Unimed Blumenu - Ed. 61

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ARTIGO

Malformações fetais Divulgação

tudo, realizado nos Estados Unidos, demonstrou que, apesar dos riscos envolvidos, houve redução das complicações associadas à hidrocefalia e melhor desfecho fetal após 30 meses de idade. No Brasil, ainda não consta no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). Prevenção Os folatos têm papel fundamental no turn over (divisão e multiplicação) celular. A sua deficiência pode impedir que isto ocorra de maneira adequada em um momento crítico para o fechamento do tubo neural intrauterino. Logo, é recomendada a sua suplementação.

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s defeitos do tubo neural estão entre as malformações fetais mais comuns, atrás apenas das malformações cardíacas nos Estados Unidos. A mielomeningocele (ou spina bífida aberta) é o defeito do tubo neural mais comum e é caracterizada por uma fissura na coluna vertebral e na pele fetal, que expõe a medula espinhal e as meninges (membranas que recobrem a medula). Durante a vida embriológica, no final do primeiro mês após a concepção, ocorre o fechamento do tubo neural. A mielomeningocele é causada pela falha deste fechamento. A incidência da mielomeningocele é de um a cada mil gestações (0,1%). Em uma mulher que já teve uma gestação afetada anteriormente a chance é de 2,5%. Mulheres que utilizam drogas antagonistas do folato, como anticonvulsivantes para tratamento de epilepsia ou que seguem dietas

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rigorosamente orgânicas (não consomem alimentos suplementados por ácido fólico) são também consideradas de alto risco. As principais afecções neurológicas envolvidas são déficit sensitivo e motor dos membros inferiores, incontinência urinária e fecal e hidrocefalia (complicação da malformação de Chiari tipo II). O diagnóstico pode ser feito no pré-natal, por meio da ultrassonografia e, eventualmente, por ressonância magnética no segundo trimestre. O tratamento é neurocirúrgico e o reparo tem por objetivos recompor a anatomia regional e reduzir as complicações associadas. Habitualmente, o tratamento é feito pelo neurocirurgião após o nascimento do bebê. Entre 2003 e 2010 foi realizado o estudo MOMs para identificar a eficácia do tratamento intrauterino. Este es-

O folato é uma vitamina hidrosolúvel do tipo B (B9) e está presente em vegetais de folhas verdes, laranja e legumes. Sua forma sintética é o ácido fólico. No entanto, o consumo destes alimentos em forma orgânica ou mesmo quando acrescidos industrialmente de ácido fólico mostra-se insuficiente na prevenção dos distúrbios do tubo neural. A suplementação de ácido fólico é habitualmente feita na dose diária de 400 mcg (0,4 mg) em mulheres susceptíveis a uma gestação, ou seja, sem nenhuma forma de proteção anticoncepcional. No entanto, portadoras de um risco maior como usuárias de anticonvulsivantes ou afetadas em gestações anteriores, a dose recomendada é maior: 4 mg. É interessante que este uso inicie pelo menos um mês antes da gravidez. Esta e outras orientações são rotineiras nas consultas pré-concepcionais com o obstetra.

Dr. João Luiz Fabrin Ascoli Especialista em Ginecologia e Obstetrícia CRM 12329


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