Crescer On-line - fevereiro de 2019

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nº 115 Fevereiro de 2019

O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é “alegria no Espírito Santo”. (Papa Francisco, Gaudete et exsultate, 122)


Movimento Oásis em Portugal (1958 – 2018) 60 ANOS - 60 TESTEMUNHOS A confiança para ir dizendo “sim” Foi em outubro ou novembro de 1989 que se deu o meu primeiro contacto com o Movimento Oásis. Encontrava-me no Seminário Maior do Porto e iniciara recentemente o 2º ano da Licenciatura em Teologia. Foi portador do convite o P. Carlos Pereira, para que integrasse o então designado Grupo do Porto, onde vinha sendo habitual a presença de um seminarista. Não era a primeira vez que ouvia falar do Oásis. A referência chegara-me, já antes, pela mesma e por outra voz, se bem que só então formulando um convite concreto. A minha resposta positiva não resultou de grande conhecimento ou ponderação, confiando sobretudo em quem me fazia a proposta. Outros seminaristas participavam em grupos Oásis e algum tempo depois proporcionou-se um encontro entre nós, a que se seguiria uma deslocação ao Centro de Espiritualidade, onde, pouco a pouco, fui marcando presença, primeiro num Curso de Espiritualidade, depois em repetidos Cursos em que a colaboração me ia sendo pedida. Neste gradual envolvimento, foi fácil ir dizendo “sim”, dada a simpatia do acolhimento na casa, o ambiente comprometido e alegre dos encontros e sobretudo a confiança com que se entregavam tarefas a quem delas só podia ser aprendiz. Entre o Grupo do Porto e o Centro de Espiritualidade, onde a minha presença se ia tornando mais assídua, decorreu a minha vida em Movimento ao ritmo do tempo da formação para o presbiterado. Tendo-me chegado o Movimento quando chegou, não foi importante para um primeiro crescimento na fé, nem tampouco para o despertar vocacional. Estes aconteceram noutros redutos, sobretudo o familiar e paroquial e depois nos seminários diocesanos. O Oásis revestir-se-ia, contudo, de importância crescente, se não pelo impacto vocacional imediato, sobretudo como laboratório duma incipiente prática pastoral, revestida duma inesperada confiança e de um incentivo permanente, que me ajudaram a crescer na relação humana, a ser tocado para o serviço feito de gestos simples e a esboçar os primeiros esquissos duma fé que transmite. Era com entusiasmo que em tardes de sábado ia do Seminário ao Centro, ao ritmo do comboio e dos passos que encurtavam o percurso. À distância desses anos, não custa reconhecer que, não tendo a resposta vocacional despontado ali, também por ali foi encontrando os modos de amadurecer e se expressar. Entretanto fui ordenado presbítero em 1995. Ao tempo integrava já a Equipa de Animadores, onde me mantive até 2000. Os compromissos paroquiais já não permitiam o mesmo tipo de presença nos Cursos, remetida para colaborações pontuais, mas frequentes, sobretudo na celebração da Penitência e da Eucaristia, na proposta de algum tema ou na orientação de um retiro anual. O Oásis continuou a proporcionar-me um espaço humano e cristãmente rico, no serviço à Igreja, enquanto dava e continua a dar sentido ao meu modo de ser presbítero. Entre o regresso da minha formação em Roma e o presente, manteve-se a presença e o sentido, nas reuniões presbiterais ou de Secretariado, pensando as actividades, nas colaborações pontuais nos Cursos, no que se foi tornando necessário e vai sendo possível responder. Não me perdendo nas atividades, haveria que destacar os grupos em que me envolvi, que em ritmo mais ou menos mensal, procuraram e procuram crescer na fé e ler a vida com os olhos da espiritualidade Oásis. Fui-os percebendo progressivamente não tanto como espaços para fazer algo em ordem ao crescimento dos outros, como tantas vezes, não sem equívoco, se pode entender a vida pastoral. Tornaram-se para mim espaços de crescimento conjunto, de grande densidade humana e espiritual, onde todos procuram e partilham, mesmo quando os ritmos e vicissitudes individuais e familiares se vão tornando por vezes difíceis de conciliar, no percurso conjunto. No contexto do meu trabalho pastoral mais académico, nem sempre é fácil descobrir a comunidade concreta a servir, mesmo se ela existe naqueles com quem e para quem trabalhamos direta ou indiretamente. Pe Adélio Abreu

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PALAVRA DO FUNDADOR A ALEGRIA DE DEUS É A NOSSA ESPERANÇA

Não podemos dizer que o convite à alegria é exclusivo do cristianismo. Mas, o convite a ser alegres é, quase exclusivamente, do cristianismo. É característico do cristianismo. A mensagem cristã é, de facto, considerada – e bem – uma mensagem de alegria. Quando o Anjo falou aos pastores, disse: “Anuncio-vos uma grande alegria”. A vinda de Jesus ao mundo significou o aparecimento de uma grande luz, luz de alegria, porque luz de esperança, de libertação. Também o mundo tem um seu convite à alegria; mas, se estivermos atentos, damo-nos conta de que o convite do mundo é, muitas vezes, um convite ao prazer, à riqueza, ao domínio. Aqueles que respondem ao convite do mundo, apesar de obterem o que procuram, não lhes reconhecemos a alegria, isto é, o contentamento da alegria profunda da alma. O mundo, de facto, é triste; os homens, no mundo, são tristes, embora vivam no meio do brilho das luzes, nos atropelos da multidão e no barulho, mais ou menos, estonteante. É possível a alegria para quem parece mergulhado na condição de não poder alegrar-se por causa dos sofrimentos físicos e, sobretudo, morais? Para quem sofre por estar só, se sente inútil, ou se sente um empecilho? É possível!... Jesus ilumina o mistério do sofrimento e transforma-o em mistério de alegria: chega a transformar o sofrimento numa misteriosa e verificável alegria. Não se está só quando se está com Cristo. Não se é inútil quando Ele e com Ele estamos na Cruz para redimir, para salvar, para santificar. À volta de certos leitos, muitas vezes, encontra-se uma pequena multidão que procura luz e conforto. Tive já ocasião de fazer referência ao Apostolado do sofrimento; aí, encontrei almas sofredoras que sabem estar serenas, que sabem sorrir e chegam, muitas vezes, a ter, quase, pena que o sofrimento diminua porque sabem bem a quem imitam sofrendo, a quem se associam: a Cristo Salvador. O cristianismo realiza este milagre. Enquanto vivemos no tempo e caminhamos por um caminho doloroso, podemos encontrar motivos válidos para estar serenos, atingindo, até, uma verdadeira, ainda que misteriosa, alegria. Depois da vida temporal, virá a alegria sem limites, sem fim: a alegria de Deus. (Ascolta, si fa sera, pag. 158-159)

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OLHARES DE ESPERANÇA Deus criou o Homem e facultou o seu corpo com cinco sentidos: visão, olfato, tato, paladar e audição. Todos eles são muito importantes para a criatura imagem semelhante ao Criador. Porém, o sentido da visão, segundo a Sagrada Escritura, desempenha um papel fundamental na dinâmica do chamamento, adesão, compaixão, seguimento e missão. O Papa Francisco, a este respeito, afirmou o seguinte: «O olhar! Como é importante! Quantas coisas se podem dizer com um olhar! Estima, encorajamento, compaixão, amor, mas também censura, inveja, soberba, até mesmo ódio. Muitas vezes o olhar diz mais que as palavras, ou diz aquilo que as palavras não conseguem ou não ousam dizer» (vídeo-mensagem do Papa Francisco para a vigília de oração na Jornada Mariana por ocasião do Ano da Fé, Santuário do Divino Amor, Roma Sábado, 12 de outubro de 2013). A ação de ver-olhar aparece narrada na Sagrada Escritura logo no primeiro livro, o livro do Génesis, aquando da criação do céu e da terra, e da separação da luz e das trevas: «E VIU Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas» (Gn 1,4). Ora, se esta é uma das ações primeiras de Deus, como que é que ela nos pode estimular a ver com os seus olhos – OLHAR DE ESPERANÇA? O verbo grego ὁράω (que traduzimos em português por VER), encontra-se no tempo verbal Indicativo Aoristo Activo. Se tivermos em conta que Aoristos, em grego, significa SEM LIMITE, podemos deduzir que Deus, na sua ação original e fundante, nos ensina a olhar sem limite sobre a criação e sobre os nossos irmãos. Convida-nos a ter um olhar apaixonante, esperançoso, entusiasmante como o de Jesus que «andando junto ao mar da Galileia, VIU a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens» (Mt 4,18-19); um olhar amoroso que ao desembarcar «VIU uma grande multidäo, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos» (Mt 14,14). O movimento Oásis é verdadeiramente um lugar onde os jovens vêm e veem Jesus (cf. Jo 1,39). E na alegria do encontro podem aprender a ver com os olhos de Deus, desde logo na predisposição do SIM do serviço por AMOR, mas também na ajuda que o movimento presta para que cada um descubra o olhar de Deus em si mesmo, iluminando o sentido do seu chamamento, seguimento e missão no mundo. Pe. Vasco Soeiro

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O(s) Sentido(s) do Amor Nos dias 26 e 27 de Janeiro, estivemos num retiro para casais na casa do Movimento Oásis. Foi um tempo pensado e orientado por casais pertencentes ao Movimento, sobre o tema " O Desejo - amar com os sentidos". Pudemos, a dois, reflectir sobre a importância dos 5 sentidos no relacionamento do casal. Audição, paladar, visão, olfacto e tacto são-nos tão intrínsecos que nem pensamos neles. Com 26 anos de casados foi importante relembrar que, se de vez em quando é preciso fazer "jejum de ouvido" também é importante estar disponível para escutar o outro; para saber saborear a sua presença; para ver o outro e compreendê-lo e ao mesmo tempo deixarmos ver-nos em genuinidade, sem quaisquer máscaras. É preciso saber “ser o aroma que faz o outro feliz". Esta, é a necessidade que queremos partilhar com todos os casais e convidar a que façam uma experiência idêntica. Zé e Guida

Nos dias 26 e 27 de Janeiro de 2019, decorreu o Retiro de Casais do Movimento Oásis, que teve como tema central “O desejo – amar com os sentidos”. Este foi o nosso primeiro retiro como casal, pelo que não sabíamos muito o que esperar, mas podemos afirmar com toda a certeza que este fim de semana excedeu qualquer expetativa que pudéssemos ter criado na altura. Acima de tudo, procurávamos encontar-nos um ao outro em Deus, e o que encontramos foi um ambiente intimista, em que nos sentimos acolhidos por todos, e onde tivemos tempo e espaço para reflexão, um verdadeiro encontro com sentido(s) a três. Citando o nosso casal orientador, este encontro foi uma verdadeira “ascese dos sentidos”, uma vez que os pudemos trabalhar e apurar e assim fortalecemos o nosso laço como casal. As dinâmicas enquadradas no retiro foram preciosos momentos de partilha; o exercício de termos apresentado o outro pelos nossos olhos deu-nos um sabor mais doce para começarmos o dia. O “encontro na floresta” foi um momento especial, onde percebemos que, pondo os sentidos em prática, podemos encontrar-nos um no outro de forma tão simples e ao mesmo tempo tão profunda. A Eucaristia, que deu continuidade ao clima de proximidade e reflexão, foi o culminar de dois dias em que os sentidos estiveram em alta. No fim, retornámos à nossa realidade já com saudade, mas com o coração cheio e com a nossa espiritualidade renovada. Fica o compromisso de voltarmos no próximo ano! Finalmente, podemos apenas acrescentar que esta foi uma experiência que não se escreve nem se fala, mas que se sente, com todos os sentidos bem apurados. Agradecemos a Deus por nos ter concedido estas graças. Bruna e Paulo Santos

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Retiro Oásis – 7º ano O fim de semana de 1 a 3 de fevereiro, foi a data escolhida para o retiro destinado aos adolescentes do 7º ano da catequese com o tema “Do deserto ao Oásis: a alegria do serviço por amor”. A paróquia de Loureiro esteve presente com um grupo de 13 elementos. Apesar de não ser totalmente desconhecido, era a primeira vez que íamos participar e por isso a expectativa era grande. Um fim de semana diferente com jogos, momentos de diversão, oração e reflexão. A oportunidade também para conhecermos novas pessoas, partilhar experiências e conhecimentos. Durante os três dias procuramos respostas para algumas questões: Qual é o nosso mundo? O que devemos fazer para cuidar dele? Como podemos ser cristãos no nosso mundo? Refletimos também sobre a alegria do serviço por amor, o caminho para a santidade. Podemos ser santos? A resposta é simples, mas o caminho é longo e duro… Se vivermos à imagem de Jesus, se formos humildes, não humilhados, responsáveis, aceitarmos as nossas fraquezas tentando superá-las e colocarmos as nossas virtudes ao serviço da comunidade de uma forma ativa e construtiva. Se estivermos disponíveis para ajudar o próximo, tivermos a capacidade de amar e perdoar estamos mais perto de Jesus e no caminho certo para o objetivo maior de sermos santos. Os três dias passaram depressa e, chegados a casa, numa das sessões de catequese, fizemos um balanço do fim de semana. Nós catequistas consideramos o encontro bastante positivo. A troca de experiencias, os trabalhos de grupo e principalmente o contacto com os 5 “livros vivos” do Movimento foram muito importantes para encararmos o resto do ano de catequese com mais confiança e determinação. Achamos também que o grupo saiu fortalecido na relação de uns com os outros, o que é muito bom. Quanto aos nossos meninos, uns gostaram mais, outros menos, alguns (poucos) ficaram um pouco dececionados, mas gostaram de algumas coisas, outros muito agradados e motivados. No entanto, todos eles continuam de uma forma espontânea a cantar os cânticos que aprenderam e a falar do tempo que aí estiveram. Esta é a melhor resposta que se pode ter de um grupo que, sem querer admitir, viveu intensamente o fim de semana e assimilou muito do que foi dito. Uma experiencia bastante positiva e a repetir… António Martins Crescer on-line - Fevereiro de 2019 - Página nº 5


Movimento Oรกsis Centro de Espiritualidade Rua Mirante de Sonhos, 105 4445-511 Ermesinde - tel. 229712935 http://www.movimentooasis.com Contactos : padrearaujo@sapo.pt / oasis@movimentooasis.com Crescer on-line - Julho de 2015 - Pรกgina nยบ 2


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