POR QUE OCUPAMOS

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Este monte de números serve para mostrar que os donos de terra e empreiteiros nunca ganharam tanto. Mas paremos um pouco para entender como isso ocorre eas consequências desta situação.

A aliança entre Estado e Capital imobiliário Como se deu este crescimento tão grande dos empreendimentos imobiliários no Brasil nos últimos anos? De onde vem tanto dinheiro? Como pode um pedaço de terra que era vendido por 10 passar a valer 20 no outro dia? Será mágica? Vamos analisar estas questões. O crescimento do mercado imobiliário e da especulação tem vários motivos. Um deles é o crescimento do crédito, o aumento dos financiamentos para que a classe média possa comprar imóveis. Se por um lado, isso pode ser visto como algo bom – por possibilitar a uma parte dos trabalhadores o acesso a mais produtos – por outro lado, cria um endividamento eterno, com prestações a serem pagas até o fim da vida. Vimos o que aconteceu nos Estados Unidos: os trabalhadores financiaram casas, não conseguiram arcar com as dívidas e acabaram despejados e sem teto. Outro motivo desta explosão especulativa foi a concentração das empresas imobiliárias em pouquíssimas mãos. Nos últimos anos, várias construtoras se fundiram, criando um monopólio. As grandes construtoras, muitas delas controladas já por capital estrangeiro, ao venderem ações na Bolsa de Valores, tiveram condições financeiras de comprar muita terra nas cidades brasileiras. Boa parte das áreas urbanas vazias pertence hoje a essas poucas empresas. Tendo o controle das terras tornaram-se ao mesmo tempo construtores e especuladores. Passaram a ganhar duplamente: na valorização especulativa dos terrenos e na construção dos imóveis. Puderam impor livremente seus preços. Guilherme Boulos

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