comunhao-julho-2021

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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ

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ANO XXXII - 380

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JULHO DE 2021


expediente

Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor DIÁCONO JORGE AMÉRICO DE OLIVEIRA JUNIOR Equipe de produção DANIELA FREITAS DA SILVA EVANDRO LÚCIO CORRÊA JOSÉ EDUARDO DUARTE LUCIANA OLIVEIRA MEZETTI SILVA MARIA ELIETE CASSIANO MOREIRA MARIA FERNANDA CAMPOS MARIVALDA CEZÁRIO SANTOS TOBIAS MESSIAS DONIZETE FALEIROS ROBERTO CAMILO ÓRFÃO MORAIS SIMARA APARECIDA TOTI VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Revisão VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br


editorial

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amor é o ponto de partida do cristianismo. Um Deus que ama faz a oferta de seu Filho para a redenção do mundo. Desse modo, o amor ultrapassa os limites da existência chegando à sua dimensão mais profunda, a eterna. São João diz que Deus é amor! O amor não é um atributo a Deus, mas a essência do único e verdadeiro Deus. É a partir deste amor, que o ser humano passa a entender, conhecer, experimentar e ofertar o amor recebido do verdadeiro Amor à humanidade. O amor que resume a lei mosaica dá perfeito sentido à prática cristã, iluminando-a pela virtude do testemunho. Há sacralidade no amor conjugal, pois, entende-se por sacramento, na concepção da teologia clássica, que é um sinal visível de uma graça invisível. Pois bem, na vida conjugal não se reserva o amor, não se guarda e não se esquece de amar, mas, o amor é totalmente repartido e colocado diante dos olhos e do coração. Num casal que se ama, sem egoísmo e nem vaidade, o amor atinge a sua sacralidade de modo mais sublime, transformando-se em família. Os filhos são a generosa oferta deste amor. Onde há amor oblativo, Deus sempre está!

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voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

A BELEZA DO AMOR NA FAMÍLIA

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evangelista São Marcos nos evidencia em seu texto uma verdade de fé: “Desde o início da criação, Deus os fez homem e mulher, por isto o homem deixará seu pai sua mãe e os dois serão uma só carne. Portanto, eles já não são dois, mas uma só carne” (Mc 10, 6-8). A escritura sagrada expressa de modo sublime o Amor e nos revela que este amor vem de Deus, pois Ele próprio é amor. Toda escritura culmina no Amor. No amor, Deus cria, salva e sustenta toda a obra realizada. Ao criar o homem e a mulher, o Senhor dá-lhes a força do Amor que os une e, como expressão desse amor, são capazes de gerar novas vidas e devem viver a verdadeira comunhão, partilha de todos bens, dons e capacidades. O Conselho Pontifício para a Família afirma no documento Sexualidade Humana: Verdade e Significado: “Quando o amor é vivido no matrimônio, ele compreende e ultrapassa a amizade e realiza-se entre um homem e uma mulher que se dão na totalidade, respectivamente segundo a própria masculinidade e feminilidade, fundando com o pacto conjugal aquela comunhão de pessoas na qual Deus quis que fosse concebida, nascesse e se desenvolvesse a vida humana” (14). O mesmo documento se aprofunda sobre a importância da sexualidade especialmente no matrimônio. “A este amor conjugal, e somente a este, pertence à doação sexual, que se realiza de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte” (14). A carta encíclica Humanae Vitae, do Papa São Paulo VI, destaca a dupla dimensão do amor entre duas pessoas, a transcendente e a histórica, pois é justamente isso que não o permite ser um “um simples ímpeto do instinto ou do sentimento; mas é também, e principalmente, ato da vontade livre, destinado a manter-se e a crescer, mediante as alegrias e as dores da vida cotidiana, de tal modo que os esposos se tornem um só coração e uma só alma e alcancem juntos a sua perfeição humana” (HV 9). JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 4


Frutos felizes do amor, os filhos representam uma abençoada conquista na história de um casal e se tornam motivo de alegria e estímulo para o exercício do cuidado entre as gerações. Os filhos e os netos preenchem as casas com o dom da vida e a oportunizam a partilha do bem e dos valores entre todos os membros da família. A família, Igreja doméstica, pode e deve ser um espelho da comunidade fé, experimentando o amor e a comunhão, pois a beleza do amor atravessa todas as instâncias da vida, na Igreja e na família. Que a Sagrada Família de Nazaré continue a inspirar as famílias de nossa diocese na busca pela santidade em nossas casas.

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opinião

Maria da Graças Martelli é professora aposentada e leiga na Paróquia São José e Dores de Alfenas

JUSTIÇA HUMANA X JUSTIÇA DIVINA

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egundo Santo Agostinho, “as justiças humanas são restritas as decisões em sociedade, enquanto a justiça divina é absoluta”. Em sua teoria, ele mostra a perfeição das leis divinas, descrevendo-as como infinitamente boas e justas. Enquanto as leis humanas, mesmo derivadas das próprias leis divinas, acabam trazendo erros e injustiças oriundas da imperfeição da própria “natureza humana”. Com isso, Santo Agostinho expõe um conceito de que as leis divinas são mais severas por julgar a própria alma, enquanto as leis humanas apenas interferem no comportamento em sociedade. A justiça humana consiste em punir o ser humano por suas atitudes incorretas perante às Leis da sociedade, pois não agindo corretamente, conforme estas Leis, então a justiça será feita através de juízes, que analisarão os fatos conforme lhe forem apresentados. E que após a resposta dos jurados, aplicará uma sentença conforme a gravidade do crime. Muitas vezes a justiça é feita de forma tão brutal que chega a ser até mais forte que o crime cometido. Dessa maneira, a justiça humana pode acontecer de maneira não justa pelos que dela esperam. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 6


A lei de justiça entre os homens é incompleta porque deve ser substituída ou complementada por outra: a de amor e caridade. Para os homens dos dias de hoje, a meta maior é atingir um estado em que cada um cumpra com suas obrigações legais, deixando de prejudicar os outros. Para a lei divina, a meta é o próprio aperfeiçoamento da justiça, o que só pode acontecer se, além de se respeitarem mutuamente, os homens passarem a amar uns aos outros verdadeiramente, e a se colocarem no lugar deles. Nós cristãos católicos acreditamos que a justiça divina pode nos confortar, pois ela é feita a cada ser humano por suas escolhas e quem pratica o bem merece o bem, e quem pratica o mal merece o mal. A justiça divina funciona como um processo natural e automático que tem como objetivo estabelecer um estado definitivo de equilíbrio ou justiça. A justiça divina não tem empecilhos em sua ação porque age através da própria consciência dos envolvidos e dispõem de múltiplas existências como mecanismo de “ação penal”. Frequentemente, diz-se que a justiça divina é infalível, porém, ela não existe para satisfazer a noção humana de justiça. Ela não age para punir ou satisfazer desejos de vingança e nesse sentido nem mesmo a lei humana tem esse objetivo. Seu último fim é a educação moral do ser, que não pode ser destruído. Ela visa o restabelecimento de uma ordem provisória, mesmo que em contexto totalmente diferente daquele em que uma falta foi gerada. A aplicação da lei do amor e da caridade é um capítulo que já havia sido ensinado por Nosso Senhor Jesus Cristo há mais de dois mil anos e publicado na Bíblia, o livro mais vendido no mundo, e uma obra amplamente divulgada, diante dos temas do amor e justiça. Sendo assim, como lei universal, somente a lei do amor e a JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7


caridade poderão transformar o mundo, fazer justiça ao coração de cada indivíduo. Sem ela, jamais será possível falar em estado de justiça verdadeiro, dado que cada um sempre agirá de acordo com seus próprios interesses e, o outro será prejudicado. Para a lei humana, intensões e desejos maus, nem sempre são materializados em atos e por isso não constituem crimes. Para a lei divina, uma má intensão, pensamento ou ato demonstra necessidade de correção e vivência do perdão. Alguns sentimentos, como a incredulidade, o egoísmo e o cinismo levam-nos a reflexões sobre as diferenças entre a justiça divina e a humana. Porém, mesmo que a justiça humana venha a falhar, quem crê em Deus acredita que de forma justa, a Justiça Divina não falhará.

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Gildasio Trindade Dutra é religioso Rogacionista do Coração de Jesus e missionário no Maranhão

fé e política

MUNDO, FÉ E POLÍTICA EM MEIO À PANDEMIA

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algradamente, muitas sociedades e culturas estão anestesiadas, carentes de valores, de princípios éticos, e no “mundo atual” o individualismo social segue reverberando e as pessoas se afastando cada vez mais de uma vida cristã equilibrada, sobretudo no campo da fé e da política. No atual cenário mundial, neste segundo ano de pandemia da Covid-19, constatamos um profundo desequilíbrio na sociedade, e além da crise sanitária, o caos foi inevitável! Com tudo isso, muitas pessoas estão se alienando do contexto político, e outras que foram “alienadas pelo Estado” no sentido de serem despidas de suas cidadanias, como por exemplo, o direito ao acesso à saúde e à assistência social. Agora, é preciso um novo processo de retomada da coneJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9


xão consigo mesmo e com Deus. Se compararmos esse afastamento da política, a parábola do filho pródigo, ela serve como chave de leitura para compreendermos melhor o que estamos passando. Tendo se afastado da casa e das terras de seu pai, o filho foi viver de forma desvirtuada. Na parábola, o filho retoma sua consciência e mesmo não sendo bem recebido pelo seu irmão, ele voltou para casa e o que prevaleceu, foi o diálogo e o amor com o pai, que o recebeu por pura compaixão e alegria. Essa parábola também nos oferece uma mensagem política. Diante da pestilência, o que resta é a nossa fé, todavia, ela não pode ser uma fé omissa, infecunda ou sem obras. Eu também destacaria a fé! O pai do jovem, ao receber novamente seu filho, anuncia a todos que seu filho estava morto e perdido, mas que voltará a viver e fora encontrado. Sempre é tempo de retomar, refazer o caminho de nossas escolhas, seja em nossa vida particular ou pública. Voltar a viver, significa buscar a dignidade que Deus tem reservado para cada filho e filha perdido em qualquer espaço deste mundo, sofrendo qualquer tipo de desigualdade. Fé e Política, fazem parte da vida de qualquer pessoa. A fé é importante, mas para sermos bons cristão, não podemos acreditar que somente a nossa caminhada de fé possa resolver os problemas do mundo. Como ressalta o Papa Francisco: “não podemos ter uma fé sem compromisso com o outro”. Por isso, temos um compromisso, viver e comprometer-se com os outros. E se você pensa, que a política não é motivo para se preocupar, pois ela não deve interferir na sua experiência religiosa, lembre-se que Jesus foi condenado por grande multidão, mas lembre-se também que a voz do povo, não foi a voz de Deus. Eles, apenas foram ludibriados, por não terem conhecimento da verdade e não se deixarem envolver-se pela mensagem de salvação.

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A fé precisa ser uma atividade que dê as pessoas condições de encararem as contrariedades deste mundo e que agreguem nelas valores e significados para suas vidas e a vida dos outros, fazendo com que vivamos em comunhão, no amor, e no respeito. Convictos de tudo isso, não permitiremos que a nossa fé seja afetada por causa de comportamentos e práticas alheias, no âmbito político e individual. Cumprir nosso dever político e cristão, também nos torna partícipes de um mundo melhor e mais justo. É dever de toda e qualquer pessoa “apontar”, mas também “contribuir” para uma sociedade mais democrática e solidária. A política não pode ser uma prática que alienem as pessoas e nem que as tornem joguetes na mão da sociedade e mãos humana, que visa somente seu bem próprio. O não envolvimento na política, se traduz em degeneração da nossa sociedade e isso, consequentemente, abalará toda a nossa estrutura humana, sobretudo nossa fé. É nossa responsabilidade observar as nossas próprias ações, mas também olhar em nosso redor e vigiar as ações humanas. Sendo assim, muitas vezes deixamos de fazer o nosso papel e esquecemos que tem alguém ao nosso lado manipulando ou sendo manipulado, e se utilizando da política para interesse próprio e desrespeitando as leis da natureza. Do mesmo modo que, segundo São João Paulo II, “a fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”, podemos inferir que fé e política constituem como que as duas asas pelas quais a mensagem salvífica do Cristo se utiliza para transformar o mundo em um lugar de amor, paz e perdão. Por fim, o mundo depois de compreender essa mensagem JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11


e vivê-la com racionalidade, pela fé, precisará de asas, “outras”, que elevem o ser humano, não só a viver paz, amor e perdão, como manda o figurino do cristão, mas também, se redescobrir cotidianamente, para assim, ser luz para as nações, inclusive em seu âmbito político.

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Padre Maurício Marques da Silva é pároco na Paróquia São João Batista em São João Batista do Gloria – MG

em pauta

A SACRALIDADE DO AMOR CONJUGAL

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m todas as culturas grande importância é conferida ao casamento, a data do enlace é um dia muito festejado, o povo hebreu, por exemplo, comemorava por dias. Ainda nos dias, atuais mesmo diante da situação vivida se prepara o matrimônio com muita antecedência. Além de ser um dia muito importante na vida dos nubentes, também enquanto Igreja acreditamos na aliança de Deus com o ser humano através do sacramento do matrimônio. Já no início das Sagradas Escrituras, Deus não quer o homem só, quer uma companheira a ele para que os dois possam crescer e multiplicar, crescer em santidade e multiplicar no amor (Cf. Gn 3).

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“O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor” (Humane Vitae 8). O papa Paulo VI ainda no mesmo documento continua dizendo que “É depois, um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte, não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, por poder enriquecê-lo com o dom de si próprio” (HV 9). No sacramento do matrimônio em virtude da sacramentalidade, os esposos estão vinculados um ao outro da maneira mais profundamente indissolúvel, ‘por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá a sua esposa de modo que já não são dois, mas uma só carne’ (Gn 2,24). A sua pertença recíproca é a representação real, através do sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja (Familiaris Consortio 14). E o casal deve amar um ao outro como Cristo amou a Igreja e entregou por ela, pois o casal que amam um ao outro (Ef 5). Sem o amor recíproco, sem a entrega mútua na vida matrimonial, seria viver de aparências “portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência” (Cl 3,12). Também a sacralidade matrimonial perpassa por estas indicações do apóstolo Paulo, o qual o perdão é a mola mestra para a vida matrimonial.

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Por isso, na vida matrimonial, a família cristã também necessita estar inserida na Igreja, mediante o sacramento do matrimônio, no qual está radicada e do qual se alimenta, em tal sentido a esta instituição familiar é chamada a santificar-se e a santificar a comunidade cristã e o mundo (FC, 55). O sacramento do matrimônio precisa estar solidificado na rocha firme que é o próprio Cristo Jesus, alimentar-se da Palavra e da Eucaristia, para se fortalecer e trilhar seus caminhos orientados pela luz da Sagrada Escritura, e sentir-se cada vez mais a força vindo do Espírito Santo para a santificação dos membros familiares. E dentro das adversidades cotidianas saber discernir o que é da vontade de Deus e o que é vontade humana, livrando assim de tudo aquilo que nos afasta da presença do Criador. Se desejamos um matrimônio santo, será necessário santificar-se na vida matrimonial, fazendo com que o outro seja santo como o Pai celeste é santo, tornar-se os filhos santos, para que eles também possa santificar os pais. Não existirá sacralidade matrimonial se esta for guiada somente pelos instintos humanos baseados no secularismo exacerbado, com os modismos oferecidos pelos mais diversos meios existentes, sem uma vida de oração, sem uma vivência cristã dos ensinamentos da Igreja. E para encerrar usando os ensinamentos do Papa Francisco em sua exortação Apostólica Amoris Laetitia diz nos que o matrimonio: “É o caminho de se construir dia após dia. Entretanto nada disto é possível, se não se invoca o Espírito Santo, se não se clama todos os dias pedindo a sua graça, se não se procura JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 15


a sua força sobrenatural, se não Lhe fazemos presente o desejo de que derrame o seu fogo sobre o nosso amor para o fortalecer, orientar e transformar em cada nova situação (AL,164). E que Deus abençoe e santifique os casais, e Maria Santíssima unida a seu esposo, São José possa interceder por todos os casais. Amém.

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Roberto Camilo Órfão Morais

espriritualidade

CANTOR DE UM DEUS QUE DANÇA

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omando conhecimento que o machadense Padre José Fernandes de Oliveira, conhecido popularmente como Padre Zezinho, havia completado 80 anos de vida, reli o testemunho escrito por ele, no livro “As janelas do Vaticano II” (ed. Santuário, 2013). Considero esse texto um verdadeiro memorial da vida desse, que é um dos nomes mais conhecidos da comunicação católica no Brasil, autor de mais de 3 mil músicas. No texto que tem como título “Púlpitos Pré e Pós-Conciliares”, Padre Zezinho faz um relato de sua trajetória no ambiente primaveril do Concílio Vaticano II. Registra o desafio que foi entrar no seminário sonhando ser sacerdote num tipo de Igreja e “acordar em outra”. De uma Igreja que o padre “presidia” a missa em latim e de costas para o povo, para a concepção de Igreja Povo de Deus. Segundo sua análise, “foram tempos desafiadores para quem entrou na Igreja com uma cabeça e um foco e teve de mudar cabeça e foco”. Padre Zezinho evidencia seu amor por uma Igreja Mater et Magistra (mãe e mestra) e seu compromisso de diálogo com as diferentes tendências que se formaram no interior da Igreja, no pós-concílio. De um lado, havia aqueles que afirmavam que tudo era erro e, do outro, aqueles que radicalizavam as anunciadas mudanças. Padre Zezinho quis aproximar essas tendências: “nunca me vi conservador, mas nunca tive a ousadia de me proclamar libertador”. Fez da música seu espaço de atuação, com total êxodo pastoral. Mas, foi vitima também de incompreensões, como a JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 18


de ser acusado de não-litúrgico em suas composições. Padre Zezinho afirma: “rotular é um jeito de negar ao colega o direito de evangelizar de maneira abrangente”. E, seguiu em frente, tornando-se referência como evangelizador em diversos países. Sabiamente registra: “quem não tem estômago para críticas e calúnias não deve subir ao púlpito”. Com o passar dos anos do Concílio Vaticano II, os cantos dos movimentos e pastorais da Igreja que falavam das injustiças sociais foram sendo substituídos por cantos centrados no espiritual. Padre Zezinho se manteve na justa medida, segundo ele, “posição que demandava maior equilíbrio”. Continuou compondo músicas de espiritualidade, mas, com os olhos abertos aos sofrimentos e cruzes dos seres humanos. Padre Zezinho conclui seu texto-testemunho professando sua Fé na “Igreja da Palavra partilhada e do Pão repartido”. E deixa evidente sua percepção no despertar de novas perspectivas para a evangelização, vivenciadas plenamente no pontificado do Papa Francisco. Fica aqui registrada a minha admiração por esse ilustre machadense, pois, afinal, para anunciar a beleza de um Deus que dança - de acordo com o Cardeal José Tolentino, “num Deus que não se isentado do devir nem permanece neutro em relação às nossas histórias” - nada melhor do que um Padre que canta com o vigor e a ternura da Fé.

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comunicações aniversários julho Natalício 03 Padre Edimar Mendes Xavier 04 Seminarista Otávio Augusto 05 Padre Guilherme (Gleyner) Silva Souza, O.Cist. 09 Padre Francisco dos Santos 11 Padre Antônio Carlos Melo 12 Padre Ailton Goulart Rosa 15 Padre José Eduardo Aparecido Silva 16 Padre José Milton Reis 17 Padre Rovilson Ângelo da Silva 17 Padre Paulo Carmo Pereira 17 Padre Matheus Junior Pereira 22 Padre José Pimenta dos Santos 23 Frei Luiz Aguiar (Religioso) 27 Diácono Filipe Cancian Zanetti 28 Padre Juvenal Cândido Martins 29 Seminarista Alif Gonçalves de Matos Ordenação 01 Padre Sergio Aparecido Bernardes Pedroso 02 Padre Denis Nunes de Araújo 06 Padre Norival Sardinha Filho 09 Padre Edson Alves de Oliveira 10 Padre Antônio Donizeti de Oliveira 15 Padre Robison Inácio de Souza Santos 16 Padre Sidney da Silva Carvalho 16 Padre Weberton Reis Magno 17 Padre Reinaldo Marques Rezende 17 Padre Paulo Carmo Pereira 20 Monsenhor José dos Reis 22 Padre Vinícius Pereira Silva 23 Dom José Geraldo Oliveira do Valle (episcopal) 30 Padre José Ricardo Esteves Pereira 30 Padre Ademir da Silva Ribeiro 30 Padre Sebastião Marcos Ferreira 31 Padre Thomaz Patrick O’Brien, O.M.I. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 20


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