Século XX

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História da Cultura e das Artes.

Século XX Preparação para Exame



1. Conturbado, agitado e conflituoso o século XX acabou por ser marcado por imensos contrastes. Aponte: a) Três conflitos armados. I Guerra Mundial (1914 – 1918) Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) II Guerra Mundial (1939 – 1945)

b) Três regimes totalitários. Salazarismo (Portugal) Estalinismo (URSS) Nazismo (Alemanha) c) Três invenções que proporcionaram o aparecimento da chamada “cultura de massas”? Cinema (Charlie Chaplin com Charlot) Electrodomésticos Imprensa


2. Explica a deslocação, da Europa para os EUA, do centro civilizacional do Ocidente. Até meados do século XX a Europa constituía o centro civilizacional e cultural, com uma produção artística e intelectual riquíssimas em todas as suas formas de expressão: nas artes plásticas, na música, na literatura, na arquitectura. Era o berço de numerosas correntes artísticas sempre abertas e inovadoras. Após a I Grande Guerra e com a emergência dos regimes totalitários (Nazismo, Comunismo e Fascismo), artistas e intelectuais que se lhes opunham passaram a ser alvo de perseguições e forçados a fugir ou a abdicar dos seus conceitos, agora considerados decadentes e portanto sem espaço físico e ideológico para sobreviver. No fim da II Guerra Mundial a Europa encontrava-se exausta e devastada. Impunha sobretudo a sua reestruturação que iria absorver todos os esforços económicos e políticos. Não havia ainda abertura para a criação artística. Tanto mais que apesar da derrota do nazismo, sobreviveram ainda o comunismo e restos de totalitarismo que continuaram a condicionar o pensamento e manifestações de arte. Em oposição a este cenário encontravam-se os EUA, potência mundial, democrática, livre e aberta a todas as correntes, defensora da liberdade de expressão que passou a ser a nação de acolhimento de todos que aspiravam pela liberdade.


3. Estabelece a relação entre o Pós-Impressionismo e a Modernidade, referindo os seus principais representantes. No pós-impressionismo, é a época em que pela primeira vez se privilegia a excussão sobre a composição e a cor sobre o desenho, ou seja, valorizam-se as componentes da pintura sobre as espirituais. Os artistas despreocuparam-se da obrigação de representar um tema. Embora os impressionistas representassem o mundo tal como era visto (a sua impressão), foram criticados por boa parte dos artistas mais jovens, artistas esses que compreenderam a importância e as enormes contribuições trazidas pela pintura impressionista, mas que se encontravam em completo desacordo com a sua concepção do mundo. As reprovações foram comuns: a de ser um simples “olho”; a de manter uma postura asséptica face ao mundo; a de ignorar a importância dessa outra realidade recentemente descoberta que era o “eu”. Destacaram-se Van Gogh e Gauguin que criticaram os impressionistas por terem deixado de lado os seus sentimentos no acto de pintar; e Cézanne que os censurou por não terem aplicado a razão e a inteligência na hora de construir a natureza nas suas telas. Para Gauguin faltava-lhes a simplicidade e espontaneidade (encontradas nos primitivos). Desta forma a arte evoluiu: os expressionistas seguiram os passos de Van Gogh, os cubistas os de Cézanne e os fauves (simbolismo) os de Gauguin.


4. Define, a partir da obra de Kirchner, as principais características do movimento Die Brucke.

Pintura que estabelecia a “ponte” entre o visível e o invisível e que pretendia “exprimir directa e sinceramente o seu impulso criador”. Apresentavam uma linguagem mais aproximada do Fauvismo: cores violentas e figuras deformadas, pinceladas vigorosas, representando temática de crítica social, num sentido irónico, grotesco ou dramático. Exprimindo as inquietudes de um período ameaçado pela guerra, reflectem a angústia da condição humana, solitária e desamparada em ambientes despojados de qualquer sentimento. Privilegiaram, também, a criação pura numa procura do “original”, não como cópia da realidade, mas como expressão autêntica de uma vivência interior.

“A pintura é a arte que representa num plano um fenómeno sensível” – Ernst Kirchner (1880 – 1938)

5. Identifica, observando a obra de Matisse, os principais aspectos inovadores da estética Fauve. Desenvolveu-se na França, na primeira década do século XX. Considerado a primeira vanguarda da história da arte contemporânea por pretender libertar a utilização da cor da sua tradicional referência directa à natureza ou à realidade. Caracteriza-se por ser independente da experiência visual da realidade, ou seja, por conferir à pintura uma linguagem autónoma e auto-suficiente, livre da representação dos objectivos e do espaço concreto. Era uma vanguarda que pretendia essencialmente a autonomia da cor, sendo esta aplicada em tons puros e directamente sobre a


tela, apenas dependente das emoções dos pintores. Rejeitaram todas as tendências plásticas e pictóricas, para enaltecerem o valor da cor, sendo este o elemento privilegiado da composição e da representação. Estes artistas foram influenciados pelas importantes retrospectivas que ocorreram neste período e constituíram uma revelação no meio artístico: Van Gogh, Cézanne e Gauguin. Os novos valores cromáticos inspiraram a nova geração de pintores a exaltar as cores em tons fortes, quentes e vibrantes, apenas pretendendo exprimir os seus sentimentos e as suas emoções em composições livres, berrantes e enérgicas. A utilização da cor pura como elemento plástico autónomo, sendo o elemento estruturante do espaço foi, desta forma, a grande inovação do Fauvismo. Os temas que as obras figuravam, não passavam de pretextos para construções cromáticas de grande vitalidade ou composições cuja força expressiva decorria, principalmente, das qualidades plásticas dos elementos utilizados, das tensões internas e dos contrastes criados. Em 1908, o Fauvismo extinguiu-se, vitimado pelo seu excessivo experimentalismo e abrindo o caminho a novos percursos.

6. Refere a importância da obra de Wassily Kandinsky. Em 1910 foi fundada em Munique a segunda vanguarda expressionista, o grupo Der Blaue Reiter (“O Cavaleiro Azul”). Ao contrário do grupo Die Brücke, este não foi um grupo coeso: organizou-se em torno da forte personalidade de Kandinsky e aí comparou a linguagem plástica com a musical, definindo a obra como uma “necessidade interior”, à qual se acede através da “intuição” ou “empatia”. As suas teses sobre uma pintura sem objecto, assente em composições abstractas com uma dimensão lírica e poética, foram a génese da arte abstracta. Kandinsky, propõe, portanto, uma arte não-figurativa e um conjunto de significados para os elementos de uma linguagem plástica (as linhas, as formas e as cores, passam a ter um valor e um significado próprios). Estas formas abstractas sugerem drama e movimento, as cores intensas criam o sentido do espaço, enquanto as linhas conferem à pintura um ritmo e uma força dinâmica. Numa analogia com a música (como referi anteriormente), organiza a tela como se fosse uma peça musical, em composições vibrantes, numa clara alusão às “necessidades da vida interior”.


7. Explica a comparação de que Marinetti se serve, entre um automóvel de corrida e a Vitória de Samotrácia, para justificar o novo conceito de beleza. “Um automóvel de corrida com a sua capota enfeitada de tubos grossos semelhantes a serpentes de hálito explosivo…, um automóvel rugindo que parece correr debaixo de fogo, e mais belo que a Vitória de Samotrácia”. Fundado em Paris a 20 de Fevereiro de 1909, o Futurismo propunha a renovação radical e regeneradora dos temas, das formas e das linguagens artísticas. Através de conferências e sessões de “terrorismo verbal”, exaltam a vida moderna, louvam a agitação frenética das metrópoles industriais, elogiam a máquina e a beleza da velocidade. O imaginário dos futuristas é dominado pelo mito do automóvel e do avião, que representam o expoente absoluto do progresso tecnológico. Defendendo a ruptura total com a arte do passado, elogiaram a originalidade e glorificaram o progresso industrial e tecnológico. Toda esta poética do movimento é dominada pela exaltação da máquina e da velocidade, cujas “sensações dinâmicas” pretendem fixar nas suas obras, quer através da decomposição cromática e luminosa (divisionismo), quer através da multiplicação dos pontos de vista e da decomposição dos objectos (inspiração cubista). No entanto, ao contrário das composições estáticas cubistas, os futuristas aspiram ao dinamismo e à criação de uma energia latente na superfície pictórica. Tentam materializar uma tensão dinâmica e uma sensação de velocidade sobre a tela e sobre a matéria, baseada na decomposição das formas, na intersecção de planos e nos conceitos de simultaneidade, interpenetração e mobilidade.

8. A obra de Malevitch entende-se melhor se conhecermos o seu Manifesto Suprematista. Explica a simplificação radical das suas obras como Quadrado Negro ou Quadrado Branco sobre Quadrado Branco. No início do século XIX, na Rússia, um ambiente de transformação político-económica originou à Revolução Bolchevique, o que favoreceu a abertura cultural às novas experiências artísticas. Com a junção do Cubismo com o Futurismo e de acréscimo as ideologias marxistas; surgiu uma nova vertente da expansão do Futurismo: o “cubofuturismo”. Assim, Malevitch, cria uma linguagem estritamente geométrica e abstracta que conduziu à síntese plástica e pictórica, o “Suprematismo”.


Este (o Suprematismo), impôs à pintura uma abstracção radicalmente geométrica, de enorme pureza plástica e quase minimalista. Negou qualquer relação com o mundo objectivo ou verdadeiro (obras “não-objectivas”), recorrendo a formas simples e monocromáticas. A supremacia da sensibilidade pura nas artes figurativas. O valor estável e autêntico de uma obra de arte consiste exclusivamente na sensibilidade expressa. Para os suprematistas sempre será válido aquele meio expressivo que permita que a sensibilidade se exprima de modo pleno. O objectivo por si só não tem significado, e as representações da consciência não têm valor para ele. A sensibilidade é decisiva; através dela a arte chega à representação sem objectos. O artista libertou-se de tudo para escutar somente a pura sensibilidade, e traduzia-a por uma sensibilidade não-objectiva (o quadrado correspondia à sensibilidade, e o fundo branco correspondia ao “nada”).

9. Guernica, obra de Pablo Picasso, testemunha a destruição provocada pela Guerra Civil de Espanha. Analisa a obra, relacionando-a com os seguintes tópicos:  significado da obra enquanto símbolo de um acontecimento concreto;  influências do Cubismo nela patente.

Durante a Guerra Civil Espanhola, impressionado com o bombardeamento alemão sobre Guernica (uma pequena cidade basca), Picasso esboça a obra que viria a ultrapassar o mero testemunho histórico da desgraça que se abateu sobre a cidade. Num distorção expressionista das figuras, a obra ganha uma simbologia própria na memória colectiva, continuando presente como sentimento de consternação face à tragédia da guerra e como bandeira da liberdade e da paz fraterna entre os


homens. Sob o aspecto formal, é a obra mais representativa do Cubismo, pela sua geometrização estruturante, pela sobreposição e intercepção de planos e pela diversidade de pontos de vista. O espaço não está construído em função de leis ópticas, mas segundo uma vontade de expressão do artista, segundo a qual cada forma ocupa o lugar de revelação que lhe é próprio.

10. Dá exemplos de autores, obras e breve justificação destas correntes artísticas:

a)

OP Art

Participação involuntária do espectador. Privilegiam os valores visuais sobre os expressivos, produzido uma série de efeitos e ilusões ópticas que geram sensações de movimento e provocam a sua instabilidade perceptiva. Artista: Victor Vasarely

b) Arte Cinética Estruturas de peças bidimensionais que integravam o movimento como factor primordial de manifestação estética da obra. Artista: Alexander Calder

c) Happening Manifestação artística que valoriza o acto criativo em detrimento da obra plástica. Acontecimento que se desenvolve na presença do público. O artista recorre apenas ao próprio corpo e ao meio onde se desenrola a acção. Artista: Allan Kaprow


d) Performance Utilizou materiais insólitos e outros elementos pouco ortodoxos, subvertendolhes o sentido e associandoos a conceitos, ideias, valores, ect.

e) Instalação Obra integradora de vários meios expressivos num espaço arquitectónico, interior ou exterior.

f) Minimal Art Redução dos efeitos expressivos da obra à simplicidade extrema. Artista: Richard Serra

Artista: Mário Merz

Artista: Joseph Beuys

g) Arte Conceptual

h) Artes da Terra

Desmaterialização do objecto artístico e valorização dos processos criativos em detrimento da obra final. A ideia é o aspecto mais importante da obra.

Intervenções de carácter efémero na paisagem, reelaborando a natureza e inscrevendo a sua presença física no território.

Artista: Joseph Kosuth

Artista: Richard Long

i) Nova Figuração Representação de figuras reconhecíveis e adoptava muitas vezes uma complexa estrutura narrativa e um desenho denso que transmitia o imaginário pessoal do artista. Artista: Lucian Freud


Trabalho realizado por: Rute Prado Patriarca


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