Equina 59 virtual

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ANO 10 - Nº 59 - MAIO / JUNHO 2015

A Revista do Médico Veterinário • www.revistavetequina.com.br

Principais pontos abordados no exame do reprodutor equídeo à campo ........................ • Miotenectomia do extensor digital lateral no tratamento de harpejamento bilateral em equino: relato de caso • Falha de transferência passiva em potros: a importância da imunidade do colostro .................................

• Avaliação do equilíbrio dos cascos de equinos atendidos no hospital veterinário



SUMÁRIO

ANO 10 - Nº59 - MAIO / JUNHO 2015

Principais pontos abordados no exame andrológico do reprodutor equídeo à campo (Página 4) Miotenectomia do extensor digital lateral no tratamento de harpejamento bilateral em equino: relato de caso (Página 14)

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Falha de transferência passiva em potros: a importância da imunidade do colostro (Página 20) FOTO CAPA: Rodrigo Arruda de Oliveira (Arquivo pessoal do autor)

Avaliação do equilíbrio dos cascos de equinos atendidos no hospital veterinário (Página 24)

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FOTO DESTAQUE: Arquivo pessoal dos autores

Agronegócio: Equinocultura e indústria automobilística - algumas comparações (Página 32)

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Você Sabia?: Entendendo a Manica Flexora (Página 34)

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Por Dentro da Boca: Síndrome da infecção periapical-periodontal em caninos (Página 38)

www.passoapasso.org.br

Na Ponta dos Cascos: A hidratação dos cascos (Página 42)

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA 1. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA (ISSN 1809-2063) - publica artigos Científicos, Revisões Bibliográficas, Relatos de Casos e/ou Procedimentos e Comunicações Curtas, referentes à área de Equinocultura e Medicina de Equídeos, que deverão ser destinados com exclusividade. 2. Os artigos Científicos, Revisões, Relatos e Comunicações curtas devem ser encaminhados via eletrônica para o e-mail: (revista.equina@gmail.com) e editados em idioma Português. Todas as linhas deverão ser numeradas e paginadas no lado inferior direito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 (21,0 x 29,0 cm) com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com margens superior, inferior, esquerda e direita em 2,5 cm, fonte Times New Roman, corpo 12. O máximo de páginas será 15 para artigo científico, 25 para revisão bibliográfica, 15 para relatos de caso e 10 para comunicações curtas, não incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, gráficos e tabelas devem ser disponibilizados ao final do texto, sendo que não poderão ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem. 3. O artigo Científico deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das Referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão (Modelo .doc, .pdf). 4. A Revisão Bibliográfica deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Desenvolvimento (pode ser dividido em sub-títulos conforme necessidade e avaliação editorial); Conclusão ou Considerações Finais; e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências. 5. O Relato de Caso e/ou Procedimento deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Relato de Caso ou Relato de Procedimento; Discussão (que pode ser unida a conclusão); Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências.

6. A comunicação curta deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Texto (sem subdivisão, porém com introdução; metodologia; resultados e discussão e conclusão; podendo conter tabelas ou figuras); Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. (Modelo .doc, .pdf). 7. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas no sistema numérico e sobrescritos, como descrito no item 6.2. da ABNR 10520, conforme exemplo: “As doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%15”. “Segundo Reichmann et al.15 (2008), as doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%”. No texto pode citar-se até 2 autores, se mais, utilizar “et al.” Exemplo: Thomassian e Alves (2010). Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos, remetendo à lista de referências ao final do artigo, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a numeração das citações a cada página. As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de Referências. Exemplo: De acordo com Silva11 (2011a). 8. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/ 2002) conforme normas próprias da revista. 8.1. Citação de livro: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders,1999, 2.ed., 937p. TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Amazônia a bovinos e outros herbívoros. Manaus: INPA, 1979, 95p. 8.2. Capítulo de livro com autoria: GORBAMAN, A. A comparative pathology of thyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH, D.E. The thyroid. Baltimore: Williams & Wilkins, 1964, cap.2, p.32-48. 8.3. Capítulo de livro sem autoria: COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In: ______. Sampling techniques. 3.ed., New York: John Willey, 1977, cap.4, p.72-90. 8.4. Artigo completo: PHILLIPS, A.W.; COURTENAY, J.S.; RUSTON,

R.D.H. et al. Plasmapheresis of horses by extracorporal circulation of blood. Research Veterinary Science, v.16, n.1, p.35-39, 1974. 8.5. Resumos: FONSECA, F.A.; GODOY, R.F.; XIMENES, F.H.B. et al. Pleuropneumonia em equino por passagem de sonda nasogástrica por via errática. Anais XI Conf. Anual Abraveq, Revista Brasileira de Medicina Equina, Supl., v.29, p.243-44, 2010. 8.6. Tese, dissertação: ESCODRO, P.B. Avaliação da eficácia e segurança clínica de uma formulação neurolítica injetável para uso perineural em equinos. 2011. 147f. Tese (doutorado) - Instituto de Química e Biotecnologia. Universidade Federal de Alagoas. ALVES, A.L.G. Avaliação clínica, ultrassonográfica, macroscópica e histológica do ligamento acessório do músculo flexor digital profundo (ligamento carpiano inferior) pós-desmotomia experimental em equinos. 1994. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista. 8.7. Boletim: ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1942. 20p. (Boletim Técnico, 20). 8.8. Informação verbal: Identificada no próprio texto logo após a informação, através da expressão entre parênteses. Exemplo: ...são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir e-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação. 8.9. Documentos eletrônicos: MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as possibilidades do tratamento cirúrgico. São Paulo: Departamento de Cirurgia, FMVZ-USP, 1997, 1 CD. GRIFON, D.M. Artroscopic diagnosis of elbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic. Proceedings… Prague: WSAVA, 2006, p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em: http://www.ivis.org/ proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1. 9. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 10. Os artigos serão publicados em ordem de aprovação. 11. Os artigos não aprovados serão arquivados havendo, no entanto, o encaminhamento de uma justificativa pelo indeferimento. 12. Em caso de dúvida, consultar os volumes já publicados antes de dirigir-se à Comissão Editorial.

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EDITORIAL

Bem-estar animal em competições de equinos O futuro das competições envolvendo equinos depende de boas práticas para o bem-estar animal. Por muito tempo, bem mais que o necessário, muitos organizadores relevaram maus tratos por diversos motivos, destacando-se suposta tradição cultural. Do ponto de vista da ética, não há margem para dúvidas quanto a importância do bem-estar. Isto já é condições suficiente para enfáticas recomendações de boas práticas, mas, reforçando esta postura, há ganhos também para o mercado do profissional ligado ao cavalo. Boas práticas para o bem-estar animal em competições de equinos envolvem entre outras atitudes, assegurar e promover a prevenção de doenças, a educação sanitária, o acesso à informação e a conscientização da coletividade nas atividades envolvendo animais e que possam redundar em comprometimento da saúde pública e do meio ambiente. Para tanto e pelo elevado (e crescente) número de competições por todo território nacional, será elevada a demanda por profissionais, em especial o veterinário de equinos. Note que para que ocorra bem-estar em competições, é fundamental que também ocorra bem-estar em todas etapas anteriores à competição, com o adequado manejo dos cavalos. O transporte e o treinamento devem ocorrer cada vez mais com bases em conhecimentos científicos, sugerindo formação continuada dos profissionais e a realização de novas pesquisas, tanto para validar práticas quanto para revisá-las. Dopping passa a ter mais atenção e cuidado. Assim, é esperada maior procura por profissionais para atuar nas competições, assegurando as corretas práticas nos eventos. Serviços também serão necessários para que ocorra a profissionalização, ética, no preparo dos animais desde a doma. A comunidade acadêmica deverá se aproximar da realidade dos eventos, com fortalecimento não apenas de pesquisas, mas principalmente da extensão, esquecida nas últimas décadas. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br

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Principais pontos abordados no exame

do reprodutor equídeo à campo “Main points evaluated in the equine breeder’s andrological examination in the field”

RESUMO: O exame andrológico consiste em uma maneira indireta de se estimar a fertilidade potencial do reprodutor. O exame andrológico é extremamente importante e deve ser realizado sempre que necessário, como: para constatar a puberdade, início da estação de monta, comercialização do reprodutor, quando o garanhão receber um diagnóstico de sub ou infertilidade temporária, utilização de biotécnicas, como criopreservação e refrigeração de sêmen. Objetivou-se com esta revisão destacar os principais e mais importantes pontos abordados em um exame andrológico à campo. O laudo de um exame andrológico nunca é definitivo, pois o animal pode vir a sofrer alguma injúria ou patologia que leve à redução de sua capacidade reprodutiva, tendo, portanto, validade máxima de 60 dias. Assim, o exame deve ser realizado regularmente a fim de que se possa tomar as devidas providências com relação aos reprodutores. Unitermos: espermatozoide, garanhão, jumento, macho, sêmen ABSTRACT: The stallion breeding soundness exam consists in an indirect technique of estimating a breeder’s fertility potential. The exam is extremely important and should be conducted when needed, for instance: to note puberty, at the beggining of breeding season, comercialization of the stallion, when the breeder receives a diagnosis of temporary subfertility or infertility, when in use of biotechniques such as frozen or cooling semen. This review aimed to highlight the most used and important key points addressed in a stallion breeding soundness evaluation on the field. The report for such exam is never definitive, as the male may come to suffer injuries or pathologies that may lead to a decrease in the reproductive potential, having such report the validity of 60 days. The exam must be held regularly, so that the appropriate measures may be taken regarding the stallions. Keywords: spermatozoa, donkey jacks, stallion, male, semen RESUMEN: El examen andrológico es una manera indirecta de estimar la fertilidad potencial de un reproductor. Este examen es extremamente importante e debe ser realizado cuando necesario, como en el caso de constatar la pubertad, en el inicio de la estación de monta, en la comercialización del reproductor, cuando el semental recibe un diagnostico de sub o infertilidad temporaria, en la utilización de las biotecnias como el congelamiento y refrigeración de semen. Esta revisión ten la finalidad de destacar los principales y más importantes puntos abordados en el examen andrológico a campo. El laudo de un examen andrológico nunca es definitivo, esto porque el animal pude sufrir alguna injuria o patología que lleve a la reducción de la capacidad reproductiva, por este motivo los exámenes tienen validad de 60 días. El examen andrológico debe ser realizado regularmente para tomar las debidas providencias con relación a los sementales. Palabras clave: espermatozoide, semental, burro, macho, semen

RODRIGO ARRUDA DE OLIVEIRA ( ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR)

“Puntos clave abordados en el examen andrológico del reproductor equino a campo”

Figura 1: Colheita do sêmen de garanhão com manequim natural (égua em cio com contenção mecânica) .......................................................

Jessica Maresch de Araújo, Gabrielle Bueno de A.G. Amorim Acadêmicas do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV/UnB) Brasília, DF Ivo Pivato, Rodrigo Arruda de Oliveira* (rodrigoarruda@unb.br) Professores Doutores de Reprodução Animal da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV/UnB) - Brasília, DF * Autor para correspondência

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1. INTRODUÇÃO A equideocultura é uma atividade que vem apresentando expressivo crescimento, tanto em número de animais quanto econômicos, chegando a valores que vão além dos R$ 7 bilhões anuais1. Assim sendo, a demanda por animais que transmitam reconhecidas qualidades genéticas para sua progênie também vem aumentando, e desta forma, o exame andrológico passa a ser uma ferramenta de grande utilidade e importância no que toca o mercado de coberturas e garanhões, já que, ao contrário das outras espécies domésticas eles, com raras exceções, não são selecionados pelo seu desempenho reprodutivo, e sim pelo pedigree, desempenho esportivo e outras características fenotípicas. O exame andrológico consiste em uma maneira indireta de se estimar a fertilidade potencial de reprodutor. As causas de infertilidade do macho podem ser devidas a sua capacidade copuladora, a agentes patógenos ou a problemas no sêmen. Problemas de comportamento sexual devem ser criteriosamente analisados por interferirem diretamente na fertilidade, assim como doenças venéreas que devem ser controladas por medidas higiênicas apropriadas. Com relação ao exame do sêmen, o que se objetiva é avaliar indiretamente a produção espermática qualitativa e quantitativa, bem como suas condições de armazenamento e transporte no trato genital masculino2. O exame andrológico é extremamente importante e deve ser realizado sempre que necessário, como: para constatar a puberdade, início da estação de monta, comercialização do reprodutor, quando o garanhão receber um diagnóstico de sub ou infertilidade temporária, utilização de biotécnicas, como criopreservação e refrigeração de sêmen. Objetivou-se com esta revisão destacar os principais e mais importantes pontos abordados em um exame andrológico (EA) à campo. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Identificação Como qualquer outra ferramenta diagnóstica, o EA deve ser iniciado, pela identificação do animal, que deve ser a mais completa possível e incluir informações como nome do animal, marcações artificiais (ferro candente, frio, tatuagem, chipagem, etc.), número de registro (se houver), idade, peso, raça do animal, e se possível uma resenha equina descritiva, que garanta tanto para o profissional médico veterinário envolvido

quanto para os negociantes a autenticidade do laudo e singularidade do animal examinado. As informações levantadas são importantes, pois algumas patologias do sistema reprodutor podem estar correlacionadas com determinadas raças e faixas etárias. Além disso, sabe-se que a atividade sexual diminui com o aumento da idade do garanhão3. 2.2. Anamnese A anamnese é a base para a confecção de um raciocínio diagnóstico. Os dados obtidos através da mesma irão guiar o exame clínico que se segue e podem revelar a necessidade de realização de exames complementares. A partir daí, o médico veterinário pode traçar uma orientação terapêutica quando necessário. Alimentação, quantidade e regularidade de exercício, doenças sofridas anteriormente, medicamentos aplicados, tempo de descanso sexual, sucesso reprodutivo anterior, tipo de manejo e outros dados podem revelar informações relevantes ao potencial reprodutivo daquele animal4. Na maioria das vezes motilidade, concentração, morfologia espermática e capacidade de monta e ejaculação são os principais parâmetros para avaliação da capacidade reprodutiva do garanhão, entretanto, deve-se atentar para o fato de a reprodução estar vinculada a fatores extrínsecos como manejo, nutrição, saúde mental e ambiente. É a harmonia dessas características que levam a um resultado satisfatório5. Animais estabulados por longos períodos de tempo, que ingerem grande quantidade de concentrado e que realizam pouco exercício têm sua qualidade seminal reduzida2, além de estarem predispostos a síndromes metabólicas, como cólicas e laminites6. Esses mesmos animais são propensos a desenvolver comportamentos estereotipados prejudiciais, além de vícios mentais e físicos, como “dança do urso”, aerofagia e coprofagia. Por outro lado, estudos indicam que animais que sofrem exercícios extenuantes durante longos períodos de tempo também tem sua qualidade seminal reduzida7. É conhecido o fato de que garanhões que são medicados com anabolizantes terem seu potencial reprodutivo afetado, e em muitos casos ocorre uma atrofia testicular resultante do feedback negativo de testosterona8. 2.3. Exame clínico geral Consiste em aferição de temperatura e parâmetros respiratório, cardíaco e digestivo, além dos sistemas nervoso e locomotor para garantir a higidez do animal. Também

deve ser avaliada a resposta do animal aos estímulos físicos e sensoriais, o estado dos cascos, hidratação, tempo de revascularização e se possível de coagulação. O parâmetro respiratório normal é de 12 a 20 movimentos por minuto, a frequência cardíaca normal é de 28 a 40 batimentos por minuto e a temperatura média deve ser de 37,5 a 38,5°C (parâmetros de um animal saudável em repouso)9. Deve-se também realizar uma avaliação dos aprumos do garanhão para garantir que o mesmo esteja apto a efetuar a monta com facilidade. O garanhão não deve apresentar claudicação ou desequilíbrio ao movimentar-se, e não deve descansar nenhum membro, apoiando-se nos quatro membros igualmente com os mesmos firmemente apoiados no chão. Os cascos devem estar íntegros, sem rachaduras ou apodrecimento, o que pode causar dor ao animal9. Todas as mucosas do animal devem estar rosadas e um excelente turgor cutâneo, evidenciando sinal de boa hidratação. Um aumento na frequência respiratória ou cardíaca podem evidenciar tentativas do organismo de sair de uma condição de estresse térmico a que o animal está sendo submetido, o que mostra um desconforto que pode prejudicar o interesse do animal pela égua e a monta. Quando uma alteração for detectada, exames complementares devem ser requeridos para descartar a possibilidade de doenças que comprometam a higidez do animal, que possam ser hereditárias (fazendo assim com que o animal precise ser retirado da linha reprodutiva) ou que possam ser transmitidas através do coito para a égua9. Em alguns casos, quando há suspeita de patologia específica, pode ser realizado exame ultrassonográfico. O mesmo fornece importantes informações sobre a arquitetura interna de órgãos e permite aferições exatas de medidas como largura, altura e comprimento testiculares, informações pertinentes na hora de estimar volume testicular e produção diária de espermatozoides. Além do mais, certas patologias do sistema reprodutor masculino como tumores testiculares e hérnias inguinais podem ser facilmente diagnosticados10. No caso de um quadro constatado de piospermia ou hemospermia, deverão ser analisadas as glândulas anexas do sistema reprodutor por meio de palpação retal e se possível ultrassonografia e endoscopia. 2.4. Avaliação da libido do garanhão A avaliação da libido do reprodutor equídeo se dá por meio da observação do •5


comportamento apresentado pelo animal quando exposto à égua em cio e o tempo que leva para atingir a ereção e realizar a monta e ejaculação. Machos domesticados são geralmente separados fisicamente dos demais animais da propriedade e sua interação pré-copulatória com as fêmeas não pode ser realizada da mesma maneira que seria na natureza. Assim sendo, alguns poucos comportamentos se alteram, mas os garanhões em sua maioria respondem bem e conseguem cobrir éguas em qualquer época do ano11. A idade recomendada para iniciar a vida sexual de um garanhão é de 3 anos de idade. No entanto, fatores como clima, manejo e alimentação, raça, possuem forte influência nesse quesito11. O comportamento característico do garanhão quando apresentado à égua em cio inclui cheirar fezes e urina da égua, seguido de um reflexo de Flehmen, urinar e defecar sobre os excrementos da fêmea, vocalizar, arquear pescoço e levantar a cauda, lamber e mordiscar a fêmea e cheirá-la. Um macho em condições ideais de manejo e alimentação pode cobrir entre 30 e 40 éguas por ano em um sistema de monta natural, ou um número maior se utilizado na monta controlada ou monta à cabresto, onde as éguas são rufiadas e o reprodutor é conduzido para realizar a cópula no momento adequado. Garanhões jovens demoram mais tempo para conseguir copular e geralmente apresentam comportamento pré-copulatório mais tímido. No entanto, depois das primeiras coberturas, seu comportamento tende a se normalizar11. Esse comportamento pré-copulatório inibido no caso de machos jovens, está aparentemente relacionado a uma questão hierárquica. Os potros se aproximam da fêmea com postura submissa e medrosa, e com falta de confiança, o que muitas vezes pode passar por falta de interesse. Esse problema na maioria das vezes se resolve após várias cópulas bem sucedidas, no entanto, alguns machos podem levar meses para adquirir autoconfiança e experiência e outros podem ser “copuladores lentos” para o resto da vida. Garanhões experientes que demoram para copular respondem melhor quando são dados longos períodos de descanso entre coberturas11. Um cuidado máximo deve ser tomado com relação ao manejo do garanhão em qualquer lugar ou atividade que seja relacionada à cópula, sabendo-se que o manejo possui influência direta na libido do animal. Qualquer frustração sexual (principalmente se ocorrer nas primeiras coberturas, re6•

petidas vezes ou se envolver dor), pode levar a um problema comportamental como agressividade excessiva, problemas de ejaculação, problemas na ereção ou masturbação excessiva11. O garanhão pode passar a associar certos lugares, éguas e manuseadores com experiências negativas, e reagir a eles de maneira igualmente negativa frustrando a monta. Assim sendo, uma pessoa experiente deve manusear o animal e uma atenção especial deve ser dada a qualquer preferência ou demonstração de desconforto ou dor do garanhão, para que medidas cabíveis sejam tomadas e um problema mais grave seja evitado11. 2.5. Exame clínico específico do sistema reprodutor Pênis e Prepúcio Deve-se realizar a avaliação de pênis e prepúcio de maneira visual. Examina-se primeiramente o prepúcio verificando se há presença de ferimentos, edema ou alterações anatômicas. Em seguida deve-se expor o pênis em sua totalidade para que toda sua extensão seja examinada, essa exposição pode ser alcançada aproximando o garanhão de uma égua em cio. A ocorrência de traumas envolvendo pênis e prepúcio são causas comuns de infertilidade em garanhões. Esses traumas devem ser considerados emergência e ser tratados imediatamente a fim de evitar a habilidade de realizar a monta e principalmente da ejaculação12. O prepúcio não deve apresentar edema, feridas nem alteração em sua conformação anatômica natural. As causas mais frequentes de lesões prepuciais são coices de éguas na hora do cortejo, abrasão por pelos da cauda, brigas com outros equinos e traumatismos provocados por cercas. A principal alteração anatômica do prepúcio é a fimose, que consiste na estenose do óstio prepucial e impossibilita a exposição do pênis. Pode levar à retenção de urina e processos inflamatórios na mucosa prepucial. A fimose pode ser uma alteração congênita ou adquirida, sendo consequência de hematomas, neoplasias, granulomas, infecções e traumatismos. A fimose pode ser corrigida através de terapia medicamentosa com corticoides ou ampliação cirúrgica do óstio prepucial dependendo de sua gravidade. A terapia medicamentosa deve ser tentada antes da intervenção cirúrgica no caso de reprodutores, pois a cirurgia pode comprometer o potencial reprodutivo dos mesmos12. O pênis do mesmo modo não deve apresentar alterações, escara, edema ou hema-

toma em qualquer uma de suas porções. Uma escara pode ser sinal de carcinoma de células escamosas (que também afeta o prepúcio), habronemose ou de melanoma peniano13. No caso de carcinoma de células escamosas, as lesões podem se apresentar isoladas ou múltiplas e com tamanhos variados. O carcinoma é mais comum em determinadas raças (Belga, Clydesdale, Shire e Appaloosa) e em animais velhos e de região genital despigmentada e geralmente tem início na glande peniana e progride pelo corpo do pênis. Aparecem como pequenas placas ou como ulcerações superficiais de difícil cicatrização. Essas lesões são semelhantes ao dos papilomas e aos tecidos de granulação no pênis e prepúcio que ocorrem na habronemose. Assim sendo, essas e outras patologias devem ser diferenciadas na elaboração do diagnóstico14. Existe uma relação entre esmegma e ocorrência de carcinoma de células escamosas, portanto, o pênis e prepúcio devem sempre ser mantidos limpos. A radiação ultravioleta também contribui para a ocorrência de carcinoma, por isso é necessária uma avaliação mais cuidadosa em garanhões com pênis e prepúcio despigmentados13. Várias formas de terapia foram propostas para o carcinoma de células escamosas, entre eles a aplicação de 5-fluorouracil tópico (droga que inibe a formação de DNA, com potencial de toxicidade seletiva para o epitélio displásico) às vezes combinado com debridamento cirúrgico, a cisplatina perilesional, bleomicina, criocirurgia, hipertermia por radiofrequência, imunoterapia, penectomia, ablação da bainha prepucial, postectomia segmentar ou circuncisão, ressecção em bloco do pênis, retroversão do pênis, ressecção do prepúcio e linfonodos inguinais e a uretrostomia. A escolha do tratamento dependerá do local acometido pelas lesões, a extensão e o comprometimento dos linfonodos regionais. Em casos de metástase, a eutanásia é recomendada. Em se tratando de garanhões, a penectomia e a ressecção de bloco não são indicadas, devido à perda da capacidade de ejaculação14. Testículos e Bolsa Escrotal Assim como no caso da avaliação do pênis e prepúcio, o exame da bolsa escrotal é visual com manipulação manual do órgão para avaliação. Já o testículo deve ser examinado por meio de palpação e ultrassonografia10. O escroto está localizado na posição inguinal e é levemente penduloso. É composto


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RODRIGO ARRUDA DE OLIVEIRA ( ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR)

Figura 2: Posicionamento para palpação do escroto e testículos .....................................................................................................................................................................

por duas bolsas distintas, e dentro das mesmas estão presentes testículos, epidídimos, cordões espermáticos e músculos cremásteres15. As duas bolsas escrotais juntamente com seus componentes devem apresentar simetria. Assimetrias evidentes nas bolsas escrotais pode indicar uma patologia como hidrocele, piocele, espermatocele ou hematocele, que se caracterizam por acúmulo indesejado de substâncias na túnica vaginal. Na palpação, o testículo deve apresentar consistência fibroelástica, indolor, móvel na bolsa e temperatura ligeiramente menor do que a corpórea, não deve apresentar feridas10, bernes, edema ou varicocele (dilatações vasculares). Qualquer alteração no escroto pode levar a uma inflamação dos testículos, aumentando assim sua temperatura e prejudicando a espermatogênese, o que pode levar a uma degeneração testicular que com tratamento pode ser revertida dependendo de sua gravidade. A mensuração da biometria testicular é um importante componente da avaliação reprodutiva do animal, pois permite o diagnóstico de alterações testiculares e auxilia na predição do potencial reprodutivo e da produção espermática diária4. Devido à disposição horizontal dos testículos do garanhão, o perímetro escrotal não é realizado, mas variantes da técnica, como a aferição da largura, comprimento e altura dos testículos são realizadas com auxílio de um paquímetro ou avaliação ultrassonográfica. Cada testículo deve ser mensurado indivi8•

dualmente e é considerado normal para o padrão da espécie comprimento de 5 a 12 cm (do polo proximal ao polo distal do testículo), largura de 4 a 8 cm (medida lateromedial na porção média do testículo) e altura de 4 a 8 cm (medida ínfero-superior na porção média do testículo)4. Embora sejam geralmente incomuns, tumores testiculares podem ter um efeito devastador sobre a fertilidade do garanhão. O criptorquidismo parece favorecer o aparecimento de tumores testiculares, especialmente teratomas. O seminoma é o tumor mais comum que acomete garanhões adultos e possui uma rápida taxa de crescimento com um poder de metástase maior no garanhão do que em outras espécies. Orquiectomia (uni ou bilateral) é o tratamento padrão recomendado em casos de tumores testiculares16. Epidídimos A avaliação dos epidídimos também é feita por meio de palpação manual e assim como os testículos pode às vezes ser avaliado por meio de ultrassonografia10. O epidídimo possui diversas funções como reabsorção dos fluidos nos túbulos seminíferos concentrando o sêmen, transporte, maturação e armazenamento de espermatozoides, eliminação de espermatozoides defeituosos e dar ao espermatozoide a capacidade de mobilidade que ele não possui ao sair do testículo. A cauda do epidídimo é responsável pelo armazenamento dos espermatozoides prontos, e dela sai o ducto de-

ferente, que levará esses espermatozoides à uretra por onde os mesmos sairão no momento da ejaculação. Deve-se realizar a palpação dos epidídimos para garantir sua presença e verificar se existe sensibilidade ao toque (que não deve existir), forma e localização. A localização correta é a cabeça do epidídimo acoplada ao polo cranial do testículo, o corpo deve se encontrar na face testicular medial e a cauda do epidídimo deve estar acoplada ao polo caudal do testículo. A consistência ideal do epidídimo é fibroelástica e seu tamanho varia com a idade do animal e número de ejaculados10. Qualquer alteração no epidídimo (seja ela causada por trauma físico ou por patologia) poderá prejudicar a ejaculação, a concentração espermática e a morfologia dos espermatozoides, pois o epidídimo é responsável por sua maturação e motilidade17. Anel Inguinal O anel inguinal se caracteriza por um pequeno óstio na região ventral do animal que conecta o abdômen à bolsa escrotal e permite a passagem de artérias, vasos, nervos, músculos e ductos deferentes. Pode ser examinado por meio de palpação manual, palpação transretal e ultrassonografia18. A alteração mais comum encontrada em garanhões é o encarceramento de alça intestinal no anel inguinal, conhecida como hérnia inguino-escrotal. A hérnia inguinoescrotal caracteriza-se pelo deslocamento de uma porção do jejuno ou íleo para dentro do anel inguinal podendo às vezes deslizar até a bolsa escrotal. Geralmente ocorrem logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida, no entanto, podem ocorrer em animais adultos logo após a cópula, exercícios ou traumas. O animal apresenta dor intensa que começa repentinamente e podese observar um aumento em um ou ambos os lados da bolsa escrotal. Os parâmetros fisiológicos decaem rapidamente como resultado do estresse causado pela dor. Intervenção cirúrgica deve ser realizada imediatamente devido ao fato de haver estrangulamento da alça intestinal e possível necrose19. Quando ocorre em animais adultos, na maioria das vezes é irredutível e em vários casos uma orquiectomia uni ou bilateral é recomendada. Glândulas Anexas O exame das glândulas anexas do sistema reprodutor masculino deve ser realizado ao se constatar um quadro de hemospermia ou piospermia e se dá por meio de


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2.6. Colheita de Sêmen Dentre todos os métodos descritos na literatura para colheita de sêmen, o mais prático e eficiente é a colheita utilizando a vagina artificial para equinos, independente do modelo. A vagina artificial deve ser montada com a camisa sanitária e o copo coletor 10 •

Figura 3: Colheita do sêmen de garanhão com manequim artificial .....................................................................................................................................................................

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Exame ultrassonográfico do Escroto, Testículo, Epidídimo e Funículo Espermático O uso de exame ultrassonográfico na avaliação da região escrotal e genitália interna de garanhões vêm crescendo há alguns anos. A ultrassonografia em tempo real fornece imagens precisas do parênquima testicular, túnica vaginal, cordão espermático e epidídimo. A utilização da ultrassonografia permite o diagnóstico de patologias dos testículos, epidídimo, cordão espermático e glândulas anexas como tumores testiculares, hidrocele, piocele, espermatocele, hematocele e hérnias inguinais de maneira relativamente simples10. Atualmente, outras modalidades de ultrassonografia (Doppler) estão disponíveis na medicina veterinária e permitem além de uma avaliação estrutural anatômica, um exame da funcionalidade vascular10 Após a palpação, deve-se aplicar gel em abundância no transdutor ou diretamente sobre a pele do saco escrotal. Em seguida, o transdutor deve ser posicionado na superfície lateral, ventral ou medial, perpendicular ao eixo longitudinal do testículo. Uma imagem de corte sagital do testículo deve ser obtida, evidenciando túnica albugínea, parênquima testicular e veia central. Devemse avaliar as estruturas e buscar alterações. Um aumento da espessura da túnica vaginal, ou mesmo a presença de grande quantidade de líquido não ecóico no interior da cavidade vaginal é considerada uma anormalidade. Uma movimentação lenta do transdutor em um posicionamento perpendicular ao longo do eixo principal do testículo permite a visualização de cortes sagitais de todo o testículo. Na medida em que se aproxima do polo cranial do testículo, o transdutor deve ser rotado 90°, de modo a ficar em sentido paralelo ao eixo principal (longitudinal) do testículo. Então, o transdutor deve ser conduzido dorsalmente, no sentido do anel inguinal externo, a fim de serem obtidas imagens do cordão espermático10.

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palpação retal, ultrassonografia e endoscopia10. Uma das afecções mais diagnosticadas em garanhões é a vesiculite.

Figura 4: Preparo da vagina artificial à campo. Nota-se a proteção do copo coletor da incidência luminosa ...............................................................................

graduado de coloração âmbar ou protegido da incidência de raios solares por alguma cobertura. A temperatura interna da vagina artificial após a adição de água aquecida deve ser em torno de 43 a 45ºC. A colheita deve ser realizada em um espaço amplo, limpo, sem poeira e livre de barulhos, pessoas e animais que possam distrair o garanhão. Garanhões jovens e com pouca experiência devem ser manejados em área maiores do que garanhões bem treinados. A superfície do solo deve ser bem abrasiva para permitir aderência ao garanhão mesmo quando o solo estiver molhado15. A colheita com vagina artificial pode ser realizada com manequim natural (égua em cio) ou com manequim artificial, que deve possuir regulagem de altura e angulação para atender garanhões com diferentes estaturas15. A colheita com manequim artificial é mais segura tanto para o garanhão quanto para o veterinário.

Após a colheita deve-se proteger o copo coletor contendo o sêmen da incidência de raios solares, vento e poeira até o transporte para o laboratório (ideal que seja realizada o mais próximo possível do laboratório). 2.7. Análise do Sêmen Exames Imediatos Após a colheita do sêmen o ejaculado deve ser mantido fora da luz e em uma temperatura de 37oC durante a avaliação. O controle da temperatura é especialmente importante em climas mais frios. O sêmen fresco deve ser avaliado quanto ao volume e aspecto (cor e densidade) no próprio copo coletor graduado ou em tubos de centrífuga estéril de 50 ml. Um ejaculado normal deve ser branco e opaco. Um aspecto cremoso refere a um ejaculado mais concentrado enquanto que um aquoso a um ejaculado mais diluído. Ejaculados anormais podem ser amarelos (contaminação por urina, células brancas) ou vermelho (hemácias)20. 2.7.1. Motilidade Espermática Dentre os testes realizados na avaliação imediata do sêmen, a motilidade é comumente usada por ser relativamente simples e barata. Apesar de avaliar apenas um atributo que os espermatozoides devem possuir para fecundação, essa técnica é bem indicada ao se avaliar viabilidade do sêmen, pelo fato de sua queda ser acompanhada pelo decréscimo do número de espermatozoides com integridade estrutural21.


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Figura 6: Laboratório montado para análise seminal à campo. O uso de mesas que podem ser montadas/ dobradas facilita a utilização em pequenos espaços nas fazendas

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Figura 7: Lâminas e lamínulas dispostas em uma mesa térmica para avaliação da qualidade seminal. Nota-se também o hematocitômetro (câmara de Neubauer) para análise da concentração espermática

Figura 5: Após a colheita avaliar em um tubo graduado e estéril o volume e o aspecto do sêmen (cor e densidade) ...............................................................................

Para realizar-se a avaliação da motilidade espermática, deve-se colocar uma pequena gota de sêmen entre uma lâmina e lamínula aquecidas a 37°C (mantê-las aquecidas evita alterações causadas por choque térmico). Realiza-se a observação em microscópio ótico em um aumento de 200 e 400 vezes. A motilidade é analisada seguindo uma escala de 0 a 100% relativa ao número de espermatozoides em movimento na amostra. Essa avaliação é realizada de maneira subjetiva pelo examinador. A motili-

dade total ideal deve ser superior ou igual a 60%22. Programas computadorizados estão sendo cada vez mais utilizados, e são mais eficientes em determinar a real taxa de motilidade total e individual pelo fato de registrarem, reconstituírem e mensurarem a trajetória percorrida por cada cabeça de espermatozoide na amostra. O sistema automatizado de análise de motilidade (CASA) permite a avaliação de múltiplas características espermáticas em uma única amostra de sêmen com alta taxa de repetibilidade. A vantagem do CASA é que sua utilização diminui a possibilidade de erros por ser mais objetivo, além de disponibilizar mais informações como a velocidade de trajeto, velocidade progressiva, velocidade curvilínea, amplitude lateral de cabeça, frequência de batimentos da cauda, retilinearidade, velocidade rápida, deslocamento lateral de cabeça e outros10.

2.7.2. Vigor Espermático O vigor espermático constitui a avaliação subjetiva da força e velocidade espermática22, e é avaliado juntamente com a motilidade, sendo classificado em uma escala de 0 a 5. Quanto maior a velocidade maior o vigor. Para o reprodutor equídeo o vigor ideal no sêmen fresco deve ser superior ou igual a 322. Exames Mediatos 2.7.3. Concentração espermática A determinação da concentração espermática em um ejaculado é um dos passos mais importantes na avaliação seminal, e uma das etapas mais negligenciadas. A concentração de espermatozoides no ejaculado é multiplicada pelo volume de ejaculado para determinar o número total de espermatozoides no ejaculado. Conhecer a concentração de espermática por mililitro • 11


de sêmen também é importante para diluição do sêmen para refrigeração e o transporte. Para calcular a concentração deve-se diluir o sêmen com uma solução tamponada de formol-salino/citrato22 na proporção de 1:20 (1:10 a 1:100) (sêmen:formol-salino), e homogeneizar a amostra. Para realizar essa contagem a campo pode se utilizar um hematocitômetro, preenchendo os dois lados da câmara e aguardar 5 minutos para a contagem22. Ao se terminar a contagem dos dois quadrados, a variação entre um quadrado e outro não deve ultrapassar 10%. Caso ultrapasse, a contagem deve ser realizada novamente. O número total de espermatozoides no ejaculado do reprodutor equídeo deve ser igual ou superior a 5 bilhões, e a concentração espermática esperada nessas espécies normalmente é de 100 a 200 milhões por ml22. 2.7.4. Morfologia Espermática A sociedade de Teriogenologia recomenda o uso da técnica de câmara úmida em microscopia de contraste de interferência diferencial (DIC) para avaliação da morfologia espermática em garanhões23. Brito et al24 compararam três metodologias para o preparo de lâminas para morfologia: câmara úmida em microscopia de contraste de fase, preparação de esfregaços corados com eosina/nigrosina, e esfregaços corados com coloração de Papanicolau. O percentual de espermatozoides normais foi maior e a proporção de defeitos acrossomais, de cabeça, de peça intermediária, e peça principal, e gotas citoplasmáticas foram menores em amostras coradas com Papanicolau quando 12 •

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Figura 8: Análise da morfologia espermática (técnica de câmara úmida) em microscopia de contraste de fase

comparadas a metodologia de câmara úmida e eosina/nigrosina. A proporção de espermatozoides normais, forma/tamanho anormal de cabeça, outros defeitos de peça intermediária e defeitos de peça principal foram menores e a proporção de caudas dobradas/enroladas e gotas citoplasmáticas foi maior nas amostras avaliadas na câmara úmida quando comparadas com as amostras coradas por esosina-nigrosina. A proporção de espermatozoides decapitados foi maior nas amostras coradas do que na técnica de câmara úmida. As diferenças de resultados na morfologia espermática entre diferentes métodos de avaliação só pode ser atribuído à introdução de artefatos, baixa resolução/definição de estruturas espermáticas, e a falta de familiaridade do avaliador com o aspecto característico de espermatozoide processado por um método específico24. A correta classificação e quantificação dos defeitos espermáticos específicos podem fornecer informações valiosas sobrepotencial de fertilidade de um reprodutor ou ejaculado, e ajudar a formular um diagnóstico e prognóstico para problemas reprodutivos25. Brito et al24 observaram que o uso da técnica de câmara úmida facilitou a observação de defeitos acrossomais, vacúolosnucleares, e gotas citoplasmáticas, como demonstrado pelo aumento das proporções desses defeitos quando comparado com esfregaços, além do mais, o uso da técnica de câmara úmida parece reduzir a introdução de alguns artefatos (decapitados), mas aumentaramos outros (caudas dobradas/enroladas). A técnica de câmara úmida com microscopia de contraste de fase parece ser mais

sensível para identificação de espermatozoides anormais de garanhão em relação aos esfregaços corados. Estes resultados apoiaram as recomendações da sociedade de Teriogenologia para avaliação da morfologia espermática de garanhões23. Uma desvantagem potencial de preparações úmidas é a observação do espermatozoide orientado de forma inadequada, ou seja, os espermatozoides que não estão localizados em nenhum plano da lâmina e, portanto, não pode ser devidamente classificado. Este problema pode ser minimizado através do ajuste do volume da gota de sêmen na lâmina e do tamanho da lamínula, pressionando suavemente para baixo a lamínula e secando qualquer excesso de sêmen das bordas, e deixando a amostra em repouso por alguns minutos antes do exame24. Avaliação da morfologia espermática é considerado o maior desafio laboratorial para o técnico em andrologia26. Avaliação da morfologia do espermatozoide é subjetiva e os resultados dependem em grande medida da competência e experiência do avaliador. De acordo com o Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA) o percentual máximo de defeitos no sêmen equino deve ser de 30% para que se considere o reprodutor apto à reprodução22. A inserção abaxial não é considerada anormalidade nesta espécie. Essa alteração pode não afetar a fertilidade, pois o espermatozoide tende a se adaptar ao movimento e conseguir um deslocamento compatível com a fertilização22. 3. CONCLUSÃO O exame andrológico é imprescindível para a avaliação da capacidade reprodutiva de um garanhão. O laudo de um exame andrológico nunca é definitivo, pois o animal pode vir a sofrer alguma injúria ou patologia que leve à redução de sua capacidade reprodutiva, tendo portanto, validade máxima de 60 dias. Tendo isso em vista, o exame deve ser realizado regularmente a fim de que o proprietário possa tomar as devidas providências com relação aos seus animais, caso seja constatado resultado aquém do satisfatório. Referências 1 - LIMA, R.A.S.; OLIVEIRA, R.A. MENDES, C.Q.; JÚNIOR, P.G. Perfil e Tendências da Equideocultura Brasileira. Anais da 49ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. A produção animal no mundo em transformação. Brasília, 23 a 26 de julho de 2012.


2 - HAMMES, A.M.; PIMENTEL, C.A.; FERNANDES, C.E. Fertilidade em garanhões avaliada através do exame andrológico. Ciência Rural, v.26, p.277-283, 1996. 3 - SQUIRES, E.L.; PICKETT, B.W. Factors affecting sperm production and output. In: McKINNON, A.O.; SQUIRES, E.L.; VAALA, W.E.; VARNER, D.D. Equine Reproduction, 2.ed., Wiley-Blackwell, 2011, p.13441361. 4 - PAPA, F.O.; ALVARENGA, M.A.; DELL’AQUA JR., J.A. Manual de Andrologia e Manipulação de Sêmen Equino - Botucatu, SP, p.33, 2008. 5 - NEILD, D.N.; GADELLA, B.M.; AGUERO, A.; STOUT, T.A.E.; COLENBRANDER, B. Acrosome Function and Chromatin Structure in Stallion Sperm, Animal Reproduction Science, v.89, p.47-56, 2005. 6 - DITTRICH, J.R.; MELO, H.A.; AFONSO, A.M.C.F.; DITTRICH, R.L. Comportamento ingestivo de equinos e a relação com o aproveitamento das forragens e bemestar dos animais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, p.130-137, 2010. 7 - JANETT, F.; BURKHARDT, C.; BURGER, D.; IMBODEN, I.; HÄSSIG, M.; THUN, R. Influence of repeated treadmill exercise on quality and freezability of stallion semen. Theriogenology, v.65, p.1737-1749, 2006. 8 - BRICEÑO, A.M.; GARCIA, F.; ROSSINI, M.; CAMPOS, G.; BERMÚDEZ, V. Pathology of the testicle after long-term anabolic steroid treatment in a thoroughbread horse from Venezuela. Archivos Venezolanos de Farmacologia y Terapéutica, v.30, p.58-60, 2011.

D.D.; SCHUMACHER, J.; LOVE, C.C.; HINRICHS, K.; HARTMAN, D. Examination of the stallion breeding soudness. In: Manual of Equine Reproduction, 3.ed., cap.13, 2011, p.176-206. 11 - McDONNELL, S. Reproductive Behavior of the Stallion. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v.2, p.535-555, 1986. 12 - SILVA, L.A.F.; RABELO, R.E.; GODOY, R.F.; SILVA, O.C.; FRANCO, L.G.; COELHO, C.M.M.; CARDOSO, L.L. Estudo retrospectivo de fimose traumática em equinos e tratamento utilizando a técnica de circuncisão com encurtamento de pênis (1982-2007). Ciência Rural, v.40, p.123-129, 2007. 13 - KNIGHT, C.G.; MUNDAY, J.S.; PETERS, J.; DUNOWSKA, M. Equine penile squamous cell carcinomas are associated with the presence of equine papillomavirus type 2 DNA sequences. Veterinary Pathology Online, v.48, p.1190-1194, 2011. 14 - VAN DEN TOP, J.G.B.; HEER, N.; KLEIN, W.R.; ENSINK, J.M. Penile and preputial squamous cell carcinoma in the horse: A retrospective study of treatment of 77 affected horses. Equine Veterinary Journal, v.40, p.533-537, 2008. 15 - SAMPER, J.C. Equine Breeding Management and Artificial Insemination - Philadelphia, USA: W.B. Saunders, 2.ed., p.336, 2009. 16 - BRINSKO, S.P. Neoplasia of the male reproductive tract. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v.14, p.517-533, 1998.

9 - SPEIRS, V.C. Exame Clínico de Equinos, ed. ArTmed, 1999, 366p.

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In: McKINNON, A.O.; SQUIRES, E.L.; VAALA, W.E.; VARNER, D.D. Equine Reproduction, 2. ed., WileyBlackwell, 2011, cap.95, p.867-880. 19 - BEARD, W. Abnormalities of the testicles. In: McKINNON, A.O.; SQUIRES, E.L.; VAALA, W.E.; VARNER, D.D. Equine Reproduction, 2.ed., WileyBlackwell, 2011, cap.112, p.1161-1165. 20 - MACPHERSON, M.L. How to evaluate semen in the field. Proceeding of the 47thAmerican Association of Equine Practitioners Annual Convention, San Diego - California, v.47, 2001, p.412-416. 21 - FERNANDES, C.E.; PIMENTEL, C.A. Características seminais e fertilidade em garanhões. Ciência Rural, v.32, p.829-834, 2002. 22 - COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL - CBRA. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal: manual de orientação, 3.ed., Belo Horizonte, MG - 2013, 104 p. 23 - KENNEY, R.; HURTGEN, J.; PIERSON, R.; WITHERSPOON, D.; SIMNS, J. Society for Theriogenology manual for clinical fertility evaluation of the stallion. Society for Theriogenology, 1983. 24 - BRITO, L.F.C.; GREENE, L.M.; KELLEMAN, A.; KNOBBE, M.; TURNER, R. Effect of method and clinician on stallion sperm morphology evaluation. Theriogenology, v.76, p.745-750, 2011. 25 - BRITO, L.F.; KELLEMAN, A.; GREENE, L.M.; RAZ, T.; BARTH, A.D. Semen characteristics in a subfertile Arabian stallion with idiopathic teratospermia. Reproductionin Domestic Animals, v.45, p.354-358, 2010. 26 - BRAZIL, C. Practical semen analysis: from A to Z. Asian Journal of Andrology, v.12, p.14-20, 2010.

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“Digital lateral myotenectomy for the

treatment of bilateral stringhalt in a horse: case report” “Sección del tendón en el extensor lateral del dígito como tratamiento del arpeo bilateral en un equino: relato de caso”

Miotenectomia do extensor digital lateral no tratamento de bilateral em equino: relato de caso RESUMO: O objetivo deste trabalho foi relatar a resposta clínica de um equino com harpejamento bilateral após o procedimento de miotenectomia do extensor digital lateral. Foi atendido no HCV-URCAMP de BagéRS, um equino apresentando hiperflexão involuntária bilateral do tarso de início súbito. O caso foi diagnosticado como harpejamento do tipo australiano, devido à ausência de lesões ortopédicas e a presença de H. radicata no exame do ambiente. Por não apresentar resposta às condutas de manejo e terapia medicamentosa, foi realizada a miotenectomia do extensor digital lateral. O grau de harpejamento foi reduzido de 5 para 2 no membro operado, não sendo percebido ao passo. Sendo assim, após 2 meses foi realizada a mesma cirurgia no outro membro, o que resultou na ausência dos sinais clínicos. Apesar da regressão nestes casos ser geralmente espontânea, a cirurgia pode precipitar a melhora clínica, que neste caso foi de 2 meses. Unitermos: equino, harpejamento, miotenectomia

Bruna dos Santos Suñe Moraes* (brunasune@hotmail.com) Mestranda pelo Programa de PósGraduação em Veterinária - UFPel - RS

Renata Borges Machado (renata.b.machado@hotmail.com) Acadêmica em Medicina Veterinária Faculdade de Veterinária (URCAMP) Bagé - RS

Guilherme Araujo Collares Silva (guilhermecollares@hotmail.com) Prof. MsC. Faculdade de Veterinária Centro de Ciências Rurais (URCAMP) Bagé - RS

Cristina Gevehr Fernandes (crisgevf@yahoo.com.br) Profa. Dra. Depto. de Patologia Animal - Faculdade de Veterinária (UFPel) - RS

Luciana Araujo Lins (lucianaalins@yahoo.com.br) Profa. MsC. Faculdade de Veterinária Centro de Ciências Rurais (URCAMP) Bagé - RS * Autora para correspondência

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ABSTRACT: The aim of this paper was to report the clinical response of a horse with bilateral stringhalt after the digital lateral myotenectomy procedure. Was assisted in the Veterinary Hospital of the URCAMP University, in Bagé city, Brazil, a horse presenting involuntary bilateral hyperflexion of the tarsus, with sudden onset. The case was diagnosed as Australian stringhalt, due to the absent of orthopedic lesions and the presence of H. radicata plant, in the environment exam. By not show positive response to the change in management or drug therapy, was choosed the surgical procedure of digital lateral myotenectomy, as treatment option. The stringhalt grade was reduced from 5 to 2 in the operated limb, no more seen in the walk. Thus, two months after, the same surgery was performed in the other hind limb, what resulted in the absent of the clinical signs. Beside the regression in these cases commonly occurs spontaneously, the surgery may anticipate the clinical improvement, which in this case was in two months. Keywords: equine, stringhalt, myotenectomy RESUMEM: Ese trabajo tuvo por objetivo relatar la resposta clinica de un equino con arpeo bilateral, después de haberse realizado sección del tendón del extensor lateral del dígito. Fue atendido no HCV URCAMP de Bagé, RS - Brasil, un equino con hiperflexion involuntaria bilateral del tarso con inicio muy rápido. El caso se diagnosticó como arpeo del tipo australiano, debido a ausencia de lesiones ortopédicas y por encontrarse la H. radicata en el examen del ambiente. Por no tener respuesta a las disposiciones de manejo o terapias medicamentosas, se realizó la sección del tendón del extensor lateral de dígito. El grado de la hiperflexion hubo reducción de 5 hasta 2 en el miembro cirujado, sin notarse más esa señal al paso. Pasados 2 meses, se realizó la misma operación en el otro miembro, resultando en la ausencia de las señales de la hiperflexion. Mientras tanto la regresión en estos casos ocurrir naturalmente, la cirugía puede adelantar una mejora del animal, que en este caso fue de 2 meses. Unitermos: equino, arpeo, miotenectomía

Introdução O harpejamento em equinos é caracterizado pelo andar anormal com flexão exagerada e involuntária do jarrete de um ou ambos os membros pélvicos, podendo ser mínima ou grande o suficiente para o boleto tocar o abdômen. Este sinal é produzido por uma axonopatia, podendo ser causada por traumas ou toxicose alimentar12. As lesões ocorrem principalmente nos grupos muscu-

lares dos membros pélvicos e garupa, mas pode ocorrer nos quatro membros, além do músculo laríngeo recorrente, sendo caracterizada por atrofia de fibras musculares e desmielinização dos axônios, impedindo assim a passagem de estímulos nervosos para os grupos musculares acometidos11. Esta síndrome pode ser classificada em dois tipos, que se diferenciam pelos aspectos epidemiológicos. O harpejamento convencional aparece em


Relato de Caso Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade da Região da Campanha (HCV-URCAMP) no município de Bagé-RS, um equino, macho, sem raça definida, com oito anos de idade, pesando 420 kg, utilizado em rodeios. O equino apresentava sinais clínicos de harpejamento, caracterizado pela hiperflexão bilateral involuntária do tarso, de início súbito, conforme descrito na anamnese.

No exame clínico geral, não foram observadas alterações dos sinais vitais. Na inspeção, não foram encontradas quaisquer evidências de lesões traumáticas. Entretanto, na avaliação do ambiente, foi observada escassez de forragem devido a um período de seca prolongada na região, além da presença de H. radicata na pastagem onde o cavalo era criado. No exame ortopédico, o animal demonstrou resposta negativa ao teste de flexão forçada do tarso. Na avaliação neurológica específica, foi observada flexão exagerada de ambos os membros pélvicos e incapacidade de recuar ou andar em círculos. Ainda no exame neurológico, foi evidenciada hiperreflexia nos membros pélvicos, demonstrada no teste de estimulação cutânea. A andadura era caracterizadapor flexão excessiva dos membros pélvicos, com a articulação metatarso-falângica encostando-se ao ventre durante o movimento. Ao galope, o animal flexionava simultaneamente ambos os membros pélvicos, elevando a garupa durante este movimento, semelhante ao andar de uma lebre (Figura 1). Também foi percebido durante a realização do exame clínico que o animal apresentava ruído respiratório semelhante a um ronco, principalmente durante os períodos de estresse. O diagnóstico presuntivo de harpejamento tóxico, do tipo australiano, foi baseado na apresentação clínica do animal, associado à exposição do mesmo a um fator de risco, porque o campo onde era criado apresentava H. radicata. Inicialmente, o tratamento baseou-se na retirada do equino da pastagem onde se encontrava. Após, instituiu-se a terapia empírica com administração de dexametazona (2,5 mg/kg, por via intramuscular, durante 15 dias) edimetilsulfóxido (1 mg/kg, 10% em solução salina, por via endovenosa, em três aplicações com intervalo de 15 dias),

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afim de reduzir a lesão inflamatória acometendo o tecido nervoso. Também foi realizada suplementação com Vitamina E (7.000 UI, VO, durante 25 dias), como neuroprotetor e flunixin meglumine (1,1 mg/kg, EV, durante 7 dias), como analgésico e anti-inflamatório. Por não apresentar resposta satisfatória ao tratamento, optou-se pela realização da intervenção cirúrgica, através da miotenectomia do músculo extensor digital lateral. Para o procedimento, primeiramente foi administrada acepromazina (0,1 mg/kg, por via endovenosa) como medicamento pré-anestésico. Após 10 minutos, foi realizada a indução anestésica, sendo utilizada associação de cloridrato de xilazina (1,0 mg/kg, por via endovenosa) e cloridrato de quetamina (2,0 mg/kg, por via endovenosa). Logo após, o animal foi posicionado em decúbito lateral esquerdo e iniciou-se o processo de tricotomia no membro posterior direito, no qual foi realizada a cirurgia. A tricotomia foi realizada em dois pontos distintos: uma na porção distal da tíbia, logo acima da articulação társica e a outra na porção proximal do metatarso, abaixo do tarso. A seguir, foi realizada antissepsia com solução de germante iodada a 2% e álcool iodado a 2%. No músculo extensor digital lateral direito e seu tendão foram infundidos 10 ml de lidocaína a 2% como anestésico local. A cirurgia iniciou com a identificação do tendão através da palpação. Após, foi realizada uma incisão de aproximadamente 6 cm na porção distal do tendão, abaixo da articulação do tarso, sendo feita a divulsão da pele e tecido sub cutâneo, a fim de promover a dissecação do tendão, para que pudesse ser introduzida uma pinça por baixo do mesmo, expondo-o. O próximo passo foi a realização da incisão proximal com 15 cm de extensão, feita sob o músculo extensor digital lateral.

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animais em todo o mundo, sua etiologia é desconhecida e pode estar relacionada com traumatismos, enfermidades da medula, dores no casco5, aderências tendinosas, principalmente envolvendo o extensor digital lateral, além de osteoartrosetársica2. Os equinos afetados com esta forma de harpejamento dificilmente se recuperam de forma espontânea1. O segundo tipo é classificado como harpejamento australiano, o qual geralmente ocorre em forma de surtos, mas também pode se apresentar de forma esporádica8. Esse tipo foi incialmente descrito na Austrália e Nova Zelândia12, mas relatos em outros países também são descritos. Rodrigues et al. (2008) relatam casos ocorrendo no Rio Grande do Sul, com sintomatologia e evolução clínica semelhante à síndrome tóxica australiana. Geralmente se apresenta de maneira bilateral e com maior frequência no final do verão e início do outono, em épocas onde o pasto é escasso, onde os animais ficam expostos a certas ervas tóxicas (Taraxacum officinale, Malvaparvi flora e Hypochaeris radicata). Acredita-se que uma micotoxina esteja presente durante os períodos de risco, enquanto que as plantas por si só podem não contribuir diretamente com a patogenia12. A toxina ainda não está completamente especificada9. A terapia clínica com o uso de fenitoina (7-15 mg/kg) é efetiva, no entanto, quando suspenso o tratamento, os sinais clínicos tendem a reaparecer10,6. A miotenectomia do músculo extensor digital lateral é o procedimento cirúrgico de eleição para a correção do problema traumático5,13 porque, apesar de desconhecida a causa, esta estrutura está em geral associada ao distúrbio2. Descreve-se também a aplicação do método no tratamento das síndromes tóxicas5,13, embora o tratamento conservativo também seja eficaz10. O objetivo deste trabalho é relatar a resposta clínica de um equino com harpejamento bilateral severo após a realização de miotenectomia bilateral do extensor digital lateral.

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Figura 1: Andadura de um equino apresentando harpejamento bilateral. (A): Vista lateral do animal demonstrando harpejamento no membro posterior direito e (B): Hiperflexão involuntária do membro posterior esquerdo por uma vista caudal. (C): Avaliação do animal ao galope, apresentando hiperflexão dos membros posteriores bilateralmente e de forma simultânea, com elevação da garupa, semelhante ao andar de uma lebre

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Para que o ventre muscular fosse identificado, a fáscia foi incidida e, então, o músculo foi pinçado na sua porção mais proximal. Após, o tendão foi seccionado e o ventre muscular tracionado, até sua completa exteriorização. O músculo então foi seccionado, promovendo a excisão do tendão juntamente com 2 cm do ventre muscular. A porção remanescente do ventre muscular foi suturada com ponto contínuo ancorado utilizando catgut cromado 0. Após, a fáscia do músculo foi suturada da mesma forma. Ambas as suturas de pele foram realizadas com ponto simples isolado, com fio de nylon nº 4. Antes de o equino levantar-se, foram aplicadas compressas de gelo sobre as suturas por 15 minutos com a finalidade de reduzir a formação de edema local. A sequência do procedimento cirúrgico é demonstrada na Figura 2. Após a cirurgia, foram administrados fenilbutazona (2.2 mg/kg, por via endovenosa, durante 4 dias), gentamicina (5 mg/ kg, por via endovenosa, durante 7 dias) e penicilina (16.000 UI/kg, por via intramuscular, durante 7 dias), como medicação pósoperatória. Para os curativos locais, foram adotados 20 minutos de ducha, com a finalidade de reduzir a formação de edema, duas vezes ao dia e aplicação de nitrofurazona, como antisséptico, no local da sutura, sendo colocadas bandagens após. Imediatamen-

te após a cirurgia, o animal apresentou fraqueza e dificuldade de apoio sobre o membro operado. Após completa recuperação cirúrgica, com a retirada dos pontos de pele no 15º dia pós-operatório, foi verificado que o membro operado alterou o grau de harpejamento de 5 para 2, em uma escala de 0-58. Após a ressecção músculo-tendínea, um fragmento do ventre muscular foi fixado em formalina a 10% e encaminhado para avaliação histopatológica, onde foi verificado atrofia de alguns feixes musculares, revelado pela presença de miócitos proporcionalmente pequenos e angulados, com proliferação de tecido conjuntivo em meio a eles. Não foram percebidas alterações degenerativas ou inflamatórias nas fibras. Sessenta dias após, foi realizado o procedimento no membro posterior esquerdo. No segundo mês posterior ao novo procedimento cirúrgico, o equino não demonstrou mais sinais de harpejamento, sendo que tanto ao passo, como ao trote ou recuo, a anormalidade na andadura estava ausente. Discussão Foi descrito o caso de um equino apresentando flexão bilateral exagerada da articulação társica, de início súbito, característico de harpejamento. Esta hiperflexão geralmente acomete os membros pélvicos e de

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Figura 2: Procedimento cirúrgico de miotenectomia do digital lateral em um equino com harpejamento do tipo australiano, no membro posterior direito, face lateral. (A): Identificação e isolamento do tendão do músculo extensor digital lateral por uma incisão distal ao tarso e (B): Identificação e isolamento do ventre do mesmo músculo, através de incisão proximal ao tarso. (C): Exposição do tendão após sua ressecção e exteriorização através de sua bainha. (D): Por fim, é demonstrada a ressecção do ventre muscular do extensor digital lateral (seta)

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forma bilateral, sendo raramente unilateral11. O quadro foi classificado como harpejamento tóxico, do tipo australiano, devido a distribuição bilateral e pela presença de H. radicata na pastagem onde o animal era criado. Segundo Gardner et al. (2005), Piercy (2006) e Domange et al. (2010), esta planta é responsável pelo aparecimento desta síndrome. Da mesma forma, a lesão apresentada foi descaracterizada como traumática porque, ao exame físico, não foram percebidas lesões externas e não houve resposta dolorosa positiva à flexão forçada do tarso. Ainda na avaliação física, o animal apresentava ruído respiratório semelhante a um ronco sendo que, segundo Stashak (2006), a síndrome tóxica do harpejamento do tipo australiano pode apresentar manifestações na enervação laríngea, levando ao aparecimento de hemiplegia laríngea. Apesar de não se ter determinado o diagnóstico de certeza da condição laríngea, em função do temperamento nervoso do animal, limitando a utilização do endoscópio, esta condição foi sugerida pelo sinal clínico associado ao risco apresentado pelo quadro do harpejamento. A terapia clínica empírica baseada no uso de neuro protetores e anti-inflamatórios de efeito no sistema nervoso não obteve resultado. No estudo de Domange et al. (2010), o uso deste tratamento também foi ineficaz. O tratamento medicamentoso específico à base de fenitoina não foi utilizado em função do alto custo e devido a possibilidade de retorno dos sinais quando da suspensão da droga, como descreveram Piercy (2006) e Domange et al. (2010). O uso da cirurgia de miotenectomia do extensor digital lateral é bastante satisfatória, quando os músculos extensor digital longo e tibial anterior, que atuam juntamente com o extensor digital lateral dentre outros grupos musculares na movimentação da articulação társica, não estão comprometidos. Isso porque, quando existe a atrofia acentuada desses músculos, talvez não ocorra a redução do harpejamento após miotenectomia, pelo fato de os mesmos permanecerem tensionados durante o movimento12,11. Desta forma, este procedimento é geralmente indicado nos casos de harpejamento traumático. No equino desse estudo, optou-se pela cirurgia em ambos os membros, porém em diferentes momentos visando a adequada adaptação e recuperação do animal. O prognóstico para o harpejamento convencional é considerado reservado a favorável, sendo que os sinais clínicos podem permanecer ainda por um período12. Esta recuperação


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pode variar de poucos dias até vários anos4. Neste caso, o equino respondeu positivamente a abordagem cirúrgica, diminuindo o grau de harpejamento. Na avaliação histopatológica, foi observado atrofia demiócitos em alguns feixes de fibras musculares, revelada pela detecção de miócitos proporcionalmente pequenos e angulados. Em meio a esses já havia proliferação discreta de tecido conjuntivo. Considerando a ausência de alterações inflamatórias e degenerativas/necrotizantes das fibras musculares, acredita-se que a atrofia seja de caráter secundário e não seja decorrente de uma alteração primária da musculatura do animal. Estes achados permitem atribuir a lesão à denervação, o que é compatível com o harpejamento tóxico, sendo excluída a possibilidade de trauma, em função da integridade musculoesquelética apresentada pelo equino. No entendimento de Gardner et al. (2005), um aspecto a ser levado em conta é que, em alguns casos de harpejamento, a recuperação dos sinais clínicos pode ocorrer mesmo sem a terapia clínica ou cirúrgica. Esta pode ser observada após uma simples medida de manejo, ao trocar o equino para um campo de melhor qualidade. O que, segundo Cahill et al. (1985), ocorre no tipo

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australiano. Apesar da descrição que a recuperação pode ser espontânea, a cirurgia pode precipitar a recuperação, o que foi verificado no caso descrito pela resolução mais rápida ter sido observada no pós-cirúrgico. Conclusões A miotenectomia do extensor digital lateral foi útil em precipitar a recuperação clínica completa de um equino com harpejamento bilateral, provavelmente de origem tóxica. Referências 1 - ADAMS, S.B.; FESSLER, J.F. Lateral digital extensor myotenectomy for Stringhalt. In: ADAMS, S.B.; FESSLER, J.F. Atlas of Equine Surgery. Philadelphia: Saunders, 2000, p.381-383. 2 - ALVARENGA, J.; PINTO JÚNIOR, H.S.; JULY, J.R. Osteoartrite társica em equino - Relato de casos. Agropecuária Técnica, v.12, n.1-2, p.45-52, 1991. 3 - CAHILL, J.I.; GOULDEN, B.E.; PEARCE, H.G. A review and some observations on stringhalt. New Zealand Veterinary Journal, v.33, p.101-104, 1985. 4 - CAHILL, J.I.; GOULDEN, B.E. Stringhalt: current thoughts on aetiology and pathogenesis. Equine Veterinary Journal, v.24, p.161-162, 1992. 5 - CRABILL, M.R.; HONNAS, C.M.; TAYLOR, D.S. et al. Stringhalt secondary to trauma to the dorsoproxi-

mal region of the metatarsus in horses: 10 cases (19861991). Journal of the American Veterinary Medical Association, v.205, p.867-869, 1994. 6 - DOMANGE, C.; CASTEIGNAU, A.; COLLIGNON, G. et al. Longitudinal study of Australian stringhalt cases in France. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, v.94, p.712-720, 2010. 7 - GARDNER, S.Y.; COOK, A.G.; JORTNER, B.S. et al. Stringhalt associated with a pasture infested with Hypochaerisradicata. Equine Veterinary Education, v.7, p.154-158, 2005. 8 - HUNTINGTON, P.J..; JEFFCOTT, L.B.; FRIEND, S.C.E. et al. Australian Stringhalt: Epidemiological, clinical and neurological investigations. Equine Veterinary Journal, v.21, p.266-273, 1989. 9 - MACKAY, R.J.; WYER, S.; GILMOUR, A. et al. Cytotoxic activity of extracts from Hypochaerisradicata. Toxicon, v.70, p.194-203, 2013. 10 - PIERCY, R.J. Neuropathic and myopathic causes of gait abnormalities and lameness. Proceedings of the european society of veterinary orthopaedics and traumatology congress, v.13, p.185-187, 2006. 11 - RODRIGUES, A.; DE LA CORTE, F.D.; GRAÇA, D.L. et al. Harpejamento em equinos no Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.48, p.23-28, 2008. 12 - STASHAK, T. Claudicação em Equinos segundo Adams, 5.ed., São Paulo: Roca, 2006, 1144p. 13 - TORRE, F. Clinical diagnosis and results of surgical treatment of 13 cases of acquired bilateral stringhalt (1991- 2003). Equine Veterinary Journal, v.37, n.2, p.181-183, 2005.


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