Revista do SuiSite - Edição 09

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Um futuro promissor para a carne suína

Um futuro promissor para a carne suína

O consumo de proteína suína alcançou o marco de 20,5 kg per capita no ano de 2022. Esse número representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas de carcaças suínas, e soma mais de 20 bilhões em valor bruto de carcaça

Doença do edema e os seus desafios

Aditivos nutricionais para suínos na fase de creche

Setembro/2023 - No 09 - ano II - www.suisite.com.br/revista
SAÚDE ANIMAL NUTRIÇÃO ANIMAL

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C O N F I E N O S M A I S D E C O F I E N O S M A I S D E C O N F I E N O M A I S D E 2 0 A N O S 2 0 A N O S 2 N O S D E E X P E R I Ê N C I A D E E X P E R I Ê N C I A D E X P E R I C I A E C R E D I B I L I D A D E N O E C R E I B I L I D A E N O E C R E D B I I D A D E N O A G R O N E G Ó C I O A G R O N E G Ó C I O A G R O N E G C I O

Caro leitor,

O consumo de carne suína alcançou o marco de 20,5kg per capita no ano de 2022, de acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) a partir do censo populacional realizado pelo IBGE. Esse número representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas de carcaças suínas, e soma mais de 20 bilhões em valor bruto de carcaça (sem correção inflacionária), nos últimos 12 anos.

Para entender a magnitude desse avanço, vale a pena compará-lo ao índice registrado em 2010, que era de 13,7 kg per capita. A diferença é mais do que meramente numérica, ela concretiza uma mudança substancial nos hábitos alimentares e na relação do público com a carne suína. Os dados completos podem ser conferidos na editoria CONSUMO.

E mais, a edição de setembro da Revista do SuiSite aborda a doença do edema e os seus desafios na suinocultura, em material escrito pelo médico-veterinário Pedro Filsner.

Em nutrição animal a zootecnista Hysla Milena fala sobre o uso de aditivos nutricionais para suínos na fase de creche, e lembra que é nesta fase que as estratégias nutricionais irão constituir o principal caminho que permite mitigar diferentes conjuntos de desafios.

O 15º SBSS reúne aproximadamente 2 mil pessoas em Chapecó (SC) para discutir o futuro da suinocultura.

E muito mais.

Boa leitura.

Publicação Trimestral nº 09 | Ano II | Setembro/2023

06 06 07 34

Eventos As + lidas do SuiSite

Estatísticas e preços

08 14

Destaques SuiSite: Profissionais, Empresas & Instituições

Destaques SuiSite: PSC

4ª Campanha de Vacinação contra PSC em Alagoas imuniza mais de 138 mil suínos

Ponto-Final:

O impacto do Mundo

Open no agronegócio: impulsionando a inovação e a sustentabilidade

Redação Glaucia Bezerra (MTB 80373/SP) e Stefani Campos imprensa@mundoagro.com.br

José Carlos Godoy jcgodoy@mundoagro.com.br

Comercial Natasha Garcia e André Di Fonzo (19) 98963-6343 comercial@mundoagro.com.br

Diagramação e arte Gabriel Fiorini gabrielfiorini@me.com

Internet Gustavo Cotrim webmaster@mundoagro.com.br

Administrativo e circulação adm@mundoagro.com.br

4 A Revista do SuiSite
Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP Os informes técnico-empresariais publicados nas páginas da Revista da Mundo Agro são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.
Editorial SUMÁRIO
EXPEDIENTE

Consumo

Consumo percapita de carne suína atinge 20,5kg em 2022

Nutrição animal

Aditivos nutricionais para suínos na fase de creche

Saúde animal

Doença do Edema e os seus desafios

22 24

Um novo olhar para uma nova suinocultura

Cobertura: SBSS

15º SBSS discute tendências para o futuro da suinocultura

5 A Revista do SuiSite
18
26 28
Saúde animal

OUTUBRO

Victam Latam

3/10 a 5/10

Expo Center NortePavilhão Vermelho

São Paulo/SP

Desconto de 20% parceiro

Mundo Agro com o cupom:

#MUNDOAGRO20OFF

XX Congresso Nacional Abraves

16/10 a 19/10 Porto Alegre/RS

8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio

25/10 e 26/10

São Paulo/SP

NOVEMBRO

PorkExpo Latam 2023

07/11 a 09/11

Foz do Iguaçu/PR

As + lidas do SuiSite 1 2

Exportação de carne suína da primeira semana projeta expressivo aumento para setembro

O volume médio diário projetado para os 20 dias de setembro indica um total de quase 155,343 mil toneladas. Se realmente atingido, equivalerá a incrementos de 46% sobre o mês anterior e de 64,8% sobre setembro do ano passado. De toda forma, importante ressaltar que os volumes diários tendem a sofrer diluição no decorrer do mês.

Leia na íntegra:

Lei de Incentivo à suinocultura de Marcelino Ramos gera resultados positivos para agricultores

Uma lei criada pela atual administração de Marcelino Ramos, com proposição do prefeito Delfim e do vice-prefeito Goi, tem se destacado como um importante impulso para o setor da suinocultura no município. A lei, aprovada pela Câmara de Vereadores, oferece incentivos significativos aos agricultores que desejam investir em suas propriedades na criação de suínos, incluindo o serviço de terraplanagem com custo zero, financiado pela prefeitura.

Leia na íntegra:

Subiu, no 2º trimestre de 2023, o abate de bovinos e frangos e caiu o de suínos

No 2º trimestre de 2023, o abate de frangos subiu 4,7%, o de bovinos aumentou 12,6% e o de suínos caiu 1,0% ante o mesmo período de 2022. Frente ao 1º trimestre de 2023, o abate de frangos caiu 3,2%, o de bovinos cresceu 13,4% e o de suínos recuou 0,6%.

Leia na íntegra:

6 A Revista do SuiSite
+ em: www.suisite.com.br e em nossas redes sociais EVENTOS
3

Milho registra queda anual de 22,8% até agosto

A safra recorde de milho continua contribuindo para que os preços da saca de milho permaneçam declinando. Considerando agosto último, os produtores do grão absorveram quedas no preço médio de 33,2% e 44,1% sobre, respectivamente, agosto de 2022 e 2021. O acumulado no decorrer do ano, por sua vez, apresentou quedas de 22,8% e 24,8% sobre, respectivamente, mesmos períodos de 2022 e 2021, enquanto mostra índice positivo de 32,3% sobre o mesmo período de 2020.

Valores de troca

Milho/Suíno Vivo

A arroba do Suíno vivo terminado (granja, interior de SP) alcançou preço médio de R$130,03 nos primeiros oito meses do ano, equivalendo a aumento de 6,7%, enquanto na comparação com o mesmo período de 2021 houve queda de 2,1%. O resultado, na relação de preços entre suíno e milho, indica melhora expressiva na capacidade de compra dos suinocultores em relação ao mesmo período do ano passado. Neste ano foram necessários 140,1 kg, ou, pouco mais de 9,3 arrobas de suíno vivo para se obter a tonelada de milho, significando melhora anual de 38,2% no poder de compra do suinocultor, enquanto na comparação com o mesmo período do ano retrasado a melhora atingiu 30,3%.

R$/saca de 60 kg, interior de SP

Farelo de soja apresentou queda de 9,6% até agosto

Não tão expressiva quanto a verificada no milho, o preço do farelo de soja (FOB, interior de SP) também apresenta queda no acumulado de 2023. O preço médio do grão nos primeiros oito meses do ano alcançou R$2.463,00 por tonelada, significando quedas de 9,6% e 4,1% sobre, respectivamente, o mesmo período do ano passado e retrasado, enquanto a comparação com o mesmo intervalo de 2020 ainda sinaliza incremento expressivo de 50,5%.

Valores de troca

Farelo/Suíno Vivo

Com o suíno vivo apresentando incremento anual, enquanto o farelo de soja sinalizou queda no preço médio de comercialização, houve expressivo aumento no poder de compra do suinocultor. No acumulado de janeiro a agosto foram necessários 284 kg, ou, 18,9 arrobas de suíno vivo para adquirir a tonelada do grão, significando melhora de quase 18% no poder de compra do suinocultor em relação ao mesmo período de 2022, quando 335 kg, ou, 22,3 arrobas foram dispendidas para obter a tonelada do grão, enquanto a melhora alcançou 2,1% em comparação ao mesmo período de 2021. Isso porque naquele período, foram necessárias 290 kg, cerca de 19,3 arrobas para adquirir o Farelo de Soja.

7 A Revista do SuiSite
médio Milho
médio Farelo de Soja R$/tonelada
interior de
Mínimo 55,00 Mínimo 2.060,00 Máximo 94,00 Máximo 3.050,00 Média Jan-Ago 72,87 Média Jan-Ago 2.463,00
Preço
Preço
FOB,
SP
ESTATÍSTICAS E PREÇOS

do Sul

AEvonik, uma das líderes mundiais em especialidades químicas, com foco em soluções inovadoras e sustentáveis, está celebrando seus 70 anos de atuação no Brasil em 2023. A empresa comemora suas conquistas não apenas no país, mas em toda América Central e do Sul, reforçando seu compromisso com o crescimento dos negócios regionais.

“A confiança da empresa no crescimento da região mostra-se nos investimentos realizados. Estamos muito bem estruturados para atender as potencialidades do Brasil e dos países da região, dedicando todos os esforços possíveis para superar a atual e desafiadora conjuntura econômica mundial”, diz Hendrik Schoenfelder, Presidente Regional da Evonik para a América Central e do Sul.

AAleris

Animal Nutrition tem a satisfação de anunciar a contratação de Marcos Nascimento como o novo Coordenador Técnico Global de Avicultura e Suinocultura. Com uma vasta experiência acadêmica e profissional, Marcos chega à equipe da Aleris com a missão de impulsionar o desenvolvimento de produtos naturais e sustentáveis para a nutrição animal, consolidando a empresa como uma referência no mercado.

“Estou entusiasmado em fazer parte da equipe da Aleris, uma empresa cuja proposta se concentra em alternativas para a alimentação animal, com enfoque na utilização de produtos à base de levedura. Tenho como objetivo compartilhar toda a bagagem adquirida em prática para contribuir com o crescimento da Aleris Animal Nutrition”, enfatiza Marcos.

8 A Revista do SuiSite
EMPRESAS
INSTITUIÇÕES
DESTAQUES SUISITE: PROFISSIONAIS,
&
Evonik comemora 70 anos no Brasil e conquistas na região América Central e
Divisão de Avicultura e Suinocultura da Aleris recebe reforço de destaque
Marcos Nascimento, novo Coordenador Técnico Global de Avicultura e Suinocultura da Aleris. Foto: Divulgação.
9 A Revista do SuiSite

ABCS lança cartilha inédita de receitas com

Carne Suína na Alimentação Escolar

AAssociação

Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) lançou no da 16 de agosto, em parceria com a Associação Goiana de Suinocultores (AGS), a cartilha de Carne Suína na alimentação escolar junto de uma lâmina nutricional sobre a proteína. A iniciativa é mais uma entrega exclusiva para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS) e para o sistema ABCS.

Para o presidente da ABCS,

Marcelo Lopes, a cartilha é um passo importante para o aumento do consumo da proteína suína no país. “Fiz questão de vir aqui, porque Goiás além de ser um estado extremamente importante para o agronegócio, tem aqui uma pessoa que eu tenho uma admiração muito grande que é a Crenilda. Ela sempre foi uma pessoa de destaque, é uma guerreira, uma mulher vencedora e fica aqui meu abraço em nome de todos os produtores brasileiros e da

equipe ABCS. E lançar essa cartilha aqui em Goiás é fundamental, não só pela AGS, mas pela importância que o estado tem dentro do contexto da suinocultura. Queria falar também diretamente com as nutricionistas: vocês são peças fundamentais nesse trabalho, não adianta nós entregarmos uma cartilha, com receitas e fotos maravilhosas, se não temos as nutricionistas apoiando”, explica.

10 A Revista do SuiSite DESTAQUES SUISITE: PROFISSIONAIS, EMPRESAS & INSTITUIÇÕES

Dia Estadual do Porco é consagrado o principal evento da suinocultura gaúcha

ODia

Estadual do Porco, que teve sua 47ª edição realizada na última sexta-feira (11) em Tupandi, se consagrou mais uma vez como o principal evento da suinocultura gaúcha.

Pela primeira vez no Vale do Caí, o evento mobilizou cerca de 800 pessoas, entre produtores, profissionais e lideranças que vieram de diferentes regiões do Rio Grande do Sul.

Para o prefeito do município anfitrião, Bruno Jungues, foi um orgulho ser pioneiro na realização do evento. “A suinocultura é muito importante para nós! Poder proporcionar este evento aos nossos munícipes e aos produtores da região, é motivo de muito orgulho”, explica.

DESTAQUE SUISITE: EXPORTAÇÃO

Média mensal de exportações de carne suína superam 100 mil toneladas pela primeira vez na história

Embarques

chegam a 112,8

mil toneladas

em

agosto e elevam média mensal das exportações do ano; recentemente aberto, México aparece entre 10 principais destinos do produto brasileiro

ABPA

Pela primeira vez na história, a média mensal das exportações de carne suína superaram o patamar de 100 mil toneladas, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). De acordo com a entidade, os embarques do produto em agosto alcançaram 112,8 mil toneladas (considerando todos os produtos, entre in natura e processados). Com este número, a média acumulada neste ano chega a 100,9 mil toneladas mensais, superando o índice registrado no mesmo período comparativo (janeiro a agosto) de 2022, com 93,3 mil toneladas.

No comparativo com o mês de agosto de 2022, houve uma retração de 3,1%, considerando o total exportado no período do ano passado em 116,3 mil toneladas. A receita das

exportações do mês de agosto alcançou US$ 253,1 milhões, número 5,9% menor que o total registrado no oitavo mês de 2022, com US$ 269 milhões.

No ano (janeiro a agosto), as vendas internacionais de carne suína chegam a 807 mil toneladas, número 11,8% superior às exportações acumuladas no mesmo período de 2022, com 722,8 mil toneladas. Em receita, a alta acumulada é de 19,2%, com US$ 1,916 bilhão em 2023, contra US$ 1,607 bilhão no ano anterior.

Entre os principais destinos das exportações em 2023, a China segue na liderança, com 282,9 mil toneladas, volume 4,5% superior ao registrado em 2022. Em seguida estão Filipinas e Hong Kong, ambos com 78 mil toneladas (+26,4% no caso de

Filipinas e +17,7% para Hong Kong), e o Chile, com 56,6 mil toneladas (+73,7%).

“Melhor resultado da série mensal de 2023, o mês de agosto estabelece um novo patamar nas exportações de carne suína, pela primeira vez acima das 100 mil toneladas. Outro ponto marcante do mês foi o desempenho registrado pelo México, mercado recentemente aberto e que já figura entre os 10 principais destinos das exportações do setor”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

No ranking dos maiores estados exportadores, Santa Catarina segue na liderança, com 62,7 mil toneladas exportadas em agosto (+1%), seguida pelo Rio Grande do Sul, com 22,9 mil toneladas (-19,8%) e Paraná, com 15,5 mil toneladas (+0,5%).

“A China continua sendo o principal mercado para os exportadores brasileiros, porém temos visto neste ano a presença cada vez maior de novos mercados com volumes relevantes e também de alto valor agregado. Para breve, por exemplo, já se esperam os primeiros embarques para o recém aberto mercado da República Dominicana” destacou o diretor de mercados da ABPA, Luis Rua.

12 A Revista do SuiSite

4ª Campanha de Vacinação contra PSC em Alagoas imuniza mais de

138 mil suínos

A iniciativa gerou benefícios para mais de 5 mil suinocultores alagoanos, levando segurança para a produção e desenvolvimento socioeconômico para o segmento do estado

ABCS

4ª Etapa da campanha de vacinação contra Peste

Aretomada da campanha de vacinação contra a Peste Suína Clássica (PSC) em Alagoas, conquistou altas coberturas vacinais em sua 4ª etapa, alcançado todas as propriedades com criações de suínos, e impulsionando

ganhos importantes em todos os municípios alagoanos. Essa mobilização contou com o apoio dos produtores, órgãos públicos e profissionais da saúde animal e alcançou resultados expressivos na proteção do rebanho suíno,

imunizando 138.519 animais, gerando benefícios para mais de 5 mil suinocultores alagoanos e resguardando a manutenção do mercado nacional.

14 A Revista do SuiSite DESTAQUES SUISITE: PSC
Suína Clássica, Barra de Santo Antônio (AL). Fonte: ABCS, 2023.

A 4ª etapa da campanha ocorreu do dia 15 de maio a 15 de julho de 2023, e teve como objetivo principal imunizar todos os suínos em Alagoas, visando erradicar a doença e resguardar a saúde dos animais. A Diretora Técnica da ABCS e coordenadora da campanha pelo setor privado, Charli Ludtke explica que esta etapa foi mais um importante passo para a suinocultura alagoana. “Aplicamos essa metodologia da vacinação massal no rebanho de Alagoas que é uma alternativa extremamente eficaz para erradicar a PSC do estado. Com mais essa etapa de vacinação concluída, estamos mais perto de erradicar a doença, que é um problema em toda Zona não Livre (ZnL). A suinocultura é uma atividade estratégica para o desenvolvimento socioeconômico de Alagoas, ao investir nesse setor, estamos promovendo o crescimento econômico, gerando emprego e renda, além de fortalecer a agropecuária e garantir a segurança alimentar da população”, conclui.

Mapa gerado pelo programa Epicollect 5, adotado pelo SVO, que demonstra as regiões com alta concentração do rebanho de suínos imunizados contra a Peste Suína Clássica no estado de Alagoas (AL). Fonte: MAPA, 2023.

Números e conquistas da campanha

Para Felipe Moreti,Médico Veterinário e produtor alagoano, com a vacinação dos suínos no estado, está ficando mais seguro produzir e comercializar os animais em Alagoas. “Estamos tendo maior tranquilidade em expandir as granjas e introduzir novos animais. Não temos visto novos casos de PSC no estado,

mostrando que a campanha realmente está funcionando. Então os produtores ficam mais confiantes, por constatar uma grande mobilização atingindo todas as propriedades vizinhas e municípios ao redor”, finaliza.

A doença

A PSC é uma doença de

notificação obrigatória, caracterizada por sua capacidade de disseminação e gravidade, apresentando alto grau de contágio entre os suínos, o que pode resultar em prejuízos significativos. Não há tratamento específico para a doença, sendo a vacinação do rebanho a melhor forma de prevenir e interromper a

15 A Revista do SuiSite

DESTAQUES SUISITE: PSC

circulação do vírus. Essa campanha visa fortalecer a proteção e a saúde dos suínos em Alagoas, contribuindo para um cenário mais seguro para os produtores e o desenvolvimento da suinocultura local.

Agradecimentos e reconhecimentos

Esta ação é fruto de uma parceria público-privada que envolve diversas instituições do Setor Suinícola (MAPA, ABCS, ABPA, IICA e CNA), que uniram esforços junto a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária de Alagoas, e a ADEAL. A Associação Brasileira

dos Criadores de Suínos (ABCS) agradece a todos os doadores de recursos financeiros para viabilizar a campanha gratuita, assim como reforça o trabalho dos vacinadores, Serviço Veterinário Oficial, Governo de Alagoas, produtores e demais envolvidos na campanha, cujo comprometimento e esforço foram essenciais para o êxito dessa ação conjunta. O sucesso da campanha de vacinação é fruto da cooperação e responsabilidade compartilhados, refletindo a importância do trabalho em equipe na defesa da saúde animal e no fortalecimento da suinocultura.

16 A Revista do SuiSite
Felipe Moreti, Médico Veterinário e produtor, Chã Preta (AL) / Foto: Eguti Comunica

Consumo percapita de carne suína atinge

20,5kg

em 2022

Esse número representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas de carcaças suínas, e soma mais de 20 bilhões em valor bruto de carcaça

Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)

18 A Revista do SuiSite
CONSUMO

Oconsumo de carne suína alcançou o marco de 20,5 kg per capita no ano de 2022, de acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) a partir do censo populacional realizado pelo IBGE. Esse número representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas de carcaças suínas, e soma mais de 20 bilhões em valor bruto de carcaça (sem correção inflacionária), nos últimos 12 anos. Para entender a magnitude desse avanço, vale a pena comparálo ao índice registrado em 2010, que era de 13,7 kg per capita. A

diferença é mais do que meramente numérica, ela concretiza uma mudança substancial nos hábitos alimentares e na relação do público com a carne suína.

O aumento no consumo se baseia em uma revisão atualizada da estimativa populacional feita pelo IBGE em 2022. Essa atualização fornece uma visão mais precisa da população brasileira, lançando uma nova luz sobre o quadro do consumo de carne suína. O cálculo da ABCS, que serve como base para avaliar esse cenário, subtrai o número referente à

Conquistas

Consumo de carne suína

20,5kg

per capita em 2022.

exportação de carne suína in natura, da produção interna total do ano. O resultado refere-se à disponibilidade interna e é então dividido por toda a população brasileira, permitindo uma compreensão estimada da quantidade de carne suína que efetivamente é consumida no mercado interno.

Os dados conversam com o trabalho realizado há mais de uma década pela ABCS, que colocou entre seus pontos de atuação estratégica a comunicação com diversos players ligados ao

Aumento de mais de

2 milhões de toneladas

Soma mais de

20 bilhões em valor bruto

de carcaças suínas. de carcaça nos últimos 12 anos.

19 A Revista do SuiSite

consumo para mudar a imagem da carne suína. Além de produção e divulgação de materiais segmentados para crianças, adolescentes, médicos, nutricionistas, preparadores físicos, açougueiros e consumidores em geral, a suinocultura hoje é case premiado de iniciativa junto ao varejo para promover a carne suína com ofertas e informações com a maior vitrine da proteína no varejo brasileiro, a Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), que este ano chegou em sua 11ª edição e esteve presente de norte a sul do Brasil.

“A chegada aos 20 kg per capita de consumo de carne suína não é meramente um dado estatístico, mas sim uma história de progresso que vai além dos números, delineando as mudanças em nossa sociedade e os fatores que impulsionam a evolução de nossos hábitos alimentares, construído por mais de 10 anos de trabalho conjunto de toda a cadeia de suínos, e da ABCS, com ações integradas em diferentes frentes, que colocam o consumidor no centro do diálogo com profissionais de saúde, chefs de cozinha e nas maiores redes de varejo do país”, explica o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.

Crescimento destaque para a carne suína quando comparado a outras proteínas

De acordo com os dados produzidos pelo consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, a carne suína se consolida a cada ano como a queridinha dos consumidores e a carne da oportunidade. Em 12 anos, a carne suína teve um crescimento de quase 50% no consumo, enquanto o frango, que já tem um público consolidado, marcou o crescimento de cerca de 37%, e a carne bovina enfrenta retração em seu consumo de 5,7%, passando de 31,7 kg para 29,9 kg per capita. Em relação ao total de proteína animal consumida no ano, a carne suína que em 2010 representava pouco mais de 18% do consumo do brasileiro, já em 2022 ultrapassou a marca dos 22%.

Isso mostra que além do custo-benefício, a carne suína tem ganhado novos mercados por estar fazendo parte das descobertas e experiências dos consumidores, que têm enxergado na proteína uma opção que se encaixa em diversas ocasiões.

Veja mais sobre os números aqui:

20 A Revista do SuiSite
CONSUMO Consumo per capita/ano (kg/hab) 2010 2022 Diferença 2010/2022 Boi 31,7 29,9 -5,7% Frango 30,3 41,6 37,2% Suíno 13,7 20,5 49,8% TOTAL 75,8 92,1 21,5

Aditivos nutricionais para suínos na fase de creche

Na creche, as estratégias nutricionais irão constituir o principal caminho que permite mitigar diferentes conjuntos de desafios

Nos sistemas suinícolas, a fase de creche corresponde a um dos momentos mais decisivos do ciclo produtivo. Isso porque, o desmame precoce culmina em desafios que possuem diferentes origens e ocorrem concomitantemente. Por exemplo, existem desafios relacionados ao

comportamento social característico da espécie. A creche é o local em que diferentes leitegadas são misturadas e é necessário um novo estabelecimento de hierarquia, a qual se desenvolve por meio de disputas e que podem resultar em lesões superficiais que comumente são porta de entrada para doenças,

dentre elas, o desenvolvimento de miíases.

Nessa fase ocorre ainda uma mudança de ambiente e densidade animal. Esses fatores são importantes e devem ser considerados durante o alinhamento do conjunto de práticas referentes à sanidade do

22 A Revista do SuiSite
NUTRIÇÃO ANIMAL

plantel (manejo sanitário), o que permite a prevenção de enfermidades. Outra modificação se refere a cinética do comportamento alimentar, considerando que anteriormente ao desmame o alimento que estava na forma líquida (leite) poderia ser consumido mais vezes ao dia e em menores quantidades.

Com a mudança para a creche, é fornecido alimento sólido, farelado (ração) e em um número de vezes menor ao longo do dia. A alteração do alimento interfere ainda no metabolismo de aproveitamento de nutrientes, pois na fase de maternidade uma das principais fontes de energia é a lactose que na fase de creche será substituída pelo amido. Logo, é necessário modulação enzimática, isto é, uma curva de readequação do padrão de secreção enzimática devido a modificação de substrato. Nesse sentido, a utilização de creepfeeding ainda na maternidade auxilia na adaptação do organismo.

Já na creche, as estratégias nutricionais irão constituir o principal caminho pelo qual é possível mitigar o conjunto de desafios apresentados. Dentre elas, aditivos prebióticos, os quais fortalecem o sistema imunológico e estimulam a maturidade do trato gastrointestinal, promovem a

produção de anticorpos, aglutinação de bactérias patogênicas e produção de mediadores que permitem sistema imune vigilante nos suínos. Isso significa uma estimulação prévia à enfermidade, para que caso ela ocorra, os sistemas fisiológicos estejam mais preparados para impedir seus efeitos. Além disso, esses aditivos auxiliam em diminuir a diarreia na fase de creche, a qual é bastante comum, resulta em danos na mucosa intestinal e piora da condição de saúde geral, o que interfere ainda no bem-estar para essa categoria.

A utilização de minerais na forma orgânica é outra estratégia capaz de maximizar a absorção desse nutriente, aspecto fundamental no cenário descrito. Com os minerais inorgânicos o efeito de antagonismo entre minerais ocorre frequentemente e com uso de minerais orgânicos essa condição é evitada, pois são exploradas vias de absorção alternativas, isto é, vias de absorção do componente ao qual o mineral está quelatado. Mesmo os adsorventes de micotoxinas são muito importantes, visto que os efeitos das micotoxinas estão no sentido oposto da redução de desafios, pois representariam prejuízos em uma situação já saturada de processos desvantajosos. Por esse motivo, esse componente deve ser escolhido cuidadosamente

e composições mais completas são as mais indicadas.

Além dos exemplos de estratégias nutricionais mencionadas, é importante que a formulação da dieta esteja adequada. Desse modo, excesso de nutrientes deve ser evitado, como o excesso de proteína que a nível intestinal pode favorecer o crescimento e desenvolvimento da microbiota patogênica. Nesse sentido é primordial a preferência por ingredientes de alta digestibilidade e alta palatabilidade. Ao final da fase de creche, se os desafios foram adequadamente reduzidos, é esperado uma maior taxa de crescimento e desenvolvimento que devido ao efeito multiplicador dos

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REFERÊNCIAS WEI, X. et al. Weaning Induced Gut Dysfunction and Nutritional Interventions in Nursery Pigs: A Partial Review. Animals, v. 11, n. 5, p. 1279, 29 abr. 2021. CHRISTENSEN, B.; HUBER, L.-A. The effects of creep feed composition and form and nursery diet complexity on small intestinal morphology and jejunal mucosa-specific enzyme activities after weaning in pigs. Journal of Animal Science, v. 100, n. 5, p. skac138, 1 maio 2022. LOVING, C. L. et al. Effect of dietary β-glucan on intestinal microbial diversity and Salmonella vaccine immunogenicity and efficacy in pigs. Veterinary Microbiology, v. 278, p. 109648, mar. 2023.
Com os minerais inorgânicos o efeito de antagonismo entre minerais ocorre frequentemente e com uso de minerais orgânicos essa condição é evitada

Doença do Edema e os seus desafios

Abordagem

multifatorial contra a doença é a melhor estratégia que o produtor pode adotar

Pedro Filsner

Adoença do edema (DE) está presente na cadeia produtora de suínos mundialmente, incluindo o Brasil. Ela é uma toxinfecção com elevada taxa de mortalidade causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichiacoliprodutora da toxina Shiga 2 (Vt2e).

Com o desmame dos leitões, a integridade da barreira intestinal e

as suas vilosidades sofrem alterações estruturais importantes. Quando existe uma grande quantidade de E. coli verotoxigênica no intestino destes animais, a toxina produzida pela bactéria é absorvida com maior facilidade pelo organismo em decorrência das mudanças fisiológicas e estruturais que estão acontecendo. Devido à alta permeabilidade do endotélio, os animais apresentam edema de face, com inchaço bem característico das

pálpebras, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros.

Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita. Já em casos subclínicos da doença, os animais acometidos apresentam desempenho comprometido, principalmente na fase de creche, o que pode ser confundido

24 A Revista do SuiSite
SAÚDE ANIMAL

com deficiências nutricionais ou outros problemas de saúde.

Para uma tomada de decisão mais coerente, o diagnóstico diferencial para a DE precisa ser feito, e pode ser realizado por meio de cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença.

A Doença do Edema tem grande impacto econômico e fatores como a resistência genética, imunidade e dieta fazem a diferença no cenário. O manejo também tem um papel importante para controle e prevenção dos quadros de DE, onde a baixa higiene da granja, ausência de vazio sanitário, lotação excessiva e o estresse vivenciado pelos leitões aumentam os fatores de risco para a enfermidade.

A principal alternativa utilizada para o controle e prevenção da Doença do Edema é o óxido de zinco, que atualmente foi proibida em toda a Europa, algo que deve se tornar uma tendência para outras regiões produtoras no resto do mundo. Uma solução financeiramente acessível para todos e que trouxe excelentes resultados no combate à DE. Embora o zinco seja um mineral essencial ao funcionamento adequado do organismo, o seu excesso pode se acumular em órgão importantes dos suínos como os rins, fígado e pâncreas, podendo ter efeito tóxico e comprometer a vida produtiva do animal, contudo estes riscos são baixos e não são relatados com frequência. O argumento preponderante para o avanço do banimento deste princípio ativo pela Comissão Europeia foi o risco ambiental de acúmulo desta substância no solo, mananciais e contaminações em escala regional, porém sem impactos diretos à saúde humana”, elabora o profissional.

O banimento do óxido de zinco movimentou e ainda movimenta toda a cadeia produtiva em busca de melhores soluções para lidar com os desafios da DE. O fortalecimento das defesas naturais do epitélio intestinal dos leitões, assim como o fornecimento de probióticos, simbióticos e prebióticos para nutrir de forma adequada os microrganismos intestinais benéficos aos animais, é uma boa estratégia, mas não a única.

As vacinas toxóides, aquelas elaboradas com a toxina modificada incapaz de reproduzir a doença, instrui o sistema imunológico dos animais a atuar contra a toxina

produzida, defendendo-se de forma semelhante ao que ocorre contra vírus e bactérias. Um grande exemplo de vacina toxóide que temos amplamente difundida hoje é a vacina contra o tétano. Ela gera uma imunização relevante contra a toxina tetânica, mas necessita de reforços ao longo da vida, o que acaba não sendo um grande problema na cadeia de produção de proteína animal.

Com os novos desafios referente ao controle e prevenção da doença do edema, o produtor precisa estar ciente de que o combate à DE é multifatorial, e que as medidas preventivas ambientais como a limpeza e desinfecção rigorosa da granja, respeitar o período de vazio sanitário na troca de lotes, homogeneização dos lotes, evitar estresse ambiental e térmico para o animal são de extrema importância para manter o rebanho saudável.

Aliada ao manejo ambiental, a nutrição com elementos que possam favorecer a microbiota nativa do intestino dos leitões, por sua vez, fortalece a defesa natural do organismo, e o reforço da biosseguridade das granjas com a adoção de vacinação dos animais como uma estratégia sanitária essencial para o plantel, atuam na proteção 360º dos animais. Frente a esta nova realidade, a vacinação é a forma mais segura e eficaz de prevenir esta doença e outras doenças infectocontagiosas, sendo primordial para os bons resultados da granja.

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Pedro Filsner é médico-veterinário gerente nacional de serviços veterinários de suínos da Ceva Saúde Animal.
A principal alternativa utilizada para o controle e prevenção da Doença do Edema é o óxido de zinco, que atualmente foi proibida em toda a Europa, algo que deve se tornar uma tendência para outras regiões produtoras no resto do mundo

Um novo olhar para uma nova suinocultura

Marcelo Augusto Veloso, gestor da Granja Santa Adriana, em Mato Grosso, representa a nova geração em um setor cada dia mais consciente sobre a importância do bem-estar, gestão de pessoas e novas tecnologias

Marcelo Augusto Veloso, aos 30 anos, é gerente de uma das maiores granjas do Mato Grosso (MT), a propriedade Santa Adriana, em Primavera do Leste, que atualmente pertence ao grupo IBF Agropecuária. A granja possui um plantel de 850 matrizes, porém, somando aos animais de ciclo completo totaliza um plantel de 12.700 animais.

Veloso conta que a Fazenda e a Granja Santa Adriana foram

construídas no ano de 1993 com foco inicialmente para a produção de desmamados, anos depois investiu na produção de animais próprios atendendo também as fases de creche e terminação.

A relação de Marcelo com a suinocultura teve início no curso de técnico de agropecuária no Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, Campus Nova Andradina, em 2012. Iniciou sua trajetória na Fazenda Córrego Azul, no município de

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DIRETO DA GRANJA

Brasilândia, como estagiário na fase de creche, na propriedade também realizou as funções de operador e braço direito da creche, até atuar na fase de terminação e, por fim, migrar para o setor de UPL, que na época contava com 2.300 matrizes, e onde realizava os lançamentos e controle da granja.

Durante três anos atuou na SF Agropecuária tendo passado pelos postos de supervisão em gestação, controle da UPL, controle geral das granjas do grupo SF, fechamento de DRO e planos de meta. Assumindo, posteriormente, a gerência geral de todas as granjas UPL, com um total de 5.300 matrizes. Em sua passagem pela JBS em Laguna Carapã (MS), atuou em uma multiplicadora.

Na IBF Agropecuária responde pela produção intensiva, produção e financeiro. Assumiu a Granja Santa Adriana em 2022 com o desafio de aumentar a produtividade, iniciando imediatamente uma forte reestruturação em investimentos na estrutura, gestão e manejo, melhorando o plantel em 2.500 animais totais.

“Um dos maiores desafios na minha carreia foi a confiabilidade no trabalho da nova geração, onde damos maior foco em bem-estar para o animal, e cortamos uma antiga prática na qual os antibióticos fazem 100% dos resultados. Sabemos hoje que o bemestar e a prevenção são muito mais efetivos que antibióticos para o preventivo”, relata Veloso.

Novas demandas exigem novos olhares

Desde que assumiu a gestão da granja Marcelo internalizou um novo modelo de interação entre lideranças e colaboradores, no qual treinamentos, diálogos e conversas coletivas são mais efetivas do que a rigidez de tempos antigos.

“Minha carreira na suinocultura começou por meio do Instituto Federal, me formando em Técnico Agropecuário, com uma bagagem teórica e aprendendo na prática com várias pessoas que me ajudaram nessa história, além disso fui em busca de treinamentos, congressos e palestras. Acredito que estudos, treinamentos, compartilhamento de informações com pessoas confiáveis e de boa índole me permitiram crescer profissionalmente e ajudar no desenvolvimento da suinocultura”, salienta.

Segundo Marcelo, a nova geração da suinocultura espera e busca trazer para o setor uma maior rentabilidade com menor custo, ou seja, eliminar a ideia de que o antibiótico é 100% da solução. “Queremos fazer um elo onde todos tenham responsabilidades e deveres para que a produção seja atingida, tornando o resultado um trabalho de 100% da equipe”.

A história de Marcelo Augusto Veloso integra o projeto Histórias de Valor, da Topigs Norsvin, que tem apresentado e dado destaque aos profissionais que têm conectada a sua evolução de vida ao crescimento profissional dentro da suinocultura.

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Segundo Marcelo, a nova geração da suinocultura espera e busca trazer para o setor uma maior rentabilidade com menor custo
Marcelo Augusto Veloso, gestor da Granja Santa Adriana, em Mato Grosso

Chapecó (SC) recebeu, entre os dias 8 e 10 de agosto, o 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) e a 14ª Brasil Sul Pig Fair, que ocorrem simultaneamente no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC). O evento, realizado pelo Núcleo Oeste de Médicos-Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), é uma oportunidade única para profissionais do setor se atualizarem e trocarem experiências.

O evento reuniu aproximadamente

2 mil pessoas que participaram de 16 palestras da programação científica. O SBSS aconteceu no formato híbrido. Simultaneamente, foram realizadas a 14ª Brasil Sul Pig Fair e a Granja do Futuro, presencialmente.

O presidente do Nucleovet, Lucas Piroca, salientou que o evento envolveu renomados profissionais nacionais e internacionais que compartilharam conhecimentos em diversos assuntos de relevância atual. “Proporcionamos

informações com a melhor qualidade possível, com total base técnica e científica e com relação com o mercado mundial do setor. O Simpósio é um evento com grande capacidade para indicar tendências e atualizar os profissionais envolvidos na cadeia da suinocultura”.

Bem-estar animal e as novas legislações foi o tema que abriu a programação científica do 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS). As legislações no Brasil

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(Instrução Normativa 113 e Portaria 365), na Europa (Alemanha e Espanha) e nos Estados Unidos (Califórnia) foram o foco da palestra do médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias e doutor em Bem-Estar Animal Cleandro Pazinato Dias, que explanou sobre o tema “Bem-estar e a nova legislação. O que precisamos entender?”. Ele também fez simulações do que pode acontecer no Brasil a partir das mudanças no exterior e o que a cadeia produtiva precisa entender.

Cleandro explicou que, no Brasil, a

discute tendências para o futuro da suinocultura

Com palestras e debates de especialistas renomados, o simpósio apresenta as últimas tendências e tecnologias voltadas para o mercado suinícola

Instrução Normativa 113, de dezembro de 2020, estabelece as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial e a Portaria 365, de julho de 2021, aprova o regulamento técnico de manejo préabate e abate humanitário e os métodos de insensibilização autorizados pelo Ministério da Agricultura (MAPA). Porém, enfatizou que a Europa é percursora nas normas de bem-estar animal e é referência mundial. “Quem quiser vender para a Europa terá que seguir as mesmas normas. A Europa tem

um longo histórico de legislação e está com muita mudança”, frisou.

Uma das alterações no mercado europeu é o fim do uso das gaiolas de gestação e de maternidade. “Isso é algo muito impactante para o mundo inteiro, se a Europa segue esse caminho, é importante que a gente saiba e entenda como nos posicionarmos porque vamos concorrer com os mercados deles, tanto de produção quanto de comercialização de carne suína”, salientou Cleandro.

29 A Revista do SuiSite 15º SBSS

Da mesma forma, o palestrante realçou alterações nos Estados Unidos, em especial na Califórnia, onde tem uma legislação nova, inclusive com penalizações para quem não a seguir. “A Califórnia representa 8% da população americana e está com uma legislação que só poderá entrar carne suína, ovos, lácteos e outros derivados de animal que sigam determinadas práticas. Essa nova legislação impacta a produção e a comercialização”, expôs. Entre as determinações, está a abolição do uso das células individuais na gestação e ter um espaço mínimo na fase de gestação para matrizes.

Para Cleandro, o que acontece na Europa e no mercado norteamericano chegará ao Brasil e, por isso, é importante a cadeia produtiva estar preparada e entender alguns aspectos. Entre eles, estão: a migração para maternidades com confinamento temporal; o banimento das celas individuais em todas as fases é um caminho natural; o espaço fornecido por animal deverá ser maior; o maior espaço no transporte e que, com bem-estar, se produz melhor e se reduz o uso de

antibióticos. Também é preciso considerar a inter-relação da ética, da ciência e da legislação com o bem-estar, que a vontade do consumidor é que prevalecerá, que a pressão por mudanças para o bemestar se ampliará e se intensificará, que a Europa deverá atualizar suas legislações e adicionar mais restrições. “Devemos aplicar melhor as legislações, não apenas ‘cumprir exigências’”, finalizou Cleandro.

Insensibilização

“Bem-estar animal e a prática de insensibilização de animais a campo” também foi o tema de palestra no 15º SBSS, com o médicoveterinário, mestre e doutor em Zootecnia Filipe Dalla Costa, durante o painel “Uso Prudente de Antimicrobianos e Bem-Estar Animal”. O palestrante reforçou que o tema sobre bem-estar animal vem crescendo mundialmente, principalmente pelo interesse do consumidor em como os alimentos são produzidos. “Isso abre um leque não só para o bem-estar dos animais, mas também para o bem-estar humano e da sustentabilidade”.

Filipe abordou sobre insensibilização para a eutanásia dos animais a campo. Na indústria da carne suína, diversos problemas ocasionais tornam necessário o sacrifício emergencial dos animais. Os motivos podem incluir desde doenças virais e bacterianas graves, pragas, acidentes durante transporte ou trato, até malformações congênitas.

Oportunidades e sustentabilidade encerram debates do segundo dia do 15º SBSS

O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne/SC), José Antônio Ribas Júnior, explanou sobre “Oportunidades em um cenário de margem zero”. Ele falou sobre o que pode ser feito para posicionar melhor o setor no mercado e sobre oportunidades. Salientou que o agronegócio possui

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muitas virtudes que precisam ser mostradas aos consumidores.

De acordo com Ribas, atualmente a venda está sustentada na competitividade brasileira, que possui proteínas de qualidade com baixo custo. Porém, para continuar bem posicionado no futuro, algumas variáveis precisam ser avaliadas. “O mundo chegou a 8 bilhões de pessoas e logo chegará a 10 bilhões de habitantes. Tem um bilhão de pessoas nesse momento que não têm um prato de comida e é nosso papel poder propiciar alimentação. O mercado é muito amplo, podemos trabalhar desde o mais gourmetizado até o mais básico”, expôs. Ribas enfatizou que o setor é extenso e intenso e essa intensidade exige ciência de dados e planejamento para que não se perca a eficiência.

Citou, por exemplo, as definições da COP 26 e da COP 27. “Todos têm obrigação de saber o que está escrito nesses relatórios porque neles estão os grandes direcionais da produção de alimentos do mundo. Neles está escrito que, para as nações mais relevantes do mundo, a produção de alimentos é questão de soberania

GRANJA DO FUTURO

Dez empresas expuseram produtos e serviços para a cadeia de produção suinícola na Granja do Futuro, que aconteceu simultaneamente ao 15º SBSS.

O espaço simulou uma granja, com os principais equipamentos necessários para a produção de suínos, destacando tecnologia e inovação.

DOAÇÕES

Tradicionalmente, em todos os Simpósios que promove, o Nucleovet doa parte do valor das inscrições pagas para entidades. Nesta edição do SBSS, a comissão organizadora definiu por fazer a doação para a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Chapecó e para a Sociedade Amigos dos Bichos. A presidente da Rede Feminina, Fátima Da Cas Zanella, e a vice-presidente, Ronice Schmitz, a presidente da Sociedade Amigos dos Bichos, Giuvana Becker, e a voluntária Jovane Bottin receberam um cheque simbólico das doações. Neste ano, o SBSS também contou com a NúcleoStore, uma loja exclusiva do Nucleovet com produtos personalizados. O valor arrecadado com as vendas será destinado a uma entidade beneficente.

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nacional”. Além disso, para se manter competitivo, é necessário pensar em ESG. “A hora de garantir o futuro é agora, é neste momento que estamos com o olhar para dentro do setor, buscando as melhorias de eficiência. O Brasil é eficiente, exporta para 150 países. Ninguém ganha mercado por tantos anos de maneira tão consistente se não estiver fazendo com qualidade”.

Ribas reforçou, ainda, que o agronegócio gera desenvolvimento, empregos, qualidade de vida e fortalece a economia. O modelo de produção integrada é composto por 100 mil famílias, a avicultura e a suinocultura geram 4,1 milhões de empregos no Brasil.

Enfatizou a eficiência do agro, ao citar que, da década de 1990 para os dias de hoje, a área cultivada cresceu de 131 milhões de hectares para 192 milhões, enquanto que a produtividade elevou de 483 milhões de toneladas para mais de 1,1 bilhão de toneladas. Ou seja, dobrou a produção sem ter a necessidade de dobrar a área. Essa eficiência saiu da agricultura 1.0, que tinha mão de obra intensiva e baixa produtividade, e evoluiu para

a agricultura 5.0, passando pelo melhoramento genético, máquinas e softwares agrícolas, biotecnologia, posicionamento global, sensoriamento, uso de drones e imagens por satélite até inteligência artificial, integração de dados e de sistemas, robótica, automatização e ESG.

Sobre sustentabilidade, salientou que os produtores rurais e todo o setor respeitam o meio ambiente. “Existem dentro das propriedades as reservas obrigatórias e as áreas de preservação permanente e nós não costumamos mostrar esse ativo ambiental que está na nossa mão. Temos um cuidado ambiental que ninguém no mundo tem”. Além disso, o Brasil investe em energias renováveis, possui uma grande matriz de energia limpa e investe em novos projetos, como de produção e energia com biometano. “Existem inúmeras iniciativas, sabemos fazer e estamos fazendo, incluindo a neutralização de carbono na produção. Isso precisa estar nas embalagens dos nossos produtos, precisamos comunicar com eficiência as nossas virtudes”, realçou, ao acrescentar que aliado a isso tudo são necessários

profissionais com novas competências e qualificados. “Precisamos ter foco nos novos mercados, em comunicação, em liderança, no planejamento e na eficiência”, finalizou Ribas.

Vacinas e biossegurança encerram debates do 15º SBSS

Ana Paula destacou que as vacinas autógenas têm ganhado destaque por serem um produto personalizado. O principal diferencial dessas vacinas de uma vacina comercial/industrial, explicou a palestrante, é a capacidade de ser moldada frente aos patógenos presentes na propriedade. “É um produto customizado que tem a flexibilidade de acompanhar a inserção de um novo agente em uma granja ou até mesmo a mutação de bactérias e vírus pré-existentes”.

O Brasil possui diversas empresas

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nacionais e multinacionais licenciadas para produção de vacinas autógenas. “Observa-se uma busca pela melhoria do processo geral, iniciando pelo atendimento ao campo, capacidade laboratorial, modernização de fábrica e escolha do adjuvante. A melhoria estrutural do processo se iguala e, muitas vezes, eleva o padrão com relação às vacinas comerciais, o que traz segurança e confiabilidade ao produto final”, destacou Ana Paula, ao acrescentar que, a cada dia, as vacinas autógenas buscam por respostas imunológicas mais eficazes e duradouras.

Ana Paula falou sobre procedimentos

APOIO

para a produção das vacinas autógenas. Na granja envolve questões como momento da coleta, escolha do animal, número de animais coletados, o que e como coletar. No laboratório as atenções se voltam as quais exames solicitar, interpretação dos resultados, quais agentes irão compor a vacina e o protocolo vacinal. “As ferramentas laboratoriais se desenvolvem com o passar do tempo e estão cada vez mais específicas, auxiliando na escolha dos agentes que irão compor a vacina, qual protocolo vacinal utilizar, assim como na mensuração de resposta imunológica”, salientou, ao acrescentar que a cada dia buscase mais a diminuição consciente do

uso de antibióticos com foco na prevenção de doenças ao invés de tratamento curativo.

“O trabalho intensivo em biossegurança, biosseguridade e profilaxia são essenciais para a manutenção da sanidade de qualquer plantel suíno. Com foco em prevenção, as vacinas são ferramentas essenciais para proteção do plantel. As vacinas autógenas são personalizadas, assim como o desafio da propriedade e possuem a capacidade de serem atualizadas mediante a entrada ou mutação de um patógeno, seja ele bacteriano ou viral”, finalizou a palestrante.

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O 15º SBSS tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/ SC), da Embrapa Suínos e Aves e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).

Oagronegócio brasileiro desempenha um papel crucial na economia global, alimentando populações e impulsionando o desenvolvimento. No entanto, os desafios enfrentados pelo setor, como a necessidade de aumentar a produção para atender a demanda crescente e a pressão por práticas mais sustentáveis, exigem abordagens inovadoras. Nesse contexto, o conceito de Mundo Open tem ganhado destaque como uma forma de impulsionar a inovação e a sustentabilidade no agronegócio.

No Brasil, o site e-gov disponibiliza uma página específica do Ministério da Agricultura, que traz informações sobre o agronegócio, fomentando a inovação e prezando pela transparência no setor.

Além disso, o governo investe no Open Gov, quando disponibiliza APIs específicas para Agricultura e Governança Fundiária no seu catálogo de APIs governamentais, que fornecem acesso rápido a dados importantes para o setor.

Essa tendência tecnológica do Mundo Open no agronegócio acelera a inovação e permite que produtores tenham acesso aos dados do governo e do setor privado para a tomada de decisões assertivas.

A relevância do uso de novas tecnologias de inteligência no agronegócio é inegável devido aos inúmeros desafios que esse setor enfrenta em uma época de enorme

34 A Revista do SuiSite PONTO-FINAL

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