Coisas poéticas @monicacompoesia

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ausência de percepção de quem se é. Amar é ser e ter a certeza de que o outro está inteiro, independente dos caminhos que tome, mesmo que opostos ou contraditórios aos meus, livre para vivenciar sensações e sentimentos sejam quais forem, sejam aonde forem, seja com quem for. O amor não pode ser cadeia, prisão, coleira, gaiola. Amar é proporcionar ao outro a possibilidade do conhecimento pleno da humanidade sem limites pré-concebidos, é exercer e simultaneamente permitir que se exerça o supremo direito à liberdade. Quem teme perder um amor lhe dando liberdade não ama. O amor verdadeiro traz em si a segurança de que todos os caminhos percorridos levam a ele. O amor não tem medo da trajetória, preocupa-se apenas com o destino final. Ele é um viajante que sabe para onde está indo, mas que não se preocupa com a obrigatoriedade de seguir uma rota definida, mas sim com o que vai aprender de novo pela estrada para dividir com quem o aguarda. Toda visão poética do amor sempre acaba esbarrando na dificuldade que temos de perceber o outro como ele realmente é e não como desejamos que ele seja ou venha a ser. Criamos sempre seres imaginários que nunca condizem com os que convivemos e quando percebemos que desconhecemos alguém tão próximo nos sentimos traídos pelo outro quando na verdade nós é que traímos nossa percepção do real idealizando para que pudéssemos aceitar e conviver com alguém tão diferente. Nossa dificuldade de amar o ser amado pelo que ele é e não pelo que ele pode vir a ser nos afasta da felicidade. Quando falo de felicidade, não falo da sensação de um só, mas sim da comunhão desta sensação. Não acredito na felicidade de um a partir do sofrimento do outro. Qualquer coisa que envolva sofrimento, mesmo que do outro, jamais pode ser

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