Erin Tate Rhal (The Ujal Part Five ) #3.5

Page 1



Tradução: PEE Revisão: AVS Revisão: Rosi Teo Leitura Final: Isadora Tokarski Formatação: Lola Verificação: Anna Azulzinha



O passado destrói seu presente e seu futuro e o orgulho o afasta de Cara — até que as coisas mudem, até que ele perceba que o orgulho não lhe dará uma vida cheia de amor. Cara pode perdoá-lo

por

esperava que sim.

abandoná-la?

Ele


Rhal a odiava. E ele tinha todo o direito de sentir a raiva que ela via cobrindo suas feições. Raiva dirigida a ela e somente a ela. Ela revelou sua dor particular, as atrocidades que experimentou e infligiu a outros, a dor emocional e a penúria que seu corpo suportou durante anos. Se revelar o lado negro dele significasse que Cara o salvaria, ela faria de novo. E de novo. E de novo. Traiu sua confiança e seu coração. Rhal daria o sangue apenas para terminar a transição, mas não conseguia se imaginar vivendo ao lado dela. O que era amor sem confiança? E Cara o amava. Mais do que a necessidade de respirar e as batidas do coração. O rei pediu que todos se calassem. E aos guardas para que evacuassem o recinto, tirassem as testemunhas. Quando um dos homens do rei alcançou Cara, seu companheiro se alterou. Rhal deu um passo à frente, Niax e Thame imediatamente tentaram o conter, embora Rhal lutasse contra a resistência de ambos. — A Toque e você morre! — Mesmo a odiando, ainda era protetor e possessivo.


— Você vê o quão perigoso ele é? É um animal. — Sibilou Otta, as palavras abafadas pelos gritos de protestos da multidão enquanto eram conduzidos para fora da sala. Todos

foram

removidos,

mas

após

a

explosão

temperamental de Rhal, os guardas sabiamente recuaram. As portas se fecharam ruidosamente, deixando o pequeno grupo a sós, salvo os envolvidos no julgamento e uma parte da guarda real, que se posicionou ao longo da parede, ladeando o único acesso a sala. — Tave, — o rei zombou e a rainha lhe deu um olhar penetrante. — Diga-nos quais são suas teorias e por que você acha que pode interromper os procedimentos de tal forma. Tave sinalizou para Cara, que ficou tensa. Ela teria que depor diante dos monarcas Ujals, encarar os pais hediondos de Rhal e revelar tudo que seu companheiro lhe confidenciou na escuridão, com a voz rouca de dor. Cara sabia do risco de perdê-lo. Não tinha dúvida. Rhal era um guerreiro orgulhoso. Entretanto preferia perdê-lo e garantir que viveria, em vez de vê-lo morrer por causa de um macho estúpido e as tramoias de uma cadela Maldita. — Por que está pessoa está aqui? — Cara ignorou a ironia do rei. Tave segurou gentilmente sua mão e a puxou para que se aproximasse dele, se colocando entre ela e Rhal. Cara preferia estar perto de Rhal, tocá-lo, somente pela sensação de conforto que o toque em suas escamas lhe proporcionava.


Mas estava claro que isso não aconteceria. Não nesse momento. — Meu nome é Cara Marte, companheira de Lord Rhal Adar-Marte. — Disse ignorando o resmungo de Otta. — Estou aqui para testemunhar contra as atrocidades infligidas ao meu companheiro e exigir justiça. Desta vez foi o pai de Rhal quem bufou. Todos poderiam debochar dela, desde que prestassem atenção ao que tinha a dizer e ela conseguisse que Rhal fosse solto. — Fale de uma vez para que possamos dar continuidade ao julgamento. — O rei gesticulou na direção de Cara com desdém e um tom entediado. Cara enrijeceu a coluna e endireitou os ombros. Não podia mostrar fraqueza. Não ali, diante de pessoas que mantinham o poder sobre a vida e a morte, não vacilaria. — Eu acuso Sua Majestade, o Rei Davir de Ujal, dos crimes de abuso de poder, corromper uma criança e poluir os mares. Este último “aparentemente” era o pior. Cara esperava que o macho contestasse às acusações. Esperava gritos. Talvez até que fosse condenada à prisão. Só não esperava que o rei lhe atacasse, ele ficou fora de si. O bastante para que escamas vermelhas brilhantes emergissem enquanto o macho avançava rapidamente para ela. Um borrão negro de repente surgiu diante de Cara. Ombros


largos bloqueando sua visão, mas a voz era uma que conhecia muito bem. — Vou matá-lo, não importa onde você se esconda Davir. Onde. Você. Se. Esconda. — Cara achou que já tinha visto Rhal zangado. Naquele momento, descobriu que estava errada. O silêncio prevaleceu e em seguida, Davir soltou uma gargalhada que provavelmente foi treinada para esconder o medo que Rhal lhe causava. Pena que falhou. Miseravelmente — Bem, bem. Proteja sua fêmea. Cuidarei dela mais tarde. Testemunho falso e sem provas contra a realeza, tem um castigo específico. — O ritmo lento do passo do rei sinalizou sua retirada. As costas largas de Rhal atraíram sua visão e Cara não pôde resistir à tentação de tocá-lo, correu a mão pela pele suave. Sob seu toque, Rhal se enrijeceu. Sem deixar nenhuma dúvida de que a rejeitava. Ela sussurrou — Sinto muito. Eu te amo e não vou deixar você morrer. Cara então avançou e concentrou-se no rei que se retirava. Na verdade, fixou sua atenção na rainha, a verdadeira detentora do poder. Os machos Ujal ficavam furiosos com frequência. Otta gritava. A rainha, por outro lado, tinha o poder de acabar com todo aquele espetáculo. — Lorde Rhal Adar perdeu a mãe quando tinha apenas três anos. O Senhor Adar ficou com um filho ainda pequeno e


um domínio para supervisionar. Assim, Rhal foi enviado ao rei Davir para juntar-se à casa real. Era jovem e decidiram que Rhal seria uma boa companhia para brincar com o príncipe Tave. O rei gesticulou a mão. — Pare de contar histórias. Não somos... — Rhal permaneceu na casa do rei até que Lorde Adar se casou novamente. Voltando para a casa do pai aos cinco anos de idade, Rhal ficou sob os cuidados de seus pais até completar seis anos e depois foi enviado novamente aos cuidados do rei, embora nesta ocasião, com uma mensagem clara: O Senhor e a Senhora Adar não desejavam o filho e o rei poderia fazer o que desejasse com ele. — Mentirosa. — Lord Adar rosnou a palavra com ódio. — Se sou capaz de ameaçar a vida de um rei, o que pensa que vou fazer com você, Lorde Adar? — A voz de Rhal era suave e profunda e deixou seu pai pálido. Um silêncio cheio de tensão se instalou e Cara continuou. — Então o rei atendeu aos próprios caprichos e treinou Rhal como soldado desde a infância. Já não lhe era permitido brincar com Tave... — Respeite-me. — Berrou Davir. E foi ignorado. — Rhal não assistia mais às aulas, como deveria fazer como filho da nobreza. Pelo contrário, lutava dia após dia. Aprendeu a matar rapidamente. Com eficiência. A princípio,


não tinha noção do que estava fazendo. Era uma criança. Rhal estava brincando com espadas e desfrutando de grandes batalhas mesmo que ele acabasse machucado e sangrando no final do dia. Cara engoliu em seco, tentando engolir o nó que lhe apertava a garganta. — Aos sete anos, Rhal viu um menino roubar comida na cozinha real e quando o furto foi descoberto, Rhal assumiu a responsabilidade pelo ocorrido. Mesmo o rei sabendo que Rhal mentia para proteger o menino, o castigo pelo roubo era a morte. E o castigo de Rhal foi matar a criança que tentou salvar. E para honrar o feito, Rhal foi enviado de volta aos cuidados do pai. E lá… — Cara... — ignorando o aviso baixo de Rhal, Cara concentrou-se no quão pálida estava as feições da Rainha. — Otta fa Adar... — Lady... — Você não é uma lady — Cara cuspiu as palavras com desprezo. — Nunca foi. Você acolheu uma criança para dar-lhe amor e ao invés disso, você foi perversa. Abusou dele. Atormentou-o. Por anos. — Cara deu um passo em direção à fêmea. — Você se vangloria por ter tomado a virgindade de Rhal, mas diga a todos a sua idade! Diga-lhes! — Os gritos dela rivalizavam com os de Rhal, na tentativa de fazê-la se


calar, mas as palavras dela ecoavam nas paredes, não permitindo réplicas. — Ambos o atiravam de um lado para o outro entre suas casas. — Disse e apontou para o rei. — Você o transformou em um assassino aos dez e carrasco aos onze. Minha rainha, enquanto seu filho se queixava que tinha que dormir, Rhal estava cortando a garganta do Ministro do Sul. E quando não estava matando a mando do rei, aquela que deveria ser sua guardiã, o forçava a ir para cama com ela. Cara deixou o olhar perder-se pela sala, encarou todos os guardas presentes e finalmente voltou-se para o rei. —

Você

o

acusa

de

ser

um

monstro.

De

ser

incontrolável. Não ter alma. O acusa de tentar acabar com a vida de outro Ujal. — Zombou. — Mas ele é como você o criou. Eu..., — continuou apontando para si mesma. — Sou a única coisa boa que Rhal já teve nessa sua sociedade pervertida e deturpada. Eu. Somente. Eu. Então, quando sou ameaçada, pode acreditar que Rhal vai matar qualquer um que se aproximar de mim. — E apontando para o rei, concluiu — Você precisa se lembrar disso. Lembre-se de tudo o que você o ensinou, incluindo como se esgueirar de qualquer fortaleza, rastejar em qualquer sala e silenciosamente dar fim a uma vida. Deixe-o em paz e talvez viverá mais um dia.


Davir olhou para Cara. — Isso é uma ameaça? Você não pode... — Rhal não faz ameaças. Faz promessas. — E você fala por ele, — Davir zombou. —

Como

rainha

dele,

sou

o

coração

do

nosso

relacionamento. Na sociedade Ujal as formas como vocês determinam os nomes de família provam o quanto vocês prezam suas fêmeas. Ele é Rhal fa Adar-Marte. É meu. Não o contrário. Então, quando afirmo que o homem que possui meu coração fará tudo o que eu desejar, significa que ele fará tudo o que puder para me satisfazer. — Cara deixou todo o ódio faiscar através de seus olhos. — E após você me submeter a privação do meu companheiro, sua morte me faria muito feliz. O rei se levantou. —Guardas! Prendam... — Permaneçam onde estão — a voz da rainha soou dura e alta, abafando os protestos de Davir enquanto a fêmea erguia-se em toda sua glória. Com um sorriso sarcástico decorando os lábios ela ordenou. — Os prendam. Agora. — E a ordem não era dirigida à Rhal. A ira da rainha centrava-se em Davir. O rei e os pais de Rhal. — Detenham a rainha! Ninguém fez um movimento a favor do rei. Ao contrário, atenderam às ordens da Rainha. O Senhor e Lady Adar foram


contidos, bem como o rei foi arrastado para fora do trono, deixando a rainha sozinha. Exceto por Sudal, que estava confuso e enjoado. — Este — sibilou a rainha — é o meu trono. Você está aqui porque me convém. Você governa no meu lugar e você me dá nojo — cuspiu. Como as fêmeas eram o coração da cultura, sobrenomes eram passados através da linhagem feminina. Eram títulos, a menos que não houvesse outro modo para nomear um macho. Conforme Davir empalidecia com o desenrolar dos acontecimentos, por fim lembrou-se da hierarquia ao qual estava submetido. — Quero que os três

permaneçam confinados e

preparem-se para serem mandados para Ujal. Tomarei as declarações daqui por diante e então o julgamento final será testemunhado por todos. — A rainha fixou o olhar no pequeno grupo, especificamente em Rhal. — Acho que você não é culpado dos crimes do qual te acusam. Você é como Davir o criou e eu concordo que qualquer ameaça à sua companheira merece uma resposta à altura. Uma vez que o macho foi estúpido o suficiente para não compreender quem provocou, ele é culpado pela própria ignorância. Preciso apenas de reparações financeiras para ajudar com os cuidados de Kaag. Porém essas reparações serão pagas através dos fundos da coroa. Nós tomamos o suficiente de você, Rhal. Não tomaremos mais. O rei exclamou.


— Você não pode... pare com isso! Você não deve... — Calem-no. — A voz da rainha era firme e inflexível. Os guardas que continham o rei tiveram que o silenciar com um golpe na cabeça. A atenção da rainha se voltou para Niax e Thame. — O soltem imediatamente. Uma declaração formal será feita tirando todas as acusações. — A rainha lentamente desceu do trono caminhando em direção à Cara, que manteve uma postura rígida de choque e medo. Ela achava que não fez nada de errado, mas o fato de ter se esgueirado na cela de Rhal ontem à noite e.... A rainha cobriu as bochechas dela, os olhos muito claros e profundos fixos em Cara. — Você é tudo o que há de bom em Ujal e temos a sorte de ter uma mulher como você em nossa sociedade. Rina é a minha filha de sangue e você, querida Cara, é minha filha de coração. — A rainha pressionou um suave beijo na sua testa. — Que os mares te abençoem e te confortem. Que o sol a banhe em pureza e que as estrelas sempre te guiem ao teu coração. — Ela soltou Cara e falou com Tave. — Meu filho, preciso de você. De você e Rina. Tudo aconteceu de repente. Rápida e silenciosamente a rainha se retirou com seus filhos. Alguns guardas arrastaram os pais de Rhal e o rei para longe, deixando Cara e Rhal a sós com um pequeno grupo da guarda e Sudal.


No momento em que Niax liberou Rhal das algemas, Cara observou seu companheiro, com o olhar fixo nas marcas avermelhadas que marcavam seus pulsos, que se mesclavam às escamas tão escuras quanto a noite. Cara ficou em silêncio observando e esperando uma reação. E não obteve nada. Rhal encarava as próprias mãos atentamente, focado na suavidade dos dedos sobre a pele. Cara deu um passo à frente. — Rhal? — Parte dela esperava e rezava, para que ele não a afastasse. Que pudessem seguir em frente mesmo depois dela revelar o segredo de como ele foi criado. Entretanto, os olhos negros a encararam, sem nenhuma sugestão de vermelho ou dourado o que minou suas esperanças. — Eu… As palavras de Rhal foram ásperas e roucas quando falou. — Vou dar meu sangue para Faim e Sece. Niax e Thame irão protegê-la. Mas eu não posso olhar para você. Cara pensou que as mentiras a machucaram. Imaginou que jamais se recuperaria de um golpe tão baixo. Mas estava enganada. Isso... isso a destruiu. Porque Rhal simplesmente se afastou. E não havia dúvidas de que era definitivo.



Rhal já não vivia. Simplesmente existia. Forçava o corpo a respirar, os músculos a se moverem, obrigava seu coração a continuar batendo. Mesmo sem nenhuma razão. Deixou a razão de existir na sala do trono com Tave, Rina e a rainha. Não queria pensar nos outros que os cercavam naquele momento. Se pensasse sobre o que aconteceu, a vergonha o dominaria novamente. E essa não era uma emoção que ele poderia tolerar. Nos últimos oito dias, conseguiu empurrar os sentimentos de lado, enterrá-los profundamente, até que sua alma estivesse gelada e escondida de todos. Era o macho de antes novamente, aquele que mataria pelo rei e Ujal. Mesmo que não tivesse recebido nada para matar. Com o tridente firme em sua mão, mergulhou mais e mais fundo nas águas frias do Golfo, abrindo caminho até as profundezas. Rhal entregou-se a escuridão. A negritude aquosa só não era mais negra que seu coração. Sentia-se em casa no oceano frio e sem luz. Não havia mais ninguém nessas profundezas, nenhum outro Ujal era capaz de esgueirar-se tão longe sob a superfície. Ali, estava sozinho. Longe de olhares indiscretos e piedosos. Não via nada, não sentia nada, não experimentava nada. Flutuava na corrente suave, deixando que a água lhe acariciasse o corpo como


mãos delicadas. Era um lugar seguro. Um lugar que podia gritar de raiva sem ferir alguém. Estava sozinho. Fisicamente e emocionalmente. Faim pegou o último frasco de sangue naquela manhã, o médico tinha um olhar reprovador estampado no rosto. A agulha não doeu quando perfurou a pele. A perda de sangue não foi notada por seu corpo, mas as últimas palavras de Faim ficariam gravadas para sempre. — Este é o último. Cara não vai precisar mais de você. Bom. Rhal nunca quis ser indispensável. Nunca quis amarrar-se a alguém. Estava quebrado, distorcido e destruído pelo passado. Ninguém “nenhuma mulher” deveria ser condenada a um companheiro como ele. No entanto, aquelas poucas palavras enterraram-se na sua alma. Ela não precisava dele. Sua razão de viver já não precisava dele para sobreviver. Precisaria de outro? Seu código genético não estaria nas veias dela após a última injeção. Cara poderia ir para IGM e arrumar outro companheiro, um digno de uma fêmea forte como ela. O estômago de Rhal se apertou com a possibilidade. Outro macho a acariciando, a tocando, a fazendo gritar. Era melhor assim. Algum dia, ele acreditaria na mentira.


Porque a ideia machucava tanto, Rhal não sabia. Cara o traiu.

Revelou

os

segredos

que

compartilharam

na

intimidade. Foi a única disposta a salvá-lo. Não. Essa era uma verdade que Rhal não estava disposto a enfrentar. Sua traição o feriu profundamente. Quase o destruiu no processo. Permaneceu apenas por um dia, assegurando-se que Tave e a rainha não precisariam dele e então partiu. Só Faim sabia onde encontrá-lo. Por necessidade, não por amizade. Ninguém mais precisava saber. Poderia deixar o mar o levar onde quisesse. Longe da fêmea que tinha o poder de fazê-lo chorar, uma mulher cujos lábios escorriam falsidades e traições. Teria ela mentido para ele? Não. No entanto, Cara desenterrou coisas que deveriam permanecer enterradas. Um som profundo e melodioso chegou até Rhal. Delicado, mas ainda forte. — Volte logo. — Tave não poderia estar ali sozinho. Ele não conseguiria chegar tão fundo, mas o macho estava gritando com ele. Rhal respondeu à convocação. — Não.


Curto e grosso, como diria Cara. Um fragmento de mágoa perfurou suas escamas. Tave não demorou a berrar outra demanda. — Como seu príncipe, eu ordeno que você volte. Como seu príncipe. Rhal teria bufado se estivesse respirando ar. — Não. Nenhum outro som o alcançou por vários minutos e Rhal continuou deslizando através da escuridão, buscando conforto no frio. Então Tave falou novamente para arruinar o breve momento de paz. — Ela precisa de você, Rhal. Ela. Havia apenas uma fêmea em que poderia pensar. Rhal precisava dela. Enquanto estava naquela sala, enfrentando a morte, precisava de Cara ao seu lado. Não em frente, afrontando a monarquia, tomando toda a fúria e raiva do rei sobre si mesma. Ele não se acovardou, nem quebrou sob pressão. Mais. Ele. Precisava. Dela. — Rina disse para parar de ser imbecil e mover essa bunda de peixe até aqui em cima, se não só Deus... Sentiu saudade do tom afetado da voz de Tave, Rhal sorriu. Eram bons juntos, o riso compensava a seriedade. Uma relação agradável, parecida com a dele e Cara.


— Rina, não vou repetir suas palavras. Machos não falam de paus e de bocetas. Isso não acabou. Não, também não ameaçarei a sua capacidade de ter filhos. Obviamente Tave se esqueceu de baixar o volume dos pensamentos. — Você teria coragem de me proibir de dormir na nossa cama? Rhal percebeu que Tave estava horrorizado. E sorriu de novo. Aqueles dois formavam um casal perfeito apesar das brigas. Apesar de... Pensando nas “brigas” de Tave e Rina, Rhal considerou se não foi muito duro. Então se lembrou dos olhares fixos nele. Que agora sabiam da sua verdadeira identidade, exposta em julgamento. Tantos homens que uma vez o temiam pela sua força, agora se compadeciam dele. Ou pior. O temiam e apiedavam-se dele. Ser alvo de piedade o machucava. — Rhal, Rina disse que me expulsará da cama se você não voltar. Pode apostar que vou caçar e acabar com o que te faz macho se você não voltar. Eu não serei privado de dormir com a minha princesa! Você pode correr e se esconder como uma criança depois de fazer minha companheira feliz. Rhal se manteve em silêncio. Se quisesse voltar, ele teria voltado. Até que Tave falou mais uma vez. — Você me deve isso.


Ele devia algo ao príncipe? Suas lembranças diziam que sim. Então atendeu ao pedido. Pelos pequenos fragmentos de alegria por ter Tave em sua vida, por ele ter exigido que Rhal o acompanhasse no início do seu domínio na Terra, por guardar segredo sobre a identidade de Rhal para os Ujals que chamavam a Terra de lar. E por cuidar de Cara quando Rhal se recusou. — Eu vou. E orou aos mares para que não se arrependesse dessa decisão. Com um movimento da cauda, Rhal saiu da escuridão, emergindo das profundezas congeladas para as águas mais quentes.

Gradualmente

ia

se

aquecendo

enquanto

a

temperatura mudava, quando se aproximou do casal que o aguardava diminuiu o ritmo. — Por que estão aqui? — Rhal nem tentou esconder a irritação. — Cara precisa de você. — A princesa falou antes que Tave pensasse numa resposta. — Faim disse que só você pode ajudá-la. Você tem que ir até ela, Rhal. Pare de ser um bebê chorão e cresça. — Um chorão... crescer? — Tave gemeu. — Rina... — Não me venha com conversa fiada. Aconteceu um monte de merda com você, Rhal. Agora todo mundo sabe que você não é apenas um idiota cruel, você é o mais fodido de


todos. Você aguentou muito, mesmo sendo levado ao limite. É uma pena termos descoberto da maneira como foi e eu sei que Cara está destroçada por ter falado sobre o seu passado, mas engula o orgulho e mexa esse traseiro de volta para sua companheira. — Rina estava procurando problemas. — E se você não fizer isso, eu vou te arrastar até ela. Rhal ergueu uma sobrancelha. — Bem. Vou fazer com que todos esses fortes guardas arrastem sua bunda até ela. — Rina acenou para os machos, a mão entrelaçada à do seu companheiro e Rhal notou as duas dúzias de machos que se aproximavam, com os tridentes em riste. Rhal foi surpreendido. Tanto pelas palavras da princesa como pela vontade que o empurrava para Cara. Não conseguia segurar o desejo por ela. Um olhar, um momento perto

dela

seria

o

bastante

e

então

Rhal

realmente

desapareceria. Fugiria das fofocas que com certeza o perseguiriam. — Vamos. Rhal balançou a cauda, passando por cima dos machos enviados para encurralá-lo e se dirigiu para a praia de Tampa — para UST.

Cara recebeu a última injeção e sofreu os efeitos colaterais por horas. Mas enfim acabou. Sem mais infusões


ou a ansiedade excitante que a invadia sempre que traziam o sangue de Rhal. Sem mais perguntas embaraçosas de Sece ou a pena de Faim. Não mais. Ela estava relaxando na espreguiçadeira, aproveitando o sol na pele e o som das ondas que vinham lamber a areia. Paz e serenidade vinham em sua direção, porém não a envolviam completamente. Ela não tinha certeza se algum dia seria feliz. Rina queria que ela voltasse à IGM e encontrasse um macho que pudesse apreciá-la. Sua melhor amiga e recusava a aceitar que Rhal fosse o único. Na concepção de Rina, Rhal não era digno de todo o sofrimento dela. Cara merecia ser feliz e sua melhor amiga estava determinada a arrancar Cara daquela fossa. Ela insistia em dizer que era apenas um coração partido. Mas sabia que de fato estava fodida. Erguendo o copo em um cumprimento, tomou um gole de água fria. Água pura. Não a salgada do mar. Ainda não de qualquer maneira. Completou sua transição, embora não estava certa de que estivesse pronta para entrar no oceano. Saber que seu corpo se cobriria de escamas e teria membranas interdigitais era assustador. Na verdade, mãos com membranas seriam uma coisa estranha. Faim tentou convencê-la a retornar à UST e passar pela primeira transformação sob supervisão médica. Mas Cara não tinha estômago para experimentar algo tão particular em uma sala cheia de estranhos a observando.


O que significava que a equipe médica estava ali, aguardando na nova casa alugada. Faim e Sece tentaram distraí-la enquanto ela criava coragem para pisar na areia, atravessar a praia e entrar no mar. Passaram-se duas horas e Cara ainda não conseguia se mover. Uma batida suave na porta da frente chamou-lhe a atenção e então ouviu o murmúrio baixo das vozes quando os visitantes entraram no hall. A voz de Rina mais alta que a dos demais convidados, indicando que dentre eles provavelmente incluíam-se Tave e também a alta guarda real. Ótimo. Uma plateia ainda maior. Pelo menos não estava em um tanque de vidro com fios conectados a ela. O portão gradeado dos fundos rangeu enquanto se abria e sua melhor amiga saiu para encontrá-la. — Ei. Cara forçou um meio sorriso. — Ei. — Então... — Rina ergueu as sobrancelhas. — Estou tentando me acalmar ainda. Rina caminhou para a área externa se aproximando de Cara e sentando-se em uma das cadeiras que estavam no deck nos fundos da casa. — O que você está esperando? — Nada. — Mentirosa.


Cara riu. Odiava que a sua melhor amiga a conhecesse tão bem. — Eu estava… Ela não conseguia sequer dizer as palavras em voz alta, era estupidez. Ela ainda tinha esperanças. Não importava quantos minutos, horas ou dias se passaram desde que ela viu Rhal pela última vez. A esperança de que ele retornaria ainda persistia. — Você está esperando por ele. Ela. Odiava. Sua. Melhor. Amiga. — Não. — Cara balançou a cabeça. Porque admitir em voz alta era atestar o quanto era tola. — Sim. — Rina se aproximou e pegou sua mão, a mantendo entre as dela. — E está tudo bem. — Cara bufou piscando para conter as lágrimas que ameaçavam cair. — Certo? — Não. — Rina meneou a cabeça. — Estou muito longe de “estar bem”. Fui estúpida. Fui idiota. — Cara suspirou. — Eu o magoei tanto, Rina. Quero dizer, Rhal mentiu para mim me magoou. Quase morri quando descobri que eu o amava, e.... — Cara engoliu em seco, o nó em sua garganta ameaçando sufocá-la.


— Mas foi uma mentira. Não duvido que Rhal me amava do jeito dele. Apesar de nunca declarar isso em voz alta, eu sei. O que torna o que fiz ainda pior. O salvei e o perdi ao mesmo tempo. Rina não disse nada a princípio. Apenas segurou sua mão, o polegar acariciando suas escamas. Ela ainda não conseguia controlar a aparição das escamas na pele, as fazendo recuar no corpo como os outros Ujal. Mas teria muito tempo para aprender. — Você faria isso de novo? Sabendo que ele iria embora, você faria isso de novo? — Rina perguntou e Cara refletiu sobre a questão. Sobre a noite que passaram naquela cela e nos eventos na sala do trono. E finalmente na solidão que a acompanhava em cada momento. Faria isso de novo? — Sim. Faria tudo de novo. Cada segundo que passamos juntos, a dor que sofri, a devastação que causei a ele. Eu o amei por pouco tempo, mais não abriria mão disso por nada. — Você vai me fazer chorar — Rina sussurrou e secou uma lágrima que escorreu pelo rosto. — Isso é só porque você está grávida. Grávidas choram por qualquer coisa. — Não. Eu amo Tave mais do que minha vida, mas não tivemos o nosso acasalamento posto à prova como o de vocês dois. Saber o quanto você o ama, mesmo depois que Rhal a abandonou, prova o quão verdadeiro são seus sentimentos por ele e os sentimentos dele por você.


Cara soltou uma risadinha pesarosa. — Sentimentos dele por mim? Aff, eu não colocaria tanta fé nisso. Ele mentiu, me machucou e eu voltei. O que fiz foi muito pior do que uma mentira. Se nunca mais o ver novamente, pelo menos sei que consegui salvá-lo. Ele está vivo. — Kaag ainda está vivo. De qualquer forma Rhal não iria morrer. — Murmurou Rina. — Mas Rhal iria para a prisão. Consegue imaginar Rhal preso? — Porque ela não poderia pensar nessa hipótese. E Rina sabia disso, pois se manteve em silêncio. As ondas se quebrando na areia era todo o som que se ouvia. Já estava na hora. Era cagar ou sair da moita. Ela não poderia querer que Faim e Sece esperassem por ela para sempre. E tinha certeza de que este era o último lugar que Tave queria estar. — Tudo bem, vamos fazer isso. — Cara soltou a mão da amiga e trilhou seu caminho em direção a água. — Tem certeza que vai fazer isso? Não. — Sim. Chame Faim para mim? Nem foi preciso chamar o macho porque assim que ambas se levantaram, ele apareceu na varanda com Sece o seguindo de perto e Tave atrás da dupla. — Ok então. Temos uma grande multidão. — Bastou uma espiada através da janela para ver que pelo menos meia


dúzia de homens também se juntaram próximos da porta dos fundos. Sem mais uma palavra, Cara desceu da varanda e seguiu pela escada até que seus pés se afundaram na areia da praia. Rina a alcançou, pegando sua mão para acalmá-la. O resto do grupo as seguiu, próximos, mas sem intrometer-se. Quando elas chegaram bem perto da água, Cara parou e inclinou-se para a amiga. — Então, como faço isso? Sece tinha uma resposta. — A pesquisa indica que... — Shh.. — Faim silenciou sua filha. Homem esperto. Cara estava assustada o suficiente. Não precisava ouvir sobre pesquisas. — Rina? — Eu preferi correr e dar um mergulho. Funcionou para mim, mesmo que minha transição não foi tranquila como geralmente é. A mudança do corpo é estranha e leva tempo para se acostumar. Se jogar no mar de uma vez não te dá oportunidade de ficar pensando sobre suas novas partes de peixe. — Partes de peixe. — Cara não entendeu porque Tave soou aborrecido. Rina

se

companheiro.

afastou

e

virou-se

para

encarar

seu


— Admita, vocês têm algumas coisas de peixes. Caudas, escamas e respiração subaquática? Cara tentou não rir, por sua amiga, pois Rina não estava achando graça. — Pyabi, se você não se calar... — Você vai fazer o quê?! Me dar uma surra? Já discutimos... A voz de Rina foi subitamente abafada quando Tave colocou a palma da mão sobre seus lábios. — Irmãzinha do meu coração, correr e mergulhar é uma boa escolha. Niax e Thame irão acompanhá-la e o restante da guarda ficará na praia até que você deseje voltar. Cara respirou fundo e devagar soltou a mão de Rina. Deu a Niax e Thame um sorriso tímido. Os machos se mostraram

serem

bons

amigos

na

última

semana,

protegendo-a e passando tempo com ela. Eram amigos “de certo modo” de Rhal. Mesmo que não pudesse ter seu companheiro, era bom ter os amigos dele por perto. Rina puxou a mão de Tave. — Mas e o Rh... Tave apertou mais sua mão. — Estaremos esperando. Certo? Respirando fundo, Cara disparou em direção ao mar, quebrando as ondas o mais rápido que pôde. Suas pernas tremiam e queimavam. A dor era irritante, mas não a deixava debilitada. Seria a primeira vez que teria o corpo inteiro envolvido por escamas Ujal. Imaginou que seria um pouco


doloroso no início. E com certeza era. Sentia pontadas nas pernas e a pele começava a pinicar. Assim que estava fundo o suficiente, Cara mergulhou completamente sob uma onda. Foi então que a transformação aconteceu. Seu corpo deu boas-vindas a sua metade Ujal, permitindo que sua outra parte viesse e a envolvesse da cabeça aos pés. Cara continuou submersa, deixando que os pulmões absorvessem a água no lugar do ar. Não engasgou ou lutou por ar como imaginou que aconteceria. Não estava se afogando. Era fácil como simplesmente respirar. Infelizmente, a dor não diminuiu. A agonia não se concentrou apenas em suas mãos ou pés como Rina descreveu. Pelo contrário, envolveu todo seu corpo, continuou a coçar e arranhar. Ela parou submersa nas águas olhando para o próprio corpo, as escamas em tons coral que surgiam e se espalhavam. Notou Niax à esquerda e Thame à sua direita, ambos parecendo preocupados. Ambos olhavam em choque para suas pernas, pernas que... Ah Merda. A transição não se limitou a seus pés como tipicamente acontecia a todos humanos que tinham companheiros Ujal. Eles só adquiriam membranas nos pés. Cara, entretanto, olhava para si mesma com admiração e horror enquanto seus pés lentamente se transformavam em pequenas barbatanas e pode perceber que gradualmente uma cauda se formava. Ah Merda.


Niax

estava

tão

surpreso

quanto

ela

e

nadou

rapidamente até Cara empunhando uma faca prateada. A alcançou e então deslizou a lâmina sob a costura da parte inferior do seu biquíni. Com um golpe a peça foi rasgada do seu corpo para que o resto da cauda deslizasse até o topo das suas coxas e completasse a transformação até seus quadris. Ela tinha uma cauda. Ela não deveria ter uma cauda. Deveria ter escamas e membrana

interdigitais.

Nada

de

cauda.

Se

alguém

mencionasse que ela teria uma cauda maneiríssima, ela se lembraria. Niax

olhava

arregalados,

ela

fixamente notou

que

para Thame

ela

com

também

os

olhos

avançava

lentamente em direção a ela. O olhar focado na nova parte dela. A cauda. Cara não tinha certeza do que fazer. Sabia nadar com os braços e as pernas, mas o que era suposto fazer sem pernas?! Cara acariciou as escamas da sua cauda. Os dedos explorando a transição dos quadris para abdômen. A nova pele era familiar e nova ao mesmo tempo. Diferente, ela sentia uma tênue sensação de formigamento. Ela sentiu um toque diferente próximo ao quadril isso a deixou nervosa. Ela virou-se e se afastou, ofegando quando percebeu que era Thame quem tinha a mão sobre ela. Seus dedos a acariciando. Com um movimento “involuntário” da


cauda Cara lançou-se na direção de Niax, derrubando os dois. Logo em seguida, um borrão negro surgiu, passando na sua frente e desaparecendo em um instante. Levando Thame junto. — Que diabos foi isso? Niax cobriu os ouvidos e apertou os olhos. Cara percebeu então, que disse as palavras em voz alta. Muito alto. Abriu a boca para sussurrar um pedido de desculpas, mas ele balançou a cabeça acenando que não. Em vez disso, Niax a puxou rapidamente para a superfície, auxiliando Cara até que ambos pudessem respirar ar uma vez mais. — Que diabos, Niax? — Cara ofegou, irritada pela mudança súbita. — Maldição — ele praguejou e Cara virou a cabeça para trás. Não era hábito dos Ujal xingar “era uma coisa de humanos”

por

isso

ficou

surpresa

por

sua

explosão

repentina. — Eu preciso te levar para a praia. Faim precisa olhar você. Enquanto eu procuro por ele. — Ele? O que aconteceu com Thame? O que era aquele borrão negro... — Rhal. — O quê? — Seu coração vacilou. — O toque de Thame é considerado inapropriado e Rhal é seu companheiro mesmo que...


— Mesmo que não me queira. Então ele o atingiu? — Sim. E agora tenho que o encontrar. Venha. O aperto de Niax era firme enquanto a conduzia para a costa, Cara ainda não sabia como usar a porra da cauda que adquiriu. Quando se aproximaram da praia, ficou aliviada e também assustada. Rhal e Thame estavam na praia. Infelizmente, Rhal estava dando uma surra em Thame enquanto Tave e os outros guardas tentavam arrancar seu companheiro de cima do outro macho. — Você. — Rhal socava o macho enquanto berrava. — Atreva-se. A. Tocar. Na. Sua cauda. — Outro soco, um chute... Claro que Faim ficou mais preocupado com as palavras do seu companheiro, do com a briga. — Cauda? Ela tem uma cauda? — Sim, Cara também estava surpresa. Então o médico finalmente olhou em sua direção. — Niax, traga Cara aqui, quero ver essa cauda. Talvez Rhal esteja equivocado. Quatro guardas e Tave não foram capazes de conter as ações violentas de Rhal, mas a frase de Faim o fez parar completamente. — Equivocado?


Nenhum macho, Ujal ou humano, gostava de ser contrariado. Nenhum.


Rhal não planejava assistir à transformação. Não queria estar perto dela sem poder a segurar em seus braços. Independentemente da raiva e da dor que sentia pela traição, ainda a desejava. E não queria cair na tentação. Até que viu Cara correndo pela praia, se atirando na água e saltando para as ondas. E então aquela gloriosa cauda em tons de coral com escamas

cintilantes

lhe

cobrira

o

corpo.

Rhal

ficou

encantado, até que viu Thame a tocando. Niax foi perdoado facilmente por tocar sua fêmea, pois estava tentando ajudá-la e tentando evitar a dor que ela sentiria com as roupas atrapalhando o processo de transformação. Thame a tocou por desejo e nada mais. Não havia preocupação com o bemestar dela, nenhuma preocupação ou apreensão referente à saúde dela. O macho desejou sua companheira. Mas ele não a teria. Cara era dele. Rhal fez questão de deixar bem claro sua posição ao macho, até que Faim alegou que ele estava equivocado. — Equivocado? — Rhal zombou e se afastou de Thame enquanto se levantava. O macho rolou na areia, gemendo. Se não tivesse tocado em Cara, não teria um nariz quebrado.


— Eu conheço cada polegada da minha fêmea e as pernas dela se fundiram na transformação. Cara tem uma cauda como qualquer Ujal. — Estufou o peito e alargou os ombros enquanto caminhava em direção ao médico. — Eu, Rhal Adar, não estou equivocado. Cara tossiu chamando a atenção dele. — Senhor. Rhal olhou para ela, viu o sorriso, os gloriosos cabelos e como as escamas dela brilhavam no sol, ofuscando todo o resto. Cara permanecia na parte rasa do mar. Com a parte superior do corpo apoiada nos braços enquanto a cauda se esparramava atrás dela. Mesmo Rhal direcionando sua raiva para ela, o sorriso dela não vacilou. Todos se encolheram. Todos. Menos ela. — Com licença? – Rhal ergueu uma sobrancelha. — Senhor Rhal Adar. — Cara sorriu, apesar dele perceber que ela estava tensa. Então ele entendeu que sua czira estava dando um show para as pessoas que estavam ali com eles. Reconheceu o tremor dos lábios e a fragilidade no sorriso. Cara estava à beira das lágrimas. No entanto, seu olhar não vacilou, o olhando como se estivesse sedenta da sua presença. Da mesma forma que Rhal estava sedento dela. — Você está certa. — Rhal olhou para Faim.


— Eu, Lorde Rhal Adar, não me engano. Você tem olhos, velho... — E continuou falando sem notar o “Olá” tímido de Sece. —...e você pode ver sua cauda. Sua cauda e muito mais, uma vez que a transformação fora de controle destruiu o top do biquíni. Rhal notou que todos os olhares estavam em sua czira, todos a olhando. E captou mais de um olhar de cobiçados guardas. Até mesmo os olhos de Thame, que acabou de receber uma surra, estavam em Cara. Inaceitável. — Olhem para o outro lado. — Rhal gritou para a pequena multidão. Quando ninguém se moveu, ele repetiu a ordem,

usando

uma

das

palavras

favoritas

da

sua

companheira. — Parem de olhar, porra! Os machos inclinaram a cabeça para trás, olhando para o céu. Até mesmo Faim foi esperto o suficiente para olhar para outra direção. Agora era a vez dele olhar para Cara, os seios gloriosos embalados pelo mar, seu corpo curvilíneo acariciado pela água. Olhando para Cara, a fêmea que foi criada somente para ele, Rhal percebeu que não podia se negar por mais tempo. Ela o magoou? O destruiu? Sim. Mas Rhal não poderia viver sem ela. — Czira. — Rhal suspirou derrotado, as palavras flutuaram carinhosas.


— Rhal. — Cara o encarou com olhos cheios de lágrimas. — Venha, czira. — Caminhou através da água e a ergueu facilmente, a segurando contra o peito com um braço sob a curva da cauda e o outro embalando suas costas. — Vou levá-la para dentro e lavar a água do mar da sua cauda. Faim falou. — Eu preciso examinar... — Depois — Rhal cuspiu a palavra. — Depois? — A voz de Cara era suave e a pergunta hesitante. Rhal não a culpava por estar insegura sobre o que estava por vir. — Depois que me assegurar que você está inteira. Creio que levará muitas horas. Examinarei cada parte de você. — Cara sentiu falta daquela voz rouca. —Duas vezes.


Duas vezes. Foi o que Rhal disse e Cara tomou as palavras dele literalmente. Não considerou “nem por um momento” que todos os problemas entre eles se resolveriam apenas por um pequeno flash de escamas. Mas a forma possessiva e protetora dele lhe dava esperança. Esperança de um futuro imediato e a longo prazo. Os passos de Rhal estavam firmes e seguros enquanto atravessavam a praia até em casa. Ele caminhava estudando os arredores com uma carranca áspera. Muito irritado. Cara não conteve um sorriso. Rhal estava aqui. Com ela nos braços. Irritado ou não, podia tocá-lo, suas escamas em contato com ele. Olhou por cima do ombro dele e deu uma piscadela para Rina, acenando um adeus, uma vez que estava claro que seu companheiro não deixaria o grupo entrar em casa. Rina devolveu o gesto. Cara voltou a olhar para ele. Não conteve a necessidade de correr os dedos pelos cabelos negros e molhados, os dedos deslizando pelos fios úmidos com suavidade. — Por que você está sorrindo? — Suas palavras vibraram como um estrondo através do seu corpo e “sua cauda” que se contraiu em resposta. Ok, quando estava excitada a cauda escamosa dela se agitava. Registrado.


Aparentemente, isso era o equivalente Ujal de ter os dedos se curvando de prazer. Interessante. — Porque você está aqui. Mesmo chateado comigo e me odiando, você está me levando para dentro. Vai me ajudar, — acenou uma mão para si mesma, gesticulando para a nova forma do seu corpo — Com tudo isso. — Odiar você? — Rhal murmurou. — Posso estar furioso, cheio de raiva e odiar o que você fez, mas não posso odiá-la, Cara. — Seus olhos atentos nela enquanto a carregava nos braços. — Nunca. Cara lambeu os lábios e engoliu o nó que crescia na garganta. — Oh. — Me diga que você acredita nisso. — Exigiu. — Eu... — Cara acreditava? Olhando nos olhos dele a expressão de dor no rosto dele. Soube sua resposta. — Eu acredito. — Bom. Você deve. Não mentiria para minha fêmea. Cara passou um dedo pelo rosto dele. — Eu gosto disso. — Do quê? — Ser sua fêmea. Eu sei... Rhal baixou a cabeça na direção dela enquanto tomava os seus lábios asperamente em um beijo.


— Não diga mais nada. Você é minha e agora eu cuidarei de você. Cara estava bem com isso. Tão bem que se aconchegou em silêncio contra seu peito, enquanto Rhal a carregava pelos degraus dos fundos, rosnando para o único guarda que vigiava a residência. O macho se afastou cuidadosamente do prédio e se afastou, olhando para o teto da varanda enquanto passava por eles. Macho esperto. — Para onde? — Foi uma pergunta ríspida e Cara sabia que ele não estava chateado com ela. Ele estava zangado porque havia muitos machos por perto enquanto ela estava nua. Obvio, tinha uma cauda, mas os seios ainda eram humanos demais para seu gosto e no momento, estavam balançando livres, com mamilos expostos e tudo. — À esquerda, vá pelo corredor, é a última porta. — Cara apontou o caminho a seguir. Ele se dirigiu para onde ela indicou, só diminuindo o ritmo quando chegaram ao corredor estreito. Virou-se de lado, com todo o cuidado para que a parede não machucasse sua cauda enquanto se dirigia para o quarto principal. Não parou quando entrou no quarto, continuou em direção ao banheiro, que estava com a porta entreaberta. Graças a Deus, Rina tinha uma enorme banheira de imersão. Caso contrário, teriam que se virar com uma banheira pequena, que era comum na maioria das casas.


Sem chance de aquela cauda caber em uma banheira pequena. Rapidamente Rhal a abaixou suavemente na grande banheira, a cauda caindo pesadamente sobre a borda. Rhal a soltou e se afastou para admirar sua companheira, com os olhos negros cintilando, agora com tons de vermelho e dourado. — Nunca vi uma mulher tão linda. — Seus olhares se encontraram e não passou despercebido a ela o fogo sensual que ardia nos olhos dele. — Vamos ter filhos tão bonitos, Cara. Corando, ela desviou os olhos, emoções transbordavam em ondas agitadas. Momentos atrás Rhal estava com raiva dela e agora... — Será que vamos? Se ajoelhando ao lado dela, Rhal pegou sua mão e apertou suavemente. Com um único dedo levantou seu queixo e a fez encará-lo. — Sim. Sou macho e meu orgulho é maior que os oceanos. Suas palavras danificaram isso, só que não meus sentimentos por você. — Quero acreditar em você. — Ela sussurrou. — Vou mostrar para você, até que você não tenha dúvidas. — Disse sorrindo. Rhal era arrogante, sexy, idiota.


— Vou começar cuidando de você e terminar com você gritando meu nome. — Sacudiu a cabeça em um rápido aceno. Cara revirou os olhos. — Você não pode simplesmente... — Eu posso. E vou. Me recuso a deixar que meus problemas com o rei fiquem entre nós. Já perdemos tempo suficiente. Como Rina costuma dizer: “eu tenho que superar a minha merda." Sim, Cara podia imaginar a amiga dizendo algo assim. — OK. — Bom. — Rhal reconheceu a concordância dela e se levantou para se inclinar sobre a banheira e acionar o registro para que a água enchesse a banheira. O líquido fresco escorria pelas suas escamas e Cara suspirou. — Não está muito quente? Ela negou com a cabeça. E complementou... —Está perfeito. Uma das coisas que aprendeu durante o tratamento era que água quente era agradável para os seres humanos, entretanto os Ujal apreciavam temperaturas mais frias que imitavam o oceano. — Bom. — Soltando o registro, Rhal voltou-se para a tarefa de lavar sua companheira. Juntava a água doce e cuidadosamente a derramava sobre o corpo de Cara, lavando a água salgada.


— Eu não precisarei remover toda a água salgada para que suas pernas voltem. Uma vez que elas voltarem, vamos encher a banheira e lavar o restante. E foi exatamente o que fez, repetindo o processo sobre as escamas. Cara não foi capaz de acompanhar a transição das pernas em cauda muito claramente no oceano. Agora tinha um lugar na primeira fila para ver sua cauda tomar a forma das suas pernas. As escamas brilharam, a cor brilhante recuando gradualmente, mas sem desaparecerem de vez. Lentamente, a cauda se partiu e as barbatanas na ponta se afastaram, tomando forma de pés. A mudança continuava ocorrendo subindo suas pernas até perceber que os cachos macios na junção das coxas estavam de volta. — Ah, aí está você, czira. Cara era novamente a mesma. Na maior parte. As escamas ainda marcavam sua pele, embora agora parecia mais humana do que um Ujal que vivia o mar. — Isso foi incrível. — Cara afastou o olhar do próprio corpo para encarar Rhal. — Incrível tipo: puta merda. — Rhal sorriu. — Sim, acredito que Rina teve uma reação semelhante, embora a transformação pela qual ela passou foi em menor escala. — Sim, Rina só tem membranas nas mãos. — Refletiu cara, se admirando, que não havia mais nenhum sinal da cauda. Cara acariciou suas pernas e o corpo. As palmas deslizando sobre a pele. Os dedos ainda com escamas e pele humana.


— Surpreendente. Sorrindo, ergueu o olhar para Rhal apenas para ver paixão. Necessidade, calor e desejo. Deixou o olhar acariciar o corpo do seu companheiro e logo percebeu que ele também estava nu. E excitado. Já o provou antes, mesmo assim a boca salivou. Queria prová-lo com o gosto do mar ainda nele. Queria… — Nada de chupar. Não agora. — Sua voz era firme e Cara choramingou. — Mais tarde? — Questionou lambendo os lábios. — Tanto quanto você quiser, mas agora eu preciso te beijar, preciso tê-la. — Cara estava bem com isso. A cauda terminou de se dividir, deixando-a com duas pernas inteiramente humanas. Rhal se inclinou, tampou a saída com a rolha e permitiu que a água começasse a se acumular na banheira. Ajustou a temperatura deixando o líquido mais quente cair em cascata sobre ela até que as escamas desapareceram completamente sob a pele. — Posso me juntar a você, czira? Cara estava ansiosa para ter ele ali, pele à pele, sem nada entre eles. Imediatamente acomodou as pernas contra o peito, escorregando para a parte de trás da banheira para abrir espaço. Rhal afundou na água, as costas apoiadas no lado oposto e estendeu a mão. — Venha, minha companheira. Acho que é hora de explorar cada polegada de você. Duas vezes.


Oh, ela estava bem com isso.

Rhal

não

sabia

como

foi

tão

abençoado

e

não

desprezaria o presente que o mar lhe trouxe. Abraçaria esta segunda “terceira” chance com Cara e jurou não "foder com tudo" desta vez. Tão irritado quanto ficava com a princesa, tinha que admitir que aprendeu muitas coisas a respeito da cultura

dos

humanos.

Incluindo

os

palavrões

que

costumavam usar. Cara se inclinou para ele, se levantando até os joelhos enquanto Rhal a amparava pela mão para ela se equilibrar. Sem perder tempo foi para o colo dele e se esparramou nos quadris dele. Com a boceta quente aninhada contra o membro duro. Eliminando

a

distância

entre

seus

corpos,

Cara

estremeceu no momento em que se encaixou sobre seu pênis. Rhal fez o mesmo. O toque não era o bastante para ele, mas apreciava essas carícias provocantes. Não via utilidade nelas até que conheceu Cara. E com ela descobriu que gostava da suavidade das preliminares quase tanto quanto amava uniões ferozes. Talvez fosse apenas o fato dele se deleitar com tudo o que sua companheira lhe dava. A soltando devagar, Rhal correu as mãos pelo corpo dela, memorizando as curvas, o brilho dos quadris, o entalhe na cintura enquanto subia pelas costelas; antes de agarrar


aqueles seios fartos, que iriam nutrir seus filhotes um dia. Por

agora,

desfrutaria

sozinho

dessa

abundância.

Os

embalou nas palmas, com os polegares roçando seus mamilos endurecidos. Os bicos cor de rosa escureciam enquanto Rhal brincava, beliscando suavemente entre seu polegar

e

indicador.

Sua

companheira

engasgou

e

estremeceu, o que o fez gemer em resposta. O tremor viajou até seus quadris e Cara rebolou contra ele. Um novo calor o consumiu, vindo de Cara, o corpo dela se preparando para recebê-lo. O que o fez endurecer ainda mais. Sua companheira o desejava, desejava seu toque e proximidade. Era um homem sortudo. Puxando um mamilo novamente, desfrutou da resposta trêmula e do jeito que ela mexia seus quadris acariciando assim seu membro. Puxando o mamilo seguinte, Cara fez um movimento sensual. A vagina deslizando ao longo de seu pau, arrancando um gemido seu. — Czira. Apertou os seios com mais força, a fazendo engasgar e gemer em um suave suspiro. — Rhal. — Ao ouvir seu nome sentiu outra onda de calor vir do meio das coxas dela. — Você me quer, minha companheira? — Murmurou, sem querer quebrar o clima sexy. — Sim.


O som da água caindo abafou a resposta dela e teve que deixar um seio para desligar o registro e fechar a água. Agora estavam cercados apenas pelos sons do mar e a respiração áspera de ambos. — Diga de novo, minha companheira. Você me quer? Cara remexeu os quadris. — Sim. Manteve uma mão no seu seio, provocando o mamilo redondo enquanto a agarrava pelo quadril com a outra. A apertou com delicadeza. — Então suba e lhe darei o que você deseja. Cara choramingou e seguiu o comando. Levantando o corpo enquanto ele deslizava a mão pelo quadril para agarrar a base do seu pênis. Rhal deslizou ao longo da sua fenda Cara, desfrutando da sensação dela excitada contra a cabeça do seu pau. Como isso arrancava sons de prazer dela, desfrutando de cada um deles até dar-se por satisfeito dessa doce tortura. Enfim ele pressionou a ponta na sua abertura. — Tome, czira. Entregue-se a mim. — Ele murmurou, ele a possuiu, depois a empurrou para longe. E agora aceitaria tudo o que ela lhe oferecia. Com um pequeno suspiro, Cara desceu os quadris sobre Rhal, abraçando o membro dele com o próprio corpo. Ele a penetrou com tudo. Nunca a deixaria ir. Caso ela desejasse ir embora “abandoná-lo” ele estaria lá ao lado dela.


Rhal abandonou seu seio e agarrou o quadril com ambas mãos, alinhando Cara sobre ele. — Use-me, Cara. Use meu corpo para o seu prazer. — Quero que você também desfrute. — Seus olhos vidrados de paixão encontraram os dele. Rhal sorriu. —

Oh,

eu

irei.

Flexionou

os

músculos

se

pressionando suavemente contra ela. — Me monte. Me aprecie. Focada nele, Cara fez o que foi exigido. Se levantou e então gentilmente desceu sobre ele, fodendo-se com o pau duro. O montou, rebolou os quadris, tomou-o como queria. E Rhal amava cada momento: cada investida da sua vagina, os gemidos que lhe escapava dos lábios. A água escapava da banheira. Os movimentos criaram ondas semelhantes a um mar turbulento. Rhal a encorajou, a ajudando a encontrar o ritmo certo, um ritmo que fazia ela choramingar e gemer toda vez que seus corpos se chocavam. Tanto sensual quanto áspero. Um equilíbrio entre fazer amor e foder. E Rhal recebia de

volta

cada

sensação

de

prazer

que

dava

a

sua

companheira. — Rhal, oh deus. — Cara se apertou ao redor dele, os músculos ordenhando o membro dele. — Cara... — ele segurou sua liberação, com os dentes cerrados. Sim, o fato de que estava prestes a gozar estava


estampado em seu rosto, mas ele não se permitiria alcançar o êxtase até que Cara gritasse seu nome. Então Rhal começou a incentivá-la. Segurou seu quadril esquerdo enquanto trazia a mão para o ápice das coxas de Cara. Com o polegar, encontrou seu clitóris facilmente e bateu na carne inchada. Rhal delineava círculos aleatórios, atento à respiração dela e tentando descobrir quais os movimentos a faziam revirar os olhos. Ele conheceu o corpo dela, aprendeu exatamente como fazê-la chegar ao auge. Tocar. Tocar. Girar. Tocar. E ali estava o segredo. Seu membro parecia ficar ainda maior conforme o corpo dela reagia as suas provocações. — Porra. Rhal, eu vou.... Rhal desejava exatamente isso. Não cedeu às atenções, mas permitiu que o próprio prazer expandisse, crescesse e florescesse através do seu corpo. Suas bolas ficaram duras e se apertaram, se contraindo enquanto um oceano de sensações se concentrava na base da sua espinha. E o prazer o envolveu, com se uma mão invisível o agarrasse pelo pênis, potencializando

o

prazer

que

sua

companheira

lhe

proporcionava. Espasmos de prazer vinham de Cara seus traços transformando-se em puro deleite, sinalizando o quão próximo ela estava do orgasmo. Ele permitiu que seu orgasmo corresse livre, um tsunami de sensações. Seu membro inchou dentro dela e sua vagina se apertou de maneira intensa, até que ele pensou que ela certamente estrangularia seu pau.


Então Cara gritou o nome dele. O som ecoou além das paredes do banheiro. Enquanto Rhal se entregava, enfim, seu sêmen preenchia sua czira enquanto ele pulsava e latejava dentro do calor suave. Gritando o nome dela em troca, ambos fizeram a casa estremecer. Encontrando o puro prazer juntos. Corpos conectados da maneira mais íntima enquanto o clímax invadia seus sentidos. Rhal não podia respirar, não podia pensar. Só podia olhar para sua companheira em seus braços. Sua, tinha que agradecer aos mares por ela ter voltado para ele. Pensou que morreria. O coração se esforçava para bater e as sensações esmagadoras do clímax o assaltaram. Sua companheira desabou contra seu peito, pressionando o rosto contra o ombro dele lutando para respirar. Seu pênis permanecia firmemente dentro de Cara. O corpo de Rhal não queria deixar aquele refúgio seguro. Não tinha do que reclamar. Queria estar o mais perto possível de Cara. Quando estava dentro dela, sentia que estavam conectados. Deslizando as mãos dos quadris para sua espinha, Rhal rastreava todo o comprimento das suas costas, enterrando as mãos sob o cabelo dela para lhe acariciar a cabeça e cuidadosamente fazendo com que se afastasse. Olhou fixamente naqueles olhos corais e foi atingido mais uma vez por uma tempestade de emoções. Amava essa fêmea, precisava dela mais do que precisava respirar e foi estúpido por negar isso a si mesmo. Era estúpido por vários motivos, mas não permitiria que seu orgulho viesse à tona e arruinasse o momento. Tinha sua


fêmea. Isso era o suficiente. O orgulho não o manteria aquecido à noite. Não carregaria seus filhotes. Não encheria sua vida de amor e felicidade. Mas está fêmea o faria feliz até o último dia. Até o fim dos dias dela.... Seu coração se apertou. — Rhal? — Cara franziu o cenho. — Você não vai morrer — Rhal rosnou e não disfarçou o tom dominador da voz. Cara revirou os olhos. — Nós todos vamos... — Não. — Rhal se manteve firme sobre esta questão. O olhar de Cara suavizou. — O que você quer dizer, na verdade? — Nada — resmungou em resposta. Conservaria esse pequeno orgulho e ficaria calado. — Você simplesmente não vai me deixar. — Rhal. — Cara afastou suas mãos e o acariciou da mesma forma possessiva que ele fez momentos atrás. Rhal admitia “nunca em voz alta” que apreciava sua atenção. — Não vou a lugar nenhum. Você é meu. Fiz o que tive que fazer porque não queria te perder. Fui uma vadia egoísta e sei disso. Estou imensamente feliz por você ter me perdoado. — Não queria perder você também. Você é tudo para mim, czira. Eu... Rina me disse que sou um homem idiota e concordo com ela. Estava morrendo sem você e não importa o


que o futuro nos reserva, não vou permitir que você me deixe de novo. — Ótimo — Cara sussurrou e tocou seus lábios com um beijo gentil. — Porque é aqui que eu quero ficar. Rhal abriu a boca para continuar a conversa, mas sua companheira rebolou os quadris e se apertou em torno do seu pênis. Ele decidiu que aproveitaria a oportunidade para inspecioná-la mais uma vez. Falariam sobre o que quer que fosse mais tarde. Muito, muito mais tarde.


Cara estava encolhida contra Rhal, desfrutando do toque e da conexão recém renovada. Tinha uma linha tênue estendia entre eles, mas Cara contava que, com o tempo, poderiam encontrar o caminho para resolver isso. Algum dia. O mar lhe chamava, seu corpo ansiava por ser envolvido pelas águas mais uma vez. Embora ela se recusasse a deixar os braços do seu companheiro. Não quando finalmente o teve de volta depois de sentir tanto a falta dele. — O que você está pensando? — O murmúrio baixo lhe disse que tinha o acordado. — Você. Nós. — Recusou-se a mentir, mesmo que fosse algo que não estava pronta para falar. Sem mais segredos. Nada mais seria escondido. — Czira — Rhal suspirou. — Nós não temos que falar sobre isso agora — Cara tentou fugir da conversa. — Nós temos. Cara engoliu um gemido e lentamente se afastou. Rhal apertou sua mão, a mantendo no lugar. — Quero olhar para você enquanto nós conversamos, Rhal. Quero que você veja...


— Quieta. Eu preciso abraçá-la. — Ok — sussurrou e finalmente falou com os lábios na altura do coração dele. — Sinto muito por contar seus segredos em público. Desculpe por trair sua confiança. Mas eu não sinto muito por te salvar de ser atirado na cadeia ou pior. Queria que você vivesse livre e te machuquei para conseguir. Eu fui egoísta e me desculpe por isso. Os lábios de Rhal eram quentes e gentis sobre a testa dela. — Desculpe por ter colocado você naquela posição. Talvez eu pudesse ter evitado o que aconteceu dizendo a coisa certa à pessoa certa. Acima de tudo, um guerreiro não reclama. Apenas vive sua vida. Toma o que os mares lhe trazem, lutando contra a força da correnteza. Não mudamos de

direção.

Compreendemos

e

suportamos

quando

necessário. Sofri quando não precisava. E você quase pagou o preço pelo meu orgulho. Cada palavra sussurrada a tranquilizava, mas não a curava de toda a mágoa. — Ainda deveria ter falado com você sobre isso primeiro. — Eu mandaria você ficar em silêncio. — Eu não teria dado ouvidos, mas pelo menos você não seria surpreendido. — Cara respondeu.


— Podemos discutir infinitamente o que aconteceu ou podemos seguir em frente, czira. — Rhal sorriu contra a têmpora dela. — Você pode me perdoar? Simplesmente assim? — Você me perdoou. E tinha. Porque.... Não poderia viver sem ele. — OK. — Tudo bem. — Outro beijo rápido e então se afastou. — Nós devemos nos levantar. Tave chegou enquanto você ainda dormia. Faim insiste em examiná-la e então devemos estar ao lado de Rina e Tave quando a rainha partir com meus pais e o rei. Cara assentiu com a cabeça. — Você está... você está bem com o que vai acontecer com eles? Rhal suspirou. — Qualquer que seja o castigo que eles terão de suportar, foi merecido. A rainha é amável e justa, contudo é feita de aço. Tomará a decisão certa para a punição. Vou perguntar... — Hesitou e Cara encontrou seu olhar, na esperança de lhe mostrar confiança e amor. — Pedirei a Rainha para nunca mais permitir que voltem a Terra novamente. Não sei se ela vai conceder o meu pedido. Mas você e quaisquer filhotes que possamos ter, não irão nadar nas mesmas águas que meu pai e a companheira dele. Nunca.


Filhotes. Cara teve a visão turva de lágrimas. Filhotes. — Czira, por que você está chorando? — É só... Sempre quis você, nossos bebês, uma vida ao seu lado. Eu quase perdi isso duas vezes e saber que podemos ter..... É maravilhoso. Rhal gemeu. — Você chora só de pensar nisso. Como vai ser quando você levar uma cria? Rina chora sem motivo e você nem faz ideia o que Maris suportou. Acreditei que o mar transbordaria de tantas lágrimas. Cara sorriu. — Isso foi uma piada, meu companheiro? — Chega, fêmea — ele grunhiu. — Temos de ir. E foram. Eventualmente. A língua dele de repente estava... hmm, deliciosa. Uma hora depois, após muitos cutucões e estímulos, a última coisa em sua mente era assuntos relacionados a coisas deliciosas. Cara sentava-se à mesa desconfortável em uma das salas de atendimento médico para ser examinada, enquanto Faim rolava em torno da banqueta, com uma prancheta na mão onde anotava seus dados. Faim continuou cutucando

e

espetando

algo

enquanto

andava

entre

monitores e ela. E voltava para a banqueta... — Talvez outra amostra de sangue. — Murmurou Faim e Rhal se eriçou.


— Você pegou cinco amostras até agora. Daqui a pouco, Cara estará drenada. Com isso o médico ganhou um olhar raivoso do seu macho. — Estou tentando descobrir as anomalias da sua fêmea, que possa ter ocasionado uma reação tão singular. — Ela não tem anomalias — Rhal rosnou e Cara suspirou. Por duas razões: Primeira delas, odiava o termo "sua fêmea" e em segundo lugar, Rhal parecia querer entrar numa briga com alguém. — Rhal, Faim está tentando descobrir por que tenho uma cauda enquanto Maris e Rina não tem. Está bem. — Está demorando muito. — Resmungou. — Ele está sendo meticuloso. — Ele está fazendo o que aqui? — Faim voltou a atenção para Cara. — Tem certeza de que deseja acasalar com este cara? Ele está sempre rosnando. Eu tenho um sobrinho em Ujal... As palavras de Faim fizeram com que Rhal rosnasse novamente e ela colocou a mão no braço do seu companheiro para evitar que batesse no médico. — Ela é minha. Eu a reivindiquei e nenhum outro pode tirá-la de mim. Porra, isso era sexy. — Ele não tem senso de humor.


Cara sorriu. — Não, não tem. Então talvez uma folga seria uma boa ideia, hein? — Tudo bem, tudo bem. — Faim suspirou e realmente se concentrou neles. — Cara, você está saudável e em forma. Recomendaria desfrutar do mar sob supervisão até que você esteja confortável com a cauda. Não é perigoso, mas levará tempo para aprender a se mover sob as ondas. — Por que eu tenho uma cauda e os outros não? — Essa a maior dúvida de Cara. — Acredito que é devido à natureza gradual da transição que você sofreu. Isso deu ao seu código genético a oportunidade de se alterar lentamente. Não teve nenhum efeito adverso em seu corpo e eu acredito que você é capaz de gerar e ter filhotes saudáveis quando você desejar. Um peso se soltou do estômago e Cara relaxou contra Rhal

com

aquela

notícia.

Nem

percebeu

que

estava

preocupada até que a possibilidade de ser estéril fosse descartada. —Bom. — Bom, — Rhal ecoou, deixando cair um beijo suave no topo da cabeça de Cara. — Algo mais? Faim sacudiu a cabeça. — Não. Gostaria que Cara voltasse diariamente pelas próximas semanas para confirmar se seu código genético não


está mais sofrendo alterações. — O médico se virou para encará-la. —Você deve descansar quando sentir necessidade. Vou permitir que você volte ao trabalho... — Ela não vai, — Rhal rosnou, mas Faim o ignorou. Como fazia na maioria das vezes. — ...Se você assim desejar. E se você estiver tendo alguma

dificuldade,

volte

imediatamente

e

se

desejar

poderemos modificar a genética do seu corpo, assim, a criança que você gerar não será tão obstinada e difícil quanto o pai dela. Cara sorriu, Rhal rosnou e Faim piscou para ela enquanto sorria. — Vamos, machão. — Disse se levantando e puxando o braço do seu companheiro, que estava rapidamente perdendo a paciência com o médico. Perceber que estava saudável e poderia ter os bebês de Rhal a fazia sentir um alívio no coração. Algo que precisaria nos próximos minutos. — Vamos ver a Rainha, para que logo você possa me levar para casa e tentar me convencer a deixar o emprego e viver apenas para você. Grávida, descalça e na cozinha. Isso mudou a expressão do seu companheiro em um instante, suas expressões foram ficando neutras até que seu rosto era apenas uma máscara em branco. Cara sabia que as emoções borbulhavam sob a superfície, mas Rhal odiava que os outros o vissem vulnerável.


— Sim. — Assentiu em um aceno de cabeça. — Vou garantir que você volte todas as manhãs. Agradeço

pelo

cuidado

que

teve

para

com

minha

companheira. Faim inclinou a cabeça em reconhecimento. — Foi meu prazer e dever. E então, porque seu companheiro não era o homem mais bem-educado, ele a conduziu porta a fora sem mais uma palavra. Não houve um aperto de mão à Faim ou até mesmo uma única palavra de adeus à Sece enquanto a conduzia do consultório para a plataforma de transporte. A nave Ujal descansava na órbita da Terra e aguardava para levar a rainha, prisioneiros e a guarda através de uma tecnologia que Cara ainda não compreendia muito bem. Em um segundo a pessoa estava parada diante de você e no seguinte, após um feixe de luz a pessoa desaparecia e estava a caminho da nave. Assim. Estranho. E não era algo que já quis experimentar. Estava feliz com as boas e velhas maneiras de se embarcar, muito obrigada. Tave e Rina já estavam na plataforma. A alta guarda próxima, enquanto a rainha e os prisioneiros cercados por guardas, os rodeavam. Cara deixou o olhar pairar sobre o rei e os pais de Rhal. Estavam bem, tirando o desgaste, a fúria e por estarem descabelados. Ótimo. Rhal passara a vida inteira daquela


maneira ou pior do que estavam agora aquelas criaturas. Quase queria chutá-los ou acertá-los na cabeça com um dos tridentes de Rhal. Não que fosse violenta ou qualquer coisa do tipo. O trio se virou para encará-los. Cada um mostrando uma gama de raiva e zombaria decorando seus rostos. Bastardos. Idiotas, filhos da puta. Como se atrevem? A rainha atravessou lentamente a plataforma em direção a eles, não estava prestes a deixar os pais de Rhal partirem sem ouvirem o que os demais tinham a dizer. A mãe de Tave se aproximou, todos olhando para a fêmea etérea. Suas escamas e cabelos brilhavam sob os raios do sol sua aparência fez Cara perder o fôlego em mais de uma ocasião. Mas agora havia algumas questões para resolver. Saindo do lado de Rhal, Cara caminhou em direção ao trio

que

esperava

para

partir.

Cada

passo

cheio

de

determinação. — Cara? — Seu companheiro a chamou, mas foi ignorado. O que foi bom, já que os guardas a ignoraram, conseguindo passar facilmente. Cara não parou até estar diante deles e deixou o puro ódio escorrer por suas palavras. — Espero que vocês três apodreçam na areia. — Tinha aprendido que um Ujal não ligava muito para a ideia de inferno, mas deixá-los fora da água...


— Espero que a rainha faça o que é melhor para Ujal e destrua todos vocês. Os três são os piores tipos de Ujal. Você — esbravejou apontando diretamente para a mulher que deveria ter criado Rhal como a um filho — é a escória da sociedade. Você pode vestir-se bem e sorrir por ai, mas não é nada além de lixo. Você é merda de baleia. A madrasta de Rhal respondeu primeiro. — Quem você pensa que é? Você não é nada além de uma pequena vadia da Terra... — Cara avançou na cara da mulher, chamando a atenção do primeiro guarda que tentou detê-la. Então Rhal rosnou. O que a fez pensar que esta era a razão pela qual ninguém tentou intervir. — Eu sou a mulher que o ama. Sou a mulher que estava ao lado dele enquanto vocês três estavam felizes em vê-lo na prisão. Sou a mulher que vai carregar seus filhotes. E quando você morrer, nossa pequena família vai dançar no seu túmulo. Esta sou eu. — Sua pele queimava e esticava e não tinha dúvida de que as escamas coral estavam surgindo nela, deslizando livremente para lhe decorar a pele. Ela realmente precisava aprender a se controlar. — Você sabe o que mais, pequeno verme? Sou a única que vai aprender todos os pequenos truques de Rhal e então eu vou.... Um braço firme envolveu sua cintura enquanto uma grande palma lhe cobria a boca. Cara foi levantada e girou ao redor enquanto o macho a segurava e os afastava dos


prisioneiros. Seu captor colocou-a novamente no chão e a girou para si. Até que estivessem cara a cara. Maldição, ainda tinha muito a dizer àquela cadela. Em vez disso, recebeu um beijo do seu companheiro. Longo e profundo, com línguas emaranhadas, seus braços a atraíam para mais perto enquanto Cara mergulhava nele. Rhal lhe acariciou as costas, com a palma das mãos deslizando por seu corpo, até que agarrou sua bunda e a puxou ainda mais perto. Um baixo zumbido chegou a seus ouvidos, mas Cara estava muito distraída por Rhal para se importar. Não se incomodou em prestar atenção ao ruído do vento ou aos sons que gradualmente oscilava ou o suave piso que esfriava. Não, o mundo dela começava e terminava em Rhal. Gradualmente, oh tão lentamente, Rhal aliviou o beijo até que pressionaram as testas juntas. Ambos ofegavam, compartilhando o fôlego enquanto lutavam para recuperar o controle. Finalmente, Rhal falou, com os olhos fixos nos dela. — Você me ama. — Sim. — Você me conhece e me ama. — Mais do que qualquer outra coisa e qualquer um. — Você sabe a verdade. Sobre mim. Mas essa parte não foi dita em voz alta.


— Sei que você tem um grande coração, um sorriso doce quando você deixa alguém o ver e que você me ama com tudo o que há em você, mesmo que você não tenha dito ainda. — Eu faço? Cara assentiu, sabendo que falava a verdade. — Você faz. Suspirando, Rhal fechou os olhos e Cara deixou que os sons que a rodeavam a acalmassem. O mundo girava. E a vida nunca parava, não importava o drama. E agora tinham um pouco menos de drama em suas vidas. O passado estava ficando cada vez mais longe, afastado da Terra e mandado para Ujal para enfrentar a justiça da rainha. Agora ambos poderiam seguir em frente. Juntos.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.