SER MISERICÓRDIA #6

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garantir em 4 anos que grandes empresas se instalem no concelho. Acreditamos que é agora que se começa a construir esse futuro. A gestão dos últimos 16 anos preocupou-se em garantir questões que entendeu serem básicas e que a cidade, por ser muito jovem, retalhada com Oeiras, assumiu. Estou a falar de um conjunto de problemas, da altura e durante estes 16 anos, como acessibilidades, escolaridade, zonas verdes, zonas de lazer, dar vida à cidade, qualificar o espaço publico. Sinceramente, de todos estes eixos importantes, o único que faltou cumprir, pelo desafio e complexidade financeira e social, foi a eliminação dos bairros degradados. Isso faltou acabar pois é um investimento enorme para uma cidade como a da Amadora, em que os orçamentos são o que são. Mas o que já se fez permite agora iniciar um novo ciclo, que é projetar a Amadora como cidade metropolitana. E temos a vantagem de sermos um território pequeno, densamente povoado, mas pequeno, o que facilita. SM - E que setores de atividade podem fazer a diferença numa cidade como a Amadora? CT - Tudo o que seja o setor empresarial qualificado, nomeadamente na zona da Falagueira e da Venda Nova, e que tenha acessibilidades de excelência. Podemos atrair um conjunto de empresas para aquela zona tornando-se uma mais-valia. É um grande desafio, como temos conversado entre vereadores e dirigentes, é continuar a fazer bem o que fazemos mas tendo a coragem de encarar o futuro. Há também questões de educação que temos de alterar, apesar de termos feito um trabalho interessante. No social, há que repensar algumas questões também porque temos de nos preparar enquanto entidade que gere o território e que tem que fazer investimento e os investimentos preparam-se. Nós temos essa facilidade pois temos uma excelente situação financeira. Bem ou mal, com muita ou pouca crítica, há planeamento e tem de continuar a existir. Temos de perceber a cada momento, e em cada uma das áreas, que tem de se abrir um novo ciclo. Nós temos de começar enquanto câmara a olhar para estas áreas de uma forma diferente, não tão existencialista. E, essencialmente, a preparar o futuro, que é daqui a 3 ou 4 anos. Numa cidade que está a envelhecer temos de fazer escolhas, fazer menos outras coisas para continuar a apoiar a construção, por exemplo, de unidades residenciais. O mundo mudou, as questões financeiras mudaram e temos de ter alguma flexibilidade nas formas de gerir esses equipamentos. «INSTITUIÇÕES SOCIAIS SÃO CONSELHEIRAS E CRÍTICAS.» SM - O desemprego. Respostas possíveis por parte da autarquia? E, a seu ver, qual o papel das instituições sociais neste momento? CT - As instituições sempre tiveram no território da Amadora um papel importante. Eu tive o privilégio, nestes 12 anos, de ter grande parte das ações nas áreas que mexeram com a educação, a habitação, o

movimento associativo, o desporto. Acabou por me dar uma visão muito interessante da cidade, para o bom e para o menos bom. As instituições sociais tiveram nos últimos 10 anos um crescimento imenso no concelho. Hoje elas executam as políticas da administração central e da administração local e são os nossos conselheiros e os nossos críticos. Ou seja, era impensável para a Câmara, num conjunto de áreas, ter feito o caminho que fez, certamente com falhas e erros a necessitar de muitos ajustamentos, se não tivesse por base os parceiros e instituições sociais do concelho, que continuam a ter um papel importante na ajuda da definição da estratégia que é necessário traçar, na gestão de equipamentos, na prestação de serviços públicos à cidade. SM - Durante muitos anos a Amadora carregou o estigma da “insegurança” e da “exclusão”. Um fenómeno retratado mediaticamente e com impacto na perceção pública. Como está hoje a cidade neste aspeto? CT - Em termos de opinião pública está melhor. As pessoas verbalizam e sentem que a cidade está diferente, mas temos a questão da comunicação social. Um problema difícil de gerir, pois tudo o que é mau... é na Amadora, mesmo quando não é. Lembro o caso, noticiado num jornal, de um tiroteio em Setúbal. A imagem que apareceu era da Amadora. Isto é recorrente.


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