CAMINHOS PARA MUDAR O BRASIL

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APOIO: • ;•*a- jkg UMA REALIZAÇÃO: OPiONA Ks, : rnari,g- gc CEM:126 DÉ TRÀBÁLI-JOEtECNOLObIA,CIDADANIA Caminhos para mudar o Brasil Comitê de Entidades Públicês no Combate a Fome e Pela Vida COEP

Caminhos para mudar o Brasil (

Financiadora de Estudos e Projetos - Finep Vontade política, mobilização e desenvolvimento social. 239 Fundação Oszvaldo Cruz - Fiocruz "

Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia - Coppe/UFR Portas abertas para o mundo do trabalho. 161 Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social - Dataprev A imensa e frágil luz do Brasil rural. 169

Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco - Codevas Rede de Parceiros para enfrentar a exclusão. 121 Comunidade Solidária Cultura do ouro branco colorindo o futuro. 137

Companhia Nacional de Abastecimento - Conab O maior capital de uma nação é o trabalho. 149

Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético - DNDE Quando crescer, quero ser médico, astronauta, funcionário 179 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT Realizando o sonho de crescer cidadão. 185 Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás Conhecer e aprender para poder transmitir. 199 Eletrobrás Termonuclear S.A. -Eletronuclear Cabra nossa de cada dia. 207 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa A vida desenhada em outros horizontes. 215 Federação Nacional das Associações Atléticas Banco do Brasil - FENABB Um projeto inédito. Uma nova cultura. 225

Educar para o trabalho. 97 Companhia Energética de São Paulo - Cesp Alternativa para o desenvolvimento. 105 Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf Frutificam as sementes do Amanhã. 111

"Um pais que faz essas coisas não vai desaparecer nunca". 251 Fundação Banco do Brasil Fornecendo energia e construindo cidadania. 261 Furnas Centrais Elétricas S.A. Isto não é história de pescador.

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Instituto Nacional do Seguro Social - INSS Novos tempos para antigos tesouros culturais. 303 Instituto Nacional de Tecnologia - INT Menor desigualdade, maior justiça social. 313 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA Transformando o petróleo em água. 319 Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras Mãos que tramam o futuro. 327

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária- Incra Consciência coletiva de proteção ao trabalho. 295

Secretaria de Desenvolvimento Rural - MA Construindo o futuro em oficinas de computação pessoal. 339 Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro Capacitando o homem a conviver com a seca. 353 Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - Sudene O Coep nos estados Trabalhando parcerias. 363 Coep - Bahia Trabalho, mercado e asas para voar. 367 Coep - Ceará Santa colheita em terras devolutas. 377 Coep - Goiás

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - lhama Um oásis no semi-árido. 285

O despertar para a própria vida. 383 Coep - Maranhão O salto de quem não tem mais nada a perder. 395 Coep Paraíba Rede de informações desenha mapa da seca, 401 Coep - Pernambuco Alianças institucionais transformam sonho em realidade. 407 Coep - Paraná Aprendendo nos games da vida 419 Coep - Rio de Janeiro O mais belo fruto de uma frondosa mangueira. 429 Coep - Rio Grande do Norte Na vida das letras cresce um povo bonito. 441 Coep - Rio Grande do Sul Festa, encontro, fraternidade e esperança. 451 Coep - Santa Catarina Um simples clicar pode mudar o canal da vida. 459 Coep - São Paulo Anexos Um convite às empresas públicas 471 Resolução da Câmara Social 473 Parceiros de primeira hora 477 Impossível agradecer a todos 479 índice por área de atuação 481 Sempre Betinho 486

Alves Jornalista Um livro perigoso A tenção! Cuidado! A leitura deste livro não é recomendada para quem não pode se comover. As histórias que conta mexem com o coração e a imaginação, podendo provocar lágrimas e soluços. Tampouco devem lê-lo os que se sentem confortáveis na sociedade que temos, envolvidos apenas consigo mesmos ou somente com o seu núcleo familiar. Devem evitá-lo, sobretudo, os que sofrem de perturbação visual, muito comum entre as camadas de altas rendas, que impedem as pessoas de verem a miséria, a fome e a ignorância a sua volta. Feita a advertência, vamos aos leitores. Eles encontrarão aqui diversas razões de interesse. Em primeiro lugar, trata-se de um livro didático. Ensina as vantagens de se trabalhar numa rede nacional de solidariedade, que permite evitar a duplicação de esforços, ao mesmo tempo em que coloca ao alcance de seus membros a experiência de outras pessoas interessadas em diminuir as carências de seus concidadãos nos mais variados setores de atividades e nas mais diversas regiões do País. Ensina, ainda, que é possível se oferecer não só comida e oportunidades educacionais como, especialmente, cidadania. Mostra que a solidariedade tanto pode ser assumida institucionalmente, por organizações inteiras, como bancos, empresas de fomento, autarquias, como por grupos de funcionários. Finalmente, ensina que as parcerias com associações civis e religiosas, com governos estaduais e municipais, com empresas e, especialmente, com a população são fundamentais para o sucesso das iniciativas.

PREFÁCIOMárcioMoreira

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A lição mais importante do livro talvez seja sobre a criatividade do povo brasileiro. A variedade dos programas responde à variedade das carências Cada grupo ou organização descobre a sua vocação e enfrenta o problema que a realidade lhe coloca. Os eixos principais são a educação e o emprego. Há destaques, no universo da militância social. O principal acredito ser o da parceria entre os funcionários e a direção do Banco do Brasil, que se estende pelo País inteiro, mobilizando milhares de agências e associações atléticas, e do Banco do Nordeste, limitada à sua região de atuação, o nosso grande bolsão de miséria. Devem evitar este livro, sobretudo, os que sofrem de perturbação visual, muito comum entre as camadas de altas rendas, que impedem as pessoas de verem a miséria, a fome e a ignorância a sua volta.

Betinho, como vêem, teve muitos filhos. Que sigam a recomendação evangélica: crescei e multiplicai-vos.

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A lição mais importante do livro talvez seja sobre a criatividade do povo brasileiro. A variedade dos programas responde à variedade das carências. Cada grupo ou organização descobre a sua vocação e enfrenta o problema que a realidade lhe coloca. Segundo os relatos e depoimentos, parece haver nos jovens um imenso desejo, sobretudo nas cidades maiores, de serem treinados em informática. São muitas as informações sobre a multiplicação dos cursos, respondendo à demanda dos alunos. Os alunos do curso montado no Rio pela Eletronuclear, em parceria com a PUC e escola Nossa Senhora da Misericórdia, por exemplo, gastam em média duas horas para chegar à sala de aula. Como o número de matrículas -é limitado, têm de ser indicados pelas suas comunidades. Além d'e aprenderem, se dispõem a ensinar, porque, como diz um deles, "b que adianta a gente saber tudo e não poder erisinar?". A informática é, ainda, um poderoso atrativo para tirar das ruas menores carentes, como exemplifica o trabalho de algumas organizações da rede Coep, como a Eletrobrás e USE Algumas experiências relatadas são particularmente comoventes. O projeto Cabra Nossa de Cada Dia, que nascêu numa paróquia do Ceará e tem o apoio de um centro de pesquisas da Embrapa e da GTZ, organização alemã para desenvolvimento, tem duas virtudes: mata a fome de famílias inteiras e é auto-reproduzível. Cada familia que ganha uma cabra compromete-se a devolver duas crias. Dois projetos destinam-se especificamente a deficientes físicos: o da parceria entre o Serpro e a Associ4ão de Pais e Amigos de Excepcionais, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, cjue procura usar o computador como recurso pedagógico e o da Dataprev, que se dirige aos surdos e se desenvolveu em 17 estados.

O projeto que me emocionou particularmente é o da Universidade Integrada da Terceira Idade, Uniti, ein São Luiz, no Maranhão, criada em 1995. Creio que o comentário de uma de suas alunas é um bom fecho para essa apresentação. Diz Jane Cavalcánte de Albuquerque: Fui, a maior parte de minha vida, mãe, esposa, e, acima de tudo, formadora de família. Com todos os filhos formados, tomando conta das suas vidas, e com a cabeça que a vida na Uniti me proporcionou, tenho grandes projetos. É como debutar para a vida. Os filhos já ganharam seu naco. Digo a todos que seremos agora garotos do mundo, da vida, da praia, até o dia que o Senhor nos conceder, e não tenho nenhuma preocupação com o tamanho desse tempo, pois, por si só, ele já é enorme, porque grande é este meu momento de agora.

A hora certa de fazer acontecer `• [ m 1992, era intensa a mobilização da sociedade civil. Mais do que isso: a sociedade tinha voz. O Fórum de Ciência e Cultura, coordenado por Luís Pinguelli Rosa, reunia dirigentes de entidades empresariais, acadêmicas e sindicais, das mais distintas posições. Buscavam pontos de consenso em questões de ciência, tecnologia e infraestrutura, no sentido de encaminhar propostas e alternativas ao governo e ao Congresso Nacional. Foi um período rico e criativo para a discussão de políticas públicas. No Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - Ibase, Betinho assumia a condução do debate sobre a alternativa pública como uma saída frente ao falso dilema: privadoversus estatal. Havia uma forte articulação entre o Fórum de Ciência e Cultura e o Ibase no que se referia à preocupação com o projeto político do governo. Nesse processo de reorganização das forças da sociedade civil e retomada da participação popular, tem início, no fim do governo Collor, o Movimento pela Ética na Política, com ampla representação nacional.

André Spitz Secretário-Executivo do Coep

Em seguida ao impeachment, em uma reunião realizada no Fórum de Ciência e Cultura para debater os rumos do movimento, Dom Luciano Mendes de Almeida, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, e o Betinho levantam a questão de que não há nada mais aético no País do que a fome, identificando no combate à pobreza o único projeto que poderia sensibilizar e unir toda a sociedade brasileira. A proposta é consensual: reencaminhar as forças organizadas que lutaram peloimpeachment para a discussão da fome e da miséria, mantendo a organização nacional descentralizada com Betinho surgindo como um grande animador.

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Do Movimento pela Ética na Política surge a Ação da Cidadania, instalando-se no Pais o maior movimento autônomo e descentralizado da história da sociedade brasileira. Quem podia fazer alguma coisa reunia Do Movimento pela Ética na Política surge a Ação da Cidadania, instalandose no País o maior movimento autônomo e descentralizado da história da sociedade brasileira.

Betinho comentava, com espanto, que o mais curioso era o fato de o convite, encaminhado às empresas govemainentais, por ele e pelo Pinguelli, duas pessoas sem cargos no governo, tertido uma resposta impressionante. Ficamos surpresos com a presença de presidentes e diretores de praticamente todas as empresas convidadas. O resultado da ousadia mostrava que algo de novo estava acontecendo no Brasil.

Em meio a essa grande articulação que fervilhava em todos os mais distantes pontos do País, nasceu a proposta de fortalecer uma nova alternativa: transformaçãoa do estatal em público. mais algumas pessoas e criava um comitê, sem comando, sem hierarquiaum mutirão da democracia, resultante da responsabilidade e do compromisso de cada um. O movimento crescia em tinia dimensão incalculável. Betinho, com sua liderança natural, eduziae emocionava as pessoas. Existiam os comitês que floresciam em todos ocantos do País e, em paralelo, no Fórum de Ciência e Cultura e no lbase, continuavam as articulações com as empresas e o debate sobre a "coisa pública". Itamar Franco assume o governo tendo Betinho como interldcutor no encaminhamento de todos os desdobramentos da Ação da Cidadania e, em maio de 1993, é criado, fruto de toda essa mobilização, o Coriselho Nacional de Segurança Alimentar - Consea, sob a coordenação de Dom Mauro Morelli, Bispo de Duque de Caxias (RJ). Em março de 1993, em meio a essa grande articulação que fervilhava em todos os mais distantes pontõs do País, Pinguelli e eu fomos até a casa do Betinho com a proposta de discutirmos iniciativas que fortalecessem uma nova alternativa: a transformação do estatal em público. Desenvolveu-se a idéia de criar um comitê reunindo as grandes empresas estatais para discutir caminhos que afirmassem a responsabilidade social dessas entidades. Dos encontros no Fórum participavam, entre outras empresas da área de energia, Furnas, Petrobras, Light e Cemig.

Betinho fez uma belíssima apresentação, desenhando de maneira muito sensível o quadro da fome no Brasil a necessidade absoluta de aquelas empresas, agentes do setor público, não: ficarem indiferentes. "Estatal não é governamental", disse Betinho. "Ela tem um capital público e precisa ter um processo decisório público. O defeito da nossa democracia é fazer com que as empresas estatais sejam empresas do governo".

Era preciso ampliar esse leque e deflagrar um processo de discussão com outros setores. As maiores estatais do País foram convidadas para uma reunião no Fórum. A pauta: avaliar e debaterça que as entidades públicas poderiam fazer em relação a grande mobilização de combate à fome e à miséria que estava acontecendo na sociedade e no governo.

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A questão da fome, da solidariedade social, envolve uma grande mudança nos procedimentos e nas práticas gerenciais dessas empresas e até no âmbito de suas próprias missões. Quando falamos em ações inovadoras, estamos falando de idéias que já estão aí. É simplesmente um outro olhar, com propostas que não só beneficiam as pessoas como em muitos casos trazem uma receita maior para as empresas. ,

Deve ser responsabilidade social das entidades: dar uso integral a seus recursos, evitando desperdícios e tranformando ociosidades eventuais e temporárias em benefícios; incentivar o encontro do mundo organizado das entidades com o mundo desorganizado da pobreza como forma de estabelecer um compromisso maior com as comunidades onde atuam e de apostar na construção da cidadania, que não existe enquanto um privilégio de alguns,e sim como o único caminho que nos levará à democracia de fato; estabelecer relação de co-responsabilidade no combate à miséria, possibilitando e incentivando o desenvolvimento humano sustentável e a introdução de alternativas de geração de trabalho e renda como indutores da organização das comunidades e do resgate da auto-estima dos excluídos. Mais do que posturas generosas ou de assistencialismo, apontávamos a via de mão dupla: investir na comunidade que virá a ser consumidora de seus produtos ou serviços. Estávamo, de certa maneira, falando de negócios e de ação empresarial. A Light, ajudando a combater a pobreza nas favelas, estaria criando condições de aumentar o consumo de seu produto. Era possível imaginar, por exemplo, Furnas assumindo o compromisso de dar um outro uso aos recursos que a empresa tem, como a água e a terra. Se a proposta nos parece nova, em outros países é absolutamente usual e já faz parte da cultura das instituições. Na Europa e nos EEUU, nos reservatórios, a água tem usos múltiplos. As comunidades que vivem nas proximidades esperam daquele reservatório muito mais que só a geração de energia elétrica.

Nesse contexto,,propo.ndo para o setor público uma mudança de cultura, nasce o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela

A questão da fome, da solidariedade social, gnvolve uma grande , mudança procedimentosnos e nas práticas gerenciais dessas empresas e até no âmbito de suas próprias missões.

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O que estava colocado é que, em relação à pobreza, essas empresas deveriam ter uma outra postura no âmbito de suas missões e de suas práticas administrativas. Algumas entidades têm isso à flor da pele, como a Fiocruz, com seus objetivos no campo social. Outras, como as de energia elétrica, cuja missão é gerar energia elétrica, o sentido do público é visto de maneira mais distante.

A lógica era cruzar as experiências das instituições de diferentes níveis e áreas de governo. Foi uma experiência muito rica para todas as empresas, que voluntariamente,aderiramjáqueaparticipaçãonoCoepsedáporadesão.

Muitos eram os exemplos. a Petrobras encontrou água e não o petróleo que buscava no Nordeste. Mas água não é um problema da Petrobras, e sim de um outro órgão com o qual a empresa pão interage. Cada empresa tem a sua missão e trabalha na lógica da especificidade do seu projeto.

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Vida - Coep, um espaço de articulação que se constrói a partir de parcerias, sem subordinação e em uma estrutura descentralizada. Estavam frente a frente empresas e entidades que nunca haviam estado juntas antes. Em agosto de 1993 reuniram-se 33 dirigentes de empresas, federais e estaduais, fundações e autarquias, para formalizar a criação do Coep. Betinho falou que aquele era um momento histórico. Pela primeira vez no Brasil tantas entidades, que antes nunca haviam se sentado à mesma mesa, se reuniam para somar forças para combater a fome e a indiferença "... quando pensamos no Coep, tantas empresas e entidades da maior importância desse País e somamos todo seu potencial humano, tecnológico, econômico, eu estou convencido de que se elas se orientassem todas no sentido da erradicação da miséria, em cinco, dez anos, nós seriamos um outro País. Ou então elas não valem nada, e nós sabemos que elas valemi„ A lógica era cruzar as experiências das instituições de diferentes níveis e áreas de governo. Foi uma experiência muito rica para todas as empresas, que aderiram voluntariamente, já que a participação no Coep se dá por adesão. O grande desafio que se colocava era a 'evidente fragmentação do estado, e o Coep avançou bastante na discussão de uma outra lógica.

São projetos que não se somam nem criam instrumentos que falem a mesma língua e possam planejar o desenvolvimento nacional. No âmbito do Coep, as empresag passaIram a propor e a executar seus programas enquanto o Coep articulava parcerias, somava e integrava. Entretanto, o fato de as organizações estarem presentes naquele fórum, através de seus dirigentes, não significava necessariamente que as organizações tivessem aderido como um todo. É um longo processo, como tudo na vida. Éramos, e ainda somos, uma minoria dentro das entidades lançando um outro olhar sobre a "coisa pública", mas os resultados em cinco anos mostram que avançamos muito e que nosso avanço é estrutural.

O Coep trabalha em três vertentes: mobilização das entidades para formulação de iniciativas próprias; viabililação de parcerias estimulando complementariedade de iniciativas ie incentivo a participação

Oempresarial.grandedesafio que se colocava era a evidente fragmentação do estado, e o Coep avançou bastante na discussão de uma outra lógica.

dos empregados enquanto cidadãos. Betinho sempre destacava que a experiência estava mostrando que solidariedade era um ponto de convergência entre trabalhadores e instituições. As organizações são feitas por pessoas. Quando as pessoas são estimuladas a exercerem sua cidadania, a serem criativas, elas respondem, a organização muda sua cultura e aumenta o orgulho profissional.

Pensando em dar maior consistência à articulação do Coep, foi criado o Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania, "Oficina Social". Enquanto o Coep continua sendo uma incubadora de idéias, a Oficina Social dá um passo à frente no sentido de fazer com que as idéias e os projetos venham a se concretizar. Localizado na Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Coppe/ CTRL o Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania tem o compromisso com a geração de conhecimentos e a criação de metodologias. Não há a proposta de competirmos ou repetirmos o que já é feito pelas instituições. Nosso compromisso é exatamente com o que é novo para essas instituições, e eventualmente, amanhã, venha a se tornar até uma linha de ação das mesmas ou um projeto que se multiplique país afora. Os recursos do Centro não são para financiar projetos, e sim para articular apoios, sistematizar, replicar, criar metodologias e divulgar essas ações. A Oficina Social é um espaço de articulação, profissionalizado, que permite realizações que não seriam viáveis no âmbito do Coep, como a elaboração deste livro.

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O livro "Caminhos para Mudar o Brasil" - um marco na história do Comité de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vidatem um significado muito especial. Como primeira experiência concreta da Oficina Social, reúne as principais experiências desenvolvidas, ou

Hoje, mais de 50 entidades integram o Coep. Organizamos audiências públicas, mobilizamos parlamentares, governo e sociedade em uma rede muito rica e dinâmica, que cresce, se alimenta da própria experiência e gera um elo entre um conjunto de organizações que vai muito além dos objetivos de combate à fome.

Mais do que posturas generosas ou apontávamosassistencialismo,deavia de mão dupla: investir na comunidade que virá a ser consumidora de produtos ou serviços.

Estávamos, de certa maneira, falando de negócios e de ação

O Coep tem mostrado grande agilidade na criação de novas iniciativas que alavanquem, multipliquem e dinamizem as ações. Em 1995, teve início um processo de descentralização, incentivando-se a criação de comitês nas diversas unidades da federação de forma autônoma, com os mesmos princípios e forma de atuação. Hoje já existem 13 Coeps estaduais trocando e multiplicando experiências.

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Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania, "Oficina Social". Enquanto o Coep continua sendo uma incubadora de idéias, a Oficina Social dá um passo à frente no sentido de fazer com que as idéias e os projetos venham a se concretizar.

em fase de desenvolvimento, por entidades associadas ao Coep. Nem todas acontecem no âmbito do Coep. Cada entidade selecionou dentre suas várias iniciativas aquela que queria que fizesse parte do livro. São idéias e projetos inovadores que servemi de referência e podem ser reproduzidos por outras entidades, sejam elas públicas ou privadas. Registrar e sistematizar essas ações é também uma forma de estabelecer um novo compromisso das entidades com a comunicação, de prestar contas, tornar público e dar visibilidade às suas ações.

Viabilizado pelo Centro de Tecnolágia, Trabalho e Cidadania, "Candinhos para Mudar o Brasil" registra, ainda, á adoção de novas posturas nas entidades públicas, um olhar mais justo e humano sobre a sociedade brasileira, além de apontar caminhos possíveis para a construção de um Estado mais cidadão.

Hoje, mais de entidades integram

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OrganizamosCoep.audiênciaspúblicas,mobilizamosparlamentares,governoesociedadeemumaredequecresce,sealimentadaprópriaexperiênciaegeraumeloentreumconjuntodeorganizaçõesquevaimuitoalémdosobjetivosdocombateàfome.PensandoemdarmaiorconsistênciaàarticulaçãodoCoep,foicriadoo

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Finalmente, gostaríamos de homenagear e de valorizar a dedicação de tantas pessoas que vêm tornando tcido este trabalho possível, mesmo que com isto possamos correr o risco de coineter injustiças e injustificáveisEmesquecimentos.primeirolugar, homenageamos o Betinho, fundador do Coep e último presidente do seu Conselho Deliberativo. Militante da luta contra todas as formas de injustiça e preconceito, construtor de sonhos e esperanças, articulador de ações ousadas, Herbert de Souza terá sempre um significado especial para o Coep. Cada relato deste livro é uma forma de prestarmos nossa homenagem.

Nossa homenagem,também, para Luis Pinguelli Rosa, parceiro de primeira hora, sempre dando força e ajudando.

Gostaríamos de agradecer a todos da Ação da Cidadania que, envolvendo milhares de pessoas, se tornou o maior movimento social da história do Brasil, do qual o Coep é parceiro. Agradecemos ao extinto Conselho Nacional de Segurança Alimentar - Consea representado pelo seu ex-presidente Dom Mauro Morelli, cuja parceria ajudou a viabilizar importantes projetos tais como o Canal Saúde e a I Conferência Nacional de Segurança Alimentar. Nossos agradecimentos, também, à Comunidade Solidária, através de sua presidente Ruth Cardoso, como forma de homenagear todos conselheiros, colaboradores, enfim, toda a rede que se articula em torno de uni Brasil sem fome, exclusão e mais solidário, do qual o Coep se sente parte. A articulação entre o Coep e a Comunidade tem incentivado e ajudado a viabilizar importan-

Agradecimentos à Gleyse Peiter cuja competência, empenho e energia multiplicam a capacidade de articulação da Secretaria-Executiva. Não fosse sua incansável mobilização, e de Amélia Medeiros, certamente não teríamos conseguido captar a riqueza de contribuições contidas neste livro, para o qual também pesou a empolgação de Eliane Silveira.

Agradecimentos para Marcelo Siqueira e Luis Laercio Simões Machado, respectivamente, ex e atual presidentes de Furnas, como forma de homenagear toda a diretoria, gerência e empregados, que desde 1993 têm dado enorme e fundamental apoio ao Coep, sediando sua Secretaria-Executiva e viabilizando as atividades dessa articulação.

Agradecimentos

também para a secretária-executiva substituta do Coep, Nilda Bragança e para os coordenadores dos núcleos da Oficina Social, Paulo Buss, Lécio Lima e Vicente Guedes, bem como para a coordenadora do Prêmio Betinho, Lia Blower Com alegria registramos o apoio do jornalista Márcio Moreira Alves, grande incentivador de iniciativas inovadoras que mostram um outro caminho para o Brasil, dando destaque à responsabilidade da mídia neste Agradecimentosprocesso.para

Tania Coelho e toda a equipe da EspalhaFato que tiveram papel fundamental em todas as etapas da elaboração deste livro e que, mais do que empenho profissional, trataram de fazer dessa obra um fato especial. Agradecimentos, também, a toda a equipe da gráfica do Banco do Nordeste pelo empenho na produção deste livro. Finalmente, gostaria de agradecer e homenagear o crédito e o empenho que todas as entidades associadas, simbolicamente aqui representadas pelos seus atuais dirigentes. Airson Bezerra Lócio, Alberto Duque Portugal, André Lara Resende, Arma Maria Peliano, Antonio Sérgio Riede, Byron Costa de Queiroz, Carlos Cerqueira Leite Zarur, Crésio de Matos Rolim, Dílio Penedo, Domingos Lage Martins, Edemar Mombacb, Edsmauro Parreira de Oliveira, Eduardo "Caminhos para Mudar o Brasil" é um marco na história do Coep e tem um significado muito especial. Como primeira experiência concreta da Oficina Social, reúne as experiênciasprincipaisdesenvolvidas,ouemfasededesenvolvi-mento,porentidadesassociadasaoCoep.

tes iniciativas tais como: Cooperativa Popular de Manguinhos; Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares; Fórum de Cooperativismo, Projeto Xingo, Oficina de Informática "Galera do Futuro"; e Projeto Criança e Cidadania. Homenagem especial, também, à Anna Peliano, que, além de acreditar no potencial do Coep, ajudouo e incentivou-o desde a sua criação.

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Viabilizado pelo Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania, "Caminhos para Mudar o Brasil" registra, ainda, a adoção de novas posturas nas entidades públicas, um olhar mais justo e humano sobre a brasileira,sociedadealémde apontar caminhos possíveis para a construção de um Estado mais cidadão.

Gostaríamos de agradecer, especialmente, a todos representantes técnicos e secretários executivos dos, Coep estaduais que desde 1993 têm dedicado ao Coep muito mais tempo, empenho, esforço e emoção do que atribuido pela sua representação institucional. As ações das entidades dependem muito da vontade das pessoas. O interlocutor, nas instituições, tem que querer, tem que ter a ousadia de tentar criar coisas novas, a angústia do criador, tiin perfil transgressor da pessoa que quer inovar, que quer olhar todo áprocesso de uma outra maneira. Caso contrário, nada acontece. Obviainente, é necessário que a instituição esteja efetivamente engajada e que exista o apoio efetivo da alta administração. Nossos agradecimentos para: Antonio Carlos da Silva Lopes, Bina Burdm n, Cláudia Fernanda Silveira Carneiro, Conceição Contim, Conceição de M. F. de A. Costa Valle, Dalila Gonçalves Weiss, Donaldo Dinardi, Fernando A. Guimarães, Francisco Ivo Barbosa, Frederico José Lubambo de Oliveira, Geraldo Pereira de Araújo, Gonçalo Guimarães, Gontran Coelho Pinho, flaydé de Araujo Sabry, Helena Roraima Iracema Cavalcante Leite, Henriette Mariacy Krutman, Hugo Vasconcelos, Joanna Francisca Eisenbusch, Joel Stuque, José Eugênio Machado Filho, José Reginaldo Ribeiro Salej, José Renato Cabral, Leonides

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Bogalho Pettengill, Eduardo Burgos, Eduardo de Souza Martins, Eloi de Souza Garcia, Eugenio Libreloto Stefane4), Eugênio Miguel Mancini Scheleder, Fernando Antonio Rezende da Silva, Firmino Ferreira Sampaio Neto, Geraldo Pereira de Araújo, Guilherme Cirne Toledo, Hildeberto Santos Araújo, Hilton Kruschewsky Duarte, João Carlos de Mattos, João Pinto Rabelo, Joel Mendes Renno, José Alexandre Nogueira de Resende, José da Costa Carvalho Neto, José Galizia Tundisi, José Henrique Vilhena de Paiva, Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira, Jurandir Vieira, Lourival Carmo Mônaco, Luiz Laercio Simões Machado, Manoel Araujo Filho, Maria Aparecida Stallivieri Neves, Mauro Alves Gaircia, Milton Seligman, Mozart de Siqueira Campos Araújo, Murilo Xavier Flôres, Paulo César Simplício da Silva, Paulo Cesar Ximenes Alves Ferreira, Raphael de Almeida Magalhães, Renzo Dino Sergente Rossa, Rciberto Cláudio Frota, Roberto Meira de Almeida Barreto, Ronaldo Arthur ,Cruz Fabrício, Ruy Lourenço Martins, Samuel Rocha, Sérgio Cutolo dos Santos, Sergio de Otero Ribeiro, Simon Schwartzman, Sulivan Silvestre de Oliveira, Vania Telma Lacerda de Souza e Wilson Biancardi Coury.

Como forma de homenagear todos os empregados das entidades associadas, parceiros, colaboradores e todas as pessoas que têm ajudado a somar forças na construção da cidadania e na luta contra a miséria, a exclusão e a indiferença, nossos agradecimentos, também, para: Acurcio de Alencar Araujo Filho, Alfredo Laufer, Ana Cristina Benedito Gouvêa, André Urani, Antonia Cleonice Carvalho Cidrão, Arlindo Sousa, Augusto C. Franco, Aurino Valois Júnior, Cândido Grzybowski, Carlos Eduardo Senna Figueiredo, Charlotte Stephanie N. Wilberg, Claúdio de Castro Vasconcelos, Denise Paiva, Eduardo Suplicy, Edmundo Antonio Taveira Pereira, Edwiges de Oliveira Cardoso, Elizabeth Hossman, Fernanda Lopes Carvalho, Fernando de Castro Sá, Fernando Peregrino, Flávia M. Nava Costacurta, Francisco de Assis C. Mello e Silva, Credes Vieira do Prado, Halim Girade, Heloisa Helena S. Oliveira, Isabel Caldas, João Paulo Maranhão, José Branisso, José Carlos de Sousa, Luciano Vica, Luiz José Bacha Rizzo, Luiz Fernando Levy, Marco Antonio Marra, Maria Aparecida de A. P. S. Fagundes, Maria Aparecida Roncato, Maria Idalina de Sant'Ana, Maria Leonilda de Lima, Maria Nakano, Maria Regina Chaves M. de Souza Vergara Lopes, Maria Leonilda de Lima Maria Teresa Simpsom, Mansa Serrano, Maurílio Engel, Miro Teixeira, Moacyr Ferreira Nunes, Moema Valarelli, Mônica de Oliveira Lima, Osmar P. Júnior, Otomar Lopes Cardoso, Paulo Oscar de Faria, Paulo Gadelha, Paulo Pedrosa, Paula Pires, Regina Marcantonio O. de Souza, Regina Dieckmann, Ronaldo Nery, João Pinto Rabelo Junior, Rosa Maria Mubarak, Rosalina Willerding, Rosi Judith Pillo, Rubem C. Fernandes, Segen Farid Estefen, Sérgio de Araújo Pereira, Sergio Arouca, Silvana Maria P. Santos, Szachna Eliasz Cynamon, Telma Ma Marques Malheiros, Teotonio Vilela Filho, Virginia Schlemm, Wanda Engel é Washington Luiz Moiirão Silva. 21

Alves da Silva Filho, Lilibeth M. Cardoso Roballo Ferreira, Luzinete Alves, Marçal José Cavalcanti Silva, Marcia Neves, Marcos Venitius de Almeida Muniz, Maria das Graças Cruvinel, Maria José Irene Facundo Lima, Maria Lúcia Almeida, Maria do Amparo Almeida Araujo, Maria Tereza Murad, Mariana Martins, Moisés Aguiar, Nathalie Begin, Osmar de Sá Ponte Jr., Patrícia Werneck, Paulo Eduardo da Silva Oliveira, Plínio de Aguiar Júnior, Raul Milliet, Ricardo de Castro Brum, Sergio Roberto do Amaral, Sônia Elizabeth Cardoso Alves, Suely Gomes, Tania de Carvalho Melo, Vera Araripe Nascimento e Wagner Zani Sena.

Em primeiro formaformasDeliberativo.fundadorhomenageamoslugar,oBetinhb,doCoepeúltimopresidentedoseuConselhoMilitantedalutacontratodasasdeinjustiçaepreconceito,construtordesonhoseesperanças,articuladordeaçõesousadas,HerbertdeSouzaterásempreumsignificadoespecialparaoCoep.Cadarelatodestelivroéumadeprestarmosnossahomenagem.

Integram o Coep Acerp, Asbraer, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, BNDES, Caixa, Cemig, Ceplac, Cesp, Chesf; Codevasf, Conab, Dataprev, DNDE/MIVIE, DNOCS, ECT, Eletrobrás, Eletronuclear, Embrapa, Embratel, Fenabb, Finep, Fiocruz, Funai, Fundação Banco do Brasil, Furnas, lbarna, IBGE, Incra, Infraero, INSS, INT, lpea, Petrobras, Radiobrás, RFFSA, SR/MA, Serpro, Sudene, UFRI. Coep's estaduais: BA, CE, co, MA, MG, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SC, SP

Enfim, nossos agradecimentos a todos que acreditam que é possível fazér acontecer e que buscam caminhos para mudar o Brasil.

Uma campanha que quer mudar o rumo da história do Brasil E u creio que nós, às vezes, vivemos situações e é difícil acompanhar a relação entre o fato e a consciência do fato. Pode-se até dizer que em certos momentos históricos, a sociedade não sabe o que está vivendo. Em outras, sabe. Eu tenho plena consciência de que a maioria dos que estão aqui, ou a totalidade, sabe que estamos vivendo no Brasil uma situação totalmente nova. Nunca, em nosso País, as empresas estatais se reuniram para combater a fome e a miséria. Muitas fizeram ações contra a fome e a miséria, cada uma no seu canto, dependendo da sensibilidade do governo de turno ou do presidente da estatal. Umas se revelaram com uma grande sensibilidade social, econômica, política e, por que não dizer, até cultural. Outras, dependendo do presidente da empresa, simplesmente seguiram o rumo do padrão do desenvolvimento que produziu milagres em termos de tecnologia, que produziu milagres em termos de arrancar de um país que tem 90% da população na miséria e na pobreza, a ponte Rio-Niterói, grandes projetos, grandes obras, alto acúmulo de tecnologia, sofisticação fantástica que nos levou ao nono lugar na economia mundial. Mas é a primeira vez que presidentes das principais empresas públicas do Brasil se reúnem como cidadãos. Não foram chamados aqui por nenhum ministro, não foram chamados aqui pelo Presidente da República. Foram chamados aqui simplesmente por cidadãos que vieram dizer que eles querem mudar o rumo da história do Brasil. A razão é a fome, sim. A razão é a miséria, sim. Mas se enganam aqueles que pensam que nós estamos simplesmente querendo entregar comida a quem tem fome. Sim, porque isso é fundamental e é uma vergonha que nós tenhamos que estar fazendo esta campanha em 1993. Nós temos de celebrar com total consciência e com orgulho - por que não dizer, com orgulho - essa reunião onde presidentes das empresas estatais do Brasil se reúnem pará dizer: "Nós queremos acabar com a miséria, queremos acabar com a pobreza, não aceitamos um desenvolvimento que marginaliza e exclui e que entrega 32 milhões de pessoas na indigência. Nós queremos mudar tudo".

Betinho Membro eterno do Conselho Deliberativo do Coep

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Se as pessoas não comem esse País não pode dormir tranqüilo. É preciso refletir: o Brasil ficou escandalizado com a morte de sete crianças na Candelária. Quantas mil não morrem por ano de fome, sem que haja um inquérito para saber quem as matou?

Apesar de insistir que caridade é bm, pie filantropia também é bom, não temos de ter vergonha de dar, de ser solidários, de estender o braço, de compartilhar o que temos. Temos que ter vergonha, sim, é dessa taxa de indiferença, é dessa frieza, desse cinismo de alguns que acham que desenvolvimento é uma coisa e gente é outra. Nós queremos dizer que asI.empresas públicas existem para a felicidade de todos os brasileiros, para produzir a felicidade. Que as empresas públicas, quando produzem energia, estão produzindo energia elétrica para gente, para que as pessoas possam ser felizes com a energia elétrica. Que quando produzem aço é para que esse aço seja utilizado no bem-esta'r e na felicidade de todas as pessoas. E que quando trabalham com números, é para que esses números sejam capazes de mudar a vida das pessoas Por isso, creio que esta campanha, que algumas pessoas insistem em não perceber o seu alcance, ela é muito mais profunda, muito mais forte, muito mais importante e crucial para nós do que muitos pensam. Nós estávamos indo na direção do desastre. O Brasil estava com 32 milhões de pessoas na indigência e ninguém falava nada, a não ser D. Helder Câmara e algumas entidades filantrópicas que já nem falavam, só faziam.

Ai, de repente, se disse: "São 32 milhões, companheiros e companheiras, é uma argentina na indigência, sem contar um México na pobreza!" E ai tivemos de parar, olhar para nós mesmos, interpelar o governo, interpelar a sociedade e estamos interpelando a consciência de cada um e cada uma a todo momento para dizer: se as pessoas não comem, esse pais não pode dormir tranqüilo. É preciso refletir: o Brasil ficou escandalizado com a morte de sete crianças na Candelária Quantas mil não morrem por ano de fome, sem que haja um inquérito para saber quem as matou?

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Uma campanha para impedir que as cnanças morram de fome e que os indigentes vejam as televisões anunciando um Brasil que não existe enquanto eles vivem na miséria e na indigência.

Portanto, eu acho que nós temos de celebrar com total consciência e com orgulho - por que não dizer, com orgulho - essa reunião onde presidentes das empresas estatais do Brasil se reúnem para dizer: "Nós queremos acabar com a miséria, queremos acabar com a pobreza, não aceitamos um desenvolvimento que marginaliza e exclui e que entrega 32 milhões de pessoas na indigência. Nós 'queremos mudar tudo". Portanto, se enganam aqueles que pensam que nós estamos aqui simplesmente para praticar a caridade, praticar a filantro'pia.

Muitas outras coisas eu gostaria de destacar. A capilaridade que as empresas têm, o fato de que as empresas públicas estão em todas as partes do Brasil, se nós fizermos esta ação de sinergia entre as empresas públicas, só essa ação já terá uma força espetacular na mudança deste pais. Agora, se as empresas públicas aprofundassem o seu sentido de empresa pública, se somar com a sociedade, acreditar na sociedade, apostar na sociedade nós vamos conseguir até mesmo reconstruir o Estado brasileiro, esse Estado sem o qual nós também não podemos viver, e é uma ilusão e uma falácia dizer que o mercado é que resolve nossos problemas.

Foi exatamente o mercado que produziu 32 milhões de indigentes. Nós hoje temos de repensar até mesmo a nossa filosofia diante da História, diante da sociedade. E creio que essa capacidade, essa energia é o que está nos trazendo aqui para assumirmos compromissos em nome de um pais que nós queremos, deste pais que nós ainda vamos ver e que será muito melhor do que o que nós temos.

Hoje, temos de repensar até mesmo a nossa filosofia diante da História e da sociedade. Creio que capacidade,essaessa energia é o que está nos trazendo aqui para compromissosassumirmosemnomedeumpaísquenósqueremos,destepaisquenósaindavamosverequeserámuitomelhordoqueoquenóstemos.

São 300 mil crianças até um ano que morrem por ano, segundo dados da Unicef. Portanto, eu creio que a importância desta reunião e das decisões que estão sendo tomadas aqui é de que cada presidente de uma empresa• pública veio aqui para dizer: "Eu estou na campanha". Que é uma campanha que quer, sim, mudar o rumo da História do Brasil. Até hoje nós fizemos um Brasil para uma minoria; nós temos que saber se queremos produzir um Brasil para todos os brasileiros. E é esse o compromisso nosso.

Trecho do discurso na reunião de assinatura do termo de adesão de 33 empresas ao Coep em agosto de 1993.

D. Mauro Morelli Bispo de Duque de Caxias - RJ Membro Conselho Deliberativo do Coep A energia política que move uma nação Acidadania não pode ser entendida como um conceito jurídico ou sociológico. Hoje, antes de tudo, significa comida. É a primeira exigência da cidadania. Em resposta a esta exigência, a primeira atitude proposta é a solidariedade. Uma solidariedade que, percebo cada vez mais, se transforma numa energia de mudança no Brasil, portanto, numa energia política, construtora da nossa própria nação. Tudo o que esperamos é que essa solidariedade nos leve a ser um Estado constituído para assegurar a cidadania não apenas a 25% do povo brasileiro. Tenho comparado o Brasil a um microônibus, com ar-condicionado, televisão abordo, com frigobar, mas com espaço apenas para 25 pessoas. Esperamos que o combate à fome e à miséria nos leve a repensar o Brasil, a reconstruir o País. Queremos proclamar, de fato, uma república federativa onde é forte a comunhão, onde é grande a participação e onde é fundamental a descentralização, para nos livrarmos de dois problemas terríveis: o desperdício e a corrupção. No Brasil, morrem, por dia, 500 crianças, das quais 300 morrem pelos males da fome, vítimas do extermínio e de outras fatalidades. São vítimas da injustiça, de todos nós que temos alguma parcela de responsabilidade na condução do País. Todo cidadão deve se sentir coresponsável. A cidadania das crianças desafia a nossa própria cidadania. Queremos sonhar com o dia em que o nosso país produza comida, não para exportação em primeiro lugar, mas para assegurar comida na mesa de cada família brasileira e correspondente política salarial que permita às pessoas ter comida sem humilhação. É importante que nós, mulheres e homens, definamos para nós mesmos que projeto de Brasil nós queremos viabilizar. É este o desafio que está colocado para todos nós.

O resgate da dignidade humana dos famintos e das crianças significará também o resgate da nossa própria honra.

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Esse é o nosso caminho. O resgate da dignidade humana dos famintos e das crianças significará também o resgate da nossa própria honra.

Queremos sonhar com o dia em que o nosso país produza comida, não para exportação em primeiro lugar, mas para assegurar comida na mesa de cada família brasileira

Junto com Betinho, sempre me senti animado a trabalhar, especialmente, quando encontramos, como no Coep, pessoas afirmando que acreditam na própria vida humana, ria própria cidadania. O que mais tem-me animado onde eu ando é ouvir as pessoas dizerem: "Antes e acima de tudo é como cidadã brasileira ou como cidadão que eu quero participar. E em segundo lugar, quero CumPrir meu dever profissional".

,As pessoas fazem questão de enfatizar gine, em primeiro lugar, se qualificam e se sentem honrados em Ser cidadãos e cidadãs do Brasil.

Para isso, sentimos necessidade de maior diálogo entre nós, superando entraves burocráticos. É importante que, por regiões, se reúnam todos os organismos, entidade's e expressões do próprio governo, para viabilizarmos respostãs sincronizadas, respostas bem coordenadas, de forma a garantir uma aç'ão qualificada que venha a trazer, de fato, esperança e mais cidadania ao nosso povo.

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Trecho do discurso na reunião de ass'inatura do termo de adesão de 33 empresa's ao Coep em agosto de 1993.

O primeiro passo foi descobrir que isso é possível, demonstrado claramente pelo entusiasmo dos empregados que se identificam totalmente com suas empresas para atingir os mesmos objetivos. Afinal, não é esse o segredo japonês: identificar os empregados com os objetivos da empresa? Não é isso que o projeto desenvolvido pelo Coep vem obtendo, procurando os objetivos certos? As idéias são muito simples e muito fecundas: dar uso social ao desperdício. Aumentar a eficiência, mas não aquela eficiência definida pelos economistas, e sim a que a sociedade brasileira necessita hoje: emprego, comida e ética. As idéias são muito simples e muito fecundas: dar uso social ao desperdício. Aumentar a eficiência, mas não aquela eficiência definida pelos economistas, e sim a que a sociedade brasileira necessita hoje: emprego, comida e ética.

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Um projeto para o Brasil: emprego, comida e ética O combate à miséria foi definido como prioridade absoluta do governo federal. Um amplo movimento da sociedade se expandiu por todo o País com o mesmo objetivo. Ao longo dos últimos anos, as empresas do setor público vêm demonstrando, através de seus empregados, uma clara vontade de participação ativa e total no combate à fome. Os presidentes das empresas que compõem o Comitê de Empresas Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, reunidos, assinaram um termo de adesão para que, juntos, pudessem contribuir para, gradativamente, fazer desaparecer do cenário nacional os grandes males que afligem a população brasileira.

É um movimento que vem procurando resgatar a cidadania e apontar ações imediatas como solução. Mas além dessas soluções emergenciais, dessa assistência imediata, discutem-se muito no Coep as soluções estruturais que resultem em trabalho e emprego, que resultem na produção não só de automóveis de injeção eletrônica, que servem a muito poucos no País, mas na produção do que as populações pobres precisam.

Luís Pinguelli Rosa Membro Conselho Deliberativo do Coep

Um outro grupo trata do Uso Alternativo' de Recursos, dentre os quais, a água para o Nordeste usando perfurações de poços de petróleo. Em diversas regiões, nos trabalhos destinados à prospecção do petróleo, o resultado foi a localização de água, um subproduto de finalidade social enorme. Pensou-se, ainda, entre outrassoluçoes, no uso de reservatórios de hidrelétricas para produção de peixe e irrigação. Diversas represas nos rios brasileiros, geram energia elétrica paia o consumo da classe média nas cidades, alimentando hábitos históricos. Entretanto, as mesmas represas podem ser usadas para a irrigação, para o peixamento, e não apenas para agredir e perturbar as populações onde são construídas.

Tudo isso é revolucionário no momento em que o Brasil adota, precipitadamente, uma certa padro— nização outrosqueimportandointernacional,ummodelonãofuncionouempaíseseque,dificil-mente,funcionaráaqui.

Estudam-se de forma muito séria as alternativas para criar oportunidades de trabalho, voltadas à alimentação da população, utilizando terras como, por exemplo, aquelas de propriedade das empresas elétricas, sob as linhas de alta-tensão, que não podem ser utilizadas para moradia, mas que poderiam e, em alguIns casos isso já acontece, servir para a produção agrícola. Tantas outra empresas, não importando o campo de atividade, trabalham no reaproveitamento de 30

Discute-se a geração de emprego e habitação no meio urbano, envolvendo construção em geral, infra-estrutura urbana, equipamentos sociais, habitações, saneamento, problemás do meio ambiente - não só do meio ambiente decantado em prosae verso pelo mundo afora em torno da discussão da Amazônia, mas também das favelas nas periferias das cidades, que constituem a maior agressão ao meio ambiente humano que o nosso país tem.

Com essa perspectiva foram formados grupos de trabalho reunindo várias empresas em torno de temas essenciáis. Mapeamos a população indigente no Brasil. Na área de Saúde e Nutrição, as ações foram centradas na capilarização dos postos de saúde nas comunidades carentes1onde há fome e miséria. No grupo de Transporte e Armazenamento foi feito o mapeamento das ferrovias, estaçoes e armazéns para coleta e distribuição de alimentos, revelando o retrato do sistema ferroviário nacional, registrando as possibilidades e as limitações existentes para atender às necessidades básicas da população. Em Educação pensouse em utilizar os satélites não só para! o lazer - para as transmissões de televisão - e para os negócios - para as transmissões das telecomunicações usuais-, mas para educar, pára reciclar, para profissionalizar e aumentar as chances de emprego de nosso povo.

Tu dó isso é revólucionário no momento em que o Brasil adota, precipitadainente, uma certa padronização internacional, importando um modelo que não funcionou em outros países e que, - dificilmente, funcionará aqui e que, ainda, nos leva a abandonar as vantagens comparativas de nosso pais, como o álcool, como a hidroeletricidade, como a produção de petróleo no mar e as florestas para fins Nestemúltiplos.projetonacional

estão as mais importantes empresas do Brasil, que, unidas, transformaram-se, inquestionavelmente, em uma força. viva. Está nas mãos do governo, está nas mãos da sociedade civil, utilizar essa força de acordo com os objetivos prioritários, para sermos, na prática, coerentes com o nosso discurso. Essas empresas têm um papel a cumprir e nós acreditamos na força dessa-união.

3.1 •

No Coep estão as mais importantes empresas do Brasil, que, unidas, transformaram-se, inquestionavelmente, em uma força viva. Está nas mãos do governo, está nas mãos da sociedade civil, utilizar essa força de acordo com os objetivos prioritários, para sermos, na prática, coerentes com o nosso discurso. materiais inserviveis, naturalmente abandonados em depósitos e tão úteis em outros univeros.

Trecho do discurso na reunião de assinatura do termo de adesão de 33 empresas ao Coep em agosto de 1993.

Muitos são os temas em debate, na busca de soluções: geração de emprego no meio rural; formação de pequenos produtores rurais; energia e alimentos visando à produção de álcool em pequenas propriedades.

DAS ENTIDADES TÉCNICA EXTENSÃOASSISTÊNCIAASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

Na área, antes criadosinfra-estrutura,semsãomensalmente192milaves.Acada 45 dias a avicultura gera, por propriedade rural, cerca de R$ 7.800,00 35

Hoje a comunidade de Capão Bonito dispõe de um centro comunitário, escolas e, após a instalação de energia elétrica, de um resfriadouro de leite e 33 galpões onde são criadas e abatidas, mensalmente, 192.000 aves. A avicultura está disponibilizando a cada 45 dias - período de uma criadarenda média entre R$ 1.200,00 a R$ 1.800,00 e, a cada seis criadas, R$ 2.000,00 por propriedade rural. Uma empresa privada, a Ceval, é responsável pelo fornecimento de ração, pintainhos e equipamentos, além de ser avalista dos financiamentos e das atividades de agroindustrialização do produto.

U ma área de aproximadamente 2.600 hectares, sem qualquer infra-estrutura e destinada ao programa de reforma agrária do governo federal, transformou-se, num espaço de tempo relativamente curto, em terras de culturas e criações e em fonte geradora de emprego e renda. Vivem hoje nessa área 132 famílias de pequenos agricultores. Situada em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, é conhecida como Projeto de Assentamento Capão Bonito.Nela, são cultivados milho, arroz, mandioca, algodão e amendoim, e criados bovinos, suínos, caprinos e peixes. Nessa área, onde antes nada existia, estradas vicinais foram abertas pela prefeitura, que faz sua manutenção e que também executou serviço de terraplenagem no local onde foram erguidos barracões. AFundação Nacional de Saúde providenciou a perfuração de um poço artesiano para os assentados, que hoje contam com rede de abastecimento de água, obtida pelos agricultores através de financiamento do Programa de Crédito para Reforma AgráriaProcera. Quanto à instalação do tronco principal da rede de energia elétrica, foi executada, a fundo perdido, pela Enersul, empresa de energia elétrica. A ligação até o barracão foi também viabilizada por financiamento do Procera, cujos recursos são canalizados através do Banco do Brasil, que financia, ainda, os produtores através do Fundo Constitucional do Centro-Oeste, o FCO.

Capão Bonito é o resultado de um trabalho conjunto do Programa Comunidade Solidária - responsável pela articulação e estímulo às parcerias entre as instituições - e a Empresa de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul - Empaer. Foi ela que não apenas promoveu a organização social dos produtores, como também permitiu a deflagração de todo esse processo, que nasceu a partir da elaboração e do acompanhamento dos 66 projetos de produção com os quais foram viabilizados 33 financiamentos do Procera e outros 33 do ECO.

•••• • _ , - • ja. tre, ! ir ' I ;.ili; 10>j k ir 0 .1 "" CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA si5.• V .1/4 . Aftizttaft-kk,

As atividades desenvolvidas em Capão Bonito estão propiciando a geração de até cinco empregos familiares por imóvel rural, o que abre um mercado de trabalho potencial para 650 pessoas, antes condenadas a engrossar o processo de migração para a periferia das metrópoles.

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Assentamento Barra da Onça

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES ESTADUAIS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL - ASBRAER Os agricultores perceberam que não teriam qualquer chance de progresso caso continuassem comindividualmentetrabalhandoeapenasculturasdesubsis-tência.Compraramumlotecomunitárioefun-daramumaassociação.

A percepção, por parte dos pequenos agricultores, de que o trabalho individual em suas terras, por mais intenso que fosse, mal os permitiria sobreviver foi o primeiro passo para que se rompesse com o imobilismo. O segundo - e que teve conseqüências mais profundas - foi a decisão de, sem abrir mão de cuidarem individualmente de suas propriedades, desenvolverem, de forma simultânea, um projeto coletivo. A partir daí, tudo mudou para os atuais 33 agricultores da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Gleba 2, também conhecidos como Grupo Nossa Senhora da Glória. Ao lado de sete outras associações de prOdutores, eles integram o Projeto de Assentamento Barra da Onça incrustado no sertão sergipano, no município de Poço Redondo.

No início, as famílias trabalhavam individualmente, dedicando-se às culturas de subsistência de milho, feijão e, também, de algodão. As dificuldades em viabilizar economicamente a produção do algodão, pelo constante ataque da praga do "bicudo", e a falta de uma política agrícola que contemplasse especificamente as condições de sua realidade produtiva, eram permanentes desestímulos para todos.

1ii e • I •rei ir ' 4.• % ". CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

O rebanho de assentamentos, através da inseminação artificial, mais que triplicou. No total, a produção leiteira alcança 7.000 mil litros por dia. Criado em 1986, através da desapropriação pelo Incra de 6.278 ha, o assentamento recebeu inicialmente 211 famílias, que foram acrescidas de 22 outras, todas recebendo um lote médio ao redor de 30 ha.

Os agricultores perceberam, então, que não teriam qualquer chance de progresso caso continuassem trabalhando individualmente e apenas com culturas de subsistência. Surgiu a idéia de se unirem Coube, no entanto, a um grupo dos ocupantes da "Gleba 2" a iniciativa de fundarem uma associação comunitária para tocarem um projeto coletivo. Para implernen-

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES ESTADUAIS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL - ASBRAER À noite, os integrantes do grupo reúnem-se em duas casas de sua associação, onde discutem e buscam soluções para problemas comuns. tá-lo, adquiriram um lote comunitário de 30 ha onde, em ousado gesto, colocaram oito novilhas e um reprodutor bovino, introduzindo, em uma área aparentemente sem vocação, a pecuária de leite. Para superar dificuldades de toda sorte, particularmente as de natureza organizacional e de tecnologia da produção, entrou em cena a Extensão Rural. Esta, por ocasião do inicio do assentamento, havia tido a impressão de serem reduzidas as chances de sucesso do empreendimento. Os assentados eram pessoas das mais diversas origens geográficas e culturais, não se constituíam como mão-de-obra qualificada e nem tinham tradição associativista. Com a decisão dos agricultores de criar um projeto coletivo, a Extensão Rural, que já vinha atuando junto ao assentamento, além de assessorá-los nas atividades organizacionais, prestou-lhes assistência técnica, disponibilizando tecnologias adaptáveis às suas condições, capacitando-os através de cursos sobre manejo reprodutivo, sanitário e nutricional do rebanho e sobre práticas de melhoramento genético por meio de inseminação artificial. Assessorou-os, também, em termos de linhas de crédito mais acessíveis à pequena produção e buscou, junto a diversos órgãos, parcerias que tornassem possível a perspectiva de um programa de desenvolvimento rural.

Além de integrar ações antes isoladas e paralelas, o Programa Comunidade Solidária estabeleceu parcerias com diversas entidades. Com isso, foi possível superar deficiências de infra-estrutura comunitária nas áreas de saúde, educação, transporte, abastecimento e eletrificação. Esta última encontra-se em fase de implantação e, quando concluída, permitirá avanços tecnológicos, a ampliação do mercado de trabalho e o aumento da renda na região.

O Assentamento Bana da Onça dispõe, hoje, de assistência médica regular, com um médico e dois agentes de saúde, e de cinco escolas públicas de primeiro grau, que absorvem todas as crianças em idade escolar. Os alunos do segundo grau contam com transporte para seu deslocamento até a sede do município. Todas as unidades de ensino recebem material e alimentação escolar. O resultado do trabalho de articulação tem permitido acelerar e dar maior fluidez à atuação da Extensão Rural, uma vez que a consolidação da infra-estrutura amplia as alternativas tecnológicas e econômicas dos agricultores. 39

A ampliação do processo de percepção çdos assentados e, naturalmente, sua ambição por evoluírem tecnologicamente e aumentarem o retorno econômico de seu trabalho não pára. Agora, após entenderem que sua margem de lucro pode melhorar serisivelmente se eles próprios transformarem o leite em queijo, manteiga e iogurte, decidiram, depois de estudo de viabilidade técnica, construir sua miniusina de beneficiamento de leite. A decisão foi transformada em projeto, que deverá ser viabilizado pelo Pronaf e pelo Projeto São José - Pronese. O prédio onde a miniusina deverá ser instaladao o da associação foram construídos com recursos do Incra.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Para melhorara margem de lucro querem transformar leite em queijo, manteiga e iogurte. Já com o estudo de viabilidade técnica, vão construir uma miniusina de beneficiamento de leite.

O rebanho do assentamento, através da inseminação artificial, mais que triplicou. Saltou de nove para 33'cabeças. A produção leiteira em Barra da Onça, como um todo, alcança hoje 7.000 litros/ dia. Desse volume, 9,5% são transformados diretamente pelos produtores em queijo, vendido nos municípios vizinhos; 8% destina-se ao consumo in natura e 82% são vendidos para a Empresa de Lacticínios Parmalat e, também, para fábricas de pequeno pOrte instaladas na região.

O desenvolvimento do projeto coletivo do Grupo de Nossa Senhora da Glória e sua prática de diversificação de exploração agropecuária vêm se consolidando e se expandindo. Nos seus lotes individuais as culturas de subsistência continuam sendo a base de sustentação das famílias, tanto para o autoconsumo quanto para comercialização dos excedentes, tendo o milho se valorizado em decorrência de sua utilização como suplemento alimentar do rebanho. No entanto, a cultura do algodão vem sendo substituída pela de palma e pelo capim buffel.

No projeto coletivo tem sido mantida uma dinâmica de trabalho que permite a participação das 33 famílias, através de um escalonamento onde, á cada 15 dias, uma delas trabalha no lote comunitário, tanto na atividade de manejo do gado bovino quanto nas culturas de sorgo, leucena e palma. À noite, os integrantes do grupo reúnem-se em um dos dois prédios construídos, o de sua associação, onde discutem e buscam soluções para seus problemas comuns.

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JUFtANDIR VIEIRA Presidente da Associação das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural - Asbraer Desatar os nós e estreitar os laços Nossa participação nesta publicação tem, pelo menos, dois objetivos muito claros. O primeiro é o de divulgar ações que'estimulem a práfica democrática,"a participação efetiva da sociecracie, particularmente a que vive no campo, na identificação e no equacionamento dos seus problemas. Estes, jamais poderão ser superados através de intervenções monolíticas- economicistas, tecnológicas ou cientificistas -, por mais brilhantes que vierem a ser. Elas exigem como condição sine qua non para seu êxito uma abordagem global, totalizadora, onde esteja sempre presente a perspectiva do desenvolvimento rural como um todo, ainda que a partir de sua dimensão municipal - nunca é demais repetir que ninguém vive na União, mas no município. O segundo objetivo prende-se à necessidade da Extensão Rural de aprofundar e consolidar seus laços de parceria institucional, como ocorre com o Programa Comunidade Solidária. Essas parcerias, além de aumentarem a eficácia de suas ações, permitem dimensionar melhor suas potencialidades e limites, e reduzir custos, com o que, no mínimo, se promove o respeito pelo dinheiro público. Com a precariedade natural que acompanha iniciativas pioneiras, como é o caso desta, podemos citar experiências de diversas regiões. Todas contam, sem exceção, com o esforço conjunto da Extensão Rural e do Programa Comunidade Solidária - embora outras instituições também tenham estado envolvidas. Elas apresentam aspectos específicos a serem destacados. Em uma, chama a atenção à percepção lúcida da comunidade de que somente um projeto coletivo viabilizaria seu progresso. Em outra, fica clara a preocupação em estabelecer ações a partir de um paradigma ecológico, no caso, as microbacias hidrográficas. Há ainda a preocupação e o cuidado com a geração de emprego e a melhoria das condições de habitabilidade. E, por fim, embora não menos importantes, desenvolvemos experiências que se preocupam especificamente com a esfera do lazer e da recreação para a criança e o jovem rural, uma abordagem rara, que foge da deificação tecnológica. Em todas elas, uma imagem comum: a da Extensão Rural de braços dados com o Programa Comunidade Solidária - imagem esta que pretendemos ter o prazer de sempre exibir, todos os anos, ainda que sob novos ângulos. Nosso objetivo é divulgar ações que estimulem a prática democrática e a participação efetiva da sociedade, particularmente a que vive no campo.

BANCO

Com a finalidade maior de facilitar o atendimento a potenciais empreendedores, estimular a criação e manutenção do emprego com qualidade, o Ministério do Trabalho, o Banco do Brasil e a Fundação Banco do Brasil conceberam a Agência do Empreendedor. A estratégia adotada é o mapeamento dos segmentos mais dinâmicos da economia, elaboração dos Planos de Negócios em conjunto com os beneficiários, treinamento gerencial e consultoria especializada aos empreendimentosComofinanciados.agentedepolíticas

públicas, o Banco do Brasil é responsável pela administração de fundos e programas direcionados para setoreschave da economia: microempresa, empreendedores informais, produtores rurais, cooperativas e associações. Destacam-se os programas de Geração de Emprego e Renda -Proger, de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf, e fundos como o Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, o FCO. Os recursos aplicados em 1997 contribuíram para gerar cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos, ocupando uma média de 179 mil trabalhadores/mês, na área rural.

Foi no âmbito do Proger que foram implantadas as Agências do Empreendedor, que disponibilizam ao Banco do Brasil uma equipe de profissionais capacitada a desenvolver ações destinadas a proporcionar Agente de políticas públicas, o Banco do Brasil é responsável pela administração de fundos e programas direcionados para empresas,estratégicos:setoresmicro-empreende-doresinformais,produ-toresrurais,coopera-tivaseassociações.

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O Proger é um programa de iniciativa governamental, instituído em 1994 e mantido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT. Voltado para micro e pequenas empresas, cooperativas e associações, bem como pessoas físicas que atuem no setor informal da economia, dispõe de linhas de crédito para financiar empreendimentos industriais, comerciais ou de serviços na área urbana, com o objetivo de apoiar a geração e manutenção do emprego e da renda.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

No âmbito do Proger foram implantadas as Agências do Empreendedor, que disponibilizam uma equipe de profissionais capacitada a desenvolver ações destinadas a proporcionar crédito e treinamento visando a estimular a geração de emprego e renda.

Vale destacar, ainda, o acompanhamento sistemático dos créditos concedidos de forma preventiva, detectando possíveis falhas e propondo ajustes, de modo a reduzir sobremaneira os riscos de inadimplência.

crédito e treinamento visando a: estimular a geração de emprego e renda, por intermédio de criação de novas unidades produtivas e fomento às já existentes; incentivar a organização dos empreendimentos informais, de modo a prepará-los para o ingresso no setor formal da economia; e apoiar a capacitação e assistência técnica aos empreendedores potenciais beneficiários do crédito concedido pelo Proger, do Banco do Brasil, na forma individual ou coletiva, de forma a possibilitar a autosustentabilidade dos empreendimentos financiados.

O Programa conta hoje com seis balcões de atendimento em funcionamento, sendo três no Rio de Janeiro (BB Tijuca, Marechal Floriano e Duque de Caxias), dois em Belo Horizonte (BB Carijós e Cidade Industrial) e um em Curitiba (BB Agência Portão), e previsão de instalação, até o final de 1998, de mais três pontos no Distrito Federal (BB Comercial Sul, Taguanorte e Sobradinho).

Nessa linha de atuação o Banco do Brasil participou, também, ativamente na criação e desenvolvimento do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas. A partir do sucesso do projeto que criou a CootramCooperativa de Manguinhos), articulado pelo Coep em parceria com a Gerência de Cooperativismo do Banco do Brasil - Gcoop e a Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, surgiu a vontade de levar a experiência para outras localidades tendo em vista que seu resultado foi a inclusão de grupos nos processos produtivos com elevação de seu padrão de vida pela agregação de renda. Buscou-se levar a experiência de Manguinhos para a região das favelas da Maré - próximas à UFRJ. Em reunião também articulada pelo Coep com aquela Universidade e a Gcoop, surge a idéia de, não apenas apoiar-se a formação de mais uma única cooperativa, mas sim fazer surgir um modelo que podesse replicar a Cootram em diversas outras localidades. Com esse objetivo, a Gcoop, com participação de pesquisador da UFRJ, desenhou, em Brasília, em 1995, o projeto que resultou na criação da primeira Incubadora de Cooperativas. O objetivo do projeto é o de capacitar equipes das Universidades para que possam reunir grupos com potencial produtivo, organizá-los sob o modelo cooperativo, capacitá-los de forma a conquistarem postos de trabalho, elevarem sua participação na renda nacional e, em última análise, alcançarem cidadania. A idéia da Incubadora foi então apresentada aos parceiros do Coep, a Financiadora de Estudos e Projetos - Finep e a Fundação Banco do Brasil, que passaram a apoiar o projeto, inclusive financeiramente, o que possibilitou a instalação da primeira experiência na Coppe - UFRJ. Com o apoio do Programa Comunidade Solidária, por meio de sua Secretaria-Executiva, e o crescimento do modelo, os parceiros desenvolveram a proposta de ampliação do projeto para um programa nacional que envolvesse diversas outras universidades no Pais. Surge, assim, o Proninc. Após a apresentação de projetos das universidades interessadas foram selecionadas cinco novas entidades para compor o Programa. UFCE, UFJF, UFRPE, UNEB e USP. Foi assinado, com o Ministério da Agricultura, Termo de Adesão ao Programa e a expectativa é de que a parceria possa avançar, apresentando às comunidades opção de organização e conquista, de forma competitiva, de espaços no mercado de trabalho.

O Banco do Brasil participou, também, da criação e desenvolvimento do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas, que, entre outros objetivos, capacita equipes das Universidades de forma que possam organizar grupos com potencial produtivo, sob o modelo cooperativo. 47

BANCO DO BRASIL

Antes, quem morava em um barraco sujo e minúsculo, onde chovia e fazia frio, agora mora numa casa de tijolo, com piso cimentado, quartos, sala, cozinha e banheiro interno. É mudar para o paraíso. O projeto tem dado a esses homens e mulheres e seus filhOs a possibilidade de resgatarem a dignidade. Essas pessoas melhortiramsignificativamente a qualidade de vida. Ver a transformação é o nosso rétorno. Isso não há dinheiro que pague. A idéia surgiu em dezembro de 96 quando trabalhava em urna construtora e precisei demolir uma construção. Conversando com o padre Roque, da Paróquia do jardim Califórnia zona leste), surgiu a idéia do aproveitamento do material demolido. Mauricio Tadeu Alves da Costa, cooidenador. O Projeto Onde Moras,criado em dezernbro de 1996, sob a coordenação do Comitê da Ação da Cidadania dos funcionários do Banco do Brasil, em Londrina, Paraná, é um sistema de trabalho em mutirão no qual famílias trabalham em conjunto na construção de suas casas, reaproveitando o material de demolição. Cóm a colaboração de órgãos públicos, comunidade, Igreja Católica e iniciativa privada, a proposta é dar às famílias carentes condições básica de subsistência e, também, de identidade perante a sociedade.

Cláudio Ribas, 52 anos, pai de sête filhos.

O Projeto Onde Moras é um sistema de trabalho em mutirão no qual famílias trabalham em conjunto na construção de suas casas, reaproveitando o material de demolição.

A idéia surgiu quando o engenheiró Maurício Costa trabalhavaIem uma construtora e teve de pagar a demolição de uma casa. Geralmente se paga caro pela mão-de-obra e o 'material nem sempre é aproveitado como deveria. A partir deste quadro o projeto foi idealizado: empregaria temporariamente os chefes de família e ainda lhes daria a oportunidade de se ter uma casa. Durante o tempo de trabalho as famílias recebem cestas básicas e passes de transporte urbano.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Demolir casas para I construir sonhos

Vim da invasão da Leste-Oeste, próximo à antiga favela da Vila Rica, na Zona Oeste. Comecei este assentamento morando numa casinha velha, mas, graças a Deus, minha família está colocada e, hoje, moramos numa casa de verdade, toda de tijolos.

BANCO DO BRASIL

Cerca de 30 casas já foram construídas nos Jardins Marabá e em Santa Fé - antigas favelas localizadas na Zona Leste - e no João Turquirto, Zona Oeste. Cada casa tem 44 m2, dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O custo aproximado para a construção é de R$ 500,00.

O resultado do projeto já ganhou repercussão nacional. Em março deste ano, foi segundo colocado no Prêmio de Cidadania Herbert de Souza, envolvendo entidades com trabalhos voltados ao combate à fome e à miséria. Concorreram 120 instituições de todo o País. O prêmio de R$ 5 mil está sendo empregado na construção de novas casas.

A iniciativa privada, através de donativos de.materiais de espaços que seriam demolidos, como casas, depósitos, almoxarifados, e outros, visando à construção de algum empreendimento, entra em contato com a Igreja Matriz - ponto referencial -, para mobilizar uma equipe treinada, equipada e acompanhada por técnicos da área de engenharia civil e segurança do trabalho, para dar início ao reaproveitamento do material que, antes, seria demolido e que, hoje, é reciclado para as construções das casas do Projeto Onde Moras, que conta, ainda, com auxílio de estagiários do curso de engenharia civil que fazem trabalho voluntário. Nada melhor do que iniciar a carreira num trabalho social. Anderson Hirato, 24 anos, estudante.

A cesta básica-mensal que as famílias participantes do projeto recebem é doada pela Igreja e os passes para o transporte cedidos pela Grande Londrina, para que possam ir do local da demolição até o da nova construção. O Grupo Votoran fornece argamassa e o Depósito Piaparo, de materiais de construção, o almoxarifado.

O mais gratificante é ver claramente a mudança total na vidaidas pessoas que são beneficiadas. João Milanez, jornalista e colaborador. O projeto repercussãoganhounacional em março deste ano, quando foi segundo colocado no Prêmio de Cidadania Herbert de Souza, fomeentidadesenvolvendocomtrabalhosvoltadosaocombateàeàmiséria.Concorreram120instituiçõesdoPais.

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Vim de Joaquim Távora para Londrina há quase dois anos. Durante mais de um ano morei num barra quinho de 3m x 3m. Em uma noite de chuva, o barraco caiu em cima de mim. Mas, graças a Deus, há oito meses a vida melhorou muito para nós. Agora, cada uni tem seu quarto.TeMos ainda sala, cozinha e banheiro com privada. Até um netinho eu ganhei. Cândida Miguel, 65 anos, viúva. Os que se interessam assumem o compromisso de trabalhar até a conclusão da última casa do grupo. Geralmente, os grupos são de 10 famílias que, através de mutirão, se unem para desmanchar casas velhas e, em troca, receber o material recolhido e uma ajuda de custo. 50

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O cadastramento das famílias necessitadas é feito através de visitas às favelas para verificar realmente as famílias carentes e esclarecer os principais objetivos da proposta. Esse trabalho é feito com a ajuda do assistente social, freiras, padres e líderes comunitários. Os que se interessam assumem o compromisso de trábalhar até a conclusão da última casa do grupo. Geralmente, os grupos são de 10 famílias que, através de mutirão, se unem para desmanchar casas velhas e, em troca, receber o material recolhido e uma ajuda de custo para construir a tão sonhada casa própria.

BANCO; DO BRASIL

Escolhidas as famílias necessitadas, são selecionadas as pessoas que formarão a equipe que atuará no reaproveitamento do material. Essa equipe será treinada e trabalhará com equipamentos de segurança: luvas, botas, óculos de proteção e ferramentas necessárias, além de acompanhamento de um técnico. O material não é distribuído aleatoriamente. Há um cadastro com a relação de tudo o que é recolhido. Nada é entregue às famílias antes da elaboração de um projeto e da avaliação da quantidade necessária para cada casa a ser 'construída. Cada caso é um caso e, por isso, cada uma delas é estudada para que as construções venham a suprir as reais necessidades dos futuros moradores.

Era um inferno. Estava desgostoso da vida. Bebia, estava desempregado e cheguei ao ponto de separar. Agora, estou empregado, deixei de beber e já estamos melhorando a casa. Coloquei vidros, estamos fazendo o reboco e quero, ainda, colocar piso em toda a casa e nas beiradas e, ainda, azulejo nas paredes da cozinha. Se não fosse o Onde Moras ainda estava no barraco. José Fernandes Pessoa, 46 anos, pedreiro, pai de sete filhos. Cerca de 30 casas já foram construídas. O cadastramento das famílias necessitadas é feito através de visitas às favelas para esclarecer os principais objetivos da proposta.

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Simultaneamente, uma equipe de pedreiros, serventes etc. é treinada para a construção das casas, com acompanhamento técnico. Essa equipe é montada com a participação das famílias e coordenadores da própria comunidade. Respeitando as condições mínimas de moradia, as casas são em alvenaria, com chapisco, cobertura de telha, sem forro e com pisos de pedacinhos de mármore doados por marmorarias.

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Para futuras ampliações, com o esforço das próprias famílias, agora proprietárias, é doado um projeto arquitetônico. A idéia é criar um vinculo de responsabilidade e amor pelo sonho realizado e, em conseqüência, evitar que venham a comercializar suas casas.

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PAULO CESAR XIMENES Presidente do Banco do Brasil Uma nova ordem social Em todo o mundo os problemas relacionados a uma ordem social mais justa deixaram de ser preocupação exclusiva dos governos. Os desafios vêm sendo compartilhados por todos. Estado e sociedade, empresários e trabalhadores, associações comunitárias e organizações privadas. Essa aliança tem sido crucial para a execução de programas abrangentes, destinados ao desenvolvimento da cidadania. É dentro dessa perspectiva que o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep vem participando de projetos que lançam bases para a construção de uma nova ordem social. Como um dos principais agentes de políticas públicas, o Banco do Brasil também está associado a esse esforço de criar as pré-condições para o desenvolvimento sustentável das comunidades. Através da Fundação Banco do Brasil, uma série de projetos ligados à saúde, educação, geração de emprego e renda, cooperativismo, preservação do patrimônio artístico-cultural e proteção do meio ambiente vêm sendo estimulados por apresentarem resultados concretos no resgate da cidadania. Ao final desta década e início de novo milênio, a agenda aponta desafios crescentes para as organizações modernas. Além da capacidade de ampliar espaços na acirrada competição mercadologica, as empresas vão precisar corresponder às cobranças da sociedade para produzirem ações que favoreçam a coletividade. Expandir os negócios dentro de uma política de resultados e participar do mutirão da solidariedade para responder às demandas sociais mais urgentes do País continuarão sendo compromissos do Banco do Brasil. Estado e aoabrangentes,sidoempresáriossociedade,etrabalha-dores,associaçõescomunitáriaseorgani-zaçõesprivadasestabe-lecêmaliançasquetêmvitaisparaaexecuçãodeprogramasdestinadosdesenvolvimento-dacidadania.Osdesafios'-,.vêmsendocomparti-»lhadosportodos.

BANCO NORDESTE o BNB

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São 450 profissionais devidamente capacitados, que atuam em todos os municípios nordestinos e do norte mineiro em ações articuladas com a comunidade. A proposta é viabilizar o potencial econômico existente na região. Cobrindo em média quatro municípios cada, marcam a presença do Banco do Nordeste em 1.875 municípios nordestinos. Eles são os Agentes de Desenvolvimento, responsáveis por Os Agentes de Desenvolvimento atuam em todo o Nordeste, viabilizando o potencial econômico da região. Articulados com as comunidades, identificam oportunidades de emprego e renda, entreestimulamvocaçõesviabilizaminexploradas,oassociativis-moeocooperativismoe,inúmerasoutrasatividades,orientampequenosprodutoresparaosmelhoresnegócioseacessoàslinhasdecrédito.

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Foi aí que Sérgio Muniz e outros pequenos criadores da região, com o apoio dos Agentes de Desenvolvimento, resolveram se unir numa associação. Com financiamento, treinamento e assistência profissional, a associação, hoje, conta com um frigorífico, o Fricapri - Frigoríficos de Caprinos e Ovinos -, com capacidade para abater 400 animais por semana. Resultado: houve um grande crescimento nos rebanhos, aumentou o número de produtores interessados, muitos empregos foram gerados e os criadores estão negociando num mercado seguro, onde podem investir tranqüilos.

Francisco José Mamede,microempresário,Oliveira,Paraíba.

assessorar os agentes produtivos nos projetios, na identificação de oportunidades de emprego e renda, na viabilização de vocações inexploradas, na orientação do crédito e assistência tédnico-gerencial e na organização da comunidade, estimulando o cooperativismo e o associativismo. Articulam o fortalecimento da infra-estrutura local, trabalhando na eliminação dos gargalos de escoamento e comercialização da produção e mensurando o nível tecnológico e de competitividade das atividades e empreendimentos econômicos.

A presença do Agente de Desenvolvimento no nosso município é de suma importância. Ele está trazendo conversarmosconhecimentosmelhoresparaomunicípio,estávindodefinirasdificuldadesqueestamospassando,aoinvésdenosdirigir-mosàsagênciasparadireta-mentecomogerente.

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O Programa Agentes de Desenvolvimento do Banco do Nordeste, criado há dois anos, objetiva induzir é promover o desenvolvimento, sobretudo nas comunidades mais carentes, marginalizadas pela rede bancária tradicional. Na verdade, os Agentes de Desenvolvimento são funcionários que atuam como verdadeiras ágências móveis, a partir de um trabalho antecedente ao crédito, treinados para buscar as melhores oportunidades de negócios nos municípios, seja na iniciativa privada ou no setor público, abrindo possibilidades para que a pequena comunidade assuma seu papel de sujeito no processo de crescimento, visando sua autosustentabilidade. Estimulam a formação de empreendedores, capazes de transformar a realidade e seus negócios em empreendimentos lucrativos.

Ovelhas se multiplicam sem clonagem Embora a criação de ovinos e caprinos seja uma tradição em Jequié, até algum tempo atrás os criadores não tinham um mercado estável. Produziam mas não tinham certeza do que ia acontecer com a produção.

Iniciativas como essa, inédita no Brasil, é que diferenciam o Banco do Nordeste dos demais estabelecimentos do crédito, transcendendo a atuação meramente financeira, e o torna referencial em te'mos regionais, na formação de quadros, na capacitação tecnológica e na assistência ao setor produtivo.

Um projeto que não ficou na gaveta José Sebastião de Oliveira, assim como a maioria dos marceneiros de Limoeiro, Pernambuco, trabalhava por conta própria, no quintal de sua casa. Não possuíam nenhuma estrutura. Não tinham capital de giro e ainda compravam matéria-prima na mão de intermediários. Mas só até formarem a Cooperativa de Marceneiros e Serralheiros de Limoeiro. Além do financiamento, o Banco do Nordeste - através dos Agentes de Desenvolvimento - deu treinamento a todos os associados. Hoje trabalham num galpão cedido pela Prefeitura e possuem maquinário moderno, caminhão próprio e escritório com computador. A produção de móveis, com qualidade comprovada, gera 150 empregos diretos. E ainda vai gerar muito mais, pois os 21 associados estão tão satisfeitos com o resultado que já pensam em aumentar a produção e abrir uma loja no centro da cidade. 59

BANCO DO NORDESTE - BNB

Interagindo com a comunidade, estabelecendo e fortalecendo parcerias, levando informações, identificando mercados e atividades potenciais, analisando vantagens comparativas e competitivas, estimulando a organização, a capacitação dos agentes produtivos e a utilização racional do crédito, em um processo de aprendizado recíproco, o Banco do Nordeste, através dos Agentes de Desenvolvimento, provoca e estimula mudanças na economia e, conseqüentemente, na sociedade nordestina.

Vencendo desafios

Emprestando ou captando novos recursos para o Nordeste, informando o empresário, capacitando pequenos produtores, pesquisando os problemas regionais e assessorando estados e municípios em seus programas e projetos, o Banco credencia-se para galgar novos patamares e vencer desafios. Para isso, antecipou-se com segurança aos ajustes e adequa-se com rapidez às transformações, reafirmando seu papel fundamental como provedor do sistema produtivo regional.

Atualmente 6.479 povoados e distritos já foram visitados e estão sendo trabalhados dentro da concepção de desenvolvimento local, com a formação de 1.710 comitês que funcionam como fóruns de discussão e decisão de questões estratégicas para os municípios, envolvendo os governos municipais, órgãos técnicos, ONGs, entidades de classes, igrejas, agentes produtivos individuais, além de 7.754 associações e cooperativas que estão sendo capacitadas e assistidas pelos Agentes de Desenvolvimento.

Até o dia em que conseguiu financiamento no Banco do Nordeste e investiu em equipamentos. Hoje, desmancha por dia 2.500 litros, empregando 21 pessoas, entre parentes e vizinhos. Aliás, a vizinhança tem sido muito importante porque, como a energia na região é monofásica, às 6h da tarde todo mundo desliga seus eletrodomésticos para que os equipamentos da fábrica possam funcionar. O problema está sendo solucionado pela prefeitura, que, com o apoio dos Agentes de Desenvolvimento, está instalando um sistema trifásico. O desenvolvimento tende a ser ainda maior. Além dos empregos diretos, a fábrica envolve os produtores de leite e os fornecedores de insunzos, gerando negócios em toda a região. 1' /

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Donas de casa viraram donas de empresa Em Monsenhor Gil, uma pequena vila do Piauí, as mulheres tinham duas opções de trabalho: na roça ou em casa. Até que Maria da Cruz Sampaio e suas companheiras da Comunidade 13 Irmãos se juntaram com o objetivo de realizar um trabalho diferente: fabricar sabão em barra. Unidas, começaram a produzir o sabão em suas próprias casas, sem nenhuma estrutura. Com financiamento, treinamento de pessoal e orientação, construíram sua fábrica, que, hoje, possui 22 mulheres associadas e gera mais de 20 empregos diretos. A produção atualmente é de 200 quilos/dia de sabão de excelente qualidade. A proposta, agora, é ampliar a fábrica e produzir detergente. 60

Em um processo de aprendizado reciproco, o Banco do Nordeste, através dos Agentes de foramAtualmenteDesenvolvimento,provocaeestimulamudançasnaeconomia.6.479povoadosedistritosjávisitados.

Antes de lançar programas pioneiros como esse, o Banco realizou uma verdadeira revolução interna que lhe permitiu atendimento rápido e eficiente do cliente - um dos focos principais de sua atuação -, com a fixação de prazo máximo entre 21 e 60 dias para deferimento de propostas. Além disso, reordenou sua rede operacional a partir do levantamento da vocação econômica de cada área onde atua, intensifjcou a capacitação de técnicos e administradores e aumentou os investimentos em tecnologia, com vistas a oferecer o necessário suporte às novas ações e projetos em execução.

Com os Agentes de Desenvolvimento; reconhecidos por todos os níveis de poder - municipal, estadual e federal -, o Banco do Nordeste dá um salto de qualidade no atendimento àquele que é a razão de sua própria existência: o agente produtivo nordestino. Não só o leite está sendo beneficiado Há três anos, Paulo Sérgio de Lima começou a fabricar doce de leite na cozinha da casa de sua mãe, em Quixeramobim, no Ceará. No início, desmanchava 20 litros de leite diariamente, trabalhando quase sozinho.

BANCO DO NORDESTE BNB

Em julho de 1994, fez-se o primeiro planejamento dos trabalhos e mudou-se o direcionámento das ações, passando-se a trabalhar com projetos para geração de emprego e renda e de combate à fome, tendo em vista a necessidade de ações mais consistentes. Nessa segunda fase, o Comitê priorizou a produtividade, dando ênfase à organização e à participação, como forma de resgate da cidadania e da auto-estima. Entretanto, em 1996, Em 1993, sensibilizados com uma palestra do Betinho, funcionários do Banco criaram o Comité de Ação da Cidadania dos Funcionários do Banco do Nordeste. Em 1996, FuncionáriosnasceusignificativamenteavançandooInstitutodeAçãodaCidadaniadosdoBNB.

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A força de muitos braços

O trabalho do Comitê de Ação da Cidadania dos Funcionários do Banco do Nordeste, em 1993, período de seca no estado, consistiu em distribuir cestas alimentares, roupas e brinquedos às comunidades carentes do interior do Ceará e a entidades beneficentes da capital. Os produtos eram adquiridos através de shows beneficentes, doações de empresas e recursos arrecadados entre os funcionários do Banco.

O Instituto é uma entidade civil, fundada por um grupo de funcionários com o objetivo de contribuir para o processo de desenvolvi-

durante a avaliação dos trabalhos desenvolvidos, observou-se que alguns dos projetos implementados não obtiveram o sucesso almejado. Várias razões foram identificadas: má gestão da propriedade e dos recursos; falta de qualificação da mão-de-obra familiar; dificuldade de reinvestir os recursos e a dependência com relação a ajudas externas.

Antes de lançar programas pioneiros, o BNB realizou uma verdadeira revolução interna que lhe permitiu atendimento rápido e eficiente aos novos clientes.

Diante do ocorrido, definiu-se, como linha de ação do Comitê, o trabalho de capacitação e qualificação nas áreas de gestão e produção, integrado aos projetos produtivos e estruturais, como meio de contribuir para a auto-sustentabilidade das comunidades carentes. Com essa nova linha de ação, evidenciou-se a necessidade de ampliar parcerias junto aos órgãos de desenvolvimento e organizações não-governamentais, objetivando-se melhorar a qualidade do trabalho. Nasceu, então, em fevereiro de 1996, o Instituto de Ação da Cidadania dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil S.A., que continua a implementar ações seguindo seus objetivos e princípios, buscando contribuir, de forma ativa e propositiva, para minimizar as dificuldades da população local.

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BANCO DO NORDESTE - BNB mento sócio-econômico das comunidades rurais carentes do interior do Estado, visando a auto-sustentabilidad e, através do resgate da força da coletividade em torno de ações consistentes nas áreas de organização, capacitação e produção, orientando-os a utilizar os recursos escassos, com racionalidade e criatividade, buscando a melhoria das condições de vida das famílias da região. O Projeto Aproveitamento das Águas melhorou as condições básicas de sobrevivência de 837 famílias. lb4 • 63

Francisco da Silva, agricultor, Ocara, Ceará. Algumas experiências Nos primeiros contatos com as comunidades carentes, percebeu-se as dificuldades das famílias para produção de alimentos, devido a não-utilização de sementes selecionadas; falta de ferramentas agrícolas, desconhecimento de técnicas de combate às pragas; uso inadequado da terra e de defensivos agrícolas e, ainda, da desqualificação da mão-de-obra familiar, ausência de incentivos para os pequenos produtores e falta de união e organização entre eles. Na tentativa de encontrar solução para esses problemas, no início de 1994, implementou-se o "Projeto Roçados Comunitários", que tem como objetivos: gerar alimentos de boa qualidade para subsistência da população rural; formar uma reserva alimentar para os períodos de estiagem; criar um banco de sementes a ser utilizado posteriormente, sem depender de programas governamentais e incentivar a comunidade para o trabalho coletivo como ponto de partida para a organização social.

Na ocasião, uma avaliação nutricional constatou elevado índice de desnutrição infantil nas comunidades atendidas, o que resultou na elaboração do projeto, também sob orientação da Emater-CE e atendendo1ao desejo das comunidades, por serem os caprinos produtores de leite de alto valor nutritivo, pouco exigentes quantó à alimentação e ao manejo, adaptados às condições climáticas da região. A idéia central é suprir deficiências nutricionais em crianças de O à 7 anos e em pessoas na terceira idade, através do consumo do leite e da carne, como fonte de proteínas, garantindo diversidade alimentar, além de estimular o desenvolvimento na comunidade de atividades coletivas.

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Outra experiência bem-sucedida é o Projeto Cabra Leiteira, que nasce durante a fase emergencial, quando da distribuição de alimentos.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Se a gente não tem condições de ir ao Banco, o Banco vem aqui. Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai à Maomé. Não temos condições de ir porque não temos espaço. Então a gente até se acanha de ir ao Banco. Estamos muito dependentes de financiamento e acompanhamentodetécnico,porissoémuitoboaessaaproximação.

O projeto é executado nos períodos invetnosos, quando se incentiva e apóia o plantio de roçados comunitários, fornecendo-se, a título de empréstimo, sementes selecionadas, defensivos e equipamentos agrícolas, bem como doando, quando necessário, arame e grampos para proteção da área a ser plantada e recursos para aluguel de máquinas, visando ao preparo da terra, sob orientação técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Ceará - Emater-CE. O projeto foi implementado em 19 comunidades e gerou alimentos e sementes para 352 famílias, possibilitando melhorias na qualidade de vida e criando condições para enfrentamento dos períodos de estiagem, com resultados comprovados.

Byron Costa de Queiroz -O Banco do Nordeste trabalha sob o enfoque do desenvolvimento local, com ênfase na integração dos pequenos e médios produtores, fazendo parte da essência da sua atuação a constituição de amplas parcerias em todos os níveis, federal, estadual e municipal. Neste sentido, o Coep configurou-se como um importante espaço de articulação que tem permitido ao Banco do Nordeste apresentar suas experiências e conhecer as iniciativas de outras instituições. Qual a importância do envolvimento dos empregados em projetos ligados à cidadania e seus reflexos no Banco do Nordeste, em termos de valores, cultura, imagem, etc.?

Mantendo parcerias com o Banco do Nordeste, o Fórum Cearense da Cidadania, a Emater-CE, o Nutec, o Incra e Secretarias Municipais de Ação Social e Educação, o Instituto já conta com vários projetos e ações desenvolvidos, beneficiando mais de 2.500 famílias. Poderíamos citar, dentre essas ações, os projétos de criação de roçados comunitários, peixamento, cabra leiteira, hortas Desafios para o futuro: ampliar o acesso ao crédito por parte dos micro e produtores;pequenosreduzir a fragilidade e dependência das comunidades da Região do NordestinoSemi-áridoemsituaçõesdeestiagemepromoveraorganizaçãoecapaci-taçãoparaoprotago-nismodosatoreslocais.

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B.C.Q.-A mobilização realizada no início do funcionamento do Coep foi fundamental para motivar os funcionários do Banco do Nordeste a, voluntariamente, se organizarem para o exercício pleno da cidadania, chegando a criar dezenas de comitês de cidadania em toda a área de atuação do Banco. O trabalho evoluiu de tal forma que foi criado o Instituto de Ação da Cidadania dos Funcionários do Banco Ao Nordeste, entidade civil, autônoma, sem fins lucrativos, de caráter descentralizado, cujo principal objetivo é contribuir para o processo de desenvolvimento socioeconômico das comunidades rurais do interior do Estado do Ceará, visando sua auto-sustentabilidade.

BYRONEntrevistaCOSTA DE QUEIROZ

Presidente do Banco do Nordeste

Pioneirismo, inovação e consistência Qual a importância do Coep para a abertura de novas reflexões e ações no campo social, na área de integração comunitária e na responsabilidade social do Banco do Nordeste?

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA comunitárias, escolas, fábrica de cajuina, pequena irrigação, galinha caipira, rendeiras, fábrica de doces, apiário, fábrica de redes, confecção de redes e galões de pesca, cursos de labirinto e pintura e fóruns de acompanhamento comunitário. Qual a sua avaliação sobre as principais realizações do Banco do Nordeste? B.C.Q. - O Banco do Nordeste foi pioneiro no Programa de Geração de Emprego e Renda - Proger, inicialmente com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE, e depois com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, permitindo o aeesso ao crédito por parte de micro e pequenos empreendedores e suas organizações associativas, com grande impacto para a geração de trabalho na Região Nordeste. O Projeto Banco do Nordeste - PNUp de Capacitação para o Desenvolvimento Local significou a adoção de uma metodologia inovadoragestão participativa para o desenvolvimento empresarial -, envolvendo produtores, técnicos, lideranças Comunitárias e organizações não-governamentais. O apoio aos asSentamentos.da Reforma Agrária proporcionei' ó atendimento a projeto ."‘ S produtivoá»átravés de créditos do FNE/Procera - Programa de Crédito 'Especial para Reforma Agrária, e capacitação destes assentamento; através do Projeto Lumiar. O Programa Agentes de Der senvolV,mento, que consistiu na capaci ação de funcionários para atuar junto às comunidades, identificIando phtencialidade; econômicas locais de Modo a transformá-las em empreendimentos financiáveis. Mais reeentemente, o Banco do Nordes e lançou o Programa de Microcrédito, com o objetivo de cOntribuir para o crescimento do ésetor microempresarial mediante a oferta dei microcréditos para atividades produtivas, de forma oportuna, adequada e de fácil acesso a um público atualmente marginaliiado do sistema financeiro formal. Quais os desafios para a atividade do Banco no futuro? B C.Q. -'Ampliar o acesso ao crédito por; arte dos micro e pequenosprodutortes, reduzir a fragilidade e dependência das comunidades da Região do Semi-árido Nordestino I -em situações de estiagem, 'e promover a organização e capacitação dás comunidades para o protanismc; dos atores• locais: entidades governamentais, do terceiro setor e lideranças empresariais e comunitárias. 66

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOCIAL BNDES

O BNDES, na qualidade de uma das principais agências de desenvolvimento econômico e social do governo federal, tem papel relevante no desenvolvimento da economia brasileira e afirmação de sua indústria no contexto internacional, em especial na criação de alternativas de investimentos, para a geração de empregos, notadamente nas pequenas e microempresas: A criação da Área Social, em fevereiro de 1996, permitiu que o BNDES repensasse sua posição e grau de envolvimento com a questão do microcrédito. O fato de o BNDES não dispor de uma rede de agências que lhe permitisse o contato direto como público-alvo constituía uma desvantagem inicial, o que levou o Banco à concepção de um programa de crédito produtivo popular no qual o objetivo, antes de ser apenas o de formar uma carteira, é o de disseminar um conceito e formar uma rede de instituições capacitadas para a prestação desse serviço.

As políticas sociais, usualmente, apresentam o vício de origem de tereffisido concebidas a partir de diagnósticos gerais, obedecendo a lógicas setoriais particulares e sem articulação entre ações que deveriam ser entendidas corno complementares. Os problemas sociais, muitas vezes, são percebidos de forma isolada, dissociados do contexto mais abrangente em que vive o habitante da favela, da periferia de uma grande cidade ou de uma região economicamente deprimida.

Na tentativa de superar os problemas detectados, a Área de Desenvolvimento Regional e Social do BNDES vem buscando elaborar modelos alternativos para a montagem de operações que permitam enfrentar a questão social brasileira. É neste contexto que tem sob sua responsabilidade dois programas específicos:o Programa de Apoio a Projetos MultisO programa de crédito produtivo popular do BNDES se propõe a formar urna rede de instituições capacitadas para a prestação desse serviço.

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A necessidade de atuação através de programas e projetos multissetoriais integrados pode começar a ser entendida a partir da observação de como se dá normalmente a percepção dos problemas e de como as diretrizes das políticas sociais governamentais são operacionalizadas.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

A área de Desenvolvimento Regional e Social busca elaborar modelos alternativos para a montagem de operações que permitam enfrentar a questão social. Neste contexto tem sob sua responsabilidade dois programas específicos: o Programa de Apoio a Projetos SituaçãoCriançasIntegradosMultissetoriaisemÁreasdeExtremaPobrezaeoProgramadeApoioaejovensemdeRiscoSocial.

A concepção básica dos projetos multissetoriais integrados está orientada para a realização de um conjunto de investimentos que, implantados simultaneamente, permitam' alterar decisivamente as circunstâncias determinantes de situações de carência e extrema .1pobreza. Os projetos multissetoriais integrados pretendem encontrar soluções coordenadas para situações complexas, considerando a pluralidade de ações que devem ser articuladas para tratar das questões sociais. Paralelamente, procuram desenhar soluções apropriadas, uma vez que são realizados a partir do diagnóbtico dos problemas e das soluções potenciais identificadas em cada situação local específica. Esta concepção de projeto incorpora a visão de planejamento, gestão participativa e o desenvolvimento de metodologias e alternativas adequadas que enfatizem a singularidade de cada uma das situações de pobreza e marginalidade social.

Os problemas sociais, identificados na paaior parte das vezes pelo exame de estatísticas agregadas, são freqüentemente, e de forma errônea, percebidos como homogêneos, suscitando a proposição de soluções padronizadas. Na operacionalização das políticas sociais, os recursos financeiros, em geral, obedecem à sistemática do repasse de verbas que se perdem ou não têm um retorno mensurável, o que dificulta a avaliação dos custos e resultados obtidos.

setoriais Integrados em Áreas de Extrema Pobreza e o Programa de Apoio a Crianças e Jovens em Situação de Risco Social.

Experiências com crédito popular O Programa de Crédito Produtivo Popular do BNDES, lançado em julho de 1996, apresenta duas formas distintas e, ao mesmo tempo, complementares de atuação. A primeira forma, o BNDES Trabalhador, prevê parcerias com os governos estaduais que constituam uin fundo de crédito produtivo popular. Esta estratégia está em consonância com o processo de desenvolvimento de políticas públicas de emprego, coordenado pelo Ministério

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BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL - BNDES do Trabalho, em conjunto com o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - Codefat e as comissões estaduais e municipais de trabalho.

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A segunda, o BNDES Solidário, inspira-se nas experiências bemsucedidas de algumas organizações não-governamentais dedicadas à concessão do microcrédito, com destaque para aquelas que vêm surgindo por iniciativa de prefeituras municipais, mas com controle social, através de seus conselhos.

Consciente das dificuldades existentes, o BNDES contratou, no final de 1996, uma equipe especializada na operacionalização de microcrédito, para o desenvolvimento de uma metodologia de formação e capacitação de agentes de crédito.O resultado foi a elaboração do Manual para Formação de Agentes de Qédito,que representa a sistematização de um conhecimento até então disperso no País. A partir daí já foram orgánizadas 10 Oficinas de Capacitação de Agentes de Crédito. O processo de capacitação conta com o apoio do Ministério do Trabalho, àtravés de sua Secretaria de Formação Profissional, e já treinou 230 ptofissionais com a perspectiva de alcançar 300 agentes até o final de 1998. Os resultados do" trabalho de desenvolvimento de parcerias já começam a aparecer. No âmbito do BNDES Solidário, das ONG' s que vinham atuando com microcrédito, a Portosol, de Porto Alegre, foi a primeira a receber recursos do BNDES, seguida do Viva Cred, que Os problemas sociais, identificados na maior parte das vezes pelo exame de obtidos.custosdificultafinanceiros,cionalizaçãoerrônea,agregadas,estatísticassãofreqüen-temente,edeformapercebidoscomohomogêneos,suscitandoaproposiçãodesoluçõespadronizadas.Naopera-daspolíticassociais,osrecursos•emgeral,obedecemàsistemáticadorepassedeverbasqueseperdemounãotêm-umretornomensurável,oqueaavaliaçãodoseresultados

A experiência com crédito produtivo popular no País é ainda bastante recente e reúne apenas um pequeno número de instituições que prestam esse serviço. Na primeira etapa de implementação do programa, os esforços do BNDES têm-se concentrado em uma ação estruturante, de apoio às iniciativas em curso, estimulando a criação e o desenvolvimento de organizações capazes de assumir essa tarefa. O desafio, portanto, é a disseminação consistente desse tipo de atividade, de forma a constituir uma rede sustentada de atendimento aos microempreendedores.Nessecontexto,destaca-se

o fato de a operação com microcrédito exigir uma metodologia peculiar, na qual a figura do agente de crédito cumpre um papel-chave. Trata-se daquele técnico que interage diretamente com o cliente, no seu local de trabalho, respeita suas características e retonhece as potencialidades dos pequenos negócios.

O BNDES Solidário inspira-se nas experiências bem-sucedidas de algumas dodedicadasnão-governamentaisorganizaçõesàconcessãomicrocrédito,comdestaqueparaaquelasquevêmsurgindoporiniciativadeprefeiturasmunicipais,mascomcontrolesocial,atravésdeseusconselhos.

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No dia-a-dia, o esforço interno

começou a operar em abril de 1997, na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Hoje, 11 ONG's atuantes na árá contam com o apoio do BNDES, que participou da criação e estruturação de outras nove, já em atividade. O BNDES participa, ainda, da implantação de outras 22 entidades em diversos estados.

O apoio financeiro contratado com a organizações não-governamentais monta aproximadamente a R$ 20 milhões, que, acrescido da contrapartida exigida destas instituições, sihnifica um volume de recursos da ordem de R$ 40 milhões disponíveis para microempreendedores, resultando na concessão de aproximadamente 118.000 créditos ao ano.

No âmbito do BNDES Trabalhador, em fase de estruturação, está previsto o aporte pelo Banco de cerca de R$66 milhões aos fundos de crédito produtivo popular do Distrito Federal e dos governos estaduais de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná mobilizando R$ 44 milhões em contrapartida, totalizando, portanto, R$ 110 milhões para a concessão de crédito produtivo à população de baixa renda. Esse montante permitirá a concessão de cerca de 75.000 créditos.

Há cinco anos foi formado o Comitê de Funcionários do Sistema BNDES para a ação da cidadania.

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O Comitê dos Funcionários do Si tema BNDES para a Ação da cidadania foi criado em 1993, como em todo o país, inspirado na campanha de cidadania lançada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.

Sobrevive, basicamente, das doações em tíquetes feitas pelos empregados do Sistema BNDES. Outra fonte de recursos é a doação, pelo Banco, de parte da'receita obtida com a venda do material descartado e reciclável coletado no Edifício-Sede no Rio de Janeiro - EDSERJ. Os recursos humanos provêm do trabalho voluntário de alguns empregados do Sistema. A sala ocupada pelo Comitê, cedida pelo EDSERJ, leva o nome de uma grande colaboradora e incentivadora, conselheirafundadora do Comitê, Hedy Helena, falecida há três anos. A sua ausência representou uma grande perda para o grupo, mas a lembrança de seus ideais permanece como um fator de incentivo e mobilização.

A cada trimestre é feita uma triagem sócio-econômica e verificadas as necessidades, de acordo com o salário, o número de dependentes, as despesas com aluguel e alimentação. Mensalmente, são fornecidos gêneros alimentícios a instituições que atendem a crianças carentes, população de rua e aos sem-teto. Essas instituições são selecionadas a partir de levantamento de necessidades básicas, dentre as quais se destacam: Casa do Menor Trabalhador, através da distribuição de alimentos ou manutenção do curso de datilografia e informática, com microcomputadores doados pelo BNDES ao Comitê; Creche Peregrinos de Jesus e Creche Padre Anchieta, com a doação de alimentos; São Thomaz de Villanova, através do fornecimento de gêneros alimentícios para doação de sopa, diariamente, à população de rua - neste caso, é feito um trabalho de ressocialização; doação de leite em pó a crianças aidéticas, atendidas por assistentes sociais no Posto de Assistência Médica de São Francisco Xavier. O Comitê atende, ainda, aos pequenos jornaleiros e engraxates.

Ao longo dos seus cinco anos de existência, o Comitê vem superando dificuldades e procurando colaborar com todos que dele necessitam, indistintamente, sem nenhuma conotação político-partidária ou de caráter religioso ou étnico. O lema é analisar as necessidades das pessoas que estão mais próximas, para depois estender a ajuda a outros. Dessa forma, centrou sua ação no atendimento ao pessoal terceirizado das• empresas que prestam serviços no EDSERJ. Mensalmente, são fornecidas 60 cestas básicas-a pessoas que apresentam maior necessidade.

As sobras de caixa são utilizadas para doações e atendimentos de emergência. Anualmente, o Comitê promove a Campanha do Natal sem Fome e, com o que arrecada, distribui alimentos para a realização de um Natal mais digno para a população excluída. Dois membros do Comitê, nomeados pelo Presidente do Banco, são representantes do BNDES no Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep. As ações são dirigidas ao atendimento do pessoal terceirizado da empresa que presta serviços no Edifício-Sede do BNDES no Rio de Janeiro.

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Empresas públicas e privadas, cada vez mais, investem no social A criação de um fórum no qual as empresas possam unir esforços resultará, inevitavelmente, em novas formas de atuação. No momento em que o próprio BNDES está construindo a sua agenda, a existência de um fórum que possibilite às empresas a construção de uma agenda conjunta é importante.muito

Beatriz Azeredo - Primeiro, o enorme potencial de colaboração dessas grandes empresas, tanto no desenho de novos programas, quanto nas diversas formas de articulação. Temos consciência de que há muito a fazer. A existência de um fórum no qual as empresas possam unir esforços e conversar sobre os caminhos possíveis resultará, inevitavelmente, em novas formas de atuação. No momento em que o próprio BNDES está construindo a sua agenda, a existência de um fórum que possibilite às empresas a construção de uma agenda conjunta é muito importante.

RegionalDiretoraBEATRIZEntrevistaAZEREDOdeDesenvolvimentoeSocialdoBNDES

Qual a importância de termos hoje grandes empresas inseridas em programas de melhoria das políticas sociais?

A criação recente, no BNDES, de uma área especifica de desenvolvimento social pode ser considerada um expressivo salto de qualidade? B.A. - Sem dúvida. Na verdade, essa área já existiu, na década de 80, e foi extinta. No atual governo, em fevereiro de 1996, por determinação do Presidente da República, foi instituída a área de Desenvolvimento Regional e Social do BNDES. Abriu-se novamente esse espaço no Banco, com o objetivo de trabalhar com o potencial que uma instituição com esse porte e com a sua história tem a oferecer em termos de política social. É interessante mencionar que uma das primeiras demandas da área foi o crédito popular, o chamado microcrédito, que é uma discussão que vem amadurecendo desde 1995, quando o Conselho da Comunidade Solidária levantou a questão. O tema está em pauta desde a segunda fase da Ação da Cidadania, lançada pelo Betinho, que tratou, num primeiro momento, da miséria e da fome, e, num segundo momento, do emprego, quando o crédito do pequeno produtor ganhou um espaço importante. Essa discussão incentivou o Codefat a criar o Programa

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Financiamos as prefeituras para que arrecadem mais e tenham maior capacidade de investimento. Isso é crucial Pais afora. de Geração de Emprego e RendaProger, que é um programa hoje desenvolvido pelo Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Finep, e pelo BNDES, na sua vertente rural. Outros projetos foram sendo atendidos a partir da demanda ou já havia um planejamento interno? B.A. - As duas coisas. A área social do BNDES atua, de um modo geral, em parceria com os ministérios setoriais. O crédito popular é um exemplo. O financiamento a universidades é um outro exemplo, atendendo a uma demanda do Ministério da Educação. E também ocorre o contrário, com a área social buscando o que o Banco pode oferecer. O resultado é sempre fruto de discussões internas na construção de uma agenda social. Eu diria que 95% da nossa agenda é de financiamento. A grande mágica é, dentro das atividades normais de um Banco - fornecer financiamento para projetos - , poder atuar também na área social, acostumada a trabalhar apenas com recursos orçamentários não-reembolsáveis. O processo não é simples, nem automático. Trata-se de um aprendizado tanto do BNDES quanto das instituições beneficiadas. Qual o melhor caminho para buscar soluções viáveis? R.A. - Definimos uma carteira de finanOamentos. A área social do BNDES'financia universidades para modetnização e ampliação do número de vagas; hospitais para melhoriaI' dos serviços e aumento do emprego; prefeituras para projetos de urbánização de favelas e, também, Parai modernização da arrecadação tributária. Pode-se até perguntar, nesse último caso, o que a área sócial tem a ver com isso? Tudo. Trata-se de fortalecer esse parceiro,rresponsável, lá na ponta, pelo átenchmento à população. Por isso 'foi oiganizado um programa de mod4Mzação tributária dos município. as prefeituras para 4' tie arrecadem mais, para que tenham, maior capacidade de investimento. Isso é crucial pais afora. O Banc0 financia, ainda, organizações não-governamentais que trabalham com jniicrocrédito. Repassamos recursos para a ONG que, em nome do BNDES, empresta para o pequeno erhpreendedor,i que deve pagar a ONG o que recebeu para que esta reembolse o BNDES. Nesses.1 casos as organizações nãogovetnamentais funcionam como avalistas?E como se fossem prestadoras de serviços para o BNDES. Atrates.1 de metodologia própria de ínicrocrédito, é possível atender ao empréendedor de baixa renda e arantir uma baixa inadimplênc a

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BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES da instituição. Investimos, ainda, em empresas de autogestão. São trabalhadores demitidos de empresas privatizadas ou em processo de terceirização, altamente qualificados, que se organizam para prestar serviços ao seu anterior empregador. Um exemplo interessante são os trabalhadores da Cerj, empresa de energia elétrica que atua no estado do Rio de Janeiro, que foram demitidos na privatização e criaram uma empresa, a Tecsel. Eles ganharam a concorrência internacional realizada pela Cerj para prestação de serviços de manutenção da rede. O BNDES financiou máquina, equipamento e veículos. Tudo isso é financiamento, ou seja, é o que um Banco pode oferecer. Além disso, temos o Fundo Social, criado em 1997, e que recebe, anualmente, uma parcela alocada pela diretoria, do lucro do BNDES. Esses recursos permitem ao Banco apoiar, de forma não reembolsável, projetos de caráter social. Como dirigente e cidadã, qual a sua avaliação da articulação das empresas públicas através do Coep e do trabalho dos funcionários no Comitê da Cidadania? B.A. - O trabalho dos funcionários do BNDES é o maior exemplo de como é possível fazer. Eles deram o primeiro passo nessa direção. Temos, ainda, muito a avançar. E não só as empresas públicas. As empresas privadas, as grandes empresas, através de suas fundações, cada vez mais, têm procurado atuar na área social, não apenas através do investimento de recursos, mas também com o apoio para que o seu corpo de trabalhadores possa se engajar de forma voluntária em diversos projetos. Quando o funcionário, voluntariamente, se engaja, a empresa também está contribuindo porque abre mão do funcionário naquele período para que ele possa dar sua contribuição. Na verdade, todos participam. O Brasil ainda não consolidou uma prática nesse campo. Estamos apenas começando. Mas o que já aconteceu com as empresas públicas, no âmbito do Coep, foi um enorme avanço. São as diversas maneiras de continuar investindo num futuro melhor? B.A. - Sempre. E não precisa, necessariamente, significar desembolso. Basta liberar, por exemplo, uma parte do tempo, o contador que vai auxiliar a contabilidade daquele hospital que recebe apoio da empresa no qual trabalha. São formas, também, de incentivar a cultura de trabalho social. Reforçar o papel social da empresa. Enfim, são muitos os caminhos possíveis. O universo é muito amplo. Mas temos de continuar, cada um de nós, a contribuir para consolidar esse caminho.

A grande mágica é, dentro das atividades normais de um Bancofornecer financiamento para projetos -, poder atuar também na área social, acostumada a trabalhar apenas com recursos orçamentários não reembolsáveis. O processo não é simples, nem automático. Trata-se de um aprendizado tanto do BNDES, quanto das instituições beneficiadas.77

GAIXA FEDERALEGONDMIGA

H á algum tempo os bilhetes da Loteria Federal representavam apenas a possibilidade de enriquecimento do dia para a noite. Desde 1995, eles representam muito mais: a esperança de dezenas de famílias em encontrar parentes, com a publicação de fotos de adultos portadores de deficiência mental e de crianças desaparecidas. A iniciativa possibilitou a identificação, localização e resgate de 19 pessoas, a maioria crianças.OPrograma

Essa iniciativa tão humana tem proporcionado deramsatisfatórios,resultadospoisjámuitasalegrias às mães que encontraram seus filhos. É uma pena que outras empresas não tenham a mesma visão em relação a um problema sempre tão grave. Precisamos unir as forças da sociedade e do Estado. 81

de Divulgação de Crianças Desaparecidas, difundido por todo o País, foi criado pelo Comitê Nacional de Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa e já publicou 190 fotos em 10 extrações, equivalentes a 1,5 milhão de bilhetes vendidos em todos os estados brasileiros. A Caixa também reproduz fotografias nas listas de premiados que são distribuídas, semanalmente, aos 5,9 mil revendedores lotéricos e1,? mil agências, totalizando 4,8 milhões de posters afixados nestesUtilizandolocais. um formulário disponível em todas as agências da Caixa, os pais ou responsáveis podem solicitar a inclusão da foto do menor ou deficiente desaparecido para divulgação nos bilhetes da Loteria. Obedecendo à ordem de chegada, todos os pedidos são atendidos. Em 1998, estão programadas mais três extrações especiais: 17 de outubro, 11 de novembro e 9 de dezembro, além de 248 mil listas de premiados. O projeto conta, ainda, com a parceria de outras entidades, como o Movimento Nacional de Defesa das Crianças Desaparecidas do Paraná, o Centro Brasileiro de Defesa da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Busca e Defesa a Criança Desaparecida de São Paulo e os SOS Criança estaduais.

Programa de doação beneficia instituições

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Desde 1993, a Caixa e o Comitê Nacional da Ação da Cidadania de seus empregados vêm desenvolvendo projetos sociais voltados para a população carente. Um desses programas é ode doação de materiais inserviveis a instituições filantrópicas, que são utilizados no desenvolvimento de vários projetos sociais e na manutenção de entidades, escolas e creches.Omais importante convênio foi assinado com a Pastoral da Criança, objetivando apoiar a entidade no combate à mortalidade infantil em todo o Brasil. A Pastoral recebe os materiais permanentes e de consumo, em desuso na Caixa, como computadores obsoletos, cadeiras, máquinas de datilografia, armários, mesas, aparelhos de ar condicionado, formulários e papéis, entre outros, e providencia a distribuição entre 4.258 paróquias existentes em todos os estados brasileiros, que atendem mensalrnentea mais de 1,2 milhão de crianças. A parceria contribui como atendimento a 861 mil famílias e 61 mil gestantes feitos pela Pastoral a cada mês.

O Programa de Doação da Caixa já beneficiou 477 instituições filantrópicas, 42 prefeituras e a Pastoral da Criança. Até abril de 1998, foram doados 7.030 objetos, equivalentes ao valor de R$ 1.758.679,93.

Em julho de 1997, foi firmado convênio com a Associação Missionária do SS Sacramento e Maria Imaculada, que permitiu o incremento dos trabalhos realizados em parceria com o Comitê de Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa de Brasília. Foram implantados projetos de alfabetização de jovens e adultos, curso de cabeleireiro, curso de datilografia e corte e costura, na comunidade do Rodeador, zona rural de Brazlândia, no Distrito Federal. A nova parceria permitiu atender aos alunos que participam dos cursos e pessoas carentes da comunidade, atingindo uma média de mais de duas mil pessoas por ano.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

Dentre os projetos destacam-se a Oficina de Artes Alto do Urubu, em Olinda/ PE, mantida com a renda dos papéis e materiais inservíveis da Caixa, com repasse através da Cáritas Brasileira e o Hospital de Doenças Infecto-Contagiosas Dr. Clementino Fraga, de João Pessoa/PB, que cuida de portadores do vírus da Aids, e recebeu 231 peças entre utensílios de copa e material de escritório inservíveis, doados pelas agências da Caixa no estado.

Todas as instituições beneficiadas são de utilidade pública federal e estão firmemente comprometidas com o desenvolvimento humano e social do País.

Além desses projetos, a Caixa repassa todo o material excedente de suas agências locais, incluindo mobiliários e equipamentos de escritório que fazem parte do Programa de Descarte da Instituição para o Projeto Oficina Educativa, implantado em outubro de 1994, em parceria com a Associação de Educadores Lassalistas. Esse projeto tem como objetivo oportunizar o desenvolvimento social, econômico e cultural de 54 menores carentes, com idades de 14 a 18 anos, favorecendo, através do trabalho e da prevenção ao ócio, a conquista da auto-estimã e da cidadania. Pensei que já tinha perdido o meu filho. Estava sem acreditar em nada e sem estudar há quatro anos. Quando eu pedia para ele estudar e procurar ajuda de alguém, ele dizia: "Ninguém ajuda ninguém mãe. É assim mesmo, se quiser ter, tem que roubar". Agora ele está entusiasmado com a oficina e voltou a estudar. Eu só espero que ele não volte mais para o caminho em que estava. Mãe de um menor da Oficina de Artes Alto do Urubu. 83

Enquanto sociedade civil, estamos organizados no ABCD. Mas enquanto a sociedade como um todo não tiver participação ativa, a tendência é que ele cada vez aumente mais. Hoje, o número de crianças encontradas é de 85. Se houvesse mais participação, esse número poderia ser muito maior.

Eu aprendi muitas coisas como burrinhas e máscaras e mamulengos. Se não fosse a oficina de arte eu estava em casa vadiando, sem fazer nada, só assistindo televisão e escutando rádio. Eu também aprendi a fazer peixes, a fazer teatro. A nossa convivência é boa demais. Gicélia Vieira da Silva, 12 anos. É bom trabalhar aqui, porque fazemos boneco, obra de arte, desenho. já aprendi a fazer massa de papel marchê, Inirrinha, boneco e a saia da burra. Aprendi a me concentrar e a estudar. Vai mudar a minha vida, porque posso trabalhar. Bruno Cesar Filipe Santiago, 14 anos.

Ivanise Esperidião da Silva Santos, presidente da Associação Brasileira de Busca e Defesa a Criança Desaparecida.

Programa de Divulgação de Crianças Desaparecidas

• Oficina de Artes Alto do Urubu, em Olinda-PE

Estar na oficina é melhor que estar na rua. Não tem nada pra fazer na rua. Aprendi a trabalhar com isopor, papel marchê e barro. Estou achando ótimo. Vai servir para minha vida, porque vou fazer meus bonecos, minhas burrinhas pra vender no carnaval e depois fazer minha vida comprando mais material. Waldenir Maurício de Lima, 14 anos.

Dentre todas as empresas que divulgaram as fotos de nossas crianças, a Coordenação da Cidadania é a única que continua com sua parceria. Atinge o Pais inteiro, pois em todas as cidades, por menor que sejam, há sempre uma casa lotérica. 84

A Associação Brasileira de Busca e Defesa a Criança Desaparecida, desde sua fundação, no ano de 1996, tem uma parceria com a Coordenação da Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa, através da divulgação de fotos de crianças desaparecidas. E essa iniciativa tão humana tem proporcionado resultados satisfatórios, pois já deram muitas alegrias às mães que encontraram seus filhos. É uma pena que outras empresas não : tenham essa mesma visão em relação a um problema sempre tão grave em nosso país. Precisamos unir as forças da sociedade e do Estado.

Nosso trabalho é baseado na divulgação das fotos dessas crianças e dentre todas as empresas que divulgaram as fotos de nossas crianças, a Coordenação da Cidadania é a única que continua com sua parceria. É o trabalho mais importante. Atinge o Pais inteiro, pois em todas as cidades, por menor que sejam, há sempre uma casa lotérica e, portanto, fotos de crianças divulgadas. Isso me deixa muito contente.

Transformar a realidade brasileira não é uma obrigação exclusiva do Estado. Inclui, também, a participação das Entidades Públicas e da sociedade como um todo. Nos últimos cinco anos, a Caixa sofreu um processo de grandes mudanças, tanto no âmbito administrativo quanto nas suas funções de banco de fomento junto à sociedade. A Caixa, como membro do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, adotou essas mudanças no intuito de proporcionar ações e políticas sociais de valorização da cidadania. A administração da Caixa, ao apoiar o Movimento de Cidadania de seus empregados, valorizou ainda mais as questões relacionadas à ética, à cidadania e à solidariedade, implantando programas que se refletiram de forma bastante positiva junto ao corpo funcional. Tais programas, adotados como políticas sociais administrativas de médio e longo prazos, já alcançaram resultados perceptíveis, tais como a doação de materiais inservíveis, através de Convênio Nacional com a Pastoral da Criança, a divulgação de fotos de crianças desaparecidas em bilhetes da Loteria Federal e o apoio a projetos e ações do Programa Comunidade Solidária. Essas e outras ações que envolvem mudanças de hábitos e procedimentos da empresa vêm confirmar a nova postura da Caixa em relação à solidariedade humana, o que, certamente, contribuirá para o surgimento de um Brasil cada vez melhor. 85

Nova postura rumo a um Brasil melhor Nos últimos cinco anos, a Caixa sofreu um processo de grandes mudanças, tanto no âmbito administrativo, quanto nas suas funções de banco de fomento junto à sociedade.

SÉRGIO CUTOLO DOS SANTOS Presidente da CEF

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS - CEMIG

Tecnologia que planta os pés na terra

P orta de entrada do Vale do Jequitinhonha, Diamantina, a 280 km de Belo Horizonte, já foi rica em diamantes, ouro e personalidades ilustres. Hoje, tombada como Patrimônio Histórico Mundial, sobrevive do turismo proporcionado por suas belezas naturais e arquitetônicas, além do passado áureo das entradas e bandeiras em Minas Gerais. Exatamente ali, onde a vegetação começa a se retorcer em busca da água escondida no subsolo de uma terra que, segundo dizem, já foi mar, ganhou força uma proposta inovadora: o Projeto Comunitário Casa de Máquinas. Sob a coordenação executiva da Cemig, em parceria com a Empresa Brasileira de Extensão Rural (Emater), a GTZ (Agência Alemã de Cooperação Técnica), as Prefeituras Municipais e as comunidades, há três anos o Projeto Casa de Máquinas garante aos pequenos produtores rurais a construção de um espaço físico onde a produção de cada familia é beneficiada por um conjunto de máquinas comunitárias. A iniciativa melhora o nível de vida das comunidades envolvidas, aumentando a renda de cada associado, reduzindo os custos de transformação e armazenamento dos produtos e permitindo ouso dos resíduos do beneficiamento na agricultura. Para participar, os pequenos produtores - proprietários, arrendatários, parceiros ou posseiros - precisam estar organizados em associações comunitárias, que podem ser conselhos, associações• de produtores ou cooperativas. A escolha das comunidades contempladas pelo projeto fica a cargo da Cemig e da Emater, a partir de critérios de seleção que observam: a existência formal de grupos de produtores associados; a participação de, no mínimo, 80% de pequenos produtores rurais que utilizem mão-de-obra familiar, disponham de uma pequena área de produção e produzam alimentos básicos que justifiquem a A produção de cada família é beneficiada por um conjunto de máquinas comunityliriqs. 89

A prefeitura local adquire e legaliza os terrenos para construção das unidades e cede máquinas e equipamentos para as associações, em comodato, e a Emater entra com a orientação técnica, acompanhando a implantação e operacionalização de cada projeto, inclusive a aquisição de insumos e matérias-primas e comercialização da produção.

Frutos do trabalho coletivo Na comunidade Rio das Pedras, município de São Gonçalo do Rio Preto, a 501an de Diamantina, são nove famílias na Associação Comunitária Rural Rio das Pedras, plantando, desde 1996, quando a Casa de Máquinas começou a funcionar, cana e milho e produzindo duas toneladas de rapadura por ano. Com um engenho e um desintegrador, os associados faturam, juntos, R$ 3 mil reais por ano e já compraram três animais de serviço.

"Antes a gente não tinha luz, moia a cana riuma engenhoca de madeira, era tudo muito custoso, cada um por si. Se alguém adoecia, tinha que levar para a cidade numa padiola, amarrado com pano para não cair. Agora tem engenho elétrico, animal para levar agente, menino na escola para aprender a ler e escrever e muitos estão deixando de ir embora", conta José Francisco 90

A união de forças está dando resultados. No estado de Minas Gerais já existem 80 comunidades, envolvendo 1.800 famílias participantes do Projeto Casa de Máquinas, possibilitando a mobilização e socialização dos produtores agrícolas, além da sua fixação na terra, através da geração de emprego e renda. De julho de1997 a julho de 1998, foram beneficiadas 2.691 toneladas de rapadura, arroz, farinha de mandioca, polvilho, açúcar mascavo e milho e produzidos 72 mil itros de leite.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA instalação de uma casa de máquinas e a existência de um local adequado para instalação das máquinas e equipamentos - próprio, cedido em comodato ou alugado por um período mínimo de oito anos -, com uma localização fácil para o transporte de produtos e mercadorias.

Quando selecionada, a comunidade entra com a mão-de-obra local para a implantação das unidades, envolvendo as obras civis e a instalação de máquinas e equipamentos. A Cemig apóia a elaboração do projeto, especificando as instalações elétricas, motores, máquinas e equipamentos e arca com os custos de instalação de até 100 metros de extensão de rede para a ligação da Casa de Máquinas à Rede de Distribuição Rural mais próxima.

Há três anos a Cemig fez a instalação elétrica, trocou o transformador e a Casa de Máquinas foi construída. "Sempre vem um técnico ensinar Em Minas, o Projeto Casa de epossibilitaMáquinasamobilizaçãoasocializaçãodeprodutoresagrícolas,alémdasuafixaçãonaterra,atravésdagera-çãodeempregoerenda. 91

Cerca de 20 km à frente, no município de Couto de Magalhães, a comunidade de Tijucussu também tem no cultivo da cana e produção de rapadura suas atividades principais. Criada há 10 anos, a Associação Comunitária de Desenvolvimento Rural local possui 62 famílias associadas, mas só 48 participam ativamente. "Um trabalho comunitário não se faz da noite para o dia", afirma Odilon da Luz Barbosa, presidente da Associação. "No início foi fácil convencer a comunidade a participar. Mas, no tempo das vacas magras, muita gente foi embora."

Nunes, nascido na região, pai de sete filhos. Seu irmão, Antonio Nunes, também agricultor na comunidade, lembra da antiga falta de asseio e qualidade da rapadura: "Era tudo muito sujo e, para piorar, a terra não ajudava. Agora temos viveiros demudas de cana e semente de milho que a gente leva para as rnças comunitárias. Assim a gente vai melhorando o que colhe".

Com tradição de produzir rapadura, agora valorizada pelo beneficiamento e embalagem em duas versões - 800 g e pacote com 10 rapadurinhas de 25 g cada -' a associação quer partir para a produção de fubá. A estimativa é de uma capacidade de duas toneladas e meia do produto, gerando renda extra de quase R$ 900,00 por ano. "Além disso, a gente quer arrumar uns potinhos para vender melado no mercado de Diamantina. Nossa dificuldade é o comércio. Precisamos vender bastante, todo mundo junto, porque sem união não tem jeito."

Quem sabe vendo nossa melhora, eles não voltam?, pergunta o agricultor Mário Gervásio Neto. De primeiro, a gente ia tocar um serviço e tirava os meninos da escola. A gente fazia de manhã para comer à tarde. Agora, não. Aumentamos nossa renda em 40%, comemora. Só falta arrumar melhor a venda, saber o que produzir e para quem. como funcionam as máquinas e como economizar energia", lembra Barbosa. Com a chegada da Casa de Máquinas, a Associação parou de distribuir cestas básicas para a população. "Se o pequeno produtor recebe o alimento pronto, não vai querer trabalhar'. Através de reuniões, tentamos esclarecer, educar, conscientizar as pessoas da importância de nos unirmos para andar com nossos próprios pés, melhorando nossa renda e evitando a evasão. Precisamos incentivar produtores e filhos de produtores a viver aqui, com renda satisfatória", justifica o presidente da Associação.

O sonho da Associação é trazer de volta para a comunidade quem partiu em busca de melhores oportunidades na cidade.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

A Casa de Máquinas da comunidade possui um engenho, um desintegrador, um debulhador de milho, umralador de mandioca e uma beneficiadora de arroz. Depois de melhorar a qualidade da rapadura, através do beneficiamento, chegando a produzir duas toneladas e meia do produto por ano, com um faturamento de R$ 3.500,00, a comunidade quer investir na produção de doces de frutas - marnão, goiaba e manga -, farinha de milho e arroz. Hoje os produtos são vendidos para os mercados de Couto de Magalhães, Diamantina e Belo Horizonte,mas os associados buscam novas alternativas de comercialização. "Temos capacidade para produzir cinco toneladas de fubá por ano, o que dá R$ 1.750,00, e duas toneladas e meia de arroz, gerando uma renda anual de R$ 1 mil . A base para vender está pronta", garante Barbosa. Trazendo de volta quem partiu A vida mudou muito para os lados de Tijucussu. Sem tecnologia e equipamentos, a comunidade usava um moinho movido a água que, na seca, obviamente, ficava parado. O arroz era socado no pilão e a mandioca ralada manualmente. "Uma pessoa fazia um alqueire de milho por dia. A máquina faz seis alqueires por hora. Antes, a gente não tinha luz, era um sofrimento, respirava cheiro de querosene a noite toda", conta Maria do Socorro Barbosa, mãe de Odilon e pequena produtora rural. "Eu trabalhava debaixo de sol e chuva, capinando a roça, de 7h da manhã às 10h da noite. Mudamos o jeito de plantar, fizemos calagem (correção do solo com calcário), a produção melhorou 30% e trabalhamos na roça só até às 3h da tarde, com mais conforto e qualidade da plantação e dos produtos. E ainda sobra tempo para fazer tapetes arraiolo."

No distrito de Desembargador Otoni, a 112 km de Diamantina, 48 famílias se uniram no Grupo de Produtores Rurais. Com um desintegrador, uma canjiqueira (máquina de fazer canjica), um debulhador e um triturador de milho, uma balança e uma beneficiadora de arroz e café, o grupo produz arroz beneficiado, café em grão, canjica e creme de milho (que substitui parte da farinha de trigo e é mais nutritivo) e vende tudo na própria comunidade. E tem mais: para o ano, eles têm a intenção de utilizar os resíduos do milho para fazer ração destinada às criações de cada propriedade."OProjeto

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS CEMIG

Casa de Máquinas trouxe ânimo para gente", conta Edson Soares da Silva, quase um patriarca na comunidade, que presidiu o grupo durante oito dos dez anos de existência da Associação. "O povo voltou a plantar arroz, que era socado no pilão, e o beneficiamento do milho, feito em moinho de pedra, ficou muito mais fácil." Além disso, a comunidade investiu em adubos e tecnologia e o resultado foi uma melhoria considerável nas pastagens e plantações. "Tem gente que compreende as vantagens da Associação. Outros são mais difíceis. Mas a gente se reúne todo mês e vai explicando. Um dia todo mundo entende. Tanto que teve alguns que saíram do grupo e depois quiseram voltar", afirma Geraldo Jacques Silva, atual presidente da Associação. Tanto empenho e união provam que pão é para ser multiplicado e só depois repartido. A parceria entre a Cemig, Emater, GTZ e a 93

A parceria de empresas públicas e privadas aponta para soluções de futuro. Com tamanha extensão, o Brasil só será o celeiro do mundo se seus estiveremagricultoresnocampo.

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"Minha vida era muito ruim", conta Paulo de Jesus Santos, que virou padeiro depois de um curso local ministrado pelo Sebrae, a pedido da Associação. "Trabalhei em carvoaria e como ajudante de pedreiro. Fazia tudo que aparecia. Hoje trabalho à noite mas é um serviço muito mais leve, ganho mais e tenho segurança porque é tudo regular, sou fichado direitinho." A vida também não era fácil para João Antonio Gomes, o outro73,4-- • era cozinheiro na carvoaria e não tinha opção. Hoje tambén1 trabalho à noite e, durante o dia, faço uns bicos. A renda da família ficou melhor", conta ele. Durante o dia, é Delza Maria Silva quem cuida da venda do pão e dos outros produtos, controlando o caixa e a produção: "Estou muito feliz. Antes roçava e capinava dia inteiro, sofria muito, não tinha tempo de estudar. Este ano termino 3° ano do 2° grau e ainda sobra tempo para cuidar da minha filha de três anos". Com o lucro da padaria, o Grupo de Produtores Rurais está pagando a aquisição de dois tratores que usam comunitariamente e ainda alugam na região. São exemplos como o de Rio das Pedras, lijucussu, Desembargador Otoni e tantas outras localidades em Minas Gerais que comprovam que a parceria de empresas públicas e privadas com a comunidade aponta para uma solução de futuro. Fixar os produtores na sua terra, modernizando processos e melhorando a qualidade de vida na zona rural é, além de um exercício de cidadania, uma aposta na capacidade de uma grande potência agropecuária. Corá tamanha extensão, o Brasil só será o celeiro do mundo se seus agricultores estiverem efetivamente no campo.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA comunidade possibilitou a construção de urna padaria comunitária, com objetivo de melhorar a merenda escolar no local, produzindo pão forte para creches e escolas. Há um ano, eles juntaram capital de giro entre os associados (R$60,00 de cada um) e deram inibo às atividades da padaria no distrito, que comprava pão sovado em Diamantina. A Padaria dos Produtores Rurais fabrica pão francês, pão doce, roscas, pão de queijo, bolos, broa de fubá, biscoitos e pão de fornia para toda a comunidade, consumindo 30 kg de farinha de trigo e 3 kg de creme de milho para produzir cerca de 400 pães por dia, totalizando 13 mil unidades de produtos! ano e uma renda anual de R$ 18 mil. Para completar, a padaria é ponto de venda do arroz, café em grão, canjica, ovos caipiras e queijo da região, o que soma R$ 2 mil ao faturamento.

JOSÉ DA PresidenteCARVALHOCOSTANETOdaCEMIG

Tradição em projetos sociais Ao longo de quase 50 anos de existência, a Cemig vem investindo em projetos de saúde, cultura, educação, meio ambiente, economia e agricultura em todo o estado de Minas Gerais.

O projeto Casa de Máquinas abrange o ciclo de vida de uma comunidade, unindo os pequenos produtores rurais em tomo de uma unidade de produção, agregando valor aos produtos agrícolas e proporcionando melhores condições de plantio. Além do mais, resgata a dignidade e a cidadania das pessoas, que passam a depender somente de seu trabalho para sobreviver, aumentando a qualidade de vida da família. Por tudo isso, o projeto Casa de Máquinas é destaque. Buscando parcerias entre as pessoas e as instituições societárias, tem como resultado o trabalho de uma parcela importante da sociedade. Hoje, existem em Minas Gerais mais de 1.800 famílias que não necessitam mais receber cestas básicas para sobreviver. Algumas delas vivenciam processo avançado, gerando empregos nas pequenas comunidades urbanas da zona rural. No caso das comunidades que estão muito distantes das redes de energia elétrica, a Cemig está desenvolvendo, também em parceria com outras instituições, o projeto "Uso Racional de Energia na Agricultura". O projeto piloto foi implantado na região do Alto Jequitinhonha e consiste num sistema alternativo de geração de eletricidade, através da energia solar. É um sistema fotovoltaico que permite que aparelhos como a TV em preto e branco e rádios de até 12 volts, corrente contínua, sejam conectados ao sistema, além de iluminar as casas, substituindo querosene, velas e pilhas, ao custo de R$4,00 mensais. Os projetos sociais desenvolvidos pela Cemig são motivo de orgulho para a empresa e seus funcionários e justificam uma grande parcela do grau de satisfação que o povo mineiro demonstra pela casa. Para que a população possa crescer forte e com dignidade, as empresas públicas e privadas precisam desévolver atividades sociais no combate à fome e à miséria. A criação do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e à Miséria - Coep, dirigido por um grande brasileiro, o Betinho, é um marco na história social deste País. As ações desenvolvidas pelo Coep estão se disseminando por todo o Brasil, tornando a população mais consciente, o que, por si só, provoca uma tomada de decisão: a sociedade passa a se responsabilizar e adotar medidas preventivas para acabar de vez com a miséria e com a fome no Brasil. O projeto resgata a dignidade das pessoas, que passam a depender somente de seu trabalho para sobreviver, unindo os pequenos produtores rurais em torno de uma unidade de produção, agregando valor dos produtos agrícolas e proporcionando melhores condições de plantio. 95

SÃODE PAULO CESPCOMPANHIA ENERGÉTICA para trabalho Educar

O s avanços tecnológicos e o refinamento dos meios de comunicação foram agentes de um processo denominado globalização da economia, através do qual barreiras nacionais foram caindo, provocando transformações nos ambientes e relações de trabalho, tais como o desaparecimento de profissões, maior índice de desemprego e maiores exigências nos conhecimentos solicitados. Neste contexto, o que faremos nós, jovens de 14 a 17 anos, sem experiência anterior, que não preenchemos os requisitos das vagas que aparecem nos jornais?

O Centro de Iniciação ao Trabalho, através da educação, umimportânciaadolescentesdespertaparaadeconstruirprojetodevida. 99

Paula Michele dos Santos - 16 anos. Mais do que uma pergunta, a declaração de Paula, num seminário que tinha o processo de globalização como tema central, soou como um apelo dramático, transformando-se num verdadeiro desafio para a direção da Companhia Energética de São Paulo - Cesp. A necessidade de responder aos jovens, por meio de atitudes concretas, levou à criação do Centro de Iniciação ao Trabalho - CIT, uma das unidades do Programa Cesp Criança. O programa atende, em média, 4.500 crianças e adolescentes, dei a 17 anos, provenientes de famílias de baixa renda, de bairros periféricos da cidade de São Paulo e de Guarulhos.

Através de sua Diretoria Administrativa a empresa investe recursos próprios no Cesp Criança, por meio de três projetos educacionais distintos: Creche Pré-escola, Complementação Escolar e o Centro de Iniciação ao Trabalho. O CIT iniciou suas atividades há 11 anos com a missão de, através da educação , introduzir jovens de 14 a 17 anos no "mundo do trabalho". O objetivo maior era o de contribuir para o desenvolvimento desses adolescentes, enquanto cidadãos, despertando-os para a importância de construir, em bases mais sólidas, um projeto de vida.

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Fui admitida em junho de 1988. No CIT aprendi a trabalhar em grupo e tive uma grande oportunidade profissional. Hoje sou Auxiliar Empresas,cursoisso,FinanceiroEconômicoetenhomuitosplanosprofissionais.ParaacreditoqueosuperiordeAdministraçãodequeconcluí96,vaiajudar.

A proposta reuniu 100 jovens/ ano, através de um curso direcionado ao desenvolvimento de habilidades especificas nas atividades de escritório, dividido em duas fases: teoria e prática. Na primeira, eram abordados conteúdos referentes à sociedade, ao trabaltà e à cidadania; práticas de trabalho (datilografia, arquivo, atendimento etc.); reforço em Língua Portuguesa e Matemática. A segunda, era realizada nos escritórios da Cesp, onde os jovens tinham o acompanhamento de monitores. No primeiro ano, foram admitidos os 190 treinandos pela Cesp.

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Rita de Theodoro,Cássia25anos.

Saí da Cesp após um ano de treinamento. No dia seguinte fui contratado pelo Sebrae, onde estou há cinco anos. Comecei como office-boy e fui promovido a auxiliar administrativo. Nessa empresa pude fazer outros cursos. Foi uma oportunidade muito importante. Acreditaram em mim! Renato Ferreira dos Santos Filho - ã anos.

Na impossibilidade de continuar contratando os jovens que concluíam o curso, a empresa buscou parcerias com o objetivo de encaminhá-los para o mercado externo de trabalho. Dentre as parcerias, destaca-se o Convênio entre o Cesp e o Sebrae. Outras alternativas foram tentadas através de contatos informais de anúncios de emprego e agências.

Renato mora na Favela São Remo, em São Paulo. Na casa moram seis pessoas. Apenas ele e o pai estão trabalhando. Atualmente, participa de uma cooperativa com a perspectiva de comprar um apartamento. Novas oportunidades

Na nova proposta são abordados conteúdos diretamente ligados às relações de trabalho, mercado, meio ambiente, saúde e sociedade, e, ainda, são fornecidos elementos que facilitem a formação de projetos profissionais.

Através de um método construtivista, o curso propõe-se a desenvolver competências básicas ao trabalho, com simulações de formação de empresas, onde os jovens vivenciam as mais diversas situações em diferentes segmentos. No processo de aprendizagem estão incluídos temas como apresentação pessoal, iniciativa, criatividade, organização de ambiente de trabalho, qualidade, prestação de serviços, fornecedor, cliente e fluxo de produtos, entre outros. Durante todo o curso os jovens têm aulas de informática. Um projeto ciasdesenvolverinovador:competên-básicasaotrabalho,vivenciandoasmaisdiversassituaçõesemdiferentessegmentos.

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Com o objetivo geral de ampliar as possibilidades e aproveitar melhor a potencialidade dos jovens, desenvolveu-se um projeto inovador, em que os despertar para a empregabilidade torna-se mais importante do que direcioná-los a um emprego.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO CESP

A experiência do CIT mostrava, entretanto, que o curso direcionado ao desenvolvimento de habilidades específicas de escritório limitava os jovens a um setor restrito de trabalho. Era necessário envolver outros segmentos.

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Abrir "portas" de novas empresas para encaminhamento desses jovens é, hoje, um trabalho em conjunto do CIT, empresas e antigos treinandos. Após concluir o curso, através de um anúncio, Daniela Pereira dos Santos participou do processo de seleção da TP Cópias e Acabamentos Ltda. Atualmente, com quase dois anos na empresa, já selecionou 20 novos treinandos do CIT, admitidos pelo empresário Antônio Carlos G. C. Cerveira, proprietário da empresa em que trabalha.

Os jovens vindos do CIT estão mais preparados, possuem maior envolvimento com o trabalho. Eu recomándo essa parceria para outros empresários, porque, além da oportunidade oferecida aos jovens, para a empresa também é produtivo. Procuro estimular os jovens a aprender mais e a buscar novos caminhos na sua vida prqfissional.

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Quando comecei no CIT passava por muitas dificuldades na minha vida pessoal. O CIT, além de ajudar na minha vida profissional, me ajudou a encarar melhor as dificuldades. Estou trabalhando na TP Cópias há quase dois anos e já fui promovida. Sinto-me participandoaindado CIT, ao selecionar jovens para trabalhar aqui. Daniela Pereira dos Santos, 20 anos.

Antônio Carlos G. C. Cerveira, próprietário da TP Cópias e Acabamentos Ltda. Michele, Rita, Renato e Daniela representam mais de 1.000 jovens que passaram pelo CIT, em contextos que propõem as mais diversas alternativas em prol de uma ação maior: dar novas oportunidades a esses jovens para que o exercício da cidadania sirva como instrumento de profundas transformações.

A Cesp, como empresa geradora de energia, tem pela sua natureza um caráter transformador. Ao construir barragens e usinas, transforma a energia dos rios em energia elétrica. Quando num rio não é permitida a navegação por um longo percurso, a Cesp, através de eclusas, o transforma em via de transporte.

Por meio de sua Diretoria Administrativa, responsável há 11 anos pela criação do Programa CespCriança, a empresa sente-se orgulhosa de integrar o movimento liderado pelo Coep, transformador da sociedade diante da fome, da miséria e do resgate à cidadania.

O Coep - Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida tem papel preponderante na consolidação desse movimento social, estimulando o empresariado no exercício de programas sociais que tenham atuação eficaz, ações planejadas, projetos inovadores, objetivos e metas concretas - características essenciais que garantem continuidade.

GERSON A. F. S. KOZMA Diretor Administrativo da Companhia Energética de São Paulo - Cesp Projetos inovadores e metas concretas Temos visto que a consciência do empresariado está mudando. Há um movimento social para o resgate da cidadania que cresce e se consolida dentro da sociedade.

dedaderesponsabilidadevida,social,participaçãoecredibili-são,hoje,princípiosbásicosparaaatuaçãoqualquerempresapúblicaouprivada.

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Ampliar o atendimento, quantitativa e qualitativamente, é meta que perseguimos a cada ano com a implantação de novos projetos que atendam às demandas da comunidade, uma vez que crianças e adolescentes são os agentes transformadores de suas casas.

A empresa moderna deve se adaptar aos novos tempos. Qualidade de vida, responsabilidade social, participação e credibilidade são, hoje, princípios básicos para a atuação de qualquer empresa pública ou privada.

O Prograrria Cesp Criança busca oferecer, através de uma formação educacional embasada na construção do conhecimento e na integração, ao meio social, uma nova realidade para crianças e adolescentesQuandocarentes.trazemos aos nossos empregados, poi intermédio da programação de eventos, jovens do Centro de Iniciação ao Trabalho com novas perspectivas de vida, crianças das creches, jovens das Unidades de Complementação Escolar que deixam as ruas e através da arte ampliam seu universo cultural, possibilitamos que, a partir dos resultados obtidos, a filosofia da empresa se multiplique culminando numa mudança de valores culturais.

Qualidade de

COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO - CHES Alternativa desenvolvimentopara

Construído entre as cidades de Piranhas (Alagoas) e Canindé do São Francisco (SE), a área beneficiada, de 600 ha, conta com 1.153 casas; alojamentos com 6.950 acomodações; hospital com 37 leitos; uma unidade ambulatorial; centro comercial; dois centros sociais; restaurantes e bares; centros comunitários; igrejas; feiras livres; escola de primeiro e segundo graus, com capacidade para 1.500 alunos; Fórum Judicial; Quartel da Polícia Militar; energia elétrica, água e esgoto; telefonias fixa e móvel; logradouros pavimentados; estação rodoviária; propriedade rural com 1.800 ha e sementeiras para reprodução de espécies nativas.

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A exclusão social é questão predominante no semi-árido nordestino.

Como Programa Xingó, toda essa área está sendo transformada em um Complexo Integrado Multissetorial, com um Centro Cientifico-

A precária distribuição de renda, em função do fenômeno climático, responde pela baixa oferta de emprego, fator que limita e impede ao tão desejado ponto de equilíbrio das oportunidades disponíveis para grande parte da população daquela região. Visando à concretização de um conjunto de ações perenes e autosustentáveis, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco trouxe o Programa Xingopara o âmbito do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep. A proposta é a utilização da infra-estrutura física e social, montada para suportar a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, como fator indutor do desenvolvimento integrado. A partir de uma estrutura formada por edificações, logradouros, utilidades e serviços urbanos disponibilizada pela Chesf, em Xingó, área de confluência dos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, banhada pelo rio São Francisco, foi formulada a proposta de criação de um Núcleo Compartilhado de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico.

A proposta é a utilização da infra-estrutura física e social, montada para suportar a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, como fator indutor do desenvolvimento integrado.

Chesf.5 Gerando o futuro

Através da formação do Núcleo Compartilhado de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, busca-se estabelecer no espaço de abrangência do Programa Xingó, formado pálo trecho compreendido entre as Usinas de Itaparica (Bahia/Pernámbuco), Paulo Afonso

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As principais linhas de ação do programa se propõem a disponibilizar bolsas para fomento e incentivo, à pesquisa; integrar universidades e entidades de pesquisa; e buscar cooperação internacional em projeto de desenvolvimento de regiões de clima semi-árido.

Compromisso do CHESF com desenvolvimentoodosemi-aridonordestino

Um centro de processamento de informações - Infovia, já em fase de instalação, permitirá a intercomunicação entre todas essas instituições, além dos múltiplos usos possíveis, corno ensino à distância, teleconferência, pesquisas virtuais etc.

A articulação da Presidente do Conselho da Comunidade Solidária, Ruth Cardoso, resultou na proposta elaborada pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, tendo como entidades parceiras o Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq, as Universidades Federais de Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, as Universidades Estaduais da Bahia e Feira de Santana, a Escola Técnica Federal de Alagoas - Etfal, o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica - Cepel, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa e o Instituto de Pesquisas Espaciais - INRE que, hoje, somam suas forças no desenvolvimento do Programa Xingó.

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Um centro de processamento de informações, já em fase de instalação, permitirá a intercomunicação entre as instituições que integram o projeto, além de permitir múltiplos usos, como ensino à teleconferênciadistância,epesquisasvirtuais.

Educacional (educação, profissionalização e pesquisa), um Núcleo de Excelência de Serviços Públicos (saúde, segurança pública e ensino público) e um Pólo Econômico ( turismo, agricultura, pesca e aquicultura).

COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO - CHESF

(Alagoas/ Bahia) e Xingó (Alagoas/Sergipe), uma experiência de desenvolvimento auto-sustentável no Nordeste, tendo como vetor matricial a realização de ações educacionais, estudos, pesquisas e aplicação de tecnologias que venham ao encontro das vocações econômicas, das demandas sociais e da capacitação do ser humano. A perspectiva é a de minimizar, no campo do conhecimento, o desequilíbrio econômico e as desigualdades sociais

Educação: introdução de práticas Sistematizado para operar na forma de áreas temáticas, o Programa Xingó assegura a pertinência e a adequação de ações em função da realidade local. educacionais modeladas para o semiárido, além de projetos nas áreas de formação, qualificação, capacitação e extensão e integração comunitária. Encontra-se em fase de conclusão um diagnóstico da situação educacional, a partir do qual serão estabelecidas as intervenções no campo do ensino. Atividades a gropastoris: melhoramento genético da fauna e da flora existentes; adequação do cultivo com o solo e transferência de técnicas agrícolas inovadoras para a comunidade. Atuando, no momento, na aplicação de cursos de capacitação de agricultores em segmentos de caprinos, bovinos e cultivo do algodão. Recursos hídricos e qualidade da água: avaliação da capacidade exploratória do potencial hídrico existente. Solo, clima e meio ambiente: análise científica dos parâmetros geo-climáticos que influenciem no comportamento e 109

O Programa Xingó foi sistematizado para operar na forma de áreas temáticas, assegurando, dessa maneira, a pertinência e a adequação de ações em função da realidade local. Dentre os vários segmentos que o programa abrange, destacam-se os que seguem. Fontes alternativas de energia: desenvolvimento, a partir de vocações locais, de fontes alternativas de energia.

Fazendo prevalecer a filosofia de integração e da cooperação, pretende-se, dessa forma, fixar no semi-árido nordestino um modelo que sirva de referência para a formulação de Um plano macroeconômico de desenvolvimento regional, como alternativa para a reversão da migração campo/cidade.

Atua na aplicação de cursos de capacitação de agricultores em segmentos de caprinos, bovinos e cultivo do algodão. Encontra-se em fase de conclusão um diagnóstico da situação educacional, a partir do qual serão estabelecidas as intervenções no campo do ensino.

planejamento das atividades do setor primário. Encontra-se já em pleno funcionamento urna plataforma de coleta de dados meteorológicos do Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE.

Turismo e hotelaria, segmento dos mais promissores diante do potencial da região, encontrando-se em fase de compilação de dados um inventário da oferta turística e infra-estrutura disponível.

Arqueologia e patrimônio cultural: atividade incorporada ao programa, pois o salvamento do acervõ arqueológico vem sendo executado há 10 anos.

Deniro, ainda, do espírito que norteia o programa, a Chesf vem apoiando agências de fomento e incentivo ao desenvolvimento, a exemplo do Banco do Nordeste, parceiro na viabilização de projetos do Fundo de Assistência do Trabalhador - ÉAT/Proger.

Ecologia e biodiversidade da Caatinga: levantamento da flora e da fauna, e estudos da estrutura da vegetação nativa, com a previsão, em breve, da implantação de um herbário de plantas nativas Aqüicultura:medicinais.estudo do ambiente aquático, com ações voltadas para o incremento, organização e explOração produtiva e racional da atividade pesqueira.

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Qual a atuação da Chesf dentro do Coep? M.S.C.A. - Na Chesf, dentro do espírito que animou a formação do Coep, foram criados Comitês da Cidadania, na Sede e na maioria dos Escritórios e Gerências descentralizadas da empresa, espalhados por Estados nordestinos. Os trabalhos desses Comitês da Cidadania são norteados pela mensagem inicialmente referida, concretizada em ações de caráter permanente - buscando a efetiva melhoria da qualidade de vida em comunidades carentes - e ações emergenciais de assistência a pessoas e grupos em estado de carência aguda. Que atividades realizadas pela Chesf podem ser identificadas como inovadoras? M.S.C.A. - Como procedimento inovador, e que se mantém desde 1993, ou seja, antes mesmo que o Coep fosse oficialmente constituído, menciono as ações dos Comitês da Cidadania que são basicamente suportadas por contribuições de chesfianos. Os empregados, aderindo ao Comitê, autorizam o desconto mensal permanente de uma percentagem do seu salário. A arrecadação daí resultante financia as iniciativas de cada Comitê. Que atividades foram e estão sendo realizadas pela empresa? M.S.C.A. - Incentivo ao cultivo de Hortas Comunitárias embaixo de Linhas de Transmissão; apoio a escolas; apoio a creches; refeições diá111

Entrevista COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO - CHESF MOZART DE SIQUEIRA CAMPOS ARAÚJO Presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco Prática permanente de solidariedade Os Comitês da Cidadania são basicamente suportados por contribuições de chesfianos. Os empregados, aderindo ao Comitê, autorizam o desconto mensal permanente de uma percentagem do seu salário.

Qual a importância da existência do Coep? M.S.C.A. - O Coep teve sua origem como um dos desdobramentos da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. A lição fundamental trazida pelo Coep é a do Exercício da Cidadania pelas empresas e seus empregados. Num país sem tradição democrática, lições como a do Coep são fundamentais na busca da transformação das pessoas para atuar no combate à miséria.

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11.2

Qual a importância de um órgão como a Chesf e seus empregados se engajarem num movimento dessa natureza? M.S.C.A. - Os brasileiros têm pela frente um longo aprendizado de exercício de cidadania e prática de solidariedade. Não a solidariedade emocional de campanhas pontuais, surgidas em situações de catástrofe, e sim a solidariedade permanente, diária, onde cada um vê o seu semelhante, carente ou não, como seu irmão e, por isso mesmo, trata-o com igualdade e fraternidade. Uma empresa de serviço público como a Chesf, desenvolvendo ações como as que inspiraram a criação do Coep, é uma escola adequada para esse .aprendizado.

Quais asçhficuldades encontradas para desenvolver esse tipo de movimento dentro de uma empresa cotno.a Chesf e como superá-las? M.S.C.A. - Posso citar algumas, como a falta de persistência. As pessoas, em geral, hão compreendem que cidadania e solidariedade preciI !sam es ar presentes na vida diária. , de cada 'um. Ou, ainda, a tendência nriIajontdria da "emoção televisiva", que com'ove apenas por algum tempo e não produz a transformação do cidadão. Ao meu ver, para minimizar as dificuldades, a sociedade civil organizada deveria se mobilizar parai um grande processo de consc pata dos cidadãos. Qual pode ser o futuro desse tipo de mov tnento? M.S.CAt - Sou bastante otimista sobre essa qluestão. Entendo que o futuro da nossa sociedade está necessariamentet centrado em ações de solidariedade e, sendo assim, movimentos como esse só tendem a crescer. Que mensagem você deixaria para as entidades e pessoas que ainda não se ertgajaram em ações volta4 paral a melhoria da qualidade de vida áct população? - A defesa da melhoria .1da qual dade de vida é um dever de cadal cidadão. Se não por Irespei o a nós mesmos, por respeito às futuras gerações, aos nossos filhos e netos. A busca permanente doidesenvolvimento pessoal e da ' qualidade de vida deve ser umai • atividade' continua de todos nós.

A sociedade civil organizada deveria se mobilizar para um grande processo de conscientização dos cidadãos. rias paia famílias carentes, usando para tal o suporte de movimentos religiosos; apoio a conjunto musical em comunidades carentes, e apoio à formação profissional de jovens em comunidades carentes.

COMPANHIA DESENVOLVIMENTODE FRANCISCO CODEVASF 0201~

O Projeto Amanhã, além de possibilitar ao jovem a aquisição de novos conhecimentos, ajuda a definir o seu futuro profissional, permite o aumento da renda familiar e melhora o nível da tecnologia utilizada pelos produtores irrigantes. Mais do que isto, o Amanhã garante que esta faixa da população tenha condições de optar, de maneira consciente, pela sua permanência no campo ou pelo exercício de atividades nas cidades. A implantação e consolidação do Projeto Amanhã tornou-se uma das principais metas da Codevasf. Para garantir sua viabilidade, estão Jovens, entre 14 e 21 anos, filhos dos produtores rurais, têm a oportunidade de entrar no mercado de trabalho como mão-de-obra capaz de gerar seus empreendimentospróprioseemcondiçõesdeenfrentarosdesafiosfuturosdaagroindústriaedaagropecuária.rt

O desafio de reverter essa situação estimulou a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco - Codevasf a criar o Projeto Amanhã. O objetivo é organizar e profissionalizar a juventude rural da região do Vale. O projeto oferece aos jovens, entre 14 e 21 anos, filhos dos produtores rurais, a oportunidade de entrar no mercado de trabalho como mão-de-obra capaz de gerar seus próprios empreendimentos e de enfrentar os desafios futuros da agroindústria e da agropecuária. _ Os jovens do Amanhã também são orientados para a questão ambiental. Aprendem a usufruir dos benefícios operacionais da natureza sem agredir ou destruí-la. O Amanhã é uma lição de vida para os jovens rurais e seus familiares. O conhecimento adquirido nos cursos e oficinas do Amanhã é levado pelos jovens para a realidade vivida por seus pais no campo. A partir do trabalho em conjunto, a família é treinada e capacitada para a tecnologia do terceiro milênio.

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A agricultura no Brasil passa por uma fase de transição. A indefinição de um novo modelo de produção que se responsabilize pela organização do setor gera uma desqualificação da mão-de-obra, comprometendo seriamente o futuro do pequeno agricultor no País.

O Projeto Jaiba, em Minas Gerais, mantém oficina-escola eletromecânica operada por 13 jovens;

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O Projeto Amanhã' já fez acontecer vários empreendimentos conduzidos por jovens rurais.

Os treinamentos abrangem temas voltados para a agropecuária, a industrialização e para os serviços. São eles: Administração da Propriedade Rural, Horticultura, Fruticultura, Plantás Medicinais, Irrigação e Drenagem, Piscicultura, Avicultura, Apicultura, Produção de Húmus, Produção de Doces, Confecção de Roupas, Reciclagem de Papel, Tecelagem, Eletromecânica, Manutenção de Bombas, Datilografia, Corte e Costura, Carpintaria, Pedreiro, entre outros. Também faz parte dos treinamentos a Educação Ambiental, a Gestão de'Empreendimentos, a Prevenção contra Drogas, os Programas de Saneamento Básico, o Controle de Endemias, a Produção de Artesanato e as Atividades Artísticas.

sendo firmadas parcerias com instituições públicas e privadas. Com a iniciativa da Codevasf o futuro dos jovens e produtores da Bacia do São Francisco está cada vez mais promissor. Os diversos treinamentos oferecidos proporcionam o desenvolvimento das atividades para as quais os jovens são vocacionados, uma melhor compreensão do meio ambiente e a incorporação dos princípios da organização associativa, indispensáveis para garantir a sobrevivência em um mercado competitivo. As atividades do Amanhã encontram-se implantadas em todos os estados compreendidos pela área de atuação da Codevasf. Respeitadas as diferenças locais e, em função dos grupos envolvidos, as atividades também se diferenciam. As ações do Projeto se caracterizam em Cursos Profissionalizantes, Implantação de Empreendimentos e Centro de Capacitação e Treinamento de Bom Jesus da Lapa. O Amanhã já capacitou mais de 3.000 jovens.

No Perímetro Irrigado de Contiguiba/Pindoba, em Sergipe, cinco projetos foram implantados, com 3 ha cada, com horticultura e fruticultura irrigadas, envolvendo 207 jovens. As atividades do Amanhã encontram-se implantadas em todos os estados compreendidos pela área de atuação da Codevasf, respeitadas as diferenças locais e em função dos grupos envolvidos.

Na Fazenda do Menor, em Minas Gerais, os jovens criam de peixes com capacidade para 2.000 alevinos e 200 marrecos.

COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO - CODEVASF produção de húmus de minhocamódulo de 43 m2 de área construída com capacidade de produção de 10 m3 de húmus a cada período de 80 dias; viveiro para produção de mudas frutíferas - área de 100 m2 com câmara de nebulização, visando à produção de mudas de frutas para a comercialização no Projeto Jaíba; minipadaria integrada ao cultivo de mandioca, abóbora e milho e produção de doces caseiros através da utilização do excedente de frutas não comercializadas pelos produtores. A Comunidade Poção, em Minas Gerais, adráinistra granja de frango de corte operada por 20 jovens, com dois galpões de engorda de frango com capacidade para 200 aves cada, escritório, salas de abate e de armazenagem de ração e insumos. No Perímetro Irrigado Ceraíma, na Bahia, foi instalada usina caseira de alimentos utilizada por mães e filhas para a produção de pães, queijos e doces que são comercializados na Região.

No Perímetro Irrigado de Estreito, Bahia, num atelier de costura administrado por jovens capacitadas pelo Projeto Amanhã, em uma pequena confecção, as próprias mães são as instrutoras. O empreendimento gera receita e permite a capacitação de novas interessadas.

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Ainda em Bom 'Jesus da Lapa, o Projeto Amanhã implantou um grande Centro de Capacitação e Treinamenth, localizado no Perímetro 1 Irrigado de Formoso, com uma área de aproximadamente 70 ha, sendo 63 irrigáveis.

A estrutura física do Centro foi implantada no canteiro de obras desativado pela empresa construtora do Projeto Formoso. Galpões que, após reformados, abrigam a administração, o auditório, as salas de aula, a cantina, a biblioteca, as oficinas, o abatedor, uma usina de processamento de alimentos e uma área destinada à comercialização dos produtos do Amanhã. Na estruturação do Centro, as diversàs atividades encontram na integração um dos fundamentos da agricultura moderna que racionaliza o trabalho com o objetivo de reduzir gastos e garantir a auto-sustentabilidade do empreendimento.

Treinada e capacitada, com curso de aperfeiçoamento, uma integrante do Amanhã borda e vende toda a sua proldução. Na mesma região, jovens tratoristas prestam serviços para emprés'ários e produtores locais.

Para viabilização desse Centro, o Amanhã contou com a participação decisiva do Banco Mundial, que acreditou e investiu no futuro dos jovens da Bacia do São Francisco.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Mais de 3.000 jovens já foram capacitados. Os treinamentos abrangem temas voltados para a agropecuária, a industrialização e serviços.

I Em Bom Jesus 4i'Lapa, Bahia, um atelier de costura é administrado por três jovens de uma mesma família. As três irmãs, junto com a mãe, comercializam toda ati produção. Este é mais um exemplo da integração do jovem com a família, promovida pelo Arnanhã. Os Carpinteiros Mirins produzem camas de casal e de solteiro. A produção é totalmente comercializada dentrá do Projeto Formoso. Outro grupo cultiva melancia em área cedida pelo projeto. Na comercialização dos frutos, os jovens irão repor ao projeto os investimentos com a aquisição da área e dos insumos.

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A cada ano, cerca de 100 jovens recebem treinamento básico em Agricultura Irrigada, Agroindústria, Mecanização Agrícola, Administração Rural, Criação de Animais, Informática, Carpintaria, Serraria, Artes Manuais, Corte e Costura. Além dos treinamentos, participam da discussão de temas considerados de relevada importância para a formação: Educação Ambiental, Saneamento Básico etc. No Centro de Treinamento de Bom Jesus da Lapa, cultivam mandioca, batata-doce, sorgo, capim, leucena, uva, manga, acerola, citrus e pinha. Mas os resultados não param por aí. Na área reservada à criação de animais, encontram-se implantadas a avicultura de corte e de postura, suinocultura, caprinocultura e bovinocultura. Os produtos obtidos nas culturas são transformados pela agroindústria, que além de queijos e doces, produz defumados e embutidos. Também está sendo introduzida a piscicultura através da criação de peixes no canal de irrigação que abastece o Projeto. O Centro oferece ainda instalações para a prática de esportes: duas quadras de vôlei, caixa de areia para saltos, quadra de futebol de salão, campo de futebol e pista de atletismo. Tudo isso é resultado de um projeto que acredita na força do jovem rural, na sua capacidade de organização e no exercício da sua cidadania como alavanca para.o desenvolvimento de toda uma Região.

SOLIDARIAGOMUNIDADE

1. Conselho Consultivo da Comunidade Solidária, que materializa uma parceria entre governo e sociedade, no âmbito do governo federal. Composto por 11 Ministros de Estado, a SecretariaExecutiva da Comunidade Solidária e 21 personalidades da sociedade civil, tem como atribuições: mobilização da sociedade; implementação de experiências inovadoras, especialmente na área de educação; Seleção de prioridades na área social.

2. Secretaria-Executiva da Comunidade Solidária, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, e que representa um espaço de coordenação e de articulação envolvendo: os Ministérios Setoriais; os estados e municípios; entidades da Sociedade Civil. Para o desenvolvimento de seus trabalhos, conta com o apoio técnico do Ipea, do Ministério do Planejamento e Orçamento. Interlocutores Ministeriais da Comunidade Solidária, que, juntamente com a Secretaria-Executiva e os governos estaduais, definem as diretrizes e estratégias operacionais, ouvidos os Conselhos e Comissões setoriais; respondem pela implementação dos programas e articulam-se com os estados e municípios. Interlocutores Estaduais da Comunidade Solidária, que são atores fiindamentais no processo. São autoridades dos próprios estados designadas pelos governadores para cumprirem o papel de articuladores. A instituição da figura do Interlocutor Estadual foi uma forma inovadora de evitar a criação cie mais uma instância burocrática. Sua principal função é de aglutinar os demais secretários estaduais e governos municipais no desenvolvimento da Comunidade Solidária. Interlocutores Municipais da Comunidade Solidária, que desempenham a mesma função que seus congêneres estaduais e são um elo importante do processo, pois os governos locais são responsáveis pela implementação das ações. É no município que se materializa a convergência e a integração das ações. Instituições da Sociedade e Organismos Internacionais, que desejam celebrar parcerias com o governo, engajando-se, dessa forma, no esforço nacional de combate à pobreza.

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A rede Comunidade Solidária

Os módulos são de seis meses: um mês para capacitação dos alfabetizadores nas universidades, e cinco para o curso de alfabetização nas comunidades. Congregando esforços de múltiplos atores e mobilizando a própria comunidade, é possível alfabetizar cada aluno ao custo

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Seis parceiros dividem entre si as tarefas! o Programa Alfabetização Solidária identifica os municípios e mobiliza o4 parceiros; as universidades e seus professores adotam voluntariament um ou mais municípios; desenvolvem seus projetos de cursos; selecionam e capacitam, em sua sede, coordenadores e alfabetizadores das próprias comunidades, e avaliam o trabalho; o Crub (Conselho de Reitoresidas Universidades Brasileiras) articula as universidades; as empresas adotam um ou maisMunicípios e cobrem metade dos custos; o MEC distribui material didático de apoio a bibliotecas e financia a outra metade dos custos. Finalmente, as prefeituras garantem instalações para as aulas e apóiam a coordenação.

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CONSELHO DA COMUNIDADE SOLIDARIA Parcerias para enfrentar o analfabetismo

O Conselho da Comunidade Solidária foi criadoem 1995, com o objetivo de fomentar e viabilizar parcerias entre o Estado e a sociedade civil, visando ao combate à exclusão social. Para atingir seus objetivos, promove ações em três áreas distintas: Fortalecimento da Sociedade Civil, Interlocução Política eProgramas Inovadores de Desenvolvimento Social. Dentre os muitos projetos inovadores, destacamos o Alfabetização Solidária,que trabalha pela constituição de parcerias para intervenção em áreas estratégicas não devidamente cobertas por programas governamentais ou da sociedade civil.

Criado para Solidáriaentreprioritariamenteatenderajovens!2e18anos,oprojetopilotodoPro-gramaAlfabetizaçãofoiimplantadoemjaneirode1997nosmunicípioscomasmaisaltastaxasdeanalfabetismodoPaís,situadosnasregiõesNorteeNordeste.

O Programa Alfabetização Solidária foi criado para atender prioritariamente a jovens entre 12 e 18 anos. O projeto piloto foi implantado em janeiro de 1997 nos municípios com as mais altas taxas de analfabetismo do País, situados nas regiões Norte e Nordeste. Em algumas localidades, detectava-se o analfabetismo em 55% da população jovem, o que representa mais de quatro vezes a média nacional. 0 enfoque atual continua a privilegiar esse mesmo universo de brasileiros.

COMUNIDADE SOLIDÁRIA de R$ 34,00 por mês, investimento dividido meio a meio entre o MEC e as empresas participantes. A avaliação do programa é feita pelas 152 universidades parceiras por meio de visitas mensais dos professores coordenadores aos municípios. Rapaz, a pessoa que não sabe ler nem escrever fica difícil para trabalhar, mais ainda na área do comércio. Eu tenho bar desde 91 e fazia conta por experiência, tudo na inteligência. Se o freguês bebia 10 cervejas, fazia pagar uma por vez. Demorava para acertar. Hoje, tenho meu caderno de contas. Vou marcando tudo que foi despesa e o que foi ganho. Acho que fneu negócio melhorou foi muito, uns 100%. Eu pensava que nunca mais ia estudar porque não tive oportunidade quando era criança. Tenho muita preguiça de ler, mas, às vezes, leio aqui no bar, em voz alta. Tem um livrinho de desenho que achei aí e estou gostando muito. João Antônio da Silva, comerciante, 30 anos, de Salitre-CE. O livro ao qual João Antonio se refere é a Cartilha da Justiça em Quadrinhos que alguém esqueceu no seu bar: Gostei de ler que todo mundo tem direito. Depende só de procurar. Eu não sabia que é direito da gente estudar, o que eu sempre quis, e que o governo tem que dar estudo para todo mundo. Achei foi bom demais. Para freqüentar as aulas, João fecha o bar três vezes por semana. O movimento é pouco e a aula é importante. Não gostaria que parasse. A gente não deixava de estudar e não esquecia. Quanto mais a pessoa pratica, mais aprende. Depois dos primeiros cinco meses de projeto piloto, as aulas foram prorrogadas por mais cinco, até o fim de 1997, graças a novo acordo entre a Universidade Federal do Ceará e a Bolsa de Mercados Futuros de São Paulo, que patrocina o programa em Salitre. O programa leva para as salas de aula famílias inteiras: cerca da metade dos alunos são adultos. 125

O Alfabetização

O programa apresentou, recentemente, um importante desdobramento de suas atividades. Como um dos objetivos é motivar os alunos a voltar à escola ou a escolher uma profissão, começou a oferecer, em 1998, em parceria com o MEC e o Ministério do Trabalho, curso supletivo

Solidária está mudando a vida de muita gente e abrindo novas perspectivas para a comunidade. Desenhado para atender prioritariamente a jovens, o programa leva para as salas de aula famílias inteiras: cerca da metade dos alunos são adUltos. Novos horizontes se abrem para os alfabetizadores, que passará Lm mês de capacitação na sede das universidades conhecendo outras realidades, já que o programa de capacitação inclui visitas às principais atrações culturais da cidade.

Enriquecidos dessa experiência, voltam para compartilhá-la com os alunos e a comunidade. Além do mais, muitos desses jovens alfabetizadores sem atividades definidas VOltam a ter oportunidades de emprego, especialmente na rede regular deensino. As universidades, que têm autonomia pedagógica para uso do material do MEC, estão adotando métodos que motivem as comunidades a freqüentar as aulas depois de dias cansativos de trabalho. Muitas estão criando departamentos específicos para a educação de jovens e adultos, além de desenvolverem projetos de alfabetização em seus estados. A troca de informações entre as instituições participantes do Programa é também importante para o Alfabetização Solidária, que promoVeu 13 Encontros Regionais, realizados em todo País durante os meses de setembro e outubro de 1998. Na ocasião, as IES (Instituições de Ensino Superior) puderam compartilhar suas experiências sobre os processos de capacitação, monitoramento e avaliação das atividades. Em novembro de 1998, foi realizado, em São Paulo, o IV Seminário de Avaliação do Programa e o Encontro de todos os parceiros, reunindó o MEC, Ministério do Trabalho, universidades, empresas e prefeituras.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Li o Municípios identificados e parceiros mobilizados, as universidades e seus professores voluntariamente dasdorescapacitamcursos,desenvolvemselecionamecoordena-ealfabetizadoresprópriascomunidades.Emalgumaslocalidades,detectava-seoanalfabe-tismoem55%dapopulaçãojovem,oquerepresentamaisdequatrovezesamédianacional.Oenfoqueatualcontinuaapri-vilegiaressemesmouniversodebrasileiros. nr\IBR(.: ‘- Ea lYS çA:rrYBCP\RE QUz 1 (Yr C RORIV r IREcEm '3/4À\00-10 DD JPij

É um outro mundo! Antônia das Pimentas, 40 anos, ao visitar Juazeiro, onde nasceu, descobrir lojas e ler pela primeira vez a placa da rua da casa de sua mãe.127

COMUNIDADE SOLIDARIA Evolução do Programa Alfabetização Solidária Módulo I** Módulo II Jan/Dez 97 Jul/Dez 97 Módulo III Jan/Jul 98 Módulo IV Jul/Dez 98 Estudantes 9.150 30.000 35.900 200.000 ' Alfabetizadores 442 1.479 1.833 10.000 : Municipio/Taxas 38 120 148 581 , de Analfabeti mo* 55% 48% 42% 40% Empresas 11 21 42 48 Universidades 38 80 105 152 " índices de analfabetismo na faixa de 15 a 19 anos (censo de 1991) "11 Projeto profissionalizantePiloto para complementaros módulos de alfabetização. Parcerias voluntárias, trabalho criativo, participação comunitária, descentralização e respeito à diversidade cultural, avaliação constante dos resultados e prestação de contas são alguns dos ingredientes que explicam o êxito do programa e sua expressiva expansão em menos de dois anos. O projeto piloto, lançado em janeiro de 1997, em 38 municípios atendeu a pouco mais de nove mil alunos. A avaliação do segundo módulo —julho a dezembro de 1997— mostra que 74% dos alunos matriculados aprenderam a ler e escrever palavras, frases ou pequenos textos. Quinze meses depois, já estavam sendo alfabetizados 75 mil alunos em 148 municípios, onde as taxas de analfabetismo são as mais elevadas do País. Em julho de 1998, a expansão do programa foi garantida para 581 municípios, entre os quais 460 em regiões afetadas pela seca. Duzentos mil alunos estão sendo alfabetizados nesse quarto módulo.

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Você tem fome de quê? Quando chegou a Beliápolis pela primeira vez, em julho de 1997, com a missão de escolher o coordenador local •- José Mário Nunes Santos -, os 12 alfabetizadores e formar as primeiras 10 salas do Alfabetização Solidária, Sueli ficou impressionada com a musicalidade do lugar: "No Nordeste, as pessoas pegam o violão desde pequenas e cantam nas rodas e nas festas. Que textos formais poderiam estar mais próximos de urna comunidade com tão poucas oportunidades de convívio com a linguagem escrita do que as letras de suas canções preferidas?", pensou a educadora. E a música foi então adotada como fio condutor desse processo de alfabetização para substituir, nas aulas, os textosParaescritos.oalfabetizador Luciano Alves da Silva, 24 anos, a idéia de cantar com os alunos foi um grande alívio, já que ele canta e toca violão desde menino: "Essa foi minha chance de juntar duas paixões, cantar e trabalhar com a comunidade. Fiquei tão animado que sai pelos bairros fazendo matricula com um colega e dizendo que vinha ai uma escola diferente, que ia tratar dos assuntos da comunidade e da cidadania com música." Fugindo do simples be-a-bá, a turma de alfabetizadores de bleliopolis está ficando craque em explorar todas as emoções e significados que as canções podem suscitar, tornando as aulas muito mais criativas. Como? Imagine a população de Arrozal, povoado a 15 quilômetros da zona urbana de Heliópolis, cantando à luz de lampiões, os versos da instigante Comida, do poeta Arnaldo Antunes, exTitãs: "Comida é pasto/ Bebida é água/ Você têm fome de quê?"... A partir desses versos não fica difícil pensar em conversas sobre alimentação, abastecimento, subsistência e qualidade de vida, entre tantas outras indagações rolando soltas na classe, Mallpapo animado, capaz de espantar o cansaço depois de mais um dia na lavoura.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

As universidades se articulam através do Conselho de ReitoresCrub; empresas adotam um ou mais municípios e cobrem metade dos custos; o MEC distribui material didático de apoio a bibliotecas e financia a outra metade. Finalmente, as prefeituras instalaçõesgarantempara as aulas e apóiam a coordenação.

SECRETARIA-EXECUTIVA

COMUNIDADE SOLIDÁRIA

A crença na capacidade de o Estado brasileiro arcar sozinho com a responsabilidade de combater as desigualdades e eliminar as causas da exclusão social vem sendo substituída por um responsabilidadereconhecimentocrescentedaimportânciadequeessasejapartilhada.

A história da Comunidade Solidária confunde-se com os movimentos sociais que vêm marcando uma profunda mudança de atitudes da sociedade brasileira com respeito ao enfrentamento das graves questões sociais do Pais. Nessa mudança, a crença na capacidade de o Estado brasileiro arcar sozinho com a imensa responsabilidade de combater as desigualdades e eliminar as causas da exclusão social vem sendo substituída por um crescente reconhecimento da importância de que essa responsabilidade seja partilhada por todos aqueles que disponham de modos e de meios para torná-la mais efetiva.

O braço governamental da Comunidade Solidária, representado por sua Secretaria-Executiva, compartilha com o Coep os mesmos valores e objetivos. A Secretaria-Executiva opera por iniciativa e em nome do governo mediante mandato próprio. Já o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep surge de um movimento espontâneo, oriundo de iniciativas dos servidores e dirigentes de empresas estatais, expressando a crescente determinação das empresas - de A teoperaSecretaria-Executivaporiniciativaeemnomedogovernomedian-mandatopróprio.-

Fani Lerner, interlocutora da Comunidade Solidária no Paraná.

Estimular a participação da sociedade e articular as ações de governo são atividades complementares. Nenhuma delas, isoladamente, é capaz de produzir os efeitos esperados. A Comunidade Solidária foi criada para responder ao desafio da complementaridade. A ela incumbe mobilizar, articular, integrar, disseminar o conhecimento e as informações resultantes dessas iniciativas, buscando aumentar a eficiência das ações públicas e ampliar a participação da iniciativa privada em programas e projetos voltados para o combate às causas e às conseqüências da exclusão social.

DA COMUNIDADE SOLIDÁRIA Tecendo uma rede de solidariedade Romper com a prática assistencialista nas três esferas de governo é o grande desafio dessa rede de parceiros no enfrentamento à pobreza. Essa nova forma de trabalhar a questão social-se concretiza quando outras áreas como educação, saúde, agricultura e trabalho se integram com o objetivo comum e único de melhorar as condições de vida da população pobre de nosso país.

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É possível afirmar que o produto mais inovador da Comunidade

Sem descuidar da mobilização dos atores sociais, a SecretariaExecutiva concentra sua ação na parceria inter e intragovernamental, voltada para a implantação de um elenco de programas governamentais de combate à pobreza, nas áreas de saúde, alimentação, educação, geração de ocupação e renda, moradia, e pequená agricultura familiar. Passados três anos de sua criação, a Comunidade Solidária já tem um conjunto expressivo de realizações sinalizando que está no caminho certo. Deve ser registrada, inicialmente, a aplic4ão de R$ 4,9 bilhões, a fundo perdido, no triênio 1995/1997, e a incorporação de 1.369 municípios

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

O produto mais inovador da Comunidade Solidária é a construção de uma "rede de parceiros" que revela uma nova forma de conceber e trabalhar a questão social.

Destacam-se entre as ações já impleméntadas ou em andamento: implantação da Central de Atendimento sobre Cooperativismo no Ministério da Agricultura e do Abastecimento (SDR-Denacoop); desenvolvimento do Programa Nacional de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, que teve inicio na Coppe-UFRJ e hoje se estende para outros cinco estados (Ceará-UFC, Minas Gerais-UFJF, Bahia-Uneb, São Paulo-USP e Pernambuco-UFPE), com o apoio da Finep e da Fundação Banco do Brasil; realização do Seminário Nacional de Cooperath,ismo do Trabalho, bem como a divulgação dos resultados das propostas de encaminhamentos; acompanhamento e apoio à aprovação de projeto áe lei de incentivo ao cooperativismo; e criação de grupos de trabalho sobe os temas capacitação-educação, produção de informações e legislação.

Como exemplo dessa integração com o Coep pode ser destacada a criação do Fórum de Cooperativismo. Trata:se de um espaço de caráter consultivo e de articulação entre as diversas entidades participantes, atuando como um mecanismo de apoio ao desenvolvimento sustentável, ao crescimento econômico e à integração da economia informal, de forma a propiciar capacidade competitiva e absorção de mão-de-obra, além de ser mais uma forma de minimizar o êxodo rural.

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Solidária é a construção de uma "rede de parceiros" que revela uma nova forma de conceber e trabalhar a questão social. As redes são constituídas sem hierarquia, por adesão dos parceiros e funcionam com base no engajamento dos seus integrantes. Na construo desta rede, a Comunidade Solidária vem trabalhando junto com o Coep; buscando integrar as ações de ambas as entidades para atender aos objetivos comuns.

início aquelas controladas pelo Estado e cada vez mais as de capital privado - em assumir sua parcela de responsabilidade social.

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COMUNIDADE SOLIDÁRIA pobres, como áreas de ação prioritária, onde se busca a convergência dos programas de combate à pobreza. Cerca de 38% do total dos recursos aplicados no triênio - equivalentes a R$ 1,8 bilhão - foram direcionados para essas municipalidades.OaportedaComunidade

O universo da Rede Comunidade Solidária está em expansão. Unia de suas qualidades é a necessidade depennanente interação. Portanto, a Rede se alimenta de sua própria essência.

aos municípios mais pobres - diretamente, por meio da transferência de recursos financeiros, e, indiretamente, liberando-os de algumas exigências legais - contribuiu decisivamente para implementar ações que, de outro modo, não teriam sido realizadas. Assim, observa-se um significativo aumento do número médio de programas recebidos pelos bolsões de pobreza. De um conjunto de 16 programas, a média de programasietmbidos pelos municípios prioritários passou de cerca de oito programas em 1996 para cerca de 10 programas em 1997. O acesso a um conjunto de 10 ou mais programas foi atingido por 17% dos municípios prioritários em 1.996 e por 50% dos municípios em 1997.

Hailton Curi - Secretário Executivo da Comunidade Solidária em Minas Gerais. Nas diversas áreas de atuação do governo, destacam-se, como exemplos: Saúde, Alimentação eEducação:somente no exercido de 1997,0 Ministério da Saúde investiu cerca de meio bilhão de reais em ações que visam à redução da mortalidade na infância, tais como o combate à desnutrição materno-infantil, aleitamento materno, imunização e saneamento. Além disso, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS expandiu entre 1994 e 1998 o número de agentes de 28 mil para os atuais 80 mil, atendendo, aproximadamente, oito milhões de famílias. De um conjunto de 17 . programas, a média implantada nos municípios prioritários passou de cerca de oito programas em 1996 para cerca de 10 em 1997.

O impacto da ação da rede Comunidade Solidária pode ser visto, na área da educação, ao se analisar a eVolução das matrículas escolares. Os municípios prioritários - exceto capitais - aumentaram em dois anosde 1996 para 1998 - em 18% d número de matrículas das crianças de 7 a 14 anos. Esse resultado é ainda mais expressivo quando cotejado com o aumento das matrículas em todo o País: 8,0%.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, gerenciado pelo FNDE-MEC, aplicou, em 1997, R$ 672 milhões no atendimento de 35 milhões de crianças, ou seja, um incremento de cerca de R$ 260 milhões em relação a 1994. É de se registrar que nos últimos três anos o programa da merenda escolar teve o melhor desempenho de toda sua história.

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Moradia: o Programa de Ação Social érn Saneamento - PASS e o Programa Habitar-Brasil, executados,pela Sepurb/MPO, em parceria com a Caixa Econômica Federal, criados em 1996, aplicaram dos recur-

O esforço do Ministério da Saúde, no combate à mortalidade infantil, tem contribuído para melhorar os indicadores de internações e óbitos em crianças menores de cinco anos. Observou-se, nos municípios que recebem atenção prioritária da Comunidade Solidária, uma queda de 18% no número de internações de crianças menores de cinco anos entre 1994 e 1997. Os óbitos, nessa mesma faixa etária e nesse mesmo período, reduziram-se em cerca de 28%. Ademais, a mortalidade dessas crianças por deficiências nutricionais apresentou, entre os anos de 1994 e 1997, uma diminuição significativa, da ordem de 68%. A distribuição de cestas de alimentos pelo Prodea, a cargo da Conab-MAA, quintuplicou, entre 1995 e 1997, passando de três milhões de cestas em 1995 para 15 milhões em 1997. São atendidas, atualmente, cerca de um milhão e meio de famílias indigentes nos municípios-alvo da ação prioritária da Comunidade Solidária, exclusive as capitais, mais famílias indígenas e trabalhadores em acampamentos rurais.

O impacto da ação da rede SolidáriaComunidadepodeser visto, na área da educação, ao se analisar a evolução das matrículas escolares. Os municípios prioritáriosexceto capitais - aumentaram em dois anos - de 1996 para 1998 - em 18% o número de matrículas das crianças de 7 a 74 anos.

O Programa Nacional de Transporte Escolar, cuja execução está também a cargo do FNDE-MEC, já beneficion, no triênio 1995/1997, um total de 1.228 municípios prioritários. O resultado deste programa pode ser medido pela avaliação realizada pela Secretaria Estadual de Educação do estado de Minas Gerais. Em 1996, foram beneficiados naquele estado 18 mil alunos de escolas rurais do ensino fundamental, dos quais 7,6 mil (42%) retornaram às escolas graças à oferta do serviço de transporte escolar.

COMUNIDADE SOLIDÁRIA sos orçamentários, no biênio 1996 / 1997, cerca de R$ 1,1 bilhão objetivando a melhoria das condições habitacionais, de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário das famílias carentes.

Ocupação e Renda: o Programa de Geração de Ocupação e RendaProger aplicou cerca de R$ 3 bilhões em financiamentos, sendo R$ 1,1 bilhão nos centros urbanos e R$ 1,9 bilhão nas áreas rurais. Esses recursos do FAT são aplicados mediante a supervisão do Ministério do Trabalho.

Luiz Carreira, Secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia, interlocutor. A Comunidade Solidária continua a enfrentar grandes desafios. Dentre eles está o de consolidar o desenvolvimento dos municípios mais pobres e, assim, erradicar o atraso e a estagnação que marcam os bolsões de pobreza do País. Doravante, os esforços da rede Comunidade Solidária deverão concentrar-se em torno de cinco grandes eixos: *ampliar o atendimento nos municípios prioritários: ou seja, aumentar a cobertura dos programas nos bolsões de pobreza e aprimorar a

Agricultura Familiar o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar —Pronaf, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, concedeu financiamentos de R$ 2,2 bilhões no triênio 1995 / 1997 aos produtores familiares. Além dos financiamentos concedidos para custeio de safras e realização de investimentos rurais, o Pronaf aplicou cerca de R$ 71 milhões em infra-estrutura municipal, capacitação e profissionalização de agricultores familiares, em 1997. Por sua forma de gestão participativa, a Comunidade Solidária tem sido decisiva para o aumento da eficácia dos programas sociais.

O Plano Nacional de Formação Profissional — Planfor, uma parceria do Ministério do Trabalho com os governos estaduais e municipais, capacitou 3,2 milhões de trabalhadores no biênio 1996 / 1997. Na área de geração de ocupação e renda e capacitação profissional, as análises realizadas pela Secretaria-Executiva indicam um esforço para direcionar as ações de qualificação profissional e crédito aos municípios mais pobres, que recebem atenção prioritária da Comunidade Solidária. Assim, 70% dessas municipalidades já foram contempladas com o Planfor e 50% com os financiamentos do Proger.

O universo da Rede Solidária está em expansão. Uma de suas qualidades é a necessidade permanente de interação. Portanto; a Rede se alimenta de sua própria essência. Hailton Curi, SecretárioExecutivo do Programa Comunidade Solidária em Minas Gerais.

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integração das ações no âmbito municipal.,Nesse sentido, uma atenção especial deverá ser despendida na capacitação dos administradores locais, governamentais e sociais. A Secretaria-Executiva da Comunidade Solidária já desencadeou, em parceria com o Ipea, um processo de capacitação para as equipes d'as prefeituras dos municípios prioritários, de modo a facilitar a ifnplementação local das ações de combate à fome e à miséria;

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

*promover o desenvolvimento sustentável desses municípios, reduzindo, no médio prazo, a dependência em relação ao governo federal;

*expandir o número de municípios que recebem atenção especial do Programa. A inclusão de novas localidades deve levar em consideração a existência de municípios não selecionados — que apresentam um quadro de carências sociais perverso - e que merecem, também, ser alvo do tratamento diferenciado promovido pela rede Comunidade Solidária. Os recursos adicionais necessários para a expansão são pequenos frente ao alcance das ações realizadas para reduzir a miséria e a exclusão social; ampliar o alcance dos programas inovadores implantados pelo Conselho Consultivo, intensificar as par erias com a sociedade civil e fomentar a participação cidadã; fortalecer e manter a coesão da rede Comunidade Solidária, instrumento sem o qual seria impossível a. realização de tantas ações importantes em tão curto espaço de ternpo.

Passados três anos de sua criação, a Comunidade Solidária já tem um conjunto expressivo de realizações sinalizando que está no caminho certo.

ANNAEntrevistaPELIANO Secretária-Executiva da Comunidade Solidária Nova forma de gestão das políticas públicas Qual a maior importância da Comunidade Solidária no cenário nacional? Anna Peliano -O Programa introduziu uma nova forma de gestão na área das politicas públicas, especificamente na área das políticas sociais Há muitas décadas se fala da importância de um trabalho integrado, da necessidade do enfoque multissetorial e dos limites das ações pontuais. O reconhecimento de que atuar exclusivamente na área da saúde, ou da educação, ou do trabalho, de forma isolada leva a resultados muito limitados não impedia, entretanto, que as instituições públicas e, também, algumas organizações nãogovernamentais continuassem a atuar a partir de uma lógica setorial. O grande avanço da Comunidade Solidária foi instituir um processo de trabalho muliissetorial e intersetorial, por meio da construção de uma rede de parcerias que se integram em tomo do compromisso de inovar na forma de agir no combate à pobreza A rede Comunidade Solidária vem responder às demandas básicas da população carente. Em torno desse eixo se constróem as parcerias? A.P. -Articulamos parcerias e criamos uma rede que trabalha com um objetivo comum. Sabemos onde queremos chegar. E essa idéia de convergir esforços para as regiões mais carentes, ajuda a viabilizar a gestão intersetorial. Feita a seleção dos municípios-alvo de uma atenção especial pelo critério da pobreza, que abrange simultaneamente carências nas áreas de saúde, alimentação, educação, moradia e trabalho, fica mais fácil agregar a atuação dos diversos atores para uma ação conjunta. O grande avanço está na gestão, no trabalho em rede, de forma descentralizada, envolvendo governo federal, governos estaduais, governos municipais e sociedade civil. Além dos ministérios, integram essa rede, empresas públicas e privadas e organizações não-governamentais, em um processo que se complementa, e muito, com o trabalho do Coep, responsável por uma ampla articulação voltada para os mesmos objetivos. De que forma o Coep acrescenta, tanto no âmbito nacional quanto regional? A.P.-O Coep tem uma grande importância. Soma com o Comunidade Solidária porque comungamos dos mesmos objetivos: o combate à pobreza e à exclusão social. Temos formas de trabalhar parecidas na medida em que trabalhamos por adesão. O Coep também está criando redes, nacional e estaduais, que vão estar mais atentas para O grande avanço está na gestão, no trabalho em rede, de federal,envolvendodescentralizada,formagovernogovernosestaduais,governosmunicipaisesociedade. 135

Sobretucio com os Coep's estaduais, percebernos o quanto o projeto está se fortalecendo, com a incorporação de muitas empresas estaduais e, mais recentemente, as empresas privadas, que estão sel organizando e até criando fóruns [específicos para trabalhar a M questaosocialI e disseminando a idéia de empreswcidadã. O govemo, por sua vez, Ritem convocado a sociedade civil para participar• de um esforço nacional de combate à exclusão social. Ora, não se pode ifazer um chamamento desses sem envolversunas próprias empresas e comprometê-las com o enfrentamento das questõelis:sociais.I TRABALHO E CIDADANIA

CENTRO DE TECNOLOGIA,

Qual a :responsabilidade do movimento &solidariedade liderado pelos funcionários das empresas públicas nos resultados já obtidos?

A. P. - Eu diria que tem sido a mobilização sólidária dos funcionários das entidades que participam do Coep que vem dando sustentação aos diversos programas exitosos de que temos conhedmento. Não bastaria o presidente da empresa dedarar intenção de executar pregramas sociais. Não avançaria se não houvesse a participação efetiva dos funcionários. Diria mesmo que, em muitos Casos, o engajamento da direção das entidades se deu em decorrência do engajamento dos próprios funcionários.Êntretanto, é bom destacar que Os avanços futuros também irão depender do esforço coletivo para manter acesa a chama dessa mobilização.

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O governo tem convocado a sociedade civil para participar de um esforço nacional de combate à • exclusão social. Não se pode fazer um chamamento desses sem envolver suas próprias empresas e' comprometé-las com o enfrentamento das questões sociais. a questão social. Nossos interlocutores da Comunidade Solidária participam dos Coep's estaduais. Ou seja, está se reproduzindo nos estados a integração que existe no âmbito nacional entre Comunidade Solidária e o Coep Nacional e a Secretaria Executiva da Comunidade Solidária e a Secretaria Executiva do Coep. Somamos esforços e vamos aprendendo, um com a experiência do outro, porque o Comunidade Solidária teve a sua origem mais ou menos no mesmo momento em que o copp foi criado, no Conselho de Segurança Alimentar. Temos um nascimento, de certa maneira, simultâneo, no mesmo berço; barros tido o apoio de empresas públicas.e entidades que fazem parte do Coep e temos divulgado suas acpct, no Brasil todo. É uma parceria de mão dupla. Além disso, Comunidade Solidária e Coep coordenam juntos o Fórum de Cooperativismo. Dentro do espírito 'de solidariedade, fazemos parte de uma mesma rede. Que caminhos podem ser percorridos para que as empresas públicas, em um número cada vez maior, venham a participar do Coep? AP. - A participação é um processo que está se consolidando dentro das empresas públicas e das empresas privadas. Vemos ampliar, cada vez mais, o número de empresas no Coep, ao contrário do que se temia no inicio: que aquele entusiasmo não passasse de uma "onda", tendendo a se diluir no tempo.

DE CONABNACIONALCOMPANHIA ABASTECIMENTO @CDMINISTÉRIO ABASTECIMENTODA AGRIGUbTURA

Eu e toda essa gente estávamos sem esperança no futuro. Um dia a minha mulher disse que não tinha nada em casa para comer. Peguei um saco e fui para o roçado. Apanhei alguns quilos de algodão, enchi o saco, coloquei na cabeça e saí rumo à comunidade. Um senhor me perguntou se aquele algodão era para vender. Ali mesmo dentro do mato fiz a venda e arranjei dinheiro para comprar o alimento que meus filhos precisavam. O algodão é um cheque, é o verdadeiro ouro branco. O sucesso ou o fracasso depende só de nós. A maneira como vínhamos plantando, seguindo o aprendizado dos nossos pais ou patrões, é totalmente diferente de hoje em dia. Naquela época não tínhamos a tecnologia, o conhecimento de como fazer. O Projeto Canindé é nosso e vai mudara vida da gente. Edmilson Pereira de Sousa, agricultor, vinculado à Unidade de Teste e Demonstração, localizada na comunidade de Iguaçu, município de Canindé. O Programa de Distribuição de Alimentos - Prodea integra o elenco de ações que compõem o Programa Comunidade Solidária, cuja execução se dá de forma integrada, envolvendo, na sua operacionalização-, a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab e diversos organismos públicos das esferas federal, estadual e municipal, bem como entidades religiosas e filantrópicas, organizações não-governamentais, associações comunitárias, sindicados e outros segmentos sensibilizados com as questões sociais de combate à fome e pela vida.

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A Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, tem por objetivos básicos: garantir ao pequeno e médio produtor os preços mínimos e a armazenagem para guarda e conservação dos seus produtos; suprir carências Na condição de instituição conjunturaPaís,eçãoresponsávelgovernamentalpelaexecu-depolíticasagrícolasdeabastecimentodoaConabtem,porforçadeleiedaprópriasócio-econô-micanacional,umpapelfundamentalnadistri-buiçãodiretadepro-dutosintegrantesdacestabásica.

Portanto, na condição de instituição governamental responsável pela execução de políticas agrícolas e de abastecimento do País, a Conab tem, por força de lei e da própria conjuntura sócio-econômica nacional, um papel fundamental na distribuição direta de produtos integrantes da cesta básica das famílias que não auferem renda capaz de lhes assegurar o acesso ao mercado convencional para aquisição desses bens, indispensáveis a uma sobrevivência digna.

Para o planejamento das ações do Prodea, principalmente no que se refere à definição da composição da cesta de alimentos e dos seus beneficiários, além da avaliação e acompanhamento, o governo federal criou uma Comissão Nacional de Coordenação Executiva - Conex, composta por membros representantes da Secretafia Executiva do Programa Comunidade Solidária, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1do Ministério do Exército, do Ministério do Planejamento e Orçamento, do Ministério da Fazenda, do Banco do Brasil, da Secretaria do Fórum 1Nacional da Ação da Cidadania contra a Fome e pela Vida e da Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, qe a coordena. O processo de parceria que envolve 9 Prodáa não se esgota nas fases de planejamento, coordenação e controle. Ele tem seu ponto alto na efetiva participação da comunidade, por intermédio cille Comissões Municipais de11Alimentação, constituídas pelo prefeito de cada município. Trata-se de Comissão criada por ato municipal, em articulação com a sociedade civil, composta por representantes da prefeitura, da Câmara de Vereadores

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alimentares em áreas desassistidas ou não suficientemente atendidas pela iniciativa privada; fomentar o consumo dos produtos básicos e necessários à dieta alimentar das populações carentes; formar estoques reguladores e estratégicos; participar da formulação da política agrícola; fomentar, por meio de intercâmbio com uniVersidades, centros de pesquisas e organismos internacionais, a formação e o aperfeiçoamento de pessoal especializado em atividades relativas ao setor de abastecimento.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

A Conab tem como objetivos básicos garantir ao pequeno e médio produtor os preços mínimos e a armazenagem para guarda e conservação dos seus produtos e suprir carências alimentares em áreas desassis tidas.

Para o cumprimento de seus objetivos, aempresa detém, além de um corpo técnico e operacional com comprovada experiência na promoção, formulação e execução das políticas agrícola e do abastecimento, representações em todos os estados da Federação, apoiadas por redes de armazéns gerais e de unidades de comercialização o que lhe permite atender a demandas da sociedade em relação ao abastecimento alimentar, notadamente dos segmentos dependentes da 'ação do governo federal.

(situação e oposição), entidades religiosas e filantrópicas, sindicatos, associações comunitárias (de bairro, de moradores etc.), agentes de saúde, professores, organizações não-governamentais (ONG's) e do Comitê da Ação da Cidadania contra a Fome e pela Vida, com, no mínimo, 10 e, no máximo, 15 membros.

Outra experiência de promoção da cidadania é o Projeto Canindé, no Ceará, uma forma de contrapartida dos beneficiários da cesta básica do Prodea, que surgiu a partir da organização das comunidades, que passaram a reivindicar das autoridades constituídas forma digna de subsistência, principalmente frente aos problemas climáticos comuns no Nordeste e, em particular, no município de Canindé - CE, uma das regiões mais castigadas pela seca. Em visita à região o Secretário-Executivo do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, com o objetivo de acompanhar a entrega de cestas de alimentos, ao buscar medir o grau de satisfação dos beneficiários, mostrou-se bastante impressionado diante da manifestação de um agricultor: "Quero trabalhar e não apenas receber cestas". Em reunião realizada com representantes de outros municípios da região, contemplados pelo Programa Comunidade Solidária e com assessores da Conab, foram discutidas formas e ações que pudessem contribuir para a melhoria da condição de vida da população beneficiada com a cesta de alimentos. Discutiu-se, ainda, a demanda de produtores, por intermédio da Comissão Municipal de AlimentaQuero trabalhar e não apenas receber cestas. Agricultor do município de Canindé.

São atribuições básicas da Comissão: selecionar e cadastrar os beneficiários; confeccionar e entregar senhas numeradas para o recebimento das cestas; elaborar relação das pessoas cadastradas na mesma ordem das senhas; instruir os beneficiários sobre o programa; credenciar, junto ao Pólo Regional de Distribuição a que vincular o município, quatro dos seus membros para retirar os produtos que compõem a cesta básica; receber e conferir as senhas com a relação dos cadastrados, autorizar e acompanhar todo o processo de distribuição das cestas; apurar, quando não envolvida, denúncias sobre todas as fases do programa; e elaborar relatório da operação, encaminhando-o aos setores competentes.

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Ali mesmo, dentro do mato, fiz a venda e arranjei dinheiro para comprar o alimento que meus filhos precisavam. O algodão é um cheque, é o verdadeiro ouro branco.

Francisco Sebastião da Silva, mais conhecido como "Caboclo, agricultor da UTD Ipueira da Vaca, Vide-presidente da Comissão dos Cotonicultores do Projeto Caninclé.1

O sucesso da experiência pode ser aquilatado também, pelo elevado interesse dos agricultores da região em participar da segunda false do projeto, cujo processo de cadastramento, em cursO, já registra cerca de 1.400 interessados, envolvendo em torno de 1.400 ha de terra a ser cultivada. Isto represénta cerca de 70% da meta estabelecida, que é de 2.000 ,gricultores, correspondente a uma área de 2.300 ha e o emprego de 23.000 quilos de sementes, parte delas oi3iunda da primeira fase e a outra adquirida, pela Conab, dos próprios produtores que participaram da experiência realizada neste ano agrícola de Ressalte-se,1998.por fim, o amplo processo participativo, envolvendo governo, iniciáiva privada e comunidades beneficiárias, cujas açõeg bastante harmonizadas geraram a comprovação dé que muita coisa pode ser feita no sentido do resgate da cidadania no meio rural. Esse projeto, hoje, é fonte derenda e emprego. A nossa esperança é que no próximo ano vamos estar com produção melhor, pois vamos ter duas; mini usinas para beneficiar os nossos produtos. Produção, saUde e educação é do que nossos filhos necessitam. E eles estão interessados em participar do Projeto Canindé, que também está dando condições às nossas esposas na criação de galinhas caipiras e artesanato. Eu não plantava algodão há mais de 12 anos, já nao acreditava mais vir algum dia a plantar de novo, mas a semente do governo provou que é de boa qualidade. Os agricultores que não conheciam estão querendo entrar após as conversas que estamos tendo nas comunidades, mostrando para eles que com pouca chuva tivemos uma boa produção e estamos recebendo nosso dinheirinho. Um companheiro vai receber mais ou menos R$ 695,00. Isto é mais ou menos sete meses de trabalho na frente de emergência. No futuro se todos nós ficarmos engajados, nós não seremos mais pequenos agricultores, mas sim pequenos empresários.

EUGÊNIOEntrevistaLIBRELOTOSTEFANELO

Presidente da Conab Presidente do Conselho Deliberativo do Coep - PR

Quando os desperdícios viram benefícios Qual a importância do Coep para a abertura de novas reflexões e ações no campo social? E.L.S. - Como entidade surgida de um movimento de lideranças preocupadas e envolvidas nas questões sociais, particularmente com a erradicação da fome e da miséria que vitima significativa parcela da população, o Coep assume especial importância como um fórum, por excelência, das discussões e reflexões sobre o tema e a conseqüente promoção de ações que visem a reduzir as desigualdades produzidas pela concentração da riqueza nas mãos de poucos. As entidades públicas que formam o Coep se mostram, através de dirigentes e funcionários, conscientes do seu papel social e do muito que têm a realizar. Afinal, elas existem para apresentar resultados concretos para a sociedade, em forma de serviços. Essa consciência a que me refiro está bastante evidente na própria adesão das 51 instituições integradas ao Comitê, a partir da convocação do saudoso Betinho, que dedicou sua vida à causa da pobreza e da marginalização, visando à redução das desigualdades sociais e regionais. O Coep, nos seus cinco anos de existência, contabiliza importantes ações, o que tem sido possível mercê da integração 'e responsabilidade assumida por cada entidade que compõe o Comitê. A criação de representações em nos esta'clos demonstra, de forma cabal, e'S'eengajamento. Os Coep's estaduais têm tido importância fundamental na integração comunitária e promovido projetos de grande alcanCe .social, não só pelo que vêm induzindo em termos de ajuda materià1, mas, principalmente, no que se refere ao incentivo de contrapartidá; visando ao resgate da cidadania. E a importância da participação dos empregados? E.L.S. - Sem o envolvimento dos empregados, as iniciativas até agora creditadas ao Coep, no combate à fome e pela melhoria da qualidade de vida de segmentos populacionais em estado de pobreza absoluta, não teriam produzido os resultados já alcançados. Daí, a grande imporSem o envolvimento dos empregados, as iniciativas até agora creditadas ao Coep, no combate à fome e pela melhoria da qualidade de vida de segmentos populacionais em estado de pobreza absoluta, não teriam produzido os resultados já alcançados.

O maior capital de uma nação é o trabalho COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA - COPPE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ

contexto, o projeto das Incubadoras de Cooperativas Populares vem somar de maneira bastante significativa na busca de trabalho e cidadania. De que maneira a Coppe avalia a adesão cada vez maior das empresas públicas ao Coep? S.E. — Somos testemunhas, em nossa história recente, a partir das privatizações, de mudanças evidentes no que diz respeito ao universo das empresas públicas. Grande parte delas está ficando pelo caminho e, em breve, não restarão muitas. A grande força do Coep tem sido a de aglutinar as empresas estatais para que elas possam ir além dos projetos na área do desenvolvimento econômico. É fundamental percebermos o momento que vivemos no sentido de aglutinarmos cada vez mais as universidades, entendendo o público com uma outra conotação e num sentido bem mais amplo. As universidades têm uma responsabilidade ainda maior e devem buscar se incorporar a esse movimento. Na Coppe estamos trabalhando para que a Engenharia de Produção se envolva e dê subsídios ao trabalho das Incubadoras, para que atuem juntas, buscando contribuir para que eáe movimento tenha sucesso e trabalhe com novas perspectivas. É preci5o que outras áreas também se aproximem e trabalhem em conjunto, assumindo o papel de vanguardaijunto ao projeto da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populáres, que, por si só, é um movimento de vanguarda.

Qual o papel da universidade neste processo? S.E. —Impossível prescindir da academia. As incubadoras buscam na academia suporte tecnológico e conhecimento, enquanto a academia tem na incubadora a referência da . prans para que o sucesso que hoje marca esse projeto se consolide e tenha continuidade, sem crise de identidade. O apoio é necessário e deve existir, de fato, envolvendo alunos e professores. Temos que contribuir para que esse movimento ganhe fôlego, com a consciência de que ainda existe um longo caminho a percorrer.

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É percebermosfundamentalo momento que vivemos no sentido de aglutinarmos cada vez mais universidades,asentendendoopúblicocomumaoutraconotaçãoenumsentidobemmaisamplo.

DE DE DADOSEMPRESAPREVIDÊNCIAPROCESSAMENTOSOCIALDATAPREV

encaminhamento para cursos já existentes, ¡pois seria difícil oferecer o ensino formal a partir da quinta série, em fundão da maior complexidade exigida nestes níveis e, também, dos custos' mais elevados. Neste caso aI Dataprev estaria, ainda, incorrendo no erro de pretender substituir a escolaQ enquanto instituição, sem ter infra-estruturá para esta demanda.

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Considerando o baixo nível de escolaridade, foi premente oferecer aos profissionais da Dataprev portadores de deficiência um projeto de escolaridade que, não tendo pretensões de resolver o problema da educação especial no Brasil, pudesse oferecer condições iguais para um futuro enquadramento no quadro de funcionários.

As primeiras turmas formadas em microinformática básica (1PD, Windows e Word) contaram com a participação de 14 surdos-mudos selecionados pelas entidades envolvidas, cuja instrutoria ficou a cargo do próprio presidente da Asal, também surdo-mudo e profissional da área de processamento de dados.

A iniciativa terá continuidade em outros estados, contribuindo dessa forma para a independência pessoal, social e profissional dos portadores de necessidades especiais, possibilitando assim o iesgate pleno de sua cidadania. 1

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Novas iniciativas O Escritório Estadual da Dataprev em Alagoas, na gestão atual, em articulação com a Associação dos Surdos de Alagoas - Asal e a Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais - Aappe, desenvolve um projeto de capacitação dos portadorá,de necessidades especiais na área de informática, cujo principal objetivo é a qualificação do deficiente físico visando à possibilidade deseu ingresso no mercado de trabalho.Através desse projeto, o escritório da Dataprev disponibiliza o seu laboratório de treinamento, fora do horário de expediente, para que as duas entidades realizem o treinamento de seus associados. O laboratório utilizado possui seis microcomputadores e uma impressora, além dos recursos de quadro branco, retroprojetor é projetor de imagens.

Em 14 de novembro de 1997, no Auditório de Furnas, a Dataprev participou do Seminário "Empresariado Trabalho e Eficiência na Era da Globalização", organizado pelo Centro de Vida Independente - CVI em parceria com a Apae-RJ, APCB, ABCA, CMDD, PPD, Feneis, Funlar, Furnas, Ines, IBC, Serpro, e Sinerj, com o apoio da Rádio MEC, TVE, Jornal D1-I, CCAA e Cefet, onde foi homenageada com o recebimento de uma placa comemorativa pelo Programa de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência no Mercado de Trabalho, por seu pioneirismo e, também, por ser referência para outras empresas.

RUI LOURENÇO MARTINS Presidente da Empresa de Processamento de Dados da Previdência - Dataprev Medidas simples fazem grande diferença A Dataprev já há alguns anos possui programas muito importantes, não só de desenvolvimento de recursos humanos, mas também de aprimoramento de pessoas para o mercado de trabalho. Dentre esses programas, o maior e mais importante da Previdência é o de geração de emprego para pessoas portadoras de deficiência física. A Dataprev prepara, qualifica e emprega essa mão- deobra na sua atividade-fim e em todos os seus setores, e, também, para o mercado externo, como força de trabalho no desenvolvimento da Previdência Social e da Dataprev. Os deficientes físicos que trabalham na Dataprev cumprem atividades tanto na área administrativa, quanto na área técnica e de produção. O nível de desempenho, em geral, é considerado excelente, o que pode ser creditado a dedicação, seriedade e concentração do grupo. Seja trabalhando em tarefas de maior ou menor complexidade, utilizando micros ou manuseando diversos tipos de máquinas, estes contratados parecem não medir esforços para melhorar a cada dia, mostrando, dessa forma, que nada os impede de crescer profissionalmente e que podem ser competentes e produtivos. Para viabilizar a comunicação com o contingente de surdos contratados pelo convênio, muitos colegas da empresa passam periodicamente por cursos internos de linguagem dos sinais, o que torna a integração entre todos mais fácil. Ao abrir suas portas para profissionais com necessidades especiais, a Dataprev procura, dentro do possível, adequar os seus ambientes de forma a reduzir as dificuldades que a sociedade impõe a essa parcela da população. Rampas de acesso, por exemplo, facilitam a vida daqueles que apresentam dificuldades de locomoçãomedidas aparentemente simples, mas que fazem grande diferença.

A maioria das pessoas não tem noção da importância do programa para os portadores de deficiência física e auditiva. Para eles, fazer parte do universo do trabalho é muito importante. Inseridos nesse novo mundo sentem-se úteis, integrando um contingente de mão-de-obra muitas vezes especializado, além de conseguirem realizar seus sonhos de consumo, como a aquisição de carros, roupas, sons etc. com seus próprios recursos e, principalmente, com a oportunidade permanente de novos conhecimentos.

A Dataprev procura, dentro do possível, adequar os seus ambientes de forma a reduzir as dificuldades que a sociedade impõe a essa parcela da população. Rampas de acesso, por exemplo, facilitam a vida daqueles que apresentam dificuldades de locomoção.

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_ DEPARTAMENTO DESENVOLVIMENTONACIONALENERGÉTICO DNDE SECRETARIA ENERGIA MINISTÉRIODE MINAS ENERGIA J P -.é iTvw arr -tra,-t;;;-.^;

Na vertente de energização comunitária, o programa atua em escolas rurais, postos de saúde, bombeamento d'água e irrigação comunitária, dessalinização, centros comunitários (igrejas, templos), postos de comunicação (rádio/telefone), instalações destinadas à produção comunitária, iluminação de segurança e hortas. Já nas áreas de energização residencial e dos processos de produção rural, as prioridades são a irrigação, o beneficiamento da produção, a eletrificação de cercas e outras aplicações produtivas. Finalmente, no que se refere à complementação da oferta de energia, o DNDE dirige seu apoio à O Prodeem trouxe a luz para milhares de famílias que vivem no campo. Com o aproveitamento das fontes de energia renováveis disponíveis na região contribui para o atendimento carentesnecessidadesdassociaisbásicasdaspopulaçõeseaelevaçãodarendanomeiorural.

Apesar das conquistas alcançadas pelo setor energético nacional, no sentido de proporcionar energia elétrica à população como um todo, somente 55% dos domicílios rurais e 33% das propriedades rurais têm, hoje, acesso à energia elétrica. Mais de 20 milhões de habitantes em todo o País permanecem sem a energia que permite a satisfação de necessidades mínimas de sobrevivência digna - água potável, alimento, saúde, educação -, e sem possibilidade de agregar o valor da energia ao produto agrícola para elevar a receita e gerar empregos no meio rural.

O Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e MunicípiosProdeem,coordenado pelo Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético - DNDE, vem trazendo, literalmente, a luz para milhares de famílias que vivem no campo. Com o aproveitamento das fontes de energia renováveis disponíveis na região, complementando os programas de eletrificação rural convencionais e substituindo a geração termoelétrica a diesel, o Prodeem contribui, de forma sistemática e permanente, para o atendimento das necessidades sociais básicas das populações carentes e a elevação da renda no meio rural.

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implantação de sistemas utilizando energias renováveis (pequenos potenciais hidráulicos, biomassa, energia solar fotovoltaica e térmica, energia eólica, sistemas híbridos e outros) através de projetos de interesse das concessionárias ou de produtores independentes de energia elétrica.

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A coordenação e a implantação de cada projeto são, progressivamente, descentralizadas para os níveis estadual e aenvolvendomunicipal,acomunidadeserbeneficiada.

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Há, ainda, a base tecnológica e industrial, voltada à promoção do desenvolvimento das tecnologias relacionadas com sistemas não convencionais de energia; à implantação de indústriás locais capazes de fabricar os produtos necessários a cada sistema e oferecer a respectiva assistência pós-venda; à capacitação de recursos humanos para a instalação, operação e manutenção dos sistemas energéticos e à formação de um mercado sustentado de energias renováveis no país. A coordenação e a implantação de cada projeto são, progressivamente, descentralizadas para os níveis estadual e rnufiicipal, envolvendo a comunidade a ser beneficiada. Coordenações estaduais e regionais são respon-

Sua base institucional é caracterizada pelo estabelecimento de convênios de cooperação entreos diversos parceiros interveniefitess; a base financeira, pela utilização de recursos orçamentários próprios, bem como pela identificação e canalização das fontes de finanCiamento disponíveis; a base organizacional é voltada à gerência descentralizada das atividades do programa, envolvendo de forma adequada as comunidades e as prefeituras, as coordenações estaduais e as demais instituições, governamentais e privadas, interessadas em participar do programa.

173 kr,trt',I. 1* DEPARTAMENTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO - DNDE sáveis pelos processos de formação e treinamento das equipes locais que se encarregarão da integração das ações dos parceiros nos estados e municípios, da seleção e elaboração dos projetos, de sua instalação e do acompanhamento dos resultados.

Para a implantação dos projetos de energização comunitária, de interesse social, o Ministério de Minas e Energia prevê a utilização das seguintes fontes de recursos, a fundo perdido: recursos orçamentários específicos do MME, alocados ao Prodeem; recursos orçamentários federais, estaduais e municipais; recursos de fundos públicos; e recursos privados, de ONG's e de organismos internacionais. Para a energização residencial e dos processos de produção rural, é prevista a utilização de linhas de crédito específicas, disponíveis ou em formatação nas instituições de financiamento e fomento nacionais (BNDES, BNB, Basa e outros) e internacionais (BID, Bird), além do aporte de recursos de investimento do setor privado interessado na produção de energia no meio rural. O MME poderá, ainda, promover a alocação de recursos, a fundo perdido, em projetos especiais destinados à comprovação de tecnologias em desenvolvimento; à demonstração da viabilidade técnica, econômica e social da aplicação dessas tecnologias; e à sua divulgação em todo o País. Todos os projetos devem prever a utilização de fontes renováveisenergéticaslocaise a solução proposta deve ser aquela de menor custo, quando comparada a.outras alternativas locais e a convencionais.soluções

A popularização das tecnologias, a partir da implantação contínua de projetos, atua como efeito multiplicador, atraindo o interesse de outros agentes e formando extensa rede de distribuidores, instaladores e mantenedores dos sistemas implantados. Além disso, nos treinamentos promovidos pelo MME, parceiros como o Sebrae, as universidades, escolas técnicas e outras organizações interessadas podem atuar como pólos multiplicadores do conhecimento das diversas tecnologias envolvidas, contribuindo para a auto-suficiência técnica em cada região. As sucessivas expansões do mercado, decorrentes da popularização das tecnologias empregadas, resultam em custos decrescentes dos sistemas.

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O MME já estabeleceu, na esfera federal, parcerias com as seguintes instituições: Programa Comunidade Solidária/PR; Secretaria de As-] 1suntos Estratégicos/PR; Ministério da Refórma Agrária e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 1-Incra; Ministério da Agricultura e do Abastecimento; Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos1Hídricos e da Amazônia Legal; Ministério da Educação e do Desporto; Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras; Centrais' Elétricas Brasileiras S.A.Eletrobrás; Furnas Centrais Elétricas S.A.;:dentrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte; Companhia HitIrp Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf; Fundação Banco do Brasil - FI313; Fundação Teotônio Vilela FTV; Banco do Nordeste do Brasil S.A.' BNB; Banco Nacional de A popularização das tecnologias, a partir da implantação continua de projetos, atua como efeito sistemasformandooutrosatraindomultiplicador,ointeressedeagenteseextensaredededistribuidores,instaladoresemantenedoresdosimplantados.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Ações integradas Cada subprogra ma envolve a parceria!do setor de energia com agentes distintos, utilizando processos, setodologias e tecnologias específicas e promovendo a alocação de verds provenientes de diversas fontes. Assim, a parceria com os órgãos interessados ou responsáveis por cada tipo de projeto é essencial para evitar a dispersão de esforçosIe de recursos, para orientar as iniciativas id1as diversas instituições e, também, para promover a integração das providências decorrentes, permitindo a ação integrada, completa e simultânea dos agentes e a obtenção de benefícios permanentes para âs comunidades.

O canal preferencial de comunicação com o Ministério de Minas e Energia é o Coordenador Estadual. Desta forma, as comunidades interessadas devem, através de seus prefeitos ou líderes comunitários, entrar em contato com o Coordenador Estadual, de maneira a subsidiá-lo com os dados necessários, visando ao enquadramento no Prodeem. Todos os projetos devem prever a utilização de fontes energéticas renováveis locais e a solução proposta deve ser aquela de menor custo, quando comparada a outras alternativas locais e a soluções convencionais (extensão de rede e geração a diesel).

Desenvolvimento Económico e Social - BNDES; Winrock International; e o Ministério da Ciência e Tecnologia e secretarias de Estado e Concessionárias Estaduais que atuam como coordenadores do Programa no nível regional.

O Ministério de Minas e Energia e seus parceiros, no âmbito federal, disponibilizarão os recursos relativos à compra dos equipamentos destinados aos sistemas de produção de energia (módulos solares, baterias, inversores, controladores de carga, aerogeradores, motores, turbinas etc.). Na fase inicial, o MME vem promovendo a aquisição desses equipamentos, oferecendo-os sob o regime de comodato para a instalação dos sistemas. O objetivo, no entanto, é descentralizar essa atividade para os estados e municípios, à medida que sejam criadas condições locais favoráveis e instituídos os programa em cada região.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO - DNDE

A localidade que tenha recebido os benefícios comunitários do Prodee_m/Social pode estender o projeto para a energização de residências, 175

Coordenações estaduais e regionais são responsáveis pelos processos de formação e treinamento das equipes locais que se encarregarão da integração das ações dos parceiros nos estados e municípios, da seleção e elaboração dos projetos, de sua instalação e do acompanhamento dos resultados. 176

Também os projetos de energização de Processos produtivos rurais, destinados à agregação de valor ao produto agrícola, elevando a receita dos produtores e gerando empregos no meio rural, terão suas aplicações sujeitas à obtenção de financiamento pelóàeneficiários interessados (produtores rurais, cooperativas, associaçõS de assentados e outros), por I concessionárias ou por produtores independentes de energia. Também nesses casos, o MME poderá alocar recursos á fundo perdido destinados à viabilização de projetos especiais, independente da vertente considerada, quando esses projetos puderem ser enquadrados em uma ou mais das seguintes condições: projetos-demonstração'; divulgação de tecnologia ou de soluções energéticas; estabelecimento de çnodelos para multiplicação; treinamento e criação de infra-estrutura de a: poio ao programa.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA utilizando linhas de financiamentos específicas, já disponíveis no Banco do Nordeste do Brasil e em formatação no¡BNDES. Os coordenadores estaduais deverão articular-se com as prefeithras e comunidades visando a desenvolver projetos nessa direção, cuj4 •Iriabilidade dependerá da capacidade de pagamento da população a ser beneficiada. O MME/DNDE fornecerá todo o apoio necessário à verificiMo dessa viabilidade e ao credenciamento para utilização das linhas de &éditos disponíveis.

O Prodeem é coordenado pelo Departainento Nacional de Desenvolvimento Energético do MME, que utiliza o apoio técnico-administrativo da Eletronorte e da Chesf e o suporte tecnológico do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - Cepel.

Para tanto, o Prodeem, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, em parceria com os demais órgãos da administração pública federal, estadual e municipal e com o setor privado, vem estimulando o desenvolvimento de um mercado de produção e uso locais de energia, a partir do aproveitamento das fontes renováveis e descentralizadas - pequenos potenciais hidráulicos, resíduos agrícolas e florestais, óleos vegetais, energias solar e eólicadisponíveis em todo o Pais.

A presença da energia nessas comunidades cumpre, assim, uma função social relevante, indispensável à sustentação do desenvolvimento nacional e à melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros. Sua ausência, por outro lado, constitui um inequívoco vetor de subdesenvolvimento.Em1998,deverãoser beneficiadas cerca de 1.500 comunidades em todo o país. A meta, em 1999, é o atendimento a 4.000 comunidades rurais.

O Prodeem foi instituído pelo Decreto Presidencial de 27 de dezembro de 1994, com os objetivos de apoiar o atendimento das demandas sociais básicas das comunidades carentes que habitam localidades ainda não supridas por energia e viabilizar a agregação de valor ao produto agropecuário, elevando a renda e gerando empregos no meio rural.

EUGÊNIO MIGUEL MANCINI SCHELEDER Diretor do ONDE Iluminando outros horizontes

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A presença da energia nessas comunidades cumpre, assim, um:a função social relevante, indispensável à sustentação do desenvolvimento nacional e à melhoria da qualidade de vida de todo os brasileiros. Sua ausência, por outro lado, constitui um inequívo.co vetor de

1.500calidadesemtaçãosubdesenvolvimento.OProdeemtevesua:implan-efetivainiciadaem1996,comainstalaçãodesistemasenergéticos100localidades,distribuídasportodososestados.Em1997,fo-ramrealizadosprojetosem300lo-adicionaise,em1998,de-verãoserbeneficiadascercadecomunidadesemtodooPaís.IncluídonoProgramaBrasilem

Existem no Brasil mais de 100 mil comunidades e 3 milhões de propriedades rurais não atendidas por eletricidade. Cabe ressaltar que as comunidades rurais sem energia permanecem condenadas ao subdesenvolvimento, constituindo um enorme contingente de pessoas cuja integração econômica, social e cultural tende a se processar pela migração para os centros urbanos mais desenvolvidos.

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Os benefícios na área social representam a energização de escolas, postos de saúde e centros comunitários, o abastecimento de água, o acesso à informação e à comunicação e a comunitáriaproduçãodealimentos.

É importante ressaltar exemplos de resultados já obtidos com o exercício do programa. Na Carvoaria Garimpo, em Ribas do Rio Pardo/MS, a energização de uma escola proporcionou a implantação de ensino à distância e duplicou o número de alunos. Em Comercinho/ G, a comunidade de Maca1cos passou, a partir- do abasteciMento de água para irrigação comunitária, a produzir alimentos sun,c entes para a nutrição da população e iiiara a venda de excedentes destinados à merenda escolar do munic Pio, gerando emprego e renda na comunidade.

Det4ro do esforço emergencial de camba1te à seca, desenvolvido pelo Prodeem1 nas regiões mais atingidas do Nordeste, a disponibilidade de água, ob1tida por sistemas de bom-beamento1 utilizando energia solar, .viabil zolu a permanência da população naIs localidades, evitando sua migraçao_1 para as cidades vizinhas. Alinh1ado com o Programa Comunidaide Solidária, o Prodeem Utiliza o fórum de articulação desenvoldo pelo Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome i pela Vida - Coep, constituindo a contribuição do setor de energia 1para a ~plantação de soluções esfruturantes1 no combate à fome e à 'miséria no interior do País.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Ação, o Prodeem tem como meta, em 1999, o atendimento a 4.000 comunidades rurais. Os benefícios na área social representam a energização de escolas, postos de saúde e centros comunitários, o abastecimento de água, o acesso à informação e à comunicação e a pr,odução comunitária de alimentos. Cada projeto envolve um investimento médio entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. A coordenação do programa é descentralizada para os níveis estadual e municipal, e a execução é orientada pelo nível mais próximo da comunidade, em parceria com todos os agentes interessados, em especial com as áreas da. educação, saúde, saneamento e de desenvolvimento rural.

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DEEMPRESA CORREIOSBRASILEIRA 2120'quero Quandoastronauta,médico,funcionário... C11921@2ffo

O ingresso dos jovens que integram o programa ocorre por intermédio de instituições filantrópicas legalmente constituídas que firmam convênio com a ECT.

H oje em dia é difi'cil achar emprego. A procura é muito grande. Quando era pequeno queria ser astronauta. Juliano Alves, participante do programa - PR.

Através do Programa Correios Educando para o Futuro, a ECT está viabilizando a inclusão no mercado formal de mais de sete mil adolescentes, que integram seu corpo funcional e são contemplados, além da remuneração, com benefícios sociais da empresa e do estado. Incentivando a escolaridade com o desenvolvimento de projetos sócio-educativos, o programa constitui importante resposta para positivas mudanças sociais no que se refere ao trabalho de jovens em condições adequadas. Em consonância com a politica do Governo Federal no que se refere a medidas que minimizem a problemática do adolescente oriundo de famílias de baixa renda e afirmando a responsabilidade social das empresas públicas, a Empresa Brasileira de Correios iniciou, em 1994, o Programa Correios Educando para o Futuro, com o objetivo promover o desenvolvimento educacional e social do adolescente com vistas a melhoria de sua qualidade de vida, possibilitando a vivência em circunstâncias reais de trabalho e a participação em atividades educativas, sociais, culturais e de lazer.

O trabalho dessas instituições que estão à frente dos menores é de extrema importância, sendo inclusive escolhidas a dedo. Procura-se conhecê-las antes, ver como trabalham, como é a organização administrativa de cada uma e quem a comanda.

Você tem mais responsabilidade. A gente recebe nosso próprio dinheiro. O que aprendemos aqui é para o nosso próprio futuro. No começo ficamos pensando como vai ser, se vamos nos adaptar bem. Depois tudo se encaixa. Meu sonho é ser médico. Lindomar José da Costa, participante do programa - PR. 181

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Eu posso ter o meu próprio dinheiro para ajudar minha família e para comprar o que preciso. Meu sonho é ser funcionária dos Correios e ajudar cada vez mais minha família. Alexsandra programaparticipantePereira,do-PR

Heráclito Charão Palmeira, Chefe da Regional de Ponta Grossa - PR.

Para participar, alguns pré-requisitos são necessários, como renda familiar de até três salários mínimos, idade mínima de 15 anos e comprovação de freqüência ao ensino regular, a partir da quinta série. Não basta freqüentar a escola. É necessário apresentar um rendimento escolar satisfatório.

A jornada de trabalho é de quatro horas diárias, de segunda a sexta-feira, sem autorização para trabalhar horas extras. Além da remuneração compatível com ajomada de trabalho, os jovens recebem os seguintes benefícios: vale-transporte, cesta básica, assistência média e odontológica nos ambulatórios da ECT e, como uniforme, camiseta específica.

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Fazemos todo um check-up antes de assinar o convênio.

Implantado em todas as Diretorias Regi )nais da empresa, o programa conta atualmente com cerca de 7.300 addlescentes, meninos e meninas, que desenvolvem atividades de apoio nas áreas administrativa, operacional e de atendimento.

Os jovens se tornam mais responsáveis, mais seguros de si, mais valorizados por estaiem trabalhando, desempenhando uma função. E

Nilson de programaparticipantePaula,do-PR.

INICIATIVAUMA AEIRROFUNb7CçÃoDAPECOSDIREITOSDAIPCRI41ÇA

José Gilberto Baggioto, Chefe do CDD de Nova Rússia - PR.

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Trabalho com eles há mais de um ano. A maioria desempenha bem as atividades. Nós acompanhamos. O trabalho não é problema para eles. Augusto Nicolaio, Chefe do CDD Ponta Grossa - PR Considerando que o programa tem por objetivo enfatizar o desenvolvimento sócio-educativo dos seus integrantes, são realizados pelos técnicos de Recursos Humanos dos Correios - assistentes sociais, psicólogos, instrutores e médicos - em parceria com recursos da comunidade - instituição conveniada, Sesi, Senac, Sebrae e universidades - diversas atividades através de treinamentos -encontros, debates, seminários, palestras oficinas e dinâmica de grupo - abordando temas educativos/preventivos, dentre os quais se destacam: competitividade e mercado de trabalho; relacionamento interpessoal; relacionamento familiar; projeto de vida e cidadania; sexualidade e gravidez na adolescência; Ai ds e doenças sexualmente transmissíveis; alcoolismo e outras drogas; e atividades que venham contribuir para o desenvolvimento mental, espiritual, emocional, moral e social.

EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS•E -TELÉGRAFOS ECT

Com vistas a facilitar o processo de ambientação do adolescente à empresa, é realizado treinamento aos recém-admitidos, abordando questões referentes à estrutura dos Correios, direitos e deveres, benefícios e orientações educativas que favoreçam seu relacionamento interpessoal.

Para desempenhar o papel de orientadores, os empregados da ECT também recebem um treinamento que os capacita a conduzir e a acompanhar, de forma adequada, as atividades dos adolescentes nas áreas em que atuam, bem como a respeitar e entender as peculiaridades dessa faixa etária, para que contribuam positivamente no desempenho profissional e pessoal do grupo que estarão orientando. Minha mãe está doente, e não pode éajudá-la.Trabalhando,trabalhar.possoMeusonhosermédico.

a família nos informa que o respeito é maior. Com certeza, receberia mais jovens para trabalhar aqui. Isso acontece sempre que é possível a liberação de vagas. É importantíssimo para nós.

A gente sente a brusca mudança dos alunos quando eles começam a participar destes programas. Em sala de auk, com os amigos, na relação professor-aluno, com a equipe pedagógica.'

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Todos participam, ainda, de atividades esportivas e de lazer - campeonatos esportivos, comemorações, jogos de salão e gincanas - e de atividades culturais - teatro e coral da empresa -, o que tem fortalecido a auto-estima e gerado profundas mudanças de atitude na escola, na família e na comunidade.

Rosângela Valentim F. da Silva, Supervisára de Ensino Escola Divino Operário - Ponta Grossa - PR. Em fevereiro de 1998, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente concedeu aos Correios, emâmbito nacional, o titulo de "Empresa Amiga da Criança", em decorrência das ações desenvolvidas pela empresa com os seguintes prograrbas sociais: Criança e Cidadania, Correios Educando para o Futuro e Carteiro Amigo. Além de suprir a carência de mão-de-obra em alguns setores da empresa, são projetos que têm permitido que esses meninos e meninas sonhem com um futuro melhor.

Luiz Roberto da Silva, participante do programa - PR.

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Achava que era difícil aprender. Aprendi miuita coisa e rápido.

É uma grande experiência trabalhar nos Correios, já que sou menor de idade. Aqui posso aprender algum tipo de serviço para ser alguém no futuro. Angelo Enéas dos Santos, participante do programa - PR.

• a CENTRAIS ELETRICAS ELETROBRÁSBRASILEIRASS.A. • • ii o o o

F ui criado em colégio interno desde que nasci. Não como menino de rua, mas como criança longe da família. Minha mãe não me abandonou, ela tinha de trabalhar e não podia me criar. Passei por várias instituições. Com 13 anos, comecei a fugir. Nessa idade, para um menino criado em internatos, a rua parece mais atraente. Era engraçado. Fugia e depois sentia remorso. Pensava: puxa! Aqui tá frio, tô com sede, tô com fome. Lá, bem ou mal, teria o que comer, onde dormir. Então, voltava. Mas era complicado. Eu ia na assistente social da Febem e pedia para voltar. Fazia isso sozinho. Ninguém me "caçava" na rua, não. Voltava por livre e espontânea vontade. Até 15 anos, estudar não era importante. De internato para internato, a última coisa que passa pela cabeça é estudar, a não ser que tenha alguém te incentivando, o que não era meu caso. Cheguei a estudar em um Ciep por volta de 10 anos. Fiz a primeira e a segunda séries. Depois, parei e a vida foi continuando. Quando entrei para a São Martinho conheci uma pessoa que hoje tenho como pai. Se eu estudasse e trabalhasse, ele me deixaria ficar lá. Então, comecei a estudar de novo. Entendi que, para ser alguém na vida, o básico é ter estudo. Fiz a sexta série no Sesi e concluí o primeiro grau. Moro sozinho e de graça na sede de uma associação. Como não tenho despesas com luz, água, telefone, estou aproveitando esta oportunidade para estudar e talvez seguir carreira militar. Tive o privilégio de terminar o primeiro grau no Sesi. Poucas pessoas têm e, por essa razão, abracei de corpo e alma. No futuro, com certeza, vai me servir muito.

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Alan Valentim, 19 anos, Rio de Janeiro. Consciente da impor[anda do Açõesformalizourealizado,trabalhoaEletrobrássuaparti-cipaçãonoCoep,apre-sentandoumPlanodeconstituídodeprogramasemergenciaisepermanentes,cadaqualcomseusprojetosespecíficos.

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No início dos anos 90 ações individuais e estanques de ajuda a entidades filantrópicas e até de socorro a comunidades carentes ainda não organizadas, foram aos poucos, . sensibilizando e mobilizando um número cada vez maior de funcionários.

Tudo começou no inicio dos anos 90, com ações individuais e estanques de ajuda a entidades filantrópicas e até de socorro a comunidades carentes ainda não organizadas. Aos poucos, sensibilizando e mobilizando um número cada vez maior de funcionários, essas ações se multiplicaram dentro da empresa. Em 1993, estimuladas pela1dimensão da campanha de combate à miséria, que tomou conta do País, liderada pelo sociólogo Herbert de Souza - o Betinho -, essas ações foram espontaneamente convergindo para o Comitê dos Empregados na Ação da Cidadania, formalizado em 1995, com todo o apoio estrutural da Eletrobrás.

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A história de Alan Valentim, morador de São Cristóvão, zona • norte do Rio, tem duas faces. Uma, que podemos até considerar comum: o menino que nasce no berço da Miséria e ganha o mundo desenhando seu destino nas ruas. A outra, mais rara, do jovem que tem a oportunidade de abandonar os gueItos urbanos e abraçar um futuro digno, como um cidadão. Histórias como essas vêm sendo escritas no dia-a-dia do trabalho realizado na Eletrobrás pelo Comitê dos Empregados na Ação da Cidadania.

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Sob a coordenação do Comitê, a Empresa vem promovendo a doação de materiais fora de uso, como mobiliário, equipamentos de escritório e informática a entidades cadastradas para este fim. Além de oferecer a infra-estrutura necessária, para que o Comitê dos Empregados possa funcionar satisfatoriamente, a Eletrobrás destina uma verba anual para ações de combate à fome e à miséria. No início de 1998, assinou convênio de ajuda financeira para a implantação do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania. Educando para a vida Dentre os projetos desenvolvidos, no âmbito do Comitê dos Empregados, a empresa ressalta, hoje, os que mereceram destaque pelo caráter permanente e evolutivo e pela estrutura que envolve não somente o Comitê dos Empregados, mas também o Departamento de Desenvolvimento Organizacional da Empresa, o Serviço Social da Indústria do Estado do Rio de Janeiro -Sesi, e entidades de assistência a comunidades carentes, Em 1996, o Comitê decidiu investir em um convênio já existente entre a Eletrobrás e o Sesi-Rj: um curso regular de primeiro grau, na forma de supletivo, que compatibiliza o programa de aulas • de acordo com a disponibilidade de tempo e o nível de escolarização de cada aluno.

Nesse mesmo período, consciente da importância do trabalho realizado, a Eletrobrás também formalizou sua participação no Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome, à Miséria e pela VidaCoep, apresentando um Plano de Ações constituído de programas emergenciais e permanentes, cada qual com seus projetos específicos.

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A ELETROBRAS No início de 1998, a Eletrobrás assinou convênio de ajuda financeira para a implantação do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania.

Os primeiros passos Centralizando a arrecadação de tíquetes-refeição doados pelos empregados, o Comitê passou a dar auxílio, através do fornecimento de cestas básicas, a quase uma dezena de instituições assistenciais, como orfanatos, casas geriátricas e entidades de apoio às comunidades carentes, ligadas a igrejas e prefeituras.

Parte dessa arrecadação passou a ser destinada, ainda, à reposição do estoque de medicamentos do Programa de Medicina Integral do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro - HSE, que atende às comunidades pobres dos históricos bairros da Saúde, Santo Cristo e Gamboa, vizinhas ao hospital. A sugestão de se utilizar parte da verba oriunda da arrecadação de tíquetes no Programa de Medicina Integral do HSE foi levada ao Comitê por um grupo de empregados, que encontrou ali a oportunidade de ampliar e sistematizar o trabalho.

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O Comitê dos Empregados encaminhou então ao Sesi uma proposta diferente: dar oportunidade a quem nunca teve, ou seja, ao "menino de rua", sem referência familiar, sem casa e, em alguns casos, até sem certidão de nascimento.

Com o apoio do Departamento de Desenvolvimento Organizacional, em 1996, o Comitê dos Empregados decidiu direcionar para suas áreas de ação um convênio já existente entre a Eletrobrás e o Sesi - RJ, instituição que dispõe de uma sólida estrutura de serviços e produtos com capacidade e competência para atendeir às necessidades do Comitê.

especialmente as que têm os "meninos de rua" como seu principal públicoalvo, das quais algumas são vinculadas à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social da Prefeitura do Rio de Janeiro.

O Comitê dos Empregados encaminhou então ao Sesi uma proposta diferente: dar oportunidade a quem nunca teve, ou seja, ao "menino de rua", sem referência familiar, sem casa e; em alguns casos, até sem certidão de nascimento. De acordo com os orientadores educacionais do Sesi, o trabalho foi considerado um desafio. Em toda a sua longa trajetória, jamais

Nas opções oferecidas pelo Sesi, identificou-se a existência de um curso regular de primeiro grau, na forma de¡supletivo, que compatibiliza o programa de aulas de acordo com a dispopibilidade de tempo e o nível de escolarização de cada aluno, utilizando 'uma metodologia própria e material especializado. Como todo ensino supletivo, o curso ministrado pelo Sesi é dirigido a adolescentes e jovens que, por alguma motivo, não conseguiram completar o ensino regular. A maioria de baixo poder aquisitivo, mas todos, porém, com referência] familiar e filiados ao Solviço.

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haviam trabalhado com esse público. Precisariam ensinar a esses jovens não apenas as matérias curriculares mas, antes de tudo, incutir em cada um deles noções básicas de cidadania, de convivência, de limites; enfim, de valores inexistentes ou deturpados pela vida na rua.

Inicialmente, o Sesi disponibilizou 19 vagas para a Eletrobrás, preenchidas por jovens assistidos pelas entidades Casa da Carioca, Conselho Tutelar e Arquidiocese do Rio de Janeiro/ Cáritas. Em 1997, o número de vagas foi ampliado para 50, possibilitando o atendimento a um maior número de entidades assistenciais.

Reconhecido oficialmente, e válido em todo País, o curso de primeiro grau oferecido a esses jovens pode ser concluído em até dois anos, dependendo do potencial e da escolarização de cada um. Geralmente, começam do zero e, em muitos casos, necessitam até de alfabetização. Os

Além das disciplinas regulares de Português, Matemática, Estudos Sociais e Ciências, e orientação pedagógica, os jovens matriculados no curso têm acesso a atividades culturais paralelas, a práticas esportivas e, se necessário, a atendimento médico-odontológico. São comuns visitas a museus, participação em campeonatos esportivos e idas ao cinema ou teatro. No custo do projeto, arcado pela Eletrobrás, estão incluídos, ainda, almoço, jantar ou merenda, todo o material didático e uniforme.

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A. - ELETROBRAS

ensinaresseeducacionaisorientadoresdoSesiconsideraramotrabalhoumdesafio.Emtodaasualongatrajetória,jamaishaviamtrabalhadocompúblico.Precisariamaessesjovensnãoapenasasmatériascurricularesmas,antesdetudo,incutiremcadaumdelesnoçõesbásicasdecidadaniaedeconvivência.

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CENTRO DE TECNOLOGIA. TRABALHO E CIDADANIA

Todos querem mais O projeto está completando três anos. Na avaliação dos profissionais envolvidos, levando-se em conta o público assistido — difícil de trabalhar por uma série de fatores, a começar pela origem—, os resultados têm sido excelentes, a despeito do elevado grau de evasão que se observou nos dois primeiros anos. Muitos iniciaram o curso, mas poucos foram até o final. Esse problema, no entanto, vem sendo superado com um acompanhamento mais freqüente dos orientadores educacionais do Sesi e assistentes sociais das casas de acolhida. Reuniões quinzenais são realizadas para avaliar o desempenho, a adaptação e a assiduidade de cada aluno.

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Nas casas de acolhida, ir para o Sesi passou a ser um "prêmio", confirma a pedagoga Claudia Reginateles, diretora do curso. "Apesar

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A. - ELETROBRÁS

Atendendo à solicitação das entidades assistenciais, que estão bastante entusiasmadas com os resultados e só têm elogios ao projeto, o Comitê dos Empregados na Ação da Cidadania aprovou junto à direção da Eletrobrás a manutenção de 100 vagas para 1998, destinadas a jovens assistidos por nove entidades.

É intenção do Comitê, com o apoio do Departamento dé Desenvolvimento Organizacional da empresa, ainda em 1998, ampliar o projeto fornecendo bolsas para formação de segundo grau, nos mesmos moldes já testados e aprovados no projeto de escolarização de primeiro grau.

Todos os profissionais envolvidos torcem para que O índice de aproveitamento seja sempre o maior possível, pois, para eles, tãoimportante quanto a escolarização é a oportunidade dada a esses meninos e meninas de se descobrirem como cidadãos. No caso especifich desse projeto, existe a certeza de se estar oferecendo um ensino de qualidade, permitindo-lhes o acesso ao mercado de trabalho, para que não engrossem ainda mais a legião dos excluídos. Venho de uma família de 12 irmãos. Minha mãe faleceu quando eu tinha 12 anos. Moro com meu filho de 4 anos e mais quatro irmãós. Nossa relação é complicada. Às vezes, nos desentendemos por causa do pouco dinheiro que entra. Certo mesmo é o dinheiro da aposentadoria de minha irmã, e do meu pai, que manda alguma coisa para a gente, apesar de não morar conosco. No mais, é um biscate aqui, outro ali. Fiquei desempregada há pouco tempo. Estudava direitinho quando era criança. Minha mãe era rígida com os estudos e cobrava mesmo da gente. Só relaxei na adolescência. Arrumei emprego e voltei a estudar num colégio particular, mas me mandaram embora e tive de largar os estudos. Fui até .a sétima série. No Sesi, ingressei novamente na sétima e, agora, estou concluindo a oitava. Nós, estudantes do curso, só temos a agradecer: escola limpa, bons professores, ótima diretora. Aqui nós vamos ao teatro, a museus, fazemos passeios e participamos do projeto Ação Global, da TV Globo e do Sesi. Como não estou trabalhando, não há como pagar os meus estudos. Estou terminando o curso, com pena de sair daqui. Cristiani Ribeiro, 25 anos, Bonsucesso. Além das disciplinas regulares de Português, Matemática, Estudos Sociais e Ciências, e orientação pedagógica, os jovens matriculados no curso têm acesso a atividades culturais paralelas, a práticas esportivas e, se necessário, a médico-odontológico.atendimento 193

da rigidez de limites que impomos — que é absolutamente necessária, pois a maioria chega aqui sem nenhum limite —, eles se adaptam, se empolgam e comentam com seus colegas".

Tive oportunidade de estudar em um dos melhores colégios públicos do Rio, o Pedro II, e em colégios particulares. Só que parei na sexta série. Não queria mais, não achava importante. Minha mãe brigava comigo, mas meu pai dizia: "Não quer, não estuda. Você é que nem eu, não dá para os estudos!"

I

Procurar outro emprego seria impossível. Teria.deinterromper o curso que, no momento, é a coisa mais importante paraimim. Janaí da Silva, 26 anos, Bonsucesso. 194

Era tudo o que eu queria ouvir e, então, larguei os estudos. Fiz algumas tentativas para voltar a estudar, mas sempre desistia. Foram 10 anos que não me levaram a lugar algum. Até que surgiu a oportunidade de, através da Cáritas, estudar no Sesi, onde fiz a sextaJ sétima séries e, agora, estou concluindo a oitava. Gostei desde o primeiro dia de aula. Trabalho, mas o que ganho - pouco mais que um salário - nao da para pagar os estudos.

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O projeto completandoestátrês anos. Os resultados têm sido excelentes. Em 1998 foram 100 as vagas disponíveis e dirigidas a jovens assistidos por nove entidades.

SAMPAIOFIRMINOEntrevistaFERREIRANETO

Qual a importância da Eletrobrás para o desenvolvimento sócioeconômico do Pais? Firmino Sampaio - A energia elétrica é, sem dúvida, um dos serviços básicos mais abrangentes do País. Hoje, cerca de 92% dos domicílios brasileiros dispõem de energia elétrica e não há como negar que, sem ela, o Brasil não teria experimentado o desenvolvimento sócio-econômico das últimas décadas. Como braço empresarial do Governo, e coordenadora desse setor, a Eletrobrás teve e tem uma grande importância na sua expansão, operação e manutenção. O Brasil possui hoje um dos maiores sistemas elétricos do mundo, com capacidade de geração da ordem de 60 GW, dos quais as empresas do Sistema EletrobrásFurnas, Eletronorte, Eletrosul, Chesf, Itaipu e Eletronuclear - são responsáveis por cerca de 60%. Através dessas empresas, que têm atuação regional, a Eletrobrás executa projetos que, invariavelmente, promovem o crescimento sócioeconômico das regiões abrangidas. O senhor poderia exemplificar? F.S. - No momento, existem vários projetos em andamento. Um bom número deles em parceria com a iniciativa privada. Alguns, por sua imensa importância para o País, foram incluídos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no "Programa Brasil em Ação". A construção da linha de transmissão Norte/Sul, que interliga os dois sistemas elétricos existentes no País, exemplifica muito bem o que falamos anteriormente. Essa linha, além de trazer um ganho energético para o sistema elétrico brasileiro e reduzir o risco de déficit no suprimento de energia para as re195

Presidente da Eletrobrás O que para nós parece pouco, para outros, tem uma dimensão incrível Nenhum projeto do setor elétrico é executado sem que se realize um amplo estudo de seus impactos ambientais e sem que se tenha propostas para limitá-los ou mesmo eliminá-los.

A Ação da Cidadania nasceu espontaneamente entre os Encontrouempregados.naEletrobrás,eposteriormentenoCoep,osmeiosnecessáriosparasuaconsolidação.Hoje,temosumtrabalhosistematizado,comváriosprogramasemandamentoecomoutrostantosparasereminiciados.Onúmerodefuncionáriosenvolvidoscomomovimentoécadavezmaior.

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giões de maior consumo do País, produzirá benefícios sociais irreversíveis. O aumento da oferta de energia promovido por esse projeto, entre outros que estamos executando, criará condições para o crescimento da produção industrial, do setor de serviços, das atividades agrícolas etc. Conseqüentemente, mais postos de trabalho surgirão. Citei como exemplo um projeto de grande porte, considerado como projeto de integração nacional. No entanto, poderia citar outros, menores, mas de alcance social também expressivo. E os projetos que produzem grandes impactos ambientais? F.S - Nenhum projeto do setor elétrico é executado sem que se realize um amplo estudo de seus impactos ambientais e sem que se tenha propostas para limitá-los ou mesmo eliminá-los. A Eletrobrás promoveu a elaboração do Manual de Estudos de Efeitos Ambientais dos Sistemas Elétricos e do Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor visando a sistematizar essa avaliação. Incentivou a criação do Comit Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico (Comase), que congrega as principais concessionárias de energia e conta, ainda, com o Comitê Consu fivo de Meio Ambiente, integrado por profissionais de notório saber, não vinculados diretamente ao setor elétrico, que analisam a atuação do setor sob óticas específicas e relevantes para a sociedade. Qual a sua avaliação sobre a atuação da Eletrobrás na Ação da Cidada lia? F.S. - Esse movimento, que nasceu espontaneamente entre os empregados, encontrou na Eletrobrás, e postei ormente no Coep, os meios necessários para sua consolidação. Hoje, emos um trabalho sistematizado nesta área, com vários programas em andamento e com outros tantos para serem iniciados. O número de funcionários envolvidos com o movimento é cada vez maior. Quando avalio os resultados dessas ações, verifico que o que às vezes nos parece pouco, para as pessoas benefic adas tem uma dimensão incrível.1 É uma cesta de alimentos

Nesse contexto, penso que uma empresa pública deva cumprir primeiro o seu objetivo social específico. No caso da Eletrobrás, esse objetivo é aumentar a oferta de energia elétrica, fundamental ao desenvolvimento econômico e social do País e à melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. Enquanto faz isso, se compromete, também, com outros objetivos sociais, como a preservação do meio ambiente, a formação de mão-de-obra etc. De que forma o Comitê das Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep tem sido importante para o trabalho da Eletrobrás na Ação da Cidadania? F.S. - De várias formas. O Comitê é um espaço importantíssimo aberto para articulação e troca de experiências entre as empresas públicas. Todo programa implantado pelas empresas e que receba o respaldo do Coep tem sempre mais chances de obter êxito e alcançar melhores resultados. Em última análise, a atuação da Eletrobrás e das demais empresas públicas na Ação da Cidadania foi fortalecida com a criação do Comitê. A empresa pública deve cumprir primeiro o seu „ objetivo social especifico. No caso da Eletrobrás, esse objetivo é aumentar a oferta de energia elétrica, fundamental à melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. Enquanto faz isso, se compromete, também, com outros objetivos sociais, como a preservação do meio ambiente e a formação de mão-de-obra.

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A. - ELET.ROBRAS que sacia a fome de uma criança; um medicamento que uma pessoa de poucos recursos jamais poderia comprar; um curso de primeiro grau que um jovem carente não teve acesso por vários motivos... É nesse sentido que a Eletrobrás reafirma a cada dia sua adesão e opta pelo fortalecimento e expansão de suas atividades na Ação da Cidadania. Nesta década, até devido às rápidas transformações políticas e econômicas ocorridas no Brasil e no mundo, tem-se observado também uma mudança em relação aos conceitos de cidadania, direitos humanos etc. Que postura o senhor acha que uma empresa pública, seja ela a Eletrobrás ou qualquer outra, deve adotar diante dos inevitáveis problemas sociais decorrentes da globalização? FS: Inicialmente, é preciso rever essa idéia de que a globalização, necessariamente, gera problemas sociais. Eles sempre existiram, no Brasil e nos países desenvolvidos. A globalização pressupõe redução de preços, aumento da qualidade e da oferta dos produtos, abertura de mercado externo para a colocação da nossa produção.

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ELETROBRAS TERMONUCLEAR ELETRONUCLEAR

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O dia era de entrega de notas. Os alunos arregalavam os olhos, dispersavam-se, nervosos para saber o resultado do desempenho e do esforço de cada um. O professor acalmava a turma/pois não havia notas abaixo da média seis. Uma das alunas lamentou ter tirado sete, mas logo sorriu, se dispôs a melhorar e se encheu de esperança: da próxima vez, virá o oito tão esperado.

É nessa atmosfera de interesse pelos estudos que acontecem os cursos de informática e cidadania do Programa Comunitário de Informática - PIC. Desde 1995, a meta principal do projeto não é apenas passar conhecimentos de informática e de orientação pedagógica para os moradores de comunidades carentes. !::) programa pretende que os alunos sejam multiplicadores, na própria comunidade, das informações que recebem nos cursos de informática. A meta principal não é apenas passar conhecimentos de informática e de orientação pedagógica para os moradores de comunidades carentes. O programa pretende que os alunos sejam multiplicadores, na cursoscomunidade,própriadasinfor-maçõesquerecebemnosdeinformática.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Fruto da parceria entre a Eletronuclear, o Centro Ecumênico de Ação e Reflexão - Cear, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio e a Escola Nossa Senhora da Misericórdia, as turmas têm vagas limitadas e, por isso, existem pré-requisitos para matrícula: ser indicado pelo grupo comunitário a que pertence e assumir o compromisso de dividir o aprendizado corri a comunidade.

Em dois anos, 108 alunos passaram pelos cursos, 80 concluíram, e foram emitidos 300 certificados. A diferença entre o número de alunos e de certificados decorre do fato de o programa conter quatro módulos.

Em dois anos, 108 alunos passaram pelos cursos, 80 concluíram, e foram emitidos 300 certificados. A diferença entre o número de alunos e de certificados ocorre porque o programa tem quatro módulosIntrodução à Informática; Introdução a Sistemas Operacionais; Processador de Textos; Planilha Eletrônica - e no final de cada um o aluno recebe diploma. 202

Desde o início dos cursos, os dois engenheiros são instrutores e dedicam parte de seu tempo livre para ensinar os truques do computador: "Depois de um dia difícil no trabalho, dar essas aulas é uma terapia". Os cursos acontecem três vezes por semana, em uma sala cedida pela Escola Nossa Senhora da Misericórdia, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. A carga horária por aula é de duas horas e, juntando os quatro módulos, os alunos recebem 96 horas/aula. A participação voluntária das entidades envolvidas no projeto é fundamental para a continuidade do trabalho. A PUC contribui com aulas de orientação pedagógica e o Cear é o elo de ligação entre os cursos e as Responsabilidadecomunidades.edisciplina são palavras de ordem no programa. Alunos e instrutores têm de cumprir certas normas. O compromisso do aluno é saber que ele é um multiplicador de conhecimento, ter presença assídua e, em caso de faltas, comunicar o motivo.. O professor, por sua vez, deve passar as notas das provas para o Cear, além de manter a instituição informada sobre qualquer problema com os alunos.Oclima na sala de aula mostra que a ideologia do curso está sendo entendida. Um aluno ajuda o outro quando surge uma dificuldade no "bicho-de-sete-cabeças", como apelidaram o computador. Sem qualquer tipo de competição, o que move os alunos é o aprender para poder ensinar:

ELETROBRAS TERMONUCLEAR S.A. - ELETRONUCLEAR

Ricardo Stukart e Paulo Rodrigues, da Eletronuclear, são voluntários no Programa.

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E o silêncio na hora das aulas, a atenção, prova a importância daquele momento.Amaioria dos matriculados demora, em média, duas horas para chegar até o local do curso. Grande parte vem de bairros distantes e até de outros municípios. Mas a vontade de aprender é maior e compensa o cansaço da viagem. O argumento de uma aluna ilustra bem o sentimento de orgulho que brota do próprio esforço. "O homem só descobre que é capaz, quando é obrigado a tentar."

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Nosso objetivo aqui é conhecer para transmitir. O que adianta a gente saber tudo e não poder passar para os outros?

"Nosso objetivo aqui é conhecer para transmitir. O que adianta a gente saber tudo e não poder passar para os outros?"

O que chama mais atenção no comportamento dos alunos é o valor que dão à oportunidade de fazer um curso grátis. "Os cursos de computador estão muito caros. Teinos de aproveitar esta chance .

RONALDO FABRÍCIO Presidente da Eletronuclear Compromisso e responsabilidade Acredito que toda empresa deve cuidar de sua inserção social, principalmente se ela é ligada ao governo. A prática social vem se mostrando extremamente favorável ao longo dos anos, não só para a imagem das empresas mas também para amenizar os problemas da sociedade. Participando da vida comunitária, a Eletronuclear mostra que não está interessada apenas no lucro. Ela quer inserir-se no local onde atua. A direção da empresa dá seu total apoio aos Cursos de Capacitação de Monitores e Instrutores do Programa de Informática Comunitário, assim como apóia a divulgação das aulas de computação como incentivo para que ações semelhantes sejam realizadas por outras empresas. É muito importante que as pessoas se solidarizem para a solução dos problemas do Pais. A proposta é divulgar e ampliar o projeto. A Eletronuclear dispõe de computadores que podem ser doados e também de pessoal qualificado para dar aulas Criatividade, capacidade de trabalhar em equipe, iniciativa pessoal, informação - estas qualificações são necessárias para sobreviver às transformações do mercado de trabalho. E os cursos de informática querem, e podem, ensinar muito mais. A ambição é fazer com que os alunos resgatem a cidadania, discutam e busquem alternativas para uma sociedade que não invista na autodestruição. Criatividade, capacidade de trabalhar em equipe, iniciativa pessoal, informação - estas qualificações são necessárias para sobreviver ás transformações do mercado de trabalho. 205

PESQUISAEMPRESA BRASILEIRA DE AGROPECUÁRIA EMB RAPA de diaeadanossaCabra

começou devido ao tempo escasso. Em 1990, 1992, por aí, a comunidade passava por muitas dificuldades. Principalmente as crianças, que não tinhaM como se alimentar. As famílias não tinham condição de comprar leite e o Padre João convidou um líder da comunidade e implantou o projeto. Começamos com cinco e hoje temos 29 cabras. São 29 famílias acompanhadas e a gente só tem muito é sucesso. Eram muitas crianças desnutridas e conseguimos nutrir essas crianças através do leite da cabra. Existem famílias que não têm alimentação também para os adultos, fazendo do leite da cabra a sua janta com os filhos.

D. Raimundinha, líder comunitária e agente de saúde nos bairros de Poeirinha e Aprazível. A participação da cabra em programas alternativos em tempo de seca começou em Sobral, no Ceará, em 1993, através de uma parceria entre a Embrapa Caprinos e a Paróquia do Patrocínio, visando à distribuição de cabras leiteiras para famílias pobres da zona rural. Iniciado de forma tímida, o programa Cabra Nossa de Cada Diaé, hoje, uma grande realidade, atendendo a 253 famílias, em 18 comunidades do interior e duas na sede do município, com cerca de 550 animais. Com esta alternativa as famílias pobres estão conseguindo, com o leite de cabra, alimentar seus filhos.

Qprojeto

O sucesso do programa é atribuído ao apoio dado pela Embrapa Caprinos, através da orientação de seus pesquisadores e técnicos, bem como ao empenho de sua equipe. Além do apoio técnico recebido da Embrapa Caprinos, o programa recebe ajuda financeira de famílias da Alemanha e da Suíça. As famílias beneficiadas pelo programa recebem, inicialmente, uma cabra e uma cabrita. Depois de determinado tempo vem a contraparSão 253 famílias, em 18 comunidades do interior do Ceará, que alimentam seus filhos com leite de cabra.

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O projeto de Validação de Tecnologiásiem Unidades de Produção Familiar do Semi-Árido Nonlestino, envol4idas com a ovinocaprinocultura,3 • reúne as seguintes entidades: Embrapa, Fetraece, Esplar, Codef, Coopepi, Adec Éfriater (RN) , Empam, Prefei-turas,1 Mimicipais, Convênio PNUDBanécri do Nordeste, Cáritas (Sobral), Sebrae Bernardo Feitosa e Secretaria de Desenvolvimento Rural. Todas as entidades participaraniI do processo de diagnósticoagróI-sócio-econômico1: das propriedades co-partícipes deste projeto deti transferência• e difusão de tecnologiadirebionIado a agricultura familiar.;)A prioridade e operacionalização daSyações definidas com base nos diagnóSticos são discutidas em um fórtritnmultiinstitucional. 11

ji CENTRO DE TECNOLOGIA. TRABALHO E CIDADANIA

As famílias inicialmenterecebemumacabra e uma cabrita. Depois de determinado tempo, devolvem ao programa duas cabritas e ficam, em definitivo, com a matriz. tida, quando devolvem ao !programa duas cabritas e ficam com a;matriz em definitivo. Para algumas famíl as, que já dispõem de até 124 cabras, o programa serve para alimentar seus filhos e para ai• I• comercialização, gerando, além do alirnento, renda. !I Eles dão unia cabra para a familia e a fainil a devolve duas crias, fêmeas. E essas crias são devolvidas quando ailániflia pode a devolver. Não é obrigado devolver de imediato e nem dóvolver as duas logo na primeira vez. Por acaso, se a cabra parir duas frineas, você pode dar a primeira da pari ção dela e na segunda pari ção vocêda uma outra fêmea para que o projeto vá dando encaminhamento, não que se acabe aqui. A mãe fica com uma cabra e uma cabrita já para iff crescendo o seu rebanho. •

D. Raimundinha, líder comunitária de Poeirinha. Não somente nas épocas de seca, más todos os dias, a cabra constitui uma alternativa viável de sustentação alimentar. Seu leite é sempre utilizado rios tratamentos de problemas •nutricionais de criança, gestantes e idosos. Os médicos recomendairi e apontam os derivadosI da cabra como excelentes para trataméntos de saúde.

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Frutoenvolvidos.doenfoque

Para cada município foi criada uma Rede de Difusores, com membros das famílias beneficiárias do projeto, capacitados pela Embrapa Caprinos a realizar o acompanhamento e a realização de eventos nas propriedades que apresentam uma melhor evolução. O Banco do Nordeste e o Sebrae, além de participarem como membros deste Fórum, têm tido destacada atuação nos processos de capacitação para gestão, bem como participado como fontes de financiamento para os processos de capacitação dos técnicos participativo com que foi abordada essa iniciativa, associada a oportunidade de financiamento do Banco do Nordeste, com recursos oriundos do Pronaf, está sendo criado, no município de Tauá, um abatedouro municipal com capacidade para um abate diário de 50 cabeças que atenderá ao mercado demandante de Fortaleza (CE), conforme pesquisa realizada pelo Sebrae. Em Tejuçuoca estão sendo realizadas pesquisas de mercado com possibilidades de implantação de processos agro-industriais. Em Sobral estão sendo treinados os difusores para aplicação dos cadernos das propriedades, verificando-se, de igual forma, um esforço para implantação de processos agroindustriais, com apoio das instituições municipais. No que diz respeito à transferência de tecnologia da área de produção animal, através de instrumentos metodológicos, tais como: demonstração de métodos, cursos e treinamentos em serviço, palestras, reuniões técnicas, excursões e visitas técnicas, foram avaliadas e transferidas tecnologias nas áreas de alimentação e nutrição, sanidade, melhoramento e reprodução. Já em relação às tecnologias na área de processamento, os beneficiários foram treinados em técnicas de cortes padronizados de carcaças, de conservação e armazenagem da pele, de fabricação de embutidos, e de queijos e doces de leite de cabra.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA

Dada a situação climática que a região Nordeste enfrenta, com a estiagem e seus efeitos danosos na produção agropecuária, interferindo diretamente na alimentação mínima do dia-a-dia da maioria das famílias rurais, a Embrapa Caprinos, como todas as outras instituições públicas e A cabra para nós é a máquina que não tínhamos na nossa comunidade - uma máquina de grande contribuição e de grande valor. Conceição, fundadora do projeto.

A intenção era de thelhorar a situação das famílias carentes não só daqüida comunidade de Jaibara, mas de toda a área que abrange a paróquia do Padre Justino. Veio contribuir muito para a melhora das famílias nessa época` de escassez, de fome das crianças e ajudar muito parti que elas evitassem doenças. E a gente sabe que o leite da cabra tem muitas vitaminas. É uma verdadeira duna.

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4;,,À-mdral e ovinos na região, orientando para o aproveitamento i integral dos animais descartados e abatidos - carcaças e vísceras-, com orientação técnica para o procedimento da salga, armazenamento da carne e fabricação de embutidos como a lingüiça de carne de caprinos e ovinos. O projeto está caminhando bem. DescObrimos através dessas pessoas que, com a coragem e o esforço delas, vaie a pena a gente se envolver nesse projeto, porque é um projeto que 1á'14771 meio de alimentação para as crianças e faz com que as pessoas acreditem nelas mesmas, cada uma tendo a sua responsabilidade, mantendo o seu compromisso. Eu acho que já é uma grande coisa. A cabra pard nós é a máquina que nós não tínhamos na nossa comunidade. Uma má4uina de grande contribuição e de grande valor, dependendo do esforço del cada pessoa que se encarregou dela, de assumir o seu compromisso de citidari e zelar por ela. Conceição, fundadora do projeto. 1 I 212

Chico Lima, prof:essor e membro do projeto em Jaibara. II Assim, a capacitação de produtores, técnicos e trabalhadores rurais,!através de métodos variados e oportunos, deverá ser a principal preocupação das instituições envolvidas no contexto, enfatizando, por exemplo, o descarte dos rebanhos caprinos Não somente nas épocas de seca, mas todos os dias, a cabra constitui uma alternativa viável de sustentação alimentar. Seu leite é sempre utilizado nos tratamentos de problemas nutricionais de crianças, gestantes e idosos.

privadas militantes nal região, têm suas metas e objetivos atrelados ao combate à fome que assola a P população rural da região, que deverá tomar-se ainda más grave à medida que a seca avançar no tempo.

O nosso sonho é ver chegar o dia em que essas famílias possam ter o seu chiqueirinho e o leite. O dia em que tenham um alimento melhor para sua família. O nosso sonho, portanto, é ver chegar o dia em que tenham mais vida. E vida mais digna. 213

PADRE JOÃO BATISTA idealizador e coordenador do Projeto Cabra Nossa de Cada Dia "Que todos tenham vida em abundância" O nosso sonho é ver chegar o dia em que essas famílias tenham um alimento melhor. O nosso sonho, portanto, é ver chegar o dia em que tenham mais vida. E vida mais digna.

Ao lermos o Evangelho descobrimos que a grande preocupação que Cristo teve com seu povo foi que este povo tivesse vida. Ele mesmo definia sua missão como sendo essa: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância". Olhando a realidade do Nordeste e, sobretudo, a realidade da nossa paróquia, sentimos que muitas pessoas não têm essa vida em abundância. Ao contrário, têm uma subvida. Isso nos levou a pensar na necessidade de fazer alguma coisa para que essas pessoas tenham mais vida. A preocupação cresceu com a seca, com a situação de fome e de sofrimento em tantos lares, tanto nos bairros quanto na zona rural. Numa reunião das Comunidades Eclesiais de Base, os nossos líderes trouxeram os problemas do nosso povo. Isso fez com que, na paróquia, procurássemos fazer alguma coisa. Através de um grupo organizado fizemos um levantamento da situação das comunidades e recolhemos algumas sugestões, como, por exemplo, trabalhos artesanais; cabras leiteiras para as famílias carentes que têm crianças pequeninas; sopão nos bairros e zona rural e cestas básicas. Estudávamos as sugestões e tentávamos viabilizar algumas. Uma que surtiu um ótimo efeito, permitiu a implantação do projeto Cabra Nossa de Cada Dia, que só se tomou possível em razão do apoio dado pela Embrapa Caprinos. Sempre muito bem acolhido, o projeto, plagiando "o pão nosso de cada dia", foi lançado em várias comunidades.Nasvisitas que temos feito, sentimos um reconhecimento muito grande das famílias que receberam as cabras. Em diversas comunidades sentimos que as cabras estão prestando um serviço muito valioso às famílias que têm crianças.

DASNACIONALFEDERAÇÃO BRASILASSOCIAÇOESBANCO FENABB

Coordenadosesporádicos.pelaFENABB, diversos programas são colocados em linha anualmente, na busca de ordenação das atividades dessa rede de Clubes. Em 1998, por exemplo, 18 programas foram disponibilizados às Associações, nas áreas esportiva, financeira e sociocultural. Juntamente com as entidades integrantes do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela VidaCoep e do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania, a FENABB tem a certeza de estar cumprindo sua missão: contribuir para a construção coletiva de t um Brasil mais justo, mais humano e mais solidário. Em cada cidade, há a participação imprescindível de uma entidade beneficiária. Em grande parte dos casos, são as prefeituras municipais.

gramas, de iniciativa localizada, no sentido de prestar assistência a pessoas menos favorecidas das comunidades, preparando-as para que, por conta própria, possam desempenhar tarefas produtivas e auto-sustentáveis, tanto em nível de emprego como em nível empresarial.

Em 1977, quando havia cerca de 700 desses Clubes espalhados pelo Pais, foi criada a FENABB, com o objetivo de integrar as ações de todos eles, potencializando os resultados. Atualmente são mais de 1.300 Associações Atléticas Banco do Brasil, ocupando literalmente todo o território nacional. Em cada estado, a coordenação das atividades fica a cargo dos CESABB's - Conselhos Estaduais de AABB's. O chamado Sistema AABB conta com mais de 200 mil sócios, o que representaconsiderados seus familiares - a reunião de um público de cerca de 1 milhão de usuários, sem levar em conta fornecedores, autoridades e outros visitantes

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RIEDE Presidente da Federação Nacional das Associações Atléticas Banco do Brasil

ANTÔNIOEntrevistaSÉRGIO

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Exemplos concretos mobilizam os governos Quais as principais razões que levaram a FENABB a participar do Coep? Antonio Sérgio Riede - Em primeiro lugar, a Federação Nacional das AABB's, diretamente ou através de suas filiadas, já vinha realizando um trabalho que inclui uma preocupação muito grande com o exercício da cidadania. Nossos projetos e programas sempre têm em mente o desenvolvimento comunitário, procurando contemplar ações direcionadas às pessoas marginalizadas, excluídas socialmente. Em segundo lugar, a idéia de potencializar a atuação de várias empresas públicas nos pareceu bastante apropriada. No Brasil, há um desperdício considerável de recursos e esforços pela ausência de integração nas ações. Isso acontece em todos os níveis de governo - municipais, estaduais e federais -, mas também fora dele. Então, compreendemos rapidamente que um comitê de entidades públicas, 'organizado e planejado, poderia proporcionar significativa sinergia de ações. O trabalho no campo social não seria, com maior ênfase, uma obrigação do governo? Os recursos gastos pelas entidades públicas na articulação desses programas não poderiam estar sendo utilizados para cumprir com maior eficiência o verdadeiro papel de cada uma delas? A.S.R. - Com todo respeito, não concordamos com a idéia de separar dessa maneira a atuação do governo da de outras entidades. Entendemos, aliás, que esse equívoco é fonte de omissão de consideráveis segmentos da nossa sociedade. É claro que os governos, em qualquer nível, possuem atribuições bastante claras no trato das questões sociais. Têm uma forte função catalisadora e devem garantir as condições mínimas para o exercício da plena cidadania. Por outro lado, todos também sabemos que governo nenhum teria condições de promover, sozinho, o bem-estar social da totalidade da população. Isso é tarefa do conjunto da sociedade. Qualquer emprego gerado, por exemplo, é uma bela contribuição Governo nenhum teria condições de promover,' sozinho, o bem-estar social da população.totalidadedaIssoétarefa , do conjunto da sociedade.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA para que a pessoa possa atingir o status de cidadã. Mas há infinitas outras carências sociais que precisam ser atendidas. Nosso país possui, como é de conhecimento público, uma distribuição de renda bastante problemática. E isso tem trágicas conseqüências. Quando empresas e entidades públicas - e muitas empresas privadas também, é bom que se diga - assumem sua parte no combate a essas carências, estão contribuindo de várias maneiras. Quais, por exemplo? A.S.R. - Primeiro, contribuem para minimizar as conseqüências do problema. Ajudam, aqui e agora, cada brasileiro carente a ter acesso ao que lhe é de direito: educação, saúde, esporte, lazer, formação profissional, cidadania. Em segundo lugar, a ação concreta dessas instituiçoes acaba, com certeza, produzindo um certo caldo cultural, uma certa :massa reflexiva, que coloca toda al isociedade em alerta e com dispos ção para enfrentar os problemas. Pode parecer pretensioso, mas os próprios governos, que nada mais são do que organismos geridos por políticos, ou seja, por pessoas sujeitasI à influências, são maismobilizadosJ pelo exemplos concretos. Desta forma, estaríamos contribuin:do para que as providências governamentais sejam tomadas com maior tempestividade. ' E a questão do uso dos recursos das entuiades públicas? A.S.Ü. - Em termos de recursos, os projetos voltados para a cidadania - até, onde temos conhecimentonão consomem tanta verba assim. O que mais se faz é priorizar o uso Em termos de recursos, os projetos voltados para a cidadania não consomem tanta verba assim. O que mais se faz é priorizar ouso dos orçamentos em programas que contemplem também o atendimento a carências sociais. 222

FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES ATLÉTICAS BANCO DO BRASIL - FENABB dos orçamentos em programas que contemplem também o atendimento a carências sociais.

E o Programa AABB-Comunidade?Integração

Por exemplo: quanto custa para a FENABB ou para uma AABB realizar uma gincana que mobiliza uma cidade inteira, oferece diversão sadia a todos, e que inclui algumas tarefas como arrecadar alimentos, roupas e cobertores? Praticamente nada. Traz consideráveis ganhos de imagem à instituição, que cumpre sua função de promover atividades socioculturais e esportivas e atende às necessidades de pessoas carentes na comunidade.

O AABB-Comunidade é um programa de rara felicidade. É pena que ainda atinja apenas 20 mil crianças e adolescentes. Mas o número de cidades que abraçam o Programa tem significativamente.aumentado

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A.S.R - O AABB-Comunidade é um programa de rara felicidade. Em todos os lugares onde é implementado, costuma encher os olhos de todo mundo. E este encher os olhos às vezes é literal. Sem pieguice, muitas pessoas são levadas às lágrimas pelos resultados do Programa. Para compreender isso, é preciso imaginar a vida de um garoto ou uma garota que mora numa casa precaríssima, com quase nenhum conforto, com tardes infindáveis de monotonia, em muitos casos de fome, em outros de convívio muito próximo com a criminalidade e os vícios. Isso sem falar nas crianças que perambulam pelas ruas. Em contraste com esta situação, imaginemos um jovem desses saindo da aula, tomando um ônibus gratuito na porta da escola, indo até um clube totalmente equipado, almoçando e podendo usufruir de ginásios de esportes, campos de futebol, piscinas, parques infantis, equipamentos esportivos, com assistência e orientação de professores preparados para lidar com eles, dando inclusive reforço pedagógico. Isso é uma revolução! Revolução? A.S.R - Na vida dessas pessoas, com certeza. É pena que ainda atinja apenas 20 mil crianças e adolescentes. Mas o número de cidades que abraçam o Programa tem aumentado significativamente. Em setembro de 1997, com a presença do governador Tasso Jereissati, o AABB-Comunidade foi lançado em Fortaleza para 33 municípios cearenses. Em novembro passado, foi a vez de Sergipe: também com a presença de seu governador, o Programa foi lançado em 15 municípios, atingindo 100% das localidades com AABB's no estado. Em 1998 está sendo a vez do Rio Grande -do Sul lançar o AABB-Comunidade em 60 municípios. É o trabalho concreto das AABB's contribuindo para mudar a realidade nacional, oferecendo alternativas de vida e esperança a milhares de crianças brasileiras.

DEFINANCIADORA ESTUDOS PROJETOS FINEP

Embora considere fundamental o financiamento da educação na sua dimensão acadêmica de excelência - a pósgraduação e a pesquisaa Finep intensamenteestá preocupada com a qualificação e a empregabilidade.

Partindo dessa perspectiva, trabalha em duas pontas. A modernização tecnológica e organizacional das empresas, através do financiamento ao desenvolvimento tecnológico e à implantação de programas de qualidade, é uma delas. A formação do segmento menos qualificado da força de trabalho, através do financiamento a programas de educação básica e qualificação profissional promovidos pelas próprias empresas, é a outra.

P rofundas mudanças sociais desenham o cenário mundial. O progresso tecnológico, a internacionalização da economia, a globalização dos mercados, a intensidade dos processos de urbanização, o redimensionamento da questão do Estado e o desenvolvimento de novas tecnologias do conhecimento são fenômenos irreversíveis, de impacto crescente, que resultam em novos e complexos desafios institucionais. No Brasil, temos um enorme obstáculo a vencer: qualificar os trabalhadores, em tempo coerente com as necessidades, para assegurarlhes empregos de qualidade e garantir o sucesso do processo de modernização produtiva. Não é tarefa simples, especialmente pelas condições reais que caracterizam os sistemas de ensino e a educação brasileira. O sistema educacional brasileiro não está aparelhado, ainda, para atender às necessidades daqueles que estão no mercado de trabalho. Atenta a esse quadro de transformações, a Finep - voltada para a inovação nos campos tecnológico e científico - vem buscando ampliar sua atuação investindo, decididamente, no esforço nacional necessário em relação à educação. Embora considere fundamental o financiamento da educação na sua dimensão acadêmica de excelência - a pós-graduação e a pesquisa - ,a Finep está intensamente preocupada coma qualificação e a empregabilidade.

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O know-how da educação básica está no sistema escolar público.

A educação deve ser objeto de um novo acOrdo estratégico, político e nacional e de uma nova aliança dos setores gov1ernamental, empresarial 1e educacional. E o Comitê de Entidades Púb icas no Combate à Fome e .1pela Vida - Coep e o Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania constituem espaços privilegiados para a intensIificação dessa aliança. 1 Educação para a cidadania ; A formulação do Programa de Educação ipiara a Competitividade -1iProeduc foi precedida por articulação no âmbito governamental, com representantes dos Ministérios do Trabalho e1da Educação, discussões 1com representantes dos setores empresarial e dos trabalhadores e com especialistas da área. I A partir dessas articulações surgiram;os pressupostos para a formulação e implantação do Proeduc. A diversificação dos espaços1educacionais tornou-se uma tendência e uma necessidade no contexto 1de mudanças sociais, de novas tecnologias do conhecimento e dos desafios institucionais que acabamos de des1rever.A ocupação dos espaços do conhecimento gerados pelos avanços tecnológicos exige a união e a soma de esforços dos atores sociais interessados, incluindo comunidade cientificai, educadores, empresários,11trabalhadores, sindicatos, movimentos comunitários e governo, para ai XI constituição de uma base institucional e pb ffica.

É a educação para a cidadania que convém ao moderno sistema produtivo.

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A escola fracassa, hoje, por razões históricas, pohtwas, institucionais, mas1isso não significa que não seja lá que a tecno ogia de ministrar educação1básica para as camadas populares deva ser encontrada. A empresa não11,

O quadro de transformações aponta, ainda, para mudanças no perfilwi dos trabalhadores e na estrutura educac anal. Dentre os atributos 1valorizados, incluem-se raciocínio lógico, autonomia, articulação verbal, capacidade de iniciativa, de cooperação, de homunicação e de tomadai de decisões. i Os novos atributos devem ser desenvo vidos por uma educação que 1leve à criatividade, à participação e ao conhecimento e não são conseguidos pelo, assim chamado, ens no vocacional e, sim, pela educação básica de conteúdos gerais. Em outras palavras: é a educação para a cidadania que convém ao moderno sistema produtivo.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Desde o seu lançamento oficial pelo Presidente da República, em maio de 1995, estão sendo desenvolvidas ações de divulgação e sensibilização junto ao empresariado e a outros setores interessados.

FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS - FINEP pode substituir a escola, mas pode se associar a ela e trabalhar para que seja capaz de atender à sua demanda por trabalhadores qualificados.

O Proeduc visa a complementar iniciativas desenvolvidas nas diversas esferas que tratam da questão educacional, tanto nos três níveis de governo - federal, estadual e municipal - quanto nas esferas de responsabilidade das empresas ou dos trabalhadores. A ação do Proeduc é indutora e motivadora de modificações.

A proposta é complementar diversasdesenvolvidasiniciativasnasesferasquetratamdaquestãoeducacional,tantonostrêsníveisdegoverno-federal,estadualemunicipal-,quantonasesferasderesponsa-bilidadedasempresasoudostrabalhadores.

Com recursos oriundos do Fundo de Amparo ao TrabalhadorFAT, e próprios da Finep, podem ser apoiados projetos e programas de educação formal para trabalhadores-alunos, como alfabetização, supletivo de primeiro e segundo graus, programas de atualização educacional e profissional, abrangendo qualificação e requalificação.

prevendo-se

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Assim, o objetivo do Programa é o financiamento com retorno de projetos que visem a melhoria do nível educacional do trabalhador, através do apoio a iniciativas de empresas ou conjunto de empresas, ainda parcerias com outras instituições.

As ações junto aos empresários tomaram gr forma de uma campanha que teve o apoio logístico do Instituto Flerbert Levy e da Gazeta Mercantil. A campanha se desenvolveu atra+ de cobertura jornalística pela Gazeta Mercantil, iniciada com a publicação de um Caderno Especial sobre Educação para a Competitividade; a elaboração de material impresso, ilustrado e de conteúdo relevante e significativo; e de um !Ivídeo especialmente preparado para mobilizar os empresários. Foram realizados, ainda, 20 workshops, nos principais centros do País com concentração significativa de empresas, onde houve exibição do vídeo e distribuição do material impresso - também enviado, através de mala direta, a nove mil empresários. O Proeduc conta, como instrumento de gestão, com um Grupo Coordenador que se reúne periodicamente na Finep e do qual participam representantes de órgãos governamentais (MEC, MCT e MTB), do empresariado (PNBE, Fiesp), dos trabalhadores (CUT, Força Sindical e CGT) e da comunidade científica (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação- ANPED e os Professores Claudio Salm, do IEI/UFRJ e Paulo FleurY da COPPEAD/UFRJ).

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Os programas de atualização ou de requalificação do trabalhador .1são aceitáveis para financiamento, desde que façam parte de um esforço mais amplo da empresa voltado para a educação básica e geral.

Dirigido a um público-alvo de empresaL cooperativas, sindicatos e outras associações de classe, sua visão estratégica pretende viabilizar empreendimentos conjuntos que envolvam empresas, sistemas escolares e instituições educacionais. A Finep vem envidando esforços para aprofundar a parceria com as entidades representativas dos trabalhadores e com as representações empresariais.

Valorização e auto-estima Apesar do esforço de sensibilização e fomento, a carteira do Proeduc demorou a se constituir, o que se atribui ao caráter inédito da linha de financiamento e, também, ao fato de o período de 1995 a 1997 ter sido marcado pelo crescimento do número de empresas que promoveram inovaçoes 'tecnológicas e reformulações administrativas, redundando em enxugamento do número

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Dirigido a um públicoalvo de empresariais.asentidadesdaresforçosAeducacionais.sistemasenvolvamempreendimentosclasse,ecooperativas,empresas,sindicatosoutrasassociaçõesdeoprogramapretendeviabilizarconjuntosqueempresas,escolareseinstituiçõesFinepvemenvidandoparaaprofun-aparceriacomasrepresentativasdostrabalhadoresecomrepresentações

de dificuldade encontrada na implementação do Proeduc é o fato de que investir na educação básica dos seus trabalhadores não faz parte da cultura empresarial brasileira, mesmo quando se oferece uma linha de financiamento com baixas taxas de juros e prazos longos.

de postos de trabalho ou, mesmo, na diminuição do número de empregados.Outraordem

A diversidade desses projetos talvez seja a característica mais relevante da carteira do Proeduc. Há desde projetos em que a escola foi organizada dentro da empresa - concebida e gerenciada por Investir na educação básica dos seus trabalhadores não faz parte da cultura jurosquandobrasileira,empresarialmesmoseofereceumalinhadefinanciamentocombaixastaxasdeeprazoslongos.

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Atualmente, a carteira do Proeduc conta com 12 projetos contratados, comprometendo recursos da ordem de 25 milhões de reais e beneficiando um total de 16.000 trabalhadores-alunos.

Apesar da manifesta preocupação da sociedade com a educação, que a relaciona com desenvolvimento e capacidade competitiva, a instabilidade do ambiente econômico, aliada a um mercado de trabalho cada vez mais desregulado, leva a empresa a adiar a decisão de elaborar um projeto educacional para seus trabalhadores ou mesmo solicitar um financiamento para tal.

Há, por parte da equipe responsável pelo programa, grande satisfação pessoal no envolvimento com esiSe trabalho, especialmente os diretores das escolas e os professores que sie sentem valorizados como educadores. Os professores concordam que a principal manifestação dos alunos é a de que gostariam que uma paitte dos estudos se realizasse durante a jornada de trabalho. Sentem que os alunos consideram que há pouco tempo para estudar as matériás r que o tempo de duração dos cursos poderia ser maior.

Alguns depoimentos de professores demonstram a satisfação com o trabalho realizado: 232

Entre os dois modelos há uma vasta gama de alternativas e casos que poderiam ser chamados de mistos. Exem1plo: quando o programa é administrado pela universidade, pela escolái pela fábrica e pelo Centro de Treinamento da empresa, formando u1l4erdadeiro colegiado para gerenciar o projeto. 1

equipe própria - até ocaso de terceirizaçãõi total, como ocorreu em várias unidades fabris de uma outra empresa. Em cada uma destas unidades foi contratada uma instituição loc1a1, que se responsabiliza pelos cursos, ministrando as aulas, geralmente fora da empresa.1

A Finep decidiu implementar um sistema específico de acompanhamento e avaliação e, por decorrênc'a, do programa como um todo, com a finalidade de demonstrar os resultados positivos dos projetos em andamento e identificar as melhores métodologias para motivar e1sensibilizar os clientes potenciais para as yantagens de investir em'programas educacionais para seus funcionários.

Em uma das empresas foram apresentai?las as seguintes sugestões: diminuir a resistência dos gerentes frente ao piograma, promover reuniões de integração disciplinar e buscar parâmetros em outras empresas para permitir a avaliação do programa educacional. Os depoimentos ressaltam que o impacto dos cursos sobre os trabalhadores pode ser observado de várias maneiras, mas o aspecto mais evidente1re1aciona-se à sociabilidade: há mais companheirismo, melhora a apreseritação pessoal, vestem-se com' 1mais cuidado, trocam idéias dentro e fora da sala de aula.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Foram visitadas as empresas e aplicados instrumentos de coleta de informações: questionário básico com dados Psobre a empresa, entrevistas 11com os diretores e com o coordenador do programa e questionários para professores e trabalhadores.

Atualmente, a carteira do Proeduc conta com 12 projetos comprometendocontratados,recursosdaordemde25milhõesdereais,beneficiandoumtotalde16.000trabalhadores-alunos.

"Os trabalhadores sentem-se mais seguros, pensam que não serão demitidos e têm mais possibilidade de arranjar outro emprego". "O programa está ganhando fama na cidade". Se, do ponto de vista dos diretores e coordenadores, a educação do trabalhador é considerada fundamental para absorver tecnologia e fixar o trabalhador na empresa, para o trabalhador a decisão de participar do programa educacional foi ditada pela busca de maior segurança no emprego, inclusive para conseguir melhores condições no mercado de trabalho e para se reciclar profissionalmente. Consideram que os programas representam uma oportunidade de progredir na empresa e na vida pessoal. Há uma evidente melhora de auto-estima, especialmente naqueles que já concluíram os cursos.

Há por parte da equipe • responsável pelo programa grande satisfação pessoal no envolvimento com esse trabalho, especialmente os diretores das escolas e os professores que se sentem valorizados como educadores.

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"Há um crescimento do professor e não é um trabalho estagnado".

FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS - FINEP

Além da melhoria em seus conhecimentos gerais, os trabalhadoresalunos apontam mudanças visíveis em seus relacionamentos pessoais, em seu nível de entendimento geral e em sua capacidade de comunicação. Concordam que a participação nos processos produtivos das empresas tem aumentado. Por outro lado, mais da metade não se sente reconhecida e valorizada em proporção ao enorme esforço realizado para assistir aulas e estudar antes ou depois da jornada de trabalho. Poucos tiveram aumento salarial, depois de iniciado o programa. Nem todos se sentem seguros em seu emprego, mesmo após a realização dos cursos. Alguns afirmam que têm melhores condições para conseguir outro emprego. Como efeito indireto dos programas há maior participação do trabalhador na educação da sua família e tem aumentado o diálogo com os colegas de trabalho sobre o processo de produção. Alguns depoimentos merecem destaque: "O aprendizado de inglês tem ajudado na operação das máquinas"."Aempresa respeita mais o funcionário que estuda". "Agora sei identificar problemas na máquina". "Os que não estudam estão ficando para trás, não estão sendo promovidos". "O ambiente da escola é ótimo". "Os chefes escolhem sempre os que se esforçam".

O aumento da empregabilidade e a permanência dos trabalhadores nos empregos, considerando as condições adversas do mercado de umrepresentam,trabalho,porsisó,importanteresultadopositivo.

IIFinalmente, pode-se afirmar que o aurnento da empregabilidade e a permanência dos trabalhadores nos empregos, tendo em vista asIcondições adversas do mercado de trabalho, representam, por si só, um importante resultado positivo. A experiência da Gerdau Minha participação foi muito boa, princydlmente, porque fiquei muito tempo sem estudar. Acredito que, no futuro, esse curso trará benefícios no caso de uma promoção. Minha vida me horou muito. Comecei a ajudarIIas minhas filhas nos seus trabalhos escolates. Também conheci ()luras pessoas. Tudo isso é muito importante. Piretendo concluir o segundoI1grau e se tiver base e tempo quero fazer uni vestibular. Joel Celso Melo está na empresahá 7 arios e 11 meses. Concluiu o primeiro grau e cursa o secundário.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Além da melhoria em seus conhecimentos gerais, os visíveisapontamtrabalhadores-alunosmudançasemseusrelacio-namentospessoais,emseuníveldeentendimentogeraleemsuacapacidadedecomunicação.

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"Já estou mais adiantado que meti filho posso ajudá-lo".

Foi muito importante. Concluí algo que havia deixado no meio do caminho. Agora, tenho um diploma de segundo grau e estou atualizadoiIno mercado. As mudanças foram acontecendo aos poucos. Porém, o mais importante de tudo, é que despertei novamente para o estudo. Hoje, já sinto a necessidade de fazer um curso técnico. HMarcelo Ferreira Mendes concluiu o segundo grau. Está na Gerdau há oito anos. Concluí uma coisa que estava como um lÁraco em minha vida, que era não ter terminado o segundo graU. No nIzomento em que surgiu essa oportunidade, comentei: agora é a ;minha viçz. Fui, lutei com dificuldade e com a ajuda dos professores consegui vencer. Já não me vejo de outro jeito. Sinto que posso alcançar coisas melhoks. Um novo horizonte surgiu à minha frente. Por exemplo: aqui na p cípria empresa, com o passar do tempo, fui crescendo, mas chegou um mstante em que eu não tinha mais como crescer. Agora, já posso ir muito tilais adiante. José Marcos dos Santos concliiiu o gundo grau. É técnico de expedição e foi admitido em 1988.

LOU RIVAL CARMO MONACO Presidente da Financiadora de Estudos e Projetos No ciclo do conhecimento o ser humano é o foco das ações Vivemos hoje num mundo de paradigmas cujas conseqüências não deveriam causar surpresas, pois foram antecipadas por muitos autores há décadas. Entre esses paradigmas poderíamos chamar atenção para aqueles que são objeto de preocupação explícita tanto do governo brasileiro quanto dos países desenvolvidos, qual seja a afirmação de que a mesma tecnologia que promove a modernidade, a competitividade e a qualidade do trabalho tem sido também responsável pela geração do desemprego estrutural. Até que ponto poderíamos atribuir, de forma exclusiva, os problemas de emprego à presença da tecnologia modernizante. Na etapa do ciclo industrial, a produção em larga escala coincidiu com a intensificação da ocorrência do desemprego estrutural nos países desenvolvidos, particularmente na Europa. Na verdade, observamos que, em cada estágio do processo de desenvolvimento, esse ciclo se repetiu em função de novos componentes decorrentes, entre outros, da evolução tecnológica e dos avanços nos direitos sociOis. Essa dinâmica vem exigindo reflexões permanentes de modo a poder antecipar e prevenir suas múltiplas conseqüências sobre a sociedade. E, certamente, essas mudanças têm reflexos na intensificação das barreiras que limitam nossa capacidade de competir e de trazer igualdade de oportunidades a todos os brasileiros. A globalização e os compromissos internacionais cada vez mais restringem a capacidade de intervenção dos governos de, através de atos meramente burocráticos, romper este ciclo de deterioração social, evidenciando a necessidade de modernização do estado, da busca de soluções conjuntas através da união de esforços e formação de parcerias. Dentre esses esforços, destacamos como um espaço privilegiado de discussões e articulações o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, no qual tem sido possível aprofundar reflexões sobre a situação social brasileira, traçar e implementar estratégias comuns de atuação e maximizar os resultados dos esforçosHistoricamente,empreendidos.observamos que no Brasil, mesmo com defasagem temporal, a modernidade introduzida pela industrialização e conseqüente urbanização e transformação da sociedade agrícola gerou forte impacto sobre as características da mão-de-obra desqualificada que teve de ser preparada para as novas funções. Apesar de as dramáticas transformações então Com sentimento de urgência e de visão de futuro, a Finep, a partir do inicio da década de 90, buscou colocar a educação dentro da perspectiva econômica e da recuperação das oportunidades de trabalho e de inserção competitiva.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

verificadas, o tempo de produção não afetava demasiadamente a competitividade, pois a globalização que se manifestava privilegiava os donos da inovação. O mundo estava em marcha lenta para a globalização descrita por Man. Educação, nessa época, ainda era privilégio de um reduzido segmento da população, e sua extensão aos demais extratos da sociedade se deu lentamente e de forma diferenciada. Em alguns países, a visão prospectiva e o entendimento dessa questão elevou-os a posições mais competitivas, como pode ser exemplificado pela revolução Meiji no BuscandoJapão.

A politica de desenvolvimento econômico permitiu que o Brasil atingisse posição de destaque na economia mundial, mas, ao lado desse processo de evolução observamos, como no resto do mundo, aumento da proporção de excluídos por falta de visão abrangente que efetivamente elevasse empresas e produfos! à classe mundial. Três elemento, essenciais para um crescimento harmônildo da capacidade competitiva! 1 não fotarin tratados adequadamente: conhecimento, capacidade para utilizaçãofde suai total potencialidade e competência tpara estabelecer as necessárias1 conexodS!!:IEsse:s componentes, se devidamente equacionados, introduzem o Pais no noiM ciclo: o do conhecimento. Nesse !contexto, a gestão do conhecimento,: O apoio à competência e a mon-! II! tagem Idas redes de conexão entre as várias fontes de conhecimentos científicos IIIIe tecnológicos e o ambiente social ondeI IIo proce,â0 opera adquirem importância miciat Como conseqüência desse rimcesso, o, ger humano passa a ser o foco das açõeá a serem implementadas, uma! ! vez pie nova ameaça surge para os trabalhadores brasileiros, dados os atuais! ! 1 níveis !de educação e perfil profissional. A excelência passa a ser a melhor proteção e• outra a competição global. A niassa de trabalhadores que poderão1s4 jogados à marginalidade social exige novo modelo de comprometimentó1 da sociedade. Temos em mãos I exper,leocia. riquíssima de educaçãoIdentro da realidade de cada comunidadeçóinoj nos ensinou Paulo Freire.AdiciOnalmente,;1 observamos que o mundo do conhecimento vem chegando maisHrapidamente do que se possa esperáik, ao mesmo tempo em que o proceSso acelerado de informatização! Ivem 'romper com toda a aceitação

O Proeduc demorou para "decolar", embora tenha sido lançado com disponibilidade de Fa 100 milhões para atender ao seu públicoalvo, constituído, basicamente, por empresas brasileiras, Cooperativas, associações de classe e

educacionais.instituiçõesEstimativasdesenhadasparaoBrasilindicamparaoano2000aexis-tênciadeaproximada-mente1.000empresasseguidorasdomodelodeautogestão.Ouniversodetrabalhadoreshojeemempresasauto-geridasédaordemde6.700noPaís.

o desenvolvimento, tem-se dado ênfase no Brasil aos aspectos físico ou econômico da competitividade. Esse enfoque por si só não basta e toma-se necessário incorporar na politica de competitividade não apenas a visão econômica, pois esta, isoladamente, levará a distorções de grande impacto e de forma danosa à sociedade. As ações devem se concentrar na oferta de componentes essenciais ao ambiente competitivo, particularmente nos fatores sistêmicos como ciência e tecnologia, educação e infra-estrutura.

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Com base nessa visão inovadora foi possível identificar os elementos comuns geradores de insucesso na absorção de tecnologia, na implantação de programas de qualidade total e, principalmente, na gestão empresarial, e compreender o papel da empresa e dos empresários no preparo da empresa do futuro ou como é denominada hoje: a empresa de aprendizado. Após amplo debate, a Finep formulou o Programa de Educação para a Competitividade - Proeduc, lançado pelo Presidente da República em 11 de maio de 1995. Dentro do esforço de mobilização dos agentes do capital e do trabalho, foram realizados seminários no âmbito do Fórum Permanente de Modernização, Trabalho e Educação. O Proecluc demorou para "decolar", embora tenha sido lançado com disponibilidade de R$ 100 milhões para atender ao seu público-alvo, constituído, basicamente, por empresas brasileiras, cooperativas, associações de classe e 237

O tambémcooperativismoconstitui outra experiência que, se adequadamente implantada, pode se transformar em relevante instrumento de alcance da cidadania, através do fortalecimento de pequenos negócios e geração de emprego e renda. passiva de espera por soluções de resexclusiva do governo. Por outro lado, há que se estimular atividades ligadas à geração de trabalho e renda. Temos de instrumentalizar ações que reduzam os impactos da crescente tendência à destruição de postos de trabalho e deterioração das relações traba11listas. As alternativas de ocupação menda precisam, por seu turno, ser conduzidas pelo conhecimento dos setores e regiões onde o desequilíbrio se manifesta. No presente momento, o Brasil vive o drama da educação, tendo o governo estabelecido o ensino básico como sua prioridade máxima. Sem dúvida, não se pode imaginar uma sociedade sem oportunidade de acesso à educação para a população infantil. Paralelamente, estamos nos defrontando com um problema crucial: uma população de mais de 20 milhões de trabalhadores analfabetos e outro tanto com baixa instrução, ao lado de modelos de educação que ainda seguem padrões prevalecentes nos paradigmas anteriores de eficácia duvidosa quanto aos resultados a serem observados na virada do século. Aplicase a este caso a afirmação de Einstein de que os problemas atuais não poderão ser solucionados com os mesmos conhecimentos que os geraram. Com esse sentimento de urgência e de visão de futuro, a Finep, a partir do início da década de 90, buscou colocar a educação dentro da perspectiva econômica e da recuperação das oportunidades de trabalho e de inserção competitiva O processo de modernização produtiva exigia urna profunda mudança cultural dos trabalhadores e, principalmente, dos empresários e dos próprios educadores. Ressaltavase a demanda de um novo perfil dos trabalhadores, em face o progressivo abandono do conceito tailorista da mãode-obra especializada. Os novos atributos necessários ao trabalhador só podem ser adquiridos através de uma educação básica de conteúdos gerais, ou seja, através de maior e melhor escolaridade.

ponsabilidade

EINANCIADORA:IOE ESTUDOS E PROJETOS - FINEP

instituições educacionais. Deste montante, R$ 75 milhões provêm do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT e R$ 25 milhões são recursos próprios da Finep. Mas observamos que o número de projetos vem descendo e o Programa vem se mostrando eficiente na melhoria de indicadores empresariais, de qualidade de vida dos trabalhadores e das relações de Dentrotrabalho.damesma linha de gestão moderna, explorando o capital intelectual das empresas, vale ressaltar o Programa de Desenvolvimento de Empresas de Autogestão. A Finep respondeu a uma necessidade expressa pelos próprios trabalhadores, através da Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão e Participação Acionária - Anteag.

Temos de instrumentalizar ações que reduzam os impactos da crescente tendência à destruição de postos de trabalho e deterioração das relações trabalhistas. As alternativas de ocupação e renda precisam, por seu turno, ser conduzidas pelo conhecimento dos setores e regiões onde o desequilíbrio se manifesta.

O Autogestão constitui, portanto, uma ação da Finep para as empresas geridas pelos próprios trabalhadores, com especial ênfase na modernização administrativa e tecnológica, contribuindo não só para que estas sejam viáveis do ponto de vista econômico e financeiro, mas, também, para minimizar o desemprego e melhorar a qualidade dos postos de trabalho. Trata-se de solução encontrada pelos trabalhadores para a cise apresentada no ii lea.ado de trabalho, qual seja o auto-emprego, através de suas diversas formas: autogestão, co-gestão, perativas, trabalho autõito io etc.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

As experiências mundiais demonstram que essa forma de gestão é bem sucedida, especialmente nos Estados Unidos ingla terra, Espanha, Itália e França. Estimativas desenhadas para o Brasil iiidlcam para o ano 2C00 a existência de aproximadamente 1.000 empresas seguidoras desça modelo. O universo deI trabalhadores hoje em empresas , autogeridas ékrda ordem de 6203 no Pais. '1O cooperativismo também constitui, outra experiência que, se adequadamente implantada, pode se transformar em relevante instrumento de alcariCe da cidadania, através do fortalechnerito de pequenos negócios e geração de emprego e renda. Importante parcelialisurgiu nesse campo dentro do Coep, da qual resultou o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares1 - Proninc, envolvendo irá' Imeras entidades, não só integrantes do Comité mas também externas a ele, tendo gerado a criação do Fórum Na; t cional de Entendemos,Cooperativismo.assim,como extremamente1 profícua a iniciativa do Coep e 1as Nue, resultantes, não só através de parcerias, mas também aquelas que, embora idealizadas dentro do Comitê, estão sendo implementadas isoladamente por cada entidade participante. Seu papel deverá aumentar se conseguir realizar prospeca_ço de eventos facilmente previsíveis Com a teuiologia existente. Ne'cpcontextoi estão inseridos os progressos v na previsão de fenômenos anormais de1dima como seca e inundações. Esses.1fent» ios e suas conseqüências sociais I somentei podem ser minimizados com tu ma ação solidária e preventiva

FUNDAÇÃO FIOGRUZOSWALDO CRUZ Vontade política, desenvolvimentomobilizaçãsocial

F azia parte da Associação de Moradores. Fui líder comunitário. Conhecia o projeto de criação da Cooperativa, mas no momento em que foi criada eu tinha me afastado do Rio de Janeiro. Quando retornei, em junho de 1996, vi que aquele projeto era realidade e aí, como tinha um cadastro,meu na Associação de Moradores, fiquei aguardando uma oportunidade para meu ingresso na Coo tram. Comecei a trabalhar na varredura, serviço delimpeza. Depois fui transferido para a área interna, em seguida fui transferido para a área de controle de vetores - larvas e mosquitos. Estou gostando muito desse serviço porque estamos colaborando para o desenvolvimento do bioinceticida do Prof. Leon Rabinovith, implantado nocampus da Fiocruz como teste no controle de vetores. Pretendo me tornar um técnico nessa área. Em relação ao trabalho anterior houve uma diferença para melhor, porque em firmas nós não temos a liberdade que temos aqui. Estamos cientes dos serviços que devem ser feitos e fazemos. O supervisor verifica tudo, e pronto. Sem aquela pressão sofrida em firmas comuns. Eu conhecia a Fiocruz por vir aqui caçar preá, apanhar bambu para festa junina, vinha ao Posto de Saúde. Antes, quando discutia com amigos sobre local de moradia, era sacaneado porque morava numa favela; só que eu dizia a elesque também moravam em favelas distantes - que eu morava ao lado do maior Centro de Pesquisa da América Latina. Então, vir pra cá foi motivo de orgulho para mim, com certeza. E a Cooperativa socializou muitas pessoas, aproximando o servidor do cooperativado. As comunidades vizinhas ao campus passaram a compreender a importância da Fiocruz para o Brasil e para o mundo. O Prof. Cynamon é pedra filosofal da Cooperativa. Ele e o Prof. Paulo Buss, que iniciaram esse projeto que hoje beneficia todos nós cooperativados, todas as Comunidades vizinhas... Olnrio Faustino de Souza, 39 anos Cercada de entornosuascionalnesteresponsabilidadesCruzacomunidadesnovefaveladas,FundaçãoOswaldo-conscientedasquelheimpõesualocalizaçãoespaçogeopopula-complexoedesafiador-decidiumudarradicalmenterelaçõescomosocial.

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Evidentemente, em qualquer dessas vertentes, a Cooperativa pode prestar serviços para entidades públicas e privadas, além da Fiocruz, inclusive fora da região de Manguinhos. Ela se prepara para isto e busca ser competitiva para tal. Portanto, a busca de eficiência administrativa deverá ser um dos principais objetivos da Cooperativa nos próximos anos, de forma a tornar o projeto efetivamente auto-sustentável e independente da parceria (exclusiva) da Fiocruz, que o fez surgir.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Por sua vez, com o setor de coleta seletiva e reciclagem doÍJ. lixo, a Fiocruz viu resolvido um de seus problemas crônicos, bastante custoso e agressivo para o ambiente, que era o de desfazerse de uma longa relação de materiais que compunham o seu lixo.

São cerca de trabalhadores,1.000homens e mulheres da comunidade, que se distribuem em quatro segmentos principais: coleta seletiva e reciclagem de lixo oriundo da própria Fiocruz; limpeza predial, de laboratórios e jardinagem; manutenção de equipamentos, e corte e costura.

Entrei na Cootram através da Associação de Moradores de Varginha. Comecei como auxiliar de serviços gerais. Depois que fiz um curso de encarregado, com mais outros quatro coopera tivados, fiui encaminhado para trabalhar na área administrativa - setor de containers, onde estou até hoje. Foi em 1996. Estava desempregado há mais ou menos quatro meses. Aqui na cooperativa eles aceitam muito a idéia da gente. Todas as quintas feiras, a Universidade Aberta oferece espaço aberto para a gente 244

Cerca de 30 pessoas, e respectivas famílias, vivem da renda propiciada pela atividade. O setor de corte e costura está constituído de cerca de 60 mulheres e adolescentes, utilizando 20 máquinas de costura industriais doadas à comunidade pelo Comitê da Ação da Cidadania dos Funcionários da Fiocruz. Elas preparam os uniformes dos trabalhadores da Cooperativa, outros uniformes que antes a Fiocruz adquiria por preço muito mais elevado no comércio e moda, em geral.

É um projeto de parceria estado (entidades públicas) - comunidade no nível local, perfeitamente reproduzível em qualquer local e com qualquer entidade pública, bastando para isto a firme decisão política da direção da entidade em implementá-lo.

Decorridos quatro anos de sua estruturação atendo respondido com ações concretas às expectativas comunitárias de ampliação do emprego, melhoria de renda e capacitação pela educação para o trabalho, a Cooperativa de Manguinhos passou a ter importante capacidade de mobilização e representatividade da população da região.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ

Eu conhecia a Fiocruz por vir aqui caçar preá e apanhar bambu para festa junina. Vinha ao Posto de Saúde... Antes, era sacaneado porque morava numa favela; só que eu dizia a eles que eu morava ao lado do maior Centro de Pesquisa da América Latina. Então, vir pra cá. foi motivo de orgulho pra mim, com certeza. Olivio Faustino de Souza, 39 anos expor os nossos problemas e também os problemas da cooperativa. Lá fora, o patrão é patrão e empregado é empregado. Aqui podemos expandir mais. No início, o pessoal tinha mesmo preconceito em relação a nós. Até no ônibus da Fiocruz sentíamos isso. Depois, no decorrer do tempo, esse pessoal viu que não era nada daquilo. Acabou tudo. Hoje existe uma relação de amizade com os servidores. Com a criação da Coo tram, muitos que, antes, estavam envolvidos com drogas passaram a trabalhar aqui e realmente saíram daquilo. Com a cooperativa, o tráfico diminuiu muito e também a violência. Eu não conhecia o trabalho da Fiocruz. Conhecia mais o trabalho do Posto de Saúde. Foi muito boni conhecer, a gente aprendemos coisa. No Hospital (HEC - de doenças infectocontagiosas), o que a gen te vê ali é brabo, por isso passa a dar mais valor à vida. A minha vida mudou bastante depois que vim para cá. Comprei uma casa, que ainda estou construindo. Todo mundo tem de ter oportunidade de trabalho. Valmir Barcelos da Cunha, 41 anos.

As discussões sobre os principais problemas da região, subsidiadas por técnicos do Projeto Universidade Aberta da ENSP-Fiocruz, conduziram a comunidade a estipulamos como meta, para os anos seguintes, a melhoria da situação ambiental e das condições das habitações da área. A perspectiva é a organização de um "departamento de urbanismo e habitação" na Cooperativa, que procurará desenvolver um processo auto-sustentável que atinja: abastecimento de água universal; esgotamento sanitário universal; coleta e destinação adequada de lixo; canalização dos 245

246 CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA A Fiocruz passou a economizar 15% do que gastaria vezesços,comprandohabitualmenteestesservi-ecadatrabalhador,individualmente,passouarecebercercade2,5maisdoquereceberiasefosseempre-gadodoantigoprestadordaquelesserviços.Soboutrasformas,ostrabalhadorescontinuamrecolhendoparaaPrevidênciaSocial,recebemfériase,aofinaldoperíodo,receberãooequivalenteaoFGTSdeumfundodaCooperativaparaoqualcontribuem.

Todo o processo tem um caráter experimental, podendo gerar tecnologias de gestão e processos em todos os níveis e aspectos, capazes - -- de difusão e aplicação em outras realidades e sob a gestão de outras entidades públicas, inclusive prefeituras municipais. O componente de saúde do projeto inclui uma ampla revisão da atual oferta de serviços por parte do Centro de Saúde Escola da ENSP, bem como, em decorrência, de sua estrutura e gestão. Assim, já estão indicadas algumas iniciativas e estratégias: implantação dos Programas de Saúde da

O projeto já está preliminarmente elaborado e prevê a reforma ou edificação de cerca de 3.000 unidades habitacionais.

O aporte financeiro inicial, para a construção e equipamento de três barracões fabris, está sendo procurado em diversas entidades, como a Fundação Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, entre outras fontes institucionais, admitindo-se que a auto-sustentabilidade do projeto advirá da capacidade de pagamento das famílias beneficiárias.

Os empregos para a construção das edificações populares também serão criados no interior da própria comunidade, gerando assim mais postos de trabalho na Cooperativa e renda na região.

O custo de cada unidade habitacional nova está estimado em cerca de R$ 7.500,00 e todos os recursos de infra-estrutura (água, esgoto etc.), em outros R$ 7.500,00 por unidade, totalizando R$ 15.000,00 por habitação.

Todo o material de construção para as edificações, incluindo tijolos, bloqueies, manilhas, tanques, pias, vasos sanitários etc., serão fabricados por novos membtos da própria Cooperativa, mediante tecnologia apropriada já desenvolvida pelo Departamento de Saneamento e Ambiente da ENSP-Fiocruz. Com isto, o preço será reduzido a metade, gerando significativo número de novos empregos no interior da própria comunidade.

córregos existentes e drenagem de terrenos; construção e melhorias de unidades habitacionais para substituir os barracos existentes.

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ

Família e de Agentes Comunitários de Saúde, estes com dupla função, com ações junto aos indivíduos e famílias, bem como na questão ambiental. Para esta iniciativa, o Centro de Saúde Escola conta com o apoio do Programa de Saúde da Família - MS; ênfase nas ações de promoção e proteção à saúde e de prevenção de doenças e problemas de saúde; integralidade da atenção, com garantia de retaguarda para internações hospitalares e tratamentos especializados que não possam ser realizados no próprio Centro de Saúde Escola ou, o que sempre será preferível, no próprio domicílio; garantir o ensino (formação de recursos humanos) e a pesquisa no âmbito do projeto. As necessidades da população da região são imensas e os desafios para responder a elas são de igual magnitude. Entretanto, os bons resultados dos primeirós quatro anos de existência do projeto na área de geração de trabalho e distribuição da renda autorizam a Fiocruz a acreditar que os próximos objetivos podem também ser alcançados. As possibilidades de desenvolvimento social propiciadas por formas inovadoras de parceria Estado (Entidades Públicas)-Comunidade, neste caso representada pela experiência da Cooperativa de Manguinhos, podem tomar grande.impulso se afastados obstáculos normativos e legais.

Refiro-me, especificamente, a mudanças na Lei 8.666, introduzindo as Cooperativas Populares criadas e reconhecidas no âmbito do movimento da Ação da Cidadania entre aquelas entidades que podem ser contratadas pelos órgãos públicos com dispensa de licitação, por sua função social como as associações de deficientes e de recuperação de presos, já beneficiadas no texto legal.

Essa iniciativa pode estabelecer, de fato, uma nova, criativa, necessária e esperada parceria entre estado e comunidade no nível local, em qualquer lugar do País, tendo como base um órgão público que supra suas necessidades de serviços nas Cooperativas Populares de Trabalho, organizadas nas comunidades que lhe são circunvizinhas.

A busca de formaobjetivosadministrativaeficiênciadeveráserumdosprincipaisdaCooperativanospróximosanos,deatornaroprojetoefetivamenteauto-sustentáveleindepen-dentedaparceria(exclusiva)daFiocruz,queofezsurgir.

IFoi ótima! Comecei a comprar coisas que nã ti lha porque o salário melhorou bastante. Comecei a pagar cursinho para a minha filha, comecei a estudar.

É um projeto de

Participei de algumas reuniões no início p rque trabalhava no serviço de limpeza do Hospital de Ipanema e, muitas vezes, minha filha participava em meu lugar. Não consta o meu nome nos pIapéis como sócia-fundadora porque nesse dia estava trabalhando. Mas siou uma das fundadoras da Coo tram, .em janeiro de 1995. Comecei nos serviços de limpeza do Hospital Evandro Chagas, na Epidemiologia, onde estou até hoje. Para mim a diferença foi enorme porque já não pegava mais condução. Não precisava levantar tão cedo. Para mim foi muito boa essa chegada da cooperativa.

Estou fazendo o supletivo do primeiro gra .1 à noite. Não sinto que tenhoÉ .patrão. O tratamento é igual para todos e cada um é responsável pelo seu trabalho, mesmo tendo um encarregado en cada setor. Todos participam.

Dione Enedina da Silva, 49 anos.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Tem a Universidade Aberta onde a gente discute e conversa sobre os problemas da cooperativa. Morava aqui há 35 anos e não conhecia a Fundação. Nunca tinha entrado aqui antes Não sabia que isso aqui eraI .tão importante, tão valioso, muito bonito, organizado. Muito valioso isso aqui. Não era para as pessoas daqui de dentro terem medo do pessoal da comunidade, porque no momento que a gente entrou, entrou para trabalhar. Tinha muita gente desempregada lá fora. da Fiocruz e foi mui to bom para nós.' De repente abriram as portas Havia mesmo muita gente desempregada. Agora a comunidade agradece a Fiocruz. Os garotos que antes estavam no tráfico de drogas estavan por falta de emprego. Quando as portas são abertas eles abandonam essaI vida. Aqui mesmo temos exemplos dessa coisa. Hoje essas pessoaá não querem mais nem ouvir falar em tráfico. Alguns deles já estão atém allgreja."

Um amplo conjunto de outros projetos de desenvolvimento social pode se originar dessa base inicial, enriquecendõ a parceria e trazendo novas opções que busquem alcançar a eqüidade è urna maior justiça social.

Na difusão dessa estratégia, desempeuhará um papel fundamental a Comunidade Solidária e o próprio Comitê das Entidades Públicas.

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firmeentidadeEstado-Comunidadeparceriaemnívellocal,perfeitamentereproduzívelemqualquerregiãoecomqualquerpública,bastandoparaissoadecisãopolíticadadireçãodaentidadeemimplementá-lo.

ELO! DE SOUZA GAROA Presidente da Fiocruz

Forte motivo de orgulho institucional A Fiocruz, por ser uma das instituições participantes do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, desde sua origem, teve o privilégio de poder conceber e discutir neste importante Fórum, a idéia de criação da Cooperativa de Trabalhadores de Manguinhos - Cootram. O referido Projeto foi implantado pela

Universidade Aberta - ENSP/Fiocruz, em parceria com o Coep, Comunidade Solidária, Fundação Banco do Brasil, dentre outras instituições. A Cootram emprega, hoje, aproximadamente mil pessoas que prestam serviços básicos (limpeza, jardinagem e manutenção) à Fiocruz, antes terceirizados por empresas privadas. A grande maioria dos cooperativados mora nas comunidades circunvizinhas ao Campus da Fiocruz. Um dos resultados já obtidos com a implantação deste Projeto foi a diminuição significativa do estágio de violência existente na área de Manguinhos. Quando se cria oportunidades de geração de renda, mesmo em pequena escala, contribui-se para a melhoria da qualidade de vida de populações mais carentes e marginalizadas.Ocompromisso social da Fundação Oswaldo Cruz é, fundamentalmente, com a saúde pública brasileira. Contudo, experiências como a da Cootram nos envaidecem. O envolvimento dos nossos servidores se dá através de uma contribuição mensal (0,5% do salário) ao Comitê Fiocruz de Combate à Fome e pela Vida, constituindo um fundo de recursos voltados para a solidariedade. Como exemplo, a Oficina de Corte e Costura da Cootram foi praticamente montada com os recursos provenientes das contribuições dos servidores (13 máquinas de costura industriais). Além disso, o Comitê faz distribuição periódica de cestas básicas de alimentos e medicamentos para os aidéticos de nossos hospitais.

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•Ultimamente, um grupo de servidores vem mantendo uma relação Um dos resultados já obtidos foi a diminuição significativa do estágio de violência existente na área de Cootramexperiênciasé,OequalidadeQuaildoManguinhos.secriamoportu-nidadesdegeraçãoderenda,mesmoempequenaescala,contri-bui-separaamelhoriadadevidadepopulaçõesmaiscarentesmarginalizadas.compromissosocialdaFundaçãoOswaldoCruzfundamentalmente,comasaúdepúblicabrasileira.Contudo,comoadanosenvaidecem.

Grupo de Dança Afro, do Centro Pixinguinha.CulturalEssetrabalhoenseja e reflete a institucionalculturaque, ao longo deste século, pode consolidar o compromisso social enquanto missão primordial da Fiocruz.

mais estreita com as comunidades circunvizinhas através de visitas freqüentes e contribuições efetivas: a nossa creche oferece assistência técnica à Creche da Comunidade; o Centro de Saúde Escola da ENSP presta assistência básica em saúde a toda a comunidade; móveis e equipamentos em desuso estão sendo repassados para as associações vizinhas, dentre outras iniciativas. Esse trabalho enseja e reflete a cultura institucional que, ao longo deste século, pode consolidar o compromisso social enquanto missão primordial da Fiocruz; ou seja, produzimos conhecimentos e teulologias, para intervir na realidade de forma a garantir a melhoria das condições de saúde e vida da população brasileira. Imbuídos desta missão, nossos servidores vão além e assumem a questão da solidariedade - através de inúmeras iniciativas -, como práticas quase que rotineiras, o que constitui motivo de orgulhoOsinstitucional.desafiosfuturos são inúmeros. Mas, neste aspecto, pretendemos dar continuidade a esse trabalho e ao mesmo tempo divulgá-lo para que outras instituições possam conhecer e desenvolver experiências semelhantes.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA _••-• '311^THICI"-a "S"'••

FUNDAÇÃO BANCO pais coisasque essas não erai desaparecer nunca. Paulo

As atividades foram direcionadas para a melhoria da qualidade de vida no meio rural, procurando minimizar um dos mais sérios problemas enfrentados pela sociedade brasileira: êxodo desordenado para as áreas urbanas.

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Ao longo do ano de 1996, a Fundação Banco do Brasil priorizou o homem do campo. Esse foco temático inaugurou uma nova forma de atuação, a partir da simplificação do sistema de acolhimento de propostas e da concentração de esforços no desenvolvimento de projetos dentro do segmento escolhido.

experiência

Na busca de alternativas, a Fundação Banco do Brasil tomou conhecimento do Projeto Educar Plantando, concebido pela prefeitura de Paracatu (MG). Como seus objetivos se alinhavam aos do Programa Homem do Campo,formalizou-se uma parceria para o desenvolvimento de diversas ações. O Projeto foi então ampliado, dando inicio a uma inovadora e de resultados surpreendentes. Assentado no tripé Educação-Saúde-Agricultura Familiar, o Projeto tem uma filosofia baseada na união de esforços de toda a comunidade na construção de seu desenvolvimento.

A Fundação, através do direcionamento de suas atividades, objetivou a melhoria da qualidade de vida no meio rural, procurando minimizar um dos mais sérios problemas enfrentados pela sociedade brasileira: o êxodo desordenado para as áreas urbanas. Esse movimento migratório acaba por alimentar o inchaço das metrópoles, agravando problema da miséria, sobretudo nas periferias das grandes cidades. Inicia-se, assim, um circulo vicioso que reforça a demanda por investimentos nas zonas urbanas, acentuando o abandono do meio rural.

A escolha do tema nasceu da observação das desigualdades sócioeconômicas que existem entre o campo e a cidade. Apenas a titulo de exemplo, constatou-se que a renda média familiar é três vezes maior no meio urbano, já o analfabetismo é três vezes maior nas áreas rurais, segundo dados do IBGE.

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O Projeto (MG),Plantando,EducardeParacatuassentadonotripéEducação-Saúde-AgriculturaFamiliar,temumafilosofiabaseadanauniãodeesforçosdetodaacomunidadenaconstruçãodeseudesenvolvimento.

O objetivo básico é promover a educaçãoi fundamental, além de reduzir o analfabetismo, a repetência e a evasão escolar no meio rural. O método pedagógico adotado é o construtivista,:levando ao campo a mesma qualidade de ensino presente nas escolas urbãnas. O Educar Plantando é complementado ainda com ações para qualificar e atualizar professores, facilitar o transporte escolar, prestar atendimento odontológico através de unidades móveis de saúde, identificar novos mercados para os produtores rurais e auxiliar no desenvolvimento de téulicas que otimizem a construção de moradias e o preparo da terra, dentre outras. No total, a Fundação Banco do Brasil apoiou a realização de 14 iniciativas dentro do Projeto Educar Plantando: Ampliação da escola José Palma: reforma da escola localizada na zona rural de Santa Bárbara; Resgatando a Cultura: aquisição de material para a confecção de vestuário e adereços para três grupos folclóricos integrados por crianças e adolescentes que estudam em escolas mnnicipais da área rural; Sombra eÁgua Fresca: plantio de mudas de trepadeira frutífera, em forma de cercas vivas, com utilização dos frutos na merenda escolar, além da perfuração de poços artesianos] em escolas da zona rural; 254

Primeiros Socorros: aquisição de equipamentos e material de primeiros socorros para escolas da área rural, oferecendo aos alunos noções gerais de cuidados com a saúde; Cultivar e Alimentar: implantação de hortas em escolas da zona rural, a fim de ensinar técnicas de cultivo aos alunos e complementar a merenda escolar; Ciclo de Estudos para Professores da Zona Rural: realização de dois ciclos de estudos, com ensinamentos sobre as técnicas pedagógicas de Piaget, Constance Kammi, Paulo Freire, Ana Toberosky e Emília Ferreiro, entre outros; Esporte Total:construção de quadras esportivas e campos de futebol em escolas da zona rural; Projeto Água Pura: perfuração de cisternas em escolas rurais, garantindo água potável aos alunos e professores; Postos de Saúde: aquisição de equipamentos para postos de saúde que atendem às comunidades rurais;

Reconstruindo:reforma e escolas rurais construídas com pré-moldados; Parquinho Divertido: construção de parques infantis pedagógicos em escolas rurais; Horta Escolar da Fazenda-Modelo: aquisição de insumos, sementes, defensivos e outros implementos agrícolas para o desenvolvimento O objetivo básico é promover a fundamental,educaçãoalémdereduziroanalfabetismo, a repetência e a evasão escolar no meio rural. O método pedagógico leva ao campo a mesma qualidade de ensino presente nas escolas urbanas.

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL

Multiplicando 'resultados Os principais resultados obtidos em Paracatu nas mais diversas áreas confirmam o sucesso do investimento. Os programas de educação reduziram os índices de repetência de13 para menos de 5,2%, e de evasão escolar de 10 para menos de 5,6%; aumento de 58,5% no índice de alunos matriculados na zona rural; construção de 600 m2 de salas de aula e recuperação de outros 1.300 m2. Em relação à saúde, mais de nove mil pessoas da zona rural, nas duas unidades móveis, foram beneficiadas com atendimento médico-odontológico. Os projetos de Agricultuía Familiar atenderam a quase 500 agricultores com recursos doFundo de Desenvolvimento Comunitário - Fundec e da Prefeitura Municipal de Paracatu, permitindo o preparo de cerca de 1.540 hectares de terra e o incremento na produção anual do município, destacando-se arroz (250 toneladas), milho (800 toneladas), leite (4,2 milhões de litros) e ovos (1,2 milhões de unidades).

Os principais resultados obtidos em Paracatu nas mais diversas áreas confirmam o sucesso do investimento.

da Horta Escola'.Comunitária da FazendaModelo da Prefeitura Municipal, onde crianças carentes têma oportunidade de aprender técnicas agrícolas; Saúde em Casa: adaptação e equipagem de duas unidades móveis para o atendimento médico-odontológico das comunidades carentes da área rural; Cursos de Iniciação Musical e Avançado: aquisição de um piano para a Fundação Casa de Cultura de Paracatu, utilizado nos cursos musicais oferecidos às comunidades do município.

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Finalmente, no campo da Recreação e Desporto foram recuperados e construídos 15.600 m2 de quadras esportivas em cinco escolas da zona rural, nas quais foram implantados parques infantis pedagógicos.

finlN liNio lu v yr - 01234567 .9 t Tr ti._^, si,„2,....... \ 'ESCOLA PARA NÓSÉVOAE N7.9 PREPAR40 PARA a VOÁ. Sfi SE ~CE A VIVER,VIVEND3i sd SE ORME A FAZER, FAZEM Só SE APRENDE A PEN. •• FUNDAÇÃO4.1 BANCO DO BRASIL O sucesso do Projeto Educar Plantando motivou a Fundação Banco do Brasil a estender essa experiência pioneira, dentro do Programa Homem do Campo, a outros 60 municípios espalhados por todo o território nacional, escolhidos em conjunto com a Comunidade Solidária, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento e o Ministério das Minas e Energia, parceiros da Fundação no apoio ao homem do campo. A seleção para sua implantação obedece a critérios preestabelecidos, a começar pela identificação de municípios onde predomine a existência de agricultores familiares - proprietários, assentados, posseiros, arrendatários ou parceiros - que tenham a sua economia assentada fundamentalmente na atividade agropecuária, inclusive, e/ou extrativa. Deve haver, ainda, indicação convergente da Fundação, Ministério da Agricultura e do Abastecimento, por intermédio do Pronaf, do Ministério das Minas e Energia, por meio do Prodeem e da Comunidade Solidária, além da indicação das Superintendências Estaduais do Banco do Brasil, a partir do conhecimento das realidades regionais. A experiência, hoje, se estende a outros 60 municípios espalhados por todo o território nacional, dentro do Programa Homem do Campo. 257

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA No final de 1997,a Fundação contabilizavajá desenvolvimentoo de 2.653 projetos dentro do Programa Homem do Campo, aproximadamentebeneficiando40.500crianças.

Contam, também, para a seleção: potencialidades econômicas; carência de serviços e equipamentos nas áreas ociais (educação, saúde, assistência social, cultura e recreação e despinto); maior mobilização comunitária e envolvimento institucional.

Com o objetivo geral de promover o deSenvolvimento sócioeconômico integrado dos municípios assistich* principalmente o meioIrural, o Programa Homem do Campo conta ainda, com a participação das prefeituras, entidades civis sem fins lucrativos, órgãos governamentais de assistência técnica e extensão rural e superintendências estaduais e agências do Banco do Brasil, alélki de outras entidades que posteriormente venham a se juntar ao empreendimento, dentro de suas áreas específicas de atuação.

Os recursos são direcionados a despésas de investimento na melhoria de serviços nas áreas de educação) saúde, assistência social, cultural, recreação e desporto; capacitaçà de professores de ensino.1Ibásico e de profissionais da área de saude; estímulo à agricultura,Ifamiliar, de natureza associativa, visancl'd ;ao aumento do nível de emprego e renda; criação e infra-estrutura capaz de agregar valores àsí114atividades produtivas nas localidades assistidas. No final de 1997, a Fundação já contabilizava o desenvolvimento de 2.653 projetos dentro do Programa, com ,destaque para iniciativas como construção, reforma e ampliação he escolas, compras de equipamentos para salas de aula, capactaçãi o e reciclagem de professores, equipagem e =cler~,ck unidades de saúde, IIiimplantação de pequenos núcleos produt:vos (usinas deleite, fábrica de tijolos, agroindústrias), beneficiando; "apenas no ano de 1997, aproximadamente 40.500 crianças.

Quanto ao envolvimento dos empregados em projetos ligados à cidadania, quais são os reflexos dessa participação na entidade? J.P.R. - O Banco do Brasil tem uma longa história de participação nas causas pela melhoria das condições devida no País. Valendo-se da capilaridade da sua rede de agências e da condição de um dos principais agentes econômicos do Estado, suas ações destacam-se ainda mais quando são considerados outros dois importantes componentes de sua presença na área social: a mobilização do corpo funcional e a atuação da Fundação Banco do Brasil. A Ação da Cidadania, por exemplo, tem no funcionalismo do Banco do Brasil um de seus mais importantes canais de atuação. Os comitês de funcionários, espalhados por O Banco do Brasil tem uma longa história de participação nas causas pela melhoria das condições de vida no País. Suas ações destacam-se ainda mais quando são considerados outros dois importantes componentes: a mobilização do corpo funcional e a atuação da Fundação Banco do Brasil.

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JOÃO PINTO RABELO Presidente da Fundação Banco do Brasil O futuro cada vez mais próximo de todos Qual a importância do Coep para a abertura de novas reflexões e ações no campo social, na área da integração comunitária e responsabilidade social da entidade? J.P.R.-As soluções para os problemas sociais vividos por expressiva parcela da população brasileira estão, há muitosanos, na Pauta das prioridades buscadas pelo Pais, seja na área governamental ou privada. Apesar dos esforços, em muitos setores o que se percebeu foi um aprofundamento ainda mais grave das desigualdades, tornando urgente a implementação de soluções rápidas e efetivas. Talvez, essa tenha sido, em 1993, a mais forte motivação para o surgimento do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida. Sob a liderança de Betinho e de outras personalidades, criou-se um foro, no âmbito das empresas estatais, autarquias e fundações, para discutir e colocar em prática idéias, projetos e ações capazes de valorizar e promover a cidadania principalmente para os brasileiros mais necessitados. Apesar da ousadia da proposta, o Coep vem se constituindo em um importante instrumento voltado para a multiplicação e disseminação de iniciativas de sucesso, provocando o debate e a reflexão por parte da sociedade organizada para temas de grande importância. Hoje, o Comitê tem seu nome associado a significativas conquistas em áreas como trabalho, educação, saúde e alimentação, entre outras. De todos os avanços já empdidos, o maior deles consiste no exemplo do que o próprio Coep representa: a possibilidade do trabalho mútuo e solidário, reunindo e articulando as mais variadas tendências em um esforço direcionado e cor4unto na busca pelas transformações que o Pais necessita.

J.P.R. - O Coep participa hoje de trabalhos" em áreas essenciais para o desenvolvimento social do País. Seu apoio a projetos como o Canal Saúde e o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares mostra o comprometimento da entidade com transformações capazes de gerar não apenas mudanças conjunturais, mas também no comportamento da sociedade. Além disso, a criação de Comités em várhis estados tem permitido o acompanhamento mais próximo das demandas regionais, possibilitando a organização de campanhas de auxilio e mutirões. O processo tem-se mostrado bastante efetivo, principalmente pela participação conjunta das instituições que compõem os comitês locais. A exemplo do que ! á faz a Fundação Banco do Brasil, o trabalho do Coep vai se direcionancio para a superação do simples assistencialismo, criando as condições necessánas para o desenvolvimento auto-sIusItentável das comunidades, fazendo com que, dessa forma elas1 próprias se transformem nos principais agentils do seu crescimento.

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Enquanto o Pais luta para diminuir os efeitos da divida social, cresce a conscientização de que o processo de mudanças tem de ser permanente e contar com a participação de todos os setores da sociedade.Opapeldo Coep é de fundamental importância ao reunir comdepresentesinstituiçõesnodia-a-diainúmerosbrasileiros,capacidadeparaarticular,mobilizaremudararealidadedascomunidadescomasquaisserelacionam.

1Na sua opinião quais são os maiores: desafios para o futuro?

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J.P.R. - O futuro passa necessariamente pelo eiercicio da cidadania. Enquanto o Pa s luta para diminuir os efeitos da dívida social, cresce a conscientização de que o processo de mudanças tem de ser permanente e contar com a participação de todos os setores da sociedade. Nesse sentido, o papel do Coep é de fundamental importância ao reunir nstituições presentes no dia-adia de 'números brasileiros, com capacidade para articular, mobilizar e mudar a réalidade das comunidades com as quais se relacionam. A Fundação Banco do Brasil, integrada a esse movimentoIsolidário e participativo empreendidoIpelo Coep, continuará a trabalhar por mais saúde, educação, trabalho e tantasioutras necessidades essenciais i para o bem-estar social do País, acreditando que o futuro, com mais cidadania e qual iiiade devida, está cada vez mais prbardto de todos os brasileiros.

Qual a sua avaliação sobre as principais realizações da entidade?

todo o Brasil, fazem chegar o auxílio a comunidades carentes e distantes, permitindo uma visão detalhada das necessidades de cada região. A Fundação Banco do Brasil tem uma participação ainda mais abrangente, não só ao participar da coordenação do trabalho executado pelos comitês de Cidadania dos funcionários, mas também ao desenvolver suas próprias ações, através da implementação de projetos e programas sociais que vão da melhoria das condições de vida do homem do campo ao combate do câncer infantil. A participação conto membro do Coep fortalece ainda mais o compromisso da Fundação Banco do Brasil com os objetivos fundamentais do País, unia vez que os esforços tendem a se potencializar e a gerar benefícios ainda mais significativos para a população.

ELÉTRICASFURNAS CENTRAIS Fornecendo energia construindo cidadania

O lançamento da Campanha da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, maior movimento de mobilização da sociedade civil registrado no Pais nos últimos anos, trouxe à tona a questão da responsabilidade social das empresas e o sentimento de solidariedade de todos em relação à exclusão social no Brasil. Em maio de 1993, iniciando sua adesão a esse movimento, Fumas participou, com a presença de seu presidente na época; Marcelo Siqueira, de reunião no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, para discussão do papel das empresas públicas em relação à fome e à miséria. Como resultado desta reunião, foi criado o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, cuja Secretaria Executiva foi assumida por Furnas.

Em 1993, Furnas participou de reunião no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, onde se discutia o papel das empresas públicas em relação à fome e à miséria. Como resultado, foi criado o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, cuja Secretaria Executiva foi assumida por Furnas. A o tentarmos escolher uma experiência de Furnas para esta publicação, o que nos entusiasmou foi a multiplicidade de ações sociais que vêm sendo desenvolvidas na empresa ao longo destes anos. Tal constatação nos levou a refletir sobre o processo de mudança da cultura da organização. O que nos pareceu estar na origem deste movimento, estabelecendo o elo entre estas iniciativas, foi a construção de um novo paradigma, onde a luta contra a exclusão social incorporou-se aos principais valores da cómpanhia.

Para narrar a trajetória da empresa na direção desta nova Cultura que inclui uma outra relação empregados-empresa, vamos falar sobre a história deste movimento em Furnas e citar algumas experiências que nos pareceram mais ilustrativas da diversidade de ações desenvolvidas.

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Lançado em reunião do Conselho da Comunidade Solidária, realizada na sede da empresa, com a presença de diversos ministros de Estado, o Programa de Ação contra a Miséria e pela Vida foi um importante marco na história da empresa, quando foram estabelecidas diretrizes, incorporadas ao seu Programa de Metas.

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Com a participação de Betinho, teveI início em Furnas, ainda em 1993, a Campanha da Ação da Cidadania èjue desenvolveu na empresa um trabalho de conscientização quanto à timportância da participação de cada um, e de todos juntos, na luta contra o pior mal que pode atingir as pessoas na relação que estabelecem como dramático quadro de injustiça social que as cerca: a indiferença. 1 I Esse movimento conseguiu mobilizar os empregados na criação de 39 comitês de voluntários, espalhados nos divei-sos municípios nas áreas de atuação da empresa, em várias regiões do País] Cada um dos comitês passouIIa atuar à sua maneira, com soluções próprias, realizando experiências3criativas e inovadoras em ações específicas pára combater a fome e a miséria.

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Foram organizadas campanhas de arFecadação de alimentos, roupas, doação de tíquetes para compra de Cestas básicas, e outras ações emergenciais. Mas era preciso mudar o enfoque no sentido de tentar atacar o mal pela raiz, tratando da falta de trabalho, do resgate da dignidade e da cidadania. O momento exigia que, em conjunto com a empresa, se viabilizassem projetos de edhcação, geração de trabalho e renda e de Confirmandocapacitação.adeterminação de ampliar suas ações, Furnas consolidou seu compromisso institucional ào estabelecer as parcerias ;comunitárias e definir, em 1995, seu Progama de Ação contra a Miséria e pelaLançadoVida. em reunião do Conselho da ti' omunidade Solidária, realizada na sede da empresa, com a presença de diversos ministros de4Estado, o Programa foi um importante marco na história da empresa, quando foram estabelecidas diretrizes, incorporadas ao seu Programa de Metas, quais sejam: adotar escolas ou unidades de saúde pública, em parceria com o poder público local e entidades representativas da comunidade, viabilizando a manutenção, de formá permanente, de equipamentos, instalações e serviços em geral, possibilitando o funcionamento adequado destes serviços em comunidades carentes; incentivar e valorizar a participaçãO dos empregados na Ação da Cidadania e suas ações voluntárias 'Voltadas para cooperação com comunidades carentes; doar materiais fora de uso a comunidades carentes, em parceria com e poder público e associações represeritativas da sociedade civil local;

incentivar a participação de pequenas e microempresas e cooperativas em licitações da empresa; estabelecer programas que promovam a geração de trabalho, educação e desenvolvimento profissional para jovens carentes e portadores de deficiência física; ampliar o trabalho de cessão de terras; estender para outros reservatórios das usinas, o trabalho de incremento à piscicultura em tanques-rede, visando, através de parcerias com o poder público e entidades da sociedade civil, à produção de pescado para atendimento à merenda escolar, creches e hospitais; implantar, em conjunto com outras entidades, projetos articulados no âmbito do Coep, colocando-os à disposição de empregados da empresa, escolas, poder público e entidades.

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A mobilização dos empregados, o engajamento institucional, e o fato de Furnas sediar a Secretaria Executiva do Coep, colocam a questão da exclusão social no diaa- dia da empresa, fazendo com que as pessoas tomem consciência do grave problema que o País enfrenta.

O engajamento da empresa e de seus empregados foi reconhecido por Betinho, num discurso na sede de Fumas, em 1995: Queria começar confessando que me sinto surpreso, que me sinto emocionado, quando vejo uma obra pública como Furnas, não somente pela sua capacidade técnica, pela exibição de seu desempenho técnico, mas pelo que ela significa para este pais. A grandeza da sua realização como empresa de energia elétrica e, mais que tudo, pela sensibilidade que ela revelou ao abraçar, como uma das pritneiras, a luta contra a fome e a miséria.

A mobilização dos empregados, o engajamento institucional, e o fato de Furnas sediar a Secretaria Executiva do Coep, colocam a questão da exclusão social no dia-a- dia da empresa, fazendo com que as pessoas tomem consciência do grave problema social que o Pais enfrenta, e mais do que isso, apontando alternativas de participação efetiva na construção de um modelo mais humanci justo.

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O maior e mais importante reflexo deste processo de conscientização foi a incorporação, à cultura da organização, de valores como a responsabilidade social de todos, empregados, enquanto cidadãos, e da empresa, como entidade pública, frente à miséria e à exclusão.

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O objetivo desse grupo foi atuar como interlocutor junto aos dirigentes no sentido de facilitar as ações e os projetos propostos pelos comitês; implantar Programa de Ação e atuar em conjunto com o Coep, participando como artiailador junto a entidades externas, governamentais ou privadas, para a construção de diversas parceriasi A partir da criação dd Grupo, foi implantada instrução normativa na empresa, tratando da vinculação de projetos sociais ao Programa de Ação de Furnas, estabelecendo critérios e procedimentos, possibilitando apoio formal da entidade a projetos a serem desenvolvidos e articulados pelos diversos comitês de empregados.

Foram estabelecidos convênios e acordos entre a empresa, seus comitês e várias entidades da sociedade civil, poderes públicos, associações de moradores, universidades, escolas, entidades representativas das comunidades e outros representantes da sociedade civil.

Nova cultura institucional Como conseqüência desse engajamento, foi iniciado um trabalho conjunto, articulado entre os diversos comitês e a empiiesa, numa inédita parceria empregado-empresa. Neste contexto, foi criado o Grupo de Articulação da Ação de Furnas, composto por representantes da á ministração, pertencentes a todas as diretorias da empresa.

A campanha lançada em Furnas, com a presença de Betinho, desenvolveu na empresa um trabalho de juntos,dequantoconscientizaçãoàparticipaçãocadaum,edetodosnalutacontraopiormalquepodeatingiraspessoasnarelaçãoqueestabelecemcomoquadrodeinjustiçasocialqueascerca:aindiferença.

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FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.

mais interessantes desenvolvidas por um dos comitês de empregados foi a criação de unia das maiores experiências em hortas comunitárias, realizada em Itumbiara (GO). Através de convênios— com as prefeituras locais e a Emater - GO, a empresa cedeu um total de 200 ha de terras situadas em seu parque industrial, para o cultivo de grãos, verduras e hortaliças. Os produtos foram destinados a creches, centros comunitários, hospitais, lar de idosos e famílias necessitadas. No cultivo da horta, trabalharam 30 jovens, contribuindo para complementar a renda familiar Foi em Itumbiara também que foram plantadas e colhidas, em 91 ha de terras situadas às margens do reservatório da usina, 161 toneladas de arroz e 250 toneladas de milho, beneficiando cerca de 800 famílias carentes da região. Essa experiência teve o mérito de envolver as três fases da Campanha: democratização da terra, geração de trabalho e renda e Como resultado do processo foramconscientizaçãodeimplantadoe,também,dainovadorarelaçãoempregado-empresa,desenvolvidasváriasexperiênciasquetêmcomoprincipaismarcasaousadiaeacriatividade.

Como resultado deste processo, da implantação de uma nova cultura, e da também inovadora relação empregados-empresa, foram desenvolvidas várias experiências que têm como principais marcas a ousadia e a criatividade.Umadasiniciativas

emcomunitárias,dodasdosdosdesenvolvidainteressanteporumcomitêsdeemprega-foiacriaçãodeumamaioresexperiênciaspaisemhortasrealizadaItumbiara(GO).

combate à fome. Este projeto, que segundo Bainho"trasnformou a campa nua do quilo na campanha da tonelada", tornoti-se uma referência do Mo vimento da Ação da Cidadania. Outra ação de grande alcance social foi iealizada em Planura (MG).

No Rio de Janeiro, em Botafogo, atravé0e convênio assinado entre Fumas e a PUC-RJ, com a interveniência do comitê de empregados, foi desenvolvido um belo trabalho de capacitação. Os empregados da empresa dão aulas de informática a jovens oriundos de comunidades de baixa renda, dentro de dependências da empresa, específicas para treinamento. Em seguida, na PUC-RJ, esses jovens contam com aulas de orientação pedagógica e metodológica, português, matemática e inglês básicos, com o objetivo de se tomarem multiplicadores, em suas comunidades de origem, do conhecimento adquirido, ampliando as condições de trabalho para parte significativa da população. Já foram treinados cerca de 36 jovens em Furnas.

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Em parceria com a prefeitura e o comitê de', empregados local, Furnas promoveu a cessão, em comodato, de um ambulatório médico que atendia a seus empregados. O Hospital de Planura atende hoje a cerca de 1.600 pessoas por mês, nas diversas especialidades médicas, e tornouse o único local de atendimento a moradores dos municípios vizinhos, perfazendo um total de 25.000 pessoas.

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Na usina de Marimbondo, em Fronteira (MG), está um dos comitês mais atuantes do Sistema Fumas. Duas ações, entre muitas que promovem, merecem destaque: o Centro de Convivência de Idosos e a criação

Iniciativa

FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. de uma escola profissionalizante. Além disso, são promovidos cursos de informática, corte e costura, flores, culinária, alimentação alternativa e manutenção de uma escolinha de maternal e jardim de infância. Para a montagem do Centro de Convivência de Idosos, Fumas cedeu, em regime de comodato para o comitê, o prédio de um antigo hotel. Os idosos têm aulas de ginástica, dança, fazem crochê e tapetes para vender. A renda é toda revertida para o Centro. No espaço, funcionam, ainda, uma farmácia comunitária e uma escolinha para jovens carentes.

Em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, duas escolas municipais, seriamente atingidas pelas chuvas em 1996, foram adotadaá, com a realização de trabalhos de manutenção hidráulica, elétrica, pintura e recuperação do mobiliário. A mudança na cultura organizacional, aliada às diretrizes do Coep, definiram uma das linhas prioritárias a serem consideradas para patrocínio de projetos culturais, através das leis de incentivo à cultura. Fumas patrocinou projeto de legendagem oculta, que beneficia portadores de deficiência auditiva, tornando-os independentes e facilitando sua interação com a sociedade em geral. A empresa tem apoiado, tamNo Rio de janeiro, foi desenvolvido um belo trabalho de

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Foi cedida, também, uma área de 16 ha, onde são cultivados frutas, grãos e hortaliças, usados na complementação da merenda escolar das creches e escolinhas atendidas. No entanto, o mais importante de todo o trabalho realizado neste município do interior de Minas Gerias e em Icém, interior de São Paulo, foi a conscientização da população local para a afirmação da cidadania: foram criadas seis associações de bairros, colocando estas cidades à frente de outras do seu porte, em termos de esclarecimento e de participação comunitária.

Na usina de Furnas, em Minas Gerais, onde as águas do reservatório banham 34 municípios, foi implantado projeto para criação de alevinos em tanques-rede a fim de serem colocados nos reservatórios para produção de pescado como complementação da merenda escolar.

Empregadoscapacitação.deFurnasdãoaulasdeinformáticaajovensoriundosdecomunidadesdebaixarenda,emdependênciasdaempresa,especificasparatreinamento.

bém, projetos de educação ambiental, como o "Tom da Mata", implantado em escolas de comunidades carentes circunvizinhas à empresa, que trata da preservação da Mata Atlântica, da valorização da cultura brasileira, através da obra do maestro Tom lobim, e do desenvolvimento do processo de conquista da cidadania.

Outro exemplo dessa evolução, está na publicação do Balanço Social, uma iniciativa inovadora articulada no âmbito do Coep, que relata as ações da empresa em relação à sua pol rica ambiental e compromisso social perante seus empregados e a comunidade.

O projeto Tom da Mata, através da obra do maestro Tom Jobim, trata da preservação da Mata Atlântica e - da valorização da cultura brasileira.

Furnas tem afirmado seu compromisso como empresa pública fornecendo energia com responsabilidade socia . Empresa supridora de energia elétrica, Furnas também constrói cidadania.

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Outro projeto educacional, sobre conservação de energia, denominado "A natureza da paisagem", que amp ia o conhecimento de estudantes e os estimula a defender o conjunto de recursos naturais, está sendo patrocinado pela instituição, e sendo implantado em diversas escolas de comunidades circunvizinhas.

Patrocina ainda projetos de resgate da cultura local, como "Espelhos da Vida", que proporciona às próprias comunidades a realização de vídeos contando sua história.

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Diretor-PresidenteMACHADO

O Estado, de alguma forma, motiva as empresas a prestarem um trabalho social da maior importância. Mas pouca coisa tem mais força que um bom exemplo. Quanto maior volume de exemplos e de realizações das empresas e entidades que hoje integram o Coep, maior será o processo de divulgação. 271

de Furnas Um caminho onde o mais importante é o ato de caminhar Qual o papel das empresas públicas no amplo movimento de combate à fome deflagrado durante os últimos anos em todo o Pais? Luiz Laercio Simões MachadoEntendo que a participação no Coep de uma empresa do porte de Furnas, e de outras estatais de peso na vida política nacional, inaugura um novo momento em nossa história. O Coep veio confirmar que a responsabilidade social das empresas estatais é muito grande. Como governo, têm uma responsabilidade ainda maior. Algumas aderiram, com participação maior ou menor, pelo sucesso que estavam obtendo as experiências realizadas. E existem as que já têm as responsabilidades sociais mais aguçadas porque são empresas de Estado. O Estado, de alguma forma, motiva essas empresas a prestarem um trabalho social da maior importância. Mas pouca coisa tem mais força que üm bom exemplo. Quanto maior o volume de exemplos e de realizações das empresas e entidades que hoje integram o Coep, maior será processo de divulgação. A conseqüência inevitável será a adesão de outras empresas e entidades. O que pode provocar outras empresas a somarem suas forças ao Movimento da Ação da Cidadania? L.L.S.M. - O Coep já tem dentro de si boa parte das maiores empresas do País, pelo menos no Rio de Janeiro. Agora, todas as empresas têm a sua razão social, o seu objeto social. Todos nós conhecemos o direito da propriedade. Uma empresa é proprietária de ativos, de negócios, de contratos. Os direitos dessa propriedade são muito bem conhecidos. Todo proprietário conhece muito bem os seus direitos, mas nem todos conhecem as suas obrigações. O importante é que se comece também um movimento para que sejam conhecidas as obrigações dessas propriedades, ativos ou empresas. E essas obrigações não estarão, certamente, circunscritas àquele perímetro do negócio propriamente dito Elas têm repercussão na sociedade, no nível do emprego, do desemprego, da saúde, da educação, e assim por diante. As estatais que já saíram na frente, e as privadas, estão indexadas a um processo de mudança muito abrangente, que, em resumo, é o conhecimento das obrigações que direito da propriedade determina.

EntrevistaLUIZLAERCIO SIMÕES

Em que momento Furnas consolidou esse processo? L.L.S.M. - Nós vivemos em Fumas momentos de rara beleza e de intensa emoção na apresentação do Programa de Ação de Furnas contra a Miséria e pela Vida. Muitas lágrimas marcaram aquele encontro tão histórico quanto mágico. O evento, realizado no auditório da empresa, com a participação do Betinho, Dra. Ruth Cardoso, Gilberto Gil, Regina Duarte, Conselheiros da Comunidade Solidária, funcionários e representantes de expressivos segmentos da sociedade, foi indescritível e inesquecível - um exemplo de força, de amor e de solidariedade. Foi ali que demos a partida para procurarmos institucionalizar esses projetos que brotam e nascem espontaneamente da boa vontade de nossos empregados. O mais importante dessas iniciativas é que elas surgem naturalmente como um estado de espírito. O que significaram para a empresa as ações de cidadania de seus empregados? L.L.S.M. - Eles _trouxeram o Betinho para dentro de Furnas. A riqueza dos momentos que vivemos foi uma demonstração de êxito das iniciativas dos empregados. A empresa propicia um clima que favorece o movimento pela construção da cidadania, bem maior da civilização Está nesta Casa a Seuetaria-Executiva do Coep, com exemp ols de ações que sensibilizam e emoc miam o País. O mérito que a empresa tem é o de integrar o que os seus empregados deflagram: um soma oh° da boa vontade de muitos que, juntos, constroem algo maior.

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Muitas lágrimas marcaram aquele encontro tão histórico quanto mágico. O evento, realizado no auditório da empresa, com a participação do Betinho, Dra. Ruth Cardoso, Gilberto Gil, Regina Duarte, Conselheiros da Solidária,Comunidadefuncionárioserepresentantesdeexpressivossegmentosdasociedade,foiindescritíveleines-quecível-umexemplodeforça,deamoredesolidariedade.

Eles tem espaço e um ambiente favo-É rável palra suas ações. Têm suas iniciativas 'estimuladas. Integramos espaços individuais transformando-os em algo que ainda percebemos pequeno, é, que, embora tenha o seu valor, desdortina o muito mais que ainda preciLamos fazer. São pessoas que investe1 em ações de cidadania apesar de tbdas as incertezas e sobressaltos decorrentes do processo de transformação da empresa. Ainda assim;I em meio a problemas e indefiniçoeà,.i encontram ânimo para praticar gestos tão importantes. É notável esse desprendimento dos empregados de Furnas. Basta abrir os espaços para que as pessoas floresçam nas ações ida caminhadarumo à cidadania São mávimentos decisivos para saltos de qualidade em um futuroL.L.SWLpróximo?I- Com certeza. Entendo, indushje :que existem princípios básicos quê ise deveriam aprender nas escolas desde criança. -Defesa do meio ambiente, qualidade de vida e tudo o que' contribui para construir a cidadania plena deveriam se transformar em matéria curricular. Mas isso é um movimento mais amplo, uma questão 272

muito maior. A cada dia o individualismo está mais extremado na sociedade, com repercussões negativas até na desestruturação da família, em função de competições muito acirradas e de uma disputa darwiniana. Diariamente, a mídia, o marketing e ,a publicidade nos dizem que os mais aptos vencem. Somos metralhados com conceitos de individualidade. Dentro da mesma lógica, entendendo que o atual quadro exige mudança, também as empresas, de um modo geral, vão participar de um necessário processo de transformação. A perspectiva é que venham a ter mais responsabilidades e a conhecer mais as suas obrigações sociais, porque se continuarmos a avançar no ritmo atual, uma pessoa muito bem-sucedida, um vitorioso, não vai ter com quem comemorar. Vai estar tão cercado de cuidados e de segurança, quenão vai nem poder celebrar o próprio sucesso. O individualismo que marca o mundo moderno nos últimos 20 anos do milênio tem de ceder espaço para as questões não objetivamente ligadas ao seu negócio, mas, certamente, decorrentes dos seus negócios que acontecem em outras áreas. De que maneira o governo pode participar do processo de mudanças? L.L.S.M. - Acho que o governo vai ter um papel muito importante. As empresas privadas, de uma forma mais maciça e mais intensa, vão aderir a esse movimento, sempre na medida em que os bons exemplos forem bastante divulgados e nós iniciarmos, nacionalmente, dentro dessa lógica muito dura do individualismo, um processo de mudanças. A filosofia da Comunidade Solidária já traz muito dêssa proposta. E não há nada que se resolva por decreto. O governo sozinho não vai resolver nada nesse campo. Temos de planejar dia após dia um avanço. Estão aí os estrategistas que aprenderam muito com o Betirtho, que, sem dizer nada, já divulgava alguma coisa. O seu silêncio tinha um significado. Ele nem precisava ser eloqüente. Só a sua presença já induzia à bondade e à solidariedade. É preciso preservar a força de sua imagem solidária, que continua viva por todo lado. Objetivamente, uma empresa como a nossa tem o dever de continuar seu trabalho.

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E qual seria o melhor caminho não só para manter como também para ampliar essa corrente solidária? L.L.S.M. - A doutrina que percebo é a da integração. Se integrarmos as forças existentes em qualquer lugar, sejam grandes ou pequenas, já teremos um resultado expressivo. Se somarmos os esforços e a potencialidade de três empresas, não importa se estatais ou privadas, vamos obter, sem dúvida, um salto concretO de qualidade. O que ocorre, na maioria das vezes, é que cada uma faz seu Betinho nem precisava ser eloqüente. Só a sua presença já induzia à bondade e à solidariedade. É preciso preservar a força de sua imagem solidária, que continua viva por todo Objetivamente,lado.umaempresacomoanossatemodeverdecontinuarseutrabalho.

FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. -

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- Quanto mais retomo o Coep tiver no processo de integração das forças que existem por todos os lados, mais eficientemente vai espelhar um outro pais. É preciso investir, insisto, na força da integração e na soma dos resultados. Um pequeno gesto cL solidariedade pode se transformar em um grande projeto. Os mutirões estão ai como exemplo. Os empresários e dirigentes de entidades têm de ter sensibilidade para captar os bons exemplos que estamos vendo a toda hora e transformá-los em grandes objetivos. Mas a questão social é, na verdade, uma caminhada. Devemos estar sempre andando. Não podemos parar para descansar. Não há ponto de chegada. O sucesso desse processo é a própria caminhada. Com um maior nível de conscientização das pessoas, naturalmente, os prol) emas começam a ser atenuados. o exhesso de individualismo está cegando a sociedade. Por isso, o amanhã está cada vez mais estreito para os vitoriosos enquanto cresce uma massa alarmante de derrotados. Essa é uma das muitas metas de nosáa caminhada: aumentar o elenco de v toriosos.

Os empresários e °Uri- gentes de entidades têm de ter sensibilidade para captar os bons exemplos que estamos vendo, a toda hora e transformei'los em grandes objetivos. - Mas a questão social é, na verdade, uma caminhada. Devemos estar sempre andando. Não podemos parar para descansar. Não há ponto de chegada. O sucesso desse processo é a . própria caminhada. próprio programa. O retomo, pequeno e muito pontual, repercute pouco. É importante integrar os projetos, somando e compondo forças que encontramos em qualquer comunidade, em qualquer lugar. Às vezes, na imprensa, nos surpreendemos com cenas de pessoas nos lugares os mais distantes realizando ações tão bonitas! O sucesso do Coep vai ser tão maior quanto mais ele consiga integrar as forças que procura estimular. A integração é a chave de muita coisa. Grande parte dos problemas que observamos no Brasil são decorrentes da falta de integração dos diversos segmentos que atuam no Pais. Quais as perspectivas imediatas?

-

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DOS NATURAISRECURSOS RENOVÁVEISDOSMEIO AMBIENTE RECURSOSMINISTERIO MMALEGALHÍDRICOS DA AMAZÔNIA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE

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O potencial hídrico do Estado do Ceará é expressivo, estimado em mais de 12.000 reservatórios, públicos e privados, com cerca de 7.500 maiores que 5 ha. Construídos com a finalidade de acumular água para consumo e irrigação nos períodos das secas e longas estiagens, também vêm sendo utilizados para a pesca, uma atividade emergente e, até então, pouco desenvolvida. Entre inúmeros outros problemas, o desenvolvimento da pesca não contemplou, até então, uma gestão participativa no manejo pesqueiro dos açudes, contribuindo para que o pescador fosse apenas um seguidor das leis criadas pelos órgãos e não um sujeito ativo no manejo auto-sustentável dos reservatórios.

Essa concepção, distanciada da realidade, fez com que o pescador, ao longo dos anos, não reconhecesse no açude um bem que precisava ser melhor cuidado para garantir o seu trabalho e a sua sobrevivência. É neste contexto que se insere o Papec, como uma proposta de desenvolvimento que busca um manejo mais adequado desses açudes, com ênfase para a geração de um sistema de administração pesqueira eficiente e de baixo custo, que deve ser alcançado através da participação ativa das comunidades usuárias, maiores interessadas no melhor uso desses corpos d'água.

O Papec vem sendo executado desde 1990, no âmbito de um acordo de Cooperação Técnica, entre o governo da República Federal da Alemanha e o governo da República Federativa do Brasil, através, respectivamente, da Empresa Estatal Alemã de DesenvolvimentoDeutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama. Representa um exemplo de integração de esforços do1 Ibama, GTZ, e do Departamento Nacional de Obras contra as SecasO pescador, ao longo dos anos, não reconhece no açude um bem que precisa ser melhor cuidado para garantir o seu trabalho e a contextosobrevivência.suaÉnestequeseinsere o Papec, proposta eficientegeraçãocomdesenvolvimentodequebuscaummanejomaisadequadodessesaçudes,ênfaseparaadeumsistemadeadministraçãopesqueiraedebaixocusto.

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Envolvendo cerca de 30.000 pescadores e agricultores do entorno dos açudes Pereira de Miranda, Caxitoré, GeneralSampaio, Tejuçuoca e Frios, na Bacia do rio Curu, o Papec é um projeto interdisciplinar, com abordagem integrada e procedimentos participativos, visando ao aproveitamento sustentável dos recursos desses açudes, tendo a pesca como ponto focal.

Um dos métodos usados na planificaçãio comunitária são os censos devidamente atualizados, realizados por equipes das próprias comunidades, que levantam os dados necessários lá diagnóstico da área e elaboração de um plano de ação para o seu desenvolvimento. São realizados seminários de reflexão ambiental com os pescadores, onde eles mesmos, 278

; DNOCS, além de outros agentes do estadoido Ceará, no sentido de implantar ações conjuntas de planejamento, pesquisa e educação ambiental, em tomo de um mesmo objetivo: a gestão' participativa e sustentável de recursos naturais em açudes públicos.

Envolvendo cerca de 30.000 pescadores e agricultores, o projeto é interdisciplinar. Busca equacionar os conflitos entre os diferentes grupos que exploram recursos naturais. O caminho: a participação ativa das comunidades usuárias, maiores interessadas no melhor uso desses corpos d'água.

Busca equacionar os conflitos entre os diferentes grupos que exploram recursos naturais, despertando as comunidades para a importância da participação no processo e para a execu0o de ações alternativas de sustento, contribuindo para que essas ações se viabilizem.

Plawejalmento e participação garaâem bom tempo para a pesca I O envolvimento dos usuários no projefase' dá, principalmente, a par-uiItir de m processo contínuo de educação;ambiental junto aos diversossegmentosI da comunidade, iniciado a partiii de uma reflexão das ações humanas sobre os ecossistemas expiorados. Pescadores, professores, I adolescentes, mulheres e crianças são oânvidados a refletir sobre a realidade Jcológica das suas comunidades e a atuar de forma mais adequada em relação a elas Nos encontros, os representantes comunitários fazem avaliaç'ões e planificações periódicas e definem as parcerias entre as comunidadé é o projeto.

distribuídos

Ainda em regime de mutirão são realizadas ações de combate às pragas. A participação das comunidades é reforçada por um programa de melhoria na organização associativa, através de cursos sobre aspectos Pescadores, criançasadolescentes,professores,mulheresesãoconvidados a refletir sobre a realidade ecológica das suas comunidades e a atuar de forma mais adequada em relação a elas.

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através de métodos que privilegiam a participação e a visualização, reconstroem a história da comunidade. Essa recomposição possibilita compreender os progressos alcançados e também os prejuízos pelas ações inadequadas sobre os recursos naturais. As propostas feitas em grupos são sintetizadas em folhetos simples e de fácil compreensão, nas comunidades para discussão e preparação de acordos. Acordos de pesca são firmados nos congressos de pescadores onde, além de uma participação maciça da categoria, são convidados dirigentes e técnicos de órgãos ligados ao desenvolvimento da pesca. Nesses congressos o pescador tem oportunidade de discutir propóstas adequadas de manejo, votar e deliberar sobre permissões e restrições legais e encaminhar as ações coletivas de organização da atividade. A educação ambiental também é desenvolvida nas escolas da área. Iniciada com a sensibilização dos professores em cursos anuais e reciclagens, reforçada com a produção de materiais de apoio ao aluno e com a promoção de concursos entre os estudantes, além de outros eventos, a educação ambiental é inserida na prática escolar, não como uma disciplina fria, mas como uma temática viva e cotidiana, dentro e fora da escola.

- •..rast --a"" x""-INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA

. Igerenciais, planificação e moderação de reuniões. Outra atividade são os cursos de desenvolvimento das capacidadedeinpreendedoras, direcionados à implantação de pequenos projetos de negócios, diversificando assim as alternativas de sustento nas diversas combnidades. Através de jogos e recreações, os participantes aprendem a definir as etapas e os custos de produção, conhecer o processo da comercialização e assumir calculadamente os riscos, rechaçando os programas paternalistas, fadados ao insucesso. A partir daí, o Papec negocia, com os órgãos de desenvolvimento, o financiamento de recursos para a tiplantação desses projetos, a serem gerenciados pela comunidade, atrávés de fundos rotativos, ou de outros projetos, com financiamentos diversos, como entrepostos comunitários, postos de revenda de material de pesca, e crédito ao pescador para aquisição de material de pesca. Como unia forma de contribuir para o aumento da produção pesqueira, e como instrumento de negociação com as'comunidades, é realizado o peixamento dos açudes nos açudes, após ampla discussão com lideranças comunitárias. Para tornar o peixamento mi§ eficaz e economicamenteiviável, são empreendidos estudos e peixameritos experimentais, e cursos práticos sobre custos de produção de alevinos. As pesquisas realizadas, com vistas à definição de espécies, tamanho§ quantidades de alevinos a ;serem introduzidos nos açudes, ainda são insuficientes para garantir um peixamento cientificamente adequado. De quálquer forma, a partir do saberi popular, do bom senso e da experiência acumulada, os alevinos, hoje, são introduzidos com um tamanho mínimo de 10 cm, como uma salvaguarda à ação dos predadores.

Acordos de pesca são firmados nos congressos de pescadores, onde se discutem adequadaspropostasdemanejo e se delibera sobre permissões e restrições legais. A educação ambiental é inserida na prática escolar, não como uma disciplina fria, mas como uma temática viva e cotidiana, dentro e fora da escola. .4 280

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA 1••••••••• Os frutos do trabalho integrado e participativo A educação ambiental, plantada no terreno fértil das comunidades organizadas, é a valiosa e necessária estratégia do projeto, instrurnento imprescindível para a co-gestão dos açudes, traduzida na implantação de urna administração de recursos com base nos conhecimentos disponíveis sobre a pesca, gerados tanto pelas comunidades quanto por entidades científicas, e no monitoramento e avaliação dos resultados, resultando em acordos de pesca. A administração da pesca, envolvendo usuários e instituições, sob uma abordagem única e conjunta, com responsabilidades e comprometimentos recíprocos, tem-se consolidado paulatinamente, sinalizando um processo eficaz e saudável de uso dos recursos pesqueiros. Destacamse, como resultados relevantes: acentuada redução nas práticas de pesca predatória; aumento da produção de curimatã; estabelecimento de um sistema confiável e economicamente viável de controle estatístico da produção pesqueira; estabelecimento de unia metodologia de peixamen-

O lhama tem colaborado muito no combate à fome e à miséria com a consciência daqueles que sabem que quem cultiva o trigo da cidadania exorciza o joio da fome. 281

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA to com alevinos de 10 cm; implantação de pequenos empreendimentos, através de fundos rotativos; conseqüente redução da pressão sobre os estoques pesqueiros; criação da Associação das Comunidades Pesqueiras do Açude Ca xitoré - Apesca, que congrega as diversas comunidades do açude, com a finalidade de desenvolver a educação ambiental e um processo de co-gestão sobre um reservatório público de grande porte, o que envolve profundas Mudanças na condução política do estado. No entanto, no momento em que contabilizamos os resultados positivos, é inegável que o maior produto do projeto, e que não está explicitado entre os seus objetivos, é a conquista da cidadania. Esse resultado, ingrediente essencial do processo de democratização, pode ser apontado, sem dúvida, como o fruto mais importante. Embora não esteja explicitado nos objetivos do Projeto e do Ibama, a cidadania é o notável resultado social indireto, como o alicerce que não aparece, mas sustenta a Portanto,casa.se vê demonstrado que o resgate da cidadania também passa pelo meio do 'barna, que assim teni colaborado, indireta, mas eficazmente, no combate à fome e à misérliá, consciente de que cultivando o trigo da cidadania se exorciza o joio da fome. 282

EntrevistaEDUARDO MARTINS Presidente do 'bania Qual a importância, para o 'barna de sua participação no Coep? Eduardo Marfins - O Coep trouxe questionamentos à tona que, de certa forma, mexeram com a sociedade brasileira. Em instituições públicas permitiu - apesar das especificidades e da setorização de atividades - ver que as mais diversas áreas públicas têm relação com a causa social e podem assumir seu papel. Ao Ibama, permitiu uma análise crítica do seu papel, num país que tem muitos meios e não tem a sua distribuição de forma eqüitativa. No nosso caso, o questionamento principal refere-se a lidar com a questão ambiental, onde a perturbação da qualidade de vida gera vantagem privada, em prejuízo do coletivo. É uma questão muito próxima ao problema da miséria e da distribuição de renda. No lbama, uma instituição pública que tem como missão cuidar de bens coletivos, o Coep é uma oportunidade de estabelecer novos caminhos para uma interação com a sociedade brasileira. Quando se mobiliza recursos para atender aos desprovidos acaba havendo um exercício da entidade para angariar simpatia e ampliar benefício. Na hora em que o servidor pratica o exercício de solidariedade, capacidade em que o brasileiro é pródigo, o Coep cria condições de resgatar esse espírito solidário que está represado, como num dique pronto para fluir. O Coep é o canal con fiável para esse fluxo. CONGRESSO DÊ PESCADORES ODE PEREIRA PE MIRANDA. . COMUNITA.RIAS LOCAIS AMO:IMMO OCSIODAPI 6 Ti-COPA)ittRe .‘„____teratiratortstitarNA

Um grande criarsustentávelharmonizaradesafio:responsabi-lidadeinstitucionaldeproteçãoeusocomaspopulaçõesdeentornoenesseslugaresumaintegraçãoquecontribuaparaodesenvolvimentosusten-távellocal.Temosdesercapazesdepromoverodesenvolvimentolocallevandoemconsideraçãoqueoserhumanoénossomaiorpatrimônio.

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E a importância do envolvimento dos funcionários nos movimentos de afirmação da cidadania?

EM. - Na hora em que o servidor pratica o exercício de solidariedade, capacidade em que o brasileiro é pródigo, mas ao mesmo tempo tolhido pela desconfiança nos agentes, o Coep cria condições de resgatar esse espírito solidário que está represado, como num dique pronto para fluir. O Coep é o canal confiável para esse fluxo: Quais as principais realizações do !banza nessa área? E.M. - O que se pratica hoje com mais sucesso é o processo de doação de alimentos, quando se disponibiliza altas de visitação para arrecadação, sempre com boas respostas. Há também a distribuição a entidades que cuidam de crianças, hospitais e asilos, de bens perecíveis apreendidos Pela fiscalização do lbamç. O impressionante é que essa doações têm pouquíssimos indícios de desvio de finalidade. É possível indentificar qual o maior desafio que o lbama enfrenta hoje? EM. -9principal desafio compreende tentar dar destinação social ao grande olume de madeira apreendida pelai fiscalização. Só em 1997 foram 710 mil metros cúbicos, o equivalentea 11 mil caminhões carregados. Outro grande desafio está na capacidade do lbama, sobretudo onde pratica a testão de espaços públicos, de harinonizar a responsabilidade institucional de proteção e uso sustentável com as populações de entorno e criar nesses lugares uma integração que contribua para o desenvolvimento dustentável local. Temos de ser capazer1 de promover o desenvolvimento local levando em consideração que o ser humano é nosso maior patrimônio enossa principal matéria-prima.

PS I UTO NORAGOLONIZAÇA0GRÁ IAREFOR A nooás semWã3 INIS E 10 E TR ORDI Á I POLÍTICA FUNDIÁRIA

C om o sucesso do assentamento, principalmente com a irrigação, os jovens não mais estão deixando o assentamento, e alguns que haviam saído estão voltando e estão integrados, trabalhando conosco. Vim de Pindoguaba, há sete anos, quando a posse da terra já era dos assentados e valorizo muito a luta dos pioneiros, pois eles nos contam as dificuldades que enfrentaram para vencer. Nosso objetivo é, e sempre foi, ode trabalhar a nossa independência e ser um assentamento-modelo para a região. Dá lucro para os trabalhadores, não temos problemas com Sindicato. É um assentamento diferente dos outros. Somos itm exemplo de que a reforma agrária pode dar certo. Seria um bom exemplo para o estado e para o Brasil.

Lourival Trajano da Silva, jovem agricultor, estudante, Secretário da Associação e Vice-Coordenador do Grupo Jovem. Localizado na microrregião da Serra da Ibiapaba, no município de Tianguá, o Projeto de Assentamento Valparaíso teve origem em decreto de desapropriação de 30 de junho de 1988, cuja imissão de posse se deu a 5 de outubro do mesmo ano. Seis meses após a imissão, o projeto foi criado através de Portaria da Superintendência'clo Incra no estado do Ceará, no dia 24 de abril de 1989. Sua capacidade estimada é de 90 famílias, em uma área total de 1.984,1677 ha, mas em decorrência das grandes dificuldades climáticas, falta de água, de energia elétrica, houve evasão e hoje estão assentadas no Valparaíso cerca de 47 famílias. A maior parte das famílias assentadas é do próprio município de Tianguá e de outros vizinhos, a exemplo de Pindoguaba, as quais afirmam que a conquista da terra foi das mais difíceis: pertencia à Diocese de Tianguá e vários grileiros se diziam donos de parte da propriedade. Entre os pretensos proprietários encontravam-se empresas e f aSão 47 famílias, em uma área total de 1.984,1677 ha, em terras conquistadas sem mortes, mas com muita intimidação e pressão para que saíssem.

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No semi-árido cearense, a constância das chuvas é bastante rara, e por vários anos as culturas de porplantadassubsistênciaseperderamfaltad'água.

ffiriM. ' CENTRO DE TECNOLOGIA. TRABALHO E CIDADANIA

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: I zendeiros. No' processo de conquista não houve mortosnem violência, e sim muita • intimidação e pressão para que saíssem da terra. Barracos e a casa de farinha foram derrubados; plantações destruídas e parte da terra cerca!dia, para que as safras não; Ipudessem ser Colhidas. Até a pressão através da delegaida de polícia do município foi utilizada pelos grileiros. Mas o fator que mais influenciou para que grande número de famílias luro" permanecesse na área até os dias de hoÁf1oi a adversidade do tempo. No semi-árido cearense, a constância das chuvas é bástante rara, e por vários anos as culturas de subsistência plantadas se perderam por falta d'água. Não era possível manter a cultura apenas tendo como manancial hídrico mais próximo o Açude Jaburu, situado a 2 kin do Projeto. Para as famílias se instalarem e permanecerem no aSsentamento, o Incra concedeu, em 1989, créditos totalizando R$ 61.560,00, Sendo R$ 19.380,00 para alimentação e R$ 42.180,00 para fomento, destinado à compra de equipamentos e ementes. Em 1994, foram liberados às 41 famílias cadastradas no Incra R$ 82.000,00 para habitação. As casas foram construídas em alvenaria com os tijolos fabricados no próprio assentamento, o que barateou o custo. No mesmo •ano os assentados receberam um crédito de R$ 30.000,00 do Projeto São José, do governo estadual. IOs créditos de Custeio e Investimento da produção, relativos ao Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária - Procera, do Fundo Constitucional do Nordeste - FNE foram liberados pelo Incra em dezembro de 1996 e somaram R$ 3381.985,00, aprovados para 40 famílias. Oprimeiro, para aplicação nas culturas anuais, somou _ _ _ i I R$ 39.700,00 e o segundo, aplicado na compra do gado, trator, caminhão, obras de alvenaria relativas à prodnção, alcançou R$ 299.285,00. ,

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA

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As obras relativas à água e à energia elétrica custaram R$ 690.000,00 e foram executadas pelo governo do Estado, em convênio com o lucra, que repassou os Conscientesrecursos.daimportância

da união de todos e, sobretudo, da necessidade de uma organização formal, os assentados do Valparaíso estão organizados em uma Associação Comunitária, que os representa em atividades burocráticas, tais como apresentação de projetos, solicitação de financiamento e benfeitorias etc. O mandato de sua diretoria é trianual, procurando-se um rodízio de forma que todos estejam engajados e participem. As decisões são coletivas, tomadas em reuniões ou assembléias, de acordo com sua importância. A Pindoguaba é unia área devoluta e alguns vieram de lá. Trabalhada desde meus tataravós, são terras caUsadas e não dão unia produtividade de 100%. A gente trabalhava sem deixar descansar a terra de um ano para o outro. Todo o ano o pessoal trabalha. Aqui é uma terra nova, que nunca havia sido trabalhada, uma terra que a gente sonhou com um projeto de irrigação, pois com a irrigação poderemos produzir tudo. Estamos na beira de um açude que tem muita água. A proposta do Incra é o assentamento de 75 famílias para a área total. Com a desistência de parte dos assentados, que foram cadastrados pelo Mera, a nossa intenção é de que não venham famílias estranhas e continuamos ampliando o número de assentados através dos descendentes. Isto evitaria que nossos filhos migrassem para o sul ou para outras terras. Até porque isto aqui foi uma luta nossa desde o início e desejamos que os jovens não saiam daqui. Nosso projeto é um exemplo de luta e sucesso. Benedito Salvino da Silva,Presidente da Associação dos Assentados do Valparaiso. O lucra ministrou a 15 dirigentes comunitários e lideres do Valparaíso um curso de Gestão e Controle, que tem sido de grande valia na busca de soluções para os Não existe uma edificação exclusiva para o funcionamento da escola, mas o Projeto tem cerca de 170 crianças e Centrodomente-emmatriculadosjovensregular-turmasdeprimeiraasextasériesprimeirograucujasaulassãoministradasnoComunitário.Asprofessorassãoassen-tadasepagaspelogovernomunicipal.

O assentamento é servido por uma rede de 3 km de energia elétrica responsável pelo funcionamento das bombàs do sistema de irrigação dasÉ sedes do Centro Comunitário e da Associação, miniindústria de raspa de mandioca e chafariz. Todas as residericias estão beneficiadas com energia elétrica e grande parte tem televisão, geladeira, rádio e outrosÉ eletrodomésticos. Algumas possuem inclusive antenas parabólicas.

As professoras são assentadas e pagas pelo governo municipal. Alguns jovens estão matriculados em escolas de Manguá, cursando a partir da sétima série no período noturno. Para sé deslocarem até a sede do município, utilizam transporte alugado pela prefeitura.

O tempo das casas de agricultores feitas de taipa, com cobertura1 vegetal, está cada vez mais distante no Projeto ', de Assentamento Valparaíso. Todas as edificações são de alvenaria. Como Crédito Habitação, as casas 1 ' II É

1 E CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Não era possível manter a cultura apenas tendo como manancial hídrico mais próximo o Açude Jaburu, situado a 2 km do Projeto Valparaíso.

290 Iproblemas que surgem no dia-a-dia. Semanalmente, a direção da Associação É Comunitária reúne-se com assentados pára uma avaliação e encaminhamento de soluções. Nessas reuniões é que novos casais são autorizadosÉ a passarem à condição de mais uma família assentada, com a avaliação de como poderão se encaixar nas atividades do projeto. No campo da educação, não existe uma, edificação exclusiva para ,o funcionamento da escola, mas o projeto tem cerca de 170 crianças e Ijovens matriculados regularmente em turmas de primeira a sexta séries do primeiro grau cujas aulas são ministraáhs no Centro Comunitário.

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA foram feitas com tijolos fabricados no próprio local, aproveitando a mão-de-obra em regime de mutirão. As casas oferecem conforto e muitas têm amplas varandas, para enfrentar o clima quente. Algumas têm garagem. A luta pela desapropriação iniciou-se em 1987 e em 1988 aconteceu a desapropriação. Chegamos na área que era deserta. Não existia nenhuma morada na redondeza, somente o açude e enfrentamos dificuldade até de acampamento. Ficamos muito tempo debaixo das moitas e depois construímos um galpão em forma de mutirão e neste galpão nós ficamos. O mutirão foi a forma de nos defendermos do proprietário que vinha atacar, ameaçar dizendo que a área a eles pertenciam e não à Diocese. Traziam gravador e capatazes que deixavam a gente entender que eram pistoleiros. Chegou a ter companheiro trabalhador da área a ser levado até a delegacia de polícia, como forma de amedrontar os companheiros para que desistíssemos da área. Pretendemos que no município sejam desapropriadas outras áreas para assentamento. Vicente de Paula Vieira, assentado pioneiro. O Valparaíso é servido pelo Açude Jaburu através de uma adutora de 2.200 m de comprimento. Possui, ainda, uma estação de tratamento da água que é distribuída à comunidade através de dois chafarizes. Cada um contém uma caixa d'água, além de torneiras para o abastecimento das casas e lavanderia com tanques suficientes para atendimento a todos. Dois tanques recebem a água vinda do Jaburu para o consumo e para a irrigação. Já está sendo apresentado um projeto visando à distribuição de água a cada uma das residências e demais edificações do assentamento. As residências, em sua maioria, já possuem as instalações hidráulicas. A irrigação por gotejamento atinge uma área de 46 ha de hortaliças e fruticultura e uma outra, de 4 ha, com cultura de forrageiro, é Os recursos liberados pelo lncra somaram R$ R$R$famílias.aprovados338.985,00,para40Oprimeiro,paraaplicaçãonasculturasanuais,somou39.700,00eosegundo,aplicadonacompradogado,trator,caminhão,obrasdealvenariarelativasàprodução,alcançou299.285,00. 291

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

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irrigada por aspersão. Estima-se na área I irrigada uma produção de 575 toneladas de frutas e 466 toneladas de hortaliças. Os agricultores locais fizeram cursos de: Irrigação Localizada; Prática de Irrigação e Drenagem e Conservação dos Solos e de Liso de Defensivos Agrícolas oferecidos pelo Incra, a Ematerce e o Sinei Por enquanto, a pecuária é explorada enas para subsistência da comunidade e o rebanho é formado por 45 Cabeças de bovinos e 40 de caprinos. Para atender às necessidades de alimentação dos rebanhos existentes e os novos que o projeto deverá adquiirr, o assentamento conta com quatro silos subterrâneos com capacidade de 50 toneladas de forrageiros.

1Até 1996, no projeto, exploravam-se apenas culturas de sequeiro — mandioca, milho e feijão — plantado no, período das chuvas. São aproximadamente 150 ha de mandiocà,1 com produção de 1.275 toneladas e, ainda, cerca de 50 ha de máridioca, milho e feijão, consorciados. Computam-se nestas duas áreas plantações individuais de, no máximo, 2 ha por família, para subsistência e comercialização do excedente. A partir de 1998 deverão ocorrér as primeiras colheitas de , maracujá, mamão e banana. As culturas de sequeiro caracterizam-se por apenas uma safra por ano, quando 2 inverno é completo. Das culturas de irrigação espera-se até três safras/ano. k I.. "Só há futuro com terra pra trabalhar" As raízes no campo, o gosto de trabalhar com o povo, com vivência no Sindicato e na Igreja, contribuíram para a opção de ser uma assentada. Estamos vislumbrando um sucesso total. É um projeto que já está oferecendo intercâmbio a outros projetos com características parecidas, pelo menos no que diz respeito à questão hídrica. Quem vem para cá tem de adequar-se às regras do assentamento. O Projeto não necessita apenas do agricultor, mas de motorista, tratorista e de outras profissões. Nenhum assentado pode ficar indiferente às necessidades de trabalho do projeto e às suas regras. Todas as fann7ias que para aqui vieram tinham uma realidade diferente. Uns viviam em terras de proprietários, pagando com a metade do que produziam, outros morando em pedaços de rua, favelas não tinham o que produzir, o que fazer. Vieram famílias de várias cidades vizinhas cujo objetivo era a •terra, e a partir da terra, a produção. No início foi muito dificil, mais da metade dos cadastrados desistiram. A área é de carrasco, era só mato, não tinha nada, os agricultores não tinham nem onde ficar, ficavam à sombra das moitas, das árvores. Os que ficaram, com certeza, não se arrependeram. Todos têm sua casa, em condições bem melhores de onde vieram, muitos moravam em casa alheia, de patrão, o que produziram era meio-a-meio. Hoje têm unia produção independente, parte na produção coletiva cujo resultado é dividido eqüitativamente entre todas as famt7as assentadas.Com a irrigação a renda melhorará. Temos consciência de que este é um projeto financiado, que teremos de pagar. Professora Marisete, Projeto Val paraíso, tesoureira da Associação, assentada há quatro anos.

Vieram famílias de várias cidades vizinhas cujo objetivo era a terra, e a partir da terra, a produção. No início foi muito difícil. Mais da metade dos cadastrados desistiram. A área não tinha nada. Os que ficaram, com certeza, não se arrependeram.

"Temos certeza de que a Reforma Agrária dará certo" A Reforma Agrária no estado do Ceará vai muito bem. Estamos à frente da Superintendência há 16 meses e durante este tempo já adquirimos mais de 250 mil ha em terras e assentamos mais de quatro mil famílias.Aadversidade climática nos atingiu fortemente, com a estiagem afetando alguns projetos, especialmente aqueles encravados no litoral norte, na região de Canindé e Crateús e os localizados no sertão central. No entanto, outros apresentam resultados excelentes, com destaque para o Projeto Valparaso, localizado no semi-árido. Em plena produção, desenvolve uma alternativa que consideramos a saída de sucesso dos projetos de assentamento: a irrigação. No Município de Tianguá, temos 50 ha irrigados, o que considero modelo, tendo em vista que as famílias que ali chegaram e foram assentadas em área oriunda da igreja, não tinham outra experiência senão a da cultura tradicional da subsistência do milho, feijão e mandioca Graças aum. convênio com o estado do Ceará, viabilizou-se uma exploração mais moderna pela irrigação por gotejamento e por aspersão. Graças também à assistência técnica que foi possibilitada através da Ematerce, aquelas famílias tiveram capacitação por parte do Incra e grande ajuda do estado e estão explorando um projeto com vários tipos de cultura de hortaliças, frutas e Estamosforragens.vislumbrando um sucesso total. É um projeto que já está oferecendo intercâmbio a outros projetos com características parecidas, pelo menos no que diz respeito à questão hídrica. Acreditamos e entendemos que, daqui para a frente, temos de, cada vez mais, buscar a irrigação comoAalternativa.comunidade tem cerca de 70 famílias, que absorveram uma tecnologia mais moderna, entenderam a irrigação como a grande saída e, com a adutora, a capacitação e recursos alocados, hoje, estão produzindo em pleno verão no estado do Ceará O que nos preocupa no momento é a questão da comercialização, preocupação também deles. Estamos procurando agilizar essa questão. Ultrapassada esta barreira, seguramente, vamos tornar o Estamos vislumbrando um sucesso total. É um projeto que já está , oferecendo intercâmbiq a outros projetos com características parecidas, pelo menos no que diz respeito à questão hídrica. 293

LUIZ VIDAL FILHO

Superintendente do Incra no Ceará

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA 0 lncra não tem condições de dar apoio técnico a este contingente numeroso de projetos e descentralização,Acreditamosfamílias.queaprincipalmenteaparceriacomogovernodoestado,noâmbitodasprefeituras,équevairesolveraquestãodaReformaAgrária.

14creditamos que a descentralização, principalmente a 1 parcer11rà com o governo do estado e no ânbito das prefeituras, é que1vai resolver a questão da Reforma Agrárià. Apesar de estarmos aqui no estado, há algumas administraiões fazendo um bom trabalho ' é como se tivéssemos as pernasi curtas para atender às dernaridas que a cada dia vão aumen'tando.Estamosestudando alguns projetos v.i ando à emancipação. Isto vai nos pr'rmitir melhor atendimento aos dem1ais. Se não emanciparmos, correm!os o risco de inviabilizar totalmente o atendimento a todos, em grattde: prejuízo para as comunidades askentadas. Com a irrigação muitos;projetos poderão conquistar a posiçião de auto-sustentáveis e atingirIas condições necessárias para se enÁnciparem. Precisamos dotálos de infra-estrutura ideal paramelhoriai da qualidade dos produtos e condições de comercialização.!

Entendemos que só o Incra não tem condições de administrar e de acompànhar111 cerca de 175 projetosEcom milhares de famílias assentadas. OlIncra não tem condições de dar apoio técnico a este contingente nurneroso de projetos e famílias.

Assentamento Valparaíso mais produtivo, servindo como modelo e exemplo para projetos semelhantes e que têm como preocupação central a água.Émuito interessante o processo do Valparaíso, onde aconteceu realmente uma evolução no que diz respeito à absorção de novas tecnologias. Os moradores daquela região têm um nível muito bom, o que consideramos um fator preponderante na questão do sucesso do assentamento. Por todos esses entendimentos, com esta harmonia, com o crédito, com a capacitação, temos certeza que a Reforma Agrária dará Desapropriamoscerto.áreas dotadas de mananciais hídricos, em parte indicadas pelos movimentos sociais. Em cerca de 50% dessas áreas, desapropriadas em 96 e 97, teremos condições de implantar projetos de irrigação de cultivares diversos, inclusive a fruticultura. O Nordeste tem condições para que exploremos culturas de frutas tropicais. Temos que disseminar a alternativa da irrigação, já que a região tem clima propício. É preciso que busquemos alternativas para romper com a seca no estado. Se os Pro.;jermide Assentamento não tiverem investimentos, nem envolvimento e ações por parte dos governos, visando a minimizar o efeito danoso da seca,vainos: continuar muito vulneráveis.

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS Consciência coletiva de proteção ao trabalho ,\1

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Por um lado, objetiva incluir esse segmento populacional no Sistema Previdenciário, garantindo proteção social. Por outro, contribuir para a formação de uma consciência coletiva de proteção ao trabalho, estimulando sua participação na implementação da política previdenciária.

A ação básica do projeto é a socialização das informações previdenciárias, desenvolvida na ótica do direito e da cidadania através de reuniões com grupos de trabalhadores rurais, nos Postos do Seguro Social do INSS e, sobretudo, nos municípios onde esses postos não existem.

V á direto ao INSS, à Previdência Social. Para saber o direito, vá ao dirigente sindical. Ele é quem sabe direito dar um informe geral. Literatura de cordel O perfil sócio-econômico e político dos trabalhadores rurais indica insuficiência de proteção social. A Previdência Social é um dos instrumentos de garantia dessa proteção. Entretanto, o acesso ao INSS, muitas vezes, é dificultado pela desinformação, fatores geográficos e outros entraves.

O projeto de Atenção ao Trabalhador Rural é coordenado pelo Serviço Social do INSS, e desenvolvido em articulação com outros setores da Instituição e com organizações da sociedade civil, como a OAB, entidades religiosas e, principalmente, sindicatos, associações e confederações de trabalhadores rurais.

O projeto iniciou em 1997, nos estados do Maranhão e de Santa Catarina. Em 1998, está sendo ampliado para os estados de Pernambuco, Objetivando incluir os trabalhadores rurais no Sistema daestimulandogarantindoPrevidenciário,proteçãosocial,oprojetocontribuiparaaformaçãodeumaconsciênciacoletivadeproteçãoaotrabalho,suapartici-paçãonaimplementaçãopolíticaprevidenciária.

Observando o crescimento do desertipregoI e o conseqüente aumentoi do mercado informal, milhões de báigileiros sem vínculo empregatício ficariam sem a possibilidade de proteção previdenciária. Por isso,INSS! lançou o Projeto de Atenção ao Contribuinte Individual.

previdenciário, e também à geração ou elevação de Proporcionamosrenda.ações concretas viabilizando parcerias e programas que possibilitam o acesso aos bens e serviços de nossa Entidade Pública - INSS - e acreditamos na possibilidade de, com esta ação, ajudar a mudança do País e de sua gente.

cercaexclusãocontribuemdecorremprevidenciciriosaçõesqueefetivamenteparaocombateàsocialeàpobreza.Dadosdomêsdeagostodocorrenteanoevidenciamamanutençãodiretadede18milhõesdeseguradosembenefícios.

Ressalte-se o benefício concedido ao trabalhador rural, que é feito com base na contribuição indireta, ou seja, uma alíquota aplicada sobre a comercialização do produto. O trabalhador rural que exerça atividade em regime de economia familiar, com produção apenas para a sobrevivência, mantém direito ao benefício previdenciário. Com o Convênio de Cooperação Sócio-Educativo, com o Centro Salesiano do Menor - Cesam, em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia, contratamos adolescentes carentes com idades entre 14 e 18 anos, para atuarem como mensageiros mirins, percebendo um salário mínimo Preocupadomensal.comaprestação de serviços sociais à comunidade, através de seus contribuintes, esta administração obteve por meio da Medida Provisória n.° 1.608, de 12 de maio de 1998, que os municípios que fazem parte da Comunidade Solidária recorram ao parcelamento dos seus respectivos débitos, medi1 ante emprego do Fundo de Participação dos Municípios-FPM, valendo-seda redução de 6,0%.

AsSim, o INSS tem tido ganhosexpressivos.I O principal é o desenvolvimentO de urna interlocução hábil e competente1 com a sociedade, mediante a atticulação com segmentos organizadbs da sociedade civil, para o que contamos também em nível nacional com à rede de representantes do Coep; nas Superintendências Estaduais; rede esta integrada aos Coeps estaduais, visando a otimizar as políticas ::;eiais dentro e fora da instituição, enlaçando os interesses comuns: CoepI domoINSS.dirigente do INSS, esta Presidência acompanha passo a passo as', ções do Coep e correlatas, dandb 'total apoio e incentivo, certos de que estamos investindo em prol de uma atuação, num futuro próximo, focada num projeto de im-pactO/k efei to social, balizada nas razões (21e caráter puramente social que inspiraram a criação e o crescente desenvolvimento do Coep.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA O INSS, cujas ações são voltadas e dirigidas para social, tem contribuído para a melhoria de vida dos segmentos mais pobres da população, seguindo a própria linha de sua legislação. Da concessão e manutenção de benefícios e serviços

302 á

INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA MINISTÉRIO CIÊNCIA TECNOLOGIA

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O projeto Assistência Tecnológica às Ceramistas Artesãs da Região do Vale do Jequitinhonha busca o aprimoramento tecnológico e a proposição de melhorias do processo produtivo das cerâmicas artesanais, com vistas ao incremento da qualidade, incluindo a diminuição no índice de quebra Para grande parte das famílias do Vale do Jequitinhonha (MG), a atividade ceramista artesanal é o único meio de sobrevivência, ou uma forma de suprir o orçamento doméstico durante os enormes períodos de seca ou entressafra agrícola.

Sim, de mães para filhas porque a atividade ceramista artesanal no Vale é praticada somente pelas mulheres Elas se encarregam, inclusive, daquelas atividades que demandam força física, como no transporte e beneficiamento da argila, bem como no transporte da lenha e carga para os fornos de queima. Para grande parte das famílias do Vale, o artesanato é o único meio de sobrevivência, ou uma forma de suprir o orçamento doméstico durante os enormes períodos de seca ou entressafra agrícola.

A A região Vale do Jequitinhonha (MG), castigada com constantes secas e falta de recursos, é considerada uma das mais miseráveis do País. Paradoxalmente, é ali que são criadas peças artesanais de rara beleza e criatividade, incríveis tesouros culturais embarro, madeira, couro, renda e tecelagem. As técnicas artesanais foram, provavelmente, aprendidas com os índios e seguem a tradição da transmissão de pais para filhos, ou melhor, de mães para filhas.

Um dos maiores problemas enfrentados na produção de cerâmica artesanal é a sua fragilidade estrutural. Mesmo quando bem acondicionadas, há um elevado índice de perdas por fraturas, lascas superficiais e quebra de peças durante o transporte, e até mesmo no simples manuseio. A Obra Social Leste Um - O Sol, que assiste e comercializa peças dessas artesãs há duas décadas, procurou, em 1995, o apoio tecnológico do INT' para a avaliação de algumas peças quebradas, aleatoriamente recolhidas em seu estoque. Estabelecida a parceria, os trabalhos do Instituto foram iniciados no segundo semestre e estendem-se até a presente data.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA de peças; à racionalização no uso de matéria-prima, privilegiando a matéria-prima local, como forma de diminuir os custos de transporte, que oneram desnecessariamente as artesãs e, ainda, com vistas à redução do consumo energético.

Um processo delicado Em decorrência das dificuldades, que certamente surgiriam na interface entre os técnicos e as artesãs, foi utilizada uma abordageni interdisciplinar. Assim, no desenvolvimento do projeto participaram tanto especialistas em processamento cerâmico como também antropólogos. O trabalho antropológico foi muito útil especialmente para abrir as portas das comunidadesalvo, tornando as artesãs receptivas ao projeto.

As técnicas artesanais seguem a tradição da transmissão de mães para filhas, já que praticadas somente pelas mulheres. Elas se encarregam também das atividades que demandam força física, como o transporte da argila e da lenha, além da carga para os fornos de queima.

Mesmo assim, ao obtermos a adesão das artesãs católicas, as artesãs protestantes se sentiram impossibilitadas de se engajar. O fato demonstra a profunda intolerância entre diferentes seitas religiosas no Vale, que levou à criação de uma barreira cultural ao acesso de todo um grupo de artesãs aos benefícios advindos do projeto.

Outro cuidado que permeou todo o andamento do trabalho foi a utilização de uma linguagem acessível às artesãs e de uma didática apropriada para o repasse das informações de caráter técnico.

O trabalho em questão reveste-se de elevado teor social, uma vez que vem permitindo o aprimoramento do artesanato cerâmico de uma das mais pobres regiões do País, com refleicos palpáveis na geração e no aumento de renda da população local.

O projeto abrangeu avaliações de campo em três comunidades:Santana do Araçuaí, Santo Antônio (Caraí) e Campo Alegre (Município de Turmalina), com análise detalhada de todo o processamento cerâmico. Foi, também, realizado um levantamento estatístico, por comunidade, do índice de quebra das cerâmicas produzidas, considerando-se como quebradas as 306

Na avaliação das cerâmicas, foram consideradas a resistência mecânica, porosidade e outras características físicas. Além das medidas das propriedades físicas, realizou-se avaliação qualitativa das características de fratura dos produtos analisados. A textura de fratura das, peças demonstrou a existência de resíduos de fase orgânica, oriundos dá argila utilizada, o que evidenciou a possibilidade de melhoria do ciclo de queima com vistas à obtenção de produtos com melhores propriedades.

INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA - INT

peças trincadas ou rachadas - fator impeditivo da sua comercialização. O cálculo do índice de quebra considerou a razão percentual entre o número de peças quebradas e o número de peças fabricadas. Foi efetuada, ainda, uma avaliação sobre o impacto econômico dessas quebras sobre a renda das comunidades-alvo. Para tal, utilizouse como preços médios de venda das cerâmicas, respectivamente: peças pequenas - R$ 3,00/peça; médias - R$ 5,00/peça, e grandes - R$ 15,00/ peça. O cálculo do impacto que as quebras dos produtos teriam sobre a renda das comunidades mostrou que a perda de renda por fornada per capita era de R$ 21,88 para Caraí, zero para Santana do Araçuaí e R$ 35,70 para Campo Alegre.

O diagnóstico identificou uma série de deficiências d é processamento, como a necessidade de controle da temperatura e atmosfera dos fomos e a análise das argilas em uso. Foi estabelecida, então, uma estratégia de aprimoramento tecnológieo, incluindo a elaboração e impressão da Cartilha do Ceramista Artesão.

Em 1995, a Obra Social Leste Um - O Sol, que assiste e comercializa peças de artesãs há duas décadas, procurou o apoio tecnológico do INT, deOumaestabelecendoparceria.objetivoprincipaléoaprimoramentotecnológicoeaproposiçãomelhoriasdoprocessoprodutivodascerâmicasartesanais,comvistasaoincrementodaqualidade.

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Bagagem acumulada Até ci final de 1998, a proposta é atuar tio aperfeiçoamento do processamento cerâmico, com ações integradás de melhoria do processamento cerâmico em Campo Alegre. Pretende-se, principalmente, otimizar o ciclõ de queima, com a introdução de um novo forno a lenha, projetado pela Divisão de Materiais Cerâmicos do INT e de baixo custo.

Cabe esclarecer que a introdução de um forno comunitário para o uso de artesãs que, desde sempre, trabalham com fornos individuais constitui uma intervenção social extremamente delicada. Avenda dessa idéia representa um verdadeiro exercício de cidadania, pois envolve Associações de Moradores e de Classe em diversas reuniões para esclarecimento de dúvidas e explicações sobre as vantagens que adviriam do forno comunitário, vis-a-vis o forijio individual.

A proposta conta com o apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo de Minas Gerais e inclui o treinamento de pedreiros locais como facilitadores na disseminação da cuitura da nova modalidade de queima pelas Comunidades Ceramistás Artesanais do Vale. São fundamentais as novas parcerias, como a ONG Mãos de Minas, a fim de agregar forças para viabilizar o projeto.

O trabalho permite o aprimoramento do artesanato cerâmico de uma das mais pobres regiões do País, com reflexos palpáveis na geração e aumento de renda da população local. Á disseminação irá requerer o estabelecimento de novas parcerias que, possivelmente, serão viabilizadas a partir desta publicação e, também, da criação do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania, do qual o INT é membro-fundador.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Outra ação futura será a disseminação das melhores técnicas (best practices) para o processamento das cerâmicas artesanais em outras regiões do País. Assim, o conhecimento técnico já acumulado pelo INT, bem como a possibilidade de utilização da Cártilha do Ceramista Artesão como instrumento de apoio, iria beneficiar um número muito maior de profissionais artesãos, não ficando os resultados restritos a uma única região do País. A disseminação irá requerer o estabelecimento de novas parcerias que, possivelmente, serão viabilizMas a partir da publicação do presente texto pelo Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep e, também, da criação do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania, do qual o INT é membro-fundador.

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EntrevistaMARIAAPARECIDASTALLIVIERINEVES

Diretora do Instituto Nacional de Tecnologia - INT Harmonia entre o desenvolvimento econômico e a justiça social Primeiramente, seria interessante ouvirmos um pouco sobre o INT, sua história e áreas de competência... Maria Aparecida Stallivieri - O INT é uma instituição pública da administração direta federal, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT. Desde a sua criação, em 1921, o Instituto vem participando ativamente do desenvolvimento e da modernização tecnológica do País. As suas atividades voltam-se precipuamente para a geração e a disseminação de tecnologias, com ênfase naquelas• de baixo custo, elevado valor agregado é de interesse social; a prestação de serviços técnicos especializados, fornecendo suporte tecnológico às industrias, com foco nas micro, pequenas •e médias empresas; a educação continUada. Desde 1989, em seqüência à formulação da missãe e dos objetivos do INT, foram introduzidos modernos mecanismos de gestão que incluem a avaliação sistemática das linhas de atuação de suas unidades organizacionais. A qualidade da gestão do Instituto foi publicamente reconhecida em 1997, com a concessão pelo governador do estado do Rio de Janeiro do diploma Bronze do Programa Qualidade Rio - Gestão Rumo à Excelência. O planejamento estratégico da instituição levou à agregação de suas competências em 12 divisões especializadas. São elas: Materiais Cerâmicos e Metálicos, Materiais Poliméricos, Corrosão e Proteção, Ensaios de Materiais e Produtos, Química Inorgânica, Química Orgânica, Energia, Meio Ambiente, Desenho Industrial, Engenharia de Produção e de Processos, Avaliação Tecnológica e Informação Tecnológica. A atuação do INT deve, então, estar alinhada às políticas governamentais para a área de Ciência e Tecnologia. Essas políticas são compatíveis com as linhas mestras do Coep? MAS. - Para responder a essa pergunta, preciso fazer uma rápida retrospectiva histórica. No início dos anos 90, a partir da semente da solidariedade plantada pelo 13etinlio através da "Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida", eA disseminação de tecnologias de baixo custo e de elevado valor ' agregado é uma das missões institucionais do INT, razão pela qual o Instituto vem desenvolvendo projetos pilotos de repasse de comunidadestecnológicassoluçõesparacarentes.

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A qualidade da gestão do Instituto foi publicamente reconhecida em 7997, com a concessão pelo governador do Rio de Janeiro do diploma Bronze do Programa Qualidade Rio - Gestão Rumo à Excelência.

mergiu um esforço da sociedade civil organizada, e de alguns setores governamentais, para reverter o quadro de abandono e rniserabilidade que atingia um enorme contingente de brasileiros, até alçá-lo à condição de projeto prioritário nacional. Desse esforço resultou, inclusive, a criação do Coep, do qual o INT participa como membro-fundador. Desde então, caminha-se para um consenso de que o enfrentamento eficaz da pobreza e do desemprego depende da harmonização entre o desenvolvimento da economia e a justiça social.

Essa compatibilidade já está sendo buscada pela atual política governamental na área de Ciência e Tecnologia (C&T). Eis um exemplo: as agências de fomento vinculadas ao MCT estão buscando, cada vez mais, demonstrações de sinergismo entre as linhas de pesquisa e de trabalho técnico e as demandas do processo de desenvolvimento econômico e social do País, tais como explicitadas nas políticas públicas governamentais. O pilar dessas políticas é o Plano Pluritthual 1996199 do governo federal para a área de C&T? M.A.S.- Exato. O PPA/ C&T explicita a redução dos desequilíbrios regionais e sociais como urna de suas metas prioritárias. Neste Plano, informa-se que: "O esforço do Governo dar-e-á no sentido .de viabilizar a inserção das atividades de C&T no processo de desenv lvimento sócio-econômico além da ampliação do acesso aos beinefícios resultantes para uma parcela maior dal população". Sob este objetivo, elencam-se estratégias para a crianovas oportunidade de ocupaoiça de trabalho, o comprometimento para com a erradicação da miséria e daI foine, a formulação e implementação de políticas públicas de cunho social e oi fortalecimento da cidadania. o frNT vem-se posicionando no ah al contexto? M.A.S.- Em função desses novos vetores da ação governamental, a nossa gestão iniciada em 1990, vem reforçando osl projetos em Tecnologias de Interesse! Social. Para torná-los mais efetivos, estamos buscando desenvolver uma nova área de competência no I IINT denominada Engenharia de Interesse Social (EIS). É um conceito ainda ernb,diente, que intentã dotar a instituição de mecanismos e instrumental apropriados à ampliação e à agilização da sua dapacidade de resposta aos desafios econômico-sociais, potencializando osresulta dos e o impacto sócioeconômico dos projetos tecnológicos. direcionados às populações carentes. A EIS estimula o enfoque. multidisciplinar gerando projetos inovadoresi e ações cile caráter social. Neste particular é importante ressaltara grande contribuição conceituai originária do Laboritório de Tecnologias e Desenvolvin ertto Social (LI Lb), pertencente ção de ção da Como

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

São facultadas condições de horário especiais aos mestrandos e doutorandos para que possam cumprir com o programa de estudos, além de se garantir apoio institucional ao desenvolvimento de suas teses. Através de convênio com a Fundação Roberto Marinho, estamos agora viabilizando os estudos de segundo grau para o nosso quadro funcional, induindo o pessoal de servi,us terceirizadosdelimpezaevigilância_Além de disponibilizar a infra-estrutura necessária, como teles-sala, todo o material didático é distribuído gratuitamenliz. 311

INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA - INT

Estamos Social.INTdesenvolverbuscandoumanovaáreadecompetêncianodenominadaEngenhariadeInteresseÉumconceitoaindaemergente,queintentadotarainstituiçãodemecanismoseinstrumentalapropriadosàampliaçãoeàagilizaçáodasilacapacidadederespostaaosdesafioseconômico-sociais.1à área de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ. Visando agregar a Coppe à "Ação da Cidadania.contra a Fome, a Miséria e pela Vida" em sua segunda fase, que prioriza a geração de trabalho e renda, em 1994 foi instituída a linha de trabalho em Engenharia de Interesse Social, sob a responsabilidade do Prof. Roberto Bartholo Jr. Além do projeto descrito, quais os outros trabalhos neste viés realizados pelo INT? M.A.S. - Como já disse, a disseminação de tecnologias de baixo custo e de elevado valor agregado é uma das missões institucionais do INT, razão pela qual o Instituto vem desenvolvendo projetos pilotos de repasse de soluções tecnológicas para comunidades carentes. Além da melhoria da qualidade da cerâmica artesanal (Vale do Jequitinhonha/MG), os seguintes projetos de cunho social estão em andamento: desenvolvimento da tecnologia do couro vegetal (Amazônia e ES); tecnologia de tratamento de águas utilizando plantas aquáticas na recuperação de águas poluídas (RJ e MG); manejo de agrotóxicos e desenvolvimento sustentável de sistemas agrícolas (RJ); fabricação artesanal de sabão (RJ e MA) e conservação de energia em unidades residenciais e fabris (RJ). Ações comunitárias também são desenvolvidas junto à Casa do Hemofílico, ao Reage Rio e no entorno da sede do INT, como o apoio à 1a Região Administrativa, incluindo os esforços de revitalização da zona portuária, e ao Bloco Cultural e Carnavalesco "Escravos da Mauá". O que a direção do INT vem propiciando ao seu quadro funcional? M.A.S. - No contexto de uma gestão participativa, estamos permanentemente buscando estimular as oportunidades para o exercício da iniciativa, da criatividade e do autodesenvolvimento, individualecoletivo. O projeto "Compartilhando Habilidades", por exemplo, funciona desde março de 1997 como um alavancador da qualidade de vida no trabalho, permitindo o engajamento de servidores e bolsistas em até três horas semanais de atividades como teatro, Mi chi, meditação, tecelagem, origami, aulas de inglês e várias outras. É o caso de ressaltar, também, o grande estimulo que o INT propicia aos estudos de pós-graduação.

Menor desigualdade, INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA

FERNANDO REZENDE Presidente do IPEA No início de 1993 a Campanha contra a Fome, a Miséria e pela Vida mobilizou entidades representativas da sociedade e o governo na busca de soluções para o grave problema social do País. Nesta oportunidade, o IPEA anunciou os 32 milhões de indigentes e coordenou a elaboração de um Plano Nacional de Combate à Fome e à Miséria, a pedia() do Presidente hamar Franco. Esse Plano, aprovado em reunião ministerial, lançou os três princípios norteadores da ação pública em prol dos mais necessitados: parceria, descentralização e solidariedade. A Campanha ganhou fôlego e algumas empresas estatais, como o Banco do Brasil, implementaram, em todo o País, centenas de comitês locais de Ação da Cidadania contra 'a Fome, a Miséria e pela Vida,liberandOlfuncionários e recursos para a realização de atividades de combate à fome.

Essa onda de entusiasmo "contaminou" dirigentà e funcionários de outras instituições governamentais, que sentiram necessidade de somar esforços e iinprimir maior .organicidade a essas inúmeras experiências que explodiam espontaneamente. É neste contexto que surge o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela VidaCoep, já com a adesão de mais de 30 instituições.Umadasvirtudes do Coep está na sua estruturação. Organizado como uma rede, ele forma um sistema de instituições que preserva a ação individual de cada um de seus componentes, atuando segundo lógicas empresariais ou institucionais próprias. Sem prejuízo de sua individualidade as entidades signatárias do Coep buscam pautar suas atividades no combate à fome, à miséria e à exclusão social em torno dos princíPios de parceria, descentralização, diversidade e solidariedade. A parceria ou a cooperação entre as entidades ou corm outras instituições governamentais e não-governamentais é necessária para promover maior sinergia rios resultados e evitar desperdício de A contribuição do !peei ocorre, 'emedianteessencialmente,aproduçãodivulgaçãodeinformaçõesrelevantesparaodesencadeamentodeaçõesgovernamentaisenão-governamentaisdecombateàfome.

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Destacam-se os estudos que buscam eeeconomiastransformaçõesimpactoconhecimentoaprofundarsobreodasrecentesnasinternacionaldoméstica,comvistasàproposiçãodepolíticasàanálisedasprovi-dênciasquevêmsendoadotadaspelogovernoparareduzirasdesigual-dadessociaisnoPais.

misses dessas organizações; ou seja, conferir um uso mais soda] aos recursos governamentais, orientando-os para a luta contra os efeitos da desigualdade social no País.

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recursos. A descentralização das ações, tanto no que se refere a autonomia de cada entidade na implementação de seus projetos como_na criação de Coep's estaduais, é importante para viabilizar atividades mais condizentes com as diferentes realidades locais A diversidade está presente tanto nas ações desenvolvidas pelas entidades - nas áreas de saúde, educação, alimentação, geração de ocupação e renda, por exemplo - como na própria composição do Comitê. Com efeito, integram o Coep instituições de fomento e de pesquisa, prestadoras de serviços e empresas estatais, dentre outras. Por último, princípio da solidariedade: o Coep tem demonstrado que atitudes, gestos e ações em prol dos mais necessitados podem fazer parte do cotidiano de entidades públicas, com vantagens, inclusive, para o seu próprio desempenho. Na realidade, o Coep constitui um novo ator governamental que busca ser um animador e impulsionador de soluções, dos mais diversos tipos, para o enfrentamertto da fome e da miséria no País. Acredita-se que o grande desafio do Comitê é ode manter vivo o engajamento dos dirigentes e funcionários dessas Entidades - e de outrascomo intuito de imprimir, cada vez mais, uma orientação social nas

A contribuição do Ipea nesse esfoliço tem ocorrido, essencialmente mediante a produção e divulgação de informações relevantes para o desencadeamento de açõe'S - governamentai e nãogovernamentais - de combate à fome e à miséria. Assim, por exemplo, p Mapa da Fome e seus 32 milhões de indigentes - lançado em 1993, foi amplamente utilizado parara implementação de programasÇ projetos, tanto de instituições da sáciedade como de organizações governamentais. Mais recentemente, o Ipea, o PNUD e a Fundação João Pinheiro prepararam os indiées de Desenvolvimento Humant:: e de Condições de Vida, que são instrumentos igualmente importantas; para a mobilização politica e sociai em tomo da meta do progresso integrateharmónico da humanidade. Do programa de trabalho do Ipea, destacam-se os estudos que buscam aprofundar o conhecimento sobre o impacto das recentes transformações nas economias internacional e doméstica com vistas à proposição de políticas e à análise das providências que vêm sèndo adotadas pelo governo

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A recente criação do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania marca mais uma etapa na consolidação do Coep e abre novas perspectivas para sua expansão.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA-IPEA para reduzir as desigualdades sociais no País. A participação do Ipea no Coep tem sido e continuará sendo pautada pela disseminação dos resultados desses estudos buscando estimular, no âmbito do Comitê, o debate, a reflexão e o envolvimento de todos no encaminhamento das medidas necessárias para melhorar o nível geral de bem-estar. Em outro sentido, o Ipea também tem colaborado na divulgação de iniciativas do Coep. Neste particular, merece destaque a publicação realizada, em 1997, juntamente com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal- Ibam e a Comunidade Solidária, sobre experiências inovadoras de combate à fome e à miséria implementadas por entidades pertencentes ao Comitê, nas áreas de geração de ocupação e renda, desenvolvimento rural, educação e assistência social, dentre outras. Acreditamos que a divulgação das ações do Coep é também uma maneira de multiplicar essas iniciativas, contribuindo, assim, para aliviar os graves problemas da exclusão social. A recente criação do Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania marca mais uma etapa na consolidação do Coep e abre novas perspectivas para sua expansão.

Conquanto ele tenha se apoiado inicialmente em entidades públicas, o seu futuro caminha no sentido de incorporar instituições privadas que, em número crescente, assumem sua parte de responsabilidade social. Crescer e expandir sem perder de vista os compromissos inicialmente assumidos é o grande desafio que o Coep irá enfrentar. No presente, assim como no passado, o Ipea continua firmemente empenhado em colaborar. O livro que está sendo ora divulgado revela o quanto foi possível realizar por um universo restrito de instituições e em um curto espaço de tempo. Seu lançamento ocorre em um momento de grande oportunidade, pois a necessidade de se ampliar as parcerias entre Estado e Sociedade, para que o Brasil ingresse numa trajetória de crescimento com menor desigualdade e maior justiça social, é cada vez mais amplamente reconhecida.

PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS

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p etróleo é vida. Gera energia, impulsionando pessoas, cidades e países. Dele depende a maior parte 'das atividades humanas e produtos existentes no planeta. Água é vida. Sem ela, o mundo seria o mesmo que um corpo sem veias. Água e petróleo. O que há de comum entre ambos? Uma empresa busca petróleo, mas às vezes perfura o solo e encontra água. Um estado padece com a seca, problema que prejudica a população e as atividades econômicas. A associação da oferta com a necessidade tem resultado em combustível para a população, em todos os sentidos.

Pesquisando e produzindo petróleo, a Petrobras incrementa a economia e faz o estado crescer. Nos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará a Companhia, através do Programa Chafariz Comunitário, cedeu 255 poços para prefeituras, órgãos estaduais e federais, além de particulares da região, para aproveitamento do potencial hídrico. Do número total de poços, 216 estão localizados no Rio Grande do Norte e os restantes no Ceará. Por falta de recursos, alguns poços não estariam produzindo água, mas a Petrobras, formando parcerias com estados, municípios e iniciativa privada, colocou os poços em produção. A seca deixa o sertanejo sem esperanças. Sentem-se esquecidos, sozinhos. Depois que os poçcis foram abertos os sentimentos transformaram-se. Em um estado que sofre com a seca, a Petrobras perfura o solo e encontra água. A associação da oferta com a necessidade resulta em combustível para a população.

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A chegada da água aqui em Passagem da Pedra foi a melhor coisa que já aconteceu. Antes da chegada da água, todos os moradores só tornavam água salobra. Água de melhor qualidade só em Mossoró, a quilômetros de distância, e no lombo de burro ou na carroça. Hoje, nós que moramos aqui, agradecemos a Deus e, também, a Petrobras, que teve uma iniciativa louvável ao perfurar poços para matar a sede da gente. Raimundo Temido, 71 anos, aposentado, pai de nove filhos. A Petrobras participou diretamente nos custos de equipagem de cinco poços para produção de água, nos municípios de Mossoró, Apodi e Grossos, no Rio Grande do Norte, além de um poço em Icapuí, no Ceará. Em média são investidos cerca de R$ 100 mil para deixar um poço pronto para produzir água. Muito mais seria necessário. A Petrobras reconhecendo seu papel social busca parceria de terceiros, como algumas empresas prestadoras de serviço na região, e está reaproveitando materiais e equipamentos. Combatendo a seca A água é vida no sertão. Sem ela, a caatinga perde o verde de sua já escassa vegetação e o cinza da aridez da secatoma conta da paisagem. O resultado da seca todo mundo conhece: além da fome do sertanejo, que perde suas culturas de sobrevivência, o gado morre, vem o desemprego, famílias inteiras deixam o sertão para fugir da morte, aumentando o êxodo para os centros urbanos. As imagens da televisão chocavam a população que, sensibilizada, participou da campanha de mobilização para diminuir os efeitos do período da seca, agravado pelo efeito do fenômeno climático El Nino.

Novamente a Companhia atuou transformando seu principal negócio - a procura e produção de petróleo a comunidade. Energia na forma da água - em fonte de energia para encontrada na procura de petróleo. A Diretoria Executiva autorizou a Gerência de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará à realizar convênios com os municípios de Mossoró, Upanema, Assu, Macau, Apodi, Guamaré e Aracati -CE, para aproveitamento de nove poços.

Passei a vida toda carregando água. Depois da construção do chafariz, a vida da comunidade mudou. Agora a vida está boa. João Esteves da Silva, 63 anos, pescador aposentado. 323

AFARIZ COMUNITÁRIO DE PASSAGEM DE PEDRAS APOIO:PREFEITURAMUNICIPALDEMOSSORCI c in z,-. .;.:, -•‘. R, sof á ,1•., 4 A ..4 I Tly tj.r—t•1 "L.t• a'''''' --„,...-. ~O ...~.~..i. e--.. ---... -...1--Ce.-••adlè..4.--,.e.‘C... .;".i•.•-"1i...-a*? nalr ss-.".,:........tr" OBRAS Nós, moradores de Serra Vermelha, sofríamos aqui. Pagávamos por uma água que era insuficiente para matar a nossa sede. José Gomes da Silva, 64 anos, pai de 10 filhos. A Petrobras é responsável por todos os serviços de instalação dos poços e os municípios, pelas obras de adutoras, caixas d'água, tratamento e distribuição. Mais de 4.000 famílias, localizadas na área rural, serão atendidas. Além desses poços, foi firmado um convênio com a Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte para viabilizar abastecimento urbano do município de Governador Dix-Sept Rosado.

No estado de Sergipe a Petrobras também vem atuando, junto com governo estadual, para minimizar os efeitos da seca e proporcionar melhor qualidade de vida à comunidade. A Companhia, numa parceria com a Companhia de Saneamento do estado de Sergipe, está perfurando vários poços com o intuito de aumentar o fornecimento de água da capital, Aracaju, e arredores, no total de 1.330.000 m3 água/ mês

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Tecnologia e Cidadania A Petrobras é a 15a companhia de petróleo do mundo, trazendo para o Brasil o reconhecimento pela avançada tecnologia na produção de petróleo. Além de trazer estes destaques para nosso País, a maior empresa brasileira não ignora as dificuldades que o Brasil enfrenta em outras áreas, como a social e a educacional, por exemplo. Reconhece que sua importância pode se fortalecer ainda mais, através de ações que beneficiem diretamente a população. É quando a Petrobras encontra um diferencial que se reflete em sua imagem institucional: de empresa cidadã, comprometida com as pessoas que vivem nas regiões onde atua, de norte a sul do País. São vários os exemplos da atuação comunitária da Petrobras e que encontraram dentro do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida um eficaz fórum de articulação e realização. No Rio Grande do Norte, em Sergipe e no Ceará, a Petrobras já cedeu centenas de poços d'água para abastecer comunidades atingidas pela seca. Além de ceder os poços, a Companhia firma parcerias com o poder público estadual e municipal e empresas privadas para a construção de chafarizes que beneficiam a população.Exemplos da atuação da Petrobras na área da educação e cultura são os programas Plantando o Futuro, que ensina técnicas de aproveitamento da terra, reforça a merenda escolar e ajuda na subsistência de 55.821 alunos e 3.580 famílias, produzindo mais de 40 toneladas/ano. Outra ação comunitária é o Programa de Criança,que Inúmeras ações demonstram que o convívio da Petrobras com o consumidor vai muito além do suprimento dos derivados de petróleo que movem o dia-a-dia.

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JOEL MENDES RENNO Presidente da Petrobras • ,'••••••• - ^

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O Programa de Criança afasta das ruas e oferece a mais de quatro mil meninos e eoportunidadesmeninasdeesporterecreação.

Lati. afasta das mas e oferece, a mais de quatro mil crianças, oportunidades de esporte, recreação e lazer. Junto a essa iniciativa se agregam inúmeros programas de apoio aos adolescentes carentes e portadores de deficiências físicas, através da oferta de trabalho e de aprendizagem em nossas inúmeras unidades.Oprograma Leia Brasil, criado em 1992, incentiva mais de 500 mil estudantes à leitura. Bibliotecas sobre rodas levam, para cerca de 500 escolas estaduais e municipais, livros e autores infantis, além de contadores de histórias e artistas de teatro( São, também, ministrados cursos para que os professores incentivem o hábito de leitura. Essas e inúmeras outras ações demonIstram que o convívio da Pecobras com o consumidor vai muito além do suprimento dos derivados1. de petróleo que movem o dia-a-dia. Nossa visão do presente e do futuro sempre valorizaram e continuarão a buscar melhores condições de vida para o cidadão brasileiro.

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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTOABASTECIMENTOSECRETARIA DE RURAL --SDR

Analisadas as potencialidades locais, destacouse que o elevaçãocontribuirmenterepresentavaartesanatoimportantepassoparaaproveitarebeneficiaradequada-asmatérias-primasregionaiseparaadosníveisderendaemelhoriadaqualidadedevida.

Artesanal - Oficopa, constituída durante o ano de 1996, como resultado da parceria entre o governo federal, o governo estadual e organizações não governamentais.

Seria, ainda, um importante passo para aproveitar e beneficiar adequadamente as matérias-primas regionais, contribuir para a elevação dos níveis de renda e conseqüente melhoria da qualidade de vida desse segmento da população. Em toda a produção artesanal, algumas características reforçavam a opção do setor público em apoiar e incentivar a atividade: a utilização de matérias-primas locais, a existência de umapequena escala de operações e a adoção de tecnologias simples que empreguem alta intensidade de mão-de-obra familiar Surgiu, então, a Cooperativa das Oficinas Comunitárias de Produção

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O grave quadro de crescente miséria da população exigiu um esforço do setor público no sentido de identificar alternativas econômicas capazes de alterar essa realidade, possibilitando incorporar parcela dessa população excluída em atividades produtivas.

N o Rio Grande do Norte, 46% das famílias do estado são constituídas de indigentes, ou seja, indivíduos cuja renda permite, no máximo, adquirir uma cesta básica de alimentos. São pessoas que vivem, portanto, no limiar da sobrevivência biológica. Na área rural, essa situação é ainda mais grave, chegando a atingir 70% das crianças de O a 6 anos e 57% das de 7 a 14 anos.

Analisadas as potencialidades locais e tendências do mercado consumidor, concluiu-se que o artesanato seria a alternativa economicamente viável para multiplicar oportunidades de trabalho rentável para significativa parcela da população da zona rural.

Mesmo não havendo um explícitodirecionamentoàquestão de género, o projeto tem no seu escopo um nítido componente feminino.

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O enfoque é a educação de grupos de artesãos voltada para o trabalho participativo. Visa a proporcionar sentido produtivo a uma mão-de-obra qualificada ou em processo de qualificação, capacitando-a para sua inserção no sistema de produção, no mercado de trabalho e de consumo.

Algumas pedras no caminho No decorrer da implantação do projeto foram constatados dois problemas de ordem estrutural: a maioria dos artesãos depende de intermediários e, isoladamente, o artesão, como os demais produtores do setor informal, sofre uma série de restrições, riscos e incertnas próprios de suas atividades. Os principais problemas podem ser agrupados em três pontos: produção, comercialização e capacidade gerencial. Em relação à produção foram observados diversos pontos de estrangulamento.Estoquesreduzidos de matéria-prima e insumos não garantem maior volume de produção, principalmente nos períodos chuvosos e na entressafra de determinadas fibras e da palha de carnaúba. São altos os preços de determinados insumos, geralmente adquiridos no comércio local em quantidades reduzidas, pela falta de condições dos artesãos de comprar diretamente dos produtores ou grandes fornecedores. Além disso, falta local para estocagem de matérias-primas e insumos, bem como de produtos acabados, influindo no volume da produção.e impedindo um maior crescimento da 331

A maioria dos artesãos depende de intermediários e sofre, isoladamente, uma série de restrições, riscos e incertezas. Esse quadro, resultante das cooperativas e associações que adotam modelos arcaicos e verticalizados, precisava ser revertido.

Dentro da metodologia adotada, a qualificação dos artesãos ocorre no processo de aprendizagem em serviço, quando é gerada uma significativa produção de peças artesanais rendendo ao artista uma remuneração. A concepção do sistema de produção compõe-se de diversas fases, realizadas por grupos distintos de artesãos, em oficinas comunitárias, que não necessariamente possuem espaço físico próprio e, por isso, trabalham em casa, no terreiro ou em uma área comunitária.

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Reunidos em 32 núcleos de produção informal, abrangendo um total de 15 municípios, foram treinados inicialmente 1.500 artesãoes, que desenvolveriam as atividades de cestaria e trançado (fibra de carnaúba, coqueiro, sisal), rendas e bordados, cerâmica e costura (combinados de copa e cozinha). Mesmo não havendo um direcionamento explícito à questão de gênero, o projeto tem no seu escopo um nítido componente feminino, pela própria natureza da atividade artesanal.

Mais uma vez a solução foi encontrada entre os próprios artesãos. A apropriação do saber técnico sobre o processo de trabalho e de poder gerir seus próprios negócios gerou uma aspiração maior. Nasceu a Cooperativa das Oficinas Comunitã-rias de Oficopa,ArtesanalProduçãoLtda.-percebida como um caminho viável e seguro para garantir a comercialização.

A opção do projeto foi o desenvolvirinento de cursos nas áreas deÉ t Habilidade Básica, Específica e de Gestão::, bem como a dinâmica operativa desse processo de formação de árfesàos.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA tÉ oferta de produtos. Falta, ainda, aprimoramentb tecnológico no processot :de preparação da matéria-prima, influindd no nível de resistência de' H .determinados produtos, como a cerâmica, e no ling:mento e na consistência de algumas fibras. Finalmente, há pouco controle de qualidade tanto na seleção e no tratamento da matéria-prima, coind, no processo de produção, o que se reflete no resultado final do produto. Quanto à comercialização, observou-se à tixistência de inadequação a determinados padrões existentes, aliada à 41tã de preocupação com a!introdução de novos modelos, de acordo com as exigências e oportunidades de mercado. IForam também detectadas dificuldades dom relação à capacidade . ;técnico-gerencial. O quadro de pessoal técnito-gerencial é reduzido e necessita de maior capacitação para o desenvolvimento de suas atividades, principalmente nas áreas de controle de Produção e comercialização, soma-se a isso o fato de haver descontinuidade nas ações de governo voltadas para capacitação e assessoramentoIde pessoal técnico-administrativo das organizações de apoio ao artesanato.

Esse quadro, resultante das condições d;e iuncionamento das cooperativas e associações que adotam modelos arcaicos e verticalizados, precisava ser revertido.

Os resultados logo se fizeram sentir. iO treinamento despertou o interesse dos grupos participantes em constituir associações comunitárias de produção artesanal, funcionando nas próprias comunidades da 332

Aprendendo a gerir seu próprio negócio1 Para isso, era necessário aumentar o noniero de sócios ativos dasI E organizações de artesãos, o que dependia não só de maiores incentivos financeiros e de assistência técnica ao setbr por parte de organismos governamentais e privados, como também, h Particularmente, da adoçãoÉ de modelo de gestão participativa dos assdpiados e de uma visão muito clara do mercado consumidor, o que permitiria gerar ocupação e renda para uma parcela da população que hoje sel enquadra em níveis de rendimentos muito baixos ou que não aufee 'atendimento algum.

periferia de Natal e, particularmente, nas zonas rurais dos municípios do Estado. Isso fez com que a produção artesanal crescesse. No entanto, em razão do caráter não mercantil das associações, problemas relativos à comercialização começaram a Novamenteaparecer.asolução

foi encontrada entre os próprios artesãos. A apropriação do saber técnico sobre o processo de trabalho e de poder gerir seus próprios negócios, tanto na extração, beneficiamento e no preparo das matériasprimas, como na produção de peças utilitárias e decorativas artesanais, gerou uma aspiração maior, que se traduziu na criação da Cooperativa das Oficinas Comunitárias de Produção Artesanal Ltda. - Oficopa, percebida como um caminho viável e seguro para garantir a comercialização profissional dos produtos artesanais, possibilitando, assim, a auto-sustentação dos grupos comunitários de produção e a conseqüente melhoria do orçamento familiar. A Cooperativa tornou-se uma realidade e um instrumento eficaz para operar em parceria com políticas públicas no desafio de reduzir as desigualdades e fixar o homem no seu meio de origem. De olho no mercado A Oficopa desempenha o papel de coordenar a organização dos indivíduos a ela associados, administrar o processo de produção e comercialização e, ainda, é responsável pelo treinamento. Constitui uma experiência de vanguarda, adotando o conceito de sustentabilidade, estratégia que consiste em orientar a coletividade na decisão consciente e consensual, contribuindo para a transformação da massa de excluídos em seres humanos capazes de produzir bens e gerar riqueza e paz.

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CIDADANIA).„

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E

Para atingir tais objetivos, vem trabalhando no sentido de consolidar a organização dos 22 grupos de produção em associações e ampliar para 40, filiando-os à Cooperativa; expandir o número de sócios dos atuais 920 para 2.000; dotar as 40 associaçõés com os meios adequados à produção; atingir a produção de 90.000 unidades/mês de produtos artesanais; propiciar a remuneração média inerisal de um salário mínimo e meio por artesão; estabelecer estratégia agressiva de comercialização, buscando oferecer 60% da produção aos atacadistas; realizar duas pesquisas de mercado, anuais, no sentido de identificar a tendência dos mercados consumidores; manter continuo Projeto de desenvolvimento de produtos, inovando desenhos e agregando novos materiais.

A consolidação e a autonomia da Oficopa determinam a necessidade de estabelecer estratégia permanente de aproximação com o mercado, suas demandas e tendências, e buscar os meios técnicos, financeiros e institucionais, para sua implementação.

A Oficopa é hoje urna organização empresarial, determinando a necessidade de qualificar e profissional izar ainda mais os seus serviços para o cumprimento de sua missão estratégica, que é a de transformar as estruturas sociais onde atua, criando oportunidades para que os artesãos atinjam padrões dignos de vida.

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Designers, em conjunto com 720 combinandodededesenvolveramartesãos,"oficinascriaçãodeprodutos",produzindoprotótiposprodutosartesanais,materiais,processosetécnicas,atendendoastendênciasdomercadoconsumidor.

Nesse sentido, a Oficopa realizou, em 1997, em parceria com o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural e do Projeto Novas Fronteiras da Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável - PNFC/PNUD, com o apoio da Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado, e a participação de três especialistas consultores, a análise e o diagnóstico de design dos produtos artesanais confeccionados pelos grupos de produção vinculados à Cooperativa. 335

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A experiência, recente e inovadora, com metodologia participativa, tanto no processo de produção como no de gestão, e na orientação da confecção dos produtos a partir das demandas de mercado, configura-se como um movimento a ser espelhado, ajustado e multiplicado em outras regiões do País com característicassemelhantesàs do Rio Grande do Norte.

A experiêné'a da Oficopa não se apresenta, ainda, como um modelo acabado o até mesmo consolidado. Entretanto, por ser recente e inovadora, com metodologia participativa, tanto no processo de produção como no de gestão, e na orientação da confecção dos produtos a partir das demandas de mercado, configura-se como um movimento a ser espelhado, ajustado e mulitiplicado em outras regiões do País com características semelhantes às do Rio Grande do Norte.

O trabalho indicou procedimentos, parametros e estratégias de ação para o incremento de novas linhas de produtos artesanais, dentro das seguintes estratégias: criação da Imagem Oficopa; estimialo ao uso dos materiais da cultura local; deáenvolvimento da criatividade dos artesãos; agregação de valor aos produtos Oficopa; incorporação de novos materiais locais aos produtos já desenvolvidos; apresentação dos novos produtos para os clientes potenciais, nacionais e internacionais; produção de máteriais promocionais. Com base no diagnóstico e nas estratégias indicada, foi executado o Projeto: Artesão & Desigiíer, Interação e Criação de Novos Conceitós da Produção Artesanal. No decorrer de duas semanas, um grupo de 10 designers, em conjunto com 120 artesãos, desenvolverarn "Oficinas de Criação de Produtos".

Aproximando saberes e construindo conhecimentos, produziram 80 protótipos de produtos artesanais, combinando materiais, processos e técnicas, atendendo às tendências do mercado consumidor. Esses produtos, posteriormente, foram apresentados aos compradores de grandes cadeias de lojas de São Paulo e Rio de Janeiro. Efetuaram encomendas as Lojas Americanas, Mesbla e Tok Stok.

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Rural O momento exige do setor público alternativas transformadoras de desenvolvimento Como o senhor vê a atuação do setor público no combate à fome e à miséria e na geração de emprego e renda? Murilo Flores -Estamos vivendo, no Brasil, um amplo processo de transição, onde as reformas do papel do poder público, as mudanças tecnológicas, a maior competitividade do setor produtivo, o surgimento de um novo perfil do emprego e o comportamento social e político da sociedade, hoje mais participativo, exigem do setor público ações mais voltadas para as reais necessidades da sociedade, que contribuam para diminuir as desigualdades sociais e que, paralelamente, permitam o surgimento de alternativas de desenvolvimento realmente transformadoras.

O senhor falou da necessidade de surgimento de alternativas dé desenvolvimento inovadoras e fia. nsformadoras. No caso de ações voltadas para p desenvolvimento rikal, que alternativas seriam essas? . M.F. - Alternativas que contribuam para a ampliação do conceito de desenvolvimento rural, muitas delas já adotadas por diversos paíseS, e que, no Brasil, começam a apareCer, mas são ainda incipientes. PM:lemos sintetizar as reflexões sobi'e essas alternativas em três pontos. O primeiro é de que é possível, com estratégias de organização da produção primária e secundária, do produtor e de mercado, termos condições de valorizar e fortalecer as pequenas propriedades, segmento capaz de absorver mão-de-obra e gerar renda de forma Há uma agrícolasemcrescentedemandadosconsu-midoresurbanospor'produtos',produzidosusodeinsumosquímicos,oudosprodutosdeorigemtípicosdeurnaregião,comcaracterís-ticasculturaisporvezesseculares.

MURILOEntrevistaFLORES Secretário Desenvolvimentode

No que diz respeito ao meio rural, o governo federal vem fazendo um grande esforço para criar condições mínimas para que o agricultor de base familiar - um segmento que, tradicionalmente, tem ficado à margem das políticas públicaspossa ter alguma perspectiva de permanência na agricultura e em outras atividades economicamente sustentáveis e geradoras de cidadania, mediante a implementação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF. Seja com o objetivo de aumentar a eficiência da produção agrícola e sua verticalização, criar ocupações produtivas no campo, reduzir o processo migratório, distribuir melhor a renda e o bem-estar, ou todos esses pontos em conjunto, há uma clara justificativa e um apoio da sociedade para o estabelecimento de ações que, realmente, signifiquem dar, pela primeira vez no Brasil, a democratização de oportunidades negada desde o inicio da nossa história.

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desconcentrada O segundo ponto diz respeito ao entendimento de que desenvolvimento agrícola não é a única alternativa para o desenvolvimento do campo,nosentidodeseaumentaracriação de ocupações produtivas e a geração de renda desconcentraria. O (esteiro é a percepção de que as atividades industriais e de serviços estão cada vez mais fortemente presentes no meio rural. De que maneira essas alternativas poderiam contribuir para incentivar novas oportunidades de aumento de renda e geração de emprego no campo? M.F .- Com relação ao primeiro ponto, a superação da falta de escala para o processo produtivo agrícola e agroindustrial, bem como para a comercialização, podem ser obtidas com um elevado nível de organização. Além disso, observa-se uma demanda crescente dos consumidores urbanos por produtos "especiais", como, por exemplo, aqueles produzidos sem uso de insumos químicos ou aqueles que possuem maior valor cultural agregado, como é o caso dos produtos de origem agrícola típicos de uma região e que carregam consigo características culturais por vezes seculares. Nos dois casos, temos uma oportunidade de mercado típica da pequena propriedade familiar. Quanto ao segundo ponto, temos observado que o campo não tem somente a atividade agrícola como fonte de renda. Pesquisas têm demonstrado que é crescente, no Brasil, a presença, no campo, de outras 'atividades criadoras de emprego e renda, como as agroindiústrias e pequenas indústrias, turismo e o artesanato. Por último, e intimamente relacionado ao anterior, observamos que a crescente dificuldade ein predeterminar se urna atividade é urbana ou rural abre perspectivas a que o setor público reflita sobre a possibilidade de trabalhar com o conceito de desenvolvimento local, ampliando a interação campo-cidade, desenvolverá° estratégias de fortalecimento das pequenas (e na sua maioria agrícolas) e médias cidades do interior, para que, corn investimento em infra-estrutura básica, tenhamos condições de propircionar aumento na qualidade de vidaeicidadania ao homem do campo e de 'lhes apresentar uma verdadeira opção o modelo de migração para as grarlities metrópoles, hoje vivenciado. Uma opção nesse sentido não correria risco de desvirtuar o papel da agriculthra no processo de desenvolvimento nacional? M.F.I De forma alguma. A atividade agrídola continuará cumprindo sua missão ! tradicional de abastecimento de alimentoIs e matéria-prima, incluindo, no entanto, como prioridade a geração de empiego local e a distribuição de renda, õ que tomará muito mais nobre a sua função social. Ao contrário de uma aparente perda de importância, msgata-se o papel do antigo meio rural no cenário do desenvolvimento nacional.

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'A atividade agrícola continuará cumprindo sua missão tradicional de abastecimento de alimentos e matériaprima, incluindo, no entanto, como prioridade a geração de emprego local e a distribuição de renda, o que tornará muito mais nobre a sua função social."

SERVIÇO FEDERAL PROCESSAMENTO DE DADOS SERPRO Construir futuro em oficinas de computação pessoal

Aroldo Alves da Silva, 18 anos, contratado pela TBA Informática,

empresa pública de informática da América Latinaatravés da implantação, em diversas cidades brasileiras, de oficinas de computação pessoal para crianças e adolescentes carentes, selou de maneira irreversível seu compromisso com o social.

anos Sellos 341

Nunca pensei que pudesse um dia trabalhar com informática. Hoje, tenho um emprego que me oferece possibilidades de crescimento. Sei que devo isso à oficina - que me mostrou os primeiros passos, e ao estágio -que me preparou para o mercado. Além do esforço na sala de aula é preciso ficar atento. Uma porta aberta a partir daí pode representar uma grande mudança em nossas vidas. Com muita vontade e determinação é possível chegar lá."

A implantação em diversas cidades brasileiras de oficinas de computação pessoal para crianças e adolescentes carentes selou de maneira irreversível o compromisso do Serpro com o social.

OBrasília-DF.Serpro-maior

Em 1995, da parceria com a Unipaz, terceira universidade do mundo a Serviço da Paz, nascia a Micropaz, que desde então vem proporcionando aos jovens do Combinado acessoAgrourbano,AgrícoladeBrasília,aofascinanteepromissormundodainformática.

O sucesso da experiência resultou na expansão do projeto para3 outras instituições. Os benefícios, no entanto, vão além das salas de aula. Após devidamente preparados, os alunos começam a ter os primeiros contatos com o mercado de trabalho no estágio oferecido pelo Serpro e entidades parceiras. Hoje, o projeto que começou com uma turma de apenas 70 alunos, resultou em seis oficinas distintas e mais de 400 adolescentes qualificados, muitos deles já empregados.

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As Oficinas de Conáritção do Futuro permitem a jovens e adolescentes oh.1undos de famílias de baixa renda o acesso ao munElo da informática. Além de contribuírem para a capácitação e o desenvolvimento profissional, estimulam jovem a ligar o computador e aprender através da si.ta própria curiosidade. O auto-aprendizado é a marca das oficinas apoiadas pela empresa. Nelas, os alunos podem dar asas à imaginação e construir puas próprias soluções.

O curso tem duração de seis meses, cáin uma carga horária de cinco horas semanais e, a exemplo das demais oficinas criadas posteriormente, não obedece a uma metodologia estruturada Os alunos recebem orientações dos instrutores, mas aprendem por seus meios, embalados pela velocidade da própria curiosidade, com acentuado dese_nvolvimento da criatividade._31Num trabalho de genuína multiplicação do conhecimento, monitores sob orientação dos empregados do Serpró já formaram outros e, hoje, a oficina funciona de forma autônoma. Ao final do curso, os alunos fazem estágio no Serpro e muitos são absorvidos' pêlo mercado de trabalho.

A primeira experiência com as oficinas de computação aconteceu em 1995, em Brasília, em parceria com a Universidade Holística Internacional, Unipaz, terceira univeisidade do mundo a Serviço da Paz. O Serpro cedeú os equipamentos e a monitoria inicial e a Unipaz, que oferece um leque de atividades educacionais para crianças, jovens e adolescentes provenientes kie comunidades carentes, se encarregou da seleção"' dos participantes. Nascia a Micropaz, que desde então vem proporci driand o aos jovens do Combinado Agrícola Agrourbano, de Brasília, acésso ao fascinante e promissor mundo da informática. 1

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Essa experiência abriu inúmeras perspectivas. Deu acesso ao tão almejado mercado de trabalho e me transformou num grande motivo de orgulho para meus pais e familiares, que passaram a contar com minha renda para complementar o orçamento da casa. Josué Soares Evangelista, 20 anos, funcionário da TBA, Brasilia-DF.

Ainda em Brasília, o Serpro foi o responsável pela doação de equipamentos para a montagem da oficina de informática do Centro Pedagógico Marina Sul, criado há mais de dois anos, como conseqüência de um esforço conjunto da Fundação do Serviço Social, e da classe média alta residente no bairro Lago Sul, no sentido de reintegrar meninos que perambulavam pelas ruas do bairro. Hoje, com 90% dos meninos de rua da área, na faixa etária de 14 a 18 anos, reintegrados - cerca de 130 jovens -, o Marina Sul passou a recrutar jovens nas comunidades carentes do Paranoá e da Agro Vila São Sebastião. No contexto dessa iniciativa, a Oficina acabou por se desdobrar em duas: operador de micro e manutenção de computadores. Segundo os coordenadores do trabalho, grande parte dos adolescentes é absorvida pelo mercado de trabalho Edilson Joaquim dos Anjos e Fábio Martins da Silva, moradores da Agro Vila São Sebastião ilustram bem o sucesso de tal tendência Esses jovens de 17 anos fizeram a oficina, o estágio no Serpro e trabalham hoje na TBA Informática como menores aprendizes no setor de controle de estoque e na presidência, respectivamente. Trabalhamos numa área que antes não era acessível, temos uma remuneração e dá até para ajudar em casa. A oficina de microinformática mudou as nossas vidas e a das nossas famílias. Edilson Joaquim dos Anjos e Fábio Martins da Silva, Brasília-DF. O auto-aprendizado é a marca das oficinas. Nelas, os alunos podem dar asas à imaginação e construir suas próprias soluções. Hoje, o projeto registra mais de 400 adolescentes qualificados, muitos deles já empregados. 343

Em Recife, Pernambuco, o Centro Brasileiro da Criança e do Adolescente Casa de Passagem é um espaço dedicado a jovens que vivem nas ruas.

Eladjane Souza de Oliveira, 19 anos, ingressou na Casa de Passagem em 1994 para participar de um grupo de teatro. Através da peça "Amor e Informação é mais do que AIDS", diviWava dados sobre a doença em eventos, empresas, escolas e na comunidade em geral. Após concluir, no Centro, um curso de artesanato, foi selecionada para participar da Oficina de Computação Pessoal apoiada Pelo Serpro, fez três meses de estágio na empresa e hoje é atendente em uma sorveteria.

Maria Eliza Mendes da Silva, 18 anos, ingressou na Casa de Passagem, no inicio de 1996, a partir de uma palestra dada por Eladjane em sua comunidade e, posteriormente, se qualificou como AMISAdolescente Multiplicadora de Informações. Assim como sua colega e mentora, Maria Eliza foi aluna do curso de informática e estagiou nas dependências do Serpro. Após o curso foi encaminhada para o Supermercado Bom Preço e aprovada em todos os testes de seleção. Ao ser contratada, Maria Eliza começou como "embaladora 2", passou por diversos setores, e está atualmente na padaria, prestes a receber uma promoção que a transformará em operadora de vendas.

Para apoiar essa iniciativa pioneira, o Serpro doou equipamentos e cedeu a instrutoria inicial para a montagerit-de uma oficina de informática que já atendeu a cerca de 130 meninas, dentre as quais 87 já foram encaminhadas para estágio na administração regional da empresa em Recife, e muitas, como auxílio dos conhecimentos adquiridos, já atuam no mercado de trabalho.

Em apoio ao Centro Brasileiro da Criança e do Adolescente Casa de Passagem, espaço dedicado a jovens que vivem nas ruas, o Serpro doou equipamentos e cedeu a instrutoria inicial para a montagem de uma oficina de informática que já atendeu a cerca de 130 meninas, dentre as quais 87 já foram encaminhadas para estágio na empresa.

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Na sua opinião, a informática enriqueceu o seu currículo, e lhe possibilitou contribuir de forma mais efetiva para a renda familiar. Com dois irmãos menores e a mãe doente, essa jovem pernambucana é quem sustenta a casa. Os conhecimentos adquiridos lhe deram também mais autoconfiança, abrindo-lhe perspectivas de vida até então inéditas. Hoje, Eladjane, que está cursando o primeiro ano do segundo grau, pretende ser analista de sistemas.

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Criado em janeiro de 1989, com o objetivo de sensibilizar o Estado e a sociedade civil para a necessidade de se prestar assistência às adolescentes pobres, a Casa de Passagem, iniciativa de renome nacional e internacional, recebe a "menina-mulher" de baixa renda, sobrevivente das ruas, das favelas e das áreas de prostituiçoçla capital pernambucana.

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Gerada no âmbito do Coep-Paraná, a parceria entre o Serpro, a Caixa Econômica Federal - CEF, a Empresa Brasileira de Correios e TelégrafosECT e a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab lançou, no dia 3 de novembro de 1997, em memória do sociólogo Herbert de Souza e sua luta pelo combate à fome, o projeto de Treinamento em Microinformática para AdolescentesAssistidos.

Com duração de dois anos, o Projeto prevê, até o ano 2000, a capacitação de 2.400 adolescentes, uma média de 600 alunos por semestre letivo.

A informática ajudou muito na hora da contratação. Sou solicitada, com freqüência, para fazer tabelas no Excel e trabalhar com outras configurações.

Maria Eliza Mendes da Silva, 18 anos, Casa de Passagem, Recife-PE.

SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS - SERPRO Endes Santana

O primeiro curso foi apenas o primeiro passo. Estou fazendo curso avançado de informática e meus planos para o futuro incluem vestibular na área e o estudo de línguas. Passar pelo Serpro inc ensinou a ser profissional e abriu um leque enorme de possibilidades. Hoje sou mais segura. Quero continuar crescendo como profissional e cidadã respeitável.

Comecei na CEF como menor aprendiz e hoje sou telefonista. Foi a CEF que me indicou para o curso. Antes, o que eu sabidem matéria de computação era muito básico. Hoje, sou capaz de fazer planilhas e outros trabalhos no Word.

Nos cursos oferecidos, além do treinamento em informática, os alunos participam de dinâmicas de grupo, onde são reforçados aspectos ligados a ecimento,motivação,valores,conhe-relacionamentopostura.

Em Minas Gerais, decorrente do contrato assinado entre a ApaeAssociação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Pedro Leopoldo e o Serpro, começou a funcionar, em março de 1998, urna oficina de computação pessoal It; g iria , meus conhecimentos em informática.

Nos cursos oferecidos, além do ireinamento' em informática, os alunos participani de dinâmicas de grupo, onde são reforçados aspectos ligados a valores, motivação, conhecimento, relacionamerrib e postura.

O curso é um marco importante no meu currículo. Tenho vontade de aprofundar "O curso ajudou a melhorar meu desehiPenho nos Correios, onde sou estagiário. Trabalho na Assessoria Filatélica eestou no segundo ano do segundo grau. Um curso de informática no currículo é algo muito importante. No Serpro aprendi a lidar com funcionalidades do Word e com a Internet e gostaria de expandir meus conhecimentos na área!' Nilson Klichawic, 17 anos, Paraná.

Viviane Teixeira, 18 anos, Paraná. 346

Carlos Serro O objêtivo da iniciativa é transportar os adolescentes das ruas para ambiente saudáveis, proporcionandolhes o aceso ao conhecimento, profissionalização e renda futura. As aulas são ministradas nas instalações do Serpro, em Curitiba. A empresa, além de çeder O espaço físico, disponibiliza os equipamentos, as apostilas, os instrutores e:administra as atividades desenvolviclas para os jovens selecionados, oriundbs do Programa de Assistência a Mentes da CEF, ECT e Conab.

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Para formar essa Galera do Futuro, o Serpro pretende montar uma oficina de microinformática em cada uma das administrações regionais da empresa, todas equipadas com recursos de multimídia, A idéia básica é utilizar o computador como recurso pedagógico e facilitador do processo de aprendizagem. Para tanto, uma equipe multidisciplinar de trabalho composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicopedagogos estão pesquisando as vantagens e resultados da utilização da informática com crianças portadoras de deficiências. Acredito no sucesso da experiência. A criança adora lidar com o computador e aprende brincando. Em casos de paralisia cerebral é a única forma que encontra para se comunicar com o mundo." Andréa Aparecida Pimenta, terapeuta ocupacional da Apae, Minas Gerais.Encorajado pela experiência que acumulou nos seus cinco anos de 'atuação na área, o Serpro, que se orgulha de integrar o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida e o Centro de Tecno347

SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS - SERPRO para atender aos 190 alunos da escola de primeiro grau mantida pela Associação, criada em 9 de agosto de 1971, visando à educação, reabilitação e inserção social de crianças portadoras de deficiências.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA logia, Trabalho e Cidadania, está expandindo cada vez mais sua ação social. O projeto de oficinas de computação social foi ampliado e transformado no Prográma Serpro de Educação para Cidadania e Capacitação em Computação Pessoal ,- também conhecido como Galera do Futuro, que visa a preparar jovens de 13 a 17 anos para o ingresso digno no inercado de trabalho. Com duração de dois anos, o Projeto prevê, f até o ano 2.000, a capacitação de 2.400 adolescentes, uma média de 600 alunos por semestre letivo. Para formár essa Galera do Futuro, o I Serpro pretende montar uma oficina de microinformática em caeiar uma das administrações regionais da empresa, todas equipadas com recursos de multirrddia. Para participar, os r alunos devem, obrigatoriamente, estar freqüentando o ensirm regular. Durante o curso, os participantes ainda receberão bolsa-aprendizado, para a gas'lanha do seu sustento, e contarão com o acompanhamento de monitores nas áreas de cidadania e computação pessoal. A expectativa é de que pelo menos 60% dos adolescentes sejam absorvidos pelo mercado, numa ação Vue será acompanhada de perto pelo Serpro. Pára consolidar tal iniciativa, a empresa está busçando, no Brasil e no exterior, parcerias com outi.cis órgãos do governo e com a iniciativa privadà) O projeto está baseado no entendimento de que apenas capacitar esses jovens não é o suficiente. ,É preciso trabalhar, em conjunto, as noções de auto-estima e cidadania, estimulando o aprendizado. E isso o que pretendemos fazer. Eliane Ulhõa, Assessora Social do Serpro, idealizadora dc:"Galera do Futuro". 348

OTERO RIBEIRO

SÉRGIOEntrevistaDE

Como o senhor vê a experiência do Coep no que se refere à articulação de empresas públicas em torno de projetos e ações em prol das causas sociais? Sérgio de Otero - No momento em que o Governo, inspirado nos propósitos do saudoso Betinho, teve a iniciativa de criar o Comunidade Solidária, ficou ainda mais evidente a responsabilidade de todos os dirigentes de órgãos e empresas estatais em seguir esse exemplo, adotando ações que visem a atenuar as mazelas sociais de nosso país. A inspiração do Coep foi evidenciar para o público em geral que, através da parceria Governo e empresas públicas, pode-se criar soluções, apontar caminhos e mudar o curso dos acontecimentos. O Coep produziu e vem produzindo frutos que estão sendo compartilhados com toda a sociedade. A iniciativa de produzir um livro com o registro das experiências'e resultados deste trabalho vem cumprir o importante propósito de divulgar como as empresas podem, se quiserem, dar a sua contribuição para mudar a feição da politica social em nosso país. Através da mobilização das vontades é possível promover a solução de problemas sociais graves no nosso país, criando outras vias, outros mecanismos, dando muito mais eficácia à aplicação dos recursos públicos.

E a participação do Serpro no Coep? S.O. -O Serpro, desde o inicio do movimento de cidadania, liderado pelo Betinho, vem dando a sua contribuição. Num primeiro momento, através da participação de seus empregados com a criação de comitês regionais nos 10 estados em que o Serpro se situa. Foi um movimento que, independentemente da vontade da direção da empresa, se desdobrou em várias iniciativas, cOmo campanhas de doação de tíquetes-alimentação, ado349

Diretor-Presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro Mobilizar vontades: primeiro passo para mudar A idéia básica do projeto das Oficinas de Computação foi levar literatura e computadores até os jovens carentes sem métodos estruturados, apenas com ajuda de um monitor, de forma que eles possam descobrir por seus próprios meios as soluções para os problemas encontrados durante o aprendizado. E logo nas primeiras experiências, os resultados foram surpreendentes.

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Tudo isto resultou num modelo de trabalho que exige a participação de quem pode prover os meios de conhecimento -da tecnologia da informação, os computadores, a literatura, a monitoria das primeiras turmas. Esse modelo envolve, também, o estabelecimento de parcerias para prover os meios físicos: local, infraestrutura, transporte e a alimentação para os alunos das oficinas. ção de entidades que cuidam de pessoas carentes, dentre outras. Quando da criação do Coep, a empresa respondeu prontamente e vem participando da articulação e organização dos Coeps estaduais. Especialmente em Pernambuco, o Serpro destacou-se na implementação do Coep estadual. Qual a proposta do projeto Oficinas de Construção do Futuro? S.O. -A idéia foi mostrar basicamente que os jovens carentes podem adquirir conhecimento sobre tecnologia da informação tão rápido ou até mais, tão profundamente ou mais, do que os jovens mais aquinhoados de nossa sociedade, que têm os computadores em suas casas e acesso fácil à literatura. A idéia básica do projeto das Oficinas de Computação foi levar literatura e computadores até os jovens carentes sem métodos estruturados, apenas com ajuda de um monitor, de forma que eles possam descobrir por seus próprios meios as soluções para os problemas encon: fiados durante o aprendizado. E logo nas primeiras experiências, os resultados foram surpreendentes. Os adolescentes demonstraram que, com dedicação e interesse, é possível vencer barreiras e sair do isolamento social a que supostamente estariam fadados não fosse a oportunidade que tiveram. Após a oficina, o Serpro recebe esses jovens para um estágio nas dependências da empresa, onde podem vivenciar o dia-a-dia de uma grande organização e aplicar os conhecimentos adquiridos. Após a passagem pelo Serpro, muitos deles conseguem o ingresso no mercado. Para o conhecimento não existe barreira social. Se um jovem de classe rica ou média aprende, um jovem com menos recursos aprende com mais voracidade. A iniciativa cresceu, deu frutos e ganhou parcerias, muids delas dentro do Coep. O que essa experiência pode mudar na vid& dos jovens que participam? S.O. - jovem percebe que pode ocupar uma posição diferente. Ele não tem mas que, obrigatoriamente, ser pedreiro, carpinteiro, garçom, agricultor. Esses jovens ganham a oportunidade de exercer uma atividade dilerenciada? da do seu vizinho que não teve a mesma chance e isso representa um salto em termos de auto-estima. Isso se deve, em grande parte, ao estágio no Serpro, onde as pessoas o tratam de maneira especial, olhando para eles e enxergando o futuro. Tudo isto resultou' num modelo de trabalho que exige ai participação de quem pode prover los meios de conhecimento da tecnologia da informação, os computadores, a literatura, a monitoria das primeifas turmas. Esse modelo envolve, também, o estabelecimento de parcerias para prover os meios físicos: loca, infra-estrutura, transporte e aalimentaição para os alunos das ofici,

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Precisamos investir na disseminação dessas experiências, mostrando à sociedade a viabilidade de trabalhos como esse. É fundamental, ainda, mostrar para outras empresas que é possível, e necessário, contribuir para solução das manalas sociais. É preciso documentar, divulgar estatísticas, resultados, qualificar e distribuir essas informações. Precisamos fomentar a crença no poder desta articulação, na capacidade que temos de sentar para discutir soluções. E, finalmente, o estágio mais complicado: temos de mexer mais profundamente com a consciência de todos os que compõem a empresa - os nossos colegas de trabalho - que muitas vezes à mercê dessa vida agitada, conturbada, e de suas próprias dificuldades e carências, não percebem que existe, ao seu lado, uma parte da sociedade muito mais carente. É indispensável a co-participação dessas pessoas no esforço que seus outros colegas e empresa estão fazendo para minorar os efeitos perversos dos problemas sociais.

sa. Nessa parceria podemos citar as empresas TBA Informática, Microsoft, Cast Informática, Microtec, Labo, Itautec, Padrão X e, mais recentemente, a Positivo Informática, que doou um conjunto de softwares educativos para atender a oficina de informática da Apae - Pedro Leopoldo, em Minas Gerais. E o S.O.futuro?-

SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS - SERPRO nas. Por último, contamos com um conjunto de organizações que acolhem jovem para a fase profissionalizartte, quando buscamos entendimentos com setor público e privado. Essa experiência, se adaptada às particularidades de cada região, pode ser reproduzida em qualquer lugar. Dentro do próprio Serpro existem oficinas funcionando de forma diferenciada, como é o caso de Curitiba, onde são ministradas aulas de Microinformática dentro da própria empresa. Outro exemplo é o da Casa de Passagem, em Recife. O principal para levar o projeto adiante, em qualquer parte do pais, é acreditar nesses jovens e dar-lhes acesso ao conhecimento. O resto acontece. Como empresa pública, o Serpro tem algumas limitações do ponto de vista orçamentário. Tem sido um dificultador no desenvolvimento do Projeto? S.O. - O Serpro não dispõe de nenhuma rubrica específica para gastos com projetos sociais, o que, a princípio, seria um grande dificultador. A salda que encontramos foi articular com o setor privado, buscar parcerias dentre os nossos fornecedores. E as respostas têm sido positivas. O Serpro dispõe do projeto, do know-how, e dos recursos humanos e técnicos. Os fornecedores doam os equipamentos, os softwares e garantem vagas para a contratação dos jovens que se sobressaírem durante o estágio realizado na empre-

Precisamos investir na disseminação dessas experiências, mostrando à sociedade a viabilidade de trabalhos como esse.

Precisamos fomentar a crença no poder dessa articulação, na capacidade que temos de sentar para discutir soluções. 351

DE DESENVOLVIMENTO o SUDENESUPERINTENDÊNCIANORDESTE

Subtrair o drama humano - falta de alimentos e de água - dos cenários imortalizados por Graciliano Ramos ou Euclides da Cunha não é tarefa simples. Ao contrário, trata-se de um enorme desafio. O semi-árido nordestino compreende uma área de 831 mil km', ou seja, 70% da área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - Sudene, que é de 1,2 milhão de km2, com uma população de 47,5 milhões de habitantes que residem nos nove estados nordestinos e mais o Vale do Jequitinhonha e norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Cerca de 57% dos habitantes sofrem com o forte período de estiagem em 1.374 municípios. É para essa população que a Sudene dirige o Programa Federal de Combate aos Efeitos da Seca, trabalhando em parceria com a sociedade civil, atendendo toda a população atingida pela estiagem e - aí sim está o seu maior desafio - impedindo a chamada "indústria da seca", ao inaugurar um novo conceito de atendimento emergencial na Região: a preocupação de capacitar o homem a conviver com a seca.

Para viabilizar essas metas, o programa foi estruturado com a garantia da participação da sociedade, através de uma Comissão Gestora Nacional e de Comissões Estaduais e Municipais. As duas últimas, compostas paritariamente por representantes governamentais e da sociedade civil, gerenciam a distribuição de benefícios e permitem a 'autofiscalização' do processo. A cargo da Comissão Gestora, presidida pela Sudene, fica o estabelecimento das normas executivas do programa e a aprovação dos planos de trabalho dos estados. As Comissões Estaduais definem que municípios têm prioridade, com a homologação de estado de emergência ou calamidade, e, também, aprovam os planos de trabalho das Comissões Municipais, responsáveis diretas pela execução do programa.

Cerca de 57% dos habitantes do nordestinosemi-áridosofremcom o forte período de estiagem em 1.374 municípios. É para esta população que a Sudene dirige o Programa Federal de Combate aos Efeitos da Seca, trabalhando em parceria com a sociedade civil, atendendo a toda a população atingida pela estiagem. 355

O maior

Com representantes da prefeitura, sindiCatos, igrejas, ONG's e da Câmara de Vereadores, as Comissões Municipais selecionam e alistam as famílias carentes; definem obras das frentes de trabalho; realizam o pagamento dos respectivos trabalhadores; entregam cestas de alimentos e prestam contas dos recursos utilizados. Foi a fórmula encontrada para fazer Icom que os próprios moradores das cidades mu da zona rural se sentissem responsáveis por suas condições de vida.4partir da participação ativa dos representantes e da prefeitura, é possível determinar o grau de andamento das ações em cada município. As ações do Programa foram divididas:em cinco frentes: Alimentos, Renda, Água, Educação e Saúde. Para caba área, várias ações foram definidas com a respectiva verba para sua execução, num total de R$ 1,3 bilhão, assim distribuídos: R$ 600 milhões para as frentes produtivas; R$ 450 milhões para crédito especial a prodntbres do semi-árido; R$ 153 milhões para cestas de alimentos; R$ 71' milhões para perfuração e recuperação de poços; e R$ 6,4 milhões para água nas escolas.

Considerando que cada benefício poá atender a uma família que tem, em média, cinco pessoas, a soma cloS benefícios permite alcançar 21,5 milhões de pessoas, numa área cuja população total é de 24,7 milhões. Além dos benefícios do Programa, mais meio milhão de famílias recebem salário de aposentadoria. Nas ações de alfabetização e capacitação estão sendo beneficiadas diretamente 369.485 pessoas, dentre 1,2 milhão de cadastrados nas frentes -II157 mil em projetos conjuntos da Sudene com o Programa Alfabetização Solidária e 212.485 em parceria com os governos dos estados, além de• mais de 50 mil pessoas que serão beneficiaelas em convênio com o Sebrae e Senar. Trata-se do maior programa de 'alfabetização já realizado no 356

Já foram liberados R$ 450 milhões, atiavés do Banco do Nordeste, para crédito especial aos produtores agrícolas da área afetada - beneficiandoficiandomais de 100 mil famílias; estão sendo distribuídas mensalmente II 'cerca de três milhões de cestas de alimentos em 1.374 municípios do semiárido, incluídos no Mapa da Indigência, elaborado pelo lbase; estão sendo perfurados, recuperados ou dessalinizadoS mais de 6.000 poços em toda a região e foram criadas 1,2 milhão de vagas fias frentes de trabalho, com remuneração de R$ 80,00 na maioria dos 'estados (R$ 65,00 do governo federal, acrescidos de R$ 15,00 de contrapeticla dos governos estaduais), chegando a R$ 90,00 no Ceará, que paga Rt 25,00 de contrapartida.

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"indústriaopreocupadadesafio:emcapacitarhomemaconvivercomaseca,aSudenequerimpedirachamadadaseca",inaugurandoumnovoconceitodeatendimentoemergencialnaRegião.

Brasil, confirmando o compromisso da Sudene e do Comunidade Solidária de transformar o programa emergencial desta seca em oportunidade de melhoria permanente, agregando conhecimento.

Entendendo que não há saída definitiva para o semiárido que não passe pela educação e capacitação, a Sudene vem destacando a parceria com o programa Comunidade Solidária, que reúne inúmeras experiências bem-sucedidas. Também priorizando a educação, a Sudene firmou protocolo de intenção que resultará em convênio com o MEC e Banco Mundial, no valor de R$ 6,4 milhões, para o Projeto Água nas Ncolas. O objetivo é possibilitar o abastecimento d'água em 6.000 escolas do semi-árido nordestino, utilizando a mão-de-obra das frentes de trabalho. Um novo paradigma Considerando que cada beneficio pode atender a uma família que tem, em média, cinco pessoas, a soma dos benefícios permite alcançar 21,5 milhões de pessoas, numa área cuja população total é de 24,7 milhões. Além dos benefícios do Programa, mais meio milhão de famílias recebem salário de aposentadoria. 357

Com a preocupação de evitar ouso político eleitoral no atendimento às comunidades e de combater a "indústria da seca", o exército tem sido importante parceiro. Pela primeira vez na história, participa de ações desse tipo. Através de convênio específico, a Sudene está repassando R$ 10 milhões ao comando militar do Nordeste para reforçar o abastecimento d'água através de carros-pipa. Além disso, o exército faz o acompanhamento das obras do Projeto Água nas Escolas. Um outro instrumento utilizado pelo Programa que evita o uso político eleitoral no atendimento às comunidades é o Sistema Asa Branca, que fiscaliza e atualiza informaçõe, sobre a execução do Programa, em cada município. Com a participação de agentes e veículos do Banco do Nordeste, ligados via satélite com o Ministéfio do Planejamento, o Asa Branca envia diariamente dados sobre a situação de cada lugar visitado, alertando sobre os problemas detectados.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Com a preocupação de evitar o uso político eleitoral no atendimento às comunidades e de combatera "indústria da seca", o exército tem sido importante parceiro. Pela primeira vez na história, participa de ações desse tipo. Porém, se por um lado essa estiutura perde agilidade, por outro ganha em rigor. Desvios, manipulações e fraudes só com a conivência dos participantes dg comissões. Além disso, imprimindo o máximo rigor ao processo, o Ministério Público apura todas as denúncias recebidas pe a Sudene desde o início do programa, corrigindo as irregularidades. A Sudene já encaminhou aos Ministérios Públicos da Região mais de 70 denúncias I Ipara apuração isenta, independentemente do partido político: dos prefeitos ou demais envolvidbs. Por isso mesmo, a Sudene ±tomou como medida de prevenção às manipulações eleitoreiras, Ia suspensão da distribuição de cestas de alimentos durante o período eleitoral. A medida contou com o apoio da sociedade civil, através das ONG's e dos Comitês de Ação de Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida, que agiram de forma semelhafite em suas ações.

Nesse contexto de rigor e transparência, destaca-se a necessidade de fazer fluir informações claras sobre os critef os e funcionamento do programa, visando a assegurar a participação consistente das comissões e garantir ao cidadão o conhecimento míninio dos seus direitos. A falta de informação e conhecimento consiste no ¡maior entrave para a transformação da realidade do semi-árido nordestino. Sem conhecimento não haverá saída definitiva para a Região. 1 Para atacar esse problema, foi criada urna Secretaria de Comunicação do Programa, com diversos instrumentos: Citntral de atendimento -Disque Seca - 0800 81 2666; teleconferências interativas via Embratel e TV Escola (cinco já foram realizadas, com mais de rhil perguntas de centenas de municípios respondidas no ar e pelo Disque Seca); manual das comissões municipais; jornal mensal;homepagee um árriplo serviço de atendimento à imprensa e ao público em geral. Enfim, as ações executadas de fornia integrada, participativa e transparente sugerem um novo referencial de trabalho do Estado no semi-árido. Considerando a estrutura participativa e auto-reguladora, através das comissões; a central de atendiryiênto para esclarecimentos e recebimento de denúncias, o sistema de fiscalização Asa Branca, e a participação do exército, vale ressaltar que o Programa Federal de Combate aos Efeitos da Seca representa um passo concreto no sentido de acabar definitivamente com a indústria da seca. 1 358

Sudene Programas econômicos com repercussão social O planejamento moderno centra-se na geração e difusão de tecnologias capazes de acompanhar as transformações das estruturas sociais. O seu êxito estará diretamente relacionado com a capacidade de deverãomobilizaçãoarticulação,enegociação,instrumentosqueserutilizadosintensamenteporinstituiçõesdeplaneja-mentocomoaSudene.

SuperintendenteSÉRGIOEntrevistaMOREIRAda

Corno a Sudene entende os princípios debatidos pelo Coep? Sérgio Moreira - O Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, estimulado pelo sociólogo Betinho, procura criar condições para que as instituições que executam programas do governo, complementem os seus investimentos através do desenvolvimento de ações no campo social, visando a contribuir para a cidadania, sem dúvida, o principal objetivo de um desenvolvimento com justiça social. O grande mérito do Comitê foi induzir os dirigentes das entidades públicas no sentido de integrar as comunidades em situação de miséria e pobreza às ações e aos objetivos das próprias entidades, fazendo com que os programas de natureza puramente econômica tivessem maior repercussão social. Os dirigentes se aperceberam das comunidades empobrecidas que circundam os programas e projetos e agregaram progressivamente as comunidades nos benefícios da ação de cada instituição.

Por sua vez, a Sudene realizou uma análise da sua programação, principalmente a social-regional, procurando identificar mecanismos para que sua atuação estivesse em consonância com a filosofia e as diretrizes do Coep. Como órgão regional, o que a Sudene fez no sentido de disseminar os objetivos do Coep e quais os programas desenvolvidos de acordo com as diretrizes do Coep? S.M. - De acordo com a filosofia do Coep, a Sudene estimulou a criação de Coep's estaduais e participou de comitês de ação de cidadania. E, dentro das linhas de ações que desenvolve em consonância com a filosofia do Coep, podemos citar o Programa de Geração de Emprego e Renda - Pronager-NE; Trabalho Educativo de Apoio ao Adolescente; Programa de Fortalecimento da Infra-estrutura Hídrica do Nordeste - Prohidro; Casas Familiares Rurais; Capacitação de 359

GOEP - BAHIA Trabalhando parcerias

Reunidas em prol do desenvolvimento de projetos que reavaliem a atuação das empresas públicas no combate à 5:1 fome e à miséria, as instituições incentivam a participação dos empregados como cidadãos e o apoio à criação de outros comitês.

r.e, CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Campanha Natal sem Fome — Toda as entidades Fórum Ação pela Criança e o Adolescente — Todas as entidades

Tendo à frente Samuel Rocha, da Caixa Econômica Federal, comoIPresidente do Conselho Deliberativo, coordenam o Coep-BA: a Secretária Executiva, Tânia Mélo, da Caixa Econôm1ica Federal; a Secretária Executiva Adjunta, Célia Betânia Cunha, da Dataprev, e a Secretária Ana Maria Carvalho, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. ntegram.o4;

Instalação da Rede de Emergência e Solidariedade ao NordesteTodas as InstalaçãoentidadesdaSala de Situação — SOS Seca — Todas as entidades Na área de Gera çõo de Trabalho e Renda Programa Menor Aprendiz - CEF, Chesf e ECT Programa de Incentivo à Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares - CEF Programa de Incentivo à contratação de Portadores de Deficiência Especial - CEF e ECT Programa de Incentivo à Contrataição de Apenados - ECT

•eep:BancodolOrasilt r „13-ancotclo,,Nordeste:.;,,GaikasEsonontIca Federa.tiop...-tn4(0%,",wi ,,,,,,~4~x~spm~ffixestvif...moo.~~0 n C S, epl' a n c % ad 9 ev W asf4 t § G 34 O 1~ rreto w s : ,?a 2V d •:' s fi a s t Gon 's a t b r4 , D " a g t o a s prat e iyY b c n n..i-rt tn e e S t e it Delegar ciaTederaltdeentroleaEbasREbrap ÃBGE0Inerar INSSIVtins,a~ ertolFiíblicordoZrabalhal.fpAB,tRetrobra_stfrSetpróTélabahrarettIPB-mtell:Mr3war vace,"~-hraWt.~ or-witainwo:aeS.,0.4ntpaz7,Unes,AUFBA, n ,:SecretarzasWeGoverhotdetEstado:álushetlittret-. Wc;N?,-neetaïnWtkeint,,,.nen os,"nnanostyPlaneiantenton;:riSaude;kTraltalWternS-tw~keati4~M-a0tt4.w4abe~k-twts' It;t o a .te,>l"<mlnA m ça -atoe;San octra nmla ;yA!dnW t W niE 4traçao,OgrieulturyleulturaeTurtsno,,Saneamento»Hábitaçao,,Retur--` , soOkidricos . Energla;HIndhStrtakaeonercio %RphczadVilitarn .I366

COEP CEARÁ 4rtátaitAttLI2,7'e'AlAfG120$) e. is Trabalho, mercado...

O dom de querer mais

As ações realizadas pelas parceiras, associadas ao Coep-CE, foram de grande relevância para o desenvolvimento das condições de emprego no estado. Todos os projetos iniciados foram executados integralmente, gerando expectativa excelente para o biênio 98/99.

O primeiro projeto, composto por três grupos de trabalho, realizou ações de Educação; Profissionalização e Qualificação de Mão-de-Obra; Geração de Trabalho e Renda; Saúde e Resgate da Cidadania. Da alfabetização à profissionalização, do peixamento de açudes comunitários à distribuição de alimentos, do resgate de crianças na rua à instalação de unidades produtivas, para criação de empregos diretos e indiretos, colaboraram todas as Associadas. A população atendida, nas diversas áreas de atuação, superou o número de 25 mil famílias.

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Hoje, as linhas de crédito, acessíveis às pessoas que necessitam de apoio para desenvolver empreendimentosseus e atividades de sobrevivência, já atenderam a 858 solicitações de empréstimos, que variam de RS 3.000,00 a R$ 5.000,00.

O Ceará logo percebeu que não bastava integrar o Coep Nacional. Era necessário fazer e querer mais. Resultado: em dezembro de 1996, 35 entidades assinaram o Protocolo e o Termo de Adesão à criação do Coep-CE.

Os beneficiários participam ativamente em todas as etapas, inclusive na aprovação dos financiamentos, através do CAP, integrado pela Profitec, Banco do Brasil, ITD e Entidade Comunitária. É o momento em que dizem como vão desenvolver seus projetos, esclarecendo pontos relativos ao empreendimento que desejam executar.

COEP - CEARA

373

No período de março de 1997 a março de 1998 o Banco do Brasil aplicou R$ 1.943.261,83, enquanto a Profitec montou unia estrutura de pessoal, em cada uma das seis regionais de Fortaleza, composta por cinco técnicos, cinco bolsistas de nível superior, um agente administrativo e um motorista. No final de 1997, a Profitec comemorou com sucesso absoluto a realização da primeira Feira do Pequeno Empreendedor, reunindo 150 beneficiários com o Programa de Crédito Orientado. A feira, que durou seis dias, superando a expectativa inicial de mera exposição de produtos e serviços, obteve um bom índice de vendas. Um Convênio de Cooperação Mútua, assinado em março de 1998, selou o apoio, mediante abertura de crédito fixo, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador -FAT, às pessoas físicas atuantes no setor informal da economia, objetivando sua integração no setor produtivo formal. Em contínuo aperfeiçoamento, o ciclo do programa é constante, sempre com novas contratações e projetos em carteira para avaliação. A expectativa para o biênio 98/99 é atingir - no mínimo - o mesmo número de beneficiários atendidos durante o primeiro ano do convênio. A experiência desenvolvida em Fortaleza está sendo "exportada" para outros Estados. Diversas autoridades de localidades vizinhas têm visitado os empreendimentos, reconhecendo a importância da proposta e demonstrando real interesse de que a idéia seja implantada por outros agentes financeiros.

O Banco do Brasil também tem levado para diversas regiões do País a. expeiiência/parceria com a Profitec como objetivo de gerar novos empregos e viabilizar a ampliação das aplicações no setor informal da economia. Os beneficiários selecionados estão isentas de quaisquer restrições de caráter bancário.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA fim convênio com a Universidade Federal do Ceará, associada do Coep, fornece estagiários de CiênciasAdministração,Econômicas e Contábeis para auxiliar na orientação aos novos pequenos empreendedores, que insistem: o capital de giro é a maior necessidade para a concretização de muitos sonhos.

Com o objetivo de aumentar a condiição de empregabilidade da força de trabalho e estimular a capacidade jmpreendedora, o programa de qualificação profissional, em 1997, qualificou e requalificou 8.826 treinandos, nas seis regiões administrativls de Fortaleza. Do total de pessoas qualificadas, 65% são mulheres. O índice observado, mais uma vez, comprova a rapidez com que as mulheres se inserem no mercado de trabalho e a necessidade de qualificação, condição indispensável para o enfrentamento de um mercado competitivo e preconceituoso em relação à inserção da força de trabalho feminina numa economia globalizada.

Os recursos dos programas de Capacitação Gerencial; Qualificação Profissional; Comercialização; Associativismo e Cooperativismo e o de Crédito Orientado, são oriundos do FAT, através das linhas de crédito do Banco do Brasil e do Sine, realizados em parceria com entidades associadas ao Coep.

374

Com, praticamente, a mesma idade do Coep-CE, a Profitec vem, a cada dia, se firrhando dentro da nova visão do papel do município na definição das políticas de emprego. Em um primeiro momento reuniu, em um grande seminário, as associações comunitárias, as organizações nãogovernamentais e instituições técnicas e financeiras, para a elaboração, em conjunto, de um planejamento estratégico para suas ações. O encontro resultou na criação de cinco programas que influenciam, de forma decisiva, a vida de pessoas das camadas menos favorecidas da sociedade.

ROBERTODepoimentosMEIRA DE ALMEIDA BARRETO Presidente do Conselho Deliberativo do Coep - CE Superintendente Estadual do Banco do Brasil - Ceará Pacto de parceria por uma causa nobre Valores e fórmulasSomarmultiplicamagregadosparticipaçõesaumidealseacadadia.esforços,contabi-lizbrresultadossatisfa-tóriosparadividi-losemanteravinkulaçãocomasentidadesenvolvidasnotrabalhoderesgatareatenderascomunidadessãoalgumasdasqueoComitêencontrouparaatenderaosmenosfavorecidos.

Entre 'essas ações destacamos o combate ao desemprego, ao anal375

No Ceará, o Banco do Brasil trabalha à frente do Coep, com um Comitê direcionado ao fortalecimento das ações em todos os municípios do Estado. Essas ações são pactuadas em parcerias com as associadas, outras entidades financeiras, empresas privadas e voluntários. O comprometimento conjunto, as diretrizes traçadas são analisadas, colocadas em prática e acompanhadas por todo o corpo funcional do Banco, que imbuído do espírito de solidariedade e cidadania, implementa continuamente ações emergenciais, quando necessárias, além das educacionais e estruturais, com a finalidade de estabelecer qualidade de vida mais promissora para o futuro dos carentes atendidos. O Coep é um exercício de parceria e cidadania realizado entre as entidades associadas, seus funcionários e a comunidade civil e pública. É, ainda, um exercício de conhecimento da realidade das diversas camadas sociais.

RAQUEL XIMENES MARQUES Presidente da Profitec Amenizando as disparidades sociais Compreendemos que o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep, em seus anos de existência, tem contribuído através de suas entidades associadas, e de suas ações conjuntas, para conscientizar e sensibilizar a população cearense no combate à fome e à miséria.

O Coep imprimiu, como conseqüência de suas ações, a conscientização da solidariedade por uma causa nobre: o combate à fome. Valores e participações agregados a um ideal se multiplicam a cada dia. Somar esforços, contabilizar resultados satisfatórios para dividi-los e manter a vinculação com as entidades envolvidas no trabalho de resgatar e atender às comunidades são algumas das fórmulas que o Comitê encontrou para atender aos menos favorecidos.

São atividades que convergem em uma corrente de solidariedade humana e de integração visando soluções de problemas inerentes ao Estado.

DAMF - Delegacia de Administração do Ministério da Fazenda Petrabras - Petróleo Brasileiro S.A.

Serpro - Serviço Federal de Processamento de Dados Sinece - Serviço Nacional de Emprego (Hoje ITD - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho) Uece - Universidade Estadual do Ceará UFC - Universidade Federal do Ceará Núcleo Estadual de Ação da Cidadania dos Funcionários do Banco do Brasil - Comitê Fortaleza 376

Prufitec - Fundação Municipal de Profissionalização, Geração de Emprego e Renda e Difiisão Tecnológica SAS - Secretaria de Ação Social SDR - Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ceará Seduc - Secretaria de Educação do Estado do Ceará

FNS - Fundação Nacional de Saúde FAS - Fundação Ação Social Funci - Fundação da Criança da Cidade lbama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

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fabetismo e à exclusão sodal. São ati- busca:clo soluções concretas, convidades que convergem em uma cor- tribuindo, dessa forma, individualrente de solidariedade humana e de mente e em conjunto, através dos integração visando a soluções de pro- programas desenvolvidos por cada blemas inerentes ao nosso Estado. uma de as, para amenizar as dispaRessaltamos que o conjunto das ridades sociais das classes menos entidades que compõem o Coep tem favorec•das. Integram o Coep - CE Banco do Brasil Bacen - Banco Central do Brasil BEC - Banco do Estado do Ceará S.A. BNB - Banco do Nordeste CEF - Caixa Etcpnômica Federal Conab - Companhia Nacional de Abastecimento Datpprev - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social DpivmA - Delegacia Federal de Agricultura Derrice - Delegacia do Ministério de Educação DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra a Seca ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos Ema terce - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

finem - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

COEP — GOIÁS Santa colheita em terras devolutas 1 ris •••••-•• sul* .....›.• .--,c- t._ , A s, ,„oh'? - . sof" - .rtj.:Cre,- I ‘ . twe,S.:"‘•e\t".1 ,l blM; • .N , ' ".\• k 1 . • ), t 1 Ie. '1i t 1.i . 11;°‘ • ..\ ii S.,;‘ • . ' 7 d i •Ciai/ . • • "';%ttk..: .4.1i, h:: • • ".. •,..• C",e • : '‘ I1 .• :• 1 Y; .. . 11 ..., , , , 4 is r: 11•S A1' . '4: • iA ,„...,.• s.»I.- .4 •• . 1 ., 1 i i :7 '•:‘ 4 I : t As; , ::*-..?•.* ., . -* .. . , ,t. ..*:.•-4.)." .A.e ; - ,1 _, . ... .. ..,.....j , '. - I I js • . lik' . ' ,4•,.."'..‘, , i i.,s ...\,,,.. V: .e' st-4 ,, • .,,t, ._ . ..‘41 '1 •, .., - v .... " . • •,.4 - -- 1.‘1/4 ..... .1N4 • .r•ii. ,..,..,,4,•.,,,,,. , a.--•••• .: ,• . . „3. .. , 14 .. fr •• 1e ti 4--• , :.... . V 11/- "' r • • • lb ' yr ri .., •••::.-4 ( 1 4i )•./ fr 1' i:.#14 "I‘s. , :ri' .... ...•' : iie t •• • il• 4 ••• .. • , , • • e li. • Ah . 1•' '' I. ''' es • • é: ... ''' r:.S" A • • Á.. .." .;... ‘,„ r c. oji..., 41..}• I' a. •• h • • ..• • • _%a 01•••a- 4^ er•—•... is 4, au, ..1$ 4:‘11:c;;;••••?1•:-• ar • • 0 i • , • . , e „s•C" 19,l .... lia . .., ri..z.... itCli 14 '•• là g• - e• 4N I ) .I.St,:„14•-• • ..4.„,. . r • :. — • • • •. _ -sist...*,•( ..."' .,- ---", • ''' -: - .-..• 1" /Oh',I , 4 • r• ••• . • . • .. •i 4 o , • ., . 1. .• il :1 I 1. e. 1%1 i o. a •• 4.; /i .4 „ 4 . 3 ; 4 , =fp,. INth:‘1: % - tillÉ4,:ii : i Th de;17 h 44. 4C->h; a- . -• _ -. ,..,• •-,.. ,.• ", .•e, lisf e #1 I. e 1 t•'4 o - 1,I t i ; Or a •t,rt,.121Er...- là n.o a..-e .• •7. %_ ‘#‘ - • • a:e& ...•••••• •••Ç It:.{ Nine ' -'••••:.1,4.,#•• i-z:•‘ 'I C.- et. 4"..;.' 4,1g, . y _ • • -o,

A Ação da Cidadania, hoje, conta com exemplos extremamente fecundos de iniciativas de cidadãos, funcionários, técnicos, dirigentes sindicais, presidentes de empresas e ministros de governo, entre tantos outros que se jogam nessa luta.

F

orgánizada,

Atrnés do plantio de arroz efeijão pelos trabalhadores intimamente ligados à produção, com o apoio da Embrapa, Getúlio Brunes assumiu o compromisso de contribuir concretamente com o Movimento.

Geraldo Gonzaga, proprietário da fazenda Princesa Rio de Peixe, em Nova Crixás - GO, a 400 km de Goiânia.

Há um ditado popular que diz: quando um homem justo sonha, Deus realiza o seu sonho. Foi exatamente assim que aconteceu com o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, com o seu sonho de mobilizar a sociedade principalmente os setores público e privado, em tomo da Campanha da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

Há um ditado popular que diz: quando um homem justo sonha, Deus realiza o seu sonho. Foi exatamente assim que aconteceu com o Betinho, com o seu sonho de mobilizar a sociedade Cidadania.tornopúblicoprincipalmenteorganizada,ossetoreseprivado,emdaAçãoda

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iquei sabendo do projeto quando Betinho veio entregar o arroz às famílias carentes em Goiânia. Muito emocionado, pensei: com tanta terra na minha propriedade bem que eu poderia ajudar na campanha do Betinho. No outro dia fui até a Embrapa e ofereci parte das minhas terras para serem utilizadas pela campanha e não estou arrependido do que fiz. Tem muito fazendeiro que, se em cada município brasileiro fizesse uma lavoura e destinasse à campanha, não haveria mais fome em nosso país.

A concretização desse sonho teve inicio, em 1993, numa tarde de domingo, quando um grupo de crianças que fazia pedágio para a Campanha contra aFome e a Miséria, numa estrada no interior de Goiás, despertou no presidente do Sindicato dos Empregados da Embrapa Arroz é Feijão, de Goiânia, Getúlio FerreiraBrunes, o interesse pelo Projeto Grãos: Alimento e Solidariedade.

A concretização desse sonho ocorre quando é criado, em Goiânia, o primeiro Comitê da Ação da Cidadania a produzir em terras públicas alimentos para a campanha, com a participação dos empregados do Banco do Brasil que doaram sementes e adubos; da Embrapa Arroz e Feijão que cedeu as terras, máquinas e implementos agrícolas, sob a orientação acompanhamentoedopróprioBetinho.

Mais de 32 milhões de brasileiros vivem hoje mi miséria total e nós, como seus concidadãos, não podemos ficar de braços cruzados assistindo a essa triste realidade sem fazer nada. () apoio ao Programa da Ação da Cidadania liderado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, é para mis a certeza de que a sociedade unida pode reverter o terrível pesadelo por que ?lassa grande parte do nosso povo.

Queria ver de perto o arroz plantado m solidariedade que não temE como destino o mercado, e sim pessoas. Esse arroz já nasceu com destinoIicerto. Ele é santo e deveria estar nos altarE1es das igrejas. A importância do Projeto Grãos não está apenas no atendimento imediato daqueles que se beneficiarão com a primeira colheita,' tuas em seu exemplo. Se esse projeto for adotado em iodas as terras públicas, já não falaremos de algumas toneladas, mas de milhares de itoneladas. A partir dessa idéia,Ia campanha contra a fome e a miséria joga sua luz sobre a infinidade de terras improdutivas que estão em pode das estatais.

No mesmo ano a idéia toma corpo e é criado, em Goiânia, o primeiro Comitê da Ação da Cidadania do País a prod izir em terras públicas alimentos para a campanha, coma participação dos einpregados do Banco do Brasil que doaram sementes e adubos; da Embrapar Arroz e Feijão, que cedeu as teiras, máquinas e implementos agrícolas, soba Orientação e acompanhamento do próprio Betinho. Até então, todos os alimentos eram arrecadados.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Getúlio Brunes, coordenador do Projeto Grãos.

A partir dai a luta de Betinho passa a deixar mais evidente a necessidade de se aproveitar não só o material humano de setor público, mas, principalmente, ]as terras ociosas e devolutas que muitas empresas públicas dispõem.

O plantio foi realizado em uma área de 32 hectares, distribuídos em 20 hectares de arroz e 12 hectares de feijão Alguns meses depois, foram colhidas 42 toneladas de grãos produzidas em terras ociosas da Embrapa, utilizando novas tecnologias de arroz e feijão, que após serem beneficiadas, foram destinadas a 64 entidades filantrópicas do estado de Goiás, previamente cadastradas pelos Comitês, perfazendo um total de 600 famílias beneficiadas, matando assim a fomede centenas de pessoas.

Betinho esteve em Goiânia para conhIe'cer o Projeto Grãos e iniciar a colheita simbólica. Gostou tanto do que viu que se entusiasmou com1 a idéia de estender a iniciativa a outros estados brasileiros.

1

Betinho. 380

Em junho de 1994, a sociedade apóia o projeto e novos segmentos se engajam na luta contra a fome. O fazendeiro Geraldo Gonzaga fica sabendo, pela televisão, do Projeto Grãos e doa, por um período de três anos, em regime de comodato, sem custo nenhum, 600 hectares para plantio no município de Nova Crixás, no interior de Goiás.

Foram utilizados 350 hectares de suas terras para o plantio de arroz, e em maio de 1995, tem início a colheita de mais uma etapa do projeto. Desta vez, na fazenda de Geraldo Gonzaga, foram colhidas 200 toneladas de grãos, transformadas em 40 mil sacos de 5 kg de arroz, com sua distribuição se destinando a 104 entidades carentes do estado de QuarentaGoiás.toneladas

foram repassadas à Secretaria Especial da Solidariedade Humana do Estado de Goiás para incluí-las nas cestas básicas repartidas entre famílias de baixa renda, se estendendo ao Distrito Federal e à Campanha Natal sem Fome, no estado do Rio de Janeiro.

A safra obtida em Nova Crixás entusiasmou Herbert de Souza, que quis visitar a plantação durante a colheita, como havia feito no ano anterior. Mas a fragilidade de sua saúde o impediu de fazer a viagem, dificultada pela distância e pela inexistência de vôo comercial para a Valeregião.registrar que, a partir desse momento, todo o adubo e sementes usados, parte do custeio de manutenção da lavoura de Nova Crixás e as futuras lavouras do projeto passaram a ser custeadas pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, através da Secretaria Nacional de Assistência Social.

O apoio do Ministro Reinhold Stephanes, da Secretária Lúcia Vânia, e do Ministério da Agricultura e do Abastecimento através de seu Secretário de Desenvolvimento Rural, Murilo Xavier Flores; do Presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal; do Chefe da Embrapa Arroz e Feijão, Homero Aidar, e seu corpo funcional, além de outros setores da sociedade, tem sido de fundamental importância para a sobrevivência do projeto. Em janeiro de 1996, além de órgãos públicos federais, estaduais, municipais, empresários do setor rural, empresas do setor privado e da própria imprensa nacional, que vem divulgando a campanha, é chegada a hora do setor artístico demonstrar a sua solidariedade. Até então, todos os alimentos arrecadados.eramO primeiro plantio foi realizado em uma área de 32 hectares, distribuídos em 20 hectares de arroz e 12 hectares de feijão. Alguns meses depois, foram colhidas 42 toneladas de grãos produzidas em terras ociosas da Embrapa, .381

COEP - GOIÁS

A importância do Projeto Grãos não está apenas no atendimento imediato daqueles que se beneficiarão com a primeira colheita, mas em seu exemplo. Se esse projeto for adotado em todas as terras públicas, já não falaremos de algumas toneladas, mas de milhares de toneladas. A partir dessa idéia a campanha contra a fome e a miséria joga sua luz sobre a infinidade de terras improdutivas que estão em poder das Retinhaestatais.

Quem sabe não estaremos inspirando outrepessoas afazerem o mesmo? Glória Pires, atriz.

A colaboração da atriz Glória Pires juntiatente com a do fazendeiro Geraldo Gonzaga somaram uma área de 400 hectares - 150 da atriz e 11250 do fazendeiro -, que produziram umIa colheita de 300 toneladas ,de arroz, já beneficiadas e empacotadas, distribuidas a 159 entidades: beneficentes cadastradas em Goiás, perfaiendo um total de 3.000 famílias, e expandindo-se para o Distrito Fed.eral e Mato Grosso. .

Em 1998, o Projeto Grãos ganha duas par cenas de peso: a Prefeitura de Goiânia e o Comitê Regional da Ação da Cidadania dos Empregados ;da Caixa Econômica Federal, que através da Coordenadora Regional, Patrícia Wemeck, se dispôs a trabalhar ern conjunto, em uma área de 200 hectares de arroz que deverão ser pl1a,ntados no município de ! Goiânia. A expectativa dos coordenadores é que mais de 500.000 quilos de arroz serão colhidos, devendo beneficia?) durante um ano, mais de 4.000 famílias em todo o estado de Goiás.

A atriz Glória Pires, da Rede Globo de Televisão, sensibilizada com o projeto, resolve, juntamente com seu mando, o músico Orlando Moraes, e seu cunhado João Navega, ceder 150 hectará da fazenda da família em Goiânia, próximo a Embrapa Arroz e Feijão; Para o plantio de arroz.

Infelizmente as coisas só acontecem no Brasil, quando há mídia no meio.

'O exemplo dos trabalhadores da Enzbrapa de Goiânia está sendo contado em todo o País, e estou seguro de que, através do Comitê Nacional, nós vamos levar essa experiência, essa energia, esse sopro, para todos os outros setores da sociedade. Vamos fazer com que orsetor público ajude a acabar com a fome e a miséria no Brasil. Herbert de Souza, o Betinho. Integram o Coe p-GO ' Acieg, AGU, Amed-Go, Asban, Banco do Brasil, Beg, Caixa, Celg, Data' prev,Demec,Demme,DFA/MA,DRT,ECTR,Embrapa,FCDL/CDL,FIVS,Fumdec,'barna,Ibge,Infraero,IQUEGO,OAB-GO,OVG,ReceitaFederal,Senai,Serpro,SES-GO,SESH-GO,Sesi,SSP-GO,UFG 382

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

MARANHÃOCOEP

U niti, minha querida, tu transformaste a minha vida, consertaste a minha mente e deste-me mais conhecimento. Deste-me um milhão de amigos, pessoas cultas e generosas, finissimas, educadas. Tu me destes um cenário cor-de-rosa Minhas professoras são um buquê de rosas perfumadas.

Tudo isso na Uniti e na Universidade. Enedina Cunha Brito, 76 anos, poetisa, dona de casa, com um livro de poemas já publicado.

D. Enedina teve 14 filhos e tem 46 anos de convivência no seu terceiro casamento. Estudou até a quarta série e faz poesias desde os 11 anos. Confessa que participar do Projeto de Extensão Universidade Integrada da Terceira Idade - Uniti aumentou os seus dias de vida. "Vivia em uma depressão horrível. Cheguei a dizer: Será que voumorrer? Mudou tudo. Não sinto mais vontade de morrer. Agora, depois de lições de Vida e Espiritualidade e Conhecimento do Corpo, quero viver, para mim e para todos os meus. Com a disciplina Criação Literária, nasceu a esperança de ver publicado o segundo livroode minhas poesias."

Tratam as suas alunas com tanto amor e sinceridade que a nossa sala de aula é um palco de felicidade. Irmãos e irmãs da terceira idade, vamos agradecer a Jesus Cristo pela Uniti, que nos deu esta oportunidade de estudarmos literatura, psicologia conhecimento do corpo, vida e espiritualidade.

O projeto da Universidade para os idosos era um sonho isolado, transformado em realidade após varias reuniões estimuladas pelo Fórum Permanente da Terceira Idade, que visitou e ouviu instituições sensíveis e comprometidas com o segmento, para fortalecera concepção da grande idéia: a Universidade Integrada da Terceira Idade. 385

O Fórum é um organismo da sociedade civil que conseguiu conquistar seu espaço e foi um grande articulador para a implantação da Uniti.

Maria Alzira de Melo Ferreira, Coordenadora Geral da Uniti.

Fui, a maior parte de minha vida, mãe, esposa e, acima de tudo, formadora de família. Com todos os filhos formados, tomando conta de suas vidas, e com a cabeça que a vida na Uniti me proporcionou, tenho grandes projetos. É como debutar para a vida. Os filhos já ganharam o seu naco. Digo a todos que seremos agora garotos do mundo, da vida, da práia, até o dia em que o Senhor nos conceder, e não tenho nenhuma preocupaçãO com o tamanho deste tempo, pois, por si só, ele já é enorme, porque grande e este meu momento de agora.

Criada em 1995, a partir do termo de Convênio celebrado entre aquelas instituições, quando lhes foram atnbindas obrigações comuns e específicas, a Uniti começou suas atividadles no dia 8 de março de 1996, data da aula inaugural. Resgatar a cidadania da população idosa, na tentativa de provocar na comunidade em geral mudanças de conceitos e identidade social em relação ao idoso e a sua principal meta.

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O projeto da Universidade para os idosos era um sonho isolado, transformado em realidade após várias reuniões estimuladas pelo Fórum Permanente da Terceira Idade - FPTI, que visitou e ouviu instituições sensíveis e comprometidas com o segmento;Pára fortalecer a concepção da grande idéia: a Universidade Integrada dáTerceira Idade.

O novo projeto se consolidou a partir da cooperação de órgãos que já trabalhavam com idosos no Maranhão.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Jane Pereira Ferreira Cavalcante de Albuquerque, 59 anos, professora, casada.

O novo projeto se consolidou a partir da cooperação de órgãos que já trabalhavam com idosos no Maranhão: Serviço Social do ComércioSesc e Secretaria de Estado de Administração e Recursos Humanos e Previdência - SEARHP, além das Universidades Estadual e Federal, preocupadas com a necessidade de colocar em prática a recomendação da Política Nacional do Idoso. Estas instituições prontamente, ofereceram espaço e respaldo técnico e científico para a elaboração e implementação do projeto, configurando-se num exemplo de parceria que, ao longo das negociações, concretizaram o compromisso social e a vontade política, transformando-se em forte referência de trabalho extensionista.

1 Vrr.r.nt r - retro. "S•e" - ~ar,-±r• 7

Não se pode evitar a nwrtefi'sica mas é possível lutar contra outra morte que nos espreita: a morte social, que conduz o homem fatalmente a um inferno em vida. Não esquecer que o jovem de hoje será o idoso de amanhã e que a velhice não é o ocaso nem o acaso da existência, mas a culminação venturosa do ser humano em sua passagem pela terra.

José Chagas, escritor e professor, que participou da concepção do projeto Uniti. A Uniti representa um novo espaço na realidade maranhense, com ampla repercussão social. Seus objetivos são bem claros: oferecer à população idosa a prática de atividades que lhes possibilitem fortalecer a participação social e política, assumir conscientemente o processo de envelhecimento e gozar de pleno exercício de sua cidadania; criar condições para o resgate da autoconfiança e da auto-estima; oportunizar às pessoas idosas o reingresso, num processo de formação continuada em Cursos de Extensão, através de atividades educacionais, culturais e sociais; possibilitar a integração saudável e permanente convivência das diferentes gerações; oferecer oportunidade de ocupação do tempo disponível, freqüente entre pessoas da terceira idade, com atividades que causem prazer, elevando os níveis de saúde física e mental; ampliar o campo das relações interpessoais nos mais diversos grupos sociais e familiares. Quando perdi o meu marido, foi muito doído. Hoje tenho mais alegria, mais força e convicção de dizer 'Eu sou Eu'. Conceição de Maria Jesus Gomes, 79 anos, viúva, 11 filhos, 22 netos e 13 bisnetos. As instituições parceiras, prontamente, ofereceram espaço e respaldo técnico e cientifico para a elaboração e implementação do projeto, configurando-se num exemplo de soma de esforços que, ao longo das negociações, concretizaram o compromisso social e a vontade política, transformando-se em forte referência de extensionista.trabalho 387

A Uniti começou suas atividades no dia 8 de março de 1996, data da aula Resgatarinaugural.acidadania da população idosa, na tentativa de provocar na comunidade em geral mudanças de conceitos e identidade social em relação ao idoso é a sua principal meta. Seu público-alvo constitui-se de pessoás interessadas, maiores de 50 anos, procedentes dos diversos segmentsk da sociedade e vinculadas aos programas e órgãos conveniados, apre4itando como aspecto inovador a não-exigência de escolaridade. Os inscritos são encaminhados para um Seminário Preparatório de ingresn com o objetivo de orientar sobre o curso de Formação Continuada e conhecer, através de questionários de sondagem, as necessidades e expectativas dos alunos, subsidiando a estruturação da proposta curricular. O projeto da Uniti potencializa o retorno a uma posição de respeito, através da produção de conhecimento sobre a terceira.*dade, promovendo atividades criativas e produtivas, capazes de resgatar o auto-conceito e a auto-estima, estimulando a contribuição do idoso em projetos junto à comunidade.

O curso de Formação Continuada baseia-se numa metodologia extensionista, dinâmica e autoconstruída através de ahvidades sécio-educativas, esportivas, culturais e de lazer. Realizadas em oficinas pedagógicas, privilegiam a experiência devida, o prático, o reflexivo atualizando conhecimentos e inikintivando o ingresso ou reingresso em atividades produtivas, propiciando o resgate da autoconfiança e auto-estima no xercício da sua cidadania. A duração é de um ano e a carga horária de 280 horas e tem como eixo central o idoso como agente de sua própria história. Algumas disciplinas básicas são obrigatórias: Atividades Físicas, Noções de Gerontologia, Vida e Espiritualidade, Concentração e Memória, Turismo e História da Cidade de São Luís e Psicologia e Terceira Idade. As disciplinas optativas são escolhidas no período das inscrições e atenfide às expectativas do futuro aluno: Criação Literária, Pintura, Paisagismo, Musicalização, Inglês, Autocuidados, Fitoterapia, Modelagem, Cinema, Vocalização, Nutrição (culinária típica) e Relações Interpessoais I e II.

Criei minhas _filhas deixando transparecer sempre a verdade e respeitando o próximo. Ajudar sempre foi o nosso cotidiano. Já estava estressado de nada fazer. Viver bem a idade que temos é o maior bálsamo para o corpo e a mente. Quando da minha saída, em 1997, engajei-me no trabalho de criação de uma Associação de ex-alunos. Com o aprendizado que obtive, eu e outros amigos estamos montando, em nosso bairro um Grupo de Terceira Idade.

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José Augusto, Pró-reitor de Extensão da UEMA.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Fernando Antônio B. de Carvalho, 59 anos' ;Técnico em Contabilidade.

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É unia ação inovadora na realidade maranhense, com ampla repercussão social, dado o seu caráter educativo no sentido da aprendizagem sobre os novos conceitos de velhice e a convivência harmoniosa entre gerações.

Nascia um novo espaço na realidade maranhense, com envelhecimento.oferecendorepercussãoamplasocial,àpopulaçãoidosaapráticadeatividadesquelhespossibilitemfortaleceraparticipaçãosocialepolítica,assumindoconscientementeoprocessode

Luciano Moreira, Secretário de Estado da Administração, Recursos Humanos e Previdência. Os participantes do Projeto, politizados e conhecedores de seus direitos e deveres, demonstram um grau de satisfação muito bom em relação às atividades desenvolvidas, mostrando-se preparados para enfrentar a velhice, propondo projetos para o seu aperfeiçoamento e crescimento individual e social, fato comprovado pela criação da Associação dos Amigos da Uniti - AAUNTI no final do primeiro ano de execução do projeto.

COEP - MARANHÃO

Concomitantemente, no decorrer do ano letivo, são realizados seminários, eventos e palestras com abordagem de temas gerais e específicos de interesse dos alunos. Também é aspecto inovador a estruturação da grade curricular, com a participação dos alunos num processo contínuo de avaliação, através de sondagens de interesses e opiniões, favoieLaido a flexibilidade e a renovação da programação.

Prof. Rubem Rodrigues Ferro, Pró-reitolr de Extensão e Assuntos Estudantis da UFMA. Criei meus filhos sozinha com a ajuda de Deus. Consegui escrever o meu primeiro livro de poesia aos 67 anos, cont o:título "Começar de Novo",.1que faz parte da minha vida. Sou muito fel.. Moro com o meu primeiro neto, que é mais do que neto, é filho, me deu minto incentivo para participar da Uniti. Era neto e avó na faculdade! Severina Maria de Barros Melo, 74 anos "viúva, oito filhos, 21 netos e dois Comobisnetos.aopinião dos alunos é considerad fundamental em qualquer avaliação, a qualidade dos trabalhos sofre uma contínua retroalimentação, ;indicando a margem cada vez maior de acertds na dinâmica de execução das tarefas. Na tentativa de dar ao idosoI ;, em São Luis, a prática de momentos ricos e satisfatórios no preenchimento de sua vida ociosa é que a Uniti se manifesta dando oportunidade de vencia da cidadania.I,O atual retrato do Brasil como país que;esta envelhecendo requer de toda a sociedade a tomada de medidas alternativas que visualizem aIquestão da velhice como um processo que merece atenção e cuidado, dandoIa este segmento o direito de viver bem a sua idade. Assim, a Uniti é uma1resposta ao combate à fome da solidão, do is lamento social e da falta de qualidade de vida dessa população.

Hoje, me sinto jovem. Vemos a vida por outro1 prisma, colorido e brilhante.

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Apesar da idade, despertei para a beleza ,cld vida.

Mabel Miranda Freitas, 72 anos, Instrutora de Confecção de Peças Íntimas, casada há 47anos , três filhos séte netos.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA O atual retrato do Brasil como pais que está envelhecendo, requer de toda sociedade a tomada de medidas alternativas que visualizem a questão da velhice como um processo que merece atenção e cuidado, dando a este segmento o direito de viver bem a sua idade, A Uniti é uma resposta ao combate à fome da solidão, do isolamento social e da falta de qualidade de vida desta população. A criação da Associação dos Amigos da U iz - AAUNI, constitui a prova inconteste do êxito da Universidade Integradakla Terceira Idade, projeto que engrandece todos os seus participantes e convenenies pelo seu grande alcance social.

Antes de freqüentar a Uniti, vivia costurandb, bordando e sempre olhando minha família e dando aulas de peças intimasi,o que ainda faço, preparando encomendas de salgadinhos e bolos confeitados. Meu marido não quis freqüentar a Uniti, mas me dá todo o apoio Adoro, com espírito jovem, freqüentar aulas para me despertar, acabar dom a solidão que a idade nos traz. Hoje sou alegre, me sinto outra pesgoa: valorizada e mais querida.

RAMOSMARIAEntrevistaDOSOCORROFERREIRA

Considera-se como maior dificuldade na execução, o momento de inscrição da clientela para o Curso de Formação Continuada, uma vez que a grande demanda supera o número de vagas oferecidas, deixando uma lista de excedentes que passam a ser absorvidos pela Associação de Amigos da Universidade Integrada da Terceira Idade.

Coordenadora em exercício do Projeto Uniti O que contextualizou a criação do MariaProjeto? do Socorro Ramos FerreiraA vontade política conjunta dê entidades governamentais e não-governamentais e o compromisso social destas com o enfrentamento de questões do segmento da terceira idade, considerando a recomendação da Política Nacional do Idoso, baseada na Lei 8.842/94. Não foi difícil conquistar o apoio porque as instituições parceiras comungavam objetivos voltados para o fortalecimento da política de atendimento ao idoso. Embora em alguns momentos com posições divergentes, as negociações caminharam sempre para o alcance do objetivo maior da concretização do projeto. Qual o suporte operacional do projeto? M.S.R.F - Demanda da própria parceria, visto que as instituições convenentes têm obrigações comuns. No seu desenvolvimento, o principal problema é o aumento do volume do trabalho, considerando que a clientela vem crescendo progressivamente, havendo déficit de recursos humanos para as proVidências administrativas. Em função das demandas, foram ampliadas as vagas do Curso de Formação Continuada, de 150 para 175, e, conseqüentemente, seu atendimento.

O Programa existe há três anos. Ele tem tempo de duração? Qual a avaliação dos resultados? M.S.R.F. - O Programa não tem um tempo de duração determinado, até porque, com a criação da Associação de Amigos da Uniti, vislumbra-se a continuidade das ações propostas. No No aspecto econsidera-setécnico,fundamen-talmenteograudeaceitaçãopelaclientelaamelhoriadequalidadedevida,evidenciadapelamudançadecomporta-mentodosparticipantesingressoseegressos,quehojeassumem,demodoconsciente,oenfrentamentodavelhice,propondoprojetosparaseuaperfeiçoamentoecrescimentoindividualesociaL 391

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CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Quais as modificações sofridas no decorrer desses três anos? M.S.R.F. - No que diz respeito à ampliação do número de vagas. A montagem da grade curricular obedece a uma metodologia autoconstruída, não implicando alteração na essência do projeto.

AsInstituiçõesparceirasseconstituemnoalicerceouaUnitijátemvidaprópria?

A Uniti é um Projeto de Extensão, exemplo de parceria, com proposta inovadora de grande alcance social que ptitencializa o retorno a uma posição de respeito ao segmento idoso, ao mesmo tempo em que valoriza e dignifica o participante.

aspecto técnico, considera-se fundamentalmente o grau de aceitação pela Clientela e a melhoria de qualidade de vida, evidenciada pela mudança de comportamento dos participantes ingressos e egressos, que hoje assumem, de modo consciente, o enfrentamento da velhice, propondo projetos para seu aperfeiçoamento e crescimento individual e social. Do ponto de vista profissional, evidencia-se a credibilidade do projeto, pelo compromisso dos parceiros, equipe executora e, sobretudo, por provocar nas famílias e comunidade dos idosos participantes mudanças de conceito e melhoria nas relações sociais.

M.S.R.F. -As instituições são alicerce para a execução do projeto, sendo que, com a proposta de transformação da Associação de Amigos da Universidade Integrada da Terceira Idade em organização social, pretendese a ampliação desse apoio, o que irá propácionar sua autonomia. Os autores intelectuais do projeto Ise mantêm até hoje ou já houve alteraç.1.1o r s na coordenação? M.S;RtF. - A permanência da equipe I IIdesde a concepção, implementação, implantaçãoIL. e execução da proposta' constitui1aspectoII inovador e favorável aos avariêds, permitindo a consolidação e o fordecimento da Uniti. Com ampla repeijcissão social, a Uniti é hoje referência e dimensão técnica, dado o seu E caráterIeducativo, sobre novos conceitos de Velhice e convivência harmoniosa de gerações para as pessoas da comúnidade e instituições identificadà com a causa da terceira idade. I Qua a capacitação técnica dada para os idosos?i M.S R.F. - A Uniti não oferece capacitaç ão técnica aos alunos, pois IIsua proposta pedagógica se fundamentj numa metodologia extensionista,1çlinâmica e auto-construída, aftas es de atividades e oficinas pedaWicas, respeitando as experiências de vida e estimulando a formação qe uma consciência participativa.

Como resultados concretos, a Uniti trouxe a •melhoria da qualidade de vida e a inserção dos idosos em fortalecedoresdade,programasdiferentesdacomuni-comoelementosdeconquistas,ressaltando-seamudançadeMen-talidadedasociedade,concretizadapeia.convivênciaharmoniosa

• e salutar.

O que define o projeto da Uniti? M.S.R:F. -Ser um Projeto detxtensão, exemplo de parceria, com proposta inovadora de grande álcanée social ciue potencializa o retomo a uma posição de respeito ao segmento iddso, ao mesmo tempo que valorizá e dignifica o participante. Como resultados concretos, a Uniti trouxe a melhoria da qualidatcle de vida e á inserção dos idosos eni diferentes programas da coiriunidade, como elementos foilialecedores de conqUiStas, ressaltando-se a Mudança de mentalidade da sociedade, Concretizada pela convivência harmoniosa esalutar. Como a Uniti influencia na melhoria da qualidade de vida da clientela atendida? M.S.R.F. - Quando essa, nas suas relações sociais diárias, consegue ser testemunha viva dos novos conceitos de velhice aprendidos, provocando mudanças de mentalidade extraprojeto, na família, na igreja e em outros grupos sociais, integrando-se em atividades de luta, tipo Conselhos e Associações, ratificando a sua participaçãoSocial e política no pleno exercícid:'Cle sua cidadania. ritgg rá ris ',..t3COeM, ti,.,,9,Lofiz,?Brasil,,, ,,epovigfid ,.5(13.13"Sit'irét i hiendencia2MA). 4CE p en-ona ,,,, a tgpf Çz?2,;I:j FAI4DRT4ECCEfruiE r'sn''''''"‘ 11fc ,;:tc, ).,,,,5,,Àës4Ç-we.4 ter, 2 rgÉFáçiw./01:40 p/, S a gp ih ti7k.5édéttiii á,,EstwA dila'Ê Er4firSant..;;V,S.,,/r,ye fri,artiij,kiza:dirgRegrager.011177nreálecretlt; tp(ÉNIutI 'h:Pai td4.tEilii caçacrlSáidekt,'Sáttán,W'gerlar:'entlf4a1Rtatts7StvI

COEP - PARAÍBA o

informações desenha

COEP - PERNAMBUCO

O processo de criação do projeto Sala de Situação no Combate aos Efeitos da Seca foi deflagrado no dia 12 de maio de 1998, na sede da Sudene, no Recife, em reunião de emergência realizada pelo CoepNacional, para tratar da questão da seca do Nordeste. Na ocasião, a Rede da Sociedade Civil de Solidariedade ao Nordeste propôs aos representantes dos Coep's que assumissem a responsabilidade pela instalação das Salas de Situação nas capitais dos estados atingidos, com a finalidade de monitorar a real situação de 1.233 municípios que vivenciam os efeitos de longos períodos de estiagem, bem como das ações governamentais e da sociedade civil realizadas nessas áreas.•

O reSultado foi imediato: definiu-se pela implantação, no Recife, da Sala de Situação Estadual, na sede da Undime, para alimentar o sistema semanalmente de informações dos municípios de Pernambuco atingidos pela seca. A partir de então as Salas de Situação começariam a ser implantadas em cada um dos 1.233 municípios atingidos, com a instalação de quatro painéis que contemplam 20 itens, tais como: quantidade de chuva, tipo de abastecimento, qualidade da água, trabalho e prostituiO processo de criação do projeto Sala de Situação no Combate aos Efeitos da Seca foi deflagrado no dia 12 de maio de 1998, na sede da Sudene, no Recife, em reunião de emergência realizada pêlo Coep-Nacional, para tratar da questão da seca do Nordeste. 403

A tuando preventivamente nos efeitos da seca, a Sala de Situação tem importante papel social no resgate de melhores condições de vida da população nordestina, constituindo um amplo sistema de informações com o objetivo de colher dados para ações efetivas na resolução dos problemas da estiagem.

Mobilizando outras instituições, o Coep-PE promoveu, em 24 de julho de 1998, nova reunião na sede da Caixa Econômica Federal, com a participação de várias empresas, da União dos Dirigentes Municipais de Educação - Undime, Conasem, e organizações não-governamentais.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Um amplo sistema de informações, com o objetivo de colher dados para ações efetivas na resolução dos problemas da estiagem foi montado sob a responsabilidade do Coep e de suas representações nos estados. ::• t. • •0.4.d:s. d' •o' o se, i•O• w. oro' "s ,c•Ger 'I,0,0 ', o.. 4. 0i7., • 0 co. 'o Ê2eAul.j.._*3 jra. ção infanto-juvenil, custo devida, saques, produção agropecuária, êxodo rural, saúde, educação, recursos financeiros :e estas básicas, entre outros. Os painéis reúnem, semanalmente e ririas a mês, desde janeiro de' I1998, informações sobre todos os itens acinia relacionados, desenhandoe divulgando o quadro de problemas e as alternativas implementadas para o combate aos efeitos da seca em cada município. O funcionamento da Sala é de respOnsabilidade da Comissão Municipal de Combate aos Efeitos da Seca, que encaminha para a Sala -de Situação estadual o consolidado dos dados. E compromisso do Coep,Nacional reproduzir os painéis da Sala de Situação, instalar o aplicativo de consolidação das informações dos muni'cípios e fazer a montagem• física das Salas de Situação estaduais, viabilizadas, em Pernambuco, pelo Serpro, Caixa Econômica, Dataprev, Undime e Rede Estadual de Entidades pelos Direitos Humanos. Empresas participantes do Coep-PE e ONG's da Rede Solidária forneceram os recursos materiais e humanos neicessários à operacionalização da Sala, que hoje funciona com dois apoios a:thninistrativos, um gerente para monitoramento das informações, unia linha telefônica, aparelho de fax, dois microcomputadores, duas impressoras e o mobiliário que as atividades do projeto exigem. I O acompanhamento da Sala de Situação fica a cargo da Rede Solidária e, eventualmente, do Coep-PE. A Undime e a Conasem foram as responsáveis pela sensibilização e treinamento dos municípios e do Estado, no que diz respeito à obtenção de dados e informações para o preenchimento dos painéis. 404

405

Associação Municipalista de Pernambuco ç ;LU

Instalados os aplicativos, os dados são recebidos semanalmente dos municípios atingidos pela seca. Após o processamento, essas informações são disponibilizadas à sociedade civil, governo e também para a Rede do Terceiro Setor que as disseminará via Internet. A adesão de outros estados ampliará a rede de maneira que, em breve, seja possível desenhar, passo a passo, o mapa das ações em desenvolvimento e de outras que venham a surgir com a ampla divulgação da real situação dessas regiões.

A Sala de Situação de Pernambuco, visando a aperfeiçoar tanto o acompanhamento gerencial quanto a estrutura operacional, está instalada, hoje, na sede da organização não-governamental "Tortura Nunca Mais".

O projeto, ainda em fase de implantação, tem sido tema de pauta de diversos encontros, reunindo autoridades e técnicos dos estados atingidos. Com avaliações permanentes do sistema e dos diversos caminhos possíveis, a proposta - a partir do quadro apresentado e das informações sistematizadas, e amplamente divulgadas pela Sala de Situação - é contribuir, de maneira organizada, para a melhoria das condições de vida da população nordestina dramaticamente atingida pelos efeitos da seca. Definiu-se implantação,pelano Recife, da primeira Sala de Situação Estadual, para alimentar, semanalmente, o sistema de informações dos municípios de Pernambuco, como forma de preventivamenteatuar nos efe'tos da seca.

COEP - PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Integram o Coep PE Cruzada de Ação Social, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, BNDES, 1 'Caixa, Chest Codevasf, Conab, Condepe, Bombeiros, Correios, Daniel, Dataprev, DNOCS, Embrapa,lbama, lncra Infraero, INSS, Lafepe, PM, RFFSA, Secretaria de Justiça, Secretaria de Saúde, Sudene, UFPE. ••••1 406

PARANÁGOEP institucionaisAliançastransformam sonho realidadeem

A área de educação e o atendimento ao adolescente foi uma das linhas de ação escolhidas pelas empresas públicas que compõem Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida no estado do Paraná. Dentre essas empresas, destacam-se o Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, a Caixa Econômica Federal - CEF e a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab. A parceria efetivada, resultante de negociações entre os representantes técnicos dessas empresas, permitiu a implantação de uma linha diferenciada de apoio à população carente: o Projeto de Microinformática para Adolescentes Assistidos. O caminho, portanto, escolhido pelo Coep-PR foi o da democratização do ensino da informática. Lançado em novembro de 1997, em memória de Herbert de Souza, idealizador e articulador do Coep, o objetivo do trabalho é transportar adolescente das ruas para ambientes saudáveis, tendo, inclusive, acesso ao conhecimento, profissionalização e renda futura. O treinamento oferecido pelo Coep-PR visa basicamente à inserção do adolescente no mercado de trabalho. A parceria firmada entre as empresas permite o desenvolvimento de uma consciência cidadã, tanto entre os adolescentes participantes dos cursos, como entre os instrutores e integrantes dos grupos de apoio que se envolvem no projeto.

Jovens de 13 ai? anos, assistidos pelas empresas participantes, são encaminhados aos cursos de microinformática. A maioria, em vias de finalização nos programas sociais, não tem perspectivas de trabalho, por falta de profissionalização conforme as exigências do mercado. Dai, a recomendação para priorizar os jovens que necessitam da informática, facilitando assim a inserção dos treinandos em atividades rentáveis.

A parceria do Serpro, da ECT, da CEF e da Conab, empresas que integram Coep no Paraná, permitiu a implantação de uma linha diferenciada de apoio à população carente: o Projeto de Microinformática para Adolescentes Assistidos. 409

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O treinaMento é realizado nas instalações da Oficina de Computação Pessoal do Serpro. Os jovens são agrupados em turmas 410

Nos cursos, os adolescentes recebem treinamento em todos os módulos da informática. Os dois módulos iniciais são teóricos e tratam da importância e necessidade do aprendizâdo, consumindo 8 horasaula. Em seguida, recebem treinamenio sobre o manuseio do equipamento e dos vários softwares colocados à disposição. Na parte prática, os adolescentes têm acesso ao módulo de Windows 95 e Word 7.0, com 16 horas-aula cada módulo, e ainda à Internet com 4 horasaula. A carga horária acumulada é de 50 horas. As aulas são realizadas duas vezes por semana, às segundas e quartás-feiras, ou então, às terças e quintas-feiras. A sexta-feira fica reservada para revisão e prática dos conhecimentos adquiridos.

O caminho foi o da democratização do ensino da informática voltado ao adolescente, com oportunidades de acesso ao conhecimento, profissionalização e renda futura.

Para viabilizar os cursos, as empresas se uniram para a formação da infra-estrutura necessária. O Serpro disponibilizou o espaço físico e os equipamentos. A CEP e a ECT indicam os clientes-alvo do projeto. A Conab auxilia no acompanhamento técnico e educaCional do curso e, também, se responsabiliza pela colocação de instrutores voluntários para a realização dos treinamentos. A sociedade civil, partilhando desse sonho, contribuiu com a oferta de material, como apostilas, crachás e lanche.

O desenvolvimento do programa é feito no horário de 18 às 20 horas, pela disponibilidade dos equipamentos na empresa, depois de encerrado o expediente e, também, porque os adolescentes conseguem, com tal horário, compa tibilizar estudo e rrabalho. O conteúdo programático do curso foi estabelecido conforme a necessidade real do mercado, na área de informática. No final, adolescentes e instrutores são submetidos a mecanismos de avaliação para conferir o grau de aprendizagem. É exigida a freqüência do aluno, para evitar dificuldades de acompanhamento. Nos meses de abril e setembro de 1998, o CoepPR deu início a mais dois cursos, com 16 e 14 alunos, respectivamente, também no Serpro e com os mesmos parceiros.

A consciência cidadã é despertada, tanto entre os adolescentes participantes dos cursos, como entre os instrutores e integrantes dos grupos de apoio que se envolvem no projeto. Experiência inédita A realização do projeto de microinformá tica para adolescentes assistidos proporcionou o surgimento de um fato inédito. O adolescente Diogo Rosa Kuiaski, de 13 anos, foi convidado pela Conab para atuar como instrutor do módulo Introdução à Microinformática. O convite foi feito em função de seu domínio sobre os conhecimentos de computação. Mas a forma como Diogo se envolveu com o projeto entusiasmou todos os integrantes do Coep-PR. Sua função é capacitar os adolescentestreinandos para o manuseio dos equipamentos e dossoftwares, municiando os treinandos com conceitos, vocabulário e cuidados especiais. 411

COEP - PARANÁ de oito participantes. O curso da primeira turma foi de 3 de novembro de 1997 a 2 de fevereiro de 1998. Em maio, nove adolescentes receberam o certificado em cerimônia pública e cinco já estão, através da empresa RH Center do Brasil, localizada em Curitiba, sendo cadastradas para inserção futura no mercado de trabalho.

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É importante ressaltar que essa contribuição está desvinculada de interesses financeiros porque o estudante, pôr não precisar gerar renda para a família, presta serviço voluntário. Essa atitude teve um impacto positivo na escola onde Diogo estuda, cuja direção sentiu-se recompensada, constatando, na prática, que está proporcionando um ensino que prima pelos valores ético, moral e social. ALmãe do instrutor também manifestou satisfação ao identificar a ,, mudança" no comportamento do filho em casa. Segundo ela, o contato cdrn jovens carentes amadureceu 1Diogo, que passou a ser mais compreensivo com o irmão menor, menos exigente em relação aos pais, principalmente no que se referia à "mesada" e, sobretudo, em termos de responsabilidade e visão crítica dos problemas sociais.

O jovem instrutor acendeu nos demais adolescentes a chama da esperança. Entre todos os caminhos possíveis, podiam, eles próprios, um dia chegar a instrutor E essa esperança floresceu entre os treinandos, o grupo de colegas da escola, do clube e da rua.

Outra iniciativa surpreendente foi sua àísposição em adaptar, com a ajuda do irmão, a apostila para o curso, to?iando o cuidado de tornála mais compreensiva para os iniciantes. Os dirigentes do Coep-PR valorizaram desde o início a atuação de Diogo, por se tratar de uma1'iniciativa espontânea e consciente, identificando na atitude do adolescente importante contribuição para a redução do desnível sócioeconômico e escolar dos jovens carentes. Para a secretária-executiva do Coep-PR, "o envolvimento desse instrutor, e de sua comunidade de bairro e escolar, com a oferta de materiais, reVela que a sociedade como um todo anseia por participar mais, de forma ativa, na determinação de seus próprios rumos".

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A maioria dos jovens, de 13 a 17 anos, em vias de finalização nos programas sociais, não tem perspectivas dê trabalho, por falta de conformeprofissionalizaçãoasexigênciasdomercado.

Diogo se sensibilizou com a proposta apresentada pela secretáriaexecutiva do Coep-PR, Conceição Contin, de fazer parte da equipe, e vislumbrou uma oportunidade de repassar seus conhecimentos de informática a jovens carentes. Navegando dia e noite na Internet, nos jogos devideo-game, nos fantásticos softwares de computadores, cada dia mais longe do mundo real, entendeu que os adolescentes assistidos precisavam de sua ajuda. Animado com a proposta e disposto a colaborai, o adolescente se mobilizou na busca de recursos materiais que o treinamento exigia. Assim, movimentou 1toda a comunidade de seu bairro e de sua escola, arrecadando disquetes, crachás de identificação, papel para impressora, canetas, pastas etc.

Em Curitiba, o programa desenvolvido pelo Coep-PR aproveita essa mão-de-obra abundante, ociosa, e com muitos conhecimentos que podem e devem ser repassados. Os "lucros" são revertidos tanto para o adolescente carente, que aprende uma profissão, quanto para o A prioridade é para os jovens que necessitam da informática, facilitando assim a inserção dos treinandos em atividades rentáveis.

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O ganho social com a colaboração do adolescente foi superior às expectativas. A idéia inicial era somente colaborar para a profissionalização de um grupo de adolescentes assistidos. No final, todos os envolvidos se sentiram recompensados pessoalmente. A participação de Diogo como instrutor revela que existe uma alternativa também para os jovens de classe média, cujo tempo ocioso e mal administrado acaba resultando em caminhos tortuosos e sofrt dos para eles e suas famílias, como as drogas, o abandono dos estudos e a falta de perspectivas na vida.

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Diogo, 73 anos, classe média, convidado para atuar como instrutor, vislumbrou a oportunidade de repassar seus conhecimentos a jovens carentes. Reuniu recursos e fez com que a chama da esperança se alastrasse entre os treinandos, colegas da escola, do clube e da rua. adolescente-instrutor e sua família. Isso porque a participação ativa na solução dos problemas sociais amadurece e prepara toda uma geração, onde muitos integrantes estão no caminho do ócio, a procura de um objetivo que mude o rumo de suas vidas. A grande "sacada" do programa é a mudança de paradigma, avaliou Conceição Contin. "De um Estado que promove o bem-estar social, característica que ainda prevalece no País, muda-se lentamente para um Estado da cidadania e da solidariedade", ressaltou a secretária-executiva do Coep-PR. É mais unia oportunidade de o Serpro implementar ações de cidadania e de responsabilidade pública, cultivadas pelos funcionários durante anos, estimulando um novo desafio: a implantação de um projeto de treinamento que venha a beneficiar mais entidades que trabalham com as comunidades. A participação em programas sociais é o caminho pelo qual o Serpro amplia sua interação com a comunidade. A -vocação da empresa é educar para o trabalho, através da informática. Tudo isso não surgiu por vontade única da direção, mas tambéMiem função dos desejos dos empregados de contribuir com a sociedade. Esse entusiasmo levou o Serpro a formular um Plano de Ações, voltado exclusivamente à implantação de novos programas de responsabilidade pública e cidadania, de forma corporativa. O Serpro também participa de initros convênios de treinamento em microinftnitica, com o objetivo de átender à população carente. O principal desafio é a implantação do projeto de treinamento em outras entidades beneficentes da comunidade, e á aproveitamento desses jovens na empresa, na condição de estagiários. I Aloisio Francisco da Silva, Gerente Regional do Serpro.

A preocupação da CEF e de seus empregados com o bem-estar social é antiga, procurando aliar seus programas de desenvolvimento comunitário a ações concretas, como a criação da figura do técnico social, para detectar, prevenir e atender às demandas sociais surgidas com os empreendimentos na área de habitação ou saneamento onde a empresa atua. O objetivo é antecipar soluções criativas para as comunidades atendidas. A participação de empregados em programas sociais é normal nos Estados Unidos e nos países europeus, onde grande parte do empenho de cada um é medido diante da ação efetiva em mudar o ambiente em que vive. Assim se forma o empregado-cidadão. Ele percebe que está fazendo a diferença não só na empresa onde trabalha, mas também na comunidade A participação ativa na solução dos problemas sociais amadurece e prepara toda uma geração, onde muitos estão no caminho do ócio, a procura de um objetivo que mude o rumo de suas vidas. 415

Há uma mudança de paradigma: de um Estado que promove o bem-estar social, característica que ainda prevalece no País, mudase lentamente para um Estado da cidadania e da solidariedade.

11João Roberto de Paula, Superintendente da Infraero.

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onde vive, proporcionando o fortalecimeni t 1dos valores morais, éticos e espirituais. Não se pode perder de vista qv4 o real papel do empregado de uma empresa pública é o de agente de políticas públicas, ou seja, ele está a serviço da comunidade na missão tempenhada por sua empresa.1 I.Antonio Carlos da Veiga, Assistente Institucional da CEF.

Vivemos a era da tecnologia da informaçãb. As classes sociais menosI!favorecidas não dispõem de recursos próprios para investir no aperfeiçoamento profissional de seus adolesçáhtes. Empresa pública federal que administra o Aeroporto Afonso Pena, na Região Metropolitana de Curitiba, a Infraero pretende concentrar sua participação na área de abrangência do aeroporto, atendendo a adolescentes carentes de sua vizinhança. É mais uma alternativa às fan aias que não têm recursos para1 custear cursos que garantam a empregabilzdade de seus filhos. Com a globalização da economia cresce a demanda para atender ao "lado social" daqueles que não conseguem sua inserção nésse contexto e nasce o desafio para que empresas públicas e privadas paíttctpem de iniciativas viáveis er inovadoras, que apresentem resultados priittiços e rápidos. O exercício dai cidadania envolve relação de reciprocida te [entre o cidadão e o Estado,id.IIfavorecendo o planejamento de outras açoes e beneficiando um número1'cada vez maior de pessoas. Os empregados que participam desses projetos desenvolvem além do senso crítico em relação à pobreza, uma visão de •mundo mais elaborada, agindo ativamente em beneficio da ampliação de programas sociais e tornando-se agentes trtlu tiplicadores de novos valores.

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EUGÊNIO STEFANELO Presidente da Conab e do Conselho Deliberativo do Coe p-PR A visão humanista do saudoso Betinho A participação da Conab no Coep-PR permite que a empresa e seus funcionários desenvolvam ações ligadas à cidadania, convergindo para a prática da solidariedade. A empresa tem apontado para a necessidade de fomentar investimentos que permitam alcançar a segurança alimentar para todos. Para isso, o Coep-PR firmou parcerias nas áreas de educação, nutrição, abastecimento e saúde, reforçando a posição de que é preciso uma dupla mobilização do compromisso público e privado, dos recursos coletivos e individuais. O resultado desse esforço é a consciência cidadã que se conseguiu imprimir em todas as empresas, que participam do Coep. 0 projeto de Microinformática para Adolescentes Assistidos é um exemplo disso. As atividades -da Conab-cidadã, entretanto, vão além das ações com as empresas. Há muito tempo a Conab vem fazendo um trabalho de distribuição de cestas básicas, através do Programa de Distribuição de Alimentos (Prodea),,para as populações mais sofridas.: .O programa, executado desde 1995, já distribuiu, até maio de 1998, 32.269.476 cestas básicas, que alimentaram mais de 2 milhões de famílias que viviam abaixo do nível de pobreza. Trata-se de um trabalho sério, sem envolver influências políticas, com a distribuição das senhas para as famílias carentes feita por uma comissão municipal composta por representantes da prefeitura, situação e oposição, da Câmara de Vereadores, Banco do Brasil e de toda a sociedade civil, como sindicatos e professores. Graças a esse procedimento, o volume de irregularidades foi mínimo. O Prodea não se limita a distribuir cestas básicas, mas induz as famílias beneficiárias a melhorar suas condições de vida, através de ações educativas e sociais, procurando Diante da proximidade de um mundo avançadissimo tecnologicamente e com o fim do conceito formal de' trabalho, a sociedade, empresas e população precisam encontrar os meios de sustentabilidade da maior parte da população.

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Integram o Coep-PR Bacen, Banco do Brasil, Banestado, Ceasa, CEF, Codapar, Codic, Cohapar, Comitê Metropolitano Ação da Cidadania, Conab, Copel, Correios, Dataprev, Demec, DRT, Emater, Embrapa, FNS, Funai, Fundepar, GLP, lbama, IBGE, Mera, Infraero, INSS, Ministério da Agricultura e Abastecimento, Ministério da Previdência e Assistência Social, Ministério do Trabalho, Ocepar, Pastoral da Criança, Petrobras, Prefeitura Municipal de Tunas, Radiobrás, Sanepar, Secretaria de Planejamento (Comunidade Solidária), Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, Secretaria Estadual da Criança e Assuntos da Família, Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, Serpro, Telepar e UFPR. 418 I rI

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Em dez anos, 35% da população brasileira será de idosos, enquanto a safra de alimentos estará sendo produzida por 2% da população que estará no campo. Para enfrentar esse desafio, só a perfeita integração entre pessoas e entidades, em beneficio dos mais carentes, para que tenham a oportunidade de se integrar ao mundo cada vez mais globalizado. valorizar e dignificar a família beneficiária, que oferece algo em troca. Ou seja, tornando a família carente parceira de sua comunidade, impede-se sua acomodação "à esmola" da cesta, induzindo-a a buscar soluções para seus próprios problemas. O trabalho da Conab, com o objetivo de atender aos mais necessitados, avança também na área agrícola, como o da venda de milho em balcão, em pequenas quantidades, para atender a pequenos criadores e microindústrias e, ainda, a compra da produção em áreas carentes de infra-estrutura para evitar a especulação abusiva. Apesar de técnico, o trabalho da Conab tem uma visão humanista, inserindo perfeitamente a empresa no sistema de parceria social previsto pelo Coep e idealizado pelo saut doso Betinho e pelo professor Luís Pinguelli. Essa parceria representa a vontade de fazer algo mais que o mero dever público dos dirigentes e senHcliores das entidades estatais: desenvolver alternativas válidas, criativas e produtivas para se combatera fome e a miséria de tantos contingentes de brasileiros. Mas o grande desafio está reservado para um fàtúro não muito distante. Diante 4j, proximidade de um mundo avanaaíssimo tecnologicamente e com o ifim do conceito formal de trabalho, a sociedade, empresas e populaçãoI precisam encontrar os meios de sustentabilidade da maior parte da população. Isso porque, em '10 anbs;35% da população brasileira será 4Ie idosos, enquanto a safra de alimentos estará sendo produzida por 2:)/0„da população que estará no campo Para enfrentar esse desafio, só a 'perfeita integração entre pessoas 'e entidades, em benefício dos mais carentes, para que tenham a oportunidade de se integrar ao mundo cada vez mais globalizado.

COEP - RIO DE JANEIRO o Aprendendo nos o a

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I . ntroduzir tecnologia de alto apelo lúdico e de oferta de conhecimento, tanto para as crianças como para os professores da rede de ensino pública, é a proposta do projeto Implantação de Bibliotecas Virtuais nas Escolas Públicas do Estado do Rio de Janeiro, desenvolvido pelo Comitê de Entidades Públicas de Combate à Fome e pela Vida local. O objetivo principal é a criação de espaços de desenvolvimento cultural, comunitário e participatiVo, dentro da rede oficial de ensino, oferecendo novas oportunidades ao estudantes e à comunidade onde estiver inserida a escola, com o acesso às informações eletrônicas, disponíveis em meios magnéticos ou através da Internet. O projeto piloto prevê a implantação de bibliotecas eletrônicas, com cerca de 10 estações de trabalho em microinformática, em 10 escolas, localizadas preferencialmente em regiões de população de baixa renda ou em estado de carência. Como produtos diretos dessa iniciativa, destacam-se: o uso de micros funcionando como estações de leitura e pesquisa nas bibliotecas das escolas; oficinas de microinformática nos horários fora dos turnos, tanto para os alunos como para os membros da comunidade atendida; atividades administrativas da escola, enquanto não em uso pelos usuários finais; estações de entrada de dados sobre a comunidade; correio eletrônico e ponto de solicitação de recursos em emergências de qualquer natureza. Ainda em fase de divulgação nas escolas e em processo de interação com o estado e os municípios, o Coep-RJ quer levar para os espaços destinados à educação, através das bibliotecas virtuais, o conhecimento existente no mundo; ou seja, fanar com que aquele livro que hoje está na prateleira ganhe vida a partir das novas linguagens do computador. Para isso, o mercado oferece diversos softwares especiais voltados para a educação e para a São bibliotecas eletrônicas, com cerca de 10 estações de trabalho em microinformática, em 7 O escolas, estadoderegiõespreferencialmentelocalizadasemdepopulaçãobaixarendaouemdecarência.

Não se trata de uma oficina de microinformática. Na maioria das I vezes, os pais não têm condições de comprar as publicações necessárias para1ilustrar os trabalhos de seus filhos e fazer cóm [pie desenvolvam o hábito

1da leitura. As bibliotecas virtuais se propõein nao só a criar a mentalidade da pesquisa, hoje, feita através de revista.s e1.jomais, como também, em uma dimensão bem mais ampla, a criar um &atro de atração para a comunidade onde essa escola estiver inserida, com inúmeras atividades de interesse coletivo para o desenvolvimento social comunitário.

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O objetivo principal é a criação de espaços de desenvolvimento cultural, comunitário e participativo, dentro da rede oficial de ensino, oferecendo emeletrônicas,ooportunidades,novascomacessoàsinformaçõesdisponíveismeiosmagnéticosouatravésdaINTERNET.

Alguns exemplos ilustram o processo de escolha dos locais. O Exército desenvolve dprojeto Criança Cidadã, abrigando em todos os quartéis11Inrdo estado crianças para o ensino profissioalizante. Esses quartéis já possuem uma ligação direta com as ecsolas onde as crianças são,1 Iobrigatoriamente, inscritas para poderem participar do Criança Cidadã. Existem, também, as escolas já apoiadas 0e 4.s entidades que integram

1IO grande sonho é ver, no futuro, a escolá como um centro culturalI1da comunidade, funcionando 24 horas, e não mais no período letivo, ou seja, pela manhã e à tarde, fechand0 su11as portas em seguida. A' I,avaliação consensual de que esses espaçoSireunem as condições neces!I Isárias para se transformarem em centros1 de iconvivência e, ainda, que 1I 1•professores estimulados, pais estimulados e comunidade estimulada po-li!dem provocar o desenvolvimento quase que auto-suficiente nessa comunidade, de forma que eles mesmos desci.am suas vocações, leva o 1Coep-RJ a encarar o projeto das bibliotedas::virtuais como um grande alavancador de ações sociais para os projetos objetivos do Coep. 1 i Navegando em busca do consensol1 Seria apenas um primeiro passo. Os demais projetos do Coep que existam ou que coexistam naquela comunIidade podem ser articulados, ,e desenvolvidos dentro do espaço cultuial da escola. E os critérios de seleção adotados para escolha das áreas onde serão implantadas as bibliotecas virtuais já caminham nessa direção, priorizando algumas escolas onde o próprio Coep e/ou as entidades do Coep já atuam.

1 disseminação do conhecimento. Da mesma foi'ma, a Internet integrará as escolas à rede mundial de informações, de tal mÃneira que qualquer criança,Iobviamente, induzida e estimulada por seus professores, possa ter acesso e se beneficiar desse novo processo de absorçãd Ale conhecimentos.

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Após a apresentação do projeto às secretarias envolvidas e a escolha dos locais, os passos seguintes são: a disponibilização dos equipamentos; treinamento de professores e monitores; apresentação do projeto às comunidades envolvidas; instalação das bibliotecas; preparo do acervo inicial e do site Coep; solicitação de linhas telefônicas à Tele* interligação das bibliotecas ao site Coep e, finalmente, tem início a fase dos testes para que as escolas possam abrir as portas das bibliotecas virtuais à comunidade.

Caso a experiência seja bem-sucedida, as entidades do Coep passarão a adotar escolas em regiões que elas mesmas selecionarão. O ideal, no futuro, é que a experiência seja replicada para todas as escolas do estado. O grande desafio é fazer com que a idéia seja convergente, já que as diversas linhas da área de educação, da politica cultural, da afirmação do assistencialismo e da solidariedade são, muitas vezes, conflitantes. Fazer com que essa seja, realmente, uma linha condutora é o primeiro grande obstáculo.

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A carência dos sistemas educativos oficiais, para a formação cultural das camadas mais pobres da população, está mais do que comprovada Constitucionalmente, cabe ao estado a responsabilidade de suprir essas carências, de forma a possibilitar a igualdade de oportunidades aos cidadãos. Mas também é de conhecimento público que o estado melhora seu desempenho nas áreas em que é mais forte a pressão da sociedade, ou quando os diversos seg~tos sociais executam atividades, independentemente das ações do estado, através de entidades ou de seus representantes no poder legislativo, buscando atingir resultados mais concretos e efetivos em setores onde o poder público não consegue agir como vigor necessário.

COEP - RIO DE JANEIRO Coep, como Furnas. Casos como os citados já reúnem um elenco significativo de espaços para dar inicio ao projeto, que começa com apenas 10 escolas para que seja possível o domínio e o controle e para que todos possam aprender com a sua implantação. Mas, efetivamente, a carência de recursos e de meios da população que freqüenta as escolas é que determinará quais serão as primeiras.

É neste contexto que o Coep-RJ leva ao estado, representado na experiência das bibliotecas virtuais pelas Secretarias de Educação, de Cultura, de Desenvolvimento Social e de Trabalho, a colaboração e a parceria da sociedade, materializada na proposta de oferecer a oportunidade de concentrar recursos e investir, a partir da introdução de modernas tecnologias, com linguagem lúdica, na oferta de conhecimento e no desenvolvimento social. Através das Bibliotecas Virtuais, aquele livro que está na prateleira ganha nova vida a partir das linguagens do computador. Para isso, mercado oferece diversos especiaissoftwaresvoltadosparaaeducação.

Quais as principais ações já W.desenvolvidas?C.-Existem experiências extremamente exitosas. Sob o ponto de vista do Coep, especificamente, podemos dizer que nos vangloriamos de termos como parceiros entidades públicas que implantaram projetos de natureza social com grande sucesso, como a ação realizada pela Fundação Oswaldo Cruz - a Fiocruz, junto à comunidade vizinha. A cooperativa de serviços que lá foi instituída, através de trabalho cientifico conduzido pela Coppe/Ufij, produziu salário e renda para um grande número de pessoas que, antes, não possuíam meios para sua subsistência. É um belo exemplo de como é possível atuar no sentido de desenvolver socialmente as populações carentes. Além da Fiocruz podemos citar Furnas e o próprio Serpro, através de projetos específicos de atendimento a famílias carentes da Rocinha e da favela do Anil e muitas outras que, com ações concretas, representam muito bem o que é o Coep do Estado do Rio de Janeiro. É um movimento de solidariedade e de compreensão para um problema que, sem dúvida, é responsabilidade do Estado. Mas é, também, um problema da sociedade como um todo e de cada individualmente.um 425

Dar o peixe e ensinar a pescar Quando foi criado o Coep-RJ e em que Wilsoncircunstâncias?Coury:Em 1997, com a finalidade de tornar mais efetiva a participação das entidades públicas representadas no Rio de Janeiro, foi criado o Coep-RJ. Na época, a proposta era atender às necessidades do Coep Nacional, já que a operacionalização das ações fica muito mais fácil com as representações regionais. No Rio, ex-capital federal, ainda há uma grande concentração de representações de entidades federais em funcionamento. Procuramos institucionalizar as ações do Comitê de forma que fossem mais efetivas e, também, para que a coleção dos projetos no âmbito do Estado se tornasse mais visível nacionalmente. Em contrapartida, a criação do Coep-RJ trouxe, para os interesses locais, as intenções do Coep Nacional, O Coep é isso: a soma de ações sociais de entidades públicas, inseridas num amplo espaço de articulação, que permite a visibilidade dos projetos vitoriosos para toda a sociedade.

RepresentanteEntrevistaWILSONCOURYPresidentedoConselhoDeliberativodoCoep-RJOficialdoSerpronoCoep-RJ

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA As enfrentadasdificuldadespela nação brasileira são, em grande parte, frutos da ignorância. O código da escrita e, mais recentemente, o acesso às novas tecnologias que invadem a omodificando,sociedade,inclusive,seucomportamento,sãoconhecimentosimprescindíveis.

Quais as principais dificuldades constatadas na construção desse W.espaço?C:- Como tudo o que diz respeito!ao trabalho voluntário, ou seja, quIé depende da vontade de cada UM, Coep não é coercitivo. Como um espaço de participação, está aberto a entidades públicas e privadas, á pessoas e organizações nãogovernamentais: que desejam somar forças. Como movimentar essa vontade eItransformá-la em ações concretas é a primeira grande dificuldade. No caso do Serpro, por exemplo, a política de ação social é a de transferir conhecimento para a sociedade, principalmente para a parcela excluída do si'ste na econômico. O foco de atendo do Serpro, e de várias outras entidades que participam do Coep, é a educação, principalmente de crianças, jovens e adolescentes. É através deles que se fará a revolução cultural tão necessária à modificação do status quo. O prOjeto da biblioteca virtual é um exemplo? W. C -Entendemos que, hoje, as dificuldades enfrentadas pela sociedade brasileira são, em grande parte,fry.Ito de um total desconheci426

Na prática, de que maneira esse trabalho se reverte em beneficio para a população carente do Estado? W. C. - Sabemos que o Estado é pobre sob o ponto de vista da arrecadação de tributos, e, ainda, que nos programas de governo há milhares de frentes a serem atendidas. As metas traçadas, tanto pelo poder estadual quanto municipal, na maioria dos casos, não conseguem alcançar a dimensão do problema social existente. Como a demanda é grande e os recursos escassos, o trabalho do Coep é, de certa forma, complementar, principalmente no que diz respeito às entidades públicas, às fundações e autarquias. Todas têm que atuar de forma solidária, até porque movimentam recursos públicos e, nada mais justo, do que estimular o voluntariado, ou seja, as pessoas que integram essas entidades a investirem num esforço coletivo em prol da sociedade. Todos ganham. Ganha o Estado e ganha, especialmente, o objeto de nossa ação: a população marginalizada socialmente. É um movimento de solidariedade e de compreensão para um problema que, sem dúvida nenhuma, é responsabilidade do Estado. Mas é, também, um problema da sociedade como um todo e de cada um individualmente. O Coep cumpre esse papel de articular e estimular ações que façam Com que o cidadão, que pode, que tem emprego e salário, consiga participar IL atividades voltadas para aqueles que nada têm, marginalizados do processo social.

Diante desse dramático quadro de injustiça, sentimentos muito nobres afloram. O sucesso do Coep estará sempre centrado nas pessoas, nessa possibilidade de participação, de doação que todos sentem no instante em que doam apenas um real, dois reais ou um ticket refeição para a compra de uma cesta básica. A sensação de estar participando é inquestionavelmente muito positiva. Existem, ainda, ações mais tocantes quando as pessoas saem e vão ser instrutores, monitores, participantes na seleção de alimentos, de agasalhos. O Coep não existiria se não existissem pessoas estimuladas e motivadas, se não existissem organizações voltadas para os problemas sociais. Mas o sucesso maior virá no instante em que transformarmos essas ações de natureza assistencialista em ações de desenvolvimento social onde as pessoas comecem a descobrir alternativas para sobreviver sem precisar depender da ajuda de ninguém. p Coep faz com que projetos bem-sucedidos de outras empresas • sirvam de exemplo Para aquelas que não estão mobilizadas solidariamente neste importante trabalho de resgate social.

COEP - RIO DE JANEIRO mento. O código da escrita e, mais recentemente, p acesso às novas tecnologias que invadem a sociedade, modificando, inclusive, o seu comportamento, são conhecimentos imprescindíveis. Sem isso, não avançamos nem vamos passar do assistencialismo absoluto. Ou seja, iremos dar o peixe e não ensinaremos a pescar. Por isso, investimos no desenvolvimento social. Quala importância das ações e. - • , novas reflexões das entidades públicas e privadas no campo social? W. C. - Mostras o que as pessoas, motivadas e mobilizadas, podem fazer pelo seu próximo. O Coep faz com que projetos bem sucedidos de outras empresas sirvam de exemplo para aquelas que não estão mobilizadas solidariamente neste importante trabalho de resgate social. No Serpro, há uma disputa interna para saber quem faz mais na área social. Esse orgulho de estar trabalhando em prol do seu semelhante é muito importante. E o Coep difunde, entre as entidades participantes, as boas práticas, os grandes valores que estão embutidos dentro desses conceitos de solidariedade e dessa campanha tão forte idealizada pelo Betinho -há sete anos, quando ele, diante da situação de penúria nacional, a partir de sua indignação, deflagrou a Ação da Cidadania. Quais as perspectivas e os caminhos possíveis para ampliar esse trabalho? W. C. - O Coep é e pode ser, cada vez mais, um sucesso. Alguns fazem muito pouco, quantitativamente, mas fazem muito, do ponto de vista da qualidade, no momento em que tocam no coração das pessoas.

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Esse é o grande desafio? W. C. - É para isso que estamos trabalhando. As ações de base que o Coep-RJ escolheu, voltadas para a cultura e a disseminação do conhecimento, estão centradas nessa perspectiva. Procuramos colocar essas pessoas em contato com o conhecimento, cobrindo a defasagem que as marginaliza. Não temos dúvida de que a faltá de conhecimento, se não marginaliza o cidadão, não permite que ele se transforme num cidadão integro e participante do esforço produtivo da nação. Embora seja um projeto a longo prazo, temos a certeza de que é alavancador de ações Ilue promovem o desenvolvimento social, diminuindo cada vez mais a necessidade do assistencialismo. Da solidariedade jamais estaremos distantes pois a ação solidáfa pode se dar a cada minuto. Ações maravilhosas estão acontecendo no Brasil inteiro. Mas ainda é pouco Somos capazes de fazer muito mais. E faremos muito mais a partir do momento que todos despertem para a necessidade de construir um país mais cidadão. Integram o Coep RJ 1, Associação Beneficiente Rio Cidadã, Banco do Brasil, Banco do Nordes-, te, BNDES, CEF, Clube de Engenhar' a Comitê Rio, Comlurb, Comunidade Solidária, Conab, Conselho Coord. Ações Federais-RJ, Coppe, Correios, Dataprev, Defensoria Púb ica Geral do RJ, Eletrobrás, Eletronuclear, Emater-RI, Embrapa, Embratel Faculdade Carioca, Feema, Finep, Fiocruz, Fundação Roquette-Pinto, Furnas, Grupamento de Defesa Civil, Ibama, Ibase, IBGE, Mera, Inmetro, INSS, INT, Light, Petrobras, PNBE, RFFSA, Rio Voluntário, Secretaria Es adua! de Ciência e Tecnologia, Secretaria Estadual de Saúde, Secretar a Estadual de Habitação e Assuntos Fundiários, Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Secretaria Municipal de Habitação, Serpro, Telerj, UFRJ 428

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Da solidariedade jamais estaremos distantes, pois a ação solidária pode se dar a cada minuto. acontecendomaravilhosasAçõesestãonoBrasilinteiro.Masaindaépouco.Somoscapazesdefazermuitomais.

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Isso aconteceu em 1987. Hoje, 11 anos depois, está em pleno funcionamento a Casa do Menor Trabalhador - CNIT sob a condução e a orientação dela - a Imã Lúcia Montenegro -, pertencente à Congregação Associação São Vicente de Paulo, do Recife, Pernambuco, que doou o teueno para a construção da Casa, fundada em 1988, na Rua Presidente José Bento, 927, no bairro do Alecrim, Natal - RN. Sua fundadora orgulha-se de nunca ter deixado de receber uma só criança.

O que estaria acontecendo na vida daqueles meninos que, naquele horário, não estavam numa escola? Num primeiro movimento, levou-os para debaixo de uma frondosa mangueira e começou a transmitir àquelas einformaçõescriançaspedagógicasreligiosas.

Foi ai que teve a idéia de reuni-los para uma conversa. Os garotos se aproximaram Úmidos e cabisbaixos. Ela começou a dialogar e a fazer todas as perguntas que a deixavam intrigada. Eles foram se familiarizando e, pouco apouco, respondendo ao que lhes era perguntado: não estavam na escola porque os pais não tinham recursos para sustentar o seu aprendizado numa sala de aula; estavam sozinhos porque seus pais tinham de trabalhar, e como não tinham com quem ficar, perambulavam pelas ruas. Concluiu que se fosse dada alguma oportunidade para aqueles meninos, suas vidas poderiam mudar. E pensou: de que maneira posso participar dessa mudança? O que posso fazer para ajudá-los? Num primeiro movimento, levou-os para debaixo de uma frondosa mangueira e começou a transmitir àquelas crianças informações pedagógicas e religiosas.

E ra um dia qualquer. Debruçada sobre o peitoril da janela, ela observava as pessoas. Iam e vinham, de todos os tipos: estranhas, desconfiadas, sorridentes, jovens, velhos, crianças e adolescentes. Alguns acompanhados, outros sem ninguém. Mas aquelas crianças foram as que mais chamaram sua atenção: quem eram? Por que estavam .‘ sempre sozinhas, tristes e medrosas? Onde estavam seus pais? O que estaria acontecendo na vida daqueles meninos que, naquele horário, não estavam numa escola?

Onze anos depois a Casa do Menor Trabalhador acolhe, em média, 400 crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 18 anos que vivem nas ruas.

O trabalho solidário A proposta inicial consistiu em acolher meninos de rua e transformar, com sua própria participação, a realidade emIque viviam. Atualmente, são recebidas, em média, 400 crianças e adollescentes de ambos os sexos, na faixa etária de 6 a 18 anos. Alguns são meninos de rua que, hoje, estudam, aprendem um oficio e têm acompanhamento psicológico, assim como assistência odontológica, recreação e alimentação.

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Com o objetivo de atender ao menor carente, resgatando nas crianças o seu sentimento de cidadania e auto-estima, evitando que façam da rua o seu espaço de vida e de trabalho, a Casa proculra atraí-los através de escolarização, esporte e educação profissionalizante.

A CMT funciona em sistema de casa aberta, de segunda a sextafeira, das 7 às 17 h, oferecendo a todos novas oportunidades para o desenvolvimento e maior participação na sociedade. O trabalho estende-se à favela do Detran - Departamento de Trânsito do Estado do Rio Grande do Norte, de onde vem um bom número das famílias beneficiadas.

São 10 salas de aula; quadra de esportes; consultório odontológico; sala reversível, que às quartas-feiras funciona como capela e nos outros dias da semana é a sala onde as crianças assistem fitas de vídeo; oficina dos teares; padaria; pátio de recreação; biblioteca; marcenaria; oficina de vassoura; salas de trabalhos manuais e de sengrafia. O governo do estado assume as despesas com energia elétrica. As crianças têm direito a quatro refeições: café da manhã, lanche às 9h, almoço ao meio-dia e outro lanche às 16 h, horário em que retornam às suas casas.

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Todos que ingressam na Casa têm direito à escola - funcionando em dois turnos: manhã e tarde, cujos professores pertencem à rede pública estadual. Os que estudam pela manhã aprendem um ofício no turno da tarde, .e vice-versa. Aqueles que não participam das atividades realizadas nas diversas oficinas podem estar na recreação, no acompanhamento psicológico, jogando na quadra de esportes, realizando tratamento dentário, ou, ainda, na biblioteca.

O trabalho da Casa do Menor Trabalhador contribui para retirar crianças e adolescentes das ruas. Sua ação é preventiva, portanto, direcionada também à farrulia e à população favelada, reduzindo a deficiência alimentar, a violência e contribuindo para elevar a renda familiar. Aprendendo a ser e a fazer Muitas são as oficinas. Muitos são os parceiros. Muitos são os espaços de aprendizagem e de construção da cidadania. A padaria écomposta por amassadeira, balança, máquina divisora, modeladora, armários para repouso dos pães e forno, além de mesas de mármore para colocar as bandejas com pães retirados do forno. Forma seis padeiros a cada três meses. Os meninos mais velhos servem como instrutores para os novatos e todo o pão produzido é consumido pelasAcrianças. oficina dos teares funciona com dois teares elétricos e um manual. Possui duas turmas, uma pela manhã e outra à tarde. Cada turma é composta por quatro crianças, cujo aprendizado ocorre, em média, no prazo. de três meses. Elas aprendem a fazer o tecido de fio cru, que serve para a fabricação de redes, mantas, panos de prato e de chão. A cada quatro meses são adquiridos 300 kg de fios - matéria-prima para confecção dos tecidos. Todos que ingressam na Casa têm direito à escola e aprendem um oficio. Muitas são as oficinas. Muitos são os espaços de aprendizagém e de construção da cidadania.

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As crianças aprendem a fazer pintura em cartelas e fazem o trabalho de serigrafia nos panos de prato e de chão. Depois de prontos, os panos vão para a sala de meninasmanuais,trabalhosondeasaprendem a costurar, fazendo bainhas, crochê e bordados.

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Com o tecido confeccionado na oficina dos teares, na sala de acabamentos são cortadas as redes e feitas suas varandas de macramê. As meninas31 aprendem também a empunhar redes. Alérn desses trabalhos são produzidas as mantas. Toda a produção pode ser vendida na própria Casa do Menor Trabalhador, por unidade, ou é entregue no Centro de Turismo. A venda é revertida em prol da manutença.Jo da Casa.

Uma parte dessa produção é destinada 4 sala de serigrafia e outra parte vai para a sala de acabamento e/ou de trabalhos manuais. As crianças aprendem a fawr pintura em carteias e fazem o trabalho de serigrafia nos f 1' panos de prato e de chão. Depois de prontos„ os panos vão para a sala de trabalhos manuais, onde as meninas aprenderá à costurar, fazendo bainhas, . crochê e bordados.

Na marcenaria as crianças aprendem .a trabalhar com madeira, á fazer banquinhos, a recuperar carteiras e rdesas. Confeccionam também cabos de vassouras. Na oficina de vassou raS são produzidas, em média, 230 vassouras de piaçava por mês. Toda á produção é adquirida pelo Meios - Movimento de Integração e Orienfàção Social, órgão vinculado à Secretaria de Trabalho e Ação Social dó Rio Grande do Norte, que também compra a produção de panos de chão.

Para que as crianças tenham, futuramente, oportunidade de emprego - além de todo aparato para que não fiquem sem instrução e ofício, contam com o apoio de um supervisor dé ensino, três coordenadores de esporte, psicóloga, uma estagiária de psicologia, três assistentes sociais, médica especializada em clínica geral, que as atende uma vez por semana, e uma recread ora três vezes por semana.

Um outro projeto está em fase de implantação: a Oficina Educativa de Produção de Alimentos, cujo objetivo é ensinar as mães a trabalhar com alimentação alternativa, atentando para seu teor nutritivo e propiciando melhoria de qualidade da comida de seus filhos. A Oficina irá produzir alimentos alternativos para crianças, adolescentes e mães desnutridas, além de envolver as famílias mais carentes e vitimadas pelo desemprego na aprendizagem e produção desses alimentos.

Para que tudo isso aconteça a CMT conta com a efetiva contribuição de diversas instituições: Caixa Econômica Federal; Banco do Brasil, através da Fundação Banco do Brasil; Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Municipal de Promoção Social e Secretaria de Educação do Governo do Estado do RN, todas entidades pertencentes ao Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - RN. São, ainda, parceiros no projeto: Congregação Marista, Projeto Brasil CriançaCidadã, Amparo ao Menor Carente - Amencar, Unicef, Cáritas (Suíça), Instituto Ayrton Senna e a American Field Service - AFS.

Na marcenaria as crianças aprendem a trabalhar com madeira, a fazer banquinhos, a recuperar carteiras e mesas. vassouras.tambémConfeccionamcabosdeNaoficina de vassouras são produzidas, em média, 230 vassouras de pia çava por mês. 435

COEP - RIO GRANDE DO NORTE

anos, J. I. S. cursa a quinta série do primeiro grau numa escola pública, depois de cursar os quatro anos da Escola Fundamental do CMT. Participou de treinamentos nas oficinas e, posteriormente, foi encaminhado para uma empresa da cidade, onde trabalha comooffice-boye à noite est'uda. Sempre freqüenta a GMT, representando-a nos encontros de adolescentes promovidos pela Amencar, no Recife (PE).

Maria da Cruz Pereira, 42 anos, vive 1i1á 18 com um homem que exerce a profissão de limpador de carros. Quando bebe, bate na mulher1e nos filhos. Envolve-se em brigas, muitas vezes apartadas pelos filhos: "meus filhos permanecem o dia todo na Casa, permitindo meu trabalho fora. Recebem toda assistência, com destaque para a alimentação, cuja força vem.1da Padaria. Tenho mais segurança em sair para o trabalho sem deixá-los11 entregues à influência das ruas. Aqui, somos opentados para uma educação mais promissora. Confio no valor da aprendizagem dos meus filhos para amanhã poderem alcançar um lugar melhor na sociedade".

Geralda Augusta Alves da Silva, 25 anbs, casada, mãe de um aluno da primeira série, vem participando da vida da escola, demonstrando crescimento na sua vida pessoal e familiar': "A Casa ajuda a educar a criança e ensina aos pais a cumprir seu papel na educação dos filhos".

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Muitas histórias Quando A. I .C. chegou, vinha do bairró Dix-Sept-Rosado e tinha 13 anos de idade. Vendendo picolé e outros produtos procurava alternativas de sobrevivência nas ruas e feiras de Natal. Foi acolhido para os estudos e aprendizagem profissiorial. Fez um pequeno curso de bombeiro hidráulico. Hoje, com 24 anos, é funcionário da Casa, com múltiplas funções de confiança. Entre Hutras atividades, é vigia, almoxarife, encarregado da rede de água e esgoto e auxiliar de disciplina.Com16

Maria Lúcia, 39 anos, é separada e vive com um companheiro há quatro anos. Em Natal trabalha como empregada dóméstica: "Minha participação reflete os benefícios de uma escola maravilhosa que; a partir da alimentação, oferece tudo o que é necessário. Dou valor ao" trabalho da padaria, onde o pão é fabricado pelos próprios meninos. Agóra tenho tranqüilidade e segurança enquanto trabalho. Meus filhos ficam bem cuidados. Confio e espero que tenham um bom futuro. O mais velho é estudioso ejá faz a quarta série".

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André S. Cunha, 25 anos, é casado, pai de três filhos. Em Natal, conheceu a falsa liberdade das ruas. Estudou na Casa do Menor Trabalhador, onde hoje é funcionário: "A padaria é um reforço essencial para a alimentação das crianças, além de ensinarlhes um oficio. O sistema de trabalho ajuda a encarar a vida de modo diferente. Se a Casa continua melhorando, os benefícios ajudarão mais os alunos na descoberta de novos caminhos".

JOÃO ARNO CZERVENY

Presidente do Conselho Deliberativo do Coe p-RN Superintendente Estadual do Banco do Brasil - RN A dura realidade da seca aumenta a vontade de trabalhar Quando nos deparamos com situações tais como esta de seca no nosso estado, por exemplo, acomete-nos uma sensação de impotência diante das necessidades prementes e básicas do nosso homem do campo. A cada asilo, creche, ou similar, visitado acomete-nos essa sensação e a vontade de trabalhar mais e mais em prol dos menos favorecidos. 437

Fundadora e Dirigente da Casa do Menor Trabalhador Valiosos exemplos de cidadania Nesta determinação, firme e perseverante, de se empenharem pelo bem comum dos carentes, está um valioso exemplo de cidadania a ser seguido. Precisamos resgatar, nestas crianças e adolescentes empobrecidos, a consciência de sua dignidade, a sua auto-estima. Há obstáculos para essa realização no contexto de vida desses meninos, tanto pela realidade familiar, como pela comunitária, pela habitacional etc. Cidadania é um conjunto de condições da vida social que permite aos grupos e a cada um de seus membros atingir o pleno desenvolvimento.Aeducaçãopara a cidadania deve oferecer oportunidades para que a criança cresça na consciência de seus direitos, no exercício da participação, no envolvimento de ações que convergem para o bem comum da sua escola, de sua família e dela própria. Outro aspecto importante e imprescindível: a solidariedade da sociedade.Queas várias categorias sociais imitem os Comitês de Cidadania dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, dentre outras instituições. Seus membros crescem em valor e dignidade pessoal, enquanto aplicam suas energias e dinamismo na promoção de crianças e adolescentes carentes. Nesta determinação, firme e perseverante, de se empenharem pelo bem comum dos carentes, está um valioso exemplo de cidadania a ser seguido. O testemunho e as ações desses comitês promovem as crianças e superam a mentalidade individualista hoje difundida."

IRMÃDepoimentosLÚCIAMONTENEGRO

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MARIA CECÍLIA BUSSONI Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - RN O social integra empresas e comunidàdes Coep soma experiências desenvolvidas que podem se transformar em ações de solidariedade, integrando a comunidade às empresas públicas, através do social.

O Movimento de Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa é hoje uma realidade na empresa e nos diversos estados do nosso país e se reveste de muita importância, no que concerne ao trabalho dos que fazem a Caixa, voltado para a carência e a miséria de tantos brasileiros, buscando soluções para diminuir o analfabetismo, a fome, a doença, em suma, as condições subumanas dessa parcela da! população.

A Caixa tem sido parceira dos seus 'empregados nesta empreitada social Apoiamos o movimento dos seus etipregados através de doação de papeis inserviveis e material permanente, contribuindo com a viabilização de projetos, dentre eles o da Casa do Menor Trabalhador, que continu!1a em execução, atendendo a seus objetivos de Projeto Piloto do nosso estado. A união dos empregadoa e:o empenho das empresasacreditar na pessoa e se solidarizar com ela.- são essenciais para a continuaçaé do movimento.

Congregando várias entidades no seu papel de articulador, o Coep soma experiências desenvolvidas que podem se transformar em ações de solidariedade, integrando a comunidade às empresas públicas, através do social.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA A cada asilo, creche, ou similar, visitado cresce a vontade de trabalhar mais e mais em prol dos menos favorecidos. Assim é que as idéias nos surgem e estamos nos empenhando na expansão do Programa AABB-Comunidade no Rio Grande do Norte. Mas, sozinhos, não vamos a lugar nenhum. Partindo desse principio, buscamos envolver os colegas, incentivando a criação dos comitês de cidadania dos funcionários do Banco do Brasil, que doam valetiks para que as ações sejamObservamosefetivadas.os reflexos dessa participação junto ao corpo funcional, junto aos, clientes e, até mesmo, junto à própr a, imprensa. As realizações da nossa entidade na área de cidadania ;são muitas, notadamente, as ações dos comitês ke cidadania dos funcionários, qUei vão desde a assistência ao menor cárente, passam pelo amparo ao idósol,e chegam até o deficiente. A proposta é manter um trabalho de amparájàs vitimas da seca, objetivando evitar a reincidência de tal situação e diar alternativas para geração de emprego e renda para manter o homeiu rural em suas raízes.

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Mama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisSerpro-Serviço de Processamento de Dados Embratel Empresa Brasileira de Telecomunicações IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Incra - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Conab - Companhia Nacional de Abastecimento Fundac - Fundação de Amparo ao Adolescente e à Criança Emater - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Sebrae - Serviço de Apoio às Micro c Pequenas Empresas Infraero - Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária ETFRN - Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte SEMPS - Secretaria Municipal de Promoção Social Setas - Secretaria do Trabalho e Ação Social

DFA - Delegacia Federal de Agricultura UNP - Universidade Potiguar SECD - Secretaria Estadual de Educação é Desportos Secretaria Estadual de Saúde Ativa - Associação de Atividades de Valorização Social TELERN - Telecomunicações do Rio Grande do Norte Dataprev - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Fetarn - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do SudeneNorte- Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social BNB - Banco do Nordeste do Brasil Idec - Fundação Instituto do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte Senar - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Fórum Estadual de Ação da Cidadania Detran - Departamento Estadual de Trânsito Rio Grande do Norte Empam - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte Comitê da Cidadania dos Funcionários do Banco do Brasil 439

Lista das entidades associadas ao Coèp-RN BB - Banco do Brasil CEF - Caixa Econômica Federal ECT - Empresa de Correios e Telégrafos Petrobrás - Petróleo Brasileiro S.A.

RIOGOEP COMGRANDE

Desenvolvido por funcionários da empresa e por voluntários das comunidades, o programa se originou de um trabalho bem-sucedido de alfabetização destinado a carpinteiros, eletricistas, pintores. 443

V

anilda é uma doméstica de mais ou menos 40 anos. Negra, mãe solteira, sofreu na pele os preconceitos da cor, do analfabetismo, da falsa moralidade. Ao escrever seu nome pela primeira vez, com a ajuda da professora, esboçando um largo sorriso emocionada falou: - Aqui é Vanilda? Assim, com as letras, eu fico mais bonita. História relatada pela professora Simone Rosso. Foi assim, para mostrar a própria beleza a tantas Vanildas que povoam este país de sul a norte, que o Banco do Brasil criou, em janeiro de 1992,o Programa de Alfabetização de jovens e Adultos - o BB-Educar.Desenvolvido por funcionários da empresa e por voluntários das comunidades, o programa se originou de um trabalho bem -sucedido de alfabetização destinado a funcionários da carreira de serviços gerais: carpinteiros, eletricistas, pintores etc. Uma vez deflagrado, o BB-Educar começou a se expandir pelo Brasil inteiro, num processo que se valeu da extensa capilaridade da rede de agências existentes no Pais. Há cidades, pequenas e longínquas, que podemos nem saber onde ficam, mas lá há Banco e, mais do que Banco, existem grupos de alfabetização conduzindo muitas Vanildas à descoberta da própria beleza.

Inicialmente destinado a formar alfabetiza dores entre os funcionários do Banco do Brasil, com a redução ocorrida através dos planos de demissão voluntária e com a grande procura por parte de interessados da comunidade, BB-Educar abriu suas portas ao público externo. Atualmente, os funcionários do Banco são treinados para formar alfabetizadores, multiplicando, assim, o número de turmas. Em parceria com entidades públicas de capacitação para o trabalho, BB:Educar se tornou, em 1997 e 1998,0 programa de alfabetização com maior penetração em áreas rurais, onde mesmo as iniciativas do governo dificilmente conseguem chegar. Atraídos pelo chamado, milhares decida-

dãos brasileiros, em centenas de municíPios, vêm encontrando no Init • • -programa seu caminho para uma atuaçãd ! ciciada. O BB-Educar não exclui ninguém. Acolhe igualmente Mulheres e homens, jovens a partir de 14 anos e anciãos com mais de 80 anos: "Vou aprender a ler nem que seja para ler lá no céu", disse uma das tantas vovós-alunas favorecidas pelo programa. As empresas, instituições ou pessoas interessadas em participar fazem contato com o Banco que organiza os cursos de formação de alfabetizadores, sempre que houver um grupo de 24 pessoas inscritas. Os cursos têm a duração de cinco dias, com urna carga horária de 40 horas/ aula. Uma vez concluído o curso de alfabetizadores, é hora de elaborar um plano de ação que envolva a comunidade na viabilização das turmas.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Para constituir seu grupo de alunos, o alfabetizador faz contato com os comitês de cidadania, igrejas e clubes, ikssociações de moradores e empresas clientes, além de órgãos públicosIco município. Todo mundo é chamado a participar. Na cidade de Santa Vitória do Palmar a maioria dos alunos da turma que funcionou no prédio da Fundação Arnoni era formada por garis dispensados pela prefeitura em horário de expediente.

Quando vi os alunos todos sentados na sala do prefeito, tomando cafezinho, eretos, pernas cruzadas, a reivindicar luz para sua vila, senti urna emoção muito forte porque comparei com a postura deles meses atrás, ao chegarem para o início do curso, encolhidos.curvados, Letícia, Três Passos.

Em São Luís Gonzaga, o trabalho ganhou fOrça quando a juiza eleitoral, com o auxílio dos soldados do 4° RCB, chamOu os analfabetos para uma reunião no Ginásio de Esportes da cidade, a fun de incentivá-los ao estudo. Empresas da construção, como a Cofran de Santa Maria, vêm se revelando parceiras ao fornecer local e demais infra-estinitura para a realização dos cursos junto aos seus funcionários. Outra vertente de parceiros tem sido os líderes comunitários, como é ocaso de Marli, da Vila Pinto, em Porto Alegre, que reivindicou uma turma para as pessoas que fazem parte de uma cooperativa que estava se formando para abrir um galpão de reciclagem de lixo.

Revisitando Paulo Freire Chegam os alunos: domésticas, lixeiros, serventes e pedreiros, desempregados, cozinheiras, aposentados, faxineiras. Muitas mulheres, donas de casa, marias, mecânicos, joãos. Pintores de parede, padeiro, peão. Agricultores, carroceiros e gente da construção. Com todos os ingredientes dispostos, tem início o funcionamento das aulas. Por seis a oito meses, durante seis horas semanais, divididas em dois ou três dias, realizam-se os encontros da turma. Aqui inicia a melhor parte da história.

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Baseado nos pressupostos filosóficos-pedagógicos de Paulo Freire e na proposta da psicopedagoga Emilia Ferreiro, o programa busca em suas aulas mais do que simplesmente ensinar a leitura e a escrita. O que o BB-Educar procura é resgatar a cultura e a cidadania de seus alunos, através de um processo que parte sempre da realidade local. Não há uma cartilha préfabricada. A palavra utilizada na alfabetização - seja panela, tijolo ou mateé colhida em cada sala de aula, a partir do universo do aluno. Ele senta-se em círculo, virado para os colegas, pois cada um tem o que ensinar ao outro e ao próprio professor. Quanto ao planejamento das aulas, é elástico, aberto à interferência do momento e às criticas e sugestões do aluno. Outro elemento fundamental associado à didática é a descontração e a alegria, na hora do lanche ou através de jogos e canções, música, arte e amizade.

Jorge e Tapera.Elizabeth, 445

Uma vez deflagrado, o processo de interação propicia momentos os mais diversos. Os grupos integram-se, dividem conquistas, dificuldades e alegrias. Quando um falta o outro procura saber o motivo; aniversários são festejados; uma aluna perde o marido, que não aceita vê-la aprender a ler, alguns, envergonhados, desistem por causa das chacotas de parentes ou colegas de trabalho. Outros sentem-se um exemplo na comunidade pela coragem de enfrentar o analfabetismo. Assim, entre a força que leva à desistência e a que muitas vezes, sofridamente, conduz à superação, caminham alunos e professores, construindo as aulas do BB-Educar.

COEP - RIO GRANDE DO SUL

oatualmentequefreqüentasupletivorealizouseusonho.Umavezalfabetizado,conseguiucarteirademotorista.

Campanha de arrecadação de óculos, desfile no Sete de Setembro, oficinas paralelas para aprender a fazer pão, acolchoados, pintura em tecido, aquisição de carteiras de identidade novas onde apareça a assinatura do ex-analfabeto, passeios, palestras e visitas, tudo é um acréscimo às aulas, de Um aluno

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Para mim o estudo foi uma beleza. Eu estava na faxina do hospital e agora estou atendendo os pacientes, levando as refeições nos quartos. Estou até ganhando mais um pouco. Osvaidina,Vila Pinto.

Maria, de São Luiz Gonzaga, parou de suar frio e olhar para os lados quando está na fila do Banco, com medo de algum conhecido vêla carimbando o dedo no lugar do nome.

Assim, o BB-Educar vem construindo seu caminho e deixando pelas mais diferentes regiões do Brasil um rastro de cabeças erguidas e espinhas eretas. Em alguns ele firma a voz, faz brotar a coragem para reivindicar seu espaço. A outros, leva a possibilidade de se integrar ao país que existe para além dos guetos da cidade asfaltada.

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Paulo Sacerdote de Freitas, portador de ábio leporino, a partir das aulas trocou sua postura de solitário e cabisbaixo passando a encarar aqueles que o constrangem com brincadeiras hostis. Participa ativamente das aulas e agora luta para conseguir uma cirurgia.

acordo com a disponibilidade local. A meta, além de propiciar aos alunos a possibilidade da leitura e escrita e das quatro operações, é despertar sua vontade de continuar os estudos, integrando-se a cursos para níveis mais adiantados. E, principalmente, desenvolver rios alfabetizandos a consciência de seus direitos enquanto cidadãos. Elizabete Souza, 41 anos, contou ter lidourna história infantil para a filha e a sobrinha. Quando terminou, a filha pulava de contente: "A minha mãe sabe ler, a minha mãe sabe ler!"

EntrevistaEDEMARMOMBACHSuperintendenteEstadual

do Banco do Brasil no Rio Grande do Sul Presidente do Conselho Deliberativo do Coep no Estado Agarra de fazer e de aprender Em que medida o Banco do Brasil desenvolve atividades com objetivos comunitários? Edemar Mombach - O Banco do Brasil é uma instituição profundamente arraigada na vida da população brasileira, presente em boa parte dos municípios e em todos os momentos, desde os campeonatos de vôlei de praia, onde explode o vigor, na fisionomia saudável da juventude, aos instantes mais sofridos, como os das catástrofes. Dificilmente uma campanha de solidariedade, de cidadania, como a de enchentes ou das secas, acontece no País sem que o Banco mobilize seus funcionários e sua estrutura para abrir e manter a conta dos donativos. Se, por um lado, ele é detentor das contas correntes de pessoas e empresas, por outro, participa da carência daqueles que não possuem condições sequer de abrir uma conta ou assinar um cheque. Programas como o de alfabetização de adultos e os comitês de cidadania levam o Banco às vilas da periferia, às comunidades rurais, aos empregados da construção civil, a todos aqueles, enfim, que dificilmente chegariah aos nossos prédios, na praça principal da cidade. Qual a contribuição do Coep às ações desenvolvidas pelo Banco do Brasil? EM. -Pela extensão do que precisa ser feito em nosso país, em termos de ação social, não podemos desperdiçar recursos. É nessa medida que é relevante a troca de experiências que o Coep vem buscando propiciar às diversas entidades que o constituem. Através de um trabalho integrado e parceiro entre as instituições, os conhecimentos se multiplicam, aperfeiçoando a atuação e ampliando não só os benefícios, como também o público-alvo. Como se dá o engajamento do funcionalismo do Banco do Brasil nas ações de cidadania exercidas ,pela instituição? E.M. - O funcionalismo é que impulsiona as ações sociais do Banco, num trabalho abnegado que traduz a profunda ética e consciência social que sempre o caracterizou. Muitas vezes gerador das idéias que a instituição acolhe, é ele quem, no cotidiano, continua alimentando vários de nossos programas sociais Veja o caso, por exemplo, dos comitês de cidadania que já existiam em várias agências do Banco no Pais e Betinho não cansava de manifestar sua alegria pela maciça adesão dos funcionários do Banco do Brasil aos comitês de Programascidadania.como o de alfabetização de adultos e os comitês de cidadania levam o Banco às vilas da periferia, às comunidades rurais, aos empregados da construção civil, a todos aqueles, enfim, que dificilmente chegariam aos nossos prédios, na praça principal da cidade.

que pipocaram por todo o Brasil durante o auge da campanha do Betinho, na época em que foi abraçada pela mídia e virou uma espécie de benigna moda nacional. Houve uma criação recorde de comitês formados no Banco do Brasil, em todos os estados, em quase todas as cidades onde havia agências. Pois, ainda hoje, apesar da profunda mudança que vem ocorrendo nas condições de vida, muitos desses comitês continuam vivos e atuantes. Podemos citar o caso do comitê de Porto Alegre, que permanece arrecadando mensalmente entre os funcionários o suficiente para fornecer, entre outras contribuições, ranchos trimestrais a mais de 60 creches. Ao todo, em cada distribuição, são sete viagens de caminhão para os mais diversos pontos da periferia. São os funcionários que patrocinam e administram isso tudo.

O funcionalismo é que impulsiona as ações sociais do Banco, num trabalho abnegado que traduz a profunda ética e consciência social que sempre o caracterizou.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Qual o reflexo dessa Participação na entidade? E.M. - O reflexo é o da humanização, do exercício pleno da cidadania e da solidariedade, sempre presentes. Numa estrutura voltada para o aspecto financeiro, o crédito e débito, o lucro e a capitalização, essa ponte que o funcionalismo constrói representa no Banco a vertente solidaria. Quando se coloca no saguão um simples cartaz pedindo a doação de aros de óculos para os alunos do BB-Educar, por exemplo, elo :se estabelece. Da próxima vez que o cliente entrar na agência, procurar o funcionário não para apanhar seu talão de cheques, mas para trazer um aro usado ou mesmo perguntar onde existe uma turma do curso de alfabetização para onde ele poderia encaminlá: o porteiro do seu prédio que ele descobriu que é analfabeto. Seria possível fazer uma rápidai _ avaliaçao sobre as principais realizações do Banco do Brasil em termos áe cidadania? E.M. - Em uma de suas últimas entrevistas, Paulo Freire, o grande educad r brasileiro, declarou sobre nosso BB-Educar: Tenho a alegria de não ter morrido antes de poder dizer que esse é um projeto pelo qual vale a pena lu ar. Betinho, por outro lado, não cansava de manifestar sua alegria pe a maciça adesão dos nossos funcionários aos comitês de cidadania. Creje que a manifestação sobre os trabalhos que o Banco do Brasil vem desenvolvendo na área social de dois padrinhos reconhecidos mund almente, fala de uma maneira bem mais isenta sobre a questão. apenaspoderá

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Integram o Coép,R,S Banco do Brasil, Banco do Estado do Rio Grande do Sul/ Caixa Econômica Federal, Conab,. Delegacia Federal da Agricultura/RS, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,`Embrapa, Gabinete 'da Primeira Dama do Estado, IBGE, Incra, Infraero, INSS; Ministério Público do Rio Grande do Sul, Procon, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social e Setpro. Informalmente, participam ainda: Datáprev, Emater, UFRGS, CEEE, 'SESC, SENAI, Comitê Gaúcho de Ação da Cidadania e União dos Escoteiros do Brasil no Rio Grande do Sul. E quanto ao futuro, quais são os desafios do Banco do Brasil na área da cidadania? E.M. - Enquanto o Banco continuar sendo a instituição nacional que é, num país de tantas desigualdades como o nosso, continuará, certamente, pensan,-•.• do e atuando em prol dos menos favorecidos. Levar adiante e ampliar os programas e projetos que já desenvolvemos e incorporar novas idéias e novas frentes de trabalho é a seqüência do nosso desafio. Um desafio que, particularmente, nos envolve é o de aumentar o apoio às crianças e adolescentes carentes através do Programa Integração AABB-Comunidade..Através desse programa, as sedes de nossas associações atléticas, originalmente criadas para o la7Pr e o esporte do funcionalismo, abrem-se agora, também, para ieteber crianças carentes que ali vão " participar de atividades educativas, de apoio ao aprendizado escolar, icucativas e culturais, além de atendimento médico e odontológico. Penso que o presente que estamos ajudando a modificar para essas crianças representa um futuro melhor para todos nós como indivíduos e como sociedade.

Nosso desejo é o de que essasações, a exemplo de tantas que vêm serido desenvolvidas por muitas outras empresas, inspirem uma participação cada vez maior dos cidadãos e da" própria sociedade como um todo. Tenho a alegria de não ter morrido antes de poder dizer que esse é um projeto pelei qual vale a pena lutar. Freire

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Paulo

GOEP SANTA CATARINA

A Campanha Natal Solidário foi a atividade de maior alcance e maior número de beneficiários do Coep-SC, o quinto estado brasileiro a ter o seu Comitê. De acordo com os relatórios apresentados, foram 500 toneladas de alimentos, atendendo a cerca de 50.000 pessoas carentes, no primeiro ano de atividades do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida naquele estado.

semelhante,

Armazenamos alimentos até fevereiro. Com a Campanha, ampliamos nosso atendimento de 30 para 150 pessoas em , virtude da quantidade de alimentos em estoque. • Esperamos que outras campanhas aconteçam. Selma Domitila de Andrade. 453

Instalado em maio de 1997, com o objetivo de fazer com que os cidadãos catarinenses tenham acesso à cidadania, o Coep de Santa Catarina reuniu na sua fundação representantes de 48 entidades, federais, estaduais e municipais, com o propósito de articular e unificar ações e, com isso, possibilitar que a troca de experiências levasse ao desabrochar de novas idéias e projetos para favorecer o acesso das populações excluídas a bens e serviços. Estruturando-se em grupos de trabalho - Rede de Projetos, de Solidariedade e Bolsa de Projetos-, centralizou o foco de sua atuação na alfabetização de adultos, atendimento a crianças e adolecentes carentes, capacitação profissional, iedclagem e instalação de comitês municipais. Ainda em 1997, realizou com absoluto sucesso três grandes campanhas: Inverno Solidário; Campanha dos Brinquedos e Livros Infantis e Campanha Natal Solidário. A idéia do Natal Solidário foi apresentada pelo Presidente do Conselho Deliberativo, João Carlos Mattos, que vivenciou uma experiência com resultados extremamente positivos, na cidade de Londrina, Paraná, onde o Banco do Brasil liderou a campanha.

O primeiro passo para a sua concretização foi a convocação de uma reunião, em outubro de 1997, com a participação da Fundação Viva Vida, lncra, Caixa Econômica Federal - CEF, Banco do Brasil, Banco do Estado de Santa Catarina - Besc, Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, Policia Militar, Universidade Federal de Santa Catarina, Federação da Agri-

A participação na Campanha foi um ato de amor, caridade e ajuda ao próximo. A partir dela tudo ficou melhor.Agente ficou com um sorriso que há tempos não se via. As pessoas se sentem valorizadas e ficaM mais felizes. Precisamos ser mais unidos, colaborar com a União das Associações de Moradores. Que ocorram mais campanhas desse tipo para ajudar pessoas pobres como minha família.

Estevam V. de Souza, casado, pai de dois filhos, renda mensal de dois salários mínimos, da cidade de Cur tibanos. As próprias instituições manteriam articulações em suas comunidades com o objetivo de angariar a maior quantidade possível de alimentos e até direcionar o tipo de alimento necessitado. O grupo presente apoiou a idéia e outras reuniões se sucederam para definir os procedimentos da Campanha: obter relação das instituições assistenciais, legalmente constituídas em todo o Estado junto aos órgãos do governo; angariar prêmios que seriam rifados; produzir blocos de rifas; criar cartazes sobre a Campanha; definir quantidades de blocos e números a serem utilizados; solicitar junto à Secretaria da Fazenda autorização para legalizar a rifa; conseguir o patrocínio de uma empresa de marketing para divulgar a campanha na mídia; elaborar ofício para ser encaminhado a todas as entidades do Coep-SC,untamente com os blocos de rifas, contendo as instruções sobre a campanha, d elaborar planilha para controle dos blocos utilizados e quantidade de instituições a serem beneficiadas.

CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA

Conseguimos arrecadar 250 quilos de alimentos; que foram distribuídos entre 26 famílias da comunidade. Essa arrecadação foi feita através da troca de blocos de rifa por alimentos não perecíveis. Agora, estamos montando feiras de objetos usados a cada 15 dias com o objetivo de construir a sede da Associação. A comunidade está apoiando e participando do projeto. Após a construção da sede teremos cursos profissionalizantes para melhorar as condições de vida dos moradores de nosso bairro. Deoracélio Gomes dos Santos, eletricista, Presidente da Associação de Moradores da Nova Descoberta - Florianópolis.

cultura do Estado e Secretaria da Família. N ocasião, foi apresentada a idéia, que consistia em confeccionar blocos nunáIéricos para distribuir entre instituições assistenciais do Estado. Os blocos conteriam bilhetes concorrendo a prêmios. Cada bilhete seria trocado por cinco quilos de alimentos não perecíveis e o contribuinte concorreria a vários prêmios pela Loteria Federal.

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Procedimentos da Campanha: obter relação das assistenciaisinstituiçõeslegalmenteconstituídasemtodooestado;angariarprêmios;produzirblocosderifas;criarcartazes;solicitarjuntoàSecretariadaFazendaautorizaçãoparalegalizararifa;conseguiropatrocíniodeurnaempresademarketing.

A divulgação na mídia ocorreu através da gravação de VT pela empresa Quadra Publicidade, patrocinado pela Secretaria de Estado de Governo. Durante a Campanha, o Coep concedeu várias entrevistas e foram realizadas diversas reportagens.

Nos municípios, ocorreu intensa articulação entre as entidades do Coep para desencadear a campanha, que serviu, entre inúmeros outros pontos positivos,para estreitar relacionamentos. São 293 municípios em todo o Estado, dos quais apenas um não quis participar da Campanha. Sua coordenação foi dividida entre quatro entidades do Coep: Banco do Brasil (93 cidades), Besc (88), CEF (39) e Polícia Militar (73).

COEP - SANTA CATARINA No lançamento da Campanha participantecadalevou ao local alimentos não perecíveis - trezentos quilos - doados para a Instituição Lar Recanto do Carinho.

Diante do triste quadro de nossa realidade sócio-econômica, com elevado índice de pobreza e miserabilidade, atingindo muitas famílias, o CoepSC lança a Campanha Natal Solidário, que veio colaborar com 136 famílias para um Natal mais feliz, fortalecendo e mostrando a necessidade da Solidariedade Humana. Carta de agradecimento da Prefeitura de Porto Belo.

O lançamento da Campanha aconteceu em novembro, com a presença da imprensa - jornais, rádios e emissoras de TV - e entidades do Coep-SC. Na ocasião, cada participante levou ao local alimentos não perecíveis -300 quilos - doados para a Instituição Lar Recanto do Carinho, que dá assistência a crianças portadoras do vírus da Aids.

A distribuição das cidades, para que as entidades fizessem a coordenação da Campanha, deu-se após negociação entre as partes, levando-se em consideração a capilaridade e disponibilidades destas. Não havia, na ocasião, um banco de dados contendo todas as instituições 455

Definiu-se que cada bilhete seria trocado por cinco quilos de alimentos não perecíveis, pelas próprias instituições assistenciais e que um terço dos blocos seria trocado pelas entidades do Coep para atender a comunidades carentes de seu conhecimento. O Banco do Estado de Santa Catarina-Besc doou a impressão de 4.500 cartazes e 6.500 blocos de rifa nas séries A, B, C, D.e E, conforme definidos em reunião. Os prêmios foram doados pelas seguintes entidades: Fundação Viva Vida (um computador Pentium 266 MMX, cinco geladeiras, cinco videocassetes, cinco televisores, cinco bicidetas) e o Comitê de Cidadania dos Funcionários do Banco do Brasil (quatro microcomputadores Pentium 233 MMX).

Embora não se tenha conseguido trocar todos os bilhetes por alimentos, a Campanha marcou um novo e importante momento na história das ações solidárias em Santa Catarina.

Para simbolizar a totalidade de alimentos arrecadados no Estado, foram entregues quatro toneladas de alimentos às comunidades carentes de Florianópolis. Os ganhadores receberam em seus municípios todos os 25 prêmios sorteados pela Loteria Federal.

assistenciais do Estado. A solução foi adaptar o enfoque de distribuição de blocos, que foram encaminhados aos municípios em quantidade proporcional à população existente: até 10 rnilÉabitantes, 10 blocos, entre 10 e 50 mil, 15; entre 50 e 100 mil, 60 blocos e; acima de 100 mil, 150 blocos.

Apesar do êxito da Campanha, algumas gificuldades foram encontradas, tais como: divulgação gratuita da' Campanha na rede de televisão (concorria com propagandas de Natal); transporte gratuito dos prêmios aos municípios ganhadores; devolução dos blocos e canhotos de rifas, bem como os relatórios. Por ser período de férias, alguns representantes técnicos viajarani le não concluíram seus relatórios em tempo hábil, o que dificultou a apuração dos ganhadores e divulgação para a imprensa.

456

O encerramento da Campanha ocorreu em 23 de dezembro, também com a participação da mídia e de entidades do Coep. Para simbolizar a totalidade de alimentos arrecadados no Estado, foram entregues quatro toneladas de alimentos às comunidades carentes de Florianópolis: Centro Vivencial Caminho dk Redenção; Comunidade do Rio Vermelho; Desafio Jovem - Centro de Recuperação de Drogados; Bairro Areias do Campeche e Bairro Ponta do Leal. Os ganhadores receberam em seus municípios todos os 25 prêmios sorteados pela Loteria Federal, através das entidades que coordenaram a Campanha. Na cidades de Cunha Porã, por exemplo, um computador e uma televisão foram entregues pelo Banco do Brasil por ter sido a entidade coordenadora na distribuição de blocos.

Anita Pereira, viúva, três filhos, com renda mensal de um salário, da cidade de Curitibanos.

Participar da Campanha Natal Solidário foi um ato de solidariedade.

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Conseguimos ter um Natal mais feliz. Tudo' o que queremos é um mundo e uma vida melhor.

JOÃOEntrevistaCARLOS DE MATFOS Presidente Deliberativo do "IncentivamosCoep-SC a criação de Coeps municipais" São 52 públicasempresas,eprivadas, que se reúnem quinzenalmente. Neste fórum, são feitos os relatos das ações de cidadania de cada entidade participante e também medidas são articuladas para atingirmos metas e diretrizes. Algumas das entidades participam com recursos para alavancar ações, e outras com disponibilização de mão-de-obra.

Quais as diretrizes do Coep-SC?

João Carlos Mattos - Promover o acesso a bens e serviços para as populações excluídas, incentivar ações locais integradas de desenvolvimento auto-sustentável e propor e viabilizar formas alternativas de geração de emprego e renda. O Coep-SC está conseguindo cumprir as diretrizes estabelecidas em seu Jplanejamento?.C.M-

Sim, através de parcerias com as empresas que participam do Coep, seja nos grupos de trabalho, nas campanhas e outras ações desse Comitê, como também no âmbito de suas dependências, contribuindo para um resultado expressivo no estado: Como exemplo, podemos citar os trabalhos desenvolvidos pelos Comitês de Cidadania dos funcionários do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrosul, Companhia Catarinense de Água e Saneamento - Casan, Centrais Elétricas de Santa Catarina - Celesc, que, através de doações espontâneas em espécie, vale-refeição e venda de papel sucata, conseguem manter creches, oferecer cursos profissionali7alltes, doação de cestas básica, aquisição de equipamentos, materiais de construção e muitas outras ações relevantes nessa área. Que tipo de ações sociais vêm sendo desenvolvidas para integrar as populações excluídas à sua comunidade? J.C.M -O Coep-SC já coordenou três campanhas: Inverno Solidário, em 1997, com 50.000 peças arrecadadas; Campanha de Brinquedos e Livros Infantis, com 6.000 crianças atendidas, e Campanha Natal Solidário/ 97, com a arrecadação de 500 toneladas de alimentos não perecíveis, que,beneficiaram instituições assistenciais e comunidades carentes em todos os municípios do Estado. Destacamos, ainda, entre outras ações: Programa de Alfabetização BB - Educar, na cidade de Florianópolis; cursos profissionalizantes de marcenaria, pintura de tecido, música, corte-costura, cabeleireiro e manicure; implantação de hortas, armazéns e padarias comunitárias; trabalhos de prevenção sobre Aids, drogas e educação sexual; trabalho de divulgação sobre educação ambiental; programa de profissionalização do menor carente e ações de saúde e educação nos municípios onde existem projetos de assentamento (Passos Maia, Friburgo e Bela Vista do Toldo). Como poderiam ser avaliadas as principais realizações da entidade na área social? 457

Integram o Coep de Santa Catarina AFLOV, Associação Catarinense de Imprensa, Associação dos Aposentados da Universidade Federal de Santa Catarina, Associação dos Moradores do Parque Residencial Floresta, Badesc, Banco do Brasil, BRDE, Casan, Ceasa, CEF, Celesc, CES, Cidasc, Codesc, Conab, Conselho Estadual de Assistência Social, Conselho Estadual do Idoso, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolêncente, Conselho Regeional de Nutricionistas - 2" Região, Conselho Regional de Assiste-ntes. Sociais, Dataprev, Delegacia Federal. de Agricultura, DIPEG, DRSenac, Editora Jornal "O Estado", Eletrosul, Embratel, Epagri, Fampesc, Funai-Chapecó, Funai-Curitiba, Fundação Viva Vida, Grupo RBS, lhama, Incra, Infraero, INSS, Ocesc, Polícia Militar de SC, PP/PX Clube da Grande Florianópolis, Prefeitura Municipal de Florianópolis, Sebrae, Secretaria Estadual de Educação-Diretoria de Ações Integradas, Secretaria Estadual de Educação - Ensino Supletivo, Secretaria Estadual do Desenvolvimento Social e da Família, Senar, Sopro, Sistema Financeiro BESC, UFSC. "ST 458

Contagiamos, espalhamos a vontade de participar, fazer algo pela comunidade e não esperar somente que o Governo faça sua parte sozinho. Incentivamos a criação de Coeps municipais.

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Quantas empresas fazem parte do Coep-SC e de que forma elas se articulam para viabilizar os projetos? J.C.M - São 52 empresas, públicas e privadas, que se reúnem quinzenalmente. Neste fórum, são feitos os relatos das ações de cidadania de cada entidade participante e também medidas são articuladas para atingirmos metas e diretrizes. Algumas das entiQuais os desafios para o futuro?I J.C.M - Articular ações que venham garantir, emprego e renda entre as cornunidades carentes; interagir com as ent dades participantes; manter constândia nos objetivos e, principalmente, aumentar a participação da sociedade; na luta contra a miséria e r por mores condições de vida.

demos dizer que contagiamos, espalhamos a vontade de participar, de fazer algo pela sua comunidade e não esperar somente que o Governo faça sua parte sozinho. Incentivamos a criação de Coeps municipais. dades peticipam com recursos para alavancar ações, e outras com disponibilização de mão-de-obra. Na Campanha Natal Solidário, por exemplo, foram reCursos financeiros de empresas do comitê de Cidadania que viabilizaram a aquisição dos 25 prêmioscomputadores, refrigeradores, televisores, videocassetes e bicicletas, sorteados entre os contribuintes de alimentos na Campanha, além de serviços gráficos com impressão de 325.000 bilhetes de rifa e 4.500 cartazes.

1,1

J.C.M - De forma bastante positiva. Temos credibilidade na mídia e na sociedade como um todo. Nossas campanhas serviram para integrar diversos segmentos da sociedade, unindo-os no mesmo propósito. Po-

SÃOGOEP PAULO

O Projeto funciona das 14:00 h às 19:00 h, de terça-feira a sextafeira e conta com 221 crianças com participação freqüente. Em 1997, além dos 221 participantes assíduos, somaram-se cerca de 330 que participaram algumas vezes.

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Além disso, com a consolidação do Projeto, disseminou-se entre os1menores em situação de rua, que perambulam pela Lapa e bairros próximos (Pompéia, Perdizes, Barra Funda e Centro), a informação da existência de espaço de atividades e atendimento a esses visitantes na Estação Ciência. Esse conjunto de circunstâncias propiciá a chegada espontânea de 1crianças e adolescentes, que permanecem potwas horas ou até um período inteiro junto aos educadores, participando de 4ividades de arte e educação ou, simplesmente, utilizando o computador ou folheando um livro.

A dificuldade de obtenção do nome - Muitos se apresentam com tantos nomes diferentes quanto as diversas vezes que comparecem - e de outros dados pessoais como idade, condição de moradia - rua ou ,não-rua, se estuda ou não, é decorrente, serh dúvida, das características• de vida dessas crianças, que pressupõem vigilância e excessivo cuidado no trato com desconhecidos - no caso, os educadores - em um primeiro momento e uma desconfiança com relaçãci á abordagens diretas sobre suas vidas. Em conseqüência, cria-se a impossibilidade de obtenção de dados mais substanciais com relação a asa massa de menores que1 participaram esporadicamente das atividades.

. Cerca de 17,5% dos menores desconhece a data de nascimento e não têm nenhum parente ou outro adulto que posa dar essa informação. Entre os freqüentadores assíduos do espaço, os nieninos são maioria, cerca de 75%. De todos os menores atendidos, 35% viVem efetivamente nas ruas. Do total de menores, somente 25% estão matriculados em alguma escola.

Incentivando, de forma lúdica e interativa, o contato das crianças não alfabetizadas com a leitura, a escrita, a arte e a ciência, o prazer é intrínseco ao processo de aprendizagem.

464

1.1

465

Trabalhar com criançan adolescentes em situação de rua é um grande desafio. Desafio em todos os sentidos, desde o primeiro contato até o estabelecimento do vínculo e a relação de confiança. Somente após um longo processo, vem a busca de resultados positivos, tanto com relação a aspectos individuais como a aspectos relativos às políticas públicas e sociais. É necessário ser paciente. Construir um processo e não esperar resultados e sucessos a curto prazo, pois, com certeza, a sensação de impotência e de incapacidade pode chegar e dominar. Como exemplo, vivenciamos um caso que retrata de maneira clara as dificuldades encontradas quando se trabalha com crianças excluídas. Atendemos, desde 1996, a um adolescente que mora na rua „Construímos todas as etapas de um trabalho sócio-educativo, desde o despertar de sua auto-estima. Atingimos o momento principal, o momento dele próprio perceber a importância de reverter sua história de vida. Nesta fase atingimos concomitan temente o momento mais difícil enquanto educadoras de conseguir efetivos e ode superar as barreiras institucionais existentes. A escola não podia efetivar a matrícula pois o garoto não possuía De todos os menores atendidos, 35% vivem nas ruas. A maioria75% - não freqüenta ou jamais freqüentou a escola, apresentando grande curiosidade pelas experiências e exposições da Estação Ciência.

encaminhamentos

COEP - SÃO PAULO

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Maria Cecilia Toloza de Oliveira e Costa, educadora - agosto/ 98

responsável legal e o curso profissionalizante exigia estar estudando, como critério para matrícula além de uni endereço fixo de moradia. Os critérios exigidos pelas instituições de apoio, na maioria das vezes, impossibilitam a inclusão social desses meninos e meninas. Enfim, são desafios eternos e constantes, que existirão sempre.

Nas atividades coletivas, a utilização de jogos como estratégia para um primeiro contato com o computadoruma máquina e vários jogadores -, propicia a sociabilização, a colocação de limites, o respeito ao outro e a auto-estima.

O importante é considerar os indicadores de resultados que você traça. Considero extremamente positivo um menino que passa o dia na rua organizar o seu tempo para garantir a iiermanência em um espaço educativo, buscando novos conhecimentos, noHias informações. Conviver com essas crianças é gratificante. Na relação estabelecida com as crianças, nós, educadores aprendemos a vencer desafios e a conviver com a terrível realidade da exclusão social.

O grande mérito do projeto, além de ter sido e estar sendo continuamente construído pelos participantes, é o de servir como um canal de escuta e "guarda" da memória dos meninos e meninas. Isso se traduz no "insistente" retorno e nos incontáveis arquivos de desenhos, textos, rabiscos e estórias deixados "para guarda", algumas vezes refeitos e outras vezes nem lembrados por eles. Talvez seja por esses "guardados" que o projeto tenha significado para essas crianças e adolescentes.

Dirce Maria Freitas Pranzetti, educadora - agosto/ 98. 466

Qual a importância do Coep para a abertura de novas reflexões e ações no campo social, na área de integração comunitária e responsabilidade social da entidade?

V.T.L. -O envolvimento das empresas que compõem o Coep na solução, mesmo que parcial, das desigualdades sociais existentes contribui com uma sinergia multiplicadora, incentivando a participação de outras empresas. A apresentação de balanços sociais é um exemplo: através da explicitação de resultados quantitativos nesta áreadesde doações de papéis inserviveis e empregabilidade para portadores de deficiência até a educação de crianças de rua e a alfabetização de adultos, têm-se demonstrado inúmeras ações inovadoras e de sucesso. E os desafios para o futuro...

V.T.L. - Consolidar a consciência coletiva das organizações, que todos somos empresas-cidadãs e que estas ações podem integrar permanentemente as práticas empresariais é o grande desafio para o próximo século.

"Incentivamos a criação de Coep's municipais" Quando o empregado se envolve em ações sociais e comunitárias, desenvolve a dimensão de sua espiritualidade- sua relação com o outro, com a sociedade, com o mundo, fortalecerconsciênciaconseqüentemente,expandindo,adecidadania.Aculturadaorganizaçãoevoluijunto:ofoconoclienteéconsolidadoeosvaloreséticosesociaisdesenvolvidospassamaasrelaçõesinternas.

Vânia Telma Lacerda - É muito importante. Mais recentemente as empresas brasileiras ,çómeçaram a despertar para a consciência comunitária e sua responsabilidade social. Passaram a assumir uma postura de "empresa-cidadã". Nós, as empresas públicas, temos este compromisso de uma forma mais inerente à atividade primordial, e na CEF esse foco integra, inclusive, a nossa missão. Somos uma instituição financeira dedicada a promover a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Qual a importância do envolvimento dos empregados em projetos ligados à cidadania e os reflexos desta participação na entidade (valores, cultura, imagem etc.)?

V.T.L.-Quando o empregado se envolve em ações sociais e comunitárias, ele está desenvolvendo a dimensão de sua espiritualidade - sua relação com o outro, com a sociedade, com o mundo, expandindo, conseqüentemente, sua consciência de cidadania. Logicamente, a cultura da organização evolui junto: o foco no cliente é consolidado e os valores éticos e sociais desenvolvidos passam a fortalecer as relações internas. Isso se reflete nos elos com o mercado, fixando uma imagem institucional de uma empresa preocupada com a solução de problemas que afetam a toda sociedade. Qual a avaliação sobre as principais realizações da entidade nessa área (pioneirismo, inovação, sucesso etc)?

467

EntrevistaVÂNIATELMA LACERDA DE SOUZA Presidente do Conselho Deliberativo do Coep - São Paulo

Integram o Coe p-SP Banco do Brasil, BNDES, CEF, CESP, COHAB-BD, Congás, Conab Campinas, Conab-SP, Dataznec, Dataprev, Enzbrapa-CNPMA, Fetrabalho, Furnas, Funai, Fundação Mata Atlântica, lbanza, Imes, Incra,Infraero, Instituto Coop. Associativismo, OAB, Petrobras, Sabesp, Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Secretaria Estadual da Fazenda, Secretaria Estadual da justiça e Defesa da Cidadania, Secretaria Estadual dos Negócios de Esportes e Turismo, Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, Secretaria Municipal de Habitação, Serpro, Sesc Carmo, Unicamp, USP-Faculdade de Saúde Pública.

468

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O envolvimento das empresas que compõem o Coep na solução, mesmo que parcial, das desigualdades sociais existentes, contribui com uma sinergia multiplicadora, incentivando a participação de outras empresas.

Anexos

ANEXOS m 'convite sas ,empresas -publicas Rio de Janeiro, 18 de maio de 1993.

2. Haverá espaço na sala de reunião para que Presidente da Empresa possa se fazer acompanhar de alguns de seus colaboradores envolvidos na questão. 471

Senhor Presidente, O Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, enquanto integrante da ação da cidadania contra a fome, miséria e pela vida vem convocar Vossa Senhoria, para em nome da empresa que dirige, participar de Reunião de Trabalho dia 28/05/93, às 10h na sede do Fórum, Avenida Pasteur 250/2° andar, cujo tema será: "A Inserção da Empresa Estatal na Ação de Combate à Fome e à Miséria". A reunião terá a seguinte pauta: Abertura dos ApresentaçãotrabalhosdeHerbert de Souza sobre a ação da cidadania contra fome, à miséria e pela vida, o Conselho de Segurança Alimentar e o Programa de Combate à Fome do Governo. Exposição e debate de idéias e propostas sobre a participação das empresas. Criação de mecanismo voltado para troca de experiências entre empresas e para viabilizar ações e formação de parcerias. Como decorrência da reunião será promovido novo evento, em aproximadamente.um mês, onde as empresas estatais apresentarão seus programas de ação, em reunião para a qual será convidado o Exmo. Sr. Presidente da República. Certos de contar com sua presença e com participação da empresa que dirige,Atenciosamente,HerbertdeSouzaSecretário-Executivo

- 1BASE Luis Pinguelli Rpsa Coordenador do Fórum de Ciência e Cultura - UFRJ PS.1 Agradeceríamos a confirmação de sua presença com Carmen no telefone (286-6161)

473

As recomendações visam a ampliar o engajamento de todos os órgãos e entidades .cla administração pública de forma ainda mais efetiva no combate à exclusão social, implementando ações no âmbito de suas missões específicas e pela adoção de novas práticas administrativas.

Trecho de correspondência da Secretária-Executiva da Comunidade Solidária, Anna Maria Peliano, para o Secretário-Executivo do Coep, André Spitz, encaminhando as Recomendações da Câmara Social.

A recomendação da Câmara Social trata de incentivar que todo setor público realize ações que já vêm sendo implementadas por entidades do Coep. A iniciativa da recomendação foi do Comunidade Solidária e teve o "Coep como inspiração e motivação.

ANEXOS

Resolução da Câmara Social Brasília, 04 de novembro de 1997.

Senhor Secretário-Executivo, É com grande satisfação que encaminho ao Coep, Secretaria-Executiva e Entidàdes Associadas, as Recomendações da Câmara Social do Governo Federal endereçadas a todas as Entidades Públicas.

A Câmara Social tem por objetivo formular .políticas, estabelecer diretrizes, aprovar e acompanhar os programas a serem implementados no âmbito das matérias relacionadas à área social do" Governo Federal. A Câmara é integrada pelos seguintes Ministros de Estado: Chefe da Casa Civil da Presidência da República (Presidente); Previdência e Assistência Social; Saúde; Trabalho; Planejamento e Orçamento; Justiça; Fazenda; Educação e do Desporto; Agricultura e Abastecimento; Cultura; Extraordinário dos Esportes e Extraordinário de Políticas Fundiárias.

2. No bojo desse esforço nacional, acredita-se que todos os órgãos e as entidades da administração pública têm sua parte de responsabil dade, principalmente apoiando as ações do Comunidade Solidária, implementando ações no âmbito de suas missões específicas, adotando práticas admi-,1nistrativas que gerem trabalho e apoiem o combate à fome e g Miséria.

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474

RECOMENDAÇÕES AOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

1. O combate à fome e à miséria constitui prioridade nacional. N sse sentido, o Governo Federal, por meio do Comunidade Solidária, implementou um novo modo de enfrentar a pobreza e a exclusão social no Brasil buscando a participação de todos. O seu objetivo é mobilizar esforços disponíveis no Governo e na Sociedade para melhorar a !qualidade de vida dos segmentos mais pobres da população.

13. O apoio às medidas elencadas, bem como a recomendação d ,sua adoção por todos os órgãos e entidades da administração pública ¡ampliará o efeito das iniciativas que já vêm sendo realizadas por uni conjunto de entidades públicas, algumas das quais reunidas no Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep e significará pôr em prática o efetivo engajamento do setor estatal no combat à fome e à miséria no País. Assim, propõe-se: incentivar a contratação de micro e pequenas empresa ein licitações para aquisição de bens e serviços pelas entidade através de racionalização das práticas administrativas e gerenciars;respeitadas as normas fortalecerlegais;aparceria Estado e comunidades carentes no nível local,I .apoiando a geração de trabalho e renda e formas associativas de produção, inclusive como prestadoras de serviços paia a própria entidade pública, de acordo com a legislação vigente. Pard tanto, deve-se incentivar a capacitação profissional da comunidade, e garantir visibilidade e ampla divulgação dos resultados obtidos; estimular as parcerias entre as entidades, estados le municípios voltadas para o fortalecimento da saúde e do ensino públ.co, em áreas carentes, através do apoio a escolas e unidades de saúde dtiblica; fomentar a absorção de mão-de-obra de pessoas portadoraS de necessidades especiais, promovendo sua integração no mercado ,cle trabalho; incentivar a doação de bens móveis a comunidades carent s, na medida das possibilidades da entidade e através de projetos de natureza social, com a participação do poder público e da comunidade locál, exercendo controle posterior sobre a adequada aplicação do material doado; e,

4. Julgamos que o atendimento desta recomendação poderá tornar-se importante referencial estimulador que incremente a ação social dos órgãos e entidades públicas, com reflexos multiplicadores em outras instâncias da atividade pública e privada. Uma atuação decidida de órgãos e entidades públicas na área social vem ao encontro da necessidade de alçar o bem-estar social aos níveis do desenvolvimento econômico. 475

ANEXOS

apoiar a alocação de recursos de publicidade e patrocínio para ações de combate à fome e à miséria e para projetos de natureza social voltados para comunidades carentes, em particular os considerados prioritários pelo Comunidade Solidária. A implementação dessas ações implicaria o desencadeamento de uma saudável transformação da cultura das entidades, possibilitando novas formas de atuação.

Quando crescer quero ser médico, astronauta, funcionário... 179 Conhecer e aprender para poder transmitir 199 Um projeto inédito. Uma nova cultura 225 Fornecendo energia e construindo cidadania 261

Frutificam as sementes do Amanhã 111 maior capital de uma nação é o trabalho 149 Portas abertas para o mundo do trabalho 161

Índice por área de atuação

Fornecendo energia e construindo cidadania 261 Consciência coletiva de proteção ao trabalho 295 Festa, encontro, fraternidade e esperança 451

Abastecimento de Água e Irrigação Um oásis no semi-árido 285 Transformando o petróleo em água 319

Cooperativismo mapa do emprego e da produção 43 Um Nordeste de vanguarda 55

Campanhas A loteria que tem como maior prêmio a esperança 79

Novos tempos para antigos tesouros culturais 303 Mãos que tramam o futuro 327 Construir o futuro em oficinas de computação pessoal 339 salto de quem não tem mais nada a perder 395 Alianças institucionais transformam sonho em realidade 407 mais belo fruto de uma frondosa mangueira 429 Um simples clicar pode mudar o canal da vida 459

Atendimento à Terceira Idade despertar para a própria vida 383

Capacitação Profissional Educar para o trabalho 97

Um pais que faz essas coisas não vai desaparecer nunca 251

Desenvolvimento Rural Antes nada existia, hoje se cultiva cidadania 33 Tecnologia que planta os pés na terra 87

Realizando o sonho de crescer cidadão 185 A vida desenhada em outros horizontes 215 Um projeto inédito. Uma nova cultura 225

O mais belo fruto de uma frondosa mangueira 429 Na vida das letras cresce um povo bonito 441 Um simples clicar pode mudar o canal da vida 459

O maior capital de uma nação é o trabalho 149 Vontade política, mobilização e desenvolvimento social 239

Crédito Popular Novos conceitos 67 Trabalho, mercado... e asas para voar 367

Isto não é história de pescador 275 Capacitando o homem a conviver com a seca 353 Alianças institucionais transformam sonho em realidade 407 Aprendendo nos games da vida 419

Frutificam as sementes do amanhã 111

Um oásis no semi-árido 285 Consciência coletiva de proteção ao trabalho 295 Mãos que tramam o futuro 327 Educação Educar para o trabalho 97 Parcerias para enfrentar o analfabetismo 124

Um pais que faz essas coisas não vai desaparecer nunca 251

Enfrentamento da Seca Alternativas para o desenvolvimento 105 Cabra nossa de cada diaS 207 Isto não é história de pescador 275 Um oásis no semi-árido 285 Capacitando o homem a conviver com a seca 353 O salto de quem não tem mais nada a perder 395

Cultura do ouro branco colorindo o futuro 137 A imensa e frágil luz do Brasil rural 169 Cabra nossa de cada dia 207

Portas abertas para o mundo do trabalho 161

Tecnologia que planta os pés na terra 87

Mobilização Social Onde moras 43

Rede de informações desenha o mapa da seca 401 Geração de Trabalho e Renda Antes nada existia, hoje se cultiva cidadania 33

Aprendendo nos games da vida 419 Festa, encontro, fraternidade e esperança 451 Programas Multissetoriais Antes nada existia, hoje se cultiva cidadania 33 Um Nordeste de vanguarda 55 Novos conceitos 67 Alternativas para o desenvolvimento 105 Tecendo uma rede de solidaried'ade 129

Capacitando o homem a conviver com a seca 353 Trabalhando parcerias 363 Segurança Alimentar Cultura do ouro branco colorindo o futuro 137

Fornecendo energia e construindo cidadania 261 Menor desigualdade, maior justiça social 313

Um pais que faz essas coisas não vai desaparecer nunca 251 Santa colheita em terras devolutas 377

Frutificam as sementes do Amanhã 111 Cultura do ouro branco colorindo o futuro 137

Rede de informações desenha o mapa da seca 401

O mapa do emprego e da produção 43

O maior capital de uma nação é o trabalho 149 A imensa e frágil luz do Brasil rural 169 Cabra nossa de cada dia 207 Vontade política, mobilização e desenvolvimento social 239 Novos tempos para antigos tesouros culturais 303 Trabalho, mercado.., e asas para voar 367

A loteria que tem como maior prêmio a esperança 79 A vida desenhada em outros horizontes 215

Um Nordeste de vanguarda 55

Habitação Onde moras 43

em/3n oBancado J2‘ BANCODOBRASIL Nordeste CNPq Higgrget°Co LCli? 550 Fralc+.0 FURNAS hOCRUZEfetrobrási, Cerr e kg2 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DEMNVOMNENCOABASTECIMENTODOSECRETÁRIADERURAL -› r P89.— Lltil CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA Empresas que integram e mantém o Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania

O Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania - Oficina Social, avança na proposta de ação do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida - Coep.

Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania

Seus princípios básicos não deixam margem a dúvidas: Desenvolvimento humano SustentabilidadeSuperaçãodaexclusãoEqüidadeImpactoInovaçãoEnvolvimentoinstitucional,

Os núcleos - Trabalho, Cidadania, Desenvolvimento Local Sustentável e Desenvolvimento Rural -, campo fértil onde as atividades se desenvolvem, são os responsáveis pelas experiências que se multiplicam pais afora.

de usuários e público-alvo O Conselho Deliberativo, órgão máximo de decisão, é composto por entidades, públicas e privadas, que se associam com o objetivo de: Alavancar apoio a projetos de combate à pobreza e resgate da cidadania apresentados pelas empresas; Apoiar o desenvolvimento de tecnologias e metodologias; Formar recursos humanos; Contribuir na formulação de políticas públicas.

485

Hoje, fortalecendo os alicerces desse sólido projeto nacional no combate à miséria e ao desemprego, o Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania orgulha-se de ser uma incubadora de projetos, um espaço de articulação descentralizado, formado por núcleos com coordenação em diferentes entidades e regiões.

O Centro de Tecnologia, Trabalho e Cidadania é uma iniciativa inédita no país: reúne e incentiva projetos sociais, a partir da soma de esforços de entidades públicas e privadas em parceria com a sociedade.

Através do Coep as entidades públicas se mobilizaram investindo em ações concretas em beneficio da população excluída. Com o Coep, o sentido do público ganhou nova dimensão.

'Temos de ter vergonha . da indiferença, da frieza, do cinismo de alguns que acham que desenvolvimento é uma coisa e gente é outra. As empresas públicas existem para produzir a fé licidade de todos os brasileiros."

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Márcio Moreira Alves ale a.. 4t COEP

OFICINA CENTRO DE TECNOLOGIA, TRABALHO E CIDADANIA t;

Atenção! Cuidado! A leitura deste livro não é recomendada para quem não pode se comover. As histórias que conta mexem com o coração e a imaginação, podendo provocar lágrimas e soluços. Tampoudo devem lê-lo os que se sentem confortáveis na sociedade que temos, envolvidos apenas consigo mesmos ou somente com o seu núcleo familiar. Devem evitá-lo, sobretudo, os que sofrem de perturbação visual, muito comum entre as camadas de altas rendas, que impedem as pessbas de verem a miséria, a fome e a ignorância a sua volta. Feita a advertência, vamos aos leitores. Eles encontrarão aqui diversas razões de interesse. Em primeiro lugar, trata-se de um livro didático. Ensina as. vantagens de se trabalhar numa rede nacional de solidariedade, que permite evitar a duplicação de esforços, ao mesmo tempo em que coloca ao alcance de seus membros a experiência de outras pessoas interessadas em diminuir as carências de seus concidadãos nos mais variados setores de atividades e nas mais diversas regiões do País. Ensina, ainda, que é possível se oferecer não só comida e oportunidades educacionais como, especialmente, cidadania.

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