagem do castanho avermelhado a cinza pardo. São bastante barulhentos quando em vara, grunhindo e competindo constantemente. De hábitos noturnos, não são fáceis de ver, mas os seus indícios são notórios: terra fuçada e revolvida na procura de alimento e ”piscinas” de lama com árvores marcadas nas imediações, devido ao seu comportamento de limpeza de parasitas. São bastante generalistas no habitat: ocupam bosques densos, matagais, áreas abertas com alguma cobertura arbustiva, zonas agrícolas. Raramente fazem toca, preferindo camas em zonas de matos altos e densos. São omnívoros, por isso, alimentamse de tudo (frutos, legumes, sementes, bolotas, insetos, bolbos, pequenos mamíferos e répteis, vermes, ninhos de aves, cadáveres e mesmo resíduos humanos). Em Braga: Não é muito abundante no concelho. As zonas florestais de trilhos como “Calcorreando a Serra dos Bicos” ou “Descobrindo o Couto de Tibães” são boas opções. Sabia que… Ao fuçarem e revolverem o terreno, arejam o solo, criam zonas abertas que favorecem a paisagem em mosaico e expõem alimento para várias aves e outros mamíferos.
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LONTRA Lutra lutra Descrição: Mustelídeo de hábitos aquáticos. Pode ser surpreendentemente grande para quem não está familiarizado com a espécie. Apresenta corpo fusiforme, patas curtas, cauda comprida e grossa, orelhas pequeninas e grandes bigodes. A pelagem é espessa, de cor castanha, mais clara no ventre. Maioritariamente crepuscular, mas pode ser vista de dia com alguma regularidade durante a época de reprodução. Deixa frequentemente dejetos em rochas na margem ou leito das massas de água que ocupa para demarcar o território. Habita rios, lagos, albufeiras e outras massas de água, podendo fazer longas incursões terrestres. A toca costuma ser escavada numa margem com densa vegetação. Alimenta-se de peixes, anfíbios e invertebrados, revelando uma grande apetência para caçar o lagostim-vermelho-do-Louisiana (Procambarus clarkii) - uma espécie norte-americana invasora, com grande impacto nos rios e culturas dulçaquícolas. Em Braga: Comum, mas relativamente difícil de observar. Há alguns indivíduos a ocupar os rios Cávado, Lêdo e Este, tendo já várias vezes sido vista no troço urbano deste último. Foi também já detetada a sua presença na Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães. Trilhos como “Margem do Cávado” e “Bosques do Rio Este” são bons locais de observação. Sabia que… Tem dois tipos de pelos a revestir o corpo: um mais grosso, externo, à prova de água; e um mais fino, para aprisionar bolhas de ar, de forma a haver menor perda de temperatura dentro de água.
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MORCEGO DE FERRADURA PEQUENO Rhinolophus hipposideros Descrição: Este mamífero alado faz parte do nosso imaginário, pelas várias características singulares que possui. É a espécie de morcego português mais abundante e com maior ocupação de meios urbanizados. Como o próprio nome indica, tem um porte pequeno, com asas relativamente curtas e largas, orelhas pequenas e focinho em forma de ferradura. Pode ser observado a baixa altitude, em busca de presas, por exemplo, em volta de candeeiros de rua. É comum em áreas agrícolas e florestais e zonas humanizadas. Ocupa buracos de árvores, sótãos e edifícios abandonados para se abrigar e reproduzir. Alimenta-se vorazmente de pequenos insetos, como melgas. Em Braga: Bastante comum e fácil de observar ao escurecer. O “Trilho das Fontes” ou “Moinhos de Priscos” são à favoráveis a observação. Sabia que… São grandes aliados dos humanos por controlarem insetos como mosquitos, melgas e traças que afetam a saúde pública e a agricultura.
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OURIÇO CACHEIRO Erinaceus europaeus Descrição: De formato arredondado e dorso coberto de espinhos, este pequeno mamífero é dos mais facilmente observáveis em meio semiurbano, principalmente ao anoitecer, a atravessar a estrada ou enrolado, com medo de um cão ou gato. Prefere as zonas agrícolas, pomares e bosques de folhosas. Vulgarmente, faz toca nas raízes de uma árvore ou em pilhas de troncos. Vasculha ativamente o solo em busca de larvas, vermes, minhocas, escaravelhos e caracóis, mas parece também ter gosto pela ração dos cães e gatos. Em Braga: São muito comuns na cidade, sendo fáceis de observar. Percursos como “GR 117 (via Romana XVII)”, “Trilho da Mamoa” ou “Trilho dos Miradouros” podem oferecer boas oportunidades. Sabia que… Quando ameaçados, enrolam-se numa bola de espinhos, praticamente impenetrável a predadores.
Vulpes vulpes
RAPOSA 116
Descrição: Canídeo selvagem com pelagem que vai do ruivo ao cinzento e preto, com alguns pormenores brancos. É um animal com diversos latidos, roncos e, sobretudo, gritos característicos. Normalmente mais ativo ao crepúsculo e durante a noite, mas em zonas mais isoladas pode ser visto de dia. É dos mamíferos que mais faz notar a sua presença: o cheiro característico é forte e detetável bem depois da sua passagem. Além disso, costuma “plantar” os seus dejetos de forma bem visível em cima de pedras em caminhos. No que concerne ao habitat, é muito generalista, ocupando zonas florestais, agrícolas e até parques urbanos. É um carnívoro predador e necrófago. Alimenta-se de insectos; bagas, como as amoras; frutas, como figos e cerejas; caça ratos e ratazanas, coelhos; algumas aves e répteis. Pode também assaltar galinheiros e vasculhar lixo em busca de restos. Em Braga: Muito comum em todo o concelho. Com alguma persistência, é possível observar este carnívoro ao fazer os trilhos “Bosques do Rio Este”, “Miradouros” ou “Nascente do Rio Este”. Sabia que… Tem por hábito fazer despensas em alturas de abundância de alimento.
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RATO DO CAMPO DE RABO CURTO Microtus agrestis Descrição: Roedor de pequeno tamanho, de aspeto arredondado e cauda bastante curta. A pelagem é predominantemente parda ou cinza e os olhos são pequenos. Difícil de observar, já que passa grande parte da vida em galerias subterrâneas ou debaixo de vegetação. Pequenos túneis nas ervas são indícios da sua presença. Habita em zonas de prados e matos baixos, bem como pântanos e turfeiras. Constrói a toca numa câmara abaixo do solo. Alimenta-se de sementes, caules e folhas de herbáceas. Em Braga: Não é comum e tem hábitos subterrâneos, portanto, é difícil de observar. Ainda assim, trilhos como “Nascente do Rio Este” e “Calcorreando a Serra dos Picos” são favoráveis à sua observação. Sabia que… Em tempos de escassez alimentar, pode procurar invertebrados escondidos nos troncos de árvores.
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TEXUGO Meles meles
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Descrição: Patas e cauda curtas, corpo robusto e orelhas pequenas, pelagem em tons branco e cinza. É um animal surpreendentemente grande para quem não está familiarizado. Ao caminhar, faz lembrar um pequeno urso por ser também ele plantígrado. A oportunidade melhor de o ver é a atravessar a estrada, já que é um animal bastante discreto. Muitas vezes enterra as fezes. É um animal que pode ter hábitos gregários, habitando zonas de bosque denso, matagais, silvados e zonas agrícolas. A toca fica geralmente num complexo de galerias, com muitas entradas bastante distantes entre si (são excelentes escavadores). Alimenta-se de pequenos roedores; invertebrados, como insetos e minhocas; frutas e bagas e adora mel. É usual fazer pequenos escavados em busca de presas. Em Braga: É comum pelo concelho, apesar de não ser fácil de observar. Nos percursos como “Trilho dos Dois Montes”, “Trilho da Morreira” e “Pelos Prados do Rio Torto” é possível que o encontremos. Sabia que… As suas tocas tornam-se verdadeiras cidades subterrâneas, por vezes usadas por mais que uma família ao mesmo tempo e, em certos casos, até por outras espécies.
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TOIRÃO Mustela putorius Descrição: A máscara facial negra e os tons de pelagem mais escuros, ajudam a diferenciar este mustelídeo da versão domesticada. É muito discreto, geralmente solitário, de hábitos mais noturnos e crepusculares; embora não seja raro estar ativo de dia. Os indícios da sua presença são difíceis de detetar: a pegada é muito similar à do vison americano. Os dejetos são especialmente malcheirosos, mas não têm padrão ou critério de colocação. Normalmente associado a água, sendo preferenciais as zonas de mosaico, com florestas e zonas agrícolas. A toca resulta do aproveitamento de uma toca de coelho ou outro mamífero, ou uma cavidade natural. É um carnívoro diversificado podendo pilhar ninhos, caçar coelhos e roedores ou capturar rãs e sapos. Em Braga: Raro e muito dificilmente observável. Foi detetado recentemente numa zona de matagal, junto ao rio Este. Fazer os trilhos “Moinhos de Priscos” ou “Bosques do Rio Este” é a melhor opção. Sabia que… O furão foi domesticado a partir desta espécie, há mais de 2.500 anos, para caçar coelhos e ratos.
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VISON AMERICANO Neovison vison Descrição: Muito parecido em formato e tamanho ao toirão, distingue-se por ser um pouco maior, pela pelagem toda castanha escura, com apenas uma mancha branca no queixo e pela cauda mais longa e felpuda. Inúmeras vezes confundido com a lontra por ter hábitos aquáticos, mas é bem diferente desta. É dos mamíferos mais fáceis de observar nos rios do Minho, pois é muito abundante, está ativo durante o dia e é bastante tolerante à presença humana. Está sempre associado a massas de água, desde rios e ribeiros a albufeiras. A toca fica geralmente na orla das massas aquáticas que ocupa. Alimenta-se de pequenos animais que habitam no seu território, sobretudo peixes e lagostins, mas também roedores e aves. Em Braga: Muito comum no concelho, pode ser observado nos percursos “Na Senda dos Galos”, “Margem do Cávado” e “Moinhos de Priscos”. Sabia que… É uma espécie norte-americana, invasora na Europa, que compete diretamente com a lontra e o toirão. Pensa-se que a população ibérica tenha origem em fugas ou libertações deliberadas de quintas para fabrico de peles em Valença e no norte de Espanha.
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RÉPTEIS
127 Os mal-amados répteis, principalmente as serpentes, são o maior alvo de mitos e fantasias da cultura popular. Nem os licranços são venenosos; nem as cobras bebem leite; nem os sardões atacam mulheres grávidas. Infelizmente, o medo infundado por estes seres, faz com que os ataquem e matem. São totalmente imprescindíveis ao bom funcionamento dos nossos ecossistemas, com implicações diretas no nosso bemestar e saúde. Os licranços e os sardões alimentam-se de insetos nocivos para as nossas hortas e as cobras controlam pragas de roedores que podem destruir colheitas ou transmitir doenças mortais aos seres humanos e animais domésticos. São animais extremamente temerosos da nossa presença, que habitualmente fogem ao mínimo sinal de presença humana e, por isso, é bastante difícil observar estes animais mais do que uns segundos. Muitas vezes, tudo o que se vê é vegetação a mexer. Por outro lado, são animais fiéis aos seus territórios, com tocas habituais, com uma necessidade regular de apanhar sol. Uma pequena dose de paciência, no local e horas corretos, podem permitir uma observação de maior qualidade. Assim, se numa das suas caminhadas habituais vir um lagarto-de-água a apanhar sol naquela rocha do riacho, é bem provável que no dia seguinte, à mesma hora, ele lá esteja novamente.
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COBRA DE ÁGUA DE COLAR MEDITERRÂNICA Natrix astreptophora Descrição: É uma serpente relativamente robusta que pode ultrapassar 1,50m de comprimento. A coloração dorsal é variável entre o azul esverdeado, verde-oliváceo, o acinzentado e o acastanhado. Exibe um padrão de pequenas manchas negras irregulares, espalhadas ao longo do corpo. Os juvenis exibem duas manchas no pescoço que formam um colar negro, sendo esta a característica responsável pelo seu nome comum. Ocorre numa grande diversidade de habitats aquáticos, tais como lagos, albufeiras, pântanos e charcos. Ainda assim, pode ser encontrada a vários quilómetros de distância da água, sendo ainda menos dependente de água do que a sua congénere - a cobra-de-água-viperina. Em Braga: Relativamente comum, mas pouco abundante. Pode ser encontrada nas áreas adjacentes ao rio Cávado. Fazendo percursos como “Pelo Vale do Cávado” e “Bosques do Rio Este”, existem boas possibilidades de se avistar a espécie. Sabia que… Esta cobra foi recentemente identificada como uma nova espécie que está restrita à Península Ibérica, sul de França e norte de África.
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COBRA DE ÁGUA VIPERINA Natrix maura Descrição: Trata-se, provavelmente, da cobra menos agressiva de Portugal, raramente ataca. Raramente ataca. Confia na sua defesa que consiste em imitar uma víbora, adotando a sua posição defensiva, expandindo a mandíbula para tornar a cabeça triangular e realizando investidas (geralmente sem morder). O padrão dorsal imita o das víboras, mas distinguese facilmente destas pelas placas cefálicas grandes, pupilas redondas e ocelos ao longo dos flancos. Pode chegar a quase 1m de comprimento e apresenta várias colorações e padrões, sendo castanha, esverdeada, alaranjada ou avermelhada. A sua presença está associada a uma grande variedade de habitats aquáticos, tais como lagos, albufeiras, pântanos e charcos. Também pode ser observada a vários quilómetros de distância da água. Sendo boa nadadora, pode manter-se submersa durante períodos superiores a 15 minutos. Alimenta-se de peixes, anfíbios e macroinvertebrados na água, mas também caça invertebrados e micromamíferos em terra. Em Braga: Muito abundante junto a todos os cursos de água do concelho. Os trilhos “Bosques do Rio Este”, “Pelo Vale do Cávado” e “Na Senda dos Galos” são locais favoráveis à observação. Sabia que… Esta é uma das cobras mais comuns em Portugal, podendo ser encontrada até em poças de maré.
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COBRA DE ESCADA Zamenis scalaris Descrição: Este colubrídeo deve o seu nome ao facto de os juvenis apresentarem um conjunto de bandas negras entre duas linhas escuras, ao longo do dorso, conferindo o desenho de uma escada. Nos adultos, as bandas desaparecem, ficando apenas as duas linhas dorsais paralelas. É uma espécie não venenosa, que pode atingir 1,60m de comprimento. A cor varia entre tons de cinza e castanho. É uma excelente trepadora e por isso pode ser encontrada em árvores. Diurna, mas pode adquirir hábitos crepusculares nos meses mais quentes. Muito benéfica ao homem, consume muitos roedores, predando também outros micromamíferos, ninhos de diversas aves, lagartixas, entre outros. Prefere meios pouco arborizados: matos e áreas pedregosas expostas e também zonas agrícolas. Em Braga: Pode ser encontrada em todo o concelho. Os trilhos “Da Mamoa”, “São Pedro da Oliveira” ou “Dos Miradouros” oferecem boas possibilidades de observação. Sabia que… Apesar de poder apresentar um comportamento agressivo, quando encurralada e/ou ameaçada, esta cobra prefere fugir ou libertar um líquido malcheiroso.
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Malpolon monspessulanus
COBRA RATEIRA 134
Descrição: É a maior serpente da Europa, podendo chegar a 2,20m de comprimento. Como o próprio nome indica, alimenta-se principalmente de ratos, mas também consome lagartixas, crias de aves e outras cobras. Prefere lugares secos, rochosos e arbustivos, de preferência virados a sul. Os machos adultos apresentam coloração esverdeada, com o pescoço negro. As fêmeas apresentam tons pardos. Os juvenis exibem uma coloração mais contrastada. O que distingue esta espécie de outros ofídios é o “olhar de mau”, que resulta das escamas acima do olho serem muito proeminentes. Apesar de produzir veneno, esta serpente tem uma mordida inofensiva para o ser humano, devido à posição dos seus dentes, o que impossibilita a inoculação de veneno, em caso de mordedura acidental. São seres muito fiéis e conhecedores do seu território. Em Braga: Pode ser encontrada em todo o concelho. Os trilhos “Entre Braga e o Cávado”, “Encosta do sol” e “Monte das Velhas” são bons locais para avistar esta espécie. Sabia que… Esta espécie eleva a cabeça acima da vegetação, como um periscópio, para se orientar e detetar possíveis perigos.
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LAGARTIXA DE BOCAGE Podarcis bocagei 137 Descrição: Trata-se de uma espécie endémica do noroeste da Península Ibérica, com a maior parte da sua distribuição situada a norte do rio Douro, onde encontra as condições de humidade e temperatura ideais. É pequena e relativamente robusta. Os machos adultos apresentam dorso verde e flancos mais escuros. As fêmeas adultas e os imaturos apresentam dorso e flancos em tons de castanho e verde. Alimenta-se de pequenos invertebrados (lagartas, grilos, moscas e gafanhotos). Ocorre numa grande diversidade de habitats, mesmo em zonas urbanizadas. Em Braga: Presente em todo o concelho. Os muros de pedra do Parque da Ponte e do Campus da Universidade do Minho são bons locais para a sua observação. Fazer trilhos como “Morreira”, “Oliveira de São Pedro” e “Dos Solares” vão certamente proporcionar avistamentos. Sabia que… O seu nome foi atribuído em homenagem a José Vicente Barbosa du Bocage, um importante zoólogo português.
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LAGARTO DE ÁGUA Lacerta shreiberi Descrição: Espécie icónica e endémica das zonas húmidas do noroeste da Península Ibérica. Uma das suas principais características é a coloração azulada na cabeça e garganta, que se acentua na época de reprodução. A coloração dorsal do corpo é esverdeada e amarelada, com um padrão de pequenas manchas pretas, distribuídas irregularmente por todo o corpo. Algumas fêmeas também podem ter a coloração da cabeça azul, mas distinguem-se dos machos pelas pintas pretas serem relativamente maiores. Pode viver até oito anos e alimenta-se, fundamentalmente, de pequenos invertebrados. Também pode incluir na sua dieta frutos silvestres. Como defesa, pode atirar-se à água ou até subir às árvores. Tem preferência por zonas ribeirinhas frescas, com vidoeiro, amieiro, carvalho-alvarinho e castanheiro. Em Braga: Pode ser encontrado em zonas contíguas a cursos de água, com baixos níveis de poluição, como é o caso da Cerca do Mosteiro de S. Martinho de Tibães. Fazer os trilhos “Nascente do Rio Este” ou “Moinhos de Priscos”, proporciona boas probabilidades de observar a espécie. Sabia que… Globalmente, a espécie é considerada como “quase ameaçada”, embora, em Portugal, o seu estatuto de proteção seja “pouco preocupante”. Fotografia à direita: Macho (cima); Fêmea (baixo)
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LICRANÇO Anguis fragilis
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Descrição: Normalmente confundido com uma cobra, é, na verdade, um lagarto sem patas. Pode passar os 50cm de comprimento. Apresenta um certo dimorfismo sexual, pois as fêmeas normalmente apresentam uma coloração mais clara no dorso, em contraste com os flancos. Os machos adultos são mais uniformes e robustos. Os juvenis apresentam uma marcada coloração dourada que contrasta com faixas longitudinais escuras. Alimenta-se de lesmas, caracóis, larvas, lagartas e outros invertebrados e, por isso, é benéfico em jardins e hortas na ajuda ao controlo de pragas. Prefere locais húmidos, como prados e sub-bosques, com abundante cobertura vegetal, podendo também ocorrer em zonas cultivadas e jardins. Durante a noite e no inverno, refugia-se debaixo de pedras e troncos e em galerias de roedores. As fêmeas dos licranços não depositam ovos (como a maioria dos répteis), mas parem diretamente 5 a 26 crias bem desenvolvidas. É alvo de muitos mitos populares, mas, na verdade, é inofensivo. Não é venenoso. A sua defesa, à semelhança dos outros lagartos, é a autotomia da cauda, que depois volta a crescer. Em Braga: Relativamente abundante no concelho. Pode ser encontrado junto a zonas húmidas e em campos agrícolas ladeados por cursos de água. Os trilhos “Na Senda do Castelo de Penafiel de Bastuço”, “Encosta do Sol” e “Morreira” verificamse boas opções para avistamento. Sabia que… O licranço é das espécies de lagarto com maior longevidade, podendo ultrapassar os 54 anos de vida.
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OSGA MOURA Tarentola mauritanica Descrição: Aspeto robusto, achatado e rugoso. A coloração dorsal varia entre o acastanhado, esbranquiçado e acinzentado. As patas são curtas e robustas, com cinco dedos livres de extremidades dilatadas. Cada dedo possui entre 10 a 14 lamelas que se subdividem em mais de 100 milhões de pilosidades escamosas. Crepuscular ou noturna, com atividade diurna pontual. A época de reprodução ocorre na primavera e no verão, sendo uma espécie ovípara. Alimenta-se, principalmente, de insetos e aranhas. Quando ameaçada, liberta a cauda que, posteriormente, regenera. Apesar dos mitos populares, não é uma espécie venenosa nem tóxica. Habita zonas urbanas e rurais, encontrando-se em locais pedregosos ou rochosos (muros, paredes, habitações, troncos de árvores) e, nas noites de verão, é comum vê-las nas imediações dos candeeiros de iluminação pública, onde emboscam insetos atraídos pela luz. Em Braga: Não é muito comum no concelho. É possível encontrá-la no Mosteiro de S. Martinho de Tibães e no jardim do Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa. Percorrendo os trilhos “Na Senda dos Galos” ou “Encosta do Sol”, é possível observar a espécie. Sabia que… Quando se movimenta, há um deslocamento de eletrões entre os átomos das pilosidades dos dedos e os átomos da superfície, gerando uma força de atração intermolecular que a mantém agarrada. Esta é conhecida como força de Van der Waals.
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SARDÃO Timon lepidus Descrição: É o maior lagarto da nossa fauna, podendo chegar a 90cm de comprimento total. De aspeto robusto e com a cauda a poder atingir o dobro do comprimento do resto do corpo e o dorso é normalmente verde, por vezes cinzento, com tons de castanho, especialmente na cabeça e na cauda. O macho tem muitos pontos azuis nos flancos e é mais claro que a fêmea. Os juvenis são verdes, cinzentos ou castanhos, com tons de amarelo ou branco, com muitas pintas por todo o corpo. É bastante variado na sua dieta, alimentando-se de invertebrados (escaravelhos, borboletas, gafanhotos, aranhas e centopeias); incluindo também vegetais, frutos e ainda pequenos mamíferos, lagartixas e ovos. Esta espécie é muito esquiva, fugindo rápida e ruidosamente, ao mínimo sinal de perigo. Mas, quando encurralado, adota uma posição defensiva, elevando a cabeça e abrindo a boca. Em Braga: É possível observar indivíduos a aquecer ao sol nas primeiras horas da manhã, sobre rochas ou muros do Campus da Universidade do Minho ou da Praia Fluvial do Cavadinho. Os trilhos “Nascente do Rio Este” e “Santa Marta das Cortiças” são bons pontos de observação. Sabia que… Pelo seu tamanho significativo, é dos poucos répteis ibéricos a marcar presença na alimentação humana, mas, atualmente, é uma espécie protegida por diretivas europeias.
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ANFÍBIOS
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Quem fala de anfíbios, fala de cor e contraste. Desde a cor laranja avermelhada dos olhos de um sapo-comum às pintas amarelas da salamandra-do-fogo; passando pelo laranja vibrante do ventre de um tritão-de-ventre-laranja. O espetáculo de cor e padrões está garantido. Muitas vezes olhados com repulsa, uma observação mais atenta, pode revelar uma outra perspetiva mais positiva. São animais fantásticos, com um ciclo de vida fascinante. Caracterizam-se pela sua metamorfose, mudando radicalmente de forma e modo de vida. Basta ver como um girino, totalmente aquático, dá origem a um sapo, que é relativamente independente da água. Proporcionam várias oportunidades fotográficas, mas é preciso estar-se atento. Uma das características mais marcadas destes seres é a sazonalidade e a sua capacidade de se ocultarem. Os anfíbios estão intimamente ligados à água e, felizmente, a região do Minho é das mais húmidas do país. Encontram aqui o seu lar seres como a salamandra-lusitânica, um endemismo do noroeste ibérico e, por isso, um tesouro da nossa biodiversidade. Se decidir fazer um passeio noturno, naqueles dias de tradicional “morrinha” minhota, leve uma lanterna porque é provável que estes amigos se cruzem no seu caminho.
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RÃ DE FOCINHO PONTIAGUDO Discoglossus galganoi Descrição: Aspeto geral de rã, com cabeça larga, focinho pontiagudo, patas compridas, pele lisa e brilhante. Atinge cerca de 5 cm de comprimento. Os olhos são proeminentes, com íris acastanhada e uma banda dourada no terço superior. Pode apresentar quatro padrões distintos. É uma espécie muito dependente de água, mas pode também ser encontrada na vegetação húmida de zonas alagadas, prados e lameiros. Noturna e crepuscular; os adultos alimentam-se de lesmas, caracóis, aranhas e insetos e as larvas de detritos vegetais. Devido principalmente à elevada fragmentação das suas populações no nosso país, tem o estatuto de “Quase Ameaçado”. Em Braga: Pouco abundante, pode ser encontrada em zonas alagadas, contíguas aos rios Este e Cávado e em algumas zonas húmidas como a Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães. Trilhos como “Pelos Prados do Rio Torto” e “Da Mamoa” são boas possibilidades para ver a espécie. Sabia que… Embora pareça uma rã, com hábitos e aspeto geral semelhantes, na verdade, é da família dos sapos-parteiros.
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RÃ IBÉRICA Rana iberica Descrição: Coloração geral castanha, mas pode apresentar tons alaranjados ou avermelhados. Atinge cerca de 5 cm de comprimento. Possui duas pregas no dorso bem separadas entre si e paralelas. Distingue-se facilmente da rã-verde pelo tímpano ser muito menor do que o olho e por apresentar uma mancha negra atrás do mesmo. Alimenta-se de pequenos invertebrados (escaravelhos, aranhas, minhocas, caracóis, entre outros). A sua presença é indicadora de boa qualidade da água, pois ocorre, principalmente, junto a rios e ribeiros não poluídos e de água límpida, fria e alguma corrente. Pode também encontrar-se em prados húmidos e minas. Em Braga: Presente nas zonas menos urbanizadas do concelho, como, por exemplo, o Parque das Sete Fontes, a Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães e junto a linhas de água como o Rio Ledo. Os trilhos “Nascente do Rio Este” e “Dos Miradouros” são ótimos locais para observação. Sabia que… Não possui sacos vocais, por isso produz sons muito pouco percetíveis.
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RÃ VERDE Pelophylax perezi Descrição: Rã com dorso muito liso, de cor verde, por vezes castanha, com duas pregas amareladas ou acastanhadas e quase sempre uma linha central verde ou amarela. Os tímpanos são grandes e facilmente visíveis e os machos possuem sacos vocais externos. Produz vários sons diferentes e, durante a época de reprodução, o som cumulativo dos coaxares pode ser ensurdecedor. Os olhos são salientes e a íris é dourada. Pode atingir 10cm de comprimento. Estritamente aquática, coloniza todos os tipos de massas de água, sejam charcos, lagos artificiais, canais, reservatórios, remansos de rios, riachos e até em zonas com alguma salinidade. Tem uma tolerância elevada a diversos fatores externos, como, por exemplo, a poluição. Por isso é uma espécie muito abundante e comum na sua área de distribuição. A alimentação é constituída, maioritariamente, por invertebrados, principalmente insectos. Ocasionalmente pode alimentarse de pequenos vertebrados, como peixes. Em Braga: Muito abundante em todo o concelho, sendo facilmente observável nos lagos artificiais do Parque da Ponte e Bom Jesus. Os trilhos “Margem do Cávado” e “São Pedro da Oliveira” são locais onde, provavelmente, a vai encontrar. Sabia que… Pode dar saltos de mais de 2 metros de comprimento, o que, à escala, corresponde a uma pessoa saltar mais de 30 metros.
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SALAMANDRA DE PINTAS AMARELAS Salamandra salamandra Descrição: Coloração negra, com manchas amarelas de várias formas e tamanhos e algumas pontuações avermelhadas em realce. Cada indivíduo apresenta um padrão de manchas único, como uma impressão digital. Raramente excede os 20 cm de comprimento e tem uma longevidade longa, vivendo, em média, vinte anos. São uma excelente ajuda na horta, pois os adultos alimentam-se de invertebrados terrestres; enquanto as larvas se alimentam de macroinvertebrados, pequenos vermes e outros. Habita em zonas circundantes de charcos e ribeiros, prados, campos agrícolas e pinhais. A sua estratégia de reprodução é bastante invulgar para um anfíbio - é ovovivípara - parindo larvas em vez de depositar ovos. Em algumas populações e serras espanholas pode ser vivípara, parindo larvas já metamorfoseadas. Em Braga: Pode ser facilmente encontrada em dias húmidos de outono e primavera na mata do Bom Jesus e na Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães. Em percursos noturnos pelos trilhos “Monte das Velhas”, “Morreira” e “Castro das Caldas” é bem provável encontrar a espécie. Sabia que… Quando se sente ameaçada, liberta uma substância tóxica de aspeto leitoso chamada salamandrina, podendo esguichá-la.
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SALAMANDRA LUSITÂNICA Chioglossa lusitanica
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Descrição: Anfíbio que se caracteriza pelo corpo muito esbelto e delgado. Cabeça pequena e cauda muito comprida, podendo representar até dois terços do comprimento total do corpo. Duas faixas cor cobre ou dourado percorrem todo o corpo, sendo só uma faixa na cauda. O resto do corpo é escuro. É relativamente rara, mas onde existe pode formar bons núcleos populacionais. Mais ativa à noite, com bastante humidade no ar e temperaturas amenas. Habita geralmente zonas de floresta caducifólia bem preservada, alta montanha e locais frescos. É frequente abrigar-se na orla de ribeiros ou antigas minas de exploração de água. Alimenta-se de invertebrados (larvas, vermes ou aranhas). Em Braga: Existem algumas populações no concelho. Talvez a mais conhecida seja a do Mosteiro de Tibães. Trilhos como “Nascente do Rio Este” e “dos Miradouros” podem proporcionar a sua observação. Sabia que… Quando se sente ameaçada, tem a capacidade de amputar a própria cauda, que, posteriormente, se irá regenerar naturalmente. Uma estratégia semelhante à dos lagartos.
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SAPO COMUM Bufo spinosus Descrição: O nosso maior sapo. Apresenta porte robusto, corpo arredondado, membros curtos e fortes, pele rugosa, olhos grandes de cor viva e que variam entre o castanho e o bege. As fêmeas são bem maiores que os machos. Pode ser observado com facilidade, principalmente na época de reprodução, quando invadem as massas de água em que vão depositar os ovos. Não é muito esquisito em termos de habitat. Vive perfeitamente em zonas humanizadas, parques, jardins, áreas agrícolas, florestas e até descampados. Alimenta-se de invertebrados (grandes insetos, lesmas, minhocas ou anfíbios mais pequenos). Em Braga: Muito comum. Pode ser observado por todo o concelho, por exemplo, nos lagos do Bom Jesus. Os trilhos “Dois Montes”, “na Senda do Castelo de Penafiel de Bastuço” e “Entre Braga e o Cávado” são favoráveis à sua observação. Sabia que… Durante o acasalamento, machos e fêmeas reúnem-se em massas de água. Por cada fêmea há, em geral, 5 machos, que podem amarrar a fêmea por várias várias horas, sem a largar.
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TRITÃO DE VENTRE LARANJA Lissotriton boscai Descrição: Tritão pequeno que reparte a sua vida entre o meio terrestre e o meio aquático. A cauda tem mais ou menos o comprimento do corpo. Pode variar entre tons verdes e castanhos, com manchas pretas. O ventre é laranja, tornando-se laranja vivo na época de reprodução. Relativamente fácil de encontrar em águas paradas ou de curso lento, pode ser observado pousado em plantas aquáticas ou no fundo de um tanque. Habita em zonas frescas, florestas de caducifólias, zonas agrícolas e até alta montanha. Prefere meios aquáticos, com pouca ou nenhuma corrente. Alimenta-se de invertebrados, pequenos insetos, larvas e crustáceos. Em Braga: Comum em todo o concelho. Facilmente observável nos tanques e lagos do Mosteiro de Tibães. Trilhos como “Dois Montes”, “Monte das Velhas” ou “Dos Solares” são bons locais de observação. Sabia que… É uma espécie endémica da Península Ibérica.
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TRITÃO MARMOREADO Triturus marmoratus Descrição: Tritão médio - maior e mais robusto que o tritão-de-ventre-laranja - tem o corpo mais cilíndrico e uma cabeça mais larga e achatada. A cor e aspeto geral variam bastante de fêmeas para machos e da época de reprodução para o resto do ano. Assim, o macho desenvolve uma visível crista lombar até à cauda e cores mais vivas na época de acasalamento e as fêmeas têm uma lista laranja no dorso. Em ambos os sexos, os tons verdes, castanhos e pretos são abundantes. Pode ser encontrado debaixo de um tronco na floresta, ou, mais facilmente na época de acasalamento, no fundo lodoso de águas paradas. Habita nas zonas florestais, onde se abriga em zonas sombrias e húmidas, nas raízes de árvores ou debaixo de pedras. Sai em noites húmidas para caçar. Em meio aquático, prefere águas paradas de tanques, poças e valas. Alimenta-se de minhocas, lesmas e outros invertebrados. Em Braga: Bastante comum. Pode ser encontrado facilmente em locais como as matas do Bom Jesus/ Sameiro. Os percursos “Caminho dos Santuários”, “Moinhos de Priscos” e “Trilho da Mamoa” são bons locais de observação. Sabia que… As suas larvas são facilmente identificáveis pelos dedos finos e manchas negras na membrana caudal.
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TRITÃO PALMADO Lissotriton helveticus Descrição: Pequeno tritão que vive na água - na época de acasalamento - e fora dela no restante ano. Não chega aos 10 cm. As cores variam entre tons de castanho, bege, laranja e verde. O aspeto muda na época de acasalamento, quando sobressaem as cristas e patas com barbatanas dos machos. Pode ser difícil distinguir do congénere tritão-de-ventre-laranja e, muitas vezes, ocorre em simultâneo. Habita desde a alta montanha a zonas agrícolas e florestais. No verão, escondese numa cavidade ou debaixo de uma rocha e, na época de reprodução, é fácil encontrar em tanques, lagos ou charcos temporários. Em terra, alimenta-se de invertebrados (aranhas e insectos). Na água pode alimentar-se de pequenos crustáceos ou larvas de anfíbios. Em Braga: É relativamente comum no concelho. Os tanques do Mosteiro de Tibães são bons pontos de observação. Percursos como o “Trilho dos Miradouros” ou “Descobrindo o Couto de Tibães” podem oferecer observações da espécie. Sabia que... Tem o nome comum de “palmado” porque, na época de acasalamento, os machos desenvolvem “barbatanas” nas patas posteriores.
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PEIXES
167 Não posso deixar de recordar os dias de férias escolares da minha infância e juventude, em que ia pescar bogas para o rio Guisando, libertando-as no final. Mais tarde, quando frequentava o secundário, era desanimador para mim todos os dias passar no rio Este e não ver um único peixe. Hoje em dia, é com agrado que observo grandes cardumes de bogas no rio Este. É possível ver algumas enguias e os exóticos góbios, sendo um panorama mais ou menos transversal a todos os riachos do concelho. O Cávado é o rio de maior caudal do concelho. Por essa razão alberga uma comunidade piscícola mais diversificada, acrescentando, aos anteriormente mencionados, carpas, trutas e barbos - que dão saltos impressionantes, para deleite dos observadores. Por serem animais que se movem num meio especialmente difícil para nós e para o material eletrónico, a obtenção de imagens em meio natural destes seres é a mais difícil de todas. Apesar de serem relativamente fáceis de encontrar e observar, são extremamente difíceis de fotografar no seu habitat. Para este trabalho, foram retirados alguns animais de água e colocados num aquário próprio para o efeito. Os peixes são um importante bioindicador da qualidade da água dos nossos rios, assim, estar atento ao estado geral das suas populações, é um passo vital para manter as nossas águas despoluídas.
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BOGA Chondrostoma polylepis Descrição: Pequeno peixe de água doce. Caracterizado pelo formato fusiforme, cores claras, entre o dourado e o prateado. Não ultrapassa as 500g. Pode ser visto facilmente em regatos e rios de água límpida a nadar, a meio da coluna de água, em cardumes numerosos. Prefere rios e regatos pequenos com alguma corrente, fundo arenoso e galeria ribeirinha. Alimenta-se de larvas, algas a insetos. Em Braga: É comum nos rios da cidade, sendo, provavelmente, o peixe mais numeroso no rio Este. Trilhos como “Bosques do Rio Este”, “Na Senda dos Galos” e “A Volta do Rio Este” são locais de observação muito provável. Sabia que... Há várias espécies de bogas em Portugal. Esta é conhecida como boga-do-norte.
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GÓBIO Gobio lozanoi Descrição: Pequeno peixe de água doce, não ultrapassando os 12 cm. Apresenta tons prateados e dourados, com manchas escuras ao longo do corpo que é estreito. É relatitivamente fácil de observar, parado, junto ao fundo. Habita rios com alguma corrente, com fundo arenoso e vegetação nas margens. Alimenta-se de matéria vegetal ou animal que encontra nos godos do rio. Em Braga: Esta espécie exótitica é hoje comum nos nossos rios e pode ser observado no Rio Este. Trilhos como “Bosques do Rio Este” e “A Volta do Rio Este” são bons locais de observação. Sabia que... A introdução desta espécie exótitica deveu-se à prátitica de usar isco vivo em pesca desportiva.
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BOGA DO NORTE
Descrição: A boga-do-norte é um endemismo ibérico residente, especificamente dos rios do norte peninsular. Chegando aos 45 centímetros de comprimento, apresenta corpo alongado e fusiforme com coloração verde acastanhada e pintas pretas no dorso e creme no ventre. A barbatana caudal é bifurcada e a cabeça não tem escamas. Este peixe caracteriza-se por ser bastante gregário, os juvenis habitam zonas de corrente fraca e de substrato fino e arenoso, já os adultos preferem zonas mais profundas, de correntes mais fortes. Efectua migrações reprodutoras para montante. Alimenta-se de matéria vegetal, detritos e invertebrados.
Pseudochondrostoma duriense
Sabia que… A boga do norte pode ser um peixe bastante agressivo para outros peixes, chegando mesmo a arrancar escamas durante os ataques.
Em Braga: Mais comum no rio Cávado, trilhos como “Trilho dos Solares” ou “Trilho da margem do Cávado” podem proporcionar bons avistamentos.
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RUIVACO Achondrostoma oliglepis
Descrição: O ruivaco é um endemismo lusitano da família das bogas (Leuciscidae). Residente, presente sobretudo nas bacias hidrográficas do norte e centro. Não excede os 18 centímetros. O corpo é fusiforme, de tons esverdeados no dorso, prateados ou dourados no ventre e uma característica mancha vermelha na base das barbatanas. A boca é pequena e o focinho arredondado. Habita sobretudo os troços inferiores dos rios, onde a corrente é mais fraca, sendo comum formarem cardumes em zona de remanso, podendo ocupar açudes e albufeiras. Preferem massas de água com fundos arenosos e vegetação aquática. No que toca à alimentação são generalistas, desde detritos, invertebrados ou matéria vegetal. Em Braga: Pode ser visto em todos os rios e ribeiros da região, assim trilhos como, “Pelo vale do Cávado” e “Trilho dos moinhos de Priscos” são boas opções. Sabia que… O Ruivaco possui maior capacidade natatória nos meses de Outono/Inverno do que nos meses Primavera/Verão.
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TRUTA DE RIO Salmo truta
Descrição: A truta, nativa e residente, é um dos peixes mais conhecidos dos nossos rios. Está presente em boa parte dos rios da Europa, chegando mesmo ao Norte de África e à Rússia, tendo sido introduzida em várias partes do mundo. É um peixe relativamente grande, chegando aos 60 centímetros de comprimento. O corpo é fusiforme e afilado e a cabeça e olhos são grandes. Apresenta dorso castanho esverdeado no com pintas vermelhas e pretas, já o ventre é mais claro. Tem uma barbatana caudal potente e ligeiramente bifurcada. Gosta de águas frias, límpidas, oxigenadas e com bastante corrente, fundos de godos ou pedras roladas e com grandes pedras submersas que sirvam de abrigo. São bastante territoriais. É um predador versátil que captura insectos e outros invertebrados bem como outros peixes. Em Braga: o Cávado é um dos melhores rios para observar esta espécie, mas também no Este se podem observar, pelo que trilhos como “Pelo vale do Cávado” e “Trilho dos Solares” e “Na senda dos Galos”. Sabia que… A truta apresenta dois ecótipos diferenciados, a truta de rio descrita aqui, e a truta marisca, que é uma forma distinta. Esta última é maior, tem cores diferentes e apresenta um comportamento migrador, em que abandona o rio de onde é natural e aventura-se no mar, voltando depois a água doce para se reproduzir.
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VERDEMÃ COMUM Cobitis palúdica
Descrição: O verdemã-comum ou pardelha é um endemismo ibérico. Residente, habita em quase todas as bacias hidrográficas de Portugal. É um pequeno peixe que pode chegar aos 15 cm no caso das fêmeas, sendo os machos muito mais pequenos. O formato do corpo é alongado, estreito e ligeiramente achatado lateralmente, com tons acastanhados e manchas. Tem olhos pequenos de cores vivas, escamas pequenas, quase impercetíveis. Habita em zonas de águas calmas e pouca corrente. Não é um nadador muito ágil, gosta de fundos arenosos ou com alguma vasa e sobretudo com vegetação aquática. Pode estar presente em albufeiras. Alimenta-se de larvas de insetos, detritos e crustáceos. Em Braga: É sobretudo no rio Cávado que é mais fácil de encontrar, pelo que os trilhos “Pelo vale do Cávado” e “trilho da margem do Cávado” são boas opções. Sabia que… O verdemã possui um pequeno espinho erétil debaixo do olho que usa em autodefesa.
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INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS
175 Quem, em criança, nunca ficou a observar o carreiro de formigas que, diligentemente, carrega alimentos para a colónia? Ou ficou fascinado com a luzinha verde de um pirilampo, o cantar de um grilo ou os saltos fantásticos de um gafanhoto? Os insetos são, sem dúvida, a fauna mais rica em número e em diversidade. No entanto, é raro atribuírem-lhes qualquer importância. Não obstante, são completamente essenciais e insubstituíveis à vida neste planeta. Desde as abelhas, moscas e borboletas das quais dependemos para polinizar as produções agrícolas e florestais - aos vários escaravelhos que reciclam nutrientes, como madeira morta, permitindo que o ciclo continue. São também ótimos motivos de fotografia, com formas e cores bastante diferentes entre si. Por ser dada pouca importância a estes seres e pela forma como gostamos de ver os parques, jardins e as beiras dos caminhos, isto é, completamente desprovidos de vegetação, é frequente abusarmos na quantidade de herbicidas e pesticidas que matam indiscriminadamente os insetos, nomeadamente, os polinizadores. As beiras dos caminhos com vegetação proporcionam flores espontâneas, essenciais a alguns polinizadores em alturas de escassez de outros alimentos. Retiramos as teias de aranha da garagem, mas esquecemo-nos que as aranhas nos ajudam a controlar as populações de melgas e mosquitos que tanto nos incomodam. É preciso começar a olhar para estes seres com o respeito que merecem. A verdade é que precisamos mais deles do que eles de nós.
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ABELHA DO MEL Apis mellifera Descrição: É dos insetos mais reconhecidos pelas pessoas e isso deve-se ao facto de ser dos poucos invertebrados domesticados na Europa, estando muito presente na cultura e imaginário popular. De tamanho aproximado a uma unha humana, tem tons amarelos-escuros e castanhos. A ferroada das fêmeas e a dor inerente são famosas. As larvas, que ficam na colmeia até se formarem, são de cor creme e pouco distintas. É um inseto social que, quer seja domesticado ou selvagem, forma colónias que podem integrar milhares de animais. Facilmente observável em qualquer local onde existam flores – desde jardins a plantações de castanheiros. Podem ocupar o tronco oco de uma árvore ou uma construção humana abandonada para fazer colmeia. Tanto adultos como larvas alimentam-se de mel e pólen. Em Braga: Pode ser vista em qualquer local, especialmente quando domesticadas, mas não é seguro aproximar-se de uma colmeia sem equipamento apropriado. Os trilhos “Pelo Vale do Cávado”, “Monte das Velhas” e “Morreira” são locais onde se poderá cruzar com este inseto. Sabia que… O ferrão está ligado ao trato digestivo e funciona como um arpão, ficando geralmente cravado na pele. Ou seja, quando uma abelha nos ferroa, isso quase sempre significa a sua morte.
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ARANHA VESPA “Argiope bruennichi”
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Descrição: Das maiores e mais coloridas aranhas de Portugal. Apresenta um padrão de cores bastante característico, com riscas amarelas, brancas e pretas. A fêmea faz uma teia circular que chega a ter 30 cm de diâmetro, quase ao nível do solo. O macho constrói uma teia em zig-zag por cima da mesma. Pode ser observada na fase adulta, durante o verão até ao outono, em locais com abundante vegetação rasteira e com poucas ou nenhumas árvores. Os ovos são colocados numa ooteca rígida, no cimo da teia, guardados pela progenitora, e as crias só o abandonam na primavera. Alimenta-se de vários insetos. Em Braga: Pode ser vista em vários locais de vegetação rasteira. Os trilhos “Nascente do Rio Este”, “Calcorreando a Serra dos Picos” ou “Castro das Caldas” são bons locais de observação. Sabia que… A descrição acima dada apenas se refere à fêmea da espécie. O macho é minúsculo e praticamente indistinto a olho nu.
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BARQUEIRO Notonecta glauca Descrição: Inseto aquático muito comum, pouco maior que uma abelha doméstica. Habitualmente visto a nadar de costas para baixo, imediatamente abaixo da superfície da água. Tem olhos vermelhos e grandes (tipo mosca), patas traseiras muito compridas e com cílios (que servem de remos), corpo escuro e aparente cor prateada no dorso (resultado do ar armazenado sob as asas). Apesar deste hemíptero ser predominantemente aquático é também um excelente voador, colonizando facilmente massas de água próximas. Pode ser observado em qualquer massa de água sem corrente forte (lagos, tanques ou charcos). É um predador voraz, alimentando-se de peixes, girinos ou insetos caídos na superfície da água. Em Braga: Pode ser observado em todas as massas de água parada de dimensão aceitável, até nos tanques da zona comercial de Lamaçães. Percursos como “Trilho dos Solares”, “Trilho das Fontes” e “São Pedro de Oliveira” são locais com boas hipótese de observação. Sabia que… É um predador equipado com um potente aparelho picador/sugador que usa para perfurar as presas e também para se defender, injetando saliva tóxica.
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BORBOLETA CAVEIRA Acherontia atropos Descrição: Grande borboleta noturna, das maiores de Portugal, com 12 cm de envergadura e um peso a condizer. Dos maiores insetos do nosso território. As asas têm vários tons entre amarelo vivo, laranja, cinza, castanho e branco. O abdómen é amarelo vivo, com uma larga faixa central azul metálico. O tórax é preto, com o famoso desenho amarelo, em forma de caveira, que lhe dá o nome comum. É pouco abundante, migradora de grandes distâncias, podendo percorrer mais de 500km. Está ativa à noite, sendo, por isso, difícil de observar. É mais comum ver indivíduos mortos ou próximos de colmeias. A larva alimenta-se de uma grande variedade de plantas (batata, tomate ou oliveira). O adulto alimenta-se do néctar de várias flores, tendo um apetite especial por mel. Emite um som semelhante a um guincho quando se sente ameaçada. Em Braga: Não há locais de predileção para esta espécie. Será mais provável encontrá-la dentro de uma colmeia. Sabia que… É um dos poucos animais que aprendeu a enganar foi a abelha-do-mel, através da produção de feromonas análogas e som e movimento semelhantes aos de uma abelha-rainha.
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BORBOLETA IMPERADOR PEQUENA Apatura ilia Descrição: Apesar do nome, é relativamente grande. Olhos verdes bastante destacados. As asas, quando fechadas, apresentam tons castanhos, com uma barra branca e umas pequenas pintas. Quando abertas - dependendo da direção da luz - podem ser praticamente pretas, com manchas laranja, ou, mudando o ponto de vista, as partes pretas tornam-se um azul iridescente muito belo. A lagarta é toda verde, com duas antenas castanhas muito peculiares. Não é das borboletas mais comuns, mas pode ser observada em galerias ribeirinhas bem preservadas. Geralmente, voa perto do topo das árvores, baixando para procurar humidade, sais ou alimento que se encontre na base. A lagarta come folhas de choupo ou ulmeiro. Em Braga: Pode ser observada em galerias ribeirinhas com árvores autóctones, principalmente no rio Este. Trilhos como “Moinhos de Priscos” ou “Bosques do Rio Este” oferecem boas oportunidades de observação. Sabia que… O adulto alimenta-se da seiva açucarada de árvores e até excrementos de animais.
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Fêmea
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GAITEIRO AZUL Calopteryx virgo
Macho
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Descrição: Libelinha de médio porte e das mais abundantes na zona norte. O macho é azul metalizado e a fêmea verde metalizada. Ambos com aspeto esbelto e olhos proeminentes. O voo não é muito rápido, estando frequentemente pousada. Pode ser vista com facilidade junto aos cursos de água que habita, preferencialmente, rios e ribeiros de águas frias e rápidas, com abundante vegetação nas margens. Tanto larvas como adultos são predadores vorazes: as larvas capturam pequenos animais aquáticos e os adultos capturam insetos em voo. Em Braga: São bastante comuns, podendo ser observadas em vários cursos de água como o rio Este. Os trilhos “Morreira”, “Castro das Caldas” ou “São Pedro da Oliveira” são bons pontos de observação. Sabia que… A presença deste inseto é um bom indicador do estado de conservação dos rios e ribeiros, não tendo grande tolerância à poluição ou intervenções humanas no leito do rio.
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LIBÉLULA ACHATADA Libellula depressa Descrição: É das libélulas mais fáceis de distinguir de outras - por ter um abdómen mais curto, robusto e achatado. Os machos são azuis-claros e as fêmeas cor-de-cobre. Tem um voo muito rápido e objetivo e é bastante territorial, não tolerando qualquer outra libélula nas proximidades. Pode ser observada com relativa facilidade no seu habitat que, habitualmente, são águas paradas ou com pouca corrente, estando adaptadas a vários meios. Tanto as larvas como adultos são predadores vorazes de insetos. Em Braga: Comum e abundante no território. A Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães é um bom local de observação. Os trilhos “Da Mamoa”, “Monte das Velhas” e “Morreira” são bons locais para a observar. Sabia que… Esta libélula caracteriza-se por ter um poiso predileto, geralmente ao sol, tornando a sua observação de perto mais fácil.
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LOUVA A DEUS Mantis religiosa Descrição: Bem conhecido pelas pessoas, caracteriza-se pelo aspeto esguio e elegante. De cor verde ou castanha e patas dianteiras fortemente armadas com espinhos. É solitário e normalmente passa despercebido entre a vegetação rasteira, onde gosta de se camuflar, mas, com alguma sorte e atenção, é localizável. Usualmente, move-se de forma lenta, mas pode voar e ser bastante rápido. Pode ser observado em jardins, nas flores e em zonas de matos baixos ou arbustos. É um predador de emboscada. Espera, imóvel, que uma presa se aproxime para desferir um ataque relâmpago e empalar a presa com as suas patas dianteiras, desde gafanhotos a insetos polinizadores. Coloca os ovos em ootecas e as ninfas, quando eclodem, formam fios de pequenos louva-a-deus. Em Braga: Muito abundante e bem distribuído. As zonas de matos da Serra dos Bicos e a Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães são bons locais. Os trilhos “Nascente do Rio Este” e “A volta do Rio Este” são locais com boas hipótese de observar a espécie. Sabia que… O macho raramente sobrevive ao acasalamento, sendo regularmente predado pela fêmea, que consegue, assim, uma refeição substancial para produzir a descendência.
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PIRILAMPO Lampyris noctiluca Descrição: Os pirilampos são dos insetos mais carismáticos do imaginário comum. A sua ténue luz verde é icónica, mas o real aspeto deste coleóptero é menos famoso. Trata-se de um inseto pequeno e só o macho tem asas e carapaça dura. A fêmea e larva são parecidas, com aspeto larvar. Nas noites quentes de verão são fáceis de encontrar, devido à sua luz. Em noites de grande atividade, os machos voam de um lado para o outro em busca de fêmeas, proporcionando um bonito espetáculo de bioluminescência. As florestas autóctones e maduras com alguma humidade são os seus locais de eleição. Têm um apetite voraz por caracóis, principalmente as larvas. Em Braga: As encostas do Bom Jesus/Sameiro e a Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães são ótimos locais para observar o espetáculo natural que produzem. Fazer trilhos noturnos como “Dois Montes” ou “Dos Miradouros” permite observações muito prováveis. Sabia que… Quando há demasiada poluição luminosa, o sucesso reprodutor da espécie fica comprometido.
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VACA LOURA Lucanus cervus Descrição: É o maior escaravelho da Europa, muito característico e conhecido. É coberto por uma carapaça de cor preta arruivada e alguns pormenores dourados. As pinças dos machos são avermelhadas, sendo muito desenvolvidas e com ramificações pontiagudas - como as hastes de um veado. A fêmea tem pinças minúsculas e é mais pequena. Sendo sazonal, os adultos voam entre maio e setembro. Não tem distribuição regular, por isso, nem sempre é fácil de encontrar, mas, em locais propícios e na árvore certa, podem estar dezenas de indivíduos. Pode ser observado no chão, mas principalmente no tronco e em grandes ramos de velhos carvalhos e castanheiros. Ao final das tardes quentes de verão, pode ser visto em voo. Na fase larvar, habita troncos de madeira morta, dos quais se alimenta e onde se desenvolve durante cerca de 5 anos. Em adulto, habita sobretudo zonas de carvalhal maduro. O adulto alimenta-se da escorrência da seiva das árvores e do açúcar de fruta podre. Em Braga: Das melhores zonas do país para a sua observação. Consegue-se observar com relativa facilidade, no verão, em fissuras de velhos carvalhos e castanheiros da Cerca do Mosteiro de São Martinho de Tibães e das encostas do Bom Jesus/Sameiro. Trilhos como “Santa Marta das Cortiças” ou “Descobrindo o Couto de Tibães” são favoráveis à sua observação. Sabia que… Vive sob a forma adulta entre 15 dias a um mês, morrendo após reproduzir-se. As suas pinças eram tradicionalmente recolhidas para amuletos e colares.
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BRAGA
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MAPA PEDESTRE
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REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE BRAGA
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AMARES
VILA VERDE
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c
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Cávado
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Ri o
43 49 59
°
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c 53 PÓVOA DE LANHOSO
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Rio Est e
c30 31
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29
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GUIMARÃES
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54
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c 0
A Cidade e a Natureza
Montes e Vales
Na senda dos Galos
Grande Rota da Serra dos Picos
Trilho da Encosta do Sol
c19
c
1
VILA NOVA DE FAMALICÃO
1 - Parque da Ponte (41.541280; -8.419366) 2- Parque do Picoto e miradouro (41.537226; -8.414016)
c
c14
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c
28
17
16 21
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7
23
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BARCELOS
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14 - Capela de Santo António (41.541382; -8.346979) 15 - Santuário do Sameiro (41.540202; -8.368395) 16 - Mãe de Água (41.553267; -8.374274) 17 - Parque de Merendas de Sobreposta (41.56028; -8.345724)
2 km
Rios
Caminhos com História
A volta do Rio Este
Trilho da Mamoa
-8.508834)
37 - Parque e Moínho da Levegada (41.498255;
54 - Mamoa de Lamas (41.503329; -8.431686) 55 - Igreja de Santo Estêvão de Penso (41.489925; -8.42349)
-8.483746)
Entre Braga e o Cávado
38 - Ruílhe (41.495506; -8.495574) 39 - Igreja Paroquial de Tebosa (41.482372;
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1
VILA NOVA DE FAMALICÃO
2 km
A Cidade e a Natureza
Montes e Vales
Rios
Caminhos com História
Na senda dos Galos
Grande Rota da Serra dos Picos
A volta do Rio Este
Trilho da Mamoa
1 - Parque da Ponte (41.541280; -8.419366) 2- Parque do Picoto e miradouro (41.537226; -8.414016)
Trilho da Encosta do Sol
3 - Igreja Velha de Gualtar (41.568911; -8.389347) 4 - Sete Fontes (41.571562; -8.399420)
Trilho do Monte das Velhas
5 - Igreja Paroquial de Lamaçães (41.545083; -8.396133) 6 - Largo de Dadim (41.547138; -8.380757) 7 - Igreja Nova de Fraião (41.536501; -8.398830)
Trilho dos Bosques do Rio Este
8 - Igreja Velha de Lomar (41.527631; -8.429656) 9 - Covêlo (41.509565; -8.442837) 10 - Ponte Nova de Lomar (41.521018; -8.437022)
Trilho dos Dois Montes
11 - Complexo Desportivo da Rodovia (41.554073; -8.400673) 12 - Elevador do Bom Jesus (41.554693; -8.380864) 13 - Monte da Senhora da Consolação (41.550296; -8.386186)
14 - Capela de Santo António (41.541382; -8.346979) 15 - Santuário do Sameiro (41.540202; -8.368395) 16 - Mãe de Água (41.553267; -8.374274) 17 - Parque de Merendas de Sobreposta (41.56028; -8.345724)
18 - Nascente do Rio Este (41.578970; - 8.33207) 19 - Centro de Pedralva (41.559810; -8.320146) 20 - Lugar de Portuguediz (41.540522; -8.320146)
37 - Parque e Moínho da Levegada (41.498255;
-8.508834)
54 - Mamoa de Lamas (41.503329; -8.431686) 55 - Igreja de Santo Estêvão de Penso (41.489925; -8.42349)
-8.483746)
Entre Braga e o Cávado
38 - Ruílhe (41.495506; -8.495574) 39 - Igreja Paroquial de Tebosa (41.482372; 40 - Junta de Freguesia de Arentim (41.485920;
-8.514216)
Caminho dos Santuários
Descobrindo o Couto de Tibães
-8.377258)
-8.478213)
21 - Santuário de Bom Jesus do Monte (41.554686;
41 - Mosteiro e Cruzeiro de Tibães (41.558225;
22 - Santuário do Sameiro (41.541876; -8.369997) 23 - Santuário de Santa Maria Madalena
42 - Moinhos e jardim do Quintalejo (41.568554;
(41.522128; -8.387875)
43 - Praia Fluvial de Merelim São Paio (41.593870;
Na senda do Castelo de Penafiel de Bastuço
44 - Igreja de Parada de Tibães (41.562059;
60 - Núcleo Museológico de São Martinho de Dume (41.567558; -8.436041)
-8.492412)
Trilho da Nascente do Rio Este
-8.463980)
Por São Pedro da Oliveira
-8.463980)
25 - Capela de São Bento (41.79512; -8.458917) 26 - Parque de Lazer do Moínho (41.476496; -8.46468)
Trilho da Morreira
27 - Igreja Paroquial de Morreira (41.494291; -8.408425)
Trilho de Santa Marta das Cortiças
28- Igreja Paroquial de Esporões (41.509864;
-8.416993)
29- Capela de Santa Marta das Cortiças (41.514518; -8.394978)
45 - Capela do Senhor do Lírio (41.562059;
Pelo Vale do Cávado
46 - Moinho da Presa (41.598428; -8.407237) 47 - Azenhas de Navarra (41.613351; -8.384616) 48 - Igreja de S.Lucrécia de Algeriz (41.591944;
-8.372555)
-8.366627)
62 - Largo de São Sebastião (41.577705; -8.355195) 63 - Nascente do Rio Este e Parque de Merendas (41.578970; -8.33207)
Trilho das Fontes
64 - Sete Fontes (41.571530; -8.399359) 65 - Parque Infantil do Pachancho (41.559520; -8.414473)
66 - Colégio de Montariol (41.569617; -8.412494) 67 - Parque de Merendas de Adaúfe (41.587324;
-8.465086)
68 - Igreja de Adaúfe (41.585463; -8.394592)
Trilho dos Moinhos de Priscos
Pelos Prados do Rio Torto
49 - Praia Fluvial de Merelim (S.Paio) (41.593708;
-8.405291)
51 - Igreja de Crespos (41.604737; -8.362025) 52 - Praia Fluvial do Cavadinho e água do Penedo
69- Monte de São Gregório (41.542192; -8.445280) 70 - Capela de Nossa Senhora da Esperança e cruzeiro (41.542305; -8.459084) 71 - Parque do Barral (41.552964; -8.448855) 72 - Bairro do Penedo (41.548286; -8.436785)
53 - Capela de Nossa Senhora de Fátima
GR 117 (Via Romana XVII)
30- Parque de Lazer de Vilaça (41.517529; -8.479856) 31- Centro de Tadim (41.507081; -8.489685) 32- Centro de Cabreiros (41.538491; -8.488255) 33- Igreja Paroquial de Sequeira (41.526811; -
Trilho dos Solares
Trilho dos Miradouros
(41.599335; -8.347949)
8.472306)
61 - Parque de Merendas das Cambas (41.569751;
Trilho da Margem do Cávado
50 - Junta de Freguesia (41.593708; -8.465086)
Trilho do Castro das Caldas
-8.465106)
-8.492412)
24 - Largo Padre Mário César Marques (41.528619;
-8.498075)
56 - Castro Máximo (41.561333; -8.427069) 57 - Capela de São Frutuoso, Igreja e Convento de São Francisco (41.560355; -8.438852) 58 - Parque de Gerizes (41.583555; -8.449196) 59 - Praia Fluvial de São Paio de Merelim (41.593752;
(41.616525; -8.356044)
34 - Capela do Padrão (41.481129; -8.440043) 35 - Igreja de Figueiredo (41.49956; -8.441795) 36 - Capela de N.ª Sr.ª do Rosário (41.477623; -8.428000)
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73 - Gualtar (41.557822; -8.397615) 74 - Lugar de Carvalho d’Este (41.582281;
-8.333305)
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GLOSSÁRIO
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Abdómen Parte posterior do corpo dos insetos. Amplexo Nome dado ao abraço nupcial dos anfíbios. Autóctone Nativo, natural do local onde ocorre. Autotomia Capacidade de libertar parte(s) do corpo. Bosque Formação florestal de pequena dimensão, com árvores esparsas. Bulício Agitação, inquietação. Caducifólia Árvore que renova as folhas anualmente. Contrário de perenifólia. Chamamento Som emitido por determinado animal. Cinegética Relativo à caça de animais por humanos. Congénere Que pertence ao mesmo género.
216
Colubrídeo Família de serpentes que inclui todas as cobras que ocorrem em Portugal, à exceção da cobra-rateira. Também não inclui as víboras. Conspícuo Bem visível. Que se faz notar. Crepuscular Que está ativo ao nascer do sol e/ou pôr-do-sol. Dorso Parte superior do corpo, costas. Endémico Nativo e restrito a determinada região geográfica. Envergadura Maior distância medida entre as extremidades das asas Escavados Zonas esgravatadas, cavadas superficialmente. Exótico Animal introduzido pelo homem, não nativo. Fauna Conjunto de todas as espécies animais que estão presentes em determinada área e/ou período de tempo. Filtro polarizador Ferramenta ótica que elimina os reflexos.
Flanco Parte lateral do corpo. Fotorrecetor Célula do olho responsável pela captação de luz. Fóvea Zona do olho responsável por formar imagens de “alta resolução”. Generalista Organismo que pode viver em vários tipos de ambiente ou que tem variadas fontes de alimentação. Contrário de especialista. Habitat Ambiente e espaço naturais de determinada espécie. Invasor Animal exótico que causa danos às espécies autóctones. Invernante Que migrou para passar o Inverno. Invertebrado Animal sem coluna vertebral. Iridescência Fenómeno ótico que faz com que certas superfícies reflitam as cores do arco-íris. Latrina Pequena área onde determinado animal defeca e/ou urina regularmente. Loquaz Muito falador, eloquente. Macroinvertebrado Invertebrados visíveis a olho nu. Metamorfose Transformação rápida e intensa da forma, estrutura e hábitos de um animal, que faz parte do seu ciclo de vida. Migração Deslocação no espaço geográfico, sazonal no caso das aves. Mimética Que imita, que se confunde. Mustelídeo Família de mamíferos carnívoros que inclui doninhas, texugos, lontras, etc. Necrófago Organismo que se alimenta de animais mortos. Omnívoro Organismo que se alimenta de animais e vegetais. Ooteca Cápsula rígida, onde são depositados ovos. Oportunista Organismo que tira proveito das ocasiões.
217
Passeriforme Ordem de aves, vulgarmente chamadas de pássaros. Plantígrado Mamífero que anda sobre as plantas dos pés. População Conjunto de indivíduos da mesma espécie, que habitam numa determinada área, num determinado espaço de tempo. Porte Volume, dimensão. Ofídio Subordem de répteis conhecida por Serpentes. Predador Animal que caça outros para se alimentar. Presa Animal que é caçado e alimento de outros. Residente Que vive no mesmo local todo o ano. Contrário de migrador. Resinosa Árvore que produz resina. Por exemplo: pinheiro, abeto, cipreste, etc. Sub-bosque Vegetação rasteira que cresce debaixo das copas de um bosque.
218
Vara Conjunto de suínos. Valado Muro de pedra ou sebe que delimita uma área. Ventre Parte inferior do corpo, barriga. Vertebrado Animal com coluna vertebral. Viverrídeo Família de mamíferos carnívoros que inclui ginetas, civetas, etc.
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220
BIBLIOGRAFIA
221
SANZ, Benjamin e TURON GIL, Vicente Jose. Guía de mamíferos terrestres Península Ibérica e Baleares. 1 ed. Zaragoça: Prames 2017. MARAVALHAS, Ernestino. asborboletasdeportugal. 1 ed. Porto: 2003 FERNAND DE ALMEIDA, Nuno et al. Guia Fapas ANFÍBIOS e RÉPTEIS de Portugal. 1 ed. Porto: Fapas 2001 COLLARES-PEREIRA, Maria João et al. Guia dos PEIXES de Água Doce e Migradores de Portugal Continental. 1 ed: Afrontamento 2021 SVENSSON, Lars. Joana Andrade. Guia de Aves. 2 ed. Assírio e Alvim 2012 MARAVALHAS, Ernestino; SOARES, Albano. As Libélulas de Portugal. 1 ed. Booky 2013 SPEYBROECK, Jeroen et al. Field Guide to the Amphibians & Reptiles of Britain and Europe. 1 ed. London: Bloombsbury Publishing 2016. HUMPHRIES, C. J.; PRESS, J. R.; SUTTON, D. A. Guia Fapas Das Árvores de Portugal e Europa. 1 ed. Fapas PIMENTA, Miguel; SANTARÉM, Maria de Lourdes. ATLAS DAS AVES DO PARQUE NACIONAL PENEDA-GERÊS. 1 ed: Porto, Instituto da Conservação da Natureza e Parque Nacional da Peneda-Gerês 1996 ESPAÑA BAEZ, Ángel Javier; IGLESIAS IZQUIERDO, Ángel. Guía de los CARNÍVOROS de Castilla y León y 10 Áreas Naturales para descubrirlos. Náyade Editorial. Valladolid 2013. Site: Aves de Portugal: http://www.avesdeportugal.info/avesdeportugal.html Site: Naturdata: https://naturdata.com/ Site: INaturalist: https://www.inaturalist.org/ Site: ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e Florestas: https://www.icnf.pt/
222
Site: Atlas dos Mamíferos de Portugal: https://atlasmamiferosportugal.wordpress.com/ Site: Projecto Livro vermelho dos mamíferos de Portugal continental: https://livrovermelhodosmamiferos.pt/
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Há cerca de ano e meio, o fotógrafo de natureza João Ferreira partiu à descoberta dos animais que partilham connosco a cidade de Braga. Tentou captar, em fotografias, alguns dos mais emblemáticos animais deste concelho, percorrendo os seus recantos mais selvagens, mas também as zonas urbanizadas. Desde a raposa e a lontra, o gavião e o pintassilgo, a boga, a vaca loura, a rã ibérica ou a cobra rateira, são estes e muitos outros que compõem a biodiversidade do município. São fotografias da natureza pura, com animais selvagens em ambiente natural, acompanhadas por textos informativos que ajudam a conhecê-los melhor e a procurá-los por si.
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