Também eu vivi no Comunismo

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A vida do dia a dia do comunismo, reconstituída por 95 autores: escritores, médicos, atores, professores, engenheiros, operários, etc. Cerca de 360 pequenas narrativas cujo fio vermelho é o absurdo, e aqui a cor do fio é mesmo justificada. Fatos diversos de casa, do serviço, das férias, da escola e da faculdade, do trabalho patriótico, das viagens. Os problemas administrativos, o amor e tudo o mais que depende da própria vida. O livro não contém ideologia nem parte de premissas políticas. Se dele resulta uma conclusão política ou uma volúpia estética, este é um problema íntimo do leitor.

Pode-se percorrer como um romance (os fragmentos dele ligam-se numa narrativa dramática), pode-se seguir como um filme cheio de situações loucas, impossíveis, do tipo Good bye, Lenin! Ou, para os que sofrem de impaciência, pode-se zapear. Faz-te chorar, rir, pensar. Fortalece a memória e recomenda-se em especial para os esquecidos.

O ponto comum de todas as personagens que formam o coro é a experiência de um mundo estranho, desvelando em cada uma das faces aparentemente aleatórias das personagens a própria personagem mutilada de cada uma delas.

Também eu vivi no comunismo é um livro terapêutico de dois modos: para os que viveram é importante por servir como uma espécie de exorcismo e bálsamo de suas feridas; contudo, mais importante ainda ele é para os que não viveram o comunismo, funcionando como que uma vacina: toma um pouco de comunismo em cerca de 400 páginas e 360 relatos e cura-te para sempre.

Como foi feito o livro? loana Parvulescu propôs aos 94 autores (a maioria desconhecidos dela) que escrevessem textos narrativos, sem emoções violentamente expressas, sem insultos nem injúrias, sem teoretização e sem alusões ao presente, propondo-se não a emitir opiniões, mas a não esquecer.

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Que significa "comunista revolucionário". Em Cioragârla faziam-se preparações para aumentar a base de massas do partido comunista com camponeses cooperadores autênticos (que quase não se deixavam fazer membros).

Num dado momento, fora convencida a entrar no partido uma avozinha cooperadora, que, no entanto, tinha de ser submetida a umas verificações públicas do grau de consciência e de conhecimento do estatuto. Da junia Bovernativa perguntaram-lhe: "Que significa ser um comunista revolutio nário?". E a mulher respondeu: "Seres submisso, mamãe". (R.Z.)

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