Seminario Economía de la Danza

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A Plataforma Internacional de Dança PID, evento internacional de dança contemporânea, realizado pela primeira vez em 2009, surgiu do impulso da diretoria de dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia FUNCEB, a partir da constatação da carência de um evento de grande porte, que proporcionasse visibilidade e acesso para a dança contemporânea produzida na Bahia. Este impulso encontrou grande reverberação na classe artística, massivamente convocada a participar e foi levado adiante com o apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. A PID, chegando a sua terceira edição em 2011 e sendo o único evento Baiano com este perfil, pretende ser mais do que uma vitrine de artistas, buscando tornar‐se um celeiro de trocas artísticas e metodológicas, um espaço de oportunidades, de intercâmbios e de produção de conhecimentos acerca de todo o que representa o labor da dança. Reafirma‐se como um evento que muito contribui para o desenvolvimento da economia da cultura no nosso país, pois toca diretamente sua cadeia produtiva promovendo atividades de gestão e produção, crítica e curadoria, produção artística, formação de público, distribuição e venda do produto artístico, produção de material teórico e de difusão massiva, todas consideradas práticas fundamentais da economia da dança e que se dão dentro do grande guarda‐chuva que representa nossa plataforma.


SEMINÁRIO ECONOMIA DA DANÇA Gilsamara Moura Robert Pires1 A Plataforma Internacional de Dança (PID) contou com uma série de espetáculos de dança, oficinas, conferências, jornadas e seminário entre os dias 03 e 13 de novembro de 2011. Este pequeno texto irá abordar especificamente o Seminário Economia da Dança que ocorreu nos dias 03, 04 e 05 de novembro de 2011, no Espaço Xisto Bahia, em Salvador/BA e contou com a participação de estudantes, gestores, professores, dançarinos e pesquisadores. Além de mim, os chamados protagonistas deste seminário foram: Leandro Valiati (Porto Alegre/RS), Sacha Witkowski (Goiânia/GO), Eduardo Oliveira (Salvador/BA), Melissa Proaño (Quito/Equador), Eduardo Santana (Salvador/BA), Nirvana Marinho (São Paulo/ SP), Martha Hincapié (Berlim/ Bogotá), Susana Tambutti (Buenos Aires/ Argentina), Fernanda Bevilacqua (Uberlândia/ MG), Maria Jose Cifuentes (Santiago de Chile) e Ellen Melo (Salvador/BA). O seminário apresentou a metodologia de divisão de discussões em quatro GTs: Economia da Cultura para a Dança, Circuitos de Distribuição Internacional, Conexão Bahia em Dança e Públicos para Dança. Irei descrever a dinâmica do GT Economia da Cultura para a Dança que contou com, aproximadamente, 15 pessoas, nos três dias de trabalhos. Primeiramente, elaborei questões, que seguem abaixo com as respectivas respostas de Leandro Valiati, via email e Skype:

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Doutora em Comunicação e Semiótica (Políticas Públicas para a Dança), professora da Escola de Dança/UFBA, vice‐coordenadora do Programa de Pós‐Graduação em Dança/ UFBA, idealizadora do projeto Gestus Cidadãos (Araraquara/SP), diretora e bailarina do Grupo Gestus.


1) Como você vê a relação da Dança com a Economia hoje? A dança, como toda atividade econômica, tem impactos naturais no processo de geração de emprego e renda (conhecido como multiplicadores econômicos). Logo, uma cadeia produtiva se estabelece quando essa atividade é proposta. Essa cadeia é formada pela contratação de serviços, mão de obra, instalações, artistas,etc. Além disso, valores econômicos simbólicos, em âmbito do bem‐ estar, são produzidos por essa atividade quando executada. Resgate de manifestações culturais identitárias, manutenção intergeracional dessa linguagem, produção de externalidades (impactos indiretos), prazer no exercício lúdico, entre outros, são exemplos desses valores que são econômicos (pois a economia mede o bem‐estar como valor) e não ‐quantitativos. 2) Podemos dizer que temos uma economia da dança? Sob qual pensamento econômico estamos pautados? Sim. Se falamos dos impactos tradicionais, típicos de cadeia produtiva, criação de emprego e renda, é a economia tradicional. Se incorporarmos na análise os valores simbólicos, é da nova economia que falamos. 3) Você acha que o grau de familiaridade com o discurso econômico determina alguma coisa para o artista? Acredito que sim, em especial no poder de argumentação na proposição de projetos e busca de subsídios públicos e investimentos privados. 4) O valor econômico pode englobar o valor cultural? Se tratarmos o valor econômico simplesmente como preço, não. Mas, se o conceito de valor econômico envolver a medida do bem‐estar dos agentes econômicos (individual e social), podemos entender como geradora de valor econômico, todo ativo que produza bem estar.


5) O que seria o capital cultural? O conjunto de ativos culturais que podem dar origem a produtos e bens culturais para essa e futuras gerações, do ponto de vista social. Ou, as práticas culturais acumuladas ao longo de consumo cultural de um indivíduo. 6) A economia cultural continua sendo um interesse diletante, fora do âmbito de análise econômico sério? Não vejo assim. A Economia da Cultura ainda está sendo constituída como campo, o que gera algumas dificuldades, porém, vem ganhando espaço atualmente. 7) A economia da Arte e da Cultura é reconhecida e respeitada dentro da Ciência Econômica no Brasil? Ou é uma subdisciplina? É um campo em construção. A implicação direta na dança é o fato de que na medida em que estudos na área de Economia da Dança se fortalecerem, o setor ganhará tecnologias efetivas para ser mais produtivo. Estas informações pautaram o início de nossos debates e somaram outras questões como: AÇÃO POLÍTICA (qual o motivo deste encontro? Quais os desdobramentos que perspectivamos?), SUSTENTABILIDADE (quais as alternativas? O valor está acima de tudo? Qual a natureza do valor que uma comunidade outorga? Pensar numa sustentabilidade Azul.), COOPERAÇÃO (necessidade de agregar outros profissionais sejam estes de Economia, Direito, Publicidade, Jornalismo. É necessário preparar e alimentar a cadeia produtiva). Algumas experiências foram descritas, tais como: UAI Q DANÇA, na cidade de Uberlândia, em que vínculos determinam ações. Assim, surgiu a ideia de QUALIDADE DOS VÍNCULOS, redes de afetividade, de generosidade que devem superar os obstáculos que enfrentamos para tornar a profissão digna e respeitada. Outro assunto discutido no GT foi sobre os Editais e Leis de Fomento no Brasil que, cada vez mais, uniformizam e determinam uma realidade, obrigando o artista a


enfrentar uma posição de refém destes sistemas. A adequação de projetos a esses sistemas deve ser motivo de reflexão constante e busca de outros meios para manutenção de obras e artistas. É necessário proporcionar possíveis redes conectivas que subvertam este modelo. O GT Economia da Cultura para a Dança discutiu todas estas questões com o intuito de encontrar saídas menos perversas e mais propositivas, não como respostas cabais, mas sim, como alternativas analíticas e necessárias, formas alternativas de sobrevivência artística.


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