Revista Mundo Contemporâneo | 12ª Temporada | 1ª Edição

OÃÇIDE ª1 | 0202 ORBMEVON

MUNDO CONTEMPORÂNEO INTERNACIONAL

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NOS EUA 2020

ECONOMIA

O ORÇAMENTO DE ESTADO PARA O PRÓXIMO ANO

sociedade

A VIDA ACADÉMICA EM TEMPOS DE PANDEMIA

EDITORIAL __________________________________________________ Num ano atípico como o que vivemos, abordamos, na primeira edição desta décima segunda série da revista Mundo Contemporâneo, vários temas de áreas que, inevitavelmente, se relacionam ou versam de alguma forma a pandemia da Covid-19.

Desde a polémica em torno da aplicação STAYAWAY COVID às vantagens e desvantagens da vacina para combater a pandemia, a secção de saúde trata destas temáticas. No panorama político, apresentamos uma entrevista a dois deputados dos maiores partidos políticos portugueses, PS e PSD, na qual se debatem medidas de combate ao novo Coronavírus.

Iremos apresentar uma análise da proposta do Orçamento de Estado para 2021 das mudanças no regresso às aulas presenciais e o que isso implica financeiramente para as famílias portuguesas. Continuando no tema escolar, a secção de sociedade aborda a adaptação ao “novo normal” da vida académica. Ainda no âmbito da sociedade, abordamos a amamentação em público e a polémica em torno da temática. Na sequência de lifestyle, olhamos para a vida dos estudantes trabalhadores e as suas rotinas e expomos o nosso ponto de vista sobre movimento MGTOW (Men Going Their Own Way) e o extremismo feminista.

Na área do desporto, examinamos o ténis, uma modalidade segura em tempos de pandemia, e o historial do Clube Farense e como este tem sido afetado pela Covid-19.

Cada vez mais se torna imperativo promover a consciência ambiental e as alterações que o mundo tem sofrido devido a problemas climáticos. Por este motivo, na secção de ecologia debruçamo-nos sobre o tema da seca em Portugal e sobre as alterações na Costa Vicentina. Vivemos numa época não só de alterações climáticas, mas também de mudanças sociais e culturais, motivo pelo qual investigámos, na secção de cultura, um pouco sobre profissões antigas que é preciso evitar que desapareçam.

Por último, saímos do panorama nacional e versamos sobre o que passa no mundo, discutimos temáticas fraturantes que vão para além de fronteiras, como as eleições presidenciais nos EUA e as tensões raciais que têm maior foco nesta superpotência mundial.

Concluímos com uma nota de apreço por toda a equipa que tornou possível a feitura desta edição da revista Mundo Contemporâneo e um agradecimento à Prof. Aurízia Anica que nos orientou e que continua a manter este projeto vivo ao longo de várias gerações de estudantes.

FICHA TÉCNICA __________________________________________________ Diretor: Daniel Jacinto; Subdiretores: Beatriz Almeida e Mariana Rocha Design: Catarina Marreiros, Catarina Pinto, Inês Saleiro, Marta Beja da Costa e Raquel Rebelo Política: Ana Tavares, Andreia Góis, Beatriz Cabral, Miguel Poço e Soraia Lampreia Economia: Ana Margarida Gomes, Bárbara Reguengo, Catarina Cardoso, Inês Ferreira e Luís Coelho Internacional: Ana Dias, Ana Fernandes, Bruna Maia, Denise Almeida e Larissa Ribeiro Sociedade: Beatriz Morais, Joana Candeias, Mariana Bárbara e Tatiana Felício Saúde: Beatriz Roldão, Mário Barbosa, Marta Vicente e Rita Cardeira Desporto: Francisca Bettencourt, Marco Amaral, Rita Agostinho, Tales Lobo e Tomás Alves Cultura: Cátia Rodrigues, Jéssica Mestre, Laura Mendes, Margarida Freitas e Pedro Anico Ecologia: Claúdia Sucio, Jéssica Sofia, Joana Serafim, Francisca Pugsley e Mariana Guerreiro Lifestyle: Ana Inglês, Ana Moreno, Roberto Pereira, Tamires Siqueira e Teresa Alexandre Fotografia da capa: Canva MUNDO CONTEMPORÂNEO

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MUNDO CONTEMPORÂNEO _________CONTEÚDO __________________________________________________

I II III IV V VI VII VIII IX

POLÍTICA PS e PSD: Estratégias de combate à COVID-19 no Algarve

ECONOMIA

Orçamento de Estado para 2021 em tempos incertos Regresso à escola: quanto custa em tempo de pandemia?

INTERNACIONAL

Eleições presidenciais nos EUA 2020 Trump vs. Biden sobre a justiça racial

SOCIEDADE

A vida académica em tempos de pandemia Amamentação em Público: um Direito das Mulheres e dos Bebés?

SAÚDE

Stayway COVID – Segurança ou Vigilância?

Os impactos do COVID-19 nos Estudantes "Querido Corona"

DESPORTO

Ténis como desporto seguro Sporting Clube Farense: de novo a sonhar na Primeira Liga

CULTURA

A Palavra dos Profissionais em Perigo de Extinção

ECOLOGIA

A seca em Portugal: Um olhar sobre a Barragem do Roxo O aquecimento global e a alteração da temperatura das Águas em Portugal

LIFESTYLE Estudantes trabalhadores e as suas rotinas Men Going Their Own Way & feminismo radical

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ENTREVISTA

PS E PSD: ESTRATÉGIAS DE COMBATE À COVID-19 NO ALGARVE O grupo redatorial responsável pelo caderno de política da Revista Mundo Contemporâneo entrevistou dois Deputados da Assembleia da Republica eleitos pelo Algarve, Cristóvão Norte do PSD e Luís Graça do PS, para perceber quais são as estratégias que cada um dos partidos pretende adotar face à crise económica dos próximos tempos causada pela pandemia COVID 19.

ASUL :aifargotoF

ognimOD ed ahloF :aifargotoF

Luís Graça (PS)

Cristóvão Norte (PSD)

Sr. Deputado, em termos de OE21, foi criada a medida dos Vouchers

Sr. Deputado, tendo em vista que esta situação se irá prolongar

de IVA na restauração, hotelaria e cultura, acredita que essa

e/ou até piorar, acha que os valores que foram aprovados no

medida irá incrementar a procura no Algarve e beneficiar as

Orçamento de Estado para o Algarve serão suficientes?

empresas Algarvias?

Cristóvão Norte: Não, aliás o Ministro da Economia em Julho tinha Luís Graça: Eu acredito que essa medida é positiva, o Governo tem

anunciado um programa específico para o Algarve e esse

feito um esforço muito grande de preservar a capacidade produtiva

programa partia do pressuposto que a região era adversamente

das empresas e preservar o emprego. O governo investiu ao longo

mais afetada que as demais, ou seja, o exemplo que se verificou na

destes meses mais de 20 mil milhões de euros, essas medidas são

crise de 2009. (...) Ao longo dos últimos meses em relação ao

um estímulo ao consumo (...) o governo anunciou ontem mais de

período homólogo de 2019, o Algarve tem registado perdas no

750 milhões de euros para as empresas divididas, metade a fundo

aumento do desemprego na ordem dos 200%. As mais regiões do

perdido, com público alvo as empresas da restauração, da hotelaria

país têm aumentado desempregos na ordem de 35 a 40%, ou seja, o

e da cultura. Estamos a falar de empresas que tinham equilíbrio

Algarve é uma região que pela sua larguíssima dependência do

financeiro até o fim do ano 2019 e que agora têm quebras na

turismo tem ciclos económicos exacerbados. Quando a economia

faturação acima dos 25% até setembro, o que significa, no horizonte

cresce, ela cresce mais no Algarve, quando a economia decresce

do Algarve quase todas as empresas nestas áreas da hotelaria,

ela decresce no Algarve. Estes ciclos são muito ampliados e

restauração, alojamento, apoio a atividade turística e também da

conduzem a situações muito precárias (...). Ora, nós estamos

cultura que têm uma linha de crédito dedicada de 50 milhões de

perante um orçamento e não há vislumbre do programa nem

euros, (...) eu julgo que as medidas que o governo tem tomado desde

sequer de qualquer tratamento diferenciado no que respeita à

o início quer com o lay-off quer com os programas de apoio às

região, portanto o Governo anunciou bem a intenção, mas não a

empresas, quer com as linhas de crédito dirigem-se para preservar

concretizou. Não concretizando essa intenção sem um programa

a capacidade das empresas produzirem e para que o desemprego não atinja os valores que atingiu em 2014 e 2015.

muito robusto para salvar empresas e salvar empregos, eu temo que o Algarve possa vir a testemunhar uma crise económica e

Estamos a falar num investimento maioritariamente

social sem paralelo e que demorará muito tempo para recuperar.

dedicado a empresas já existentes, haverá, à parte

Porque há aqui outro problema, é que quando o turismo

desse valor, algum dedicado ao investimento público

recuperar, imaginemos que se encontra uma vacina,

assim como a criação de empresas noutras áreas como indústria, agricultura ou o mar?

quer Logótipo: Site Governo

"(...) o Algarve foi durante muitos anos uma região de convergência, pelo menos do ponto de vista estatístico, porque a UE considerou-a como uma região rica, o que fez com que passasse dos cerca de mil milhões de euros de fundos comunitários a cada quadro comunitário de apoio para aquilo que temos agora que são 300 milhões de euros, e no próximo teremos cerca de 400 milhões de euros e em cima deles um programa adicional de mais 300 milhões de euros. (...) e, portanto, estes 300 milhões de euros adicionais devem servir para estimular/apoiar o aparecimento de outro tipo de empresas que não dependam exclusivamente do turismo e que façam com que a nossa

outro

antídoto,

ou

que

a

mortalidade

caí

substancialmente e se recupera grande parte na indústria turística, nós precisamos que essa indústria possa funcionar quando esse momento se der, portanto, se houver uma capitulação das empresas e uma destruição do emprego, é difícil reconstruir de um dia para o outro todo esse edifício económico e social.

O PSD apresentou um pacote de medidas que visam melhorar a economia em Portugal e a vida das pessoas, entre outras.

Especialmente para o Algarve, estão incluídos alguns projetos mais direcionados para a indústria e para a cultura, e que façam com que a região não seja unicamente dependente do turismo e do comércio?

dependência exclusiva do turismo diminua.”

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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I

IMAGEM: CORREIO DA MANHÃ

Neste valor não está contemplada a construção do tão falado

“Atendendo à circunstância do Algarve, nós apresentamos um

Hospital Central, podemos concluir que este será uma realidade no

programa específico para a região que em larga medida foi

Algarve?

aprovado na Assembleia da República e que está disponível no site

“O nosso compromisso é que durante esta legislatura o Hospital

do Parlamento. Esse programa continha um conjunto de medidas

Central do Algarve avance e seja uma realidade, foi esse o

de curto prazo, por exemplo, medidas que faziam equivaler o

compromisso que assumimos há um ano quando pedimos a

investimento noutros setores, o investimento que se faz no interior

confiança aos algarvios nessas eleições legislativas e é essa a

no conjunto de benefícios fiscais, estendê-lo ao Algarve para fazer

convicção que eu tenho hoje, é que nós vamos conseguir resolver

nascer novos negócios e novas empresas noutros setores (...)

os problemas que existem. (...) Este Hospital foi desenhado em 2007/2008, portanto a primeira coisa que é preciso fazer é perceber se um plano funcional de um Hospital de ponta, passado mais de 10 anos, está adequado àquilo que são hoje as exigências. Portanto, agora é preciso, e foi feito também uma avaliação do ponto de vista

"

C. Norte

Há um conjunto de fundos comunitários que a região não tem. Um exemplo paradigmático disso

a

Universidade

do

Algarve

e

a

investigação quando, por exemplo, se constitui um

jurídico, porque todas estas leis que baseiam as PPP’s foram,

é

consórcio

internacional

com

várias

entretanto, alteradas e era preciso perceber se uma PPP lançada

universidades para fazer investigação, se for

em 2008 ainda cumpria todas as regras de uma PPP e, sobretudo, se

uma da zona norte ou do Alentejo elas têm uma

respeitava quer a concorrência quer os preços. Isto é, se os preços

compartição dos 75%, a Universidade do Algarve

estimados em 2008 se mantinham agora. A avaliação que está a ser

se calhar tem 30% ou 35%, portanto

ou não

participa,

que

feita neste momento, já não no Ministério da Saúde, mas no Ministério das Finanças e que ainda terá de passar pelo Tribunal de

ou

o

esforço

financeiro

a

Universidade tem que mobilizar para participar

"

Contas, vai nesse sentido, de que temos condições para avançar

nesse consórcio internacional é muito maior.

nessa PPP e se isso acontecer, após um momento formal da adjudicação, que foi onde ficou suspenso em 2011, foi na

Portanto, o Algarve tem um conjunto de problemas, alguns dos

adjudicação formal da obra, o prazo previsto são 3 anos, portanto,

quais são estruturais e não são de fácil solução e têm de ser

eu estou em crer que é possível, nesta legislatura, avançarmos com

encarados num quadro nacional. (...)”

o Hospital Central do Algarve.”

Outro dos problemas do Algarve é a habitação a custos controlados, uma vez que a maior parte dos residentes perdeu os empregos e com a maioria da perda dos rendimentos já não conseguem pagar o aluguer de uma casa. Qual será a solução do governo, a curto prazo para fazer face a esta realidade?

Luís Graça: Não há grandes soluções a curto prazo porque não há uma varinha mágica para, de repente, fazer surgir casas. Nós, o governo, temos de seguir dois caminhos: um que é o que chamou o “Primeiro Direito”, nós infelizmente temos ainda muitas pessoas a viver em barracas no Algarve, coisa que em muitas outras zonas do país já não existe, temos muitas famílias a viver não direi em barracas, mas em casas sobrelotadas e com más condições/péssimas condições de vida. A habitação é uma competência que há muitos anos foi passada para as câmaras municipais, (…), e as câmaras municipais não têm meios, sozinhas, para resolver os problemas da habitação, sobretudo quando acabamos aqui de ver a dimensão que têm na região do Algarve. O governo criou um programa com financiamento que está também dentro do plano de resiliência e recuperação, em que desafiou as câmaras municipais a desenvolver as estratégias locais de habitação.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

O Hospital Central de que falou há pouco é uma realidade ou apenas um projeto que não passará do papel?

“Neste momento não é realidade nem projeto. A história é muito simples: em 2002, aquando do Euro, estabeleceu-se um protocolo da Câmara Municipal de Faro e de Loulé, desenvolveram-se os estudos para se fazer um novo hospital no Parque das Cidades, ao lado do Estádio, e em 2005 o Ministro Correia de Campos do partido socialista fez uma coisa muito bem feita e disse assim: “Toda agente chega aqui a bater-me à porta a dizer que quer um hospital novo em cada sítio e eu vou mandar fazer um estudo”. Estudo esse que foi pela escola de negócios do Porto por um ex-ministro que era o Daniel Bessa com um conjunto de parâmetros para dizer onde é que, em função de um conjunto de indicadores, eram mais necessárias essas novas gerações de novos hospitais e o resultado do estudo foi o Algarve em segundo lugar. Ora, o que é que aconteceu? Foi lançada a primeira pedra para se desenvolver uma parceria público-privada que teve lá o Sócrates e por aí fora e, em 2009, quando o dinheiro acabou e entrou a crise aquilo parou, pois faltava negociar com a privada. Em 2017, voltou o Governo do partido socialista e anunciou 3 novos hospitais que estavam na lista. Anunciou Lisboa dos Santos que estava em primeiro, o de Évora que estava em terceiro, o do Seixal que estava em quarto e a Madeira.

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Aquilo que eu sei é que há vários municípios do Algarve que já

O Algarve que estava em segundo foi o único que não foi anunciado

apresentaram as suas estratégias locais de habitação, por exemplo,

e eu protestei na Assembleia da República e apresentei propostas

Loulé. (…) a Câmara Municipal de Loulé fez nessa estratégia local

no orçamento de estado que vieram a ser chumbadas, as minhas

de habitação que prevê quer a construção de habitações, quer a

propostas foram basicamente para respeitar as ordens do estudo

recuperação de edificado antigo e devoluto (…), quer a compra de

técnico, não sou eu que estou a dizer e, portanto, nós neste

habitações que estão construídas, de privados, de loteamentos, quer

momento não temos projeto de novo hospital. Temos no orçamento

para vender quer para alugar, isto é, eu julgo que não há uma

que se irá fazer um estudo, mas não há estudo nenhum.

varinha mágica, como lhe disse, para resolver este problema mas o

Acha que há a colaboração dos proprietários das casas para dar a

âmbito destas estratégias locais de habitação.

Como Autarca, devo dizer que se queremos ter uma resposta rápida temos de jogar

mão de habitações que já existam, e pôr no

mercado de arrendamento a preços acessíveis porque se formos partir para a construção pura estamos a falar de algo que vai demorar muitos anos, entre lotear um terreno, fazer os projetos, e construir as casas para as por no mercado estamos sempre de períodos de 3 a 4 anos, portanto, há municípios que têm avançado para aquisição de habitações que já estão em execução no mercado privado, têm negociado com esses loteadores e que vão disponibilizar essas casas para o mercado de arrendamento a custos controlados, eu diria a custos acessíveis para as famílias trabalhadoras.”

volta a esta situação [da habitação a custos controlados] ?

“Eu acho que não é uma situação fácil porque quem é senhorio não está a abdicar do rendimento. Há senhorios que o único rendimento que têm também é o provento das casas, portanto não é uma situação fácil. Eu acho que as moratórias são uma boa medida porque as pessoas não têm emprego agora, mas podem vir a ter e podem conseguir pagar, mas acho que mais para a frente, provavelmente, poder-se-á tomar decisões mais drásticas havendo se calhar algumas partes que venham a ser a fundo perdido.

Entretanto, acho que o mercado vai reacertando e fará uma baixa de preços. Ninguém consegue construir casas de hoje para amanhã e se calhar esse é um problema, é não haver planeamento

Visto que o PSD recomendava anteriormente o reforço das

de habitação a custos controlados e sobretudo um problema que

ligações aéreas da TAP com a região, especialmente as

no Algarve se verificou é que a crise de 2008 foi uma crise que teve

internacionais e a promoção de um programa de captação de rotas

uma entrada pelo imobiliário, isso fez falir 50% da indústria da

aéreas para o Algarve e que tinha sido aprovado, dado que neste

construção civil no Algarve.(...) Os italianos descobriram o Algarve,

momento veio a público que a TAP necessita de pelo menos 100

os franceses descobriram o Algarve, a mobilidade está cada vez

milhões de euros mensais do governo para se manter ativa, acha

mais facilitada e as pessoas adquirem casas como forma de

que vale a pena continuar com a transportadora em Portugal?

investimento e numa região turística como o Algarve isso tem efeito. (...). Fazemos uma coisa mal, quando fazemos habitação

Luís Graça: Eu acho é que o PSD devia responder porque é que

pública depois vendemos as casas às pessoas, não devíamos, elas

privatizou a TAP e a ANA Aeroportos. Isto é, o PSD não pode

deviam continuar no arrendamento e as pessoas que não

primeiro privatizar a ANA e privatizar a TAP, e depois vir dizer que

necessitassem de habitação pública deviam ir para outras

o Estado tem de fazer com que a TAP capte novas rotas e faça

habitações para que aqueles que, por alguma razão, perdem os

novos investimentos, quando privatizou a TAP, isso é que me

rendimentos pudessem ocupar aqueles lugares. (...).”

parece claramente incompatível. Eu acho que o país, um país como o nosso, um país com uma diáspora muito grande, um país com uma influência em vários continentes pela força da língua portuguesa que é falada em vários continentes, um país com muitos emigrantes e um país onde o peso do turismo é muito importante, o turismo não é só importante para o Algarve, o turismo é importante para o país, esta função justifica uma companha aérea. O problema que se coloca aqui é que as regras comunitárias hoje impedem depois uma companhia aérea de bandeira de fazer aquilo que eu acho que devia fazer, isto é, ter uma política de acordo com estas necessidades que eu aqui disse.As próprias regras comunitárias da concorrência fazem com que depois a TAP também não possa fazer tudo aquilo que nós desejaríamos fazer, para dizer que o país com esta expressão, como nós temos, justifica ter uma companhia aérea.

Falando da TAP, na altura o senhor deputado, manifestou-se por a TAP não fazer parte do corredor aéreo do Algarve. Visto que, agora, a empresa veio pedir 100 milhões de euros por mês para se manter ativa, acha necessário manter essa transportadora?

Cristóvão Norte: “A TAP tem historicamente contribuído muito pouco para o Algarve e se me perguntam o que prefiro, prefiro que se dê apoio a outras companhias aéreas, à Ryanair e à Easyjet e a outras que sirvam o Algarve, do que esbanjar recursos na TAP, isto no que a Faro diz respeito. A questão fundamental da TAP colocase no quadro nacional. A TAP não procura oportunidades no Algarve e nem creio que o vá fazer no futuro. E, no quadro nacional a questão é, quem considera que a TAP tem um interesse estratégico para o país, esse interesse estratégico resulta de Portugal poder funcionar como uma plataforma de triangulação entre a Europa, Brasil e os EUA.

Fotografia: Jornal Económico

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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I O Estado português já disse… a alternativa é deixar falir a TAP, eu não sei se é essa a alternativa que o PSD defende, mas até hoje o PSD não foi capaz de dizer que depois de ter privatizado a TAP quer agora que a TAP vá à falência.

O governo já disse no

parlamento que vai fazer de tudo para viabilizar a empresa (...) A verdade é que a TAP hoje é absolutamente residual na região do Algarve, o que nós precisávamos que a TAP fizesse era estabelecer mais ligações entre Faro e Lisboa, isto é, que um passageiro que venha de qualquer parte do mundo e que não venha diretamente para Faro e que aterre em Lisboa não precise de esperar variadíssimas horas, meio dia, por exemplo, para chegar a Faro, esse é que era o contributo que a TAP devia fazer em relação a Faro, porque nós felizmente temos ligações para inúmeros pontos do mundo sem precisar da TAP.Isso significa, e com orgulho digo isto porque sou um algarvio com orgulho, que a região teve essa capacidade de prescindir e de encontrar alternativas à TAP e quero dizer também, porque seria injusto não o fazer, que a Região de Turismo do Algarve tem feito um esforço muito grande quer para que a Ryanair e a Easyjet assentem bases em Faro, como agora mais recentemente a Easyjet veio fazer, e eu quero aqui frisar o papel quer da Região de Turismo quer do Ministério da Economia, tanto a assegurar que estas duas companhias aéreas mantém aqui uma estrutura e uma presença forte, como na procura de outras rotas que têm sido anunciadas. Aliás, nestas

Por exemplo, há voos da TAP de Lisboa até Tel Aviv, Isreal, que dão prejuízo. Mas porque é que esse voo existe? Porque se esse voo não existir, os voos Nova York, ou do Rio de Janeiro com paragem em Lisboa perdem atratividade. Ou seja, a TAP, vamos meter lá 1200 milhões para começar, ela vai ser restruturada, mas se a sua capilaridade de relações com a Europa se perder, ou seja, se o número de rotas se reduzir drasticamente, isso vai afetar essa orientação estratégica de plataforma e, portanto, aí podemos meter o dinheiro e perder tudo. O que eu digo é o seguinte, vamos olhar para ver como e que isto vai ficar, porque não vale a pena estar a meter o dinheiro para uma coisa que vai ser destruída de qualquer das formas.”

Nesta altura acha que faz sentido repensar-se numa regionalização para o Algarve?

Cristóvão Norte: Eu acho que faz, eu acho é que não se pode fazer sem referendo, a partir do momento em que a questão foi submetida a referendo, não há outra forma de a resolver. Aí, os partidos têm de chegar a acordo para que se faça um referendo.”

Esta pandemia veio comprovar que há sérias lacunas no SNS no Algarve assim como em outros serviços públicos. Há alguma forma de contornar isto?

“Vem comprovar, mas quer dizer... nós comparados com outros

ultimas semanas tem havido, por muito estranho que pareça

países, eu não creio que estejamos particularmente mal desse

porque a atividade aérea tem caído imenso, a notícia de outras

ponto de vista. Eu vejo que há dificuldades nos primeiros

rotas em direção ao Aeroporto Internacional de Faro, não é a TAP,

momentos. As coisas são obviamente difíceis, eu não tenho

mas pronto… significa que o Algarve é uma região turística de

dúvida nenhuma. O que eu acho é que o erro é nós termos neste

facto muito boa, com muita procura e que, não querendo a TAP

momento consultas, cirurgias em atraso, e não admitirmos (...) o

voar para aqui, voam outras companhias aéreas.

que me interessa a mim não é quem presta o serviço, isso para

"

Luís Graça

Eu tenho pena que a TAP não o faça, não cumpra o papel que devia cumprir em relação ao Algarve e ao país enquanto companhia de bandeira de um grande país

mim é irrelevante, quero que uma pessoa que precise de uma consulta, que tem que fazer um exame diagnóstico seja atendida.

Neste momento, em função da dedicação à Covid, o Serviço Nacional de Saúde não encontra resposta para estas pessoas.

Tem que se permitir que estas pessoas utilizem a capacidade

que é Portugal, com uma presença no

instalada nos serviços privados. Não faz rigorosamente sentido

mundo muito grande.

nenhum que o modelo não evolua para isto, sendo que há

"

Tenho pena, percebo que há limitações como disse do ponto de vista comunitário da concorrência, percebo, mas ainda assim acho que a TAP podia fazer muito mais e acho que o país ganhava e a TAP também.”

determinados serviços que só o público é que pode prestar porque eles acabam por não ser rentáveis para o privado.

Portanto, deve haver aqui uma complementaridade entre público e privado, procurarmos mais eficiência e sobretudo assegurar uma distribuição equitativa dos recursos. Em Portugal, não temos uma equitativa dos recursos. Temos um excesso de médicos em Lisboa, Porto ou Coimbra. Cada vez mais, temos de desmaterializar serviços, há um conjunto de serviços que não são tratados como devem ser.”

Comparando de forma sintética as opiniões aqui registadas, podemos notar que os deputados seguem pontos de vista divergentes. No que toca a verbas aprovadas no Orçamento de Estado para 2020, o deputado Luís Graça (PS) evidencia esforços feitos pelo Governo e salienta que está a ser feito um investimento muito grande na região do Algarve. Em contrariedade, o deputado Cristóvão Norte (PSD) admite que as verbas não são suficientes e que falta um programa específico para a região Algarvia. Focando o tema do novo Hospital Central do Algarve, também é visível a discordância de ambos. O deputado do PS revela haver um compromisso e uma possibilidade de, na presente legislatura, a construção do HC do Algarve estar concluída. Já o deputado social democrata afirma não haver nem sequer o projeto para este novo hospital. É de salientar que o ponto de convergência entre ambos parece focar-se na importância da presença de companhias aéreas privadas, como a Ryanair e a Easyjet, em alternativa à TAP, no Algarve, onde esta apresenta imensas debilidades e falta de presença na região.

POR ANA TAVARES, ANDREIA GÓIS, BEATRIZ CABRAL, MIGUEL POÇO E SORAIA LAMPREIA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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SÍNTESE

ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2021 EM TEMPOS INCERTOS A pandemia de COVID-19 abalou forçosamente as estruturas socioeconómicas do país. A linha de estagnação económica que vínhamos traçando até então, fruto de uma resiliência imensa dos portugueses no período póscrise de 2008, sofreu uma grave desestabilização, sendo escassa a esperança de uma rápida recuperação da economia.

Grande parte do comércio, da restauração e dos serviços particularmente os locais), paralisados durante toda a quarentena,

O Orçamento terá três prioridades, tendo em vista o atenuar da inevitável crise que se aproxima:

foram obrigados a suportar o peso das repercussões do seu

(1) Proteger quem trabalha;

encerramento. Milhares de estabelecimentos faliram, milhares de

(2) reforçar a saúde; e

trabalhadores

(3) defender os rendimentos das famílias portuguesas.

ficaram

no

desemprego,

milhares

de

famílias

perderam uma fatia dos seus rendimentos. Os hospitais, por sua vez, tiveram de dar resposta a uma nova realidade para a qual o Serviço Nacional de Saúde não estava preparado. Foram postas em risco as vidas de milhares de profissionais de saúde e deixadas em standby as de milhares de doentes com condições não relacionadas com o SARS-CoV-2.Esta conjuntura afundou o país em incertezas. O Governo, contudo, procedeu sempre numa tentativa de cimentar a sua estabilidade, mantendo uma postura otimista face ao futuro.

É neste contexto que surge o orçamento de Estado para 2021.

O ministro começou por afirmar que, como já era esperado, a queda da economia e do PIB, este ano, deverá situar-se nos 8,5%. No entanto, antecipa-se, para 2021, uma recuperação robusta do PIB de 5,4%. Caso tal se verifique, as estimativas do Governo para 2022 são de um crescimento saudável que deverá atingir níveis pré-crise (números semelhantes aos obtidos em 2019). Para alcançar esta meta, o OE prevê o investimento de 900 000 000€ em medidas com vista à manutenção e criação de empregos, sendo esta uma preocupação central da política económica e orçamental, através de intervenções no âmbito da dinamização do setor laboral, como o empreendimento de políticas ativas de emprego e de formação profissional. A proteção

O Orçamento de Estado (OE) é um documento redigido pelo Governo e

do rendimento das famílias será também uma das principais linhas

apresentado todos os anos, em outubro, à Assembleia da República

de ação, estando incluídas no OE medidas de natureza social, como,

para aprovação. É o instrumento que prevê a gestão das receitas e

por exemplo, a redução de determinados impostos, como o IVA sobre

despesas do Estado Português, incluindo as da segurança social,

a eletricidade, o alojamento, a cultura e a restauração, para benefício,

sendo a sua aplicabilidade referente ao ano seguinte à sua aprovação.

particularmente, dos agregados familiares mais afetados pela

Foi no passado dia 12 de outubro que João Leão, atual ministro das

pandemia. O Governo irá apostar no estado social como pedra basilar

Finanças e da Economia, apresentou, numa conferência de imprensa,

da resposta à atual crise, sendo as suas duas maiores apostas, nestes

os planos para o Orçamento de Estado para o próximo ano (2021).

tempos de pandemia, a educação e a saúde.

FOTOGRAFIA: CANVA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

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II itando o ministro, " a Educação [será] a chave do desenvolvimento para o país" será, portanto, aplicado, face às dificuldades enfrentadas no que toca ao ensino em tempos de pandemia, um programa de digitalização das escolas, num valor de mais de 400 000 000€.O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi talvez um dos principais pontos de destaque durante a redação do OE. Tendo em conta as deficiências demonstradas em termos de resposta à pandemia, canalizar-se-ão verbas para o SNS na ordem dos 470 000 000€, prezando a melhoria da capacidade e da eficiência dos serviços hospitalares. Neste sentido, contratar-se-ão mais de 4200 profissionais de saúde para o SNS e mais de 260 profissionais para o INEM e haverá um investimento em equipamentos e na construção de novos hospitais. Tendo também em atenção a arriscada exposição dos profissionais de saúde ao vírus, o OE prevê a criação de um subsídio de risco equivalente a 20% dos seus salários.

Para além dos três grandes objetivos do OE, delinearam-se ainda 4 desafios estratégicos a confrontar neste próximo ano: as alterações climáticas, a demografia, a sociedade digital e desigualdades. No seu discurso, o ministro das finanças proferiu que seria adotado um rigor nas contas públicas, mas que isso não seria nunca um sinónimo de austeridade. Com este orçamento, Portugal conseguirá suportar as dívidas públicas e poupará cerca de 3 000 000 000€ em juros, relativamente a 2015. O OE foi visto pelo Governo como a resposta firme de que o país precisa. É mais que certa a necessidade de reforço do SNS e dos outros serviços públicos, face à crise pandémica.

Mas será este o Orçamento correto para Portugal?

No passado dia 28 de outubro, o OE foi votado no Parlamento. Não obstante ter sido aprovado na sua generalidade (graças aos votos do PS), toda a direita, juntamente com o Bloco de Esquerda, votou contra a sua aprovação.

Os

restantes

partidos

abstiveram-se.

Esta

votação

revelou

o

descontentamento das fações políticas relativamente às medidas propostas.

Há uma ideia generalizada de que este instrumento económico será demasiado conservador para ser aplicado numa altura como a que vivemos.

Enquanto que a esquerda protesta a favor de um mais completo pacote social, a direita contesta a falta de uma resposta satisfatória às carências das empresas. Fala-se de um Orçamento convencional, que fica aquém das necessidades que advieram das novas e complexas circunstâncias, pouco diferente dos que lhe antecederam. Para além disso, não comporta a chegada dos fundos comunitários da União Europeia, não havendo, portanto, na opinião dos críticos, nenhuma articulação prevista entre os dois. O OE carece de medidas a médio prazo, ocupando-se maioritariamente com soluções temporárias. Até à data, o OE apenas foi aprovado na sua generalidade, não havendo ainda certezas relativamente à sua redação final. Será agora debatido na especialidade, devendo os partidos entregar as suas propostas de alteração até ao dia 13 de novembro. O documento vai ser sujeito a votação final no dia 26 de novembro, apenas aí teremos uma ideia oficial daquilo que vai ser o “guião moral” do Governo no próximo ano de 2021.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

POR CATARINA CARDOSO E LUÍS COELHO

9

II

SÍNTESE

REGRESSO À ESCOLA QUANTO CUSTA EM TEMPO DE PANDEMIA? Acompanhando a dinâmica vivida este ano por causa da pandemia do coronavírus, o ano letivo 2020/2021 têm-se revelado, ainda antes do seu começo, atípico, tendo começado a ser preparado desde meados de maio de 2020, muito mais cedo do que qualquer outro. O álcool gel e a máscara passaram a fazer parte do material escolar dos alunos, desde o ensino básico ao universitário, e os custos de estudar reduziram significativamente.

De acordo com o estudo Observador Cetelem Regresso

rior,

às Aulas 2020, partilhado a 10 de setembro de 2020

internacional emergente associada à Covid-19”. Os

pelo jornal online Dinheiro Vivo, os pais dos alunos,

estudantes universitários suportam com um maior

desde o ensino pré-escolar até ao secundário,

embate financeiro quando comparados com alunos

gastaram em média 340€, o que consta de uma

de outro nível, pois estão sujeitos ao pagamento de

redução de 6,3% comparado a 2019, apresentando-se

propinas e, maioritariamente, ao pagamento de

como o regresso às aulas mais barato desde 2016. A

alojamento que, aliado aos custos de vida básicos

justificação para esta redução poderá ser encontrada

(alimentação e despesas como água, luz e internet),

no facto da maior parte dos encarregados de educação

continua a revelar-se como a maior despesa a

obter gratuitamente os manuais escolares para os

enfrentar por alunos deslocados das suas moradas

discentes, existindo uma subida também nos pedidos

de residência durante o período de aulas. Fontes

de ajuda social nas escolas e um aumento dos alunos

revelam que o valor do alojamento continua igual

subsidiados para o ano letivo 2020/2021.Ao nível do

quando comparado com o ano de 2019, mantendo-se

Ensino Superior, as faculdades portuguesas contaram

entre os 250€ - 280€ por quarto. Apesar disso, e

com o maior número de inscritos desde 1996, de

surgindo quase como “compensação”, o valor das

acordo com os dados da Direção-Geral do Ensino

propinas para o ano letivo 2020/2021 é o mais baixo

Superior (DGES), só em primeira fase foram quase 63

desde 1996. Já o ano passado o valor tinha passado

mil candidaturas. A 11 de maio do ano presente,

de 980€ (2018/2019) para 870€ (2019/2020), no

Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e

entanto, na sequência nas negociações da Proposta

Ensino Superior, afirmou ao Diário de Notícias que

do Orçamento de Estado previsto para 2020 foi

“terão de ser adotadas medidas de ensino combinado:

possível haver uma redução de 20% das propinas,

presencial e à distância” abrindo o Ensino Superior a

chegando ao valor de 697€. Aliado a isto, a Direção

mais jovens, e destacou que se vai viver uma “situação

Geral do Ensino Superior (DGES) irá distribuir mais

crítica

associada

desemprego”,

no

contexto

da

crise

uma

das

bolsas de estudo no presente ano letivo, havendo

pandemia.

Este

ainda um aumento do valor da bolsa mínima

aumento do desemprego atingiu em setembro do 2020

atribuída que será de 871€ valor correspondente a

os 108 892 mil desempregados, mais 0,2% (= 843) que

125% do valor da propina máxima paga pelo

no mês de agosto e mais de 36,1%, quando comparado

estudante de licenciatura). Existirá ainda um reforço

a setembro do ano anterior. O ministro declarou ainda

das medidas de apoio ao alojamento a estudantes

que “o aumento de candidatos ao Ensino Superior

bolseiros e, para que haja uma aceleração no

público representa um sinal de confiança dos jovens e

processo de atribuição e pagamento das bolsas,

das suas famílias na formação supe-

todas as atribuições automáticas passam a ser da

consequências

ao

especialmente

provocadas

pela

competência do Diretor-Geral do Ensino Superior.

POR ANA MARGARIDA GOMES, BÁRBARA REGUENGO E INÊS BRAVO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

10

FOTOGRAFIA: CANVA

ANÁLISE

ELEIÇÕES AM

Na eleição de 2020, os americanos decidem entre dois candidatos: presidente Donald Trump e Joe Bid

a 2017. Entre 1973 e 2009, também exerceu seis mandatos consecutivos como senador pelo Delaw

personalidade televisiva e político. O atual presidente foi eleito pelo Partido Republicano

SAÚDE

EDUCAÇÃO

MEIO AMBIENTE

Regresso à OTAN;

BIDEN

Reverter a saída dos EUA da OMS; Programa nacional de rastreamento de contatos e testes gratuitos;

IMPOSTOS E ECONOMIA

Bolsas e perdão de dívida para pouca renda;

Uso de máscaras obrigatória em público;

community colleges;

Retorno dos EUA no Acordo de Paris; Clean Energy Revolution;

Desnuclearização da Coreia do Norte; Seguro-desemprego; + impostos sobre lucros de capital e empresas; + Salário mínimo;

IMIGRAÇÃO Melhorar a infraestrutura de controlo nos portos de entrada dos EUA em vez de muro; Reforma migratória; Flexibilizar sistema de vistos em certos casos;

A eleição presidencial dos EUA ocorre de maneira distinta da portuguesa. Além dos presidentes americanos não serem eleitos de maneira direta pelo povo, um candidato corre o risco de não ser eleito ainda que tenha maior número de votos em comparação aos seus adversários com o sistema “Winner takes all”. O primeiro debate ocorreu em 29 de setembro através da TV Fox News e gerou bastante repercussão nas redes sociais pelo caos.

Com 90 minutos de duração e sem intervalos, o jornalista responsável por mediar o debate, Chris Wallace, não foi capaz de conter as falas sobrepostas e ataques pessoais de ambos os rivais. Apesar do atual presidente afirmar que outros líderes mundiais elogiaram seudesempenho na contingência da pandemia apesar dos media insistir em atribuir aspetos negativos, Biden ri da afirmação ao serem indagados sobre o coronavírus e satiriza “Ele disse que estamos a aprender como viver com ele (o Covid-19). Nós estamos a aprender como morrer com ele”. Além disso, a discussão acerca da política de imigração também rendeu polémicas. “Eles colocaram a foto de uma dessas grades horríveis em um jornal e disseram 'olhe para essas grades, o presidente Trump as construiu.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

12

III

MERICANAS

FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE INTERNACIONAL

den. O democrata Joe Biden foi vice do ex-presidente Barack Obama nos seus dois mandatos, de 2009

ware, período em que presidiu importantes comitês do Senado. Donald Trump é um empresário,

o ao derrotar a candidata democrata Hillary Clinton em 2016 e tentava agora a reeleição.

SAÚDE

EDUCAÇÃO

Doou US$ 10 bilhões para desenvolvimento de vacina contra covid-19;

Manutenção das propinas anuais aos estudantes de ensino superior;

Exploração de petróleo e gás na Reserva Natural do Ártico; Promoção do uso decombustíveis fósseis em relação às energias renováveis;

IMPOSTOS E ECONOMIA

IMIGRAÇÃO

Impostos menores para empresas nacionais e maiores para produtos da UE;

Construção do muro na fronteira do México;

Cortar imposto sobre salário;

+ Políticas imigratórias;

Defende o T-MEC;

TRUMP

Saída dos EUA da OMS;

MEIO AMBIENTE

Fim da DACA;

Guerra comercial com China;

Por outro lado, o segundo debate que ocorreu a 3 de novembro em Nashville contou com novas regras, como a do microfone desligado para evitar interrupções. Donald Trump participou no debate, tentando manter a calma, e conseguiu na maiorparte do tempo, ajudado pela nova regra do silenciamento, que o mesmo tinha criticado antes do debate. O último confronto entre o presidente Donald Trump e Joe Biden foi mais civilizado e apesar do republicano acusar Biden de não ter resolvido problemas em sua vice-presidência e chamá-lo de político típico, não mudou a trajetória da corrida eleitoral. Por outro lado, Biden também o chamou de “um dos presidentes mais racistas que já tivemos na história moderna”. Uma das afirmações mais faladas pelos media foi que enquanto Trump tentava atacar diretamente o adversário, Biden se dirigia aos americanos com suas falas". Não se trata da família dele ou da minha, mas da sua família", disse Biden com o olhar direto para a câmara na tentativa de atingir os eleitores com os quais esperava impactar.

POR ANA DIAS, BRUNA MAIA E LARISSA RIBEIRO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

13

there comes a time where silence is betrayal Martin Luther King Jr.

FOTOGRAFIA: CANVA

III

SÍNTESE E CRONOLOGIA

TRUMP VS. BIDEN SOBRE A JUSTIÇA RACIAL Encontra-se na reta final o processos eleitoral com mais

Por outro lado, o democrata Joe Biden aceitou o conceito de

destaque desde o início de 2020 – as eleições presidenciais

«Black Lives Matter», frisando as disparidades no país e,

dos EUA. Estas que deram tanto que falar pelos confrontos

numa entrevista a Robin Roberts do ABC, mencionou que

marcantes nos debates eleitorais e pelas discrepâncias de

«existe uma diferença fundamental entre mim e o Donald

opinião entre os candidatos. Mas, o que foi dito por Presidente

Trump na questão da raça em geral». Biden acrescentou: «Este

Donald Trump e elo democrata Joe Biden, em torno dos

é um homem que passou toda a sua carreira a denegrir os

acontecimentos que despertaram a população, e o mundo,

afro-americanos». Filadélfia tornou-se alvo de notícia pelos

para a (in)justiça racial na América? Face aos acontecimentos

manifestos e confrontos violentos entre as autoridades e os

trágicos e emocionais que têm preenchido os media neste ano confuso em que nos

manifestantes gerados pelo mais recente

encontramos, é importante salientar e

de Walter Wallace Jr., de 27 anos, por parte

entender verdadeiramente um dos mais

da polícia. Este trágico acontecimento

marcantes – o movimento «Black Lives

trouxe de novo à ribalta, questões de

Matter». Este começou com um hashtag,

racismo e de brutalidade policial existentes

cofundado

para a frente das eleições presidenciais nos

por

três

organizadores

tiroteio, a 26 de outubro, que levou à morte

da

comunidade negra – Patrisse Khan-Cullors,

seus

Alicia Garza e Opal Tometi – em 2013. O

presidencial, a história racista da América

movimento nasceu perante a morte de

foi abordada e confrontada, tanto por

Trayvon Martin, um adolescente negro

Trump

desarmado que foi morto por um tiro fatal

visivelmente

de um policia. A organização tem, então,

Trump

um

comunidade

objetivo

simples

–

dedica-se

ao

combate ao racismo e à violência contra a

dias

finais.

como

No

por

Biden,

divergente.

afirmou

último

ter

O

feito

Afro-Americana

debate

de

forma

Presidente mais

pela

do

que

qualquer outro presidente desde Abraham

comunidade negra, principalmente na estes

Lincoln, declarando ainda que é « a pessoa menos racista nesta sala ». Ao qual Biden respondeu «aqui

acontecimentos trágicos aumentaram, consequentemente, o

Abraham Lincoln é um dos presidentes mais racistas da

movimento cresceu, passando dum ecrã para as ruas. Em

história americana moderna».

2020, após a trágica morte de George Floyd, que abalou a

independentemente, dos resultados eleitorais que ditam o

comunidade afro-americana, os EUA foram diariamente palco

próximo Presidente dos EUA, a opressão e segregação racial

de protestos enormes pelos ativistas do BLM, contagiando,

encontram-se intrínsecas no sistema judicial e apresenta,

não só nacional, mas como também internacionalmente, para

atualmente,

a

forma

de

prática

brutalidade

destes

policial.

manifestos.

À

medida

Trump

que

designou

uma

grande

É preciso salientar que,

ameaça

para

a

democracia

este

americana. O desafio será consciencializar uma nação, muito

movimento como «um símbolo de ódio» e, após terminar com

habituada ao racismo sistémico no sistema de justiça, para a

uma regra de habitação estabelecida desde a presidência de

importância de uma visão de um país que respeita a equidade

Barack Obama – destinada a combater a segregação racial –

e a justiça racial, independentemente da política partidária.

alimentou o medo dos racistas.

FOTOGRAFIA: NEW INTERNATIONALIST

POR ANA FERNANDES E DENISE ALMDEIDA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

15

REPORTAGEM

A VIDA ACADÉMICA EM TEMPOS DE PANDEMIA

As máscaras e o álcool em gel passaram a fazer parte da lista de material essencial nas escolas e universidades e o distanciamento social é uma das regras a cumprir.

O início do ano letivo é um dos momentos mais expectantes na vida de todos os alunos. É o início de mais uma etapa da sua vida académica e, portanto, é uma fase na qual todos os estudantes fazem planos e se organizam para retomar as suas atividades. Este ano, dada a situação de pandemia que Portugal e o Mundo atravessam, o regresso às aulas foi um pouco fora do “normal” a que todos os alunos estavam habituados. As máscaras e o álcool em gel passaram a fazer parte da lista de material essencial nas escolas e universidades e o distanciamento social é uma das regras a cumprir.

Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, afirma que, tal como era de prever, a organização deste novo ano letivo foi diferente de todos os anos anteriores e garante que a principal preocupação foi a de seguir todas as recomendações dadas pela Direção Geral de Saúde e pela Direção Geral do Ensino Superior. Descreve as medidas tomadas e que alterações é que ocorreram na Academia, de modo a que tudo corresse da melhor forma possível:

“Este ano fizemos os horários um pouco mais tarde, porque tem havido muita incerteza relativamente à evolução da situação epidemiológica. Em articulação com as Unidades Orgânicas, com os Diretores das Unidades Orgânicas e com os Presidentes dos Conselhos Pedagógicos, fomos trabalhando e encontrando uma solução que tivesse algum grau de flexibilidade”.

Paulo Águas afirma que o ensino presencial foi privilegiado e que era essencial ter o menor número de alunos nos Campi, sendo que, para esse fim, a organização passou por diminuir a capacidade máxima das salas de aula, reforçar ao máximo a higienização da Instituição e estabelecer o uso obrigatório de máscara por todos os alunos, funcionários docentes e não docentes, sempre que se encontram nas instalações da UAlg. O Reitor admite que estão a decorrer aulas em espaços onde, até então, nunca tinham decorrido, como é o caso do Grande Auditório no Campus de Gambelas, e manifesta que, dentro da situação atual, têm de se adaptar a todas as mudanças. Assegura que o feedback que tem recebido é que os estudantes aderiram às novas normas de forma positiva e estão a ter comportamentos, em geral, exemplares:

“Os alunos preferem aulas presenciais mesmo com as regras de adaptação do que estarem em casa confinados a ter aulas online, e por isso têm tomado todas as precauções para que isso seja possível.”

MUNDO CONTEMPORÂNEO

16

IV No que toca às praxes, estas são atividades comuns em todas as universidades do país, mas este ano não puderam ser realizadas dentro dos padrões “normais”. Na Universidade do Algarve, foi divulgado um Despacho Reitoral que proibia todas as atividades de carácter praxista dentro dos espaços da Academia, mas Paulo Águas reconhece que essas atividades ocorrem fora dos Campi e testemunha que, de um modo geral, os alunos tiveram uma resposta apropriada no contexto de praxes e pandemia e atesta que houve uma grande preocupação com a saúde pública. Contudo, o Reitor da Universidade do Algarve deu o seu parecer em relação às atividades de praxe, mesmo sem estarem associadas ao contexto de pandemia, dizendo que não compreende muitos dos valores praxistas e demonstra o seu desejo de que haja uma evolução futura na forma de receção aos novos alunos.

Com a presente evolução pandémica e com o número de casos de contágio a aumentar a cada dia que passa, muitas são as escolas e universidades onde alunos testaram positivo ao novo Coronavírus e a Universidade do Algarve não é exceção. No entanto, Paulo Águas assegura que as situações de casos positivos na Universidade foram pontuais e que, no contexto atual, devem ser vistos como normais, dizendo ainda que houve sempre muita vontade de resolver essas situações, tornando os espaços da Universidade do Algarve um local seguro.

FOTOGRAFIA: "UALG.PT"

Beatriz Bernardo, aluna do 1º ano do Curso de Licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade do Algarve, é uma entre muitos outros alunos que recentemente chegaram à Universidade. A aluna esperava vivenciar o espírito académico, os convívios e as festas como aconteceu em anos anteriores, mesmo com o aparecimento da COVID-19. Ainda assim, a sua entrada na UAlg não deixa de ser um momento bastante marcante para a sua vida pessoal e académica. Relata que sempre soube que tanto a Universidade como os colegas e os professores fariam tudo para que se sentisse bem-recebida.

"Nunca desanimei” afirma a mais recente aluna. A jovem alega que este regresso às aulas presenciais, num meio desconhecido, trouxe algum medo e desconforto e acredita que o uso da máscara, a constante desinfeção das mãos, o distanciamento social e a consciência por parte de cada um, ajudará a prevenir a propagação do vírus e a reduzir o medo.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

17

.As praxes são a grande tradição dos novos alunos, de

"Tenho muitos objetivos e projetos para realizar no

forma a se integrarem na vida académica. Beatriz,

futuro. Nunca fui de desistir ou desanimar seja por

afirma que sempre quis participar nesta tradição de

que razão for."

iniciação da vida universitária, considerando, por isso, que seria algo bastante importante para o seu

Para terminar, a jovem faz um balanço positivo à

percurso.

sua entrada na Universidade do Algarve. Joana

Esta admite que louva bastante o trabalho, coragem e

Pereira, aluna do 2º ano do Curso de Licenciatura

determinação que os seus Académicos tiveram face à

em Ciências da Educação e da Formação na

realização das variadas atividades praxistas. Beatriz

Universidade do Algarve, conta como foi, em

afirma que os alunos do 3º ano fizeram os possíveis e

comparação com o seu 1º ano, regressar às aulas

os impossíveis para que estes se sentissem seguros e

num ano em que existem várias restrições e

protegidos, distribuindo máscaras e álcool gel por

limitações.

todos, prestando máxima atenção de modo a evitar um

A aluna afirma que no ano letivo anterior sentiu

elevado número de aglomerados e respeitando sempre

uma

as regras impostas pela DGS.

comparativamente a este novo ano, uma vez que

maior

liberdade

no

contexto

escolar

existem cada vez mais regras impostas pelo

"Dentro do contexto de aulas presenciais, a nova aluna anuncia que “todos os professores demonstram simpatia e disponibilidade para ajudar os alunos."

Governo e pela Universidade. Ainda assim, concorda com as mesmas, mas admite que estas acabam por mudar a vida dos estudantes:

“Este ano, devido à COVID-19, esperemos

Para a jovem, a adaptação neste novo mundo académico tem sido gradual, as aulas têm sido

que comece "mal" e acabe bem e, sinto que é

tanta

regra

imposta

pelo

Governo

idênticas aos métodos do secundário o que torna a

Português e pela Universidade do Algarve,

aprendizagem

Bernardo,

que por vezes baralhamos as mesmas como

afirma ser ambiciosa e insistente com os seus projetos

é óbvio, estas acabam por mudar as vidas

mais

facilitada.

Beatriz

futuros, não será o medo nem este novo ambiente que a fará desistir e não se empenhar nos estudos que irão levá-la a trabalhar onde quer:

no geral e existem várias opiniões sobre este assunto que é a pandemia, mas enquanto estudante, sinto que a vida académica mudou e muitas coisas que fazíamos, evitamos fazer ou não fazemos de todo.”

Joana confessa, também, que sentiu algum receio de voltar ao seu quotidiano académico, visto que, assim como muitos portugueses, integra o grupo de risco, o que a leva a sentir alguma ansiedade quando pensa em possíveis contactos com a população. Para além disso, a jovem questionava se a Universidade estaria bem preparada nesta nova fase tão delicada em que os cuidados devem ser redobrados, no entanto, ao longo das semanas que já decorreram do semestre, a estudante sentiu que as suas inseguranças eram desnecessárias, pois a Universidade tem tomado as devida medidas de segurança.

FOTOGRAFIA:FERNANDO GUERRA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

18

IV “O meu medo para além de ser o contacto com muitas pessoas, era também saber se a Universidade estava bem organizada e higienizada, e até agora, no Campus das Gambelas e na FCHS, posso confirmar que sim."

Questionada sobre as tradições académicas que ficaram

Sofia, enquanto aluna do último ano foi uma das

suspensas por um período indeterminado, como é o

responsáveis

caso do Traçar da Capa, um marco importante na vida

ingressaram no curso, sendo uma das participantes na

dos alunos praxados no 1ºano, que assinala a primeira

praxe académica que este ano, tal como já foi referido,

utilização oficial do traje académico, a aluna admite que

não seguiu os padrões habituais. A jovem admite que se

sente alguma tristeza por não ter sido possível realizar

encontrava bastante entusiasmada por receber os

este momento tão especial e que ansiava. Ainda no

novos colegas e garante que faz um balanço positivo

contexto de marcos importantes na vida de um jovem

das praxes, visto que, na sua opinião, foram cumpridas

estudante, foi abordada também a impossibilidade de

todas as medidas de segurança necessárias:

por

receber

os

novos

alunos

que

realização da Semana Académica, assim como a incerteza se a mesma se realizará no próximo ano, Joana, questionada sobre o que sentia relativamente a esta situação, conta que apesar de já ter tido essa experiência em anos anteriores, sente-se triste, uma vez que acha que foi mais uma perda consequente da situação atual do país, afirmando que considera que está a perder o espírito académico.

"A saúde de todos foi a nossa principal prioridade” Uma das tradições académicas mais marcantes na vida de qualquer estudante universitário é a Bênção das Pastas, um momento único que marca o fim da vida académica e o início da vida profissional, onde

Para concluir, a aluna diz não fazer previsões futuras até que tudo normalize e confessa que ainda não sente que seja possível fazer um balanço deste novo ano

acompanhados pelos colegas de curso, amigos e familiares, os finalistas festejam a conclusão de mais uma fase decisiva das suas vidas.

letivo, mas considera que está tudo a correr pelo melhor, destacando apenas de negativo a utilização da máscara

Sofia Coelho é uma das muitas alunas que terminam a

e a desinfeção constante das mãos, que se torna

sua licenciatura este ano. A aluna do 3ºano do Curso de

exaustivo:

Licenciatura em Gestão na Universidade do Algarve, conta que se sentiu bem por voltar à sua rotina

“Quanto a este ano letivo, ainda não posso fazer nem um

académica e confessa que compreende todas as normas

balanço positivo nem negativo, pois só no dia 6 é que

adotadas pela Academia e que, graças a elas, não sentiu

fazemos 1 mês de aulas, mas até agora, está tudo a

muito receio neste regresso:

correr bem, dentro do normal no meio desta pandemia, e acho que com a ajuda dos colegas, professores e da

“Sinto-me bem, tenho plena noção que foi necessário

Universidade

a

fazer algumas alterações, para a segurança de todos e,

Universidade do Algarve está bem higienizada e

portanto, temos de nos tentar adaptar e respeitar estas

implementou boas medidas de segurança, basta que os

mudanças. Para ser sincera não senti muita ansiedade

estudantes e o resto do pessoal docente e funcionários

neste regresso, sabia que, por parte da Universidade,

respeitem as regras. O que tiro de negativo, até agora, é

tinham sido tomadas medidas e cabia-me a mim

mesmo o uso de máscara que é muito cansativo e chato

também ter algum cuidado extra, por isso até encarei

e estarmos sempre a desinfetar as mãos também se

tudo de uma forma tranquila."

tudo

correrá

bem,

até

porque

torna chato.”

MUNDO CONTEMPORÂNEO

19

IV

Dada a Pandemia da COVID-19 não foi possível a realização desta tradição para os alunos finalistas de 2020, e é incerto que seja realizável em 2021, uma vez que a evolução epidemiológica é inconstante e imprevisível. Sofia testemunha que é uma etapa pela qual espera ansiosamente e confessa que sente alguma preocupação e tristeza por não saber se poderá ou não viver esse momento. Porém, comunica que está bastante motivada para terminar a licenciatura, apesar de sentir algum receio relativamente ao seu futuro. Para terminar, a aluna faz um balanço positivo do decorrer do ano letivo até à data:

“Sinto que todos se têm esforçado para que este ano letivo corra bem, apesar do que estamos a viver, portanto sim, até agora o balanço é positivo”.

A pandemia da COVID-19 veio alterar a realidade de todas as pessoas, seja no contexto laboral, estudantil ou mesmo no quotidiano de cada indivíduo. É necessário respeitar todas as medidas de segurança e contribuir para o bem-estar de todos, sendo essencial acreditar que juntos vamos ultrapassar tudo isto.

FOTOGRAFIA: "PAÍS AO MINUTO"

POR BEATRIZ MORAIS, JOANA CANDEIAS, MARIANA BÁRBARA E TATIANA FELÍCIO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

20

"Quantas

vezes dissemos que, juntos,

podemos fazer a diferença? Essa frase não é apenas retórica, ela reflete o momento que estamos a viver enquanto sociedade. Mais do que nunca, é muito importante todos seguirmos na mesma direção, a da solidariedade coletiva, para que possamos atravessar essa crise da

"

melhor forma possível. E juntos.

Greenpeace

FOTOGRAFIA: DIOGO VENTURA

SONDAGEM

AMAMENTAÇÃO EM ESP Um Direito das Mulheres e dos Bebés?

Amamentação em público é, nos dias de hoje, um

Sendo a amamentação um tema tão polémico na

assunto bastante polémico e visto como um «tabu».

sociedade atual, decidimos realizar uma sondagem

Uma grande parte da população portuguesa, tanto

na qual se questionou a opinião da população

homens como mulheres, sentem-se desconfortáveis,

acerca desta temática. Este estudo decorreu entre

olhando de forma preconceituosa para quem pratica

os dias 26 e 27 de outubro de 2020, e resultou em 385

esta

respostas

ação.

A

amamentação

é

um

processo

à

pergunta

“Concordas

com

a

fundamental e importante para o desenvolvimento

Amamentação em Público?”. Como em muitos

saudável do bebé. Sendo esta um fenómeno natural,

outros

ou assim deveria ser visto, que traz consigo

controvérsia, o público masculino mostrou-se mais

bastantes benefícios para o recém-nascido, tendo

reticente em responder. Assim, verificou-se que

em conta que ganha nutrientes, imunidade e

apenas 51 homens (cerca de 13,2%) se sentiram

defesas para lidar com algumas doenças. A

confortáveis em expor o seu ponto de vista. Quanto

alimentação por leite materno é essencial, pois

às mulheres, estas revelaram-se mais dispostas a

reduz a mortalidade infantil, em caso de bebés que

dar

nascem com patologias, e está, também, relacionada

femininas (mais precisamente, 86,8%). A amostra

com o aumento do desempenho escolar.

inquirida apresentava idades compreendidas entre

o

temas

seu

que

tendem

parecer,

a

obtendo-se

causar

334

alguma

opiniões

os 18 anos e os 41 anos, sendo que 80% da amostra Os meios de comunicação servem, principalmente,

representa indivíduos dos 18 aos 25 anos. O público

para informar e debater vários assuntos expostos a

mais jovem foi o que se mostrou mais participativo

diferentes opiniões de indivíduos da sociedade.

(mais de 80%).

Desta

forma,

este

tema

não

desaparece

dos

holofotes da opinião pública. Nas plataformas

Os

digitais,

mulheres

aproximadamente 97% da amostra, justificaram

influentes partilham fotografias nas quais expõem o

com o facto de se tratar de um ato natural e uma

ato

necessidade

de

como

o

Instagram,

amamentar

e,

por

muitas

conseguinte,

são

inquiridos

do

com

bebé.

uma

opinião

Muitos

dos

positiva,

indivíduos

bombardeadas com comentários, tanto positivos

partilharam a opinião de que a mulher não se deve

como negativos.

esconder e que o seu corpo não deve ser

Para apoiar as mães e os bebés que experienciam o

sexualizado. Por outro lado, sensivelmente 3% da

ato de amamentar, o SNS (Serviço Nacional de

amostra, não concorda que a amamentação seja

Saúde) realiza anualmente a Semana Mundial do

feita em espaços públicos, alegando que é um

Aleitamento Materno, nomeadamente entre 1 e 7 de

comportamento incómodo que pode deixar quem

agosto, em mais de 170 países, com o objetivo de

“assiste” desconfortável.

encorajar esta prática e fomentar a saúde dos bebés de todo o mundo.

A sondagem mostrou que a amamentação em público, afinal, não suscita grande controvérsia na opinião pública, porque a esmagadora maioria dos inquiridos considera-a um ato que deve ser respeitado, não só pelo bem-estar do bebé como pela liberdade de escolha da mãe.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

22

IV

PAÇOS PÚBLICOS

FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE SOCIEDADE

CURIOSIDADE De acordo com o jornal “Público”, uma notícia de Rui Pedro Paiva a 13 de outubro de 2018, aborda o tema da amamentação em público. Esta ideia da amamentação em público protegida dos olhares de terceiros surgiu na República Checa, onde um estúdio de design teve a intenção de criar um banco exclusivamente para mães. Este, tem duas abas laterais que ocultam o que se está a passar por dentro. Assim, estes compartimentos asseguram um maior conforto e higienização a quem tem de amamentar.

POR BEATRIZ MORAIS, JOANA CANDEIAS, MARIANA BÁRBARA E TATIANA FELÍCIO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

23

STAYAWAY COVID

SEGURANÇA OU VIGILÂNCIA?

FOTOGRAFIA: DIOGO VENTURA

V

CRÍTICA

“Os casos estão a aumentar exponencialmente. A ministra da saúde afirmou estar cansada. A população está farta das aberturas dos telejornais onde só são apresentados os novos números do país e do Mundo. Mas não tornem obrigatório o uso de uma aplicação estatal.”

De facto, isto pode ser um pensamento muito egoísta, e

Será legítimo conferirmos às forças de segurança a

por muitos visto como não tendo noção da realidade,

autoridade para nos pedirem o smartphone? Quem não

contudo, não há nada mais satisfatório que poder

tem um aparelho recente e sem possibilidade de

escolher o que quero ou não instalar no meu telemóvel.

instalação da aplicação, será multado? E se não

Confesso que a liberdade de fazer o download e tornar esta app uma forma rápida e inovadora de fazer a

tivermos bateria, como provamos que estamos a cumprir com a nova legislação?

recolha de dados e a identificação dos cidadãos infetados, informando todos aqueles que estiveram em

Tudo isto sem sequer tocar no que, para mim, é o

contato com alguém que tenha sido atacado pelo

principal problema uma vez que um dos estratos mais

famoso “bicho”, me parece aceitável. Conferir-lhe um

afetados pelo vírus que corre o Mundo é o grupo dos

cariz obrigatório é que tem os seus problemas.

idosos. Como é que lhes explicamos que existe um novo mecanismo orientado para o reconhecimento dos

A aplicação mais polémica do momento tem tanto de

indivíduos que estão doentes, através do telemóvel? Já

bom como de duvidoso. Não venho expor o meu

consigo imaginar, por exemplo, a minha avó a pedir

descontentamento

informações

que lhe confirme se não recebeu nenhuma notificação

recolhidas aquando da instalação, até porque, estas são

a dizer que uma das pessoas pelas quais ela passou

nulas. Não temos de inserir o nosso nome, nem

quando foi ao supermercado estava infetada. Não

qualquer número que nos torne identificáveis, mas não

podemos, de repente, obrigar quem durante quase uma

será que estamos a abrir um precedente perigoso em

vida não teve acesso às tecnologias a fazê-los aprender

deixar que quem está responsável por orientar o nosso

a utilizá-las. Por muito que a interface da aplicação

país seja capaz de, agora, definir que tipo de conteúdos

tenha sido desenvolvida com o intuito de dar chance a

colocamos no nosso gadget favorito?

toda a população de manusearem a app sem grandes

relativamente

às

problemas, quem nunca teve qualquer contato com as Viver em sociedade implica o cumprimento de leis.

“modernices” dos aparelhos achará o sistema confuso

Ninguém põe em causa que as linhas delimitadoras de

e complexo.

estacionamento dos carros devem ser respeitadas, ou que nos locais de trabalho onde a farda é obrigatória os

Faz todo o sentido que quem quiser ter acesso à

seus colaboradores a usem. Não há dúvidas, ninguém

aplicação, de forma voluntária, o faça. É de ressalvar,

afirma que isto é uma afronta aos direitos humanos

também, que as pessoas tenham consciência de

nem à liberdade de expressão. Porém, um sistema que

algumas normas, como a utilização da máscara, a

tem a capacidade de identificar o trajeto utilizado por

etiqueta respiratória, a higienização regular das mãos e

um indivíduo, não nos fará pensar acerca do quão banal

o respeito pelo distanciamento social. Não existe é

passou a ser sermos vigiados? Quase como se

qualquer lógica na obrigatoriedade da inserção de um

estivéssemos num daqueles concursos da vida real em

aplicativo administrado pelo serviço público num

que todos nos vêm e sabem o que fazemos com a

dispositivo privado. Assim sendo, apelo a que o

diferença de não conhecerem os nossos nomes.

assunto

A inclusão obrigatória deste software no nosso

debatido, de modo a que se encontre uma solução

dispositivo é, de facto, um assunto complicado e talvez

vantajosa para a população, sendo que este deverá

seja por esse motivo que ainda não se chegou a

sempre ser o intuito principal dos governantes

qualquer tipo de conclusão.

nacionais.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

seja

verdadeiramente

POR MÁRIO BARBOSA

e

decentemente

25

V

NOTÍCIA

IMPACTO DO COVID NOS ESTUDANTES Face à crise pandémica que o mundo atravessa, o modo de vida das populações têm sido fortemente influenciado.

As medidas de distanciamento social, a utilização contínua da máscara e a constante desinfeção das mãos e dos locais, podem vir a provocar inesperadas consequências, na saúde da sociedade.

FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE SOCIEDADE

Foi no dia 18 de março de 2020 que, Marcelo Rebelo de

Daí, o desejo urgente de regressar às aulas presenciais, no

Sousa, após reunir com a Assembleia da República,

entanto, com algum receio. Ano letivo novo a arrancar e

decidiu implementar o Estado de Emergência. É aqui

medidas novas a implementar. Medidas desde a utilização

que começa o “caos”. Em confinamento obrigatório,

obrigatória

afastados daqueles que nos são mais queridos e com o

distanciamento físico, realização das aulas em salas fixas

constante medo de que o vírus nos afetasse, tanto a

e até a diminuição dos intervalos e períodos de almoço,

nós, como a algum familiar, culminam num estado de

fazem com que predominem sentimentos de incerteza,

ansiedade profundo.

relativamente, à exposição ao vírus. É impossível planear o

da

imprevisível.

máscara,

de

Relativamente

cumprimento

à

vida

festejos

que

do

académica,

Os jovens, para além de terem de aprender a lidar com

nomeadamente

todas estas situações em simultâneo, ainda detinham a

implicados, como a iniciativa da praxe, a bênção das

responsabilidade e rotina das aulas online. Quase sem

pastas, o traçar da capa, a receção ao caloiro e até mesmo

horários estipulados e sobrecarregados com projetos a

a semana académica, entre outros, foram suspensos de

desenvolver, os estudantes sentiam-se numa situação

forma a evitar aglomerações de pessoas. Assim sendo, a

impotente, sem tempo para o lazer possível, na altura.

comunidade académica privou-se de tudo o que engloba

Perante esta situação, os resultados daqui derivados são

um

aumento

significativo

de

todos

os

nela

estão

ser universitário.

perturbações

psicológicas, isto é, ansiedade, depressão e stress, em

Com a compreensão e cumprimentos de todos, espera-se e

comparação a períodos de vida ditos normais.

deseja-se que, prontamente, o espírito académico regresse ainda com mais força, para que cada um vivencie a experiência no seu melhor.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

POR RITA CARDEIRA E BEATRIZ ROLDÃO

26

V

POESIA

QUERIDO CORONA “Querido” Corona…

Surgiste de um morcego E assim marcaste 2020 Acabando com o nosso sossego.

“Querido” Corona Tantas vidas já levaste, Tantas vidas mudaste, E nem há um ano aqui chegaste.

“Querido” Corona…

No meio desta maldição Instalaste a desinfeção Mas há quem esqueça essa missão!

"Querido” Corona…

Bem podes continuar a evoluir, Mas junto com os da linha da frente A cura vamos descobrir.

Tanto medo e sofrimento Neste ano sombrio Aqueles que nos protegem estão

Espero que a vacina te leve de uma vez Para vermos se o mundo melhora…

Já chega de isolamento, Queremos viver o nosso agora.

Seja da Rússia ou da Inglaterra Na verdade, não importa, Mas despachem-se, por favor…

Que Portugal já não suporta.

"Querido” Corona Desenvolveste a poluição E o mundo obrigaste a parar, Também as máscaras no chão Nos fizeste encontrar.

“Maldito” Corona Já sabemos que és mortal Vai-te já embora Para que voltemos à vida normal.

exaustos E os infetados, a vida têm por um fio.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

POR MARTA VICENTE

27

ENTREVISTA

TÉNIS: UM DESPORTO SEGURO A segunda vaga da pandemia de covid-19 já é uma realidade em Portugal e em grande parte do continente europeu. Dentre os diversos desafios que surgem neste momento, está a prática de uma atividade física em segurança. Neste sentido, o ténis se destaca como uma boa opção de atividade, uma vez que é apontado por diversos especialistas como um dos desportos que deixa os praticantes menos expostos à infeção pelo novo coronavírus.

De

acordo

com

estudo

feito

por

médicos

especialistas em saúde pública, epidemiologia e infetologia da Associação Médica do Texas, o ténis foi considerado o desporto mais seguro de se praticar durante

a

pandemia,

com

baixo

risco

de

contaminação. Enquanto isso, ir ao ginásio, outra atividade bastante comum, foi apresentada como de alto

risco.

Já

nadar

em

piscina

pública

foi

classificada como de moderado risco e caminhar, correr e andar de bicicleta, como baixo moderado.

Além da “aprovação” dos cientistas, campanhas estimulam a prática do ténis em solo português. A Federação Portuguesa de Ténis (FPT) lançou em setembro uma nova campanha de comunicação no sentido de reforçar os benefícios e segurança da modalidade. Segundo a FPT, o intuito é levar o ténis a todos, e para isso, oferece a experimentação da modalidade através de uma aula grátis em qualquer clube do País.

Em entrevista, André Coelho, professor de ténis com dez anos de experiência e atualmente no Clube Ténis e Padel de Portimão, defende o posicionamento dos especialistas de que o desporto é seguro. André também confirma que as campanhas dão resultado e que, apesar da pandemia, cada vez mais pessoas procuram a prática do ténis. O profissional ainda se mostra otimista com o futuro do desporto em Portugal, especialmente na região algarvia. Leia a entrevista completa:

FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE DESPORTO

Concorda com as informações de que o ténis é o desporto mais seguro para se praticar durante a pandemia?

André Coelho: Neste momento é um dos desportos mais seguros, sim. Pela distância social que existe entre os jogadores, treinador… é um desporto que possui uma coisa muito positiva nos tempos em que vivemos, que é o facto de não haver o contacto. É um de cada lado do campo, com uma distância de aproximadamente

sete

metros,

por

isso

é

considerado um dos desportos mais seguros.

Percebeu se houve um aumento na procura da prática do ténis durante o período de pandemia?

André Coelho: Sim. Aqui na nossa escola este é o ano em que temos mais alunos. Também houve mais procura para aulas individuais. Digamos que este ano, depois da quarentena e do confinamento, houve mais procura para a atividade do ténis.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

28

VI A FPT (Federação Portuguesa de Ténis) lançou uma campanha digital onde são destacados os vários benefícios da prática do ténis. Entende que essa campanha foi bem sucedida?

André Coelho: A campanha ainda está a decorrer e

E especificamente aqui no Algarve? Acha que o

consiste na oferta de uma aula grátis. Tem sido bem

incentivo em praticar desporto é maior ou menor que

sucedida porque temos vários pedidos para ter essa

nas outras regiões do país?

aula grátis, inclusive eu já dei umas tantas aulas

André Coelho: Sim, acho que sim, falando aqui

dessas da Federação. Acho extremamente positivo a

particularmente de Portimão, que no ano passado em

Federação investir muito em publicidade, pois, ajuda

2019 foi a Cidade Europeia do Desporto, penso que

a reforçar a ideia de que temos um desporto seguro.

devido a esse evento houve um grande estímulo para as pessoas praticarem qualquer tipo de modalidade.

Tivemos aqui muitas formações e muitos dos

Com a segunda vaga da pandemia, existe o receio de que treinos e competições desportivas, mesmo de ténis, sejam suspensas?

André Coelho: Sim. Sinto mesmo que com essa situação da segunda vaga a vir, o ténis também pode

melhores treinadores mundiais a darem palestras o que incentivou imenso a população em geral. A Câmara Municipal de Portimão apostou em forte nesse sentido e até acho que foi uma mais valia não só para Portimão como para todo o Algarve.

ter que parar de novo.

No que toca à parte financeira e económica do desporto, que influência teve a pandemia no ténis?

André Coelho: Teve uma influência negativa como

Quais são as suas previsões futuras em relação à

em todos os outros setores. Em relação à modalidade,

modalidade, tendo em conta a situação atípica em

tenho um exemplo de um cliente que anteriormente

que vivemos?

à pandemia tinha duas aulas de ténis por semana e

André Coelho: Na minha opinião, a Federação

devido a problemas financeiros optou por só ter uma.

Portuguesa de Ténis tem sido uma mais valia, tem

Os miúdos a que damos aulas, alguns deixaram de

apostado imenso em torneios internacionais aqui em

vir depois da quarentena porque os pais não tinham

Portugal, o que permitiu atingir bons resultados a

uma situação económica que permitisse ter cá os

nível juvenil e sênior.

miúdos. Infelizmente, esse é um dos maiores

Tendo em conta este aumento de torneios, foi

problemas que adveio do vírus.

possível proporcionar aos nossos jogadores um leque enorme

de

oportunidades

para

evoluírem

e

aumentarem a sua qualidade.

Como os jogadores não têm que ir jogar para fora, é facultado uma maior estabilidade e um menor desgaste financeiro, viabilizando uma melhoria do jogador e permitindo um aumento no nível do ténis português e, por consequência a obtenção de mais patrocínios, o que equivale a mais dinheiro para o jogador poder apostar na sua carreira profissional.

POR FRANCISCA BETTENCOURT E TALES LOBO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

29

REPORTAGEM

FOTOGRAFIA: BARLAVENTO.PT

SPORTING CLUBE FARENSE: DE NOVO A SONHAR NA PRIMEIRA LIGA O bom filho à casa torna

Segunda Divisão Distrital. Na época de "reestreia", o SC Farense sagra-se Campeão Distrital da Segunda Divisão

Após 18 anos, é feita história na capital do Algarve.

Vindo de um passado turbulento, repleto de crises e despromoções, o Sporting Clube Farense retorna ao lugar onde pertence, à Primeira Liga. Desde 2002 que o clube não jogava ao mais alto nível do futebol português, chegando mesmo ao patamar mais baixo possível, mas graças a uma nova estrutura, jogadores de qualidade e uma massa adepta que nunca abandonou

o

barco,

mesmo

perante

a

maior

tempestade, o emblema de Faro volta a sonhar no maior palco de Portugal. Com isto, o clube junta-se ao Portimonense como mais uma equipa algarvia a competir na Liga NOS, o que é considerado de extrema importância para a região e para todo o Sul do país. Na sua última passagem pelo mais alto escalão, a equipa dos “Leões de Faro” disputou a Primeira Divisão entre 1990 e 2002, 12 épocas consecutivas, onde atingiu grandes marcos para a sua história, onde se incluem um virtuoso 5º lugar em 1994/95 e uma presença na Taça UEFA no ano seguinte.

Após esse período de sucesso, no entanto, o emblema alvinegro entra na era mais sombria da sua história, sofrendo a maior crise de sempre do clube e descendo consecutivamente de divisão por três épocas seguidas, parando apenas na Terceira Divisão.

O

pior

momento

sucedeu

em

2006,

com

a

desclassificação por 3 faltas de comparência devido a dificuldades financeiras que impediram a inscrição da equipa sénior para essa época. Contudo, o clube renasceu no ano seguinte, começando pelo patamar mais baixo do futebol, a

MUNDO CONTEMPORÂNEO

com facilidade, e iniciou-se a “reviravolta” farense. Em 2018/19 a equipa estava de regresso à Segunda Liga e foi com imensa turbulência que assegurou a permanência, na última jornada, terminando a época na 10ª posição, somando 43 pontos. Tal seria a base para o ano de maior sucesso dos “Leões de Faro” nas últimas duas décadas. A equipa conquistou um total de 48 pontos na Liga Pro, até a competição ser dada por encerrada pela Liga graças à catástrofe da pandemia. Visto que o Farense se encontrava no 2º lugar, foi assim carimbada a tão desejada promoção à Liga NOS, voltando ao seu palco após 18 longos anos de curvas e contracurvas.

Ao longo deste percurso até ao seu triunfante regresso, o Farense teve por diversas vezes de dar um passo atrás para poder dar dois à frente, e muito se deve a uma palavra chave, “acreditar”, pois foi pela mesma que muitos jogadores que se mantiveram no clube mesmo vivenciando uma crise. A esperança de que o clube voltasse a se reerguer sempre permaneceu viva, sendo o

maior

exemplo

o

capitão

de

equipa,

Cássio

Scheid.Com a subida do Farense à Liga NOS, estão agora presentes duas equipas a representar o Algarve no futebol nacional, e claro que poderíamos ter mais, pois existem diversas cidades com potencial para ter uma equipa na Primeira Liga, como é o exemplo de Loulé e Olhão. No que toca ao parâmetro social, a subida do Farense veio reerguer o espírito do futebol na capital algarvia, aumentando assim a popularidade da região no paradigma futebolístico, o que aumenta por extensão a atenção dos meios de comunicação e consequentemente traz mais pessoas a conhecer a cidade e a sua cultura, beneficiando a vertente turística.

30

VI A nível profissional, foram aprovados e recolhidos fundos de apoio aos clubes da Liga Pro de forma a atenuar os efeitos da paragem antecipada e que terá o valor total de 1,52 milhões de euros. Deste modo, o clube cresceu bastante financeiramente o que levou à remodelação do estádio de São Luís, um investimento para que os adeptos voltem a regressar a “casa” para ver os jogos do clube na sua terra.

Acrescenta, assim, um cidadão farense de longa data: “é importante para a cidade de Faro ter uma coletividade com o futebol nacional, pois o futebol é das maiores coletividades do país, o que de certa forma irá atrair mais turismo visto que Faro é uma cidade com rica história e com um número populacional razoável “.

No

seu

regresso

ao

primeiro

escalão,

o

Farense

vem

agora

encontrar

outro

nome

sonante

do

desporto

algarvio, o Portimonense Sporting Clube. O atual treinador

da

equipa

principal da capital do Algarve,

Sérgio

Vieira,

mostrou estar satisfeito com a presença de ambas as equipas a disputar a Liga

NOS,

afirmando

mesmo que o Portimo-

FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE DESPORTO

nense “será mais um amigo do que um rival, porque nos vai ajudar a crescer”. Miguel Poço, de 20 anos, adepto do clube desde que tem memória, subscreve esta noção do treinador: "competitivamente o Portimonense vai ajudar o Farense a crescer porque tudo o que o Farense quer é ganhar ao Portimonense a qualquer momento”.

Ao contrário do que acontece a Norte, desde a época

do Tejo é evidente que as despesas nas deslocações

de 2010/2011 que a Primeira Liga não contava com

são acrescidas, para não falar no cansaço que as

duas equipas do Algarve a disputar a competição, a

longas viagens provocam aos nossos jogadores”.

presença de ambos os clubes na Primeira Divisão é,

Estando agora a competir ao mais alto nível do

considera Miguel, uma mais valia para o futebol

futebol nacional, o clube enfrenta algumas das

algarvio, pois afirma que “desportivamente é bom

equipas mais históricas de Portugal, como é o caso

porque temos que dar oportunidade a todos os

do Benfica, do Sporting e do FC Porto. O adepto

jovens do algarve a participar no desporto e ao mais

Miguel afirma que “é sem dúvida um orgulho ver o

alto nível”. O mesmo faz também referência a alguns

Farense a competir contra os três grandes” e

aspetos que considera menos positivos, como a falta

confessa ainda que “esses jogos fazem-me sentir

de valorização do futebol do Sul: "todos os anos, os

um

clubes do Algarve sofrem de injustiças que não

concluindo que o que mais antecipa nesses

acontecem a mais ninguém”.

encontros é a sua equipa fazer um bom jogo e meter

entusiasmo

enorme

enquanto

adepto”,

em prova as grandes capacidades que tem.

Lamenta

ainda

as

despesas

avultadas

nas

deslocações e as vastas horas de viagem a que os

Embora este retorno do Farense à Liga NOS não

clubes algarvios estão sujeitos, “uma vez que o

tenha sido o mais impressionante, a equipa

campeonato é praticamente todo disputado a norte

alvinegra encontra-se num momento razoável.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

31

VI

Acabado de escapar à linha de água com uma vitória convincente frente ao Boavista, os “Leões de Faro” somam agora 5 pontos com 9 golos marcados, ocupando a 16ª posição com a esperança de continuar a subir na classificação.

“Quando a equipa começar a encaixar”, denota Miguel, “será

uma

questão

de

tempo

até

alcançarmos a subida e, quem sabe, o meio da tabela”.

Porém, as próximas semanas do Farense não serão

fáceis,

com

receção

ao

Marítimo

e

deslocação a Braga e a Alvalade, onde defrontará o Sporting. O clube irá agora entrar numa fase crucial da época, onde o desempenho da equipa poderá ditar o seu futuro. Ainda assim, o otimismo dos adeptos permanece bem aceso, mesmo que o sucesso não esteja para vir. “O Farense está a mostrar um bom desempenho e tem feito bons jogos. Há capacidade de fazer investimentos em janeiro que possam reverter a situação, caso esta não melhore entretanto”.

Acrescenta ainda o fanático farense que “mesmo que o clube desça, não vai ser por isso que algo irá mudar no que toca aos adeptos. Somos um clube que conta com várias pessoas que amam o Farense, pura e exclusivamente, como não acontece em muitos outros clubes. Um dos lemas

FONTE: ANTÓNIO TADEIA

cá de Faro é “Dos três grandes… sou do Farense!”, e isto explica a relevância que a nossa camisola tem para os adeptos”.

A verdade é que poucos clubes em Portugal se podem gabar de apoio incondicional por parte dos fãs da mesma forma que o Farense, onde o orgulho e a crença por tudo o que o emblema conquistou e conquistará são imensos e dificilmente abalados. Perspetivando o futuro do clube, acredita-se piamente na permanência na Primeira Liga e até mesmo numa chegada à ribalta europeia, algo que valeria “quase como um título para nós”, afirma Miguel, e confia-se “bastante no futuro do Farense, que de uma forma ou outra será certamente risonho”. Será de facto interessante ver o quão brilhante serão, ou não, os próximos anos dos gigantes algarvios, mas uma coisa é garantida: a paixão dos farenses pelos “Leões de Faro” é inigualável, e isso ninguém lhes tira.

POR MARCO AMARAL, RITA AGOSTINHO E TOMÁS ALVES

MUNDO CONTEMPORÂNEO

32

Ljubomir Stanisic

FOTOGRAFIA: RODRIGO ANTUNES/LUSA

REPORTAGEM

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS EM PERIGO DE EXTINÇÃO Cada vez mais podemos constatar que há várias profissões de caráter artesanal em desaparecimento, tais como a pesca, a arte da empreita e a latoaria. O motivo para o crescente abandono é a evolução tecnológica e o facto de atualmente os jovens preferirem enveredar por áreas do setor terciário e não se interessarem pelas do setor primário, isto no caso especificamente reportado da região do Algarve.

Ao longo dos anos, é visível que os setores primário e secundário estão em decadência, ou seja, as profissões que nestes se enquadram são cada vez mais desvalorizadas e, consequentemente, existe um número reduzido de pessoas dispostas a fazer destes ofícios. A verdade é que o setor terciário tem vindo a ganhar mais peso na nossa sociedade, e as novas gerações acabam por não demonstrar interesse pelas profissões antigas e artesanais. O foco que é visível atualmente no setor terciário, provocou uma desvalorização dos outros setores de atividade e, acima de tudo, provocou o esquecimento de algumas profissões. Por esta mesma razão, escolhemos entrevistar um caldeireiro, uma empreiteira e dois pescadores de Armação de Pera.

Os caldeireiros são cada vez mais raros em Portugal, e quem quiser comprar utensílios artesanais em cobre e latão, como a típica cataplana algarvia, chaleiras, panelas e alambiques, irá ter dificuldades em encontrar tais itens no Algarve. Por isso, decidimos entrevistar Analide Carmo, que reconhece que a sua profissão está a desaparecer e contou-nos um pouco da sua história.

Em 1960, com cerca de 12 anos, o artesão – por influência de um amigo do seu pai – começou a trabalhar como caldeireiro. Depois de regressar da tropa, decidiu começar a trabalhar na Cimpor, onde era mais bem remunerado.

Contou-nos Analide Carmo que, após se reformar, a Câmara de Loulé fez-lhe uma proposta: «A Câmara de Loulé soube que eu tinha trabalhado nisto (caldeireiro) e como o resto do pessoal já tinha falecido foram-me buscar para eu dar uma formação, primeiro mandaram-me fazer um teste para ver como é que ficava, pois nunca me tinham visto a trabalhar, pois passaram muitos anos, cerca de 43 anos. Depois estive a fazer e dei formação a 5 pessoas, duas delas estão a trabalhar hoje, aqui, comigo. Atualmente estou novamente a dar formação, vem muita gente aprender, mas suja-se muito as mãos, dá muito trabalho e no início eram 6, porém agora já só estão 3».

Analide Carmo acrescentou que tinha encomendas tanto a nível nacional como internacional, destacando o facto de que no ano passado fez um candeeiro para uma exposição em Paris, igual ao capacete do Napoleão.

O mesmo reconhece que esta profissão está a

FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE CULTURA

desaparecer porque é dura e «suja muito as mãos». O

caldeireiro é necessário ter interesse, empenhar-se

artesão conclui afirmando que, acredita que para ser

genuinamente e, acima de tudo, gostar do que se faz.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

34

VII

FOROGRAFIA: GRUPO REDATORIAL DE CULTURA

Saindo do mundo da latoaria e das cataplanas, vamos agora focar-nos na arte da empreita: uma das principais formas de artesanato do Baixo Guadiana, que ficou com este nome por ser um trabalho com preço ajustado à empreitada. No passado tinha muito peso no orçamento de inúmeras famílias, contudo, atualmente, e apesar de ser um tipo de artesanato bastante representativo da região, já não tem a importância de outrora. Para entendermos melhor esta profissão e no que esta consiste, decidimos entrevistar Maria Almerinda.

Como começou a exercer esta profissão?

Maria Almerinda: Desde pequenina, aos 8 anos comecei a fazer empreita, depois deixei de trabalhar nestas coisas isto não dava dinheiro nenhum, e optei por outros trabalhos, quando eu era crescida primeiro fiz croché, depois fui trabalhar para as limpezas, andei nas casas

E há quantos anos a exerce?

Maria Almerinda: Faço isto há uns 15 ou 20 anos. E já tenho 77 anos.

No que diz respeito às vendas e às encomendas, Maria Almerinda respondeu que ainda existe muita

dos estrangeiros a fazer limpeza, durante vinte e tal anos

procura, sendo a maioria dos compradores indivíduos

e depois quando pensei em me reformar, voltei a

de casas de alojamento e/ou hotéis, destacando

trabalhar nas empreitas. Comecei nesta casa como

também os estrangeiros, nomeadamente franceses e

voluntária de um centro comunitário que há em

holandeses.

Boliqueime e estou aqui desde que abriu. A câmara cedeu-nos este espaço e vendemos aqui todas as semanas, somos um grupo de 12 senhoras, cada dia estão cá duas e eu estou aqui às quartas-feiras com outra senhora.

Uma vez que já está reformada, imagina-se a fazer outra atividade sem ser isto?

Maria Almerinda: Agora já não, com a idade que eu tenho é fazer isto e mais nada, quando eu deixar de fazer as empreitas, estou reformada por completo (risos). Agora é isto até ao fim da minha vida. Tenho tido muito trabalho e enquanto não houver novas pessoas, como da vossa idade, estas senhoras de idade estão sobrecarregadas de trabalho.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

A empreiteira referiu ainda que organiza muitos workshops e que existem muitas pessoas a aderir.

Para além dos workshops, ainda faz um curso de formação com a duração de 6/7 sábados que lhe proporciona uma certa esperança de que esta profissão não irá desaparecer, afirmando que «com esta gente nova a aprender alguém há de ficar».

Maria Almerinda finalizou, contando que já passou o seu legado para a sua única neta, sendo que a mesma já sabe fazer empreita. No entanto, Almerinda diz que «ela sabe fazer isto, mas não quer fazer disto uso, e como ela há muitas, sabem fazer, mas não querem estar dedicados a isto».

Fotografia: grupo redatorial de cultura Fotografia: grupo redatorial de cultura

35

VII No que toca à última profissão, a de pescador artesanal, foi feita a entrevista a dois trabalhadores desta mesma área, onde ambos começaram a trabalhar no ramo com 12 anos de idade, sendo que exercem a mesma até os dias de hoje.

Quanto ao primeiro entrevistado, o Sr. João Alberto, que tem 64 anos, este já exerce esta profissão há mais de 5 décadas. Começou por influência do pai e afirma que não se imagina a fazer outra coisa hoje em dia. No entanto, este diz que se fosse mais novo não aceitaria praticar tal atividade. Embora goste da sua profissão, explicou que há falta de condições no seu local de trabalho, Armação de Pêra, devido à falta de um porto de abrigo para proteger os barcos do mar revolto. Alberto diz que é rara a pessoa que começa a exercer esta profissão atualmente, pois as autoridades, nomeadamente a polícia marítima e a brigada fiscal, são muito exigentes quanto à prática da pesca, restringindo muitas coisas, sendo que o pescador conta que “acha que daqui a nada não consegue vender os seus produtos para pagar a gasolina do seu barco.”

Para além de Alberto, entrevistámos o Sr. Luís, outro pescador também de Armação de Pêra: Imagina-se a fazer outra atividade sem ser a pesca?

João Alberto: Imagino-me a fazer outras profissões pelo facto de já ter exercido antes a profissão de empregado de mesa e pedreiro. Apesar de que, se fosse atualmente, já iria para a pesca e não para outra função.

Que dificuldades hoje em dia enfrenta para pescar?

João Alberto: As dificuldades que enfrento são pelo facto de trabalhar numa zona de praia, e não ter um porto de abrigo, por isso se conseguisse iria trabalhar para uma zona com porto de abrigo porque é mais fácil sair com os barcos e não se apanha tantos medos como na praia, por causa das ondas do mar. Além disto, a pesca já não é como era pelo facto que cada vez mais existir menos peixes no mar por causa do plástico que aí se acumula. É visível que a profissão de pescador, está a desaparecer, qual acha que será o motivo de tal situação estar a acontecer?

João Alberto: Acho que a profissão está a desaparecer pois os pescadores já não vão para o mar, os estudantes acham que a profissão não tem futuro. Em Armação, os filhos que seguiam as pisadas dos pais e que vieram para a profissão já são poucos, e cada vez estão a ficar mais velhos. Os novos não vêm, e é por isso que a pesca vai desaparecendo. Há FOTOGRAFIA: GRUPO REDATORAIL DE CULTURA

30 anos existiam 50 barcos, e agora só há 9 ou 10 barcos.

Em síntese, é possível constatar que existe a consciência de que cada vez mais se dá prioridade ao setor terciário, em detrimento dos setores primário e secundário, pelo simples facto de aquele ser considerado, por muitos, uma área que não oferece futuro. Para além disto, ao haver uma maior percentagem de atividade no setor terciário, a população irá consequentemente ser atraída por uma maior procura de mão de obra e pela diversidade de serviços.

Deste modo, as pessoas à procura de trabalho investem mais neste setor, porque este é neste campo que mais se contrata trabalhadores, mas também porque é neste setor que mais tem refletido o desenvolvimento económico do país.

Acesso à reportagem completa no Youtube através do link: https://youtu.be/dusv91o-RAk

POR CÁTIA RODRIGUES, JÉSSICA MESTRE, LAURA MENDES, MARGARIDA FREITAS E PEDRO ANICO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

36

José Saramago FOTOGRAFIA: CANVA

ENTREVISTA

A SECA EM PORTUGAL: UM OLHAR Num país onde impera um clima mediterrâneo, que tende a ser um forte aliado para a irradiação de secas, quer sejam de curta ou longa duração, este mesmo termo – seca – e todos os seus derivados, têm vindo a popularizar-se e a inserir-se no nosso quotidiano.

Esta catástrofe natural inicia-se sem que seja previamente climático

identificado

ou

hidrológico,

por

algum

fenómeno

tornando-se

apenas

percetível quando está devidamente instalada, ou seja, quando as suas consequências já são visíveis.

Este fenómeno surge quando existem anomalias na circulação geral da atmosfera, gerando condições meteorológicas

desfavoráveis.

A

localização

geográfica do território português continental é propícia

a

recorrentes

episódios

de

secas,

normalmente associados a situações de bloqueio em que o anticiclone subtropical do Atlântico Norte se as

Ainda que apresente valores mais baixos, as regiões

perturbações da frente polar atinjam a Península

do Algarve e Baixo Alentejo continuam a ser as zonas

Ibérica (IPMA – Instituto Português do Mar e da

mais afetadas, apresentando índices de precipitação

Atmosfera).

bastante reduzidos e seca moderada, o que, por sua

mantém

numa

posição

que

impede

que

vez, afeta as barragens e albufeiras da região, Uma das principais consequências da seca que

essenciais não só ao abastecimento dos sistemas

Portugal atravessa é a acentuada diminuição do nível

urbanos como também dos regadios.

da água das barragens e albufeiras. Com esta queda no nível e na consequente qualidade da água, a sua

O Algarve enfrenta uma situação de seca que afeta

percentagem disponível para todas as culturas de

todas as suas barragens, no entanto, o concelho mais

regadio, para a população e para todos aqueles cujas

afetado foi Castro Marim, que apresentou o menor

infraestruturas dependem desta é diminuída.

valor de precipitação, segundo o índice PDSI (16.0 mm). Consequentemente, as suas duas grandes

De acordo com o IPMA (Instituto Português do Mar e

barragens de Odeleite e de Beliche, provenientes do

da

um

Rio Guadiana e destinadas ao abastecimento das

desagravamento da situação da seca meteorológica

populações e ao regadio, alcançaram apenas cerca de

em grande parte do território de Portugal Continental,

30% do nível de água máximo. Também é de destacar

com um aumento dos valores de percentagem de água

a cidade de Lagos, que apresenta a barragem da

no solo nas regiões do Norte e Centro, no entanto, o

Bravura com menor número de nível de água.

Atmosfera),

atualmente,

verifica-se

país continua em alerta amarelo com muitos locais classificados com seca moderada.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

38

VIII

SOBRE A BARRAGEM DO ROXO

FOTOGRAFIAS: BLOG A TERCEIRA DIMENSÃO

No Baixo Alentejo, entre as muitas barragens, destaca-se a barragem do Roxo que, devido ao seu baixo nível de água nestes últimos anos, impede, por vezes, o regadio, afetando a população e agricultores do concelho de Aljustrel (Beja).

Paralelamente à falta de precipitação, a situação do Baixo Alentejo agrava-se devido ao elevado número e constante aumento do cultivo de culturas de regadios, tornando-se insustentável à Barragem do Alqueva, a principal barragem do Alentejo, que tem cada vez mais dificuldades em responder à procura de água.

Segundo a entrevista feita ao Eng. Técnico Valter Lopes, da Associação de Beneficiários do Roxo, “quando o nível da água sofre uma forte alteração, comprometendo todos aqueles que a necessitam, acaba por ser inevitável solicitar um reforço à barragem de Alqueva, o que é possível graças à ligação existente entre ambas desde 2010”. Esta ligação com Alqueva, em contrapartida, acaba por ser a causa do aumento do preço da água.

Face a isto, esta Associação tomou medidas em prol do aproveitamento hidroagrícola e populacional, nomeadamente a criação do Serviço Integrado de Apoio ao Regante (SIAR), em que existe um acompanhamento da cultura dos agricultores ao nível das regas. Posto isto, e citando Valter Lopes, “Criamos condições para o agricultor ter uma visão diferente do que está habituado, e posso afirmar que hoje em dia, já são poucos os agricultores do Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo que não tiram o melhor partido da água”, sendo, deste modo, proporcionada a redução do consumo de água. Para além disso, uma outra medida que foi incorporada assenta na dotação por cultura e hectare, ou seja, é definido um valor máximo de dotação de água para um hectare, o consumo que ultrapassar esse valor é penalizado com um aumento no preço da água.

POR CLÁUDIA SUCIO, JOANA SERAFIM E MARIANA GUERREIRO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

39

SÍNTESE

O AQUECIMENTO GLOBAL E A ALTERAÇÃO DA TEMPERATURA DAS ÁGUAS EM PORTUGAL Aquecimento global, o que é? Este termo refere-se ao aumento anormal da temperatura média do planeta, que tem vindo a ser registado nas últimas décadas. Este processo leva à acumulação de gases poluentes na atmosfera. Este fenómeno está a provocar o degelo do Ártico e a subida do nível médio da água do mar. São vários os locais que se encontram em perigo de desaparecer do mapa. Portugal, por sua vez, tem uma frente marítima extremamente vasta e são muitas as cidades em risco de serem inundadas, em maior ou menor

escala,

total

ou

parcialmente,

e

consequentemente, desaparecerem.

dessalinização das águas do mar devido a uma

Caso nada seja feito de forma eficaz contra estas cavalgantes alterações climáticas, o aquecimento global até 2100 pode ser de até 4 graus. Este efeito preocupante poderá significar um aumento de 9 metros do nível da água do mar. Isto significará que algumas localidades no Norte, Centro e Sul do país poderão ficar submersas.

O aumento do nível da água do mar não é a única consequência que o aquecimento global tem estado a provocar

na

costa

portuguesa.

Há

variações

consideráveis na temperatura da água do mar. O degelo no ártico é novamente a causa desta mudança. Um dos maiores perigos deste derretimento dos polos, é a libertação das imensas quantidades de gás metano que se encontram por baixo do Oceano Atlântico. Alguns cientistas acreditam que estas libertações de gás metano, foram responsáveis pela extinção em massa de algumas espécies.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

Assim como o problema do gás metano, há a enorme quantidade de água doce que o degelo traz. Tornando as águas mais doces e menos densas, sendo extremamente difícil assegurar alimento para algumas espécies nativas na costa portuguesa, visto que se alimentam de pequenos organismos presentes nas águas mais salgadas.

Todas

essas

consequências

alteram

drasticamente as temperaturas da água do mar na costa portuguesa, tendo sido elas, bastante sentidas neste passado verão de 2020, onde os termómetros do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) chegaram a marcar 28 graus numa semana, e na seguinte, uma assustadora descida para 15 graus em várias zonas do país. Tudo isto, tem impactos significativos

na

fauna

e

flora

do

mar

português.

40

VIII

O surgimento de tubarões na costa algarvia, em agosto deste ano, foi igualmente um acontecimento invulgar e pouco usual, que alarmou bastante os turistas.

Tubarões-azuis, apesar de serem uma espécie mais pequena

e

menos

agressiva

que

a

maioria,

são

geralmente os que causam mais ataques na nossa costa, tendo ocorrido este ano alguns acidentes documentados em praias.

Outra espécie invasora que foi avistada este ano na costa da Arrábida, foi a orca, também conhecida como baleia assassina. Todavia, as orcas pertencem à família dos golfinhos, sendo aliás o maior golfinho. É um animal selvagem e um predador de topo, e bastante perigoso para as suas presas.

Há que referir que nem todos os animais exóticos que IMAGENS: BLOG FIA

chegam ao nosso território nacional, oriundos da Europa, África, América ou Ásia, são nocivos para as espécies

A alteração da temperatura das águas traz como consequência a migração de espécies invasoras na nossa costa portuguesa. De facto, têm aparecido cada vez mais espécies marinhas exóticas ou subtropicais, que surpreendem os

que já aqui habitam, sendo apenas 1% delas consideradas um perigo. Porém, quando consideradas como um perigo, podem levar ao prejuízo, ou até mesmo à extinção de determinados ecossistemas, além de criarem prejuízos económicos.

investigadores e biólogos marinhos. A verdade é que o número de espécies aquáticas a chegar a Portugal tem crescido exponencialmente, o que pode em certos casos causar certos danos ambientais. É nas praias do Algarve e do Alentejo que existem as melhores condições para essas espécies se aproximarem, devido à visibilidade da água, pois a partir de Lisboa há vários escoamentos de rios.

Pode-se considerar como principais espécies invasoras, a corvina americana, o caranguejo azul, a caulerpa (um género de alga marinha) e a medusa do Margo.

FONTE: CANVA

POR FRANCISCA PUGSLEY E JÉSSICA SERRA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

41

IX

ENTREVISTA E REPORTAGEM

ESTUDANTES TRABALHADORES E SUAS ROTINAS Já se perguntou como é a rotina de um estudante trabalhador? Ou melhor, já esteve na situação de ser estudante trabalhador?

Ao olhar à nossa volta essa é a rotina de grande parte dos

Como vocês conseguem organizar a rotina da faculdade e

universitários na atualidade, principalmente de estudantes

do trabalho?

internacionais que se deparam com a necessidade de ajuda

Raphael: É um pouco complicado, eu trabalho de manhã e

financeira a seus familiares, ou até mesmo dos que

de tarde das 9h às 18:30h e tenho aula das 19:30h as 23:30h

precisam de garantir a independência financeira para a

da noite. Eu tenho livre só sexta à noite que normalmente

conclusão da sua vida académica e, consequentemente, da

eu descanso. Não dá para fazer muita coisa no final de

sua vida pessoal. Para entender melhor como lidam com

semana. Eu tento conciliar o meu final de semana com

esses dois mundos, foram entrevistados dois estudantes

aproveitar um pouco da vida, pois minha qualidade de vida

internacionais da Universidade do Algarve. Raphael Jório,

também

de 23 anos, nascido no Rio de Janeiro, residente em

universidade que são muitos.

Portugal há 3 anos e atualmente a cursar o Mestrado em

João: Eu tenho a facilidade que eu trabalho por turnos

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Juntamente

então consigo pegar o turno onde eu iria ter aula e

com ele, foi entrevistado João Bueno, de 20 anos e

converso lá no trabalho e vejo alguém que possa trocar,

originário de São Paulo, aluno do terceiro ano de

fazendo eu outro turno, para conseguir conciliar com a

Licenciatura em Ciências da Comunicação.

faculdade.

No que trabalham atualmente e já trabalharam anteriormente?

Raphael: Atualmente já estou a estagiar na minha área, durante a licenciatura trabalhei todos os anos. Durante a licenciatura trabalhei na restauração, no final do meu 3º ano já comecei a estagiar e agora mudei de empresa e estou a fazer o meu estágio profissional.

João: Eu trabalho no aeroporto para a empresa da Ryanair na área de handling, que é carregar/descarregar os aviões e descarregar os passageiros, isto é levar os passageiros do avião até ao aeroporto.

é

muito

importante,

e

os

trabalhos

da

Na opinião de vocês, qual a maior dificuldade nessa rotina e quais as maiores vantagens?

Raphael: Olha, dificuldade sem dúvida é o tempo. A gente quase não tem tempo, no máximo vai ter o final de semana que a gente tem que conciliar. É difícil, a gente acaba dormindo pouco, é cansativo de mais. Mas o lado bom disso tudo é que eu sou totalmente independente financeiramente então isso é muito bom, muito satisfatório para mim.

João: A maior dificuldade é o tempo porque se tem que conciliar duas coisas que normalmente consomem muito tempo, muito esforço e acaba sacrificando outras coisas

Qual o motivo pelo qual vocês começaram a trabalhar aqui em Portugal?

Raphael: Eu comecei a trabalhar porque era um pouco caro para os meus pais me sustentarem, porque o euro em relação ao real é muito elevado, principalmente hoje. Um outro motivo que incentivou bastante era poder comprar a minha própria passagem de avião e visitar os meus pais.

João: Eu comecei a trabalhar também porque o euro está muito mais caro que o real, principalmente agora nestes últimos tempos e aí os meus pais conseguiam me manter aqui porque eles vieram comigo. Então, a gente conseguia se manter, mas não tinha dinheiro sobrando para ir almoçar fora um dia, para sair para viajar, etc. Então, arrumei um emprego que me permitisse arcar com os custos dos meus pequenos luxos.

POR ANA INGLÊS E TAMIRES SIQUEIRA

MUNDO CONTEMPORÂNEO

como a vida social ou então um pouco de lazer. Mas a maior vantagem também é ter o seu dinheiro, conseguir comprar as suas coisas sem depender de outra pessoa, é uma das coisas que me gratifica muito.

Em síntese, a maior dificuldade para quem enfrenta essa rotina é a organização do tempo para que haja eficácia nas duas atuações. Para isso, é necessário um calendário bem estudado, possibilitando o uso do tempo de deslocação para o adiantamento de atividades importantes, e claro, cuidar do bem-estar físico e mental. O stress de uma rotina agitada pode facilmente trazer consequências negativas.

Estabelecer

limites

ajuda

no

desenvolvimento

da

disciplina interpessoal e também ao funcionamento do que está estipulado no seu calendário, sem esquecer de incluir momentos de lazer e relaxamento nele.

Acesso à entrevista completa no Youtube através do link https://www.youtube.com/watch?v=S8bEvm6wDLE&feature=youtu.be

42

IX

ARTIGO DE OPINIÃO

MEN GOING THEIR OWN WAY & FEMINISMO RADICAL Men Going Their Own Way (MGTOW) é um fenómeno social e online a nível internacional constituído por homens que escolheram um estilo de vida que rejeita complicações legais e românticas com mulheres. Este estilo de vida valoriza sobretudo a independência, uma vida sem compromissos ligados a casar e construir uma família. Segundo esta organização, este estilo de vida é justificado pelo facto de a sociedade atual ser corrompida pelo feminismo, isto é, segundo eles, o sistema que existe atualmente não é tolerável, daí as medidas consideradas “extremas” por este grupo.

Já o feminismo radical em si, é uma vertente do movimento feminista que surgiu no final dos anos 60, que, por sua vez, afirma que as opressões das mulheres advêm principalmente do patriarcado. Esta corrente do feminismo propõe que sejam feitas alterações profundas na sociedade, tanto a nível social como económico, com o objetivo de combater a influência e poder que os homens têm sobre as mulheres, de modo a que as diferenças de tratamento entre os dois sexos terminem.

Por outras palavras, as feministas radicais veem o patriarcado como a forma do homem exercer o seu poder absoluto na vida económica e social da sociedade utilizando esta vantagem para assim oprimir o sexo feminino retirando-lhe, ou suprimindo, os seus direitos como seres iguais numa sociedade. É importante referir que a comunidade do movimento MGTOW não aparenta ver o feminismo como um movimento que tenha como objetivo a igualdade de direitos entre os homens e as mulheres, mas sim, como um movimento que visa ser um obstáculo aos direitos e estilo de vida dos homens. É bastante frequente ver-se membros desta organização criticarem e culparem movimentos como o feminismo e as mulheres em si, para vários dos problemas que encontram no seu dia a

Após uma pesquisa pensamos que seja óbvio que os membros homens

desta que

organização apresentam

são

maioritariamente

valores

e

ideologias

particularmente extremistas, ideais esses sobre o que é ser verdadeiramente um homem, que acabam por ultrapassar transformam

as

marcas

numa

do

senso

tentativa

comum

desesperada

e

se

de

se

demonstrarem independentes e autónomos em relação ao que a sociedade em geral pretende ou acha aceitável e normal. É difícil entender o modo como ideologias destas se manifestam, mas como em muitas outras ideologias consideradas

excessivas,

resultam

principalmente

devido à ignorância perpetuada por certos indivíduos que culpam os alvos errados pelos problemas que têm nas suas próprias vidas. É de realçar o quão fácil certas ideologias e estilos de vida se propagam quando existem pessoas suficientes a pensar da mesma forma. O sentido de união e entendimento reina nestas organizações, e deste modo, as mais disparatadas ideias ganham força, tornando-se um problema sério que pode afetar qualquer sociedade neste mundo. É relevante expor que deveríamos sempre tentar alcançar a igualdade, de modo a não elevar extremismos como estes. É uma realidade que o feminismo comum tem tido vários estigmas e não tem tido tanta adesão da parte de ambos os sexos pelo facto de se pensar que pode ser tão extremista quanto o femismo, este que realmente superioriza o papel da mulher ao papel do homem. No entanto, estamos em crer quem assim pensa está errado, pois o que o feminismo verdadeiramente defende é a igualdade de géneros para que estes tenham o mesmo poder de escolha e oportunidades.

dia, mostrando um claro distanciamento acerca das normas consideradas aceitáveis e saudáveis.

MUNDO CONTEMPORÂNEO

POR ANA MORENO, ROBERTO PEREIRA E TERESA ALEXANDRE

43

CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO | 2º ANO