Valongo Saúde - N.º 7 - julho 2024

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cidadania melhor saúde Valongo

Alterações climáticas: Estamos em inegável emergência

NÃO PODEMOS DEIXAR QUE DISCURSOS NEGACIONISTAS TOMEM O ESPAÇO PÚBLICO, ADIANDO OU INVERTENDO PROCESSOS DE ADAPTAÇÃO E COMBATE ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. NESTA EDIÇÃO ENCONTRA INFORMAÇÃO FIÁVEL PARA QUE DEFENDA O SEU DIREITO A UM PRESENTE E A UM FUTURO DE QUALIDADE.

EMAAC

Uma estratégia municipal de mitigação e adaptação às alterações climáticas P. 06

O ESPECIALISTA

RESPONDE

As baterias e os materiais que a compõem não serão a nossa “desgraça” futura.

ADOLESCER

O Futuro está nas tuas mãos - usa o teu poder para combater este problema.

Antes que seja só uma “Casa a Arder”

Estamos em inegável emergência climática e não podemos deixar que discursos negacionistas tomem o espaço público, adiando ou invertendo trajetórias de adaptação e combate às alterações de que somos testemunhas diariamente. Era, por isso inevitável uma edição desta revista dedicada ao ambiente e às questões climáticas.

Não é possível equacionar a saúde pessoal ou comunitária sem ter em conta o impacto das questões climáticas; a gestão de um território tem, necessariamente, que atender às alterações em curso e pensar medidas que mitiguem efeitos e fomentem a resiliência dos territórios; as políticas económicas relacionadas com a produção, o emprego, o comércio e a segurança arriscam o colapso se não estiverem assentes nesse pilar fundamental que é a sustentabilidade ambiental. É disto que falaremos nas próximas páginas.

Em 2015, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável foram assinados pelos responsáveis de 193 países membros das Nações Unidas, num compromisso planetário para um caminho de responsabilidade com o Planeta e as Pessoas, em Parceria, sem esquecer a Prosperidade e a Paz.

são preocupações inseparáveis. Passados dez anos, apesar do muito que se fez, as metas previstas estão longe de ser alcançadas e são mais do que evidentes os impactos nefastos da desregulada ação humana sobre o planeta. A greve climática estudantil em 2018, marca a mobilização de toda uma geração que

Não por acaso, no mesmo ano, o Papa Francisco envia à comunidade cristã a encíclica “Laudato Si” onde convoca a humanidade cuidar da Casa Comum, numa proposta de ecologia integral onde natureza, justiça, cuidados com os mais frágeis e marginalizados e paz interior

reivindica comportamentos e compromissos mais eficazes, e que o faz diariamente, de diferentes formas, chamando a atenção da população, das instituições e dos políticos para a importância de mudarmos o rumo. Recentemente seis jovens portugueses apresentaram ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) uma queixa contra 32 países

europeus acusando-os de violarem alguns dos seus direitos fundamentais, ao ameaçarem a sua longevidade com os efeitos das alterações climáticas, bem como a sua saúde física e mental. No dia em que foi lida a sentença desfavorável aos jovens portugueses, o TEDH deu razão à queixa da organização suíça “Avós pelo Clima”, que processou o governo do seu país por não fazer o suficiente para travar as alterações climáticas.

Não é só o futuro que está ameaçado, é também o presente. As mudanças climáticas são geradoras de fenómenos intensos e extremos, como ondas de calor, secas ou inundações, que afetam populações por todo o mundo. A migração climática movimenta milhares de seres humanos que se veem obrigados a deslocações forçadas, deixando os mais vulneráveis à mercê de inúmeras ameaças.

Não se trata, pois, de uma questão deste ou daquele local, nem uma responsabilidade atribuível apenas a alguns países ou dirigentes; é um assunto da Casa Comum, que a todos deve envolver, num verdadeiro exercício de cidadania ativa. Cara e caro Munícipe, aceder a informação de qualidade, de fontes fiáveis, deve ser o primeiro passo para a defesa do seu direito a um presente e a um futuro de qualidade. Espero que encontre nesta edição não só conhecimento, mas também motivação para um efetivo envolvimento na preservação do nosso planeta.

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Antes que seja só uma “Casa a Arder”

Saúde Ambiental: Vigilantes de vetores

Valongo pelo clima

A agricultura, a sustentabilidade e as alterações climáticas

3 perguntas sobre alterações climáticas

Adolescer: Alterações Climáticas: O Futuro está nas tuas mãos!

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1440

Linha telefónica gratuita da Associação Nacional de Farmácias através da qual pode encomendar e receber medicamentos em casa, 24 horas por dia, no continente e nas ilhas.

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220 179 216 939 030 398 800 20 20 99 - Gratuito

proteccaocivil@cm-valongo.pt

Bombeiros Voluntários de Ermesinde 229 783 040

Bombeiros Voluntários de Valongo 224 219 800

ACeS do Grande Porto lll – Maia/Valongo 229 470 940

UCC Ermesinde

Rua Professor Egas Moniz, s/n 4445-401 Ermesinde 229 735 788 ucc.ermesinde@arsnorte.min-saude.pt

UCC Vallis Longus

Rua da Misericórdia, s/n 4440-563 Valongo 224 220 363 ucc.vallislongus@arsnorte.min-saude.pt

Serviço de Informação às Vítimas de Violência

Doméstica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

800 202 148 – Gratuito

Atendimento disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Se não conseguir falar envie um SMS para o número 3060 ou um email para violencia.covid@cig.gov.pt

Câmara Municipal de Valongo Avenida 5 de Outubro, n.º 160 4440-503 Valongo 224 227 900 gabmunicipe@cm-valongo.pt

Divisão de Saúde da Câmara Municipal Valongo Rua Conde Ferreira, 220 4440-452 Valongo 967 100 565 saude@cm-valongo.pt

Saúde Ambiental:

Vigilantes de vetores

As doenças transmitidas por vetores - organismos vivos, capazes de transmitir agentes infeciosos a pessoas ou animais – têm aumentado, ou ressurgido, como resultado das alterações climáticas, da resistência a inseticidas e da redução nos cuidados com a prevenção. O que podemos fazer?

“boleias” importantes para que estes seres vivos se possam instalar em novas “casas”.

É a equipa Técnica de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública que assegura este trabalho usando diferentes estratégias. Desde logo com atividades de prevenção, chamando à atenção para a importância de adotar medidas simples, mas de grande eficácia com impacto na redução de criadouros e, logo, de possibilidade de picadas.

visite o portal da saúde em

http://saude.cm-valongo.pt

O surgimento de novas doenças causadas por organismos pouco ou nada conhecidos e transmitidas por vetores mais ou menos comuns é visto pela comunidade científica como muito provável. As mudanças climáticas podem originar novos habitats para mosquitos e carraças, possibilitando o desenvolvimento de infeções que já se encontravam controladas ou que estamos habituados a relacionar com outros territórios, como é o caso da Malária ou do Dengue. Por outro lado, a ação humana na exploração dos recursos florestais, o impacto das secas, dos fogos, das inundações e de outros fenómenos extremos, faz-se sentir na alteração de ecossistemas e na presença de organismos, alguns ainda desconhecidos. Não podemos, ainda, esquecer o aumento da circulação de pessoas – em turismo, viagens de negócios, ou migrações – fornecendo

O Programa REVIVE - Rede de Vigilância de Vetores existe desde 2008 e tem como objetivos vigiar a atividade de vetores, caraterizar espécies, a sua ocorrência sazonal, identificar agentes e promover evidência científica para a Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas no Setor da Saúde.

COMO POSSO CONTRIBUIR PARA CONTROLAR OS MOSQUITOS?

A primeira abordagem, em qualquer programa de controlo de mosquitos, baseia-se na eliminação/redução de criadouros.

Para isso é preciso evitar a acumulação de água em objetos que possam estar em quintais ou ao ar livre. Aqui ficam recomendações simples, que podem ser executadas por qualquer pessoa e que devem envolver, desde logo, os mais novos.

Colocar no lixo os objetos que sejam para descartar, assegurando que o contentor de lixo é tapado

Pneus fora de uso devem ser entregues numa estação de reciclagem ou de resíduos sólidos. Se os vai manter assegure-se que são mantidos secos e em lugar coberto

Esta equipa é também responsável pela colocação de armadilhas, recolha de mosquitos adultos e imaturos, e de carraças, para uma vigilância atualizada. A investigação laboratorial e a vigilância epidemiológica são áreas de trabalho destas equipas, possibilitando o conhecimento científico para a criação de novos produtos – inseticidas – e normas de utilização, essenciais para que se possa responder a novas necessidades e à capacidade adaptativa dos organismos. Um conjunto de outros vetores –piolhos, pulgas, baratas e roedores –podem também constituir ameaças à saúde pública e por isso são também vigiados por entidades que asseguram a manutenção de condições de salubridade, nomeadamente de higiene, de espaços de trabalho e de produção alimentar. Não podemos nunca esquecer que a prevenção continua a ser a melhor arma e para isso a sua participação, a participação da população é essencial.

Pratos com vasos de plantas onde se acumula água devem ser eliminados ou virados ao contrário

Poços, tanques e outros depósitos de água doméstica devem ser tapados, impedindo a entrada de mosquitos

Piscinas (independentemente da dimensão) devem ser tratadas e limpas, tapadas ou esvaziadas se não estiverem em uso

Caleiras e calhas devem ser mantidas limpas evitando a acumulação de água

Em tanques ou lagos decorativos a criação de peixes é uma boa opção, pois estes alimentam-se das larvas de mosquito

Bebedouros de animais e taças de alimentação devem ser lavadas e esfregadas pelo menos uma vez por semana

Valongo pelo clima

NUMA SOCIEDADE

GLOBALIZADA, EM QUE OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS ALIMENTAM O PROGRESSO, HÁ UM DESAFIO CUJA COMPLEXIDADE SUPERA ESTE DESENVOLVIMENTO: AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS IMPÕEM AOS TERRITÓRIOS, ÀS SUAS COMUNIDADES E, POR CONSEQUÊNCIA, ÀS ENTIDADES GOVERNATIVAS E DECISORES POLÍTICOS A TAREFA DE ENCONTRAR SOLUÇÕES DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO.

Prevenir e remediar - Movido por esta urgência de preservação da “Casa Comum” que é o nosso planeta, o Município de Valongo é proativo na conceção e implementação de estratégias de mitigação e adaptação às alterações climáticas, que tornem o território mais resiliente e com maior potencial adaptativo.

Neste contexto, a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC) de Valongo surge, em 2019, no âmbito do projeto “METROCLIMA – Adaptação Às Alterações Climáticas na área Metropolitana do Porto”, assentando em quatro objetivos:

Melhorar o nível de conhecimento sobre as alterações climáticas.

Aumentar a capacidade de resposta municipal aos impactos das alterações climáticas.

Priorizar ações e medidas em função das vulnerabilidades identificadas.

Sensibilizar e mobilizar os diversos atores da

Estas mudanças aumentam a suscetibilidade a eventos que constituem riscos climáticos prioritários, como ondas de calor e episódios de precipitação excessiva (cheias e inundações), que afetam vários setores como a Saúde, a Biodiversidade, a Agricultura ou as Infraestruturas.

De modo a dar resposta a estes desafios são apresentadas na EMAAC 20 opções de adaptação em diferentes áreas: Biodiversidade, Ordenamento do Território, Saúde, Recursos Hídricos, Energia e Indústria, Agricultura e Segurança de Pessoas e Bens, reforçando-se uma ação transversal.

As alterações climáticas são hoje uma certeza e a exposição aos seus efeitos torna as comunidades mais vulneráveis em matéria de Saúde, bem-estar, interação social e fragiliza ainda a biodiversidade, da qual a nossa sobrevivência está dependente. Esta teia que interliga causas, efeitos, ações é de tal modo complexa que se revelou necessária uma ação concertada e integradora da garantia da nossa continuidade, pelo que o Município de Valongo desenvolveu em 2021 o Plano Mu-

nicipal de Adaptação às Alterações Climáticas (PMAAC) com 43 medidas de adaptação onde se incluem: ações de sensibilização da população e da comunidade escolar, reabilitação de linhas de água, promoção do ordenamento florestal, reconversão de áreas impermeabilizadas, implementação de redes de monitorização ambiental, promoção de zonas verdes para mitigação do aumento da temperatura e a promoção de sistemas de reaproveitamento das águas pluviais.

A implementação destas ações tem sido gradual, atendendo à densidade e complexidade das mesmas, sendo que o Município de Valongo reporta o seu progresso em diversas redes e plataformas como o Pacto dos Autarcas. As alterações climáticas afetam diferentes setores da sociedade sendo urgente uma mudança de comportamentos que permita um equilíbrio entre progresso e sobrevivência. Se o envolvimento ativo de parceiros-chave da comunidade na elaboração dos documentos foi fundamental, também o trabalho em rede e de forma articulada entre diferentes agentes tem sido a opção municipal de intervenção.

Como me envolver?posso

Regeneração das Serras e Preservação do Património Natural A preservação das espécies autóctones é uma prioridade para o Município de Valongo. No sentido de manter este objetivo, o município desenvolve ações de voluntariado na vertente de reflorestação. Entre janeiro de 2023 e junho de 2024 plantámos cerca de 1300 árvores e arbustos autóctones como medronheiro, carvalho-alvarinho, lódão-bastardo, pilriteiro e sobreiro. Além disso realizamos ações de sensibilização e controlo de espécies invasoras. Queremos reforçar a responsabilidade social na preservação dos ecossistemas e da sua biodiversidade por isso estas atividades são abertas a empresas e organizações da sociedade civil, comunidade escolar e pessoas singulares, estas através do Banco Local de Voluntariado.

sociedade civil para a necessidade de mudança de comportamentos e aplicação das medidas de adaptação.

A EMAAC, partindo da análise de dados e da projeção de cenários climáticos, identificou algumas alterações previstas para Valongo, até ao final do século XXI:

Diminuição da precipitação média anual, entre 5% e 12%.

Aumento da temperatura média anual, entre 2ºC e 4ºC.

Diminuição do número de dias de geada.

Aumento dos fenómenos extremos de precipitação.

Ações de limpezas de rios Não existem cidades sustentáveis sem rios saudáveis. O Município de Valongo tem feito esforços para recuperar e reabilitar os rios do concelho e para isso realiza ações de recuperação das margens dos rios para prevenir a erosão das margens e evitar cheias, plantação de espécies nativas junto às margens, criação de zonas de lazer e passeio e ações de limpeza.

Estas ações são momentos de sensibilização, ajuda e partilha, direcionadas para toda a comunidade, dos mais novos aos mais velhos.

Saiba como participar acompanhado as nossas notícias em https://ambiente.cm-valongo.pt/ ou desafie-nos para criarmos uma atividade para o seu grupo através do mail ambiente@cm-valongo.pt

A agricultura, a sustentabilidade e as alterações climáticas

O MUNDO RURAL ENFRENTA GRANDES DESAFIOS NO FUTURO: COMO FAZER A TRANSIÇÃO PARA UM SISTEMA DE PRODUÇÃO MAIS SUSTENTÁVEL E QUE PERMITA UM COMBATE EFICAZ ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS COM O MENOR CUSTO PARA AS POPULAÇÕES?

Este desafio tem sido colocado em particular ao setor agroalimentar de uma forma insistente e, muitas vezes, com alguma deturpação por parte do sistema político que arranjou na agricultura um bode expiatório para muitos dos males ambientais da sociedade contemporânea.

Contudo, este mudo rural que é não só o guardião dos ecossistemas, mas também o principal fator de coesão territorial e uma pedra basilar na dinâmica económica de muitas regiões, tem vindo

Emissões nacionais de gases com efeito de estufa (2022) Fonte: APA, submissão do inventário nacional realizada em julho de 2022 à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas

com efeito de estufa, representando 67,1% das emissões nacionais em 2020. A agricultura contribui com pouco mais de 12%. Também não é despiciente que o setor agroalimentar enfrenta um outro desafio, determinante para o futuro da humanidade: como alimentar uma população que cresce exponencialmente com cada vez menos recursos e com maiores exigências ambientais, que trazem, naturalmente, menores produtividades.

5,3 mil milhões

mil milhões

mil milhões

9,8 mil milhões

11,2 mil milhões

Evolução estimada da população mundial até 2100

Fonte:

PopulationPyramid.net - Population Pyramids of the World

No pacote de iniciativas estratégicas do Pacto Ecológico Europeu que visam colocar a UE no rumo para atingir a neutralidade climática até 2050, encontra-se a estratégia do Prado ao Prato (“Farm-to-Fork”), que se prevê venha a ter um forte impacto na produção e no rendimento agrícola dos agricultores europeus. Até 2030 a Comissão Europeia pretende o cumprimento das seguintes metas:

Conversão de 25% da superfície agrícola utilizada (SAU) para o modo de produção biológico (MPB).

Redução de 50% no uso de pesticidas.

No caso de Portugal, a implementação das metas estratégia do Prado ao Prato pode resultar em perdas globais de produtividade primária superiores a 20%, ou seja, um impacto direto no preço dos alimentos que terá de ser assumido pelo consumidor ou, em alternativa, por apoios públicos ao sector.

Para equilibrar as necessidades de segurança alimentar da população com a sustentabilidade ambiental, além de políticas de apoio ao setor agrícola, não podemos esquecer o fundamental envolvimento das populações no combate ao desperdício alimentar e na adoção de opções de alimentação sustentável, que são também as mais saudáveis.

ambientais que o futuro nos apresenta, com o menor custo possível e, sempre que possível, melhorando o rendimento.

Porém, a nosso ver, só é possível concretizar todas essas metas se for possível assegurar três níveis de sustentabilidade: económica, ambiental e social. Não podemos nunca esquecer que o setor agroalimentar é um setor económico, do qual dependem pessoas, famílias e organizações. Por isso, o objetivo primário deste setor é garantir rendimentos para quem dele depende, permitindo que tenham uma vida digna.

a evoluir de uma forma positiva. Em boa verdade, a agricultura conseguiu diminuir, claramente, a sua pegada de carbono e muitos dos impactos negativos no ambiente, ao contrário de muitos outros setores bem mais prejudiciais ao ar que respiramos e que pouco são falados pelos órgãos de comunicação social ou organizações políticas.

Redução de 20% no uso de fertilizantes de síntese.

O setor da energia, incluindo transportes, como o principal responsável pelas emissões de gases

Redução de 50% nas perdas de nutrientes.

A CONFAGRI, dentro das suas competências, considera que o setor se deve afirmar positivamente na batalha pela sustentabilidade, garantindo aos seus associadas formas inovadoras que reduzam os custos de produção, que promovam a produtividade e tragam mais organização a produção. Como tal, a CONFAGRI criou, recentemente, um departamento de Sustentabilidade, Inovação e Qualidade. Este novo departamento tem como objetivo implementar projetos de alto valor acrescentado que permitam prestar serviços aos nossos associados de modo que possam estar cada vez mais preparados para as exigências

Partindo desta premissa base, com as políticas públicas adequadas, o mundo rural será sempre, como tem vindo a ser, o primeiro a defender a sustentabilidade ambiental e social.

Nuno Serra Secretário-Geral da CONFAGRI

perguntas

sobre alterações climáticas

Filipe Duarte Santos

Filipe Duarte Santos é professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Dedicou-se ao ensino e à atividade de investigação em física nuclear teórica, astrofísica e, desde 1987, nas ciências do ambiente, alterações globais e sustentabilidade, sendo atualmente Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável. O seu último livro é Time, Progress, Growth and Technology.

As alterações climáticas são tema de conversa desde a mesa de café às cadeiras das universidades. Todos nos apercebemos que “o tempo está a mudar” e os fenómenos meteorológicos extremos parecem confirmar essa situação. Para lá das consequências trágicas em perdas de vidas e bens materiais a que assistimos na televisão haverá, certamente, outros impactos na nossa vida quotidiana que devemos conhecer e que serão importantes ter em conta nas decisões individuais e coletivas, se quisermos assegurar a sustentabilidade do Planeta.

Pedimos ao Professor Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e atual presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, que nos ajudasse a compreender esta temática.

Lembro-me de alguém dizer “Desde que o homem foi à lua e andaram a mexer naquilo lá em cima, nunca mais o tempo foi o mesmo!” Sabemos que as verbalizações populares encerram questões científicas relevantes. Assim sendo, as alterações climáticas são uma consequência exclusiva da atividade humana, ou a evolução do universo implica este tipo de alterações?

O sistema solar formou-se há muitíssimo tempo, há cerca de 4500 milhões de anos e os planetas individualizaram-se pouco depois. A vida apareceu na Terra há aproximadamente 3800 milhões de anos depois de se formarem os oceanos e uma forma primitiva de atmosfera que depois evoluiu até se chegar à atual. Desde então o clima da Terra tem variado naturalmente por várias razões, hoje em dia bem conhecidas. Há cerca de um milhão de anos o clima da terra passou a variar de forma cíclica com períodos de aproximadamente 100000 anos. Estes ciclos, gerados por pequenas variações na posição do eixo de rotação da Terra e na órbita desta em torno do Sol, chamados de Milankovitch, são formados por um período interglacial relativamente quente com uma duração de cerca de 10000 a 30000 anos seguido de um período interglacial bastante mais longo, com cerca de 80000 anos, no qual a temperatura média global da atmosfera é cerca de 6 °C a 8 °C mais baixa do que no interglacial. Presentemente estamos num interglacial que começou

O especialista responde

há cerca de 11000 anos. Há 20000 anos o clima da terra era muito mais frio e seco e a serra da Estrela, por exemplo, estava coberta por gelos permanentes e tinha quatro glaciares! Estas alterações climáticas são naturais, não têm nada a ver com as atividades humanas. A utilização intensiva de energia por meio de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural -, iniciada na Revolução Industrial do século XVIII, melhorou muito o bem-estar e a prosperidade económica média mundial, especialmente nos últimos dois séculos, embora haja desigualdades crescentes. A acessibilidade e o preço relativamente baixo dos combustíveis fósseis, associada aos avanços científicos, tecnológicos e socioeconómicos contribuiu para uma melhoria da saúde pública, um aumento da esperança de vida, da fertilidade, e da qualidade de vida praticamente em todas as regiões do mundo, embora de forma diferenciada. Esta situação criou o paradigma do uso intensivo de energia sob a forma de combustíveis fósseis e tornou-o indissociável da atual civilização globalizante. Porém, a partir da primeira metade do século XIX, os cientistas Joseph Fourier (1827), John Tyndall (1863), Svante Arrhenius (1896) e

Gilbert Plass (1956), descobriram que a utilização intensiva de combustíveis fósseis tem um efeito colateral no clima global que consiste na intensificação do efeito de estufa resultante da emissão de gases com efeito de estufa emitidos na sua combustão, especialmente dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).

Quando falamos hoje de combustíveis fosseis, e temos os mais novos tão empenhados em exigir o cumprimento de compromissos políticos que tardam em ser alcançados, já podemos assegurar que o uso de viaturas elétricas será mais sustentável do que o uso de outros combustíveis? As baterias e os seus componentes não serão a nossa “desgraça” futura? Não restam dúvidas que para travar as alterações climáticas é necessário diminuir o mais possível o uso do carvão, petróleo e gás natural. Uma das principais estratégias para efetuar esta transição é a eletrificação da economia, ou seja, utilizar mais a energia elétrica dado que esta pode ser gerada a partir de energias renováveis, tais como a hidroeletricidade, a energia eólica em terra ou no mar, e a energia solar fotovoltaica. O setor dos transportes – terrestre, marítimo e aéreo - é dos mais difíceis

A intensificação provoca um aumento da temperatura média global da atmosfera à superfície, designado por aquecimento global. Provoca ainda um aumento da frequência e intensidade dos eventos meteorológicos e climáticos extremos, resultante do excesso de energia térmica acumulada no sistema climático, tais como ondas de calor, secas e precipitação muito abundante em intervalos de tempo curtos que originam inundações, enxurradas e deslizamentos de terras. Tem ainda o efeito de provocar a subida no nível médio global do mar. A previsão científica das alterações climáticas e dos seus impactos nocivos para a humanidade, causadas por algumas atividades humanas, feita com base nos artigos de Svante Arrhenius na passagem do século XIX para o XX e depois por muitos outros cientistas, foi provavelmente a mais escrutinada de sempre devido à sua óbvia “inconveniência”, como salientou o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore. Inconveniência porque para resolver o problema é necessário fazer uma transição energética na qual se deixa de usar os combustíveis fósseis e esta descarbonização da economia global é muito difícil de realizar.

A Agenda do Desenvolvimento Sustentável coloca desafios globais que são trabalhados localmente. Saiba em que ponto do caminho estamos e conheça o contributo do nosso município para proteger a nossa casa comum. https://odslocal.pt/

de descarbonizar dada a sua dependência de vários tipos de combustíveis derivados do petróleo ou do gás natural. Os veículos elétricos constituem a melhor forma de descarbonizar o setor dos transportes. Os motores elétricos têm uma grande eficiência, mas obviamente, precisam de ter uma bateria que armazena a energia elétrica. Atualmente as baterias dos veículos elétricos são de lítio, um elemento químico relativamente pouco abundante e designado crítico para a transição energética. Para que um veículo elétrico não contribua para o aquecimento global é necessário que a energia elétrica que utiliza tenha origem em energias renováveis. Note-se porém, que a percentagem de energia de fontes renováveis utilizadas na geração de eletricidade varia de país para país e também em cada país ao longo do ano. Portugal está numa situação muito favorável porque a maior parte da energia elétrica gerada no país é renovável. Em 2023 a média da percentagem de renováveis na energia elétrica em Portugal foi de 61%. Já na Polónia, por exemplo, essa percentagem é mais baixa porque o país gera a maior parte da energia elétrica a partir do carvão. Consequentemente as emissões de gases com efeito de estufa dos veículos elétricos na Polónia são maiores. Em suma, para comparar o impacto no ambiente entre um veículo com motor de combustão interna, que usa gasóleo ou gasolina, com um veículo elétrico, é necessário entrar em conta com vários fatores, incluindo as emissões durante todo o ciclo de vida dos veículos, desde os materiais usados na sua construção até ao seu destino final. Os veículos elétricos estão a ser muito importantes para fazer a transição energética no setor dos transportes, mas a inovação tecnológica irá trazer outras formas de solucionar o problema. É o caso dos biocombustíveis que em Portugal, e em muitos outros países, já são adicionados ao gasóleo e à gasolina. No futuro teremos com -

bustíveis sintéticos produzidos a partir de dióxido de carbono capturado da atmosfera e hidrogénio verde, ou seja, produzido sem emissões. Quanto às baterias de lítio serão em parte substituídas no futuro por baterias de ião sódio, sendo o sódio um elemento químico muito abundante. Infelizmente há muito ruído e desinformação nesta transição no setor dos transportes porque a indústria petrolífera irá perder cada vez mais mercado. As baterias e os materiais que a compõem não vão ser a nossa “desgraça” futura. O pior é, sem dúvidas, se a transição energética não se fizer e consequentemente as alterações climáticas se agravem perigosamente.

“As baterias e os materiais que a compõem não vão ser a nossa “desgraça” futura. O pior é, sem dúvidas, se a transição energética não se fizer e consequentemente as alterações climáticas se agravem perigosamente.”

No Reino Unido há uma certidão de óbito onde a causa de morte é a poluição. Obesidade, doenças pulmonares obstrutivas crónicas, doenças imunitárias e oncológicas, são cada vez mais associadas a fatores ambientais, nem sempre controláveis pelos indivíduos. O que podemos reivindicar, enquanto sociedade civil, aos nossos governantes?

Temos um mundo cada vez mais complexo e mais populoso onde todos ambicionam usufruir de bens e serviços cada vez mais sofisticados. Para suportar este consumo é necessário utilizar, por meio da tecnologia, um conjunto de produtos e substâncias crescente. Depois após a utilização é necessário cuidar dos resíduos e da poluição que resulta da gigantesca produção e consumo atual à escala mundial. Há alguns compostos químicos que persistem no ambiente, seja em terra, seja no oceano e que são nocivos para a saúde humana. Consequentemente a relação entre a saúde e o ambiente é cada vez mais crítica devido à poluição da atmosfera, oceano, estuários, rios, ribeiras, lagos, e solos. E também devido à degradação do ambiente incluindo as alterações climáticas, a desflorestação e a perda de biodiversidade. Em Portugal, um grupo de médicos criou, há pouco mais de um ano, o Conselho Português para a Saúde e o Ambiente (CPSA) cujo objetivo é “intervir nas questões relacionadas com a crise climática e a degradação ambiental e o seu impacto na saúde, defender a redução da pegada ecológica do sector da saúde, e a capacitação do sistema de saúde para enfrentar os desafios epidemiológicos e os eventos inesperados decorrentes das alterações climáticas e dos atentados ambientais”. O CPSA é uma iniciativa da sociedade civil aberta a todos que conta com a adesão e participação de profissionais de setores muito diversos no domínio das questões atuais relativas à saúde e ao ambiente e procura sensibilizar o governo para estas problemáticas.

ADOLESCER

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: O FUTURO ESTÁ NAS TUAS MÃOS

TODOS MOLDAMOS O FUTURO DO PLANETA E, EM TROCA, O PLANETA MOLDA O NOSSO FUTURO. VIVEMOS, NESTE MOMENTO, NUM MUNDO INCERTO QUE TE FAZ PENSAR E QUESTIONAR SOBRE O QUE TE ESPERA. AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SÃO UM DOS MAIORES DESAFIOS DA ATUALIDADE. SE QUERES PROTEGER A VIDA NAS FLORESTAS E NOS SOLOS, SALVAR OS OCEANOS E MELHORAR A SAÚDE E BEM-ESTAR DAS PESSOAS E DO PLANETA, TENS UMA ÚNICA OPÇÃO: AGE E FAZ A DIFERENÇA.

O que são as alterações climáticas?

As alterações climáticas são atualmente uma realidade global incontestável e politicamente urgente. A principal causa são os gases de efeito estufa (GEE) resultantes da ação humana, cujas emissões têm sofrido um aumento muito acentuado nas últimas décadas. O CO2 (dióxido de carbono) é o principal gás de efeito estufa, sendo consequência direta do uso e queima de combustíveis fósseis como o carbono, o petróleo e o gás, com fins de produção energética. Estes gases constituem, por um lado, um problema ambiental e, por outro, uma emergência humanitária e de desenvolvimento com proporções globais que afeta todos os países, especialmente os menos desenvolvidos e os setores da população mais pobres e vulneráveis. As políticas globais de combate às alterações

climáticas e de desenvolvimento evoluíram e quase todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão interligados com esta problemática. O agravamento das alterações climáticas e dos riscos ambientais alertam-nos para a necessidade de promover um Desenvolvimento com pegadas ecológica e hídrica globalmente sustentáveis, protegendo o planeta, as espécies que nele habitam e o futuro da Humanidade.

Há mesmo uma

Emergência Climática?

Sim, estamos a viver uma emergência climática. Este termo é usado para descrever a gravidade e a urgência da crise ambiental que enfrentamos. António Guterres, na COP26, sublinhou que “É tempo de dizer basta!”, pois “o planeta está a mudar diante dos nossos olhos, desde as profundezas dos oceanos até ao cume das

montanhas, dos glaciares que se derretem aos impiedosos eventos climáticos extremos.”

De facto, as temperaturas médias globais estão a subir, os glaciares estão a derreter, o nível do mar está a subir e os fenómenos meteorológicos extremos, como furacões, secas e inundações, estão a tornar-se mais frequentes e intensos. Esta situação não afeta apenas o meio ambiente, mas também as economias, a saúde e a segurança de todos nós.

Como afetam a vida de crianças e jovens?

As alterações climáticas têm um impacto significativo nas nossas vidas diárias, especialmente nas crianças e nos jovens. Vamos ver alguns exemplos: O planeta está mais quente – o aumento das temperaturas pode levar a ondas de calor mais intensas, que são perigosas para a saúde. A qualidade do ar também pode

piorar, aumentando os problemas respiratórios, como a asma. Há mais fenómenos extremos –os fenómenos meteorológicos extremos podem interromper o ano letivo. Imagina as dificuldades de estudar durante uma inundação ou um incêndio florestal. Secas e inundações podem afetar a produção de alimentos e a disponibilidade de água potável, levando à insegurança alimentar e hídrica. Os oceanos estão mais ácidos - as alterações climáticas estão a aquecer os oceanos, causando a acidificação do ambiente marinho e mudando os padrões de precipitação, o que, por sua vez, gera alterações nos ecossistemas marinhos, alterações nas rotas migratórias e desequilíbrios nas cadeias alimentares. Sabias que o aquecimento de 0,5ºC nas águas dos recifes de coral é o suficiente para provocar a sua morte?

Os ecossistemas são afetados: por exemplo, as abelhas polinizam as culturas, enquanto as florestas absorvem gases com efeito de estufa. A diminuição ou perda desta biodiversidade provoca alteração do equilíbrio das espécies e dos habitats nos ecossistemas, o que pode ter um impacto enorme na vida na Terra.

As decisões tomadas hoje sobre o clima terão impacto direto no mundo em que vais viver como adulto. A crise climática pode limitar as tuas oportunidades de emprego e afetar a economia global.

Que poder têm as gerações mais jovens?

Tu e a tua geração têm um papel crucial na luta contra as alterações climáticas. Apesar de poder parecer uma tarefa gigante, há várias formas de fazer a diferença. Usa a tua criatividade para desenvolver soluções inovadoras e adota pequenas mudanças no teu dia a dia que podem ter um grande impacto como: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, optar por transportes públicos ou bicicleta, em vez de carros, e diminuir o consumo de carne.

Cria iniciativas na tua comunidade para reduzir a pegada de carbono e hídrica e participa em manifestações e movimentos ambientais. As vozes jovens são poderosas e têm chamado a atenção mundial para a urgência da ação climática.

Apenas manifestações ou há mais para fazer?

Em Valongo, há várias iniciativas e organizações em que podes envolver-te para promover a educação ambiental e científica. Estes são alguns exemplos concretos:

NAS ESCOLAS

Programas Eco-Escolas e Ciência Viva Uma das formas de participares ativamente é envolvendo-te nas atividades e projetos da escola que frequentas. Se és aluno da Escola Secundária de Valongo, podes ter participado em algum dos projetos abaixo desenvolvidos no âmbito dos programas Eco-Escolas e Ciência Viva, que são iniciativas internacionais e nacionais que incentivam as escolas a desenvolverem atividades que promovam a educação ambiental e a sustentabilidade.

“EU4Y - Tu Contas na Europa” e “Somos Decisores! Não somos apenas vozes!”, projetos em parceria com o Pelouro da Juventude da CMV, associado ao programa Erasmus+ e às celebrações dos 50 anos da Democracia Portuguesa. Os alunos prepararam atividades, discutiram ideias, entrevistaram decisores políticos e representantes de associações locais e participaram em debates sobre os interesses, direitos e deveres dos/as jovens. Promovendo o espírito de colaboração, os alunos participaram em mobilidades para Almada e Bruxelas.

Pintura, na escola ou na comunidade de Sarjetas e Murais Educativos, sobre biodiversidade.

Projetos que promovem a reutilização de materiais, como transformar roupas em fim de vida em peças com arte.

Criação de refeições equilibradas, saudáveis, sustentáveis e saborosas, tendo como base a Dieta Mediterrânica – Património Mundial e Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Programa Europeu “Plastic Pirates”: os estudantes colaboraram neste programa, uma iniciativa europeia que envolve a recolha e análise de lixo plástico em rios e nas suas margens, sendo posteriormente estudados por cientistas europeus.

Projeto “Vamos Cuidar do Planeta”: iniciativa para os jovens debaterem alternativas para a construção de sociedades ambientalmente sustentáveis e socialmente justas.

Ações de voluntariado com o Clube das Serras do Porto, na semana das invasoras para a ajudar na limpeza de uma área onde existe um núcleo de Sanguinária do Japão.

Estas iniciativas mostram que, além das manifestações, há muitas ações concretas que podes tomar para contribuir para a sustentabilidade ambiental. Juntos, podemos construir um futuro sustentável. No teu concelho há muito mais! Descobre alguns programas e projetos em que te podes envolver e participa!

INICIATIVAS E ORGANIZAÇÕES LOCAIS

A Câmara Municipal de Valongo frequentemente organiza e apoia eventos e atividades ambientais e científicas como a Semana do Ambiente e outras feiras, exposições, workshops e seminários

O Parque das Serras do Porto promove atividades dirigidas a escolas e grupos comunitários.

O Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) “Vila Beatriz” promove atividades de educação para a sustentabilidade, nomeadamente na vertente do ambiente urbano.

GLOSSÁRIO SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

ACORDO DE PARIS

Tratado internacional adotado em 2015 que visa limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.

ADAPTAÇÃO

Ajustes em sistemas humanos ou naturais em resposta a mudanças climáticas, com o objetivo de moderar danos ou explorar oportunidades benéficas.

AQUECIMENTO GLOBAL

Aumento da temperatura média da Terra devido ao aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

DESCARBONIZAÇÃO

Redução ou eliminação de emissões de carbono, principalmente através da transição para fontes de energia renováveis e eficiência energética.

EFEITO ESTUFA

Fenómeno natural onde gases na atmosfera, como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e vapor de água, retêm o calor, mantendo a Terra aquecida.

O Centro de Interpretação

Ambiental de Valongo (CIAV), o CIAV promove a educação ambiental e oferece diversas atividades educativas, como: Passeios Pedestres, Workshops e Palestras e Voluntariado Ambiental.

O Projeto Rios é uma iniciativa que promove a participação das comunidades na monitorização e melhoria dos ecossistemas ribeirinhos.

Clubes e Associações Locais: Há também clubes e associações locais que promovem atividades específicas para jovens:

ENERGIA RENOVÁVEL

Energia obtida de fontes que se regeneram naturalmente, como solar, eólica, hidroelétrica e biomassa

FENÓMENOS EXTREMOS

Eventos climáticos intensos e fora do comum, como ondas de calor, secas, enchentes e tempestades.

GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE)

Gases que contribuem para o efeito estufa, incluindo CO₂, CH₄, óxido de nitrogénio (N₂O) e clorofluorocarbonetos(CFCs).

IPCC (PAINEL INTERGOVERNAMENTAL

SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS)

Órgão das Nações Unidas responsável pela avaliação da ciência relacionada às mudanças climáticas.

MITIGAÇÃO

Ações para reduzir ou prevenir a emissão de gases de efeito estufa.

Alto Relevo: O Clube de Montanhismo de Valongo incentiva a exploração e apreciação das áreas naturais através de atividades como caminhadas, escalada e trekking.

Os Escuteiros de Valongo têm uma forte ligação ao ambiente e à sustentabilidade, refletida em diversas atividades e iniciativas. Envolvem-se habitualmente em atividades ao ar livre e projetos de serviço comunitário promovendo a consciência ambiental e a proteção da natureza.

MUDANÇA CLIMÁTICA

Alterações significativas e duradouras nos padrões climáticos globais ou regionais, muitas vezes associadas ao aumento das temperaturas médias globais.

NEUTRALIDADE CARBÓNICA

Equilíbrio entre a quantidade de dióxido de carbono emitida e a quantidade removida da atmosfera, resultando em zero emissões líquidas.

PEGADA DE CARBONO

Medida da quantidade total de gases de efeito estufa produzidos direta ou indiretamente por atividades humanas.

PICO DE CARBONO

Ponto máximo das emissões globais de carbono antes de começarem a diminuir consistentemente.

RESILIÊNCIA CLIMÁTICA

Capacidade de um sistema de se preparar para responder a e se recuperar de eventos climáticos adversos.

Saber mais

Há, atualmente, muita informação disponível, em muitos formatos, que pode ajudar a refletir sobre as questões ambientais e as alterações climáticas. Também nestas temáticas é importante verificar as fontes de informação e ter em conta diferentes autorias, para assegurar a construção de uma opinião baseada em factos e evidências comprovadas.

Aqui ficam alguns pontos de partida para entender, acompanhar e refletir sobre as mudanças climáticas e o seu impacto nas nossas vidas.

filmes e documentários

Em canal aberto ou em plataformas pagas, é vasta a produção de documentários e ficção que pode ser vista. Estas são algumas propostas, para diferentes idades.

MIGRANTS (2021)

Hugo Caby, Lucas Lermytte, Zoé Devise, Aubin Kubiak, Antoine Dupriez

https://youtu.be/ugPJi8kMK8Q

Cinema de animação Acesso livre ILHA DAS FLORES (1989)

Jorge Furtado

https://vimeo.com/528062531

Documentário ficcionado | Acesso livre

SEE WHAT THREE DEGREES OF GLOBAL WARMING LOOKS LIKE (2021)

The Economist

https://www.youtube.com/ watch?v=uynhvHZUOOo

Documentário em língua inglesa Acesso livre

BEFORE THE FLOOD (2019)

National Geographic

https://www.youtube.com/ watch?v=mRMu07sn88g

Documentário legendado em português Acesso livre

DILÚVIO

O Dilúvio é descrito na tradição de muitas civilizações. Talvez a versão mais conhecida seja a da Bíblia, no episódio da Arca de Noé, que se pensa foi escrito no Sec. IV A.C.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL SEC XVIII É em Inglaterra, com a Revolução Industrial que nascem as primeiras leis ambientalistas, com a necessidade de controlo da toxicidade do ar e das águas.

DECLARAÇÃO DO RIO · 1992

Conhecida como a Cimeira da Terra, esta reunião durou 12 dias e teve a presença 178 chefes de Estado, surgindo, pela primeira vez, o termo “desenvolvimento Sustentável.

Em paralelo as Organizações Não Governamentais realizam o Fórum Global e aprovaram a Declaração do Rio, ou Carta da Terra, marcando uma nova era na luta pelas questões ambientais.

UMA VERDADE INCONVENIENTE (2006)

Davis Guggenheim

https://www.youtube.com/ watch?v=rk1qqDYojFU

Documentário em língua inglesa Acesso limitado (plataformas pagas)

leituras em papel

As questões climáticas interessam a todas as idades. Na Biblioteca Municipal pode encontrar alguns destes títulos e pode pedir o apoio da equipa técnica para encontrar outras sugestões.

O MUNDO SEM FIM

Jancovici · Banda Desenhada SOLAR

Ian Mcewan Romance CARDERNOS DE ÁGUA

João Reis Romance

NATUREZA URBANA

Joana Bértholo Romance

THE LAMENTATION OF ZENO

Ilija Trojanow · Romance (em língua inglesa) PORQUÊ?

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Ser Ecológico · Infantil

SVANTE ARRHENIUS · 1896 Sueco, prémio Nobel da Química foi também autor do termo “efeito de estufa” prevendo que a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, aumentaria a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e levaria ao aumento das temperaturas na Terra.

RELATÓRIO · 1969

As Nações Unidas fazem uma investigação inédita sobre questões ambientais globais. No relatório “Problemas do meio ambiente humano: relatório do Secretário-geral” é feito o primeiro alerta: “Se as tendências atuais continuarem, a vida na Terra pode estar em perigo”.

CONVENÇÃO DE ESTOCOLMO · 1972

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo, Suécia onde é criado o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

MUNDO MARAVILHOSO: A INCRÍVEL NATUREZA

Infantil

AS FORMIGAS

VÃO SALVAR O PLANETA

Philip Bunting Infanto-juvenil

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Filipe Duarte Santos · Ensaio

DESERTIFICAÇÃO EM PORTUGAL

Maria José Roxo Ensaio

Aqui fica uma pequena lista para internautas com interesse em questões de ambiente e clima. Há muito mais para explorar.

CLIMATE ACTION

Uma iniciativa global dedicada a combater as mudanças climáticas e promover a sustentabilidade ambiental.

IPCC

(Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)

Principal fonte de avaliação científica sobre mudanças climáticas, oferecendo relatórios abrangentes e baseados em pesquisas.

PROTOCOLO DE MONTREAL · 1987

A totalidade (197) de estadosmembro das Nações Unidas adotam este acordo sobre substâncias que destroem a camada do ozono.

“UMA VERDADE INCONVENIENTE” 2006 Documentário dirigido por Davis Guggenheim sobre a campanha do ex-Vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore para sensibilizar a opinião pública internacional sobre as mudanças climáticas, sendo apresentado em escolas de todo o mundo.

ELLA ADOO KISSI DEBRAH · 2013 Ella morreu com nove anos, em Inglaterra, após um violento episódio de asma. É a primeira pessoa no mundo a ter a poluição como causa de morte no seu atestado de óbito. A Lei de Ella, assim é conhecido o Projeto de Lei apresentado ao Parlamento Inglês que pretende estabelecer o direito ao ar limpo.

“LAUDATO SI” 2015 “Louvado Sejas – sobre o cuidado da Casa Comum” é uma carta do Papa Francisco, dirigida a toda a comunidade cristão, em que critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas.

NASA CLIMATE CHANGE

Informações detalhadas sobre evidências, causas, efeitos e soluções para mudanças climáticas, com dados atualizados e visualizações.

UNFCCC

Informação sobre negociações internacionais, acordos climáticos e políticas de mitigação e adaptação.

GREENPEACE CLIMATE

Campanhas e informações sobre as ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

THE GUARDIAN ENVIRONMENT

Cobertura jornalística de questões ambientais e climáticas.

NATIONAL GEOGRAPHIC CLIMATE CHANGE

Artigos e reportagens sobre os efeitos das mudanças.

em português

APA

Agência Portuguesa do Ambiente

Fornece informações detalhadas sobre políticas ambientais, mudanças climáticas e medidas de adaptação e mitigação em Portugal.

CIÊNCIA VIVA

Informações educacionais sobre as mudanças climáticas e seus impactos, com recursos interativos e projetos para o público em geral.

ECO

Informações e análises sobre economia e meio ambiente, com foco nas políticas climáticas em Portugal.

IPMA

Instituto Português do Mar e da Atmosfera Dados meteorológicos e climáticos, previsões e informações sobre fenómenos extremos em Portugal.

PORTAL DO CLIMA

Informações detalhadas sobre as mudanças climáticas, incluindo dados, impactos e medidas de adaptação específicas para Portugal.

PÚBLICO AMBIENTE

Secção do jornal Público dedicada a notícias e reportagens sobre questões ambientais e mudanças climáticas.

QUERCUS

Associação Nacional de Conservação da Natureza - ONG que desenvolve projetos e campanhas relacionadas com a conservação da natureza e mudanças climáticas.

ZERO

Associação Sistema Terrestre Sustentável Organização não governamental que trabalha na promoção da sustentabilidade e combate às alterações climáticas em Portugal.

PEDROGÃO GRANDE · 2017 O incêndio que deflagrou a 17 de junho é o maior incêndio florestal de sempre em Portugal, e o mais mortífero, com 66 vidas perdidas. Fenómenos climáticos extremos estão relacionados com a dimensão deste desastre.

GRETA THUMBERG 2018 Em agosto de 2018, Thunberg faltava às aulas para protestar, junto ao parlamento sueco, exigindo por mais ações para mitigar as mudanças climáticas. Inicía o movimento Greve das escolas pelo clima e em dezembro desse ano faz uma declaração na Reunião das Nações Unidas (COP-24) sobre Alteações Climáticas.

“O NOSSO PLANETA ESTÁ A AFUNDAR-SE” · 2019 Numa entrevista à revista Time, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alerta mais uma vez para as consequências da falta de ação dos países para deter as alterações climáticas decorrentes da intervenção humana. A capa e o título desta edição serão notícia em todo o mundo.

“FROM DEVIL’S BREATH” · 2021 A tragédia de Pedrogão Grande é documentada na curta- “From devil’s breath” do realizador Orlando Von Einsiedel, produzida por Leonardo di Caprio. Esta curtametragem é apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 26) realizadas em Glasgow nesse mesmo ano.

50º DELI- ÍNDIA · 2024 Em maio deste ano as temperaturas em Deli,

capital da Índia, atingiram os 50 graus Celsius. Entre março e maio o país registou 25 mil casos de suspeita de insolação, doença grave causada pelo calor excessivo. Estas temperaturas estão associadas às alterações Climáticas.

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As respostas, com indicação do teu nome, morada e idade, podem ser enviadas para: Câmara Municipal de Valongo - Divisão de Saúde / Av. 5 de Outubro / 4440-503 Valongo ou para o endereço eletrónico saude@cm-valongo.pt

VIGILANTES EM AÇÃO

Na página 5 encontras informação sobre a prevenção de doenças transmitidas por vetores, mais especificamente doenças transmitidas por mosquitos. Avalia as tuas capacidades de vigilante para esta situação de saúde pública e assinala na imagem pelo menos cinco situações que devem ser corrigidas.

NIVEL I

PESSOAS ATENTAS

E INTERESSADAS

1 · Como se chama o Plano Climático do Município de Valongo?

a) Plano Municipal de Ação Climática

b) Plano Municipal de Ambiente e Clima

c) Lei de Bases do Clima

d) Acordo de Valongo

2 · Qual das opções corresponde a um impacto das alterações climáticas?

a) Cheias

b) Ondas de calor

c) Perda de biodiversidade

d) Todas as anteriores

3 · Que efeitos pode ter na Saúde Humana a diminuição da qualidade do ar?

a) Dificuldades respiratórias

b) Irritação nos olhos, nariz e garganta

c) Dor de cabeça

d) Todas as anteriores

4 · Como é que a ocorrência de inundações causadas pelas alterações climáticas pode afetar a saúde humana?

a) Melhoram a qualidade da água

b) Aumentam o risco de doenças transmitidas pela água

c) Reduzem a proliferação de mosquitos

d) Ajudam a prevenir incêndios florestais

5 · O Município de Valongo é signatário do “Pacto de Autarcas para o Clima e a Energia”?

a) Verdadeiro

b) Falso

6 · Qual o prémio que o Município de Valongo ganhou relacionado com o Ambiente, Clima e Desenvolvimento Sustentável?

a) Capital Europeia Verde

b) Semana Europeia da Mobilidade

c) Folha Verde Europeia

d) Cidades Sustentáveis

NIVEL II

ATIVISTAS DA PROTEÇÃO DA CASA COMUM

1 · Quais são os Gases com Efeito de Estufa?

a) Dióxido de carbono, metano, óxido nitroso

b) Oxigénio, Metano, óxido nitroso

c) Hidrogénio, dióxido de carbono, oxigénio

d)Dióxido de carbono, Poeiras

2 · Qual é o principal sumidouro terrestre de carbono?

a) Florestas

b) Oceanos

c) Solos agrícolas

d) Edifícios

3 · Qual o nome do Acordo que tem como objetivo manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2°C?

a) Acordo do Rio

b) Acordo de Lisboa

c) Acordo de Bruxelas

d) Acordo de Paris

4 · Qual o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável relacionado com a ação climática?

a) 1

b) 6

c) 13

d) 17

5 · As partículas minerais e/ou orgânicas que se encontram suspensas no ar, podem causar feitos negativos no aparelho respiratório, sendo nocivos para a saúde humana. Quais são as partículas mais nocivas?

a) PM15

b) PM10

c) PM20

d) PM7

6 · De acordo com a Lei de Bases do Clima, qual deverá ser a percentagem de redução de Gases com Efeito de Estufa até 2030?

a) Pelo menos 5%

b) Pelo menos 20%

c) Pelo menos 35%

d) Pelo menos 55%

a horta cabe neste cabaz!

Um cabaz sustentável de produtos frescos, de produção local e a preço justo!

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A Câmara Municipal de Valongo apoia a melhoria dos hábitos alimentares das famílias valonguenses, suportando cerca de 30% do custo do cabaz da semana até janeiro de 2025.

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