UNIESPORTES
Macapá: a capital da vanguarda do Kitesurf na região norte do Brasil
Xadrez: do disparo do relógio ao xeque-mate
Sonhar ou sobreviver: a realidade do futsal amapaense
PARATLETISMO:
DESAFIOS, SUPERAÇÕES E CONQUISTAS
Foto:CrisMattos/CPB
jornalismoagcom.com
Editor-chefe
Prof. Me. Alan Milhomem Monitor
Fernando Pantoja
Repórteres
Aline Silva
Amanda Cruz
Andreia Loreana
Arleson Reis
Cássia Palheta
Charles Campos
Fernanda Ferreira
Eloyze Monte
Gabrielly Mourao
Lucas Lima
Lucas Oliveira
Luhana Baddini
Maiely Cardoso
Mickael Marques Nobre
Mikhael Kelmon
Paullynna Figueiredo
Paulo Rafael Santos
Rafael Carneiro
Talita Paiva
Wallace Fonseca
Wellington Diego
Fotografias
Produzidas por alunos e alunas
Acervos pessoais dos entrevistados
2024
Revista produzida pela disciplina de Redação e Reportagem III do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá.
ESPORTE, UMA PAIXÃO QUE UNE PESSOAS E MOVIMENTA O AMAPÁ
A Revista Uniesporte busca contar histórias de superação, talento e dedicação de atletas e paratletas amapaenses . Abordamos a relevância do esporte como uma força unitária, o seu impacto na vida dos praticantes e a necessidade de valorizar e promover a igualdade e a inclusão no mundo esportivo.
O esporte é uma das paixões do povo amapaense, que une e desperta os sentimentos de alegria, união e competividade. Nesta edição são apresentadas 13 modalidades esportivas para além do tradicional futebol: paratletismo, kitesurf, xadrez, futsal, handebol, natação, skate, basquete sobre rodas, tênis de mesa, vôlei, capoeira, muay thai e badmínton.
Não descartamos a importância e o destaque do futebol nas Terras Tucujus, mas optamos por contar histórias por trás de outros esportes que não ganham tanto destaque na mídia local como futebol, que já tem lugar cativo na imprensa amapense.
No Amapá, há histórias de inúmeros esportistas que desafiam e enfrentam as mais diversas barreiras para se manter no esporte e/ou ganhar a vida como atleta Convidamos você, nosso leitor, a se juntar a nós nesta jornada do mundo do esporte, descobrindo histórias que tocam o coração, desafiam nossas percepções e que celebram a maravilhosa diversidade humana.
Bem-vindos a edição única da Uniesporte, na qual cada modalidade, cada momento de superação são mais do que esporte, são relatos de histórias humanas
Monitor da disciplinaFernandoPantoja
Foto:MikhaelKelmon
PREZADO (A) LEITOR (A),
É com grande entusiasmo que apresentamos a primeira edição da Revista Uniesportes, fruto do trabalho dos/das alunos e alunas da disciplina de Redação e Reportagem III, ministrada por mim, no Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá.
Nesta edição, mergulhamos no mundo dos esportes, trazendo reportagens inspiradoras sobre diversas modalidades que encantam e movimentam pessoas em todo o Amapá. Desde o paratletismo, que nos mostra a superação e a força do espírito humano, passando pelas estratégias do xadrez, a agilidade do badminton, o contato físico do handebol, a cultura do skate, os mergulhos da natação até o kitesurf, que nos leva a explorar os limites do corpo e da natureza. Cada página desta revista foi cuidadosamente elaborada para levar até você o melhor do universo esportivo.
Esperamos que as reportagens desta edição inspirem você a mergulhar no mundo amapaense dos esportes, seja como praticante, espectador ou simplesmente admirador. Que elas o motivem a buscar explorar novas modalidades.
A Revista Uniesportes é mais do que uma simples atividade avaliativa de uma disciplina, é uma oportunidade de conhecer as nuances dos esportes praticados no Amapá somada a possibilidade de exercício prático da redação jornalística por alunos e alunas do Curso de Jornalismo
Agradeço o apoio, o empenho e a dedicação de cada repórter na construção de seu material e na superação dos desafios para conseguir construir sua reportagem. Foi um trabalho desafiador, mas com um resultado pra lá de especial
Boa leitura e que os esportes continuem a nos inspirar, motivar e unir!
Professor e editor da revista AlanMilhomem
Foto:Foto:AdsonsLinsSantos/RedeSocial
ÍNDICE
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Paratletismo: desafios, superações e conquistas
Fernanda Ferreira e Wellington Diego
Macapá: a capital da vanguarda do Kitesurf na região norte do Brasil
Charles Campos e Arleson Reis
Sonhar ou sobreviver: a realidade do futsal amapaense
Cássia Palheta e Paullynna Figueiredo
Xadrez: do disparo do relógio ao xeque-mate
Mickael Marques
Handebol: treinador dedica sua vida a formar outros atletas
Amanda Cruz e Rafael Carneiro
Superação: parei de fumar pela natação Eloyze Monte
Sobre quatro rodas: a cultura urbana do skate em Macapá
Luhana Baddini e Paulo Rafael
Lucas Tiago inicia treinos visando a Seleção Brasileira
Andreia Loreana e Maiely Cardoso
Tênis de mesa: do frio britânico ao calor tucuju
Wallace Fonseca
Muay Thai: arte milenar ganha destaque no Amapá
Talita Paiva e Mikhael Kelmon
Badminton tem ganhado destaque em Macapá
Lucas Oliveira
Vôlei busca superar dificuldades
Gabrielly Mourão
Capoeira: grupo agrega alunos de diferentes idades na Unifap
Aline Silva e Lucas Lima
Foto:ArthurCorrêa
PARATLETISMO: DESAFIOS, SUPERAÇÕES E CONQUISTAS
Uma imersão na história de importantes figuras do esporte paralímpico mostra como a resiliência e dedicação impulsionaram o cenário internacional com talentos amapaenses.
Fernanda Ferreira
Wellington Diego
O paratletismo no Amapá tem raízes profundas e significativas que vão além das quadras e arenas. Naturais do extremo norte do país, os paratletas enfrentam dificuldades geográficas, financeiras e psicológicas como todos os outros, e em adição a isto superam desafios e preconceitos em nome do amor às suas modalidades
Entre a corrida, salto, lançamento e arremesso, é possível enxergar novos horizontes que antes não eram possíveis de imaginar, e parte disso se dá pela sensação de pertencimento que o esporte traz ao praticante e sua equipe. Em um país que possui mais de 45 milhões de pessoas com deficiência, a presença desses atletas acaba se tornando inspiração para crianças e jovens que ali enxergam representatividade e possibilidade de uma carreira no esporte
A atividade física traz consigo diversos benefícios físicos e sociais, e nos esportes isso se intensifica: a
valorização da mobilidade, autonomia e qualidade de vida são os principais elementos que fazem da pessoa com deficiência frequentemente atraída pelo paratletismo em prol de sua saúde mental
Os prêmios em competições nacionais e internacionais são uma conquista frequente para os esportistas que possuem mérito e esforço para alcançar o pódio e fazer valer as horas de treino gastas. Em 2023, a delegação amapaense de paratletismo trouxe para casa 11 medalhas conquistadas no campeonato “Conexão Paralímpica” ocorrido em São Paulo, enquanto isso, no mesmo ano os jovens paratletas do Amapá foram destaque nas Paralimpíadas Escolares 2023, com mais 56 medalhas pra conta, como Isabelle Soares e Alessandro Figueiredo, que juntos somaram 6 medalhas. Entre os paratletas do Amapá, há histórias de resiliência que merecem ser contadas e reconhecidas. Uma delas é a de Wanna Brito, de 27 anos,
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Foto:FernandaFerreira
que nasceu com paralisia cerebral e compete nas provas de arremesso de peso e lançamento de club na classe F32. Wanna é medalhista de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de 2023 e de prata no Mundial de Atletismo Paralímpico de 2023 Ela é graduada em Fisioterapia e inspira-se em Fernando Fernandes, ex-participante do No Limite e campeão mundial de paracanoagem.
Wanna foi diagnosticada com paralisia cerebral no momento do parto, o que afetou sua coordenação motora e sua fala. A atleta revela que sua mãe foi a principal incentivadora para que ela não se limitasse à sua condição. "Ela sempre me disse que eu podia fazer tudo o que eu quisesse, que eu era capaz de superar qualquer obstáculo. Ela me levava para a escola, para a fisioterapia, para os passeios Ela nunca me deixou de lado", diz Wanna.
Sua carreira no esporte teve início por meio da natação no ano de 2018, e já no final de 2019 migrou para o atletismo por incentivo do técnico Marlon Gomes, que viu nela um potencial para as provas de arremesso e lançamento "Eu sempre gostei de esporte, mas nunca foi minha intenção virar atleta, eu comecei por hobby na natação por que não conhecia o paratletismo muito bem. Quando eu conheci o professor Marlon, ele me apresentou o esporte Eu aceitei na hora, porque eu queria experimentar algo novo", afirma Wanna.
A primeira competição foi em 2020, no Campeonato Brasileiro de Atletismo, no qual ela conquistou a medalha de bronze no arremesso de peso. Desde então, ela não parou de evoluir e de se destacar nas competições que participou Em 2022, foi campeã do Meeting Paraolímpico Macapá, um evento que reuniu os me-
lhores paratletas da região norte do país. Em 2023,. brilhou no Conexão Paralímpica, em São Paulo, onde conquistou duas medalhas de ouro, uma no arremesso de peso e outra no lançamento de club, com direito a recorde brasileiro Posteriormente, ela viajou para o Marrocos, onde disputou o Grand Prix de atletismo, e voltou com mais duas medalhas, uma de ouro no lançamento de club e uma de prata no arremesso de peso. Wanna quebrou mais um recorde no Desafio CPB/CBAP ocorrido em 26 de fevereiro em São Paulo Durante a prova de arremesso de peso, atingiu a marca de 7,66 metros, superando seu próprio número, que era de 7,35 em 2023. A atleta menciona sempre como seu foco principal é a Paralimpíada em Paris 2024, além de dar créditos à sua equipe multiprofissional, ressaltando o valor do preparo mental em
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Here, you can place a caption for the photo. It can be a short description or it can credit the production team.
Foto:FernandaFerreira
atletas de alto rendimento “Eu respiro esporte, treino o esporte, mas também cuido da cabeça com acompanhamento psicológico, fisioterapêutico, nutricionista, então é um conjunto de coisas que tem que fazer para que o atleta renda na arena”
A paratleta diz que se sente realizada com suas conquistas, mas que ainda tem muitos sonhos a realizar. "Eu quero continuar treinando e melhorando, e o objetivo principal deste ano é participar das Paralimpíadas em Paris. Eu também quero ajudar outras pessoas com deficiência a conhecerem o paratletismo e a se apaixonarem pelo esporte, assim como eu me apaixonei", declara
Wanna
Personagem importante da narrativa do esporte no Amapá e medalhista habituada ao pódio, Alice Chagas, de 20 anos, possui deficiência visual e compete nas provas de arremesso de peso,
lançamento de disco e corrida de 100m e 200m na classe T11, para atletas cegos que competem vendados e com auxílio sonoro. Alice é estudante de História e compõe a delegação amapaense que possui aproximadamente 25 atletas Ela é medalhista de prata no arremesso de peso nas Paralimpíadas Escolares de 2017 e de ouro no arremesso de peso e no lançamento de disco no Conexão Paralímpica de 2023.
Alice perdeu a visão aos 4 meses de vida devido a uma retinopatia da prematuridade, que provocou o atrofiamento do globo ocular advindo do deslocamento de retina. Ela conta que sua família sempre a apoiou e incentivou a estudar e a praticar esportes. "Eu cresci em uma família muito unida e amorosa, que nunca me tratou de forma diferente por causa da minha deficiência. Eles sempre me deram oportunidades e me esti-
mularam a buscar meus objetivos" conta Alice, que apesar de integrar um nicho desgastante como o esportivo, faz questão de responder todas as perguntas com um sorriso no rosto.
A esportista começou a praticar o paratletismo aos 10 anos de idade, por meio de um projeto social da Universidade Federal do Amapá, que oferecia atividades esportivas para crianças e adolescentes com deficiência e se interessou pelas provas de arremesso e lançamento, rapidamente se destacando nas competições escolares. Em 2017, participou pela primeira vez das Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, onde conquistou a medalha de prata no arremesso de peso, e naquele mesmo ano, ela também ganhou três medalhas de ouro nos Jogos Escolares Paralímpicos do Amapá, nas categorias corrida de 100 m., arremesso de dardo e de peso.
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Foto:FernandaFerreira
A jovem diz que o paratletismo mudou sua vida, e que ela se sente mais confiante e feliz com o esporte "O paratletismo me trouxe muitos benefícios, tanto físicos quanto emocionais. Eu me sinto mais forte, mais saudável, mais independente e mais sociável. Eu fiz muitos amigos no esporte, e eu me divirto muito nos treinos e nas competições”, afirma
Ainda no início da carreira, a promessa do paratletismo também procura formas de passar o tempo livre entre os treinos, principalmente assistindo desenhos japoneses cujos protagonistas praticam esportes, em específico a obra “Haikyū!!” em que, assim como Alice, o personagem principal se destaca pela sua determinação ao integrar o esporte pelo qual é apaixonado, ao mesmo tempo que quebra os paradigmas do “físico de atleta”.
Mesmo depois de entrar pra história tão nova, Alice ainda busca alcançar suas metas e ambições no paratletismo, e quer representar o seu estado e o seu país em eventos internacionais "Eu tenho muitos sonhos no esporte, e um deles é participar das Paralimpíadas Eu sei que é um desafio muito grande, mas eu estou disposta a me dedicar e a me esforçar para alcançar esse objetivo", compartilhou.
Apoio e desafios
A execução do paratletismo no estado conta com o apoio de instituições como o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), a Federação de Atletismo de Mato Grosso (FAMT), a Universidade Federal do Amapá (Unifap), o Governo do Estado e a Prefeitura de Macapá, que em tese oferecem
infraestrutura, recursos e incentivos para o desenvolvimento dos atletas.
O CPB, por exemplo, mantém um Centro de Referência Paralímpico Brasileiro em Macapá, que é um espaço destinado à prática, ao treinamento e à identificação de talentos no paradesporto. O centro conta com uma pista de atletismo, uma piscina, uma academia, uma sala de fisioterapia, uma sala de avaliação e um alojamento O centro é coordenado pelo professor de educação física Marlon Gomes, que também é diretor de Esportes da FEPAP.
Marlon explica que o centro atende cerca de 80 paratletas por semana, de diferentes idades e classes, e que oferece todo o suporte necessário para que eles possam se preparar para as competições. "Nós temos uma equipe multidisciplinar, composta por técnicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e edu-
cadores físicos que acompanham os paratletas em todas as etapas do processo. Nós também fornecemos materiais adaptados como próteses, cadeiras de rodas, bolas sonoras, que facilitam a prática do esporte", diz Marlon
Ele também ressalta que o centro é um espaço de inclusão, que recebe pessoas com deficiência que nunca praticaram esporte, e que buscam no paratletismo uma forma de lazer, saúde e socialização "Encontramos paratletas que vieram para o centro sem nenhuma expectativa, e que se surpreenderam com o que eles conseguiram fazer. Eles descobriram novas habilidades, novos amigos e novas oportunidades. Eles se sentiram mais valorizados e mais integrados, mais felizes", afirma Marlon.
Apesar do apoio de algumas instituições, o paratletismo no Amapá também enfrenta desafios, como a falta de patrocínio, a escassez de materiais adaptados,
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Foto:FernandaFerreira
que muitas vezes são caros ou inadequados para as suas necessidades e a carência de profissionais qualificados para atender as demandas específicas do paratletismo, como técnicos, árbitros e guias. Os atletas também enfrentam o preconceito e a discriminação de parte da sociedade, que ainda vê as pessoas com deficiência como incapazes ou limitadas.
Felizmente, a representação brasileira em outros países é marcada pelas conquistas e histórias de cada integrante do comitê. Nas últimas Paralimpíadas, em Tóquio - Japão, a delegação conquistou 72 medalhas, número que superou todas as participações anteriores Em alguns meses, esperamos ver Wanna e todo o Comitê ultrapassando novamente seus recordes pessoais e externos para dar orgulho ao povo amapaense. O assunto “medalhas” traz luz ao próximo integrante dessa importante narrativa do esporte no Brasil que entrou para a história do esporte adaptado com 1 ouro, 5 pratas e 1 bronze durante três Olimpíadas (Sydney, Atenas e Pequim).
Figura histórica no esporte olímpico, Luis Antônio Silva deixou sua marca na natação ao se tornar o 9° maior medalhista brasileiro em Paralimpíadas com-
petindo na classe S6, e anos depois se tornou coordenador de esportes paralímpicos de Macapá Ainda ativo em sua função, o nadador explica que se descobriu atleta na época de escola enquanto vivia em Recife - Pernambuco, e tinha que esperar sua irmã.
O jovem na época possuía um intervalo de tempo livre próximo à piscina da instituição e e interessou assim como Wanna pela prática esportiva como um hobby. O esporte, por não necessitar de muitos instrumentos corporais, fizeram de Luis um apaixonado pelas piscinas, não deixando que a ausência de dois membros (um braço e uma perna) o impedissem de alcançar o sonho de todo atleta profissional: a medalha olímpica.
Agora técnico de natação pelo projeto “Amigos da Água”, Silva afirma que o apoio da família e acesso às condições devidas o fizeram obter êxito em tantas competições, sendo elas a chance de viajar para competir ou o simples óculos adaptado para mergulho. Também credita os apoiadores da época, quando treinava em Recife - Pernambuco que ajudavam com a preparação física. “A minha equipe era o BB Recife, que além da piscina para treinar, me oferecia preparação
completa com técnico e profissionais especializados, detalhou Luís.
Seu maior propósito de vida é descrito pelo mesmo como o paradesporto, seja ele nas piscinas ou na coordenação de competições e eventos, o esporte traz aos seus praticantes uma sensação de propósito que poucas atividades trazem “Eu quero devolver tudo o que o esporte me deu, me rendeu, e os frutos que me proporcionou E eu quero retribuir levando essa ferramenta do trabalho e conhecimento para as pessoas com deficiência.”
Ele defende a visibilidade dada ao esporte pelas autoridades, citando os espaços disponíveis para a prática nos arredores da cidade, lembrando que na sua época nas competições, a acessibilidade era bem mais precária “Vivi uma época em que a gente não tinha nada, a gente tinha que correr atrás. E hoje já temos lugares, já temos apoios, desde a base. Hoje temos o complexo do Glicério Marques, que abriga vários esportes e dentro deles o paradesporto”.
Após se aposentar das competições, não deixou as águas e continua representando os direitos dos paratletas de forma difet t á d h l f t
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Foto:CrisMattos/CPB
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Foto:ArquivoFAB
Foto:LucasSilva
Foto:ArquivoAVAP
DESTAQUE
MACAPÁ: A CAPITAL DA VANGUARDA DO KITESURF NA REGIÃO NORTE DO BRASIL
São quase 20 anos de história do esporte na cidade com pioneirismo e quebra de recordes mundiais.
Charles Campos Arleson Soares
Nas águas do Rio Amazonas, onde a imensidão do rio se funde com a exuberância da Floresta Amazônica, uma prática esportiva conquista corações amapaenses há quase duas décadas: o kitesurf
Também conhecido como kiteboarding, é um esporte aquático de aventura que combina elementos do surfe, do windsurfe e do parapente. Utilizando uma prancha (similar à do surfe) e uma pipa (que fica estendida no ar e presa ao corpo do praticante com cabos e uma espécie de cinta chamada trapézio), o praticante é impulsionado pelo vento e realiza manobras sobre as ondas ou saltos.
Uma proposta diferente e inovadora na qual a vela (a pipa) fica distante do velejador. Essa mistura de elementos de esportes aéreos e aquáticos resultou em um esporte moderno e radical, que existe há quase 40 anos, e que tem o Brasil e o Amapá como vanguarda. As condições climáticas e geográficas contribuem para esta ascensão do Kitesurf águas brasileiras, sobretudo em cidades litorâneas.
O país, que conta com um número crescente de praticantes e adeptos, atualmente tem mais de 100 mil praticantes registrados, segundo dados da Associação Brasileira de Kitesurf (ABK). No Amapá, há quase 20 anos o esporte é praticado e conta com cerca de 60 praticantes ativos, segundo a Associação de Velejadores do Amapá (AVAP).
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12 Foto:ArquivoAVAP
ESTILOS E MODALIDADES
No início, os praticantes de kitesurf utilizavam as tradicionais pranchas de surfe. Com o tempo, surgiram as pranchas bidirecionais, semelhantes ao skate, que proporcionaram maior mobilidade aos adeptos. Dessa evolução, surgiram modalidades distintas, como Kiterace, Freestyle, Big Air e Kitewave. Cada modalidade exige habilidades específicas do velejador, contribuindo para a diversificação e a popularização do esporte na região.
Há também a modalidade inovadora e a grande tendência do esporte: o Hydrofoil. Com uma tecnologia desenvolvida na segunda guerra mundial, o Hydrofoil (ou IQfoil) possui uma prancha diferente, com uma espécie de cano na parte debaixo e uma “hélice” na ponta que tem um formato similar a um avião, o que permite ao velejador ter mais autonomia para praticar o esporte, visto que a prancha não depende de vento ou maré para ter velocidade e conseguir deslizar na água, além de permitir a prática do esporte durante todo o ano independente de condições geográficas e climáticas. Esta foi a modalidade escolhida do Kitesurf para as Olimpíadas de Paris de 2024.
Em Macapá, o Hyrofoil já é praticado há 12 anos, tendo seu pioneiro e representante o velejador quebrador de recorde mundial de kitesurf de maior distância percorrida, Eliton Franco, 46 anos. Ele é presidente da Associação dos Velejadores do Amapá (AVAP) e um dos principais velejadores de Hydrofoil no país. O amapaense conseguiu o quinto
KITERACE
Modalidade de corrida e a que mais se aproxima do velejo de barco. Consiste em dar bordos compridos com kites. Os velejadores de kiterace buscam desafios de percorrer longas distâncias em um curto espaço de tempo.
FREESTYLE
Estilo livre, mais radical do kitesurf, refere-se a competições com manobras clássicas e manobras utilizadas em campeonatos. Tem o objetivo de buscar perfeição nas manobras comuns em competições.
BIRAIR
Uma modalidade que tem grandes adeptos no Brasil e no mundo e consiste em saltos dos atletas e a contagem do tempo que ele ficará fora da água.
KITEWAVE
É o velejo direcionado para as ondas. Feito com pranchas e manobras de surf (ou similares), porém, usando o kite para acelerar e fazer as manobras com maior precisão.
lugar no Campeonato Brasileiro de Kitesurf em 2023. Macapá conta, atualmente, com 15 velejadores desta modalidade de Kitesurf.
Eliton Franco vislumbra o Amapá e o Brasil, sobretudo o estado do Maranhão, como grandes nomes no cenário mundial de Hydrofoil e com possibilidades de termos medalhistas nas Olimpíadas de Paris em 2024.
“O Brasil tem grande chance de ser medalha de bronze nessas Olímpiadas com o Lobo.Os representantes da França e de Singapura estão em outro nível atualmente no esporte e certamente vão brigar entre si pelo ouro e prata, aí ‘sobra’ o bronze para os demais e eu acredito que o brasileiro tem todas as condições pra ‘roubar’ esse bronze pra nós”, afirma.
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PRÁTICA DO KITESURF
Para quem deseja iniciar no Kitesurf é fundamental procurar um instrutor adequado, por se tratar de um esporte radical, não é recomendável tentar aprender por conta própria. O curso com profissional possui carga horária de 10 horas, no qual o iniciante aprende sobre segurança, climatologia e técnicas de controle de pipa.
Quem tiver interesse pode procurar os velejadores na sede da AVAP, localizada no complexo do Jandiá. Diariamente vários kitesurfistas experientes se reúnem lá para o velejo e estão acessíveis para difundir o esporte.
Os materiais que são utilizados para a prática do esporte: prancha, pipa, trapézio e barra. Existem pipas de diferentes tamanhos que variam de acordo com o local (média de vento) e pela massa corporal do praticante, e os instrutores geralmente fornecem o material para aprendizado As pranchas variam de acordo com as modalidades, mas geralmente para iniciantes se utilizam pranchas de surfe ou pranchas bidirecionais. A prática é recomendada para pessoas a partir de 12 anos de idade.
“Não há uma idade mínima por regra, mas a gente recomenda que seja a partir dos 12 anos, claro que há exceções, mas nessa idade a gente já passa a ter uma boa coordenação motora e aquela liberação boa de endorfina durante o velejo”, explica Eliton.
Os principais picos de Kitesurf no Amapá (locais propícios para a prática do esporte, por conta de suas características geográficas e climáticas): Orla de Macapá, mais especificamente no
no Complexo do Jandiá. Há também o Goiabal, em Calçoene, um famoso e tradicional pico, porém de acesso mais difícil aos kiutesurfistas.
Eliton Franco exalta a cidade como propícia e de fácil deslocamento para a prática, por ser uma cidade pequena, e que independente de qual bairro você mora, consegue chegar no Complexo em poucas horas, mesmo em horários de maior engarrafamento
A velejadora Arienne Uchôa, que entrou no esporte em 2014, conta que teve contato pela primeira vez como Kitesurf em 2007 em uma viagem para Fortaleza. “Comecei a observar um pessoal na praia fazendo um esporte diferente, surfando com uma vela [..] e eu achava lindo, porque eles davam uns saltos longos, e eu passava horas observando”, relembra a kitesurfista.
A estética do esporte chamou a atenção da Kitesurfista, porém logo depois veio o cuidado e a precaução, segundo ela, toda
pessoa que se interessa pelo esporte, antes de começar, precisa ter consciência que se trata de um esporte radical, perigoso, arriscado e que o praticante necessita zelar pela sua vida, por isso o curso com instrutor é fundamental. “É essencial que a gente revise o equipamento e verifique se ele foi montado da maneira correta, porque qualquer deslize, a gente pode se machucar”, comenta Arienne
Atualmente, ela e outras mulheres fazem parte de um grupo chamado Kite Girls Amapá, que reúne praticantes e incentivadoras do Kitesurf feminino no estado. O grupo criado em 2022 conta atualmente com pouco mais de dez mulheres e esteve presente em 2023 como representante feminino do norte do Brasil na Copa Kitley, em Saquarema (RJ).
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Foto:ArquivoAVAP
DESAFIOS, BENEFÍCIOS E DIFICULDADES
O Kitesurf é um esporte perigoso, sobretudo por somar os perigos da água aos perigos aéreos, como a instabilidade do vento e as correntezas dos rios e mares. É imprescindível o uso de coletes aos praticantes e não é recomendado a prática no turno da noite, até mesmo para kitesurfistas mais experientes Apesar de não ser obrigatório, Eliton Franco diz que, para ele, todo kitesurfista precisa saber nadar, pois precisa estar preparado para as adversidades das águas.
Em Macapá, no ano de 2018, um velejador faleceu ao praticar o Kitesurf, Alexandre de Souza, de 38 anos, era amigo de Eliton Franco que lembra a perda do amigo e ressalta “o Alexandre era um velejador experiente, mas infelizmente no dia do ocorrido não estava usando colete salvavidas e houve um problema e esse problema resultou no óbito”. Apesar dos riscos, o Kitesurf é um esporte que traz muitos benefícios à saúde, o velejo libera uma quantidade enorme de endorfina
na mente. “Imagina você sentir a brisa do ar no corpo e gotículas de água te banhando”, comenta Eliton, que também ressalta como o esporte o ajuda a combater a insônia, que o assombra durante muitos anos Segundo ele, nos dias em que pratica o velejo, o seu sono é mais leve e confortável
O Brasil, apesar de possuir grandes representantes no cenário internacional de Kitesurf, apresenta desafios significativos aos praticantes. A falta de incentivo estatal, a tributação elevada sobre equipamentos importados e a ausência de uma indústria nacional consolidada são alguns dos obstáculos enfrentados pelos velejadores. A legislação brasileira cobra 60% de tributação nas importações, mesmo sendo de equipamentos para prática de esportes de atletas que competem nacional e internacionalmente
Eliton conta que grande parte dos materiais precisam ser importados, e que material esportivo
no Brasil recebe essa taxação, sendo o preço original já bastante elevado, visto que é comercializado em euro ou dólar. Isso torna o esporte inacessível para boa parte da população brasileira O velejador também ressalta como o mercado de trocas, usados e revendas é aquecido no Brasil, mas ainda sim quem deseja ingressar no esporte precisa fazer um investimento alto em materiais (e na grande maioria das vezes ser o seu único patrocinador).
O elevado preço dos materiais e a dificuldade de importação no Brasil afasta o esporte dos jovens, sendo a maioria dos praticantes pessoas pessoas com mais de 30 anos. Outro obstáculo apontado por Eliton Franco é que os equipamentos de Kitesurf são perecíveis, ou seja, não possuem vida longa, segundo ele, os materiais que são utilizados de forma frequente por velejadores duram em média 4 anos.
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Foto:ArquivoAVAP
A SOBREVIVENTE DAS ÁGUAS
A vastidão imponente do Rio Amazonas, com suas águas caudalosas e sua densa vegetação que se estende até onde a vista alcança, é palco de inúmeras histórias de aventura, coragem e, por vezes, sobrevivência extrema. Entre essas narrativas, destaca-se a saga de uma sobrevivente, a Adrielly Carvalho, 28 anos, que, por circunstâncias adversas, encontrou-se à deriva nesse imenso curso d'água
A velejadora que pratica o esporte desde 2021, hoje faz tudo de forma independente, reúne sozinha o equipamento necessário e entra na água. Ela mesma se considera iniciante, mas nem tanto, já que os 3 anos de kitesurf lhe deram bastante experiência em diversos momentos. A esportista diz que o kite é uma atividade terapêutica para ela, em que se conecta com os ventos e com o rio Até cogitou experienciar o mar, mas prefere o nosso majestoso Rio Amazonas
Em uma dessas aventuras, Adrielly foi lançada no maior desafio que já enfrentou. No dia 28 de setembro de 2023, enquanto participava de uma prova referente à 6ª Travessia em Defesa do Rio Amazonas, a maresia intensa arrastou a velejadora para fora da área de segurança, onde ela não conseguiu voltar e acabou se perdendo dos demais competidores Ao perceber que estava se afastando cada vez mais da margem, a kitesurfista se preparou para iniciar as manobras de segurança que os atletas são orientados a fazer.
No sorteio dos competidores, Adrielly, foi a primeira a entrar na água, mas acabou perdendo, durante alguns segundos, o timing da largada. Iniciado o velejo, a competidora foi na direção errada e os ventos fortes acabaram derrubando a pipa do kite na água Ao aguardar o resgate dos primeiros minutos, a maresia lan-
çou ela para dentro do rio, onde não conseguiu mais retornar para a margem Nesse momento o desespero de perceber que estava à deriva tomou conta da esportista que tentou de todas as formas se acalmar e verificar as opções de sobrevivência que tinha naquela situação.
“Ali eu parei para pensar, enquanto eu estou aqui não vou fazer a ela e vou esperar o resgate, mas foi passando as horas, vi o pôr do sol e o nascer da lua, ai bateu um pouco de desespero por perceber que eu ia ficar a deriva, mas tentei me manter tranquila, porém nisso a maré tava me levando pro meio do rio”, relata Adrielly.
Com o relógio que sempre anda com ela, Adrielly foi monitorando as horas conforme o fim do dia ia chegando, e nisso a noite chegou, o tempo passou e o socorro não veio Ela conta que no dia acordou muito cedo por volta das 6 horas da manhã, então às 10 horas da noite já estava muito cansada e sentindo sono em cima da prancha. A maré empurrava ela cada vez mais pra dentro da baía, foi onde ela avistou os navios que ficam em frente à cidade. Porém, mesmo gritando por ajuda, ninguém ouviu, ela deduziu que a tripulação provavelmente estava dormindo. O cansaço e a fome já tinham tomado conta, e a velejadora usou as últimas energias para não dormir em cima da prancha e não correr o risco de se afogar Ela sabia que o GTA (Grupamento Tático Aéreo) iniciaria as buscas pela manhã, ao nascer do sol, então aguardou.
Adrielly explica que naquele momento já estava tão sem forças que se o afogamento fosse inevitável, ela aceitaria o seu destino. “O sol começou a esquentar, já estava desidratada então pensei que se de alguma forma eu começasse a me afogar, eu iria aceitar a morte, não iria
fazer esforço nenhum para se tornar uma coisa angustiante e exaustiva, ali eu iria ficar”, desabafa a velejadora rindo após o susto. Iniciada as buscas, a força tática passou por ela diversas vezes sem sucesso, porém na quarta tentativa a kitesurfista foi avistada e o resgate foi feito, finalizando assim 15 horas ao todo a deriva no Rio Amazonas Passado todo o incidente, já no conforto dos abraços e carinho da família, ela conta que passar por isso foi uma provação de vida e um ponto de mudança na jornada da esportista
A vida passou a ter muito mais valor para ela depois de tudo, Adrielly que é religiosa, diz que foi uma virada de chave para se encontrar na fé e dar valor as pequenas coisas que temos. “A gente começa a pensar, o que eu poderia ter feito? Se eu tivesse feito isso ou aquilo, eu teria ficado à deriva? Hoje eu estou começando a entender e aceitar o porquê de eu ter passado por isso, agora estou no processo de aceitação de Deus ter me colocado para experienciar essa situação”, conta a kitesurfista sobre o incidente.
A história da sobrevivente é um testemunho da força do espírito humano e da luta pela vida. Enfrentando desafios que vão desde as piores condições naturais até os perigos representados pela fauna e flora selvagens, essa mulher se viu lançada em uma jornada de provações e superações
“Um grande aprendizado e lição não vou parar de velejar, amo esse esporte, e convido quem quer participar para fazer parte nós temos excelentes profissionais de kite, e tudo isso é uma história de vida pra contar pros netos, não queria ter filhos mas agora vou ter que ter para contar futuramente”, finaliza brincando passado todo o susto
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A REALIDADE DO FUTSAL AMAPAENSE
A falta de profissionalização dificulta o desenvolvimento do esporte no estado.
Cássia Palheta
Paullynna Figueiredo
“Durante o período das competições os donos dos times valorizam e ajudam bastante, mas assim que acaba, somos esquecidos, infelizmente temos que ter nossos empregos para sobreviver, é difícil viver apenas de futsal aqui no estado”, diz o atleta Dilan Maurício, 23 anos.
No Amapá, a realidade do futsal, um esporte de renome mundial e popular no Brasil, é marcada por desafios financeiros para os atletas Muitos enfrentam a falta de remuneração fixa. Os clubes estabelecem acordos variados com os jogadores: alguns recebem um pagamento inicial e uma parte da premiação se vencerem as competições. Outros são remunerados por jogos e fases disputadas. Há ainda aqueles que aceitam receber menos para ter a oportunidade de participar de campeonatos.
Muitos jogadores aceitam esses acordos para ter a oportunidade de mostrar seu talento, alguns conseguem se destacar, como é o caso de Dilan Maurício Barros Pinto, eleito o melhor jogador amapaense de futsal por dois anos consecutivos, multicampeão em vários campeonatos no estado Desde de criança sempre foi apaixonado pelo esporte. Com 12 anos, participou pela primeira vez de um campeonato federado, porém só teve visibilidade sete anos depois, quando foi artilheiro e vice-campeão sub-20.
Sobre os acordos financeiros entre os times e jogadores, ele conta que “hoje em dia não é mais o meu caso, graças a Deus e aos títulos, eu posso dar o meu preço, se não aceitarem eu simplesmente não jogo. Hoje, pelo fato de ter reconhecimento, pego uma grana que dá pra manter às vezes, mas é algo a
17 Foto:ArquivoFAFS-AP
SONHAR OU SOBREVIVER?
Foto:Arquivopessoal
curto prazo, depois de cada jogo, temos responsabilidade no trabalho no outro dia, digamos que tenho vida dupla", disse o jogador que se divide entre a jornada de trabalho em serviços gerais e os treinos.
Na modalidade feminina a situação ainda é mais difícil, é o que destaca a jogadora Renata Alfaia, 30 anos, eleita a melhor jogadora de futsal do Amapá em 2023, ganhadora de vários títulos dentro e fora do estado. “Por tanto trabalho que nós atletas temos pra sempre jogar em alto nível e ganhar títulos, somos muito mal remuneradas, o que dá pra fazer é entrar em acordo com o clube, eles pagam por jogo ou por campeonato, dependendo da importância do campeonato pagam até 300 reais por jogo”, declarou a esportista sobre a carência de incentivo financeiro no futsal feminino.
No Amapá, é frequente ver times e jogadores praticarem futsal pelo simples fato de serem apaixonados pela modalidade. Além disso, muitos clubes não
tem estrutura de centro de treinamento e acabam disputando por horários em quadras de escolas públicas para prepararem seus times para competições
Renata também pontua a desigualdade que existe no esporte. “A própria competição não valoriza, é sempre com valores de primeiro lugar muito baixo e com diferença enorme entre masculino e feminino, então até entendo os clubes não conseguirem pagar melhor seus atletas, pois o que eles irão ganhar em primeiro lugar não compensaria o tanto que gastariam pagando um bom elenco e todas as despesas Essa é a realidade do futsal feminino no nosso estado”, lamenta.
Já Dilan espera mais incentivo para os atletas amapaenses “A federação, assim como os órgãos competentes, p e olhar melhor p que aqui ainda atletas bons que uma oportunida
FEDERAÇÃO
No estado ex Amapaense de (FAFS-AP), que ponsável pela m da à Confedera Futebol de Salã dade amapaens 23 de agosto d então, é respon nistração da mo pá e busca dese por meio de co radas, circuitos, para arbitragem Porém, ainda nã gar todas as reg
Em 2023, a fe apoio de alguns
para realizar campeonatos, porém ela trabalha de forma independente, ou seja, funciona a partir das contribuições dos os times filiados. O presidente da FAFS-AP, eleito em 2023, Robson Handerson Silva Santos, 45 anos, explica sobre o funcionamento da instituição:
“A federação não é uma secretaria de esporte, nós trabalhamos para os federados, os times se filiam a federação e a federação trabalha com esses clubes. São os filiados que mantêm a federação, eles pagam anuidade, transferência e etc.”, afirma.
Em 2023, a federação criou a caravana de futsal, que já passou pelos municípios de Calçoene, Santana e Mazagão. Em 2024, a ação deve passar por Tartarugalzinho e Porto Grande ainda no primeiro semestre. Sobre os
Foto:Arquivopessoal
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“Nós temos trabalhos sociais, uma área secundária, é como esses circuitos que levamos para o interior, fazemos palestras, é uma forma de fomentar o futsal em outros municípios do estado”, ressalta Robson.
Outro desafio para o desenvolvimento do esporte é a falta de estruturas em alguns municípios e, principalmente na capital, pois não existe ginásio público adequado para a prática da modalidade no estado O ginásio Avertino Ramos, recentemente reformado, não tem as medidas de uma quadra oficial, além de possuir um piso amadeirado que não é mais utilizado no futsal, por questões de segurança. Para realizar competições, a federação utiliza a quadra do Trem Desportivo Clube e do Instituto Federal do Amapá (IFAP)
“A federação por si própria, ela não tem estrutura para fazer quadras de futsal, isso é obrigação do poder público ou de iniciativa privada que quer fazer uma quadra para ganhar em cima disso. A federação quando quer fazer eventos, nós alugamos as quadras para fazer competições. No campeonato amapaense, nós alugamos as quadras fazendo parceria, por exemplo, nós fizemos o Campeonato Amapaense Série Ouro na quadra do Trem e no IFAP”, disse o presidente da federação.
Ele afirma que um dos objetivos até o final do seu mandato é entregar um ginásio adequado para a modalidade “Nós pretendemos fazer parceria para conseguir um terreno para construir o ginásio por meio de doações. Temos vários projetos realizados e temos esse sonho”, afirma Robson.
COMPETIÇÕES
Mesmo com as dificuldades, o futsal vem ganhando espaço no Amapá A federação promove campeonatos para todas as faixas etárias, desde os cinco anos, que são os fraldinhas, até categoria 50 anos ou mais, que é a sênior. Um dos campeonatos mais importante da federação é o Adulto Série Ouro, que em dezembro de 2023 promoveu a maior edição. O hexacampeão da competição é o time do São José, que venceu no ano passado e garantiu vaga na Taça Brasil de Futsal, que ocorrerá em novembro de 2024, no Maranhão.
O diretor do Departamento de Futsal do Clube São José, Ricardo Almeida, 43 anos, expressou suas emoções ao conquistar o título.
“A sensação é de dever cumprido, era meu sonho como gestor desde quando fui convidado a resgatar o Futsal do São José, pois esse clube, pela história que tem na competição, merece está sempre no topo. Todo o elenco se dedicou muito aos treinos e levou muito a sério a competição”
Ricardo explicou ainda sobre a preparação para o nacional. “Estamos analisando algumas propostas para trazer comissão e alguns atletas de fora, para fortalecer cada vez mais o nosso elenco e o nível do futsal amapaense, porque o nível da competição é muito alto e queremos fazer bons resultados nacionalmente”, concluiu.
As competições da FAFS-AP, para 2024 estão previstas para iniciar em março. São mais de 16 campeonatos federados nas modalidades masculino e feminino de todas as idades, ao longo deste ano.
Os campeões terão vagas garantidas para disputar campeonatos nacionais.
No Amapá, também tem a Liga de Futsal Amapaense, criada em 2015, que promove competições para todas as categorias. Em novembro de 2023, a competição nacional Brasileiros de Clubes de Liga de Futsal, ocorreu em Macapá, contou com a participação de 11 times de várias regiões do país. As equipes amapaenses que foram o Trem DC, Cruzeiro EC e o Império JJ, mas o campeão foi o clube paulista São Paulo FC.
A seleção amapaense de futsal masculina foi convidada para representar o Brasil na competição internacional chamada Futsal Day, em maio de 2024, na Guiana Francesa, o campeonato ocorrerá com a presença de seleções de outros países. A delegação amapaense já participou quatro vezes dessa competição, se sagrando campeã invicta em 2019
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XADREZ
Foto:FernandoTavares
DO DISPARO DO RELÓGIO AO XEQUE-MATE
O cenário do xadrez amapaense é marcado competições, aprendizados e lazer.
Mickael Marques
Entre 19 e 28 de janeiro deste ano, o Floripa Chess Open foi o ponto de encontro entre diversos talentos do xadrez Em números, foram 450 jogadores de mais de 20 países diferentes, como Austrália, Chile, Canadá e Brasil. Direto do meio do mundo, Vitor Luis foi um desses inscritos e, após o contar do relógio de suas seis partidas, cinco vitórias e um empate, foi o vencedor na categoria juvenil
O amapaense, de 17 anos, foi graduado como mestre nacional pela Federação Brasileira de Xadrez e se tornou um dos quatros enxadristas com esse título no estado Esse desempenho refletiu em seu destaque na competição de Santa Catarina e
na representatividade nortista nas grandes competições. O resultado foi a liderança na sessão juvenil do maior festival brasileiro de Xadrez
O Chess Open Floripa, evento que o nortista esteve presente, reuniu 75 mil reais divididos para as premiações, além de proporcionar uma programação que pautou o esporte a partir de encontros e workshops. O marco de 10 anos da iniciativa fomentou a relevância e influência desta edição
No mês seguinte, Vitor Luis já estava de volta aos tabuleiros e dessa vez mais próximo de casa. Dando sequência a uma temporada de campeonatos, o palco de mais uma partida foi em Macapá, no Garden Shopping. O evento ocorreu a partir de iniciativas da Federação Amapaense de Xadrez (FEXAP).
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MULHERES E O XADREZ
Para Ana Caroline, a participação feminina no xadrez é visivelmente menor e esta condição pode ser constatada durante suas competições. “É bem pequena, se a gente for comparar com a quantidade de homens. Geralmente, nos torneios na categoria feminina tem bem menos mulheres inscritas", esclarece a estudante.
Até 2021, o número de enxadristas com nomeação de grande mestre para a Federação Internacional era de 1.600 jogadores. Dentro desse parâmetro, apenas 37 eram mulheres. No evento nacional apresentado no início desta reportagem, Floripa Chess Open, 531 mulheres integram o número total de 3.502 participantes na história do festival
Diante desse cenário, Ana Carolina compartilha sua ótica sobre a importância da presença de
lheres dentro das competições “Eu acredito que quanto mais jogadoras, jogadores no geral a gente tem, maior o nível do xadrez jogado. Então no caso, maior será o nível do xadrez amapaense”, revela.
Para isso acontecer, iniciativas e projetos devem ser executados com maestria em função do protagonismo feminino Integrante da FEXAP, Luane Vitória comenta sobre suas expectativas para os próximos meses “No ano de 2024 a gente tá com ideias para explorar mais esse âmbito feminino no xadrez porque a gente tem que falar que não é só um jogo masculino, ele é um jogo que pode sim emplacar vários conceitos e gêneros”, menciona
É por meio de jogadoras como Ana Carolina e Luane Vitória que o espaço das mulheres vem sendo construído no cenário do torneio amapaense. “Quando as meninas veem que tem espaço den-
tro das competições, elas se sentem mais motivadas a estudar mais e a praticar”, afirma Ana Carolina
Sobre suas próprias experiências, Ana Carolina relembra sua ida até Manaus para representar o Amapá em um torneio regional. Sua ida garantiu o segundo lugar e ela recorda desse momento enquanto almeja por uma nova chance de representar o estado. “Foi uma experiência assim incrível, que acrescentou tanto na minha vida pessoal. Eu me senti muito mais incentivada a jogar xadrez e a aumentar o meu nível. Quem sabe esse ano eu consiga o primeiro lugar”, ela compartilha.
Este momento foi possível a partir do Instituto Federal do Amapá, responsável não só por essa viagem, mas também pelo contato inicial de Ana com a prática. “O que me fez começar a jogar xadrez foi o incentivo que minha escola dá a competições, no geral. Também sempre achei o jogo bem interessante, então foi só um empurrão que eu precisava”, conta.
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Foto:ArquivoFEXAP
Foto:ArquivoFEXAP
XADREZ E O APRENDIZADO
Sandro Barbosa tem 51 anos e é professor de Matemática da rede pública. Sua proximidade com o xadrez ultrapassa os conceitos competitivos e se entrelaça nas modalidades do conhecimento A consequência dessa perspectiva está na forma como desenvolve o esporte entre os alunos das 14 turmas que ministra.
Quanto a essa relação, ele defende sua abordagem a partir das definições e significados atribuídos à própria disciplina. “Matemática é perceber padrões, regularidades e não somente realizar cálculos. O xadrez é cheio de padrões”, afirma o professor, ao acrescentar a contribuição do jogo em áreas específicas das exatas. “Habilidades como lateralidade, a disposição retangular, conceito de multiplicação em linhas e colunas, localização espacial e leitura de mapas”, destaca.
As justificativas para o uso do esporte como fonte de aprendizado são simples e intuitivas. Sandro exemplifica essa afirmativa ao relacionar o desenvolvimento integral do aluno na prática. “Cabeça é habilidade cognitiva, coração está nas habilidade socioemocionais e mão na habilidade prática”, afirma o mestre em Matemática
Silvio Porto, participante ativo da FEXAP, concorda com o incentivo da prática nas escolas e comenta sobre os preparativos necessários para efetivar este planejamento. “Nesse semestre vamos ter um curso de formação de professor de xadrez. A gente tem muitos professores que são entusiastas do xadrez Eu preciso
capacitar esses professores para que possam ensinar de forma correta e que a criança possa desenvolver da melhor forma", salienta. No ambiente universitário, o projeto "Ciência e Xadrez" parte das mesmas motivações Com colaboração do IFAP, FEXAP e a comunidade de enxadristas do Amapá, a iniciativa surgiu em 2019 e é coordenada pelo Dr. Victor Del Aguila. Sobre a abordagem inovadora, o coordenador menciona alguns tópicos que integram a identidade do projeto. Entre eles está a melhoria do engajamento e motivação estudantil. "o xadrez e o método científico podem tornar o aprendizado mais dinâmico e interessante. Jogos e atividades práticas são formas eficazes de engajar
estudantes, aumentando sua motivação para aprender e explorar novos conceitos científicos", comenta Aguila.
Além disso, diretamente ligado processo de pesquisa, o responsável pelo Ciência Xadrez também menciona o estímulo ao pensamento crítico e a resolução de problemas “Requer avaliação constante de situações complexas e tomada de decisões baseada em informações incompletas, similar ao processo de investigação científica. Isso incentiva os estudantes a desenvolverem um pensamento crítico mais aguçado e habilidades de resolução de problemas aplicáveis tanto em contextos acadêmicos quanto profissionais", contextualiza o profissional.
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Foto:FernandoTavares
Foto:FernandoTavares
XADREZ COMO PONTO DE ENCONTRO
Para além dos ambientes acadêmicos e competitivos, o xadrez pode ser encontrado como hobbie e ferramenta de aproximação entre os amigos, familiares e até mesmo os moradores de diferentes bairros Este último caso é o que descreve o Clube Cavaleiros do Sul, que surgiu em 2010 a partir da necessidade de conectar a zona sul de Macapá por meio do esporte. O ponto de encontro costuma ser nos bairros Zerão e Universidade
O capitão da Polícia Militar, Joanderson Lima, faz parte da equipe e explica melhor o seu funcionamento. “O xadrez além de ser uma prática esportiva é uma prática de socialização Atualmente, somos 20 em um grupo
fechado do WhatsApp que tem direito a participação para se reunir, tem jogos on-line que a gente faz e encontros na casa de algum enxadrista que tá disponível para praticar” Além disso, ele esclarece que há um espaço para a comunidade geral em um grupo mais amplo, para a socialização e divulgação de eventos.
Sobre novas alternativas para se vivenciar a prática, ele comenta: “hoje o xadrez on-line é muito procurado, mas o presencial ele ainda é o que mais motiva, que causa mais sensação, porque o xadrez mexe com as emoções. No presencial você sente mais o calor humano, a tomada de decisões é diferente, então as pessoas procuram um clube”.
Quanto à demanda do clube, ele informa que “mais de 100 pessoas procuraram fazer parte
Atualmente, estamos adquirindo novas peças de xadrez, peças oficiais. Temos 20 tabuleiros e 10 relógios”, afirma
Diante disso, Joanderson se posiciona sobre as duas palavras mais conhecidas no xadrez e relaciona esse universo com a integração dos ensinamentos compartilhados "Na vida a gente sempre tem uma meta, algo a ser alcançado. No xadrez é sempre dar o xeque-mate. O xeque mate sinaliza que você alcançou o objetivo. Você tem que ter um foco, traçar planos, pequenas metas para que você possa traçar o objetivo do jogo", finaliza.
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Foto:MickaelMarques
FEDERAÇÃO AMAPAENSE DE FUTEBOL
FILIADA A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL - CBF FUNDADA EM 26 DE JUNHO DE 1945
CNPJ: 05 990 304/0001-67
TABELA DO CAMPEONATO AMAPAENSE DE FUTEBOL PROFISSIONAL - AMAPAZÃO SÉRIE A - 2024
PARTICIPANTES
TREM DESPORTIVO CLUBE
INDEPENDENTE ESPORTE CLUBE
YPIRANGA CLUBE
ORATÓRIO RECERATIVO CLUBE
SANTOS FUTEBOL CLUBE
ESPORTE CLUBE MACAPÁ
SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE DO AMAPÁ
SANTANA ESPORTE CLUBE
1ª FASE - CLASSIFICATÓRIA (Turno Único) CHAVE ÚNICA
1- TREM DESPORTIVO CLUBE
2- INDEPENDENTE ESPORTE CLUBE
3- YPIRANGA CLUBE
4- ORATÓRIO RECERATIVO CLUBE
5- SANTOS FUTEBOL CLUBE
6- ESPORTE CLUBE MACAPÁ
7- SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE
8- SANTANA ESPORTE CLUBE
1ª RODADA
2ª
YPIRANGA 1
SANTANA
LOCAL ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
GLICÉRIO MARQUES
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
GLICÉRIO MARQUES
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
LOCAL
ESTÁDIO ZERÃO
TREM
DATA 04/02/2024 DATA 18/03/2024 DATA 07/02/2024 DATA 08/02/2024 DATA 15/02/2024 DATA 27/03/2024 DATA 17/02/2024 DATA 18/02/2024 DATA 24/02/2024 DATA 24/03/2024 DATA 25/03/2024
16:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 16:00 HORA 16:00 HORA 16:00 HORA 16:00 HORA 20:00 DIA QUINTA DIA QUARTA DIA SÁBADO DIA DOMINGO DIA DOMINGO DIA SEGUNDA DIA QUARTA DIA QUINTA DIA SÁBADO DIA
DIA
HORA
DOMINGO
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IMT 002-DT/24
MACAPÁ
RODADA
RODADA
3ª
24
DATA 25/02/2023 DATA 30/03/2024 DATA 01/03/2024 DATA 02/03/2024 DATA 03/03/2024 DATA 15/03/2024 DATA 06/03/2024 DATA 07/03/2024 DATA 11/03/2024 DATA 19/03/2024 DATA 21/03/2024 DATA 22/03/2024 DATA 23/03/2024 DATA 31/03/2024 DATA 02/04/2024 DATA 03/04/2024 DATA 05/04/2024 HORA 16:00 HORA 16:00 HORA 20:00 HORA 19:00 HORA 10:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 20:30 HORA 16:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 16:00 HORA 16:00 HORA 20:00 HORA 20:00 HORA 20:00 DIA TERÇA DIA SÁBADO DIA SEXTA DIA SÁBADO DIA QUINTA DIA SEXTA DIA SÁBADO DIA TERÇA DIA QUARTA DIA SEXTA DIA DOMINGO DIA DOMINGO DIA DOMINGO DIA SEXTA DIA QUARTA DIA QUINTA DIA SEGUNDA JOGO Nº JOGO Nº 12 INDEPENDENTE 3 IMT 003-DT/24 JOGO X YPIRANGA LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL GLICÉRIO MARQUES LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL GLICÉRIO MARQUES LOCAL GLICÉRIO MARQUES LOCAL GLICÉRIO MARQUES 0 4ª RODADA 5ª RODADA 6ª RODADA 7ª RODADA 25
CAMPEÃO: VICE-CAMPEÃO:
Observações:
1) Os horários previamente definidos referem-se ao horário local
2) As datas, horários e locais estão sujeitos a mudanças previstas no REC
3) As datas dos jogos do Campeonato Amapaense de Futebol Profissional Série A 2024, são ajustadas conforme a programação das competições a nível nacional, para que não haja prejuízos aos clubes locais que disputam tais competições.
4) Todos os Estádios a serem designados estarão sujeitos a supervisão pela Diretoria Técnica da FAF, com isso sujeito a mudança de local, caso necessário
DATA 09/04/2024 11/04/2024 DATA 13/04/2024 15/04/2024 DATA 24/04/2024 DATA 01/05/2024 HORA 20:00 20:00 HORA 16:00 20:00 HORA 20:00 HORA 20:00 DIA TERÇA QUINTA DIA QUARTA DIA QUARTA DIA SÁBADO SEGUNDA JOGO Nº JOGO Nº 29 JOGO Nº 30 JOGO Nº JOGO Nº 31 JOGO Nº 32 JOGO Nº JOGO Nº 33 JOGO Nº JOGO Nº 34 1º JOGO X 2º JOGO X JOGO DE IDA X X JOGO DE VOLTA X X LOCAL ESTÁDIO ZERÃO ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO LOCAL ESTÁDIO ZERÃO 4º CLASSIFICADO 3º CLASSIFICADO 1º CLASSIFICADO 2º CLASSIFICADO CLASSIFICADO JOGO 32 CLASSIFICADO JOGO 31 1º CLASSIFICADO 2º CLASSIFICADO 4º CLASSIFICADO 3º CLASSIFICADO CLASSIFICADO JOGO 31 CLASSIFICADO JOGO 32 3ª FASE - FINAIS 2ª FASE - SEMIFINAIS
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HANDEBOL:
TREINADOR DEDICA SUA VIDA A FORMAR MOTIVAÇÃO OUTROS ATLETAS
“Antes de parar de jogar, era para eu ensinar”, foi o conselho do professor de Gleyson Barbosa.
Amanda Cruz
Rafael Carneiro
O handebol no Amapá tem colecionado títulos e nomes importantes para história do esporte no estado. Gleyson Barbosa, 46 anos, mais conhecido como “Macarrão”, é um desses nomes Ele tem dedicado sua vida ao esporte e, mais recentemente, a formar novos atletas. O amapaense é professor de Educação Física, formado pela Universidade de Brasília (UnB), e treinador formado pela Federação Francesa, onde também estudou para se tornar árbitro, através da Liga de Handebol da Guiana Francesa
A história do treinador com o esporte inicia por volta dos 13 anos, que segundo ele, é tarde. “Comecei a treinar com 13, 14 anos de idade, hoje em dia isso já é considerado tarde para formação de um atleta”, diz Gleyson. Ele foi convidado para participar de um treino de han-
debol na Escola Estadual Gabriel de Almeida Café, o antigo “CCA”, prestou atenção nas orientações do técnico e buscou compreender como funcionava, visto que ele só havia tido contato com o basquete antes do handebol
“O professor viu algo em mim, algo que talvez outros professores não tinham percebido e ele foi me dando dicas nos jogos escolares e me convidou para equipe que ele estava formando no CCA e então eu decidi parar de jogar basquete e fiquei no handebol”, conta o treinador
Em 2001, quando o professor Gleyson retorna ao estado amapaense, após concluir sua formação na Guiana Francesa, ele fundou uma escolinha junto à Federação de Handebol do Amapá (FHAP). Na época, a Federação tinha mais de 12 clubes inscritos e cerca de 30 esco-
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las fazendo par-te da “escolinha” de handebol, sendo elas de rede pública e privada. Neste ano, a Federação fez um forte trabalho na seleção de atletas, indo às escolas atrás de professores de educação física e proporcionando suporte técnico aos que queriam aprender a ensinar os alunos a jogarem handebol.
“Existia muito professor formado, porém, quando você sai da Universidade, tu não sai com essa expertise, a Universidade só te dá o geral sobre o esporte. Então, nós começamos a atuar nisso, em fomentar o esporte através de cursos de capacitação para esses professores”, diz Gleyson.
Essa iniciativa fez com que a modalidade crescesse em jogos escolares. Na época das competições chegaram a existir cinco polos ensinando handebol, sendo quatro em Macapá e um no município de Santana, cidade distante 17 quilômetros da capital. Árbitros foram formados para atuar nos jogos escolares e nas competições da Federação, após isso o número de atletas aumentou.
Formado para formar atletas
O esporte ganhou o coração de crianças e jovens, este é o caso do João Gomes, um engenheiro civil e atleta, de 25 anos, que conheceu o esporte através das “escolinhas” aos 11 anos de idade, quando foi assistir o treino do primo havia sido convidado para ser goleiro.
“Eles tinham convidado o meu primo para treinar e eu de curioso fui junto, comecei a assistir o treino até que uma hora ele parou e eu falei com o Gleyson e perguntei se eu poderia treinar já que eu morava perto da escola e ele falou que sim. Fui em casa correndo, peguei meu tênis e voltei, desde então eu não parei”, relembra o atleta rindo.
A partir deste dia, o técnico Gleyson começou a acompanhar de perto cada passo da jovem promessa que impressionava a cada treino. João seguiu sob os ensinamentos de “Macarrão” até completar 19 anos, nas escolinhas em que o treinador formava atletas da categoria juvenil até a adulta.
Anos se passaram, João se aperfeiçoou e recebeu grandes oportunidades, recentemente foi contratado pelo Clube Nacional, de Santa Catarina, e já tem preparado as malas para deixar o Amapá, mas conta um pouco das suas expectativas, visto que existe uma idade limite para jogar no profissional.
Eu pretendo seguir a carreira, pelo menos por agora, uns três, quatro anos e após isso seguir na minha carreira de graduação, pois quando a gente consegue sair aqui do estado
para jogar fora, nós conseguimos também uma possibilidade de fazer uma nova graduação, uma pós-graduação, porque a maioria dos clubes de fora do estado te dão essa oportunidade de estudar, não só de jogar”, diz João
Federação de Handebol do Amapá
Em janeiro deste ano, foi realizada pela primeira vez a Super Copa de Handebol no Amapá, com mais de 16h de duração. Foram 16 equipes no torneio, divididas em três categorias O evento foi organizado pela Federação de Handebol do Amapá (FHAP) e ocorreu no Ginásio da Polícia Militar. Os times AABB/ ILM, Independente e AV-14, do-
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minaram as disputas, o que resultou nos títulos do torneio
O presidente da FHAP, Kelson da Silva, destaca que eventos esportivos como este ajudam a aumentar a prática da modalidade no estado. “O torneio foi um sucesso com cerca de 16h, e trouxe mais visibilidade para que outras pessoas se interessassem pelo esporte”, conta.
Agora a Federação se prepara para seu próximo grande torneio, a Copa Equinócio, que será disputada na modalidade de handebol de areia, no mês de março. O handebol de areia, também conhecido como Beach Handeball, é uma categoria que deriva do esporte de quadra nesta modaliade existem algumas diferenças do tradicional de quadra, como o método de pontuação e a quantidade de jogadores em campo. Além disso, o contato físico, comum no handebol de quadra, co-
mo o método de pontuação e a quantidade de jogadores em campo. Além disso, o contato físico, comum no handebol de quadra, não é permitido na modalidade de areia.
Kelson, que assumiu a presidência da Federação em 2018, conta que tem como maior obje-
Foto:ArquivoPessoal
tivo dentro da FHAP o desejo de tornar o handebol mais praticado dentro do estado. Já foram realizadas iniciativas para que projetos de treinamentos fossem ofertados dentro de escolas da rede pública dentro da capital amapaense, e também nos demais municípios, como Oiapoque, Mazagão e Santana, e no território da Guiana Francesa.
A Federação também divulgou em suas redes sociais o cronograma do planejamento geral de 2024 e as competições previstas.
Como funciona o esporte
O Brasil é um país conhecido por ser ativo em diversos esportes no mundo, principalmente, como o “País do Futebol”, porém, não é de hoje que outras modalidades aumentaram sua popularidade dentro da cultura brasileira. Segundo o Diagnóstico Nacional do Esporte (Diesporte) de 2015, o handebol é o 10º esporte mais praticado no país entre homens e mulheres
Criado em 1919 na Alemanha pelo professor de educação física Karl Schelenz, o handebol é um
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esporte coletivo, em que duas equipes competem para marcar mais gols que a outra. Ao contrário do futebol, onde a bola é chutada, no handebol os jogadores usam as mãos para lançar e passar a bola. É um esporte rápido, com muita estratégia e movimentação, proporcionando emoção tanto para quem joga quanto para quem assiste
O handebol tem regras semelhantes às do futebol, mas a principal diferença é ser praticado com as mãos. Nele, duas equipes compostas por sete jogadores conduzem a bola por meio de passes para marcar o gol, só é permitido que sejam dados até 3 passos com a bola, após isso, o jogador deve passar para outro ou arremessá-la.
Uma partida tem a duração completa de 1h, divididos em dois tempos de 30 minutos, mas em caso de empate existe um acréscimo de cinco minutos em cada Além disso, pisar na área do goleiro ou tomar a bola das mãos do adversário é considerado falta, o goleiro é o único jogador que pode usar os pés para fazer as defesas. O esporte pode ser praticado na quadra e também na areia.
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Foto:Arquivopessoal
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“PAREI DE FUMAR PELA NATAÇÃO”
A nadadora Lucinilda Nascimento é recordista brasileira e decidiu parar com cigarro pelos esporte.
Eloyze Monte
Após anos parada, recebeu um convite para fazer parte da equipe master de natação amapaense, da qual faz parte até hoje. A atleta já ganhou medalhas para o Amapá, foi campeã brasileira, olímpica, sul-americana e pan-americana. Em uma dessas competições, bateu o recorde brasileiro de 30s, foi quando decidiu parar de fumar para ter um rendimento maior. “Se eu fumando já consegui esse resultado, imagina parando, então decidi parar de fumar pela natação”, diz a atleta.
Lucinilda Nascimento começou a fazer natação aos oito anos de idade, por orientação médica para tratamento na coluna. Com o decorrer dos anos foi se destacando entre as alunas e, com 11 anos, começou a competir fora do Amapá. Após a primeira competição, Nilda, como gosta de ser chamada, passou a compor a equipe Golfinho, voltada exclusivamente para competições. A partir de então, o foco foi competir. Representou o Amapá em diversos campeonatos, porém o sonho da natação passou a ficar em segundo plano quando Nilda começou a fazer faculdade, trabalhar e cuidar da família.
SUPERAÇÃO
31 Foto:Arquivopessoal
Nilda não é a única amapaense a ser destaque na natação. Grandes nomes como Gabriel Bandeira, 17 anos, nadador da categoria júnior, levou o Amapá para o topo novamente após 15 anos, conquistando a medalha de ouro na prova 200m livre na categoria Juvenil B na Copa Pacifico, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia O atleta soma grandes resultados tanto em competições regionais quanto em nacionais, sendo campeão nas provas dos 25 e 50 metros livres, além dos 25 metros borboleta no 1º Torneio Veiga Cabral, em Macapá.
Com talento e disciplina, Gabriel pretende participar do Campeonato Brasileiro de Natação ainda este ano “Viver de natação é muito difícil, mas ainda consigo conciliar os treinos com os estudos e espero competir o Brasileiro esse ano”, conta o medalhista.
Ana Maria, 16 anos, é outro destaque na categoria juvenil. Começou a nadar aos nove anos, mas a primeira competição foi com 11 Viajou para outros estados, como São Paulo e Sergipe, contabilizando cerca de 60
medalhas e quatro troféus Com a passagem comprada pelo Governo do Estado para a competição Walter Figueiredo, no ano de 2022, em Belém, a atleta conta que nem sempre é assim. Geralmente as viagens são custeadas pelos pais, vaquinhas e patrocínios. “Tenho pelo menos quatro competições durante o ano, é difícil custear e esse ano provavelmente o Amapá vá de novo para o Walter Figueiredo”, compartilhou.
A falta de financiamento para os atletas amapaenses é apontada como a maior dificuldade enfrentada. Sem investimentos para fortalecer treinamento de qualidade, equipamentos e oportunidades de competição para os nadadores, resulta em um desempenho abaixo do potencial em competições e dificulta o desenvolvimento de talentos locais Além disso, a falta de reconhecimento e apoio aos atletas de natação pode desencorajar o interesse e a participação no esporte em nível nacional.
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Foto:Reprodução/AlineKayser Foto:Arquivopessoal
INCLUSÃO
Enfrentar desafios faz parte da jornada da natação, e para nadadores com autismo, esses desafios podem ser ainda maiores. Da sensibilidade sensorial à dificuldade de comunicação, cada volta na piscina é uma oportunidade de superação.
Sabrina Vieira, de 24 anos, tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Somente com três meses treinando, não esconde a felicidade em praticar a natação Em fevereiro deste ano a jovem participou da sua primeira competição na Piscina Olímpica, uma volta no Indoor, “Foi a primeira vez que eu competi, pensei que ia ficar mais nervosa, acho que é porque é algo diferente do que a gente vê na televisão", disse a jovem.
A mãe da atleta, Solange Maria, conta um pouco da história da filha com o esporte, e a evolução que a natação proporciona na vida da jovem, que apesar de pouco tempo de treinamento, é nítida. "Sabrina não era como as outras crianças, sempre foi quieta e introvertida. Não falava, então fui atrás de um diagnóstico, em Macapá não consegui, fui direcionada para Fortaleza onde o resultado foi o autismo. Depois foi só acompanhamento, minha filha estudou e é formada em Design. Ela começou a natação e está feliz, era um esporte que queria e aproveitou a necessidade de trabalhar a respiração, a coordenação motora, a mente e o corpo Ela adora e confia no professor, que também dá aula para outra criança autista", relata a mãe.
Já o João Davi, 9 anos, é uma criança ativa e começou a nadar
por influência do irmão mais velho, que também é atleta. “O João Davi nada tem sete meses, é nítido quando olhamos para ele e vemos a evolução. A natação ajudou na coordenação motora, equilibrando e respiração”, conta a mãe do atleta. Em sete meses de natação, a competição do Indoor também foi a primeira prova que ele participou. “Fui evoluindo, ficando bom, esse é o motivo de me chamarem de Phelps [campeão de natação], eu nado muito”, contou o atleta mirim, sem nenhuma modéstia sobre o talento esportivo.
Com o apoio adequado e paciência, muitos alcançam feitos impressionantes, que vão além das expectativas. O professor Nadilson Siqueira, da Associação Pororoca de Natação, conta como é gratificante trabalhar com os alunos autistas. “Trabalhar com aluno autista é gratificante, pois quando ele quer algo, ele consegue. A Sabrina, por exemplo, está há três meses comigo, ela não sabia nadar e mês passado conseguiu uma volta no Indoor. O 'Phelps' diz que vai ser campeão mundial e eu acredito que vai, ele tem potencial", comemorou o professor.
A natação é um esporte desafiador por si só, mas para nadadores autistas, as dificuldades podem ser ainda mais complexas, lidar com mudanças no ambiente aquático e interações sociais durante o treinamento e competições requerem esforço adicional. Com dedicação e compreensão, esses nadadores provam que o poder do esporte transcende as limitações e inspirando outros.
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Foto:EloyzeMonte
Foto:EloyzeMonte
Foto:EloyzeMonte
ONDE TUDO COMEÇOU
A Federação Amapaense de Esportes Aquáticos foi fundada em 1955 pelo Capitão Euclides de Morais Rodrigues Naquele mesmo ano, o Amapá competiu e foi vice-campeão brasileiro de natação na categoria infantojuvenil No ano seguinte, 1956, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, o Amapá foi campeão brasileiro novamente, na mesma categoria.
Euclides coordenou a primeira delegação de natação e levou o Amapá para diversos torneios regionais, como o Troféu Brasil e a Copa Amazônia, além de competições nacionais e até internacionais, na década de 50. Inicialmente, o capitão Euclides e seus atletas tinham como base a antiga Piscina Territorial, hoje conhecida como Centro Didático Rosa Maria Ataíde, localizado na
Rua São José, no centro de Macapá.
O capitão deixou de morar em Macapá no ano de 1967, para residir em Minas Gerais. Dois anos depois, em 1970, ele veio a falecer deixando um legado na natação do Estado do Amapá. Em sua homenagem, o Centro Didático Capitão Euclides Rodrigues, popularmente conhecido como Piscina Olímpica, foi inaugurado em 1975. Atualmente, o Centro Didático Capitão Euclides Rodrigues é aberto ao público e tem parcerias com a Federação Amapaense de Esportes Aquáticos e a Associação Pororoca de Natação. A piscina é cedida para treinamentos de alto rendimento, para atletas que vão para campeonatos nacionais e internacionais.
“É uma via de mão dupla, os parceiros nos ajudam na manutenção na piscina”, diz a gerente
da piscina olímpica, Rosangela Gomes. O centro conta com duas piscinas. Uma de 25m, com 1,20 de profundidade, que é usada com alunos da escolinha, de níveis iniciais. A outra é de 50m com 1,70 profundidade rasa e 2,20 funda. O uso é exclusivo para atletas de alto rendimento, os que treinam para representar o Amapá em campeonatos
A Piscina Olímpica é palco de competições marcantes e recepção importantes, como a seletiva estadual paralímpica e também a seletiva do mundial escolar de natação “Este ano é importante, a piscina receberá a seletiva estadual paralímpica, a seletiva do mundial escolar de natação, torneio Leônidas Marques e o Grão para natação”, finaliza com entusiasmo a gerente do centro.
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34 Foto:ArquivoFAEA
35 Fotos:ReproduçãoPinterest
MACAPÁ SOBRE QUATRO RODAS DO SKATE
O esporte olímpico unifica praticantes e ganha cada vez mais espaço em uma nova realidade.
Paulo Rafael
O skate vive uma ascensão principalmente por conta da estreia como modalidade olímpica, em 2021 Nas ruas de Macapá, jovens e adultos de diferentes vivências unem-se na prática deste esporte. Acompanhando a trajetória de André Isaac, Bárbara Santos, Julieta, Kárita Eduarda, Jonathan Cruz e André Salomão, percebemos a constante evolução de um esporte na cidade, que se apresenta com futuro promissor.
No Amapá, a conquista da medalha de prata de Rayssa Leal, a Fadinha do Skate, nas Olimpíadas de Toquio em 2021, reverberou, despertando o interesse principalmente de jovens como Bárbara Santos e Julieta, de 13 e 16 anos, respectivamente, que encontraram no skate não apenas uma forma de lazer, mas também uma ferramenta de empoderamento, fortalecimento de laços e autodescoberta
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Luhana Baddini
CULTURA URBANA
Foto:LuhanaBaddini
A adolescente Julieta diz ainda estar em processo de aprendizado a fazer manobras no skate, mas já se diz apaixonada pelo esporte. Ela diz nunca ter percebido interação negativa por parte dos skatistas por ela ser mulher, afirma que ninguém é dependente de ninguém, apesar de serem todos amigos.
Além disso, mostra como o esporte auxilia na saúde e na vida em geral. “Bom, no meu caso, o skate me dá bastante foco Ele me ensinou a focar mais nas coisas que eu quero, que pra acertar uma manobra, requer muito foco e faz eu me concentrar muito. Ah, e reduz o estresse”, afirma. Julieta não pretende abandonar o skate “Eu pretendo andar pra sempre. Até o meu último fôlego de vida eu pretendo estar ali andando Não importa como, literalmente. Quando tiver competição, eu vou me inscrever”, garante.
Bárbara Andrade pratica skate há 7 anos. Com um histórico vitorioso de competição no judô, ela
consegue conciliar ambos os esportes. “Andar é uma coisa que foi muito grande na minha vida. Eu planejo no futuro continuar andando de skate, continuar competindo, entrar em linha de competições, conhecer mais, apresentar o skate para pessoas novas, para que elas possam andar, para que elas possam fazer manobras”, afirma
Hoje, Bárbara é uma inspiração para seu irmão caçula e, provavelmente, para muitas outras crianças que a veem competindo e se divertindo nas pistas. Ela conta que sua grande inspiração é Rayssa Leal, com quem ela também divide admiração em outras mulheres, como Letícia Buffoni, skatista profissional e considerada um dos maiores nomes da história do esporte. “Me sinto inspirada por Rayssa Leal, pelas coisas que ela faz, por ela poder ir para as Olimpíadas com apenas 13 anos. Até porque, agora também tenho 13 anos, e ela representa muito para as meninas que tinham medo de andar de skate ou porque não
as deixavam andar por serem meninas. Então, para mim, ela é uma grande inspiração. Meninas também podem andar de skate! Skate é para todas e todos aprenderem da mesma forma”, diz. Outra macapaense skatista é Karita Eduarda, que adorava jogar Skate 3 no PlayStation na infância, mas não tinha dinheiro para comprar uma skate Com a ajuda de um amigo, foi montando seu instrumento aos poucos. Hoje, aos 25 anos, se situa anteriormente ao fenômeno Rayssa Leal e vivenciou o esporte de outra maneira, quando ainda era marginalizado e majoritariamente masculino. Ela conta que apesar de ser um esporte de amizade e coletivo, sofria muito machismo por parte dos demais praticantes nas ruas de Macapá.
“A galera, que não eram meus amigos, me via com outros olhos, me tratava com falta de respeito e tal. Muito assédio e eu cortava o máximo que eu podia, não me aproximava dessa galera. Eu tentava de tudo para me afastar.
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Foto:LuhanaBaddini Foto:LuhanaBaddini
Então, era triste, mas hoje eu vejo que tem muita menina que se interessa depois que veio aí a Karen Jones, que tinha um canal no YouTube, a Letícia Buffoni, grande competidora e depois ainda teve a nossa estrela das Olimpíadas, que brilhou de repente, a Rayssa Leal”, conta.
Ferramenta de educação e afirmação social
Outra importante visão do esporte veio da família de Jonathan Cruz, 38 anos, que possui 25 anos de skate e 20 anos no estado do Amapá. Jonathan encontrou no esporte uma forma de união e de fortalecer os laços familiares, compartilhando momentos de diversão e aprendizados com seus filhos, que frequentemente vão à nova pista de skate na Orla do Araxá. Além disso, o esporte é mais que hábito para ele
“Desde a educação, até a parte da saúde. Eu trouxe pra dentro da minha família. Era a única forma que eu via de enfrentar a maioria dos meus problemas, tanto em casa, como o financeiro”, afirma Jonathan. Para ele, é uma questão da saúde, tanto psicológica, como física, pois o faz descarregar energias do dia a dia.
“Você destrói os maus pensamentos, um obstáculo, um skate. É uma forma superior que eu encaro de enfrentar o estilo de vida , porque, o skate não está só na periferia ou só nos melhores lugares, ele está em todo lugar”, conta.
Com a popularização do esporte após as nas Olimpíadas de 2021, Macapá ganhou novas praças e pistas espalhadas pela cidade. “Temos uma pista profissional agora, algo que a gente nem sonhava. Tem vários picos de skate, vários skatistas, de todas as idades. Temos a skatepark, ilumi-
nação, pessoas diferenciadas com estilos de vida diferentes, ajudando um ao outro e é assim que a gente está levando o skate hoje em dia”, relata.
O skatista, que nasceu na cidade de Imperatriz, no Maranhão, é pai de dois meninos e incentiva a participação dos filhos no esporte. ”É a única forma que eu tenho de expressar o amor que eu sinto: trazer para uma pista, botar para andar de skate, conviver no meio dos outros e isso também se torna uma grande influência para eles, porque até mesmo dentro de casa, eles se transformam”, explica.
Para André Salomão, estudante de Direito e professor de skate, o esporte vai além das manobras e das competições. O skate é uma ferramenta de educação e afirmação social que dá para se ensinar valores como resiliência, trabalho em equipe e superação de desafios, afastando os jovens das mazelas sociais e oferecendo perspectivas de um futuro melhor
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André é paraense e afirma que o skate foi crucial para manter ele e sua esposa em Macapá. “Vim pra cá há sete anos e a comunidade de skate do Amapá me abraçou como uma verdadeira família Eu acho que sem eles eu não teria conseguido viver aqui sozinho, longe de todo mundo, só eu e minha esposa. E eu não teria conseguido fazer as relações que eu fiz aqui pra poder me articular na cidade. Tanto como pessoa, como profissional”, relembra. Sua abordagem pedagógica valoriza não apenas as habilidades técnicas, mas também o desenvolvimento pessoal e o bemestar emocional dos aprendizes.
“Tenho uma verdadeira paixão! Gosto mesmo de ver as pessoas aprendendo, sinto uma verdadeira satisfação. E pra mim, quanto mais pessoas andarem de skate, melhor”, afirma. Segundo o relato do professor e esportista, há promessas de políticas públicas na capital amapaense. “A Floriano Peixoto sempre foi um espaço que foi prometido como pista de skate, mas fizeram aquele anfiteatro lá. E agora tem no Zerão. Então, essa visibilidade que o skate como esporte olímpico deu foi a de passar a ter agora pistas de skate em espaços poliesportivos Mas, vamos ver nos próximos anos se isso também se democratiza”, diz.
Com toda a movimentação após as conquistas de duas medalhas de prata para o skate brasileiro na última Olimpíada, o esporte está em uma ascensão em todos os âmbitos, inclusive no econômico. Exemplo disso, é a vivência de André Isaac, 22 anos, estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Amapá, que abriu seu negócio voltado para o esporte.
“A Ekko Shape acredita que o esporte, o skateboard, é uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento físico, mental e social. A Ekko Shape não está apenas a fim de vender pranchas de skate, mas sim construir uma cultura inclusiva e sustentável em torno do skateboard aqui na Amazônia. E, acima de tudo pessoal, a Ekko Shape tem a missão de democratizar a prática do skateboard”, destaca.
Isaac é um empreendedor macapaense responsável pela criação da primeira fábrica de skates genuinamente amazônida A iniciativa não visa apenas o comércio, mas sim o desenvolvimento de um espaço que inspire jovens marginalizados. Em sua loja, ele não apenas vende equipamentos, mas também compartilha modo sustentável de produção artesanal, além de dividir histórias de superação e incentivar jovens a perseguirem seus sonhos.
Provando o potencial que carrega, a Ekko Shape recebeu investimentos do Sebrae pela proposta inovadora de produzir shapes de madeira regional. Dessa forma, reservaram um stand de exposição da marca no evento Startup 20, sediado em Macapá nos dias 23 a 25 de fevereiro de 2024 Isaac conseguiu apresentar sua ideia para pessoas de diversos países e estados brasileiros.
Até o fim de 2023, o único espaço voltado para o skate em Macapá estava localizado na praça Floriano Peixoto No dia 27 de dezembro de 2023, a prefeitura, em conjunto com o senador Randolfe Rodrigues, inaugurou uma pista de skate no Complexo do Araxá.
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Foto:LuhanaBaddini
LUCAS TIAGO INICIA TREINOS PARA ENTRAR NA SELEÇÃO BRASILEIRA
O atleta dribla as dificuldades locais no basquete sobre rodas e sonha alto no esporte.
Andreia Tavares Maiely Cardoso
O basquete sobre cadeira de rodas foi a primeira modalidade paraolímpica no Brasil, sendo atualmente um dos esportes mais praticados dentro do Movimento Paralímpico. A modalidade pode ser praticado por homens e mulheres com deficiência física ou motora. Atletas andantes também podem jogar, mas devem usar cadeira de rodas e seguir as regras do esporte.
Em Macapá, a prática tem ganhado espaço e visibilidade, tendo à disposição a quadra de basquete do Glicério Marques para os treinos, que após as festas de Carnaval voltou a ser usada O atleta
Lucas Tiago, 20 anos, que está retornando aos treinos após um período afastados dos esportes, foi pré-convocado para a Seleção Brasileira, e agora junto ao seu treinador, que coincidentemente compartilham o mesmo nome, estão treinando para segurar uma vaga e representar o país.
Durante os treinos, Lucas move sua cadeira com agilidade por toda a quadra, treinando arremessos, dribles e passes O treinador Tiago Melo, 36 anos, mais conhecido como Tiagão, tinha experiência no basquete andante, mas foi só em 2023 que ele começou no basquete sobre cadeira de rodas
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DO NORTE PARA O BRASIL
Foto:AndreiaTavares
“Eu recebi um pedido para trabalhar com os cadeirantes Até aquele momento, eu não tinha nenhuma experiência nisso. Cheguei até a ir para Ribeirão Preto para me especializar", conta o treinador.
Tiagão comenta sobre as dificuldades de achar pessoas para praticar esta modalidade. “Às vezes, só aparece uma ou duas pessoas, mas mesmo assim conseguimos participar de um campeonato brasileiro na série C, em Niterói Não ganhamos, mas isso já é um avanço". Em dezembro, o jogador foi para a sua primeira competição O evento reuniu 13 equipes que buscavam uma vaga na segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Apesar da equipe "Águias da ADFAP", time que Tiago faz parte
não ter garantido o acesso, foi lá que o atleta chamou a atenção da Seleção Brasileira e foi pré-convocado. Agora, ele treina para garantir o seu lugar no time, mesmo com as dificuldades de treino, pois o time do basquete sobre cadeira de rodas, no qual costuma treinar, está com as atividades paradas.
História
A história de Lucas Tiago no esporte começa com 9 anos, no jiu-jitsu Mas sua jornada no basquete sobre cadeira de rodas começou em 2023. Ele e outros atletas foram premiados como desportistas de destaque do município. Lá, ele conheceu pessoas que praticam o esporte, recebeu um convite para os treinos e assim começou sua jornada de
10 meses no esporte. “Os treinos têm muito movimento e requerem muita força. É um esporte diferente dos outros que eu já pratiquei”, disse o atleta
Tiago diz que hoje percebe um apoio maior tanto do governo quanto da prefeitura em relação aos esportes para pessoas com deficiência e destaca que o Glicério Marques ajuda muito na criação de novos praticantes “A única coisa que poderia melhorar é a gente ter um campeonato aqui no município”, afirma Macapá não tem torneio ou competição específica para basquete sobre cadeira de rodas O que existe são apenas partidas de exibição. "A gente sempre vai para fora jogar em outros campeonatos Seria legal se tivesse um campeonato para o
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Fotos:AndreiaTavares
pessoal de outro estado jogar aqui", reclama.
A ausência de campeonatos no município faz com que os atletas tenham que se deslocar para outras cidades, no entanto, nem todos conseguem. O presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Amapá (ADFAP), Rogério Santos, nos conta dos malabarismos que precisa fazer para conseguir o mínimo para os atletas, como cadeira de rodas específicas para o esporte, uniformes, materiais para os treinos e passagens “A gente não tem uma fonte garantida, a gente ganhou camisa de passeio do presidente do banco da amizade, do Tadeu Ganhamos nossos uniformes do Tenório, do basquete do Quilombo, e outro da senhora que é a dona do comercial pacuí”, relata Rogério.
Por não terem fundos para investir na modalidade e nos atletas, como oferecer uma bolsa para os praticantes do esporte, Rogério afirma que está lutando para mudar essa situação “Na Conferência estadual de direitos das pessoas com deficiência vamos bater muito forte que queremos ter um fundo financeiro”, garante.
Com os recursos e apoio necessários, será possível os atletas terem uma certeza de que seus esforços irão valer a pena e que haverá a chance de participar da Seleção Brasileira, assim como o Tiago. A modalidade requer cadeiras específicas, reforçadas e ágeis para o esporte, por conta da dificuldade de recursos, os materiais para a prática vem de doação e ficam guardadas no prédio da ADFAP, por ser um número limitado de cadeiras, é
necessário cuidado para que as cadeiras estejam em boas condições para os treinos e jogos
Excepcionalmente, uma das cadeiras foi disponibilizada para o atleta Tiago visando os treinos e cuidados do material, sem que precise ir ao prédio da ADFAP o tempo todo para adquirir a cadeira
Basquete Sobre Rodas
Modalidade praticada por atletas com deficiência físicomotora, o basquetebol ou basquete é um esporte coletivo jogado por duas equipes, cada equipe conta com 5 jogadores em quadra, que têm o objetivo de fazer pontos ao acertar a bola na cesta do adversário, o alvo fixo na quadra.
A prática é caracterizada por ser dinâmica, que envolve diferentes capacidades físicas, como a agilidade e a coordenação motora. Os j em cadeir dos de ac de Classifi deração In te em Cad Eles são re as capacid cada joga um númer forme as um.
O núm que não c troncos) a sentem di cadeiras so maior a menor é a partida a não pode No bas rodas só é
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Fotos:AndreiaTavares
dar dois toques na cadeira sem deixar a bola tocar no chão, ou então, repassar a bola para o outro colega de time. As partidas duram quatro tempos de 10 minutos, com exceção do maior campeonato estadunidense de equipes, a NBA, em que os tempos duram 12 minutos. O relógio é pausado quando a bola sai da quadra e nos pedidos de tempo. As regras do basquete em cadeira de rodas são muito parecidas com o basquete tradicional. As quadras têm medições olímpicas de 28m x 15m e a altura das tabelas são de 3,05 metros de distância do chão. Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro, existem algumas regras para praticar o esporte de forma segura.
Regras
O jogador que se sentir mais confortável pode usar uma almofada de material flexível no assento da cadeira. Porém, ela deve ter as mesmas dimensões do assento, não podendo ultrapassar mais de 10 cm de espessura.
Os pneus traseiros devem ter o diâmetro máximo de 66 cm e deve haver um suporte para as mãos em cada roda traseira;
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No cartão de classificação dos jogadores deve conter as informações sobre o uso de próteses, além de indicar todas as adaptações feitas na cadeira do jogador;
A cadeira de rodas pode ter 3 ou 4 rodas, sendo duas rodas grandes na parte traseira e uma ou duas na parte frontal;
Os jogadores têm liberdade para usar faixas e suportes que ajudem a fixá-los na cadeira ou permita prender as pernas juntas. Além disso, eles podem usar aparelhos ortopédicos e protéticos;
Quando as rodas dianteiras estiverem direcionadas para frente, a altura máxima do assento não pode ultrapassar 53 cm do chão e o apoio para os pés não pode ter mais que 11 cm a partir do chão;
Por fim, antes de iniciar a partida, os árbitros devem checar as cadeiras dos atletas, pois é proibido o uso de pneus pretos, aparelhos de direção e freios.
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Foto:AndreiaTavares
DESTAQUE
TÊNIS DE MESA: DO FRIO BRITÂNICO AO CALOR TUCUJU
Conheça a história do esporte que começou como uma adaptação e se tornou um dos mais populares do mundo.
Com federação própria e incentivos estaduais, o tênis de mesa no Amapá vive uma fase boa. Para o presidente da Federação Amapaense de Tênis de Mesa (FATM), Paulo Benjamim, o estado tem cerca de 70 praticantes no geral, mas nem todos disputam o campeonato amapaense.
Wallace Fonseca
“Temos um centro de alto rendimento de tênis de mesa. A delegação depende das vagas para os eventos e temos uma competição internacional na Guiana agora na época da Páscoa, o XXI Campeonato das Antilhas, que vai envolver Haiti, Guadalupe, Guiana Francesa e o Brasil, representado pelo Amapá. Disponibilizamos seis vagas para atletas e duas para técnico e presidente”, informou o presidente
Paulo ressalta que os atletas foram escolhidos por meio de uma seletiva realizada, entre os mesatenistas que treinam com alto rendimento, que são mais de oito O presidente também destaca outros campeonatos que os amapaenses devem participar este ano. “Também tem um evento em Belém em abril chamado ‘Challenge Plus V’. Em agosto voltamos para o Pará, para o ‘Platinum’, um evento importante No mês de dezembro queremos participar do campeonato brasileiro”, disse.
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Foto:ArquivoFATM
O Amapá conta com um centro de treinamento de alto rendimento no tênis de mesa que fica no bairro Novo Buritizal O espaço é fruto de uma parceria entre a Federação Brasileira de Tênis de Mesa, Federação do Amapá e o Governo do Estado do Amapá.
“O governo paga os espaços de treino, as passagens e o técnico, que é um profissional cubano medalhista panamericano”, conta Paulo.
Contudo, o presidente destaca que alguns projetos para o Amapá ainda não saíram do papel, como o de montar espaços dedicados ao esporte em praças públicas.
“O estado nos ajuda, mas ainda faltam os materiais As redes, por exemplo, devem ser trocadas a cada seis meses. O governo paga a passagem, isso ajuda, é claro, mas o atleta tem que custear sua hospedagem e sua alimentação, alguns atletas são de baixa renda, então complica. Também precisamos de mais treinadores, atualmente só temos dois, e tem a questão dos materiais de manutenção”, lamentou.
Para este ano, Paulo Benjamim disse que será realizado o Campeonato Amapaense, que será dividido em cinco momentos. Vão ser quatro etapas dos torneios individuais e uma etapa no torneio por equipe.
HISTÓRIAS
“O tênis de mesa tem um impacto muito grande na minha vida, esse esporte me abriu várias portas e conheci novas pessoas e lugares, além disso é um esporte, né, faz bem para a saúde e para mim”, afirma o mesatenista ma-
capaense Arthur Almeida, 18 anos, destacando que esporte o tirou do sedentarismo e proporciona qualidade de vida
O mesatenista também destaca que o esporte envolve toda sua família e não pensar em deixar a modalidade tão cedo. “Como eu comecei no tênis de mesa muito cedo, ele teve um impacto muito grande não só na minha vida como da minha família, já que meu pai e minha irmã praticam e meu irmão pretende no futuro praticar também. Desde sempre o tênis de mesa vem moldando meu caráter e fazendo minha vida mais saudável. O esporte também fez com que novas portas fossem abertas na minha vida, então no futuro eu não me vejo longe do tênis de mesa até porque eu faço algo que amo”, relata o atleta.
Outra integrante da família de mesatenistas Alice Almeida, 16 anos. Ela conta que sua trajetória no esporte tem proporcionado ensinamentos para toda a vida. Além disso, a atleta relata que o esporte é um espaço para amizades.
“Através do tênis de mesa aprendi sobre disciplina e responsabilidade Foi onde fiz muitos amigos e minha família também joga. Desde pequena tenho um laço com esse esporte, ele impacta positivamente na minha vida, me dando um condicionamento físico e uma ótima agilidade e raciocínio. O governo apoia bastante, mas esse auxílio poderia ser melhor. Isso traz um incentivo a mais para o atleta continuar jogando e conseguir seu melhor”, afirma.
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Fotos:ArquivoFATM
BRASIL
Segundo a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, os primeiros praticantes do esporte no Brasil foram turistas ingleses que, por volta de 1905, começaram a desenvolver o esporte no país Em 1912 com a atividade já organizada, foi disputado o primeiro campeonato por equipes na cidade de São Paulo, tendo como campeão o time Vitória Ideal Clube.
Anteriormente o tênis de mesa no Brasil era praticado apenas em casas e clubes particulares, passando por momentos de pouco destaque. Em 1942, o tênis de mesa foi oficializado no país, após aprovação da tradução das regras e assinatura de convênio junto a Confederação Brasileira de Desporto (CBD).
No ano de 1947, o Brasil participou do 3º Campeonato SulAmericano e desde então a participação dos atletas brasileiros do tênis de mesa vem aumentando. Vale destacar que a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa foi fundada no Rio de Janeiro em 30 de maio de 1979.
Um dos grandes nomes do tênis de mesa no país é o carioca Hugo Calderano, que em janeiro de 2022 atingiu o posto de número 3 no ranking mundial, se tornando assim o melhor jogador das Américas de todos os tem-pos. Atualmente com 27 anos, Hugo coleciona títulos desde sua infância, o que lhe rendeu o apelido de ‘A Maravilha do Brasil’
ORIGEM
Conforme o Comitê Olímpico do Brasil (COB), o tênis de mesa surgiu como uma alternativa ao tênis de campo, para ser jogado em lugares fechados em dias chuvosos, na Inglaterra no século XIX Era um passatempo e com o nome que carrega até hoje: o pingue-pongue.
Atualmente, é um dos esportes mais populares do mundo, sendo jogado por aproximadamente 300 milhões praticantes ocasionais e cerca de 40 milhões de atletas federados distribuídos entre 186 federações filiadas à Federação Internacional de Tênis de
E mais de 20 anos depois, em 1926, surgiu a federação internacional do esporte.
O jogo é uma adaptação do tênis de quadra, e consiste na disputa de pontos entre jogadores que golpeiam a bola com suas raquetes sobre a mesa. A partida de tênis de mesa é disputada entre o melhor de qualquer número de sets ímpares Normalmente, no Brasil são disputados em melhor de 5 sets, enquanto a nível internacional os torneios são do melhor de 7 sets.
O jogador ou dupla que tiver melhor pontuação, respectivamente, 3 ou 4 sets, vence a partida. Para vencer um set, os atletas precisam somar 11 pontos, e em caso de empate em 10 pontos, somar dois pontos de vantagem em relação ao oponente
Ainda segundo o COB, atualmente, o tênis de mesa é amplamente dominado pelos países asiáticos, sendo a China a maior potência mundial. Mesmo assim, o Brasil também produziu grandes atletas, que obtiveram bons
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Foto:ArquivoFATM
MUAY THAI: ARTE MILENAR GANHA DESTAQUE NO AMAPÁ
Entenda sobre o Muay Thai, suas regras e como chegou à Capital do Meio do Mundo.
Talita Paiva Mikhael Kelmon
A arte marcial tailandesa, também conhecida como boxe tailandês no Brasil, é um esporte de gerações, com cerca de 2000 anos de idade. A arte marcial leva o título de “luta das oito armas”, pois usa oito partes do corpo nos golpes: os dois punhos, cotovelos, joelhos e a combinação de duas canelas com dois pés.
No Amapá, o Muay Thai veio através de um campeonato de MMA em meados dos anos 2000, o intuito a princípio não era lazer ou saúde mas, formar atletas profissionais para competições futuras Com o passar dos anos, o que antes era um esporte para um público exclusivo, hoje, é acessível para todos os gêneros e idades.
Um dos pioneiros no estado e coordenador da primeira equipe do esporte, a Amapá Combat, foi Rosinaldo Pantoja, o mestre Buda. Atuante em diversas artes marciais, ao se especializar em Muay Thai, apaixonou-se pelo es-
porte e começou a participar de campeona-tos estaduais Na época, morava em Belém, e após alguns meses já lutando profissionalmente, iniciou sua jornada como professor do esporte.
Sua rotina era alternativa de acordo com a demanda, ensinava a arte marcial a seus alunos de maneira recreativa, e nas horas vagas continuava a treinar para futuros campeonatos. Após alguns meses, recebeu a proposta para vir ao Amapá e treinar atletas profissionais. A princípio, pensamentos de desistência e medo tentaram o abater, mas Rosinaldo manteve a confiança naquilo que lhe foi proposto.
Entre os anos de 2003 à 2005 o Muay Thai foi estabelecido no estado com atletas de Belém do Pará, que vieram para treinar e formar lutadores de MMA em Macapá para competições estaduais, e também a nível nacional.
O esporte popularizou-se, e os alunos logo viram a possibilidade de abrir turmas comerciais
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ARTES MARCIAIS
Foto:MikhaelKelmon
e criar suas próprias equipes O mestre de Muay thai, Pablo Diego, conhecido por muitos como Tatu, foi um dos alunos da turma inicial. Tatu entrou no esporte em 2002 e foi o primeiro a conseguir graduação preta no estado do Amapá, sendo aprendiz do mestre Buda.
Após anos como integrante da equipe Amapá Combat, Tatu aposentou-se da equipe, e hoje é líder da academia Tatu Team, especializada no então conhecido boxe brasileiro. Pablo dá aulas há mais de 17 anos, mas sua equipe foi criada há 15 anos. Atualmente sua academia conta com mais de 200 alunos em rotatividade, com públicos de diversas idades
“Tanto para atletas de competição quanto o treino recreativo, que é aquelas pessoas que querem só ter condicionamento físico, manter a saúde, qualidade de vida, e esse público tem procurado muito, crianças, jovens, adultos em geral, tem buscado
treinar para manter a forma, o condicionamento físico e isso o Muay Thai tem ganhado muitos adeptos aqui no estado, principalmente mulheres”, conta o mestre.
O mestre Tatu ainda destaca sobre objetivos pessoais ao formar a equipe Tatu Team. Através do seu amor pela arte marcial, Tatu deseja melhorar a qualidade de vida de seus alunos e formar indivíduos que colaborem com o bem estar da sociedade
“Nossa academia tem dado muitos frutos, tirando a garotada da rua, do risco social. O nosso objetivo principal nesses projetos é formar cidadãos de bem. Se de cada 100 pessoas formar um atleta e 99 pessoas de bem, já está ótimo. Nosso objetivo é formar pessoas que possam contribuir na sociedade e, claro, levar saúde e qualidade de vida”, destaca Tatu.
Leonardo Albuquerque, 26 anos, é um atleta fiel às artes e aluno da academia Tatu Team.
Há cerca de 12 anos pra-ticando Muay Thai, seu início no esporte foi significativo para uma reviravolta no quadro de autoestima baixa que lhe atormentava.
“Eu comecei o Muay Thai porque eu era muito magrinho, sofria muito bullying nos lugares, aquilo estava me deixando para baixo, então resolvi praticar algo para mudar meu físico, mas não somente isso, algo que pudesse aliviar os traumas deixados do bullying”, relembra Leonardo Atualmente, o atleta é de grau azul claro, mas seu grande objetivo é chegar a então desejada graduação preta. Em busca de realizar seu sonho, a disciplina e dedicação são chaves essenciais em seus treinamentos
“Como diz aquela frase, ‘grandes poderes geram grandes responsabilidades’, minha vida precisa estar resumida nisso. Estou me dedicando muito, tendo bastante disciplina, então eu creio que isso vai me levar até o grau preto futuramente. Para muitos,
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estou longe e o caminho pode ser árduo, mas desistir não é uma opção”, afirma o aluno.
A resistência e dedicação desses alunos e a crescente pro-cura por esse esporte, garantem a permanência do Muay Thai no estado e o aumento de futuros atletas profissionais, que possam representar o Amapá em tatames à nível nacional e internacional
MULHERES NO MUAY THAI
A prática das artes marciais ainda são vistas com preconceitos por terceiros, a redundância está em acreditar que o objetivo deste esporte é machucar as pessoas ou ainda, acreditar que somente homens podem praticar. Por se tratar de um esporte que envolve luta corporal, as mulheres são vistas com um olhar estereotipado por alguns e significativo para outros.
Segundo dados do International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), em 2021, 447 mulheres participaram do maior evento de organização global de artes marciais (UFC), contra 390 em 2018, apresentando um crescimento anual médio de 18%, conforme análise do Flograppling O público feminino tem ganhado destaque nos tatames de campeonatos, mas em academias, a procura por esse esporte também se iguala.
Beatrice Barcelar, lutadora de Muay Thai há quase dois anos, conheceu o esporte através de uma orientação de sua psicóloga. Em busca de algo que saísse da sua zona de conforto, o Muay Thai foi seu porto seguro.
fazer algo que eu nunca imaginei na minha vida, que pudesse me trazer bem-estar, paz de espírito, prazer em fazer algo diferente e aí eu me encontrei no Muay Thai”, conta a aluna.
Em contrapartida, temos a veterana Alana Rodrigues, praticante do esporte há 12 anos. Ambas possuem uma história diferente, mas justas demonstram resiliência e dedicação. Alana conta que começou por questões de autoestima, porém, logo percebeu que sua saúde física teve uma melhora significativa.
“Quando mais nova, sentia que meu corpo não era o que eu queria, então primeiramente comecei a praticar o esporte para ajustar Com o passar do tempo, me apaixonei pelo esporte e não imagino mais a minha vida. São 12 anos gastos no melhor esporte que já experimentei”, explica Rodrigues.
Atualmente, Alana está usando o Muay Thai com o objetivo de se preparar para o Treinamento de Aptidão Física (TAF) da Polícia Militar do estado. “Logo após o resultado da prova em 2022, comecei a me preparar para passar no TAF e aguardo ser chamada para a próxima turma da PM. O Thai é um auxilio nessa fase me proporcionando força física e resistência muscular, que é essencial para esta etapa”, diz a atleta
Beatrice e Alana são exemplos para o público feminino no esporte, ambas entendem seu papel nas artes marciais e não se intimidam ao ver a predominância de homens no tatame. O caminho para quebra da distinção, preconceito e exclusão nessa modalidade não está distante do cenário atual, pelo contrário, a tendência é o aumento de mulheres no esporte.
“Eu estava num momento muito difícil da minha vida e aí a minha psicóloga me aconselhou a
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BENEFÍCIOS DO MUAY THAI
A luta de Muay Thai exige bastante do corpo, a concentração e flexibilidade são aflorados em busca das melhores técnicas de defesa pessoal. A disciplina e condicionamento físico são pontos em destaque no esporte. O professor de Educação Física, Alisson Santos, explica os benefícios da prática do esporte para a população.
“Do ponto de vista físico, haverá melhora da força, da flexibilidade, da coordenação motora, da resistência, da agilidade, da atenção. Nesse aspecto, as lutas são fundamentais para a formação do desenvolvimento motor do ser humano, de modo geral, tanto para criança, quanto adolescente, quanto para adulto, assim também como para pessoas idosas”, conta o professor.
Além de ser um potencializador físico no indivíduo, os benefícios atingem aspectos sociais, cognitivos e culturais na vida do indivíduo.
“As artes marciais por si só têm essa capacidade de fazer com que as pessoas interajam dentro do meio que elas estão inseridas, no caso de uma escola específica de lutas. Esse esporte também ajuda em sono melhor, na concentração, na melhora da memória e da atenção, além de carregarem uma herança cultural de cada país onde elas se originaram”, explica Alisson
Por trás da saúde do indivíduo, o Muay Thai deixa marcas em aspectos que fogem da famosa ideia de que o esporte só serve para atletismo profissional ou hobby. A perspectiva social e cultural é essencial na vida de cada aluno que recebe o treinamento.
GRADUAÇÃONOMUAYTHAI
Atrocadegraduaçõeséefetuadadeacordo comaevoluçãodopraticanteemluta,em umtempode,nomáximo,trêsmeses.Há umavastaquantidadedeespecificações segundoaConfederaçãoBrasileiradeMuay Thai.AsdivisõesdascategoriassãoCadet, YoutheSênior.Cadacategoriatemdiversas regras,porissolistamostrêsprincipaisque caracterizamcadaumadasdivisões
Cadet
Deveteraté14anos,otempo sãodoisroundsdeumminuto porumdedescansoeos golpessãopermitidosno corpo,menosnorosto.
Youth
Devemteraté18anos.O temposãotrêsroundsdeum minutoporumdedescansoe osgolpessãopermitidosem todasaspartesdocorpo.
Sênior
Precisaterentre19a37anos.O tempoédetrêsroundsdedois minutosporumminutode descansoeosgolpessão permitidosemtodasaspartesdo corpo.
GRAUS
GrauBranco(iniciante)
Graubrancocom vermelho(iniciante)
Grauvermelho (iniciante)
Grauvermelhocomazul claro(intermediário)
Grauazulclaro (intermediário)
Grauazulclarocomazul escuro(intermediário)
Grauazulescuro(instrutor)
Grauazulescurocompreto (instrutormáster)
Graupreto(professor)
Kruangpretoebranco (mestre)
Kruangpreto,brancoe vermelho(grãomestre)
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BADMINTON TEM GANHADO DESTAQUE EM MACAPÁ
Os treinos ocorrem no Ginásio Avertino Ramos e na quadra da UEAP.
Foto:ArquivoFBA
Lucas Oliveira
Imagine-se entrando em um ginásio com apenas dois jogadores com uma raquete em suas mãos, uma peteca em miniatura no ar no centro da quadra e uma rede fina dividindo o espaço em duas metades. O chão liso e uniforme, agradável para os movimentos rápidos e ágeis dos jogadores. É assim que se pode descrever a prática do badminton em Macapá
O esporte tem conquistado os amapaenses e ganhado a cada ano mais adeptos. Criada em 2011, a Federação de Badminton no Amapá é uma das instituições que incentiva o esporte na cidade com suporte necessário, equipamentos, locais de treinos e treinadores
“O papel da federação é esse, dar o suporte necessário às pessoas que querem praticar o esporte, seja como iniciantes ou profissionais da área. Sou presidente da federação desde 2019 e comecei a me interessar pelo badminton em 2007, por influência do meu filho que me apresentou. Fiz alguns treinos de iniciantes e na mesma hora veio a paixão não só do badminton como dos esportes em geral”, afirma o presidente da Federação de Badminton no Amapá (FBA), Paulo Melém, 44 anos.
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RAQUETE E PETECA
O badminton é um esporte de raquete praticado individualmente ou em duplas, no qual os jogadores utilizam uma raquete leve para golpear uma peteca, chamada de "volante" ou "birdie", sobre uma rede O objetivo é fazer com que o volante toque o chão no campo adversário, marcando pontos O jogo requer agilidade, reflexos rápidos e muita técnica, já que os movimentos são rápidos e imprevisíveis O esporte é conhecido por sua velocidade e intensidade, proporcionando tanto um desafio físico quanto mental para os participantes
Em Macapá, os treinos de badminton são realizados regularmente no Ginásio Avertino Ramos, localizado no centro da cidade, toda quinta-feira das 19h às 22h Aos sábados, às 9h, os treinos são na quadra da Universidade do Estado do Amapá (UEAP). Nos treinos, a quadra é separada em três redes, sendo uma para os iniciantes, que tem interesse em apenas se divertir e conhecer mais o badminton; a segunda é para os que estão em desenvolvimento melhor no esporte; e a terceira é para os profissionais que já executam e
entendem como funciona o esporte.
Anderson Barbosa, 41 anos, é jogador profissional e treinador de badminton no Amapá. Ele explica como acontecem as partidas. “Na execução, as partidas de badminton geralmente seguem um formato padrão, com algumas variações dependendo do tipo de competição. Se inicia pelo saque, começando com um sorteio para determinar quem faz o primeiro saque. Após esse saque inicial, os jogadores ou duplas alternam golpes com o objetivo de fazer a peteca tocar o chão no campo adversário, seja por um erro do oponente ou por um golpe bem sucedido Cada partida é jogada até 21 pontos, com vantagem de pelo menos dois pontos”, descreve Anderson
Mas em casos particulares, há variações em competições de nível amador ou em diferentes formatos de torneios, como a troca de lado, que logo que termina o jogo, os jogadores ou duplas trocam de lado da quadra para garantir que não haja vantagem devido a condições ambientais.
É primordial o intervalo nas partidas para que os jogadores
tenham tempo para aliviar a tensão, hidratação dos atletas e breve descanso “Em partidas mais longas, há intervalos entre os jogos e, às vezes, durante os jogos para permitir que os jogadores se recuperem e recebam orientações do técnico. E, ao final, o jogador ou a dupla que vencer o número definido de jogos primeiro é declarado vencedor da partida”, complementa o treinador.
Vale destacar que o badminton possui algumas regras obrigatórias para a sua prática, como roupas confortáveis e adequadas para atividades físicas, tênis de corrida ou calçados específicos para esportes de quadra, meias confortáveis e respiráveis que mantenham os pés secos durante o jogo. A headband ou faixa para o cabelo também é um item importante para quem tem cabelo grande. O uso de joias ou acessórios que possam causar ferimentos durante o jogo também não é recomendado.
Para os praticantes de badminton em Macapá, o esporte ainda tem pouca visibilidade ou mesmo é subestimado. “Eu acho que o badminton é subestimado e menos procurado devido aos maio-
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Foto:ArquivoFBA
res do Brasil se popularizaram como o futebol, mas se souberem o quão é interessante e importante a prática do badminton, com certeza estaríamos em evidência”, afirma o presidente da Federação de Badminton no Amapá, Paulo Melém.
Isabela Silva, 19 anos, que iniciou no esporte recentemente devido alguns amigos, conta que encontrou poucas informações sobre o badminton quando decidiu praticar o esporte “Tentei ver lugares e escolas de treino que praticassem o esporte, mas infelizmente o número é bem baixo. Agradeço pela federação e o professor Paulo conseguirem manter o esporte ativo no estado do Amapá”, diz
Assim como Isabela se apaixonou e procura formas de se aperfeiçoar mais no badminton, João Paulo, 18 anos, é apenas um curioso no esporte e procura apenas se divertir, pois não se familiariza com outros esportes. “Eu queria apenas saber como funciona, pois já tinha visto nas redes sociais esse esporte. Venho de vez enquanto e me divirto o bastante aqui”, afirma.
A prática de badminton já rendeu bons resultados para o Amapá. Em 2022, a Seleção Amapaense de Badminton se destacou no Campeonato Norte e Nordeste disputado em Pernambuco. Foram conquistadas 14 medalhas, sendo quatro ouros, duas pratas e oito bronzes A competição reu-
niu mais de 300 atletas das categorias Sub-11 ao Adulto Sênior e Master (simples e duplas), que representaram os estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Amazonas, além do Amapá. Badminton possui benefícios para muitas áreas da vida, desde exercício físico, saúde mental e lazer. Paulo Melém espera que o esporte tenha um futuro mais promissor no Amapá. “Espero que o que nós estamos fazendo aqui se prolongue por anos e fique visível para a população amapaense”, finaliza.
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Fotos:ArquivoFBA
VÔLEI BUSCA SUPERAR DIFICULDADES
As principais dificuldades são a falta de investimentos e local adequado para a prática.
Gabrielly Mourão
Nos últimos anos, o voleibol tem se fortalecido com investimentos nas ligas profissionais no Brasil. No estado do Amapá, atualmente, oito times registrados na Federação de Vôlei fortalecem este esporte nas Terras Tucujus. São eles: Ace A, Ace B, Ace C, Conexão Aquarela, GD Clube, Mavy, Nei e o Time da Unifap
Isabeli Brazão, atacante do time da Mavy, pratica o esporte desde criança e pretende se tornar uma jogadora profissional, almejando participar das Olimpíadas Esse sonho nasceu quando ela teve a oportunidade de assistir a uma partida ao vivo de vôlei com a jogadora Sheilla Castro. “Quando eu a vi jogando, parecia que eu ia entrar em combustão, e então decidi que me tornaria uma profissional como ela”, conta.
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NO AMAPÁ Foto:GabriellyMourão
A atacante segue uma rotina rigorosa de treinos, que inclui sessões diárias de condicionamento físico, aprimoramento técnico e tático, além de participação em competições em todo o estado
Thiago Martins, o levantador do Time da Unifap, tem uma trajetória inspiradora no vôlei. Ele descobriu sua paixão pelo esporte aos 10 anos e começou sua jornada profissional aos 16 no time do AVT Ele expressa sua alegria pelo crescimento do vôlei em seu estado e lembra com gratidão dos tempos em que os técnicos precisavam custear os equipamentos e ginásios do próprio bolso para viabilizar a prática.
Hoje, segundo Thiago, o cenário é diferente, com várias escolinhas de vôlei para crianças e um aumento significativo no número de patrocinadores para os times. Ele destaca também o crescimento das competições internas na Unifap, citando que o intercurso deste ano contou com mais de 200 inscritos.
Além da capital Macapá, o vôlei também tem se espalhado pelo interior do Amapá. O técnico da
seleção de voleibol do município de Ferreira Gomes, Eldo Soares, formado pela Confederação Brasileira de Voleibol, tem o Projeto Vôlei Clube Ferreirense, que atrai mais de 120 alunos todos os anos e se tornou um dos grandes exportadores de jogadores para as equipes da Federação do Amapá.
Eldo também expressa sua gratidão aos municípios, principalmente Mazagão, Laranjal do Jari e Amapá, por estarem investindo no esporte “Hoje em dia são as escolinhas de vôlei do interior que abastecem as equipes da federação com jogadores”, afirma. No entanto, o técnico lamenta que, mesmo com todos os incentivos, as equipes do interior ainda enfrentam grandes dificuldades financeiras. Muitas vezes ele se viu usando seu próprio dinheiro para investir em seus jogadores.
O vice-presidente da Federação Amapaense de Voleibol, Celso Rodrigues, está envolvido com o esporte desde os 13 anos e se especializou para se tornar um profissional na área técnica do vôlei, conta que a procura pelo vôlei aumentou bastante.
“Temos oito times cadastrados na Federação e ainda temos mais times cadastrados nas escolinhas, se forem fazer as contas temos inúmeros jogadores no Estado”, garante.
No entanto, Celso reclama da falta de incentivos no esporte. A falta de espaço para realizar as competições tornou-se um problema para a Federação, pois os poucos locais disponíveis não possuem a cobertura necessária para proteger da chuva, o que acaba dificultando as competições. “A questão é que estamos crescendo tanto que não há espaço para a prática, nem no setor privado, nem no público. Principalmente em espaços públicos”, afirma
Atualmente, a Federação conta com o Ginásio Avertino Ramos, porém, após a reforma, na qual o piso foi substituído por um de madeira, observou-se que este está soltando farpas, o que se tornou um perigo para a prática esportiva após um dos jogadores se ferir com as lascas de madeira durante um dos jogos
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Foto:GabriellyMourão
GRUPO AGREGA ALUNOS DE DIFERENTES IDADES NA UNIFAP
A iniciativa faz parte dos projetos de extensão da universidade e visa colaborar com a saúde e bem-estar dos acadêmicos.
Aline Silva
Lucas Lima
Considerada como expressão cultural afrobrasileira, a capoeira é também reconhecida como esporte que une luta, arte, dança, musicalidade e costumes. Na Universidade Federal do Amapá (Unifap), esta prática é desenvolvida em um projeto de extensão que promove e ajuda na qualidade de vida dos alunos da instituição.
O Projeto de Extensão Cidadão Considerado ensina capoeira para jovens e adultos sem restrição de idade, hoje conta com cerca de 25 alunos inscritos e as aulas ocorrem nas segundas, quartas e sábados, das 18h às 20h, no Centro de Vivência dentro da universidade.
A capoeira se consolidou de maneira a preservar as culturas ancestrais de seus praticantes, bem como, resistir à opressão vivenciada no contexto da escravidão. Ela é caracterizada pela roda de alunos e tocadores, pelos cantos, pelos instrumentos e pelos movimentos corporais. de ritmo, correção da postura corporal, impedindo que músculos e articulações atrofiam, bem como na ativação do
do metabolismo e na circulação e saúde cardíaca O momento mais importante são as rodas de capoeira, que funcionam como uma espécie de ritual para os praticantes, mesclando música, organização e os jogos entre duas pessoas durante a prática. Na ocasião, ladainhas são entoadas (cantigas tradicionais), para marcar o início da roda
Desenvolvido desde 2010 em escolas públicas da cidade de Macapá, o projeto iniciou efetivamente dentro do Campus Marco Zero em 2022, tendo como idealizador e coordenador o pedagogo Hélcio Alcântara, responsável pelo polo que fica dentro da Unifap.
“A capoeira surgiu como um movimento de resistência, de libertação. Isso está impregnado da cultura afro-brasileira. Então num primeiro momento era uma luta disfarçada de dança com vários elementos, com quase a totalidade de componentes da cultura africana que foi criada aqui no Brasil pelos negros”, relata o coordenador
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CAPOEIRA Foto:LucasSilva
De acordo com a União de Capoeiristas do Estados do Amapá (UNICAP), mais de 50 grupos de capoeira estão ativos atualmente, a exemplo do Senzala, Harmonia, Energia Pura e Ginga Amapá.
“No final da década de 80 e início de 90, a capoeira começou a se disseminar no estado, dentre os pioneiros destacam-se os grupos Academia do Mestre Grilo, Tocaia do Mestre Renato, Malê, Tocaia Malê, Malta e Ilêdara”, relata o professor Hélcio.
Para uma nova geração de capoeiristas, a experiência muda de acordo com a sua realidade, como explica o aluno e professor Thiago Carmo. “Vou falar pela minha história, hoje como professor de capoeira do projeto, eu iniciei ainda muito novo, entre os 14 e 15 anos, eu já tinha treinado capoeira em outro projeto social anteriormente, no município de Santana. Pra mim tem um papel social fundamental, a capoeira é um esporte que nos ensina valores importantes e coisas que vão nos levar pela vida, chegar, sair dos lugares, se comportar, viver em uma sociedade igualitária, onde você compartilha aquilo que tem, mesmo sendo pouco, a capoeira vai além”.
Elaine Ribeiro, 22 anos e capoeirista há mais de cinco, conta sobre sua vida antes e depois da capoeira, e complementa como é estar inserida na modalidade tendo que lidar com suas adversidades pessoais e o mundo do esporte
“Assim, eu fui a única dos meus irmãos que não foi tecnicamente proibida de fazer capoeira, mas eu tive que praticar por motivos de saúde. Eu era uma pessoa não muito quieta, e sempre tive pro-
blemas tanto psicológicos quanto físicos, muitos ainda insistem em existir até hoje. O treino com certeza melhorou muito em relação a forma de me expressar e conto como foi este processo. Eu cresci integrada no meio da capoeira, por conta disso, fui influenciada pelo grupo, da melhor forma possível", relata Elaine.
Alisson Vieira, professor e educador físico, esclarece que a capoeira se enquadra na categoria de exercícios aeróbicos e anaeróbicos, auxiliando na melhora do equilíbrio, aumento do senso de ritmo, correção da postura corporal, impedindo que músculos e articulações atrofiam, bem como, na ativação do metabolismo e na circulação e saúde cardíaca.
“Precisamos diferenciar o exercício aeróbico do exercício anaeróbio. Aeróbico é aquele que a principal fonte energética vai ser o oxigênio, geralmente é uma atividade de média e longa duração. A anaeróbica é aquela que usa outro substrato energético como o glicogênio muscular ou Adenosina Trifosfato (ATP), moléculas que garantem a liberação de energias para as células, que são substratos de uso imediato. A capoeira abrange depende do tipo de treinamento que está sendo feito naquele momento com os praticantes, então ela vai ser tanto uma coisa quanto a outra. E isso vai depender do tipo de treino e da forma de como está sendo ensinado a modalidade”, explica Alisson.
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Foto:LucasSilva
Foto: Cris Mattos/CPB