Casa de vó é sempre domingo - Redesign

CASA DE VÓ É SEMPRE DOMINGO

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CASA DE VÓ É SEMPRE DOMINGO

Este livro pertence a:

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Título: Casa de vó é sempre domingo Texto - Marina Martinez Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, sem a prévia autorização.

Coordenação editorial: Mikaella Nicomedes Rocha Revisão: Mikaella Nicomedes Rocha Projeto gráfico: Mikaella Nicomedes Rocha Impressão: Um dia acontecerá.

MARTINEZ, Marina Casa de vó é sempre domingo / Marina Martinez; ilustrações de Mikaella Nicomedes.

40p.: il.

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1. Literatura infantojuvenil brasileira.

2. Livros para colorir.

3. Arte e criação

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Para o vô Hugo - o avô que eu queria ter.

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Amanhã é domingo, Pede cachimbo, O cachimbo é de barro, Dá no jarro, O jarro é fino, Dá no sino, O sino é de couro, Dá no touro, O touro é valente, Dá na gente, A gente é fraco, Cai no buraco!

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É gostoso brincar de repetir essa cantoria toda.

Cantoria que não acaba mais, que a gente vai inventando, aumentando, esticando...

Quem me ensinou foi meu avô, que aprendeu com o avô dele, que aprendeu com o bisavó, com o trisavô, com o tataravô.

Avô que não acaba mais, que vai lembrando, brincando, ensinando...

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Gostoso, mesmo, é saber que amanhã é domingo. Dia de ir na casa do avô e da avó. Do vô e da vó.

Quem tem vô e vó de verdade sabe o porquê. Não precisa ser pai ou mãe do pai e mãe da gente. Pode até ser avô emprestado, avó da vizinha, do primo, do amigo.

Avô de verdade tem cara de vô, tem jeito de vô, tem casa de vô. E isso todo menino como eu conhece. Não dá pra explicar direito, mas dá muito bem pra sentir.

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Quando chego na casa da vó, já entro brincando. Sei que ela está me esperando, mil beijos e abraços. No caminho, combino com meu vô: — Faz de conta que eu não vim. E trato de me esconder depressa atrás da porta, debaixo da mesa, no meio das cortinas.

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Então é sempre a mesma história: — Olha, seu neto não veio, ah, que pena, logo hoje que eu tinha uma surpresa pra ele. — E eu ali firme, escondido.

Todo mundo entra no jogo, procurando sem me achar. Até que não aguento mais e apareço com a cara mais lampeira desse mundo.

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Que alegria! É beijo de cá, abraço de lá, repara aqui, repara dali.

— Olha só, meu dente caiu!

— Puxa, como você está crescido! Não cabe mais no meu colo. — Essa coisa toda que avó tem sempre pra dizer.

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Aí, eu vou direto pro meu armário.

Lá tem sempre uma surpresa, livro de história novo, chocolate, capa de super-herói, brinquedo esquecido.

Meu armário parece até cartola de mágico. Sai coisa lá de dentro que a gente nem imagina. E eu vou tirando tudo que preciso pra montar pista de corrida, cidade, fortaleza, nave espacial.

De repente, quero desenhar e tiro da cartola, quer dizer, do armário, lápis, pincel, tinta e muito papel.

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A vó faz coleção dos meus desenhos. Põe nas paredes, prega nos quadros, pendura nas portas. Parece até galeria de arte— das minhas artes.

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De vez em quando a vó vem dar uma espiadinha, e manda um sorriso que quer dizer: “Que bom que você está aqui!”

E eu respondo com uma piscadinha de olho pra dizer: “Gosto de você.” Mas às vezes eu nem reparo — é que estou muito ocupado brincando.

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Quando estou na casa do vô e da vó, não quero sair pra lugar nenhum desse mundo. Pra quê? Lá mesmo dou meus passeios, vou pra onde quero.

O sofá da sala é meu navio. Com as almofadas, faço a amurada. Com o cinzeiro redondo, dirijo o barco. Tudo pronto, levantar âncora! E saio viajando pelos mares sem fim. Às vezes o sofá vira avião, foguete, disco voador. E lá vou eu, navegando por céus e mares, planetas e galáxias. Vou e volto tão depressa que ninguém adivinha aonde é que eu fui.

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TambĂŠm gosto de viajar nos livros, junto com meu vĂ´. E ele vai me mostrando outros lugares do mundo, onde vivem cangurus, elefantes, tigres e leĂľes.

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Lugares bem diferentes do Jardim Zoológico, sem fossos nem grades, onde eles vivem soltos. Lugares em que é proibido caçar, onde os bichos podem se criar em liberdade.

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Se a fome aperta, á vem a vó com as suas comidinhas.

Adoro quando minha vó faz meu prato: ela inventa caretas engraçadas, com olho de azeitona, boca de tomate, cabelo de feijão.

Com biscoito, ela arruma bonecos, bichos, trenzinhos, tanta coisa que dá até pena de comer.

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Se a fome não é muita, é claro.

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Meu avô é craque em pipoca. Tem até panela de pipoqueira, dessas com manivela e tudo. Pra fazer pipoca preciso tocar a manivela, então subo num banquinho. Meu avô fica ao lado do fogão, espiando.

De repente, vem aquele cheirinho gostoso, e começa um barulho de pipoca pipocando, que nem tiroteio em filme de bangue-bangue.

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Se a gente abre a panela antes da ora, pula pipoca pra todo lado, E a gente vai atrás pra não perder nenhuma.

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Na hora de dormir, gosto de ir pra cama da vó. É um lugar quentinho e macio — parece o colo dela.

Escolho uma pilha de livros bem grande. Minha vó é contadora de histórias. De histórias de livro e histórias de boca, que vai inventando na hora.

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Quando ela começa, falando baixinho “Era uma vez...”, desfilam pelo quarto reizinhos mandões, heróis e princesas, fadas e bruxas, anões e gigantes...

Meus olhos vão fechando, devagarinho. Os livros ficam pela metade, mas as histórias continuam nos meus sonhos...

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Bom mesmo foi no outro dia. Era uma quarta-feira, meio feriado. A casa da vó estava em reforma. A sala grande vazia. O chão brilhante de verniz novo. Os móveis da sala todos empilhados pelo resto da casa. Tinha até sofá no corredor.

Se alguém chegasse, ia pensar: “Que confusão!”

Confusão nenhuma. Foi até muito divertido.

Na hora do almoço, cadê a mesa e cadeira?

Vovó teve uma idéia: — Vamos fazer piquenique na sala!

Toalha no chão, pratos e talheres em cima, a gente sentado em volta, feito chinês.

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Almoço com cara de piquenique fica muito mais gostoso. Dá até pra ouvir o canto do passarinho, barulho de riacho, passinho de formiga carregadeira.

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Na sala vazia jogamos bola, brincamos de pique viramos cambalhota até cansar.

No resto da casa a brincadeira foi melhor ainda. Com mesas, cadeiras, sofás, almofadas, tudo amontoado, inventamos uma porção de esconderijos. Cavernas escuras, com passagem secreta para minas de ouro e diamantes.

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Florestas misteriosas, cheias de perigo, com sinais de pista e mapas escondidos.

Por ali passamos eu, Peter Pan, Ai Babá, heróis e piratas, mocinhos e bandidos, feras e monstros.

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É hora de ir embora. Que Pena!

Aninha, minha prima, tem uma idéia: — Vó, não arruma mais a casa, não. Deixa os nossos esconderijos assim mesmo. E a sala fica sendo área de lazer.

— Puxa, este domingo foi mais legal — disse eu.

O vô lembra logo: — Hoje não é domingo, Léo. É quarta-feira — Mas parece — diz Aninha. — Aliás, casa de vó é sempre domingo.

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Espaço para você desenhar seus avôs e o que vocês fazem quando estão juntos:

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MARINA MARTINEZ: Foi escritora e jornalista, nasceu no Rio de Janeiro e sempre teve uma relação de amor com as palavras e os livros. Escritora, publicou vários livros de ficção e não ficção. Além de ter sido autora de livros infanto-juvenis, realizou trabalhos muito importantes nessa área literária: fazia parte da banca de jurados da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil, trabalhou em prol da divulgação da leitura por todo o Brasil e ajudou a fundar várias bibliotecas.

MIKAELLA NICOMEDES: Imagine um texto me auto descrevendo, já que estou com vergonha de fazer isso.

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Em ‘Casa de vó é sempre domingo’, Marina Martinez mostra aos netos-leitores o mundo de alegria e carinho em que se transforma a casa dos avós quando os netos queridos estão lá. NESTA VERSÃO COM ILUSTRAÇÕES PARA COLORIR FEITAS PELA ILUSTRADORA MIKAELLA NICOMEDES.

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