A ditadura militar em Goiás

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ditadura? O que fazer quando sair da prisão? A busca de uma saída, o entendimento conjuntural e estrutural do país era, naquele momento, sem nenhuma força de expressão, uma questão vital. A prática teórica proposta por Althusser significou a saída para muitos; “dois passos à frente e um atrás”, de Lênin, a saída para outros e “o caminho se faz ao caminhar”, do poeta espanhol Antônio Machado, a diretriz de muitos outros entre os quais me incluí. Em 1979 o saldo macabro dos governos militares era de “50 mil pessoas arrastadas aos cárceres por motivos políticos, 20 mil torturadas, 320 militantes mortos, 144 dados como “desaparecidos”, quatro condenações à morte, 130 brasileiros banidos do País e 780 cassações de direitos políticos”. 3 A volta ao mundo dos vivos Em 1974, terminei de cumprir a pena de um ano e meio e retomei minha vida profissional sem muita possibilidade de escolha, porque tive dificuldade de ser aceita em vários trabalhos pelo fato de ter sido presa política. Os patrões e dirigentes não queriam comprometer-se com os militares, ainda no poder, aceitando uma “subversiva” como empregada. Perdi meu emprego de professora concursada e efetiva do Estado de Minas Gerais, quando meu afastamento foi, arbitrariamente, considerado abandono de cargo por não ter comparecido ao trabalho, quando, na verdade, estava perseguida e presa pela ditadura. Meu primeiro trabalho depois da prisão foi de 3

MANFREDINI, Luiz. As moças de Minas. São Paulo: Alfa-Omega, 1989. p. 131

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