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CAMPINAS, QUINTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2014 www.readmetro.com

{MUNDO}

Venezuela vai às ruas em festa e protestos Caracas. Com o país em crise, o presidente Nicolás Maduro homenageia Hugo Chávez com desfile e estudantes reeditam protestos contra o atual governo Hugo Chávez é relembrado nas comemorações| JORGE SILVA/REUTERS

Análise

A pequena Veneza Venezuela, ou “pequena Veneza”, foi o nome dado à região do lago Maracaibo pelos primeiros exploradores. Seria a fantasia de um Eldorado. Em 1922, os jornais venezuelanos falaram da “explosão do petróleo”. Iria financiar esperanças e maldades na política. Nos anos 40, foi criada a Ação Democrática, partido de centro-esquerda, mas continuaram mandando militares corruptos, latifundiários obstinados e grandes negociantes. O petróleo financiou a ditadura do general Perez Jimenez, derrubado em 1958. Desde então, se alternaram no

poder a AD e um partido de origem clerical, o democratacristão Copei, na mais longa “continuidade democrática” do continente. Surgiu Chávez. Golpista fracassado, elegeu-se e criou mecanismos arrasadores. Do ponto de vista legal, para perpetuar-se. Herdou-os seu sucessor. Para entender o chavismo radiografe-se a “continuidade”. Os pobres ultrapassaram a metade dos 23 milhões dos habitantes. Um abismo, na Venezuela, entre a opulência do Estado e a miséria da grande maioria. O Plano Marshall, que ajudou a Europa a recuperar-se da guerra, custou US$ 13 bilhões. A Venezuela, faturou no mesmo período algo como 20 Planos Marshall.

Seguidores do ex-líder venezuelano Hugo Chávez saíram às ruas do país ontem para lembrar o primeiro aniversário da sua morte, o que representa um alívio para seu sucessor, Nicolás Maduro, que há um mês tenta conter protestos violentos. Um ano depois de Chávez morrer em consequência de um câncer, um

desfile militar e outras homenagens foram para Maduro uma oportunidade de recuperar as ruas e mostrar aos adversários que ele também é capaz de mobilizar as massas. Milhares de chavistas se reuniram em comícios em Caracas e outras localidades em homenagem a Chavez, cujos 14 anos no poder lhe valeram a adoração dos

mais pobres no país. Os estudantes, porém, levantaram barricadas em várias ruas de Caracas e outras cidades em todo o país, desde antes do amanhecer. Um homem de 26 anos morreu no oeste do estado de Táchira, quando ele bateu com o carro ao desviar para evitar um bloqueio criado por manifestantes. Maduro comandou um

desfile na capital antes de ir para o museu militar no local onde Chávez liderou uma tentativa de golpe em 1992 que lançou a sua carreira política, e onde os seus restos mortais foram colocados para descansar em um sarcófago de mármore. “Hugo Chávez passou para a história como o redentor dos pobres”, disse Maduro. METRO

NEWTON CARLOS Jornalista

Nicolás Maduro, sucessor de Chávez, comandou uma parada em homenagem ao líder morto | CARLOS GARCIA/REUTERS

Conversas sobre Ucrânia empacam Uma reunião diplomática de alto nível para tentar resolver a crise na Ucrânia fez pouco progresso em Paris ontem, marcadas pelo desacordo entre Rússia e Estados Unidos e a recu-

sa do chanceler russo de se encontrar com seu colega ucraniano. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que as discussões continuarão e que de-

ve se reunir com o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, novamente em Roma hoje. “Não pense que não tivemos conversas sérias que produziram ideias criativas e adequadas sobre a forma de resolver isso, temos uma série de ideias sobre a mesa”, disse Kerry após reunião com ministros de Ucrânia, Rússia, Grã-Bretanha e França. “Estamos todos preocupados com o que está acontecendo lá”, disse Lavrov a jornalistas ao deixar o Ministério das Relações Exteriores francês. “Nós concordamos em continuar essas discussões nos próximos dias para ver a melhor forma de ajudar a estabilizar e normalizar a situação e superar a crise.” A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em uma reunião em Bruxelas, anunciou a suspensão de sua cooperação com a Rússia para tentar pressioná-la a aliviar a ten-

são na Ucrânia e suspendeu planos de uma missão conjunta para acabar com as armas químicas da Síria. A Otan afirmou que irá intensificar seu envolvimento com a nova liderança da Ucrânia. A União Europeia ofereceu ao novo governo ucraniano, pró-ocidental, uma ajuda financeira no valor de US$ 15 bilhões nos dois próximos anos desde que o país chegue a um acordo com o Fundo Monetário Internacional. A Alemanha, maior economia da UE, prometeu ainda uma ajuda financeira bilateral. O novo ministro das Finanças ucraniano, Oleksander Shlapak, provocou a queda no valor dos títulos ucranianos e no mercado cambial ao dizer que a combalida economia do país poderá iniciar negociações com os credores para reestruturar sua dívida em moeda estrangeira. METRO

Ativistas pró-Rússia fazem manifestação em Yevpatoria | MAKS LEVIN/REUTERS


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