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lume Mato Grosso

Revista nº. 27 • Ano 4 • Dezembro/2018

Arquitetura

Decifre a Cuiabá de Paul Clemence. Pag. 26

PERSONALIDADE: CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA ÍNDIOS ISOLADOS E OS RESURGIDOS EVOLUÇÃO ESPIRITUAL - POR GUAPO AS 28 PALAVRAS MAIS DIFÍCEIS DE PRONUNCIAR AMERICANIDADE: MARIO BENEDETTI

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CUIABÁ 300 ANOS

A ORIGEM HISTÓRICA DE MATO GROSSO SEMPRE ESTARÁ LIGADA À DE CUIABÁ DOM AQUINO CORRÊA POSA PARA FOTOGRAFIA AO LADO DE FIÉIS, APÓS MISSA DE AÇÃO DE GRAÇAS, NA PARÓQUIA DE SÃO GONÇALO, EM CUIABÁ, EM 1952.



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C A RTA D O E D I TO R

JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA Editor Geral

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esde o surgimento da revista impressa no Brasil em 1812, essa mídia tradicional sofreu diversas transformações ao longo do tempo. Com o advento da internet, as mudanças foram ainda mais drásticas: surgiu uma necessidade de se acessar as notícias de forma imediata, fazendo com que as revistas que permaneciam somente no meio impresso ficassem para trás. Para se adaptar aos moldes dos dias atuais, os veículos procuraram se reinventar ao criar setores para publicar conteúdo na internet, assim expandindo a marca para atingir mais pessoas. Questionados, alguns jornalistas se pronunciaram sobre esse assunto. Marcos Coronato, editor executivo da revista Época, relatou a preocupação do veículo em fazer com que as matérias do site tenham o maior “ciclo de vida” possível, exaltando a figura do editor que proporciona um olhar mais experiente e pode tornar a publicação mais interessante para dessa forma atrair mais leitores. Na Veja a situação é bem parecida. Daniel Bergamasco, editor online, revelou que há alguns anos o veículo investiu na plataforma online, e isso permitiu algumas mudanças na redação: intercâmbio entre editores e união dos jornalistas, deixaram de existir papéis definidos. Daniel acredita que a versão online ainda não conseguiu se igualar a

edição impressa quando se trata de impacto, na medida em que as revistas causam um efeito nostálgico e forte ao se abrir, por exemplo, uma foto que ocupa uma página inteira. É algo que captura a atenção do leitor de uma maneira que os sites não conseguem fazer. A revista impressa é desenvolvida considerando que o leitor terá um tempo maior dedicado ao texto, desta forma a produção de conteúdo é mais aprofundada. Entretanto, as chamadas “pautas quentes” podem não resistir até o final de semana (quando a revista é veiculada), valorizando a necessidade do site. Giovana Romani, editora sênior da revista Glamour, acredita na exclusividade da revista impressa, já que existe uma curadoria limitada para a veiculação. A principal diferença apontada por Giovana está na questão do título, o online exige “sujeito, predicado, ação e informação relevante”, em contrapartida a revista é mais fluida. Para mim não ocorrerá o fim da revista impressa, mas sim uma depuração daquilo que temos em nosso mercado, tanto no Estado, quanto no país afora. Os editores e jornalistas migrarão, em sua maioria, para sites. Ficarão os que tem proposta editorial que atinja os objetivos do leitor, especialmente daquele mais exigente e que busca qualidade. Estamos buscando encontrar o caminho certo para nossa LUME MATO GROSSO.


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EXPEDIENTE

lume Mato Grosso

PESCUMA MORAIS Diretor de Expansão e de Projetos Especiais ELEONOR CRISTINA FERREIRA Diretora Comercial JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA Editor Geral MARIA RITA UEMURA Jornalista Responsável JOÃO GUILHERME O. V. FERREIRA Revisão AAMÉRICO CORRÊA, ANA CAROLINA H. BRAGANÇA, ANNA MARIA RIBEIRO, ANTÔNIO P. PACHECO, BENEDITO PEDRO DORILEO, CARLOS FERREIRA, CECÍLIA KAWALL, DIEGO DA SILVA BARROS, DILVA FRAZÃO, EDUARDO MAHON, ELIETH GRIPP, ENIEL GOCHETTE, EVELYN RIBEIRO, HENRIQUE SANTIAN, JOSANE SALLES, JULIANA RODRIGUES, LEJEUNE MIRHAN, LUCIENE CARVALHO, MILTON PEREIRA DE PINHO - GUAPO, NIGEL BUCKMASTER, PAULO PITALUGA COSTA E SILVA, RAFAEL LIRA, REGINA DELIBERAI, , ROSE DOMINGUES, THAYS OLIVEIRA SILVA, VALÉRIA CARVALHO, WLADIMIR TADEU BAPTISTA SOARES, YAN CARLOS NOGUEIRA Colaboradores ANDREY ROMEU, ANTÔNIO CARLOS FERREIRA (BANAVITA), CECÍLIA KAWALL, CHICO VALDINEI, EDUARDO ANDRADE, HEITOR MAGNO, HENRIQUE SANTIAN,

JOSÉ MEDEIROS, JOYCE CORRÊA, JÚLIO ROCHA, LUIS ALVES, LUIS GOMES, MAIKE BUENO, MARCELA BONFIM, MARCOS BERGAMASCO, MARCOS LOPES, MÁRIO FRIEDLANDER, RAI REIS Fotos OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES. LUME - MATO GROSSO é uma publicação mensal da EDITORA MEMÓRIA BRASILEIRA Distribuição Exclusiva no Brasil RUA PROFESSORA AMÉLIA MUNIZ, 107, CIDADE ALTA, CUIABÁ, MT, 78.030-445 (65) 3054-1847 | 36371774 99284-0228 | 9925-8248 Contato WWW.FACEBOOK.COM/REVISTALUMEMT Lume-line REVISTALUMEMT@GMAIL.COM Cartas, matérias e sugestões de pauta MEMORIABRASILEIRA13@GMAIL.COM Para anunciar ROSELI MENDES CARNAÍBA Projeto Gráfico/Diagramação SANTA CASA DE MISERICÓRDIA FOTO: PAUL CLEMENCE Capa


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SUMÁRIO

10. ENTREVISTA

16. ARTIGO

20. 22. 36. PARA QUANDO VOCÊ FOR

COSTUMES

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COMPORTAMENTO


48. 56. 52. 60. 52. 66.

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46. DEZEMBROS DE NOSSA HISTÓRIA

RETRATO EM PRETO E BRANCO

MÚSICA

LINGUÍSTICA

LITERATURA

AMERICANIDADE

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PERSONALIDADE

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Carlos Alberto Alves da Rocha

o dia 19 de dezembro de 2018 foi empossado presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso o desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, para o biê-

nio 2019/2020. A desembargadora Maria Helena Gargaglione Póvoas foi eleita vice-presidente, enquanto que o dezembargador Luiz Ferreira da Silva, corregedor geral da Justiça.


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no, por iniciativa do presidente da Casa, vereador Carlinhos Gaino (PSD) e subscrita pelos demais Pares do Poder, com os mais elevados graus de elogios e aplausos. A justificativa foram os relevantes serviços que o magistrado desempenhou em prol do município de Diamantino ao longo dos últimos tempos. Ciente do importante papel que irá desempenhar e o tanto que a magistratura espera de sua administração, posicionou-se diante do governador eleito de Mato Grosso, o empresário Mauro Mendes, para que reveja a sua fala em campanha eleitoral sobre a diminuição do repasse constitucional dos poderes do Estado a fim se gerar economia e dar um folego nas finanças do Estado. O desembargador é favorável ao diálogo, no entanto, afirma não aceitar redução no valor do repasse. O TRIBUNAL DE JUSTIÇA A história do Tribunal de Justiça tem origem no Tribunal da Relação, que foi criado pelo Decreto Imperial nº. 2.342, de 06 de agosto de 1873, na província de Mato Grosso. Sua instalação foi solene e ocorreu em 1º de maio de 1874. Nessa ocasião o Imperador nomeou três desembargadores, a saber: presidente: Antônio Francisco Ramos; vice-presidente: Manoel Tertuliano e Thomaz Henrique. Para procurador da Coroa e Soberania Nacional foi indicado Francisco Gonçalves da Rocha. O Tribunal estava localizado em um casarão da atual Rua Pedro Celestino. O Tribunal da Relação de Mato Grosso funcionou por dezessete anos, sendo extinto com a Proclamação da República. Em seu lugar foi criado o Tribunal da Relação do Estado de Mato Grosso, instalado a 10 de outubro de 1891, posteriormente transformado em Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Do começo da República para os dias atuais o TJMT passou por diversas sedes e fases da história de Mato Grosso. No bojo de toda essa historicidade que envolve o Tribunal de Justiça de nosso estado se sobressairá a figura emblemática do desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, pois, competência não lhe falta para esse êxito.

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A eleição, de forma harmônica e pacífica, deu-se no dia 11 de outubro de 2018, em sessão administrativa do Pleno do Tribunal de Justiça, composto de trinta desembargadores. Nesse dia, histórico para Carlos Alberto Alves da Rocha, em discurso, afirmou: “Prometo jamais decepcionar os colegas que confiaram em mim e também os advogados, juízes e servidores. Agradeço todo o apoio da minha família, há muito tempo que estamos lutando por isto. Deus escreve certo por linhas tortas. Este é o momento ideal para que eu estivesse neste cargo. Prometo que farei o melhor para todos”. O desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha é nascido na cidade de São Paulo, em 2 de maio de 1955. É formado em Psicologia pelas Faculdades Farias Brito (hoje Universidade de Guarulhos) e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdades Integradas de Guarulhos (SP). É casado com a Sra. Eliane Ribeiro Rocha e pai de três filhos O desembargador Carlos da Rocha foi aprovado no concurso para a Magistratura de Mato Grosso em 1985. Em 2008, foi empossado desembargador. Ele chegou ao posto de desembargador pelo critério de merecimento após a aposentadoria de Ernani Vieira de Souza, em novembro de 2007. Como juiz, ele atuou nas comarcas de Nortelândia, Arenápolis, Porto dos Gaúchos, Juara, Nobres, Rosário Oeste, São José do Rio Claro, Cuiabá, Sinop e Diamantino. Atuou ainda no Juizado Especial do Bairro Planalto (Cuiabá); como juiz auxiliar da Presidência do TJMT e como juiz presidente da Segunda Turma Recursal Cível dos Juizados Especiais. Antes da promoção para o cargo de desembargador, atuava como juiz substituto de Segundo Grau. O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso para o biênio 2019/2020 tem seu trabalho reconhecido entre seus pares por fazer o que pode para suprir a demanda de funcionários nos juizados e lutar por mais recursos para os mesmos. Em dezembro de 2013 o desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha foi homenageado pela Câmara Municipal de Diamanti-

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E N T R E V I S TA

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Ouro Ético Você já ouviu falar disso?

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POR JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA

ato Grosso nasceu sob o signo do ouro, e a ética, na atividade garimpeira, é um tema que nos remete às profundas reflexões sobre seu verdadeiro significado nesse universo de complexa análise. O termo ética, foco desta entrevista de LUME MATO GROSSO, com o geólogo Marcos Vinicius Paes de Barros, da Metamat, é sobre uma nova abordagem que busca-se à extração desse minério em Mato Grosso. Essa ética é inspirada na “humanização” que ocorre com o diamante, na África, que quer livrar-se do estereótipo dos “diamantes de sangue”. Por conta disso, busca-se a mesma prática com

o ouro, que é tradicionalmente associado a danos ao meio ambiente por mercúrio, à invasão de terras indígenas e, principalmente, à evasão de divisas por ineficiência na cobrança de tributos desse metal. É sempre bom lembrar que o Brasil negocia anualmente 50 toneladas de ouro, tendo como clientes, principalmente, o Reino Unido, Suíça, Emirados Árabes, Estados Unidos e Canadá. Desse ouro todo, pelo menos 12% vem de garimpos espalhados por todo território nacional, com significativa participação mato-grossense. O restante da produção advém de empresas como a Kinross, AngloGold Ashanti, Yamana Gold e Jaguar Mining.

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E N T R E V I S TA

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A EXTRAÇÃO DE OURO EM MATO GROSSO É ORGANIZADA? QUEM A PRATICA? QUAL É A QUANTIDADE DE OURO OFICIALMENTE PRODUZIDA MENSALMENTE NO ESTADO? »»Podemos dizer que a extração do ouro em Mato Grosso se encontra em processo de regularização, fruto das restrições ambientais e das cobranças da sociedade e da necessidade da legalização da atividade junto aos órgãos fiscalizadores objetivando a comercialização da produção. Todos esses aspectos se referem ao atendimento aos preceitos da viabilidade econômica dos empreendimentos, da sua sustentabilidade ambiental e social. A mineração do ouro em nosso estado é praticada basicamente por cooperativas de garimpeiros, pequenos é médios mineradores. Oficialmente a produção de ouro gira em torno de 10 toneladas anuais, sendo que cerca de 60% dessa produção provém dos garimpos.

O QUE É OURO ÉTICO, EXISTE ESSA PRÁTICA EM MATO GROSSO? »»O ouro ético foi a denominação dada ao ouro produzido em comunidades de produtores artesanais e de pequena escala na América Latina. Patrocinada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Aliança para a Mineração Sustentável (ARM). Objetiva estabelecer padrões sustentáveis para o setor, apoiando e facilitando a certificação dos processos de venda de metais e minerais (“Certificação Fairmined”),através do denominado “sistema de comércio justo”. Oficialmente teve seu inicio com o Projeto “Desenvolvimento de Incentivo de Mercado e Formalização na Mineração Artesanal e de Pequena Escala (MAPE) na Bolívia, Colômbia e Peru.” Uma das ações implementadas foi o fornecimento do ouro para confecção das medalhas entregues aos ganhadores do prêmio Nobel de 2016.

Em Mato Grosso o processo teve seu início com a assinatura do Termo de Cooperação Técnica com o Centro de Tecnologia Mineral – CETEM, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pelo desenvolvimento do projeto no Brasil. A METAMAT foi escolhida como parceira tendo em vista seu “expertise” no trabalho com a pequena e média mineração e com as Cooperativas de Garimpeiros. O PROCEDIMENTO DO OURO ÉTICO É VIÁVEL EM MATO GROSSO? »»O Projeto Ouro Ético é perfeitamente viável. Mato Grosso, principalmente devidos aos depósitos auríferos do estado serem em sua maioria representados por pequenos é médios depósitos para os quais as grande mineradoras não tem interesse direto abram-se boas perspectivas sua implantação . Além do mais o processo de regularização da atividade se encontra em estágio mais avançado em relação a outros estados do Brasil. O QUE A METAMAT ESTÁ FAZENDO PARA QUE ESSE PROCESSO SEJA IMPLANTADO E QUAIS AS FORMAS DE RESPONSABILIDADES UTILIZADAS E COMPARTILHADAS? »»A METAMAT e os técnicos do CETEM realizaram em conjunto um trabalho de visitas as principais zonas

FOTOS: DIVULGAÇÃO


lumeMatoGrosso auríferas do estado: Peixoto de Azevedo, Alta Floresta, Guaporé e Baixada Cuiabana. Neles atuam os pequenos e médios mineradores e cooperativas as quais a METAMAT fornece suporte técnico e institucional. A partir destas visitas e do diagnóstico do nível de organização destes núcleos de produtores foram escolhidas as cooperativas de Peixoto de Azevedo (COOGAVEP) e de Pontes e Lacerda (COOPROPOL), como as que mais se encaixam nos objetivos do projeto. O SENHOR ACREDITA QUE O PROJETO DE OURO ÉTICO TENHA ÊXITO EM MATO GROSSO? »»Sim. Perfeitamente. Nós temos a experiência técnica, condições institucionais e o interesse dos pequenos e médios produtores em se tornarem modelos de produção sustentável, com visibilidade social e ambiental. COMO AS EMPRESAS E GA-

RIMPEIROS ESTÃO ANALISANDO ESSA FORMA DE EXTRAÇÃO DO OURO? »»Tanto as pequenas e médias empresas de mineração como os garimpeiros, estão cientes da necessidade de se enquadrarem num ambiente global de comércio legal e justo, e da mesma maneira que caminha o processo de certificação do diamante (Certificação Kimberley), esta é uma realidade para o mercado futuro do ouro. Por outro lado, as vantagens comparativas como os bônus de produção, e o acesso preferencial ao mercado joalheiro internacional entre outros, justificam a adesão a essas regras. A ÁFRICA ESTÁ BUSCANDO SE ORGANIZAR PARA PRODUZIR O OURO ÉTICO, MINIMIZANDO O SACRIFÍCIO DE CRIANÇAS. EM MATO GROSSO, DEVIDO À CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO, A EXTRAÇÃO DE OURO AINDA OFERECE RISCOS AOS TRABALHADO-

RES E AO MEIO AMBIENTE? utilização de mercúrio é cada vez menor na produção de ouro de Mato Grosso. Sua aplicação hoje é feita no fim do processo de concentração e separação do minério, utilizando retortas em ambiente fechado. Quanto ao trabalho infantil esta não é uma atividade que demanda este tipo de mão-de-obra, principalmente pelo fato de ser, hoje em dia, praticamente toda mecanizada.

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A COLOMBIA PRODUZIU O OURO ÉTICO EMPREGADO NA CONFECÇÃO DO TROFÉU DO PRÊMIO NOBEL DE 2015. ESSE FATO GEROU ORGULHO AOS MINERADORES COLOMBIANOS QUE NÃO IMAGINAVAM OUTRA FORMA DE EXTRAÇÃO DESSE MINÉRIO. O SENHOR ACREDITA QUE ISSO OCORRA EM MAO GROSSO ALGUM DIA? »»Sim. Este é um caminho e objetivo a ser perseguido por nossos técnicos e instituição.

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ARTIGO

LINHAS DO AMANHÃ Concurso Literário 2018

Linhas que Semeiam o Futuro Duas amigas criam concurso literário para estudantes da Chapada dos Guimarães

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POR BARBARA FONTES

uma ideia incrível que se tornou projeto educativo, o “Concurso Literário Linhas do Amanhã” visa incentivar a escrita criativa nas escolas públicas. Nasceu do comprometimento de duas mulheres com a Educa-

ção, e que forma à luta para buscar recursos financeiros privados por meio da vaquinha virtual (plataformas digitais). O resultado desse trabalho pode ser conferido no dia 18 de dezembro (terça-feira), na premiação dos melhores textos.


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BÁRBARA FONTES Especialista em Educação (Cinema e Educação), cineasta, jornalista, roteirista, fotógrafa, poetisa e escreve para o blogdabarbarafontes.com.

Criado por Roseli Carnaíba e Janaina Soares da Costa Buccioli - que também atuam como voluntárias, o concurso literário vem de encontro com a importância do papel da literatura na formação de jovens e crianças. O evento deve acontecer uma vez ao ano, e segundo as organizadoras, o “nosso objetivo é que através da reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo, o aluno exercite a sua capacidade de escrever as linhas da sua própria via e agir como sujeito ativo no mundo”. O valor arrecadado nas plataformas digitais foi para comprar os prêmios e organizar a cerimônia de premiação, que também vai contar com a apresentação de uma peça do grupo de teatro “Anônimos”. LITERATURA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA O “Concurso Literário Linhas do Ama-

nhã” é restrito aos alunos do ensino fundamental e médio das escolas públicas da Chapada dos Guimarães (MT). O tema deste ano é “O futuro que eu quero escrever”, e todas as escolas da charmosa cidade foram convidadas. os participantes podem expressar os seus pontos de vistas das mais diversas formas de criação que a linguagem possibilita: poesia, romance, conto, fábula, quadrinhos, entre outros. É bem provável que, a partir de 2019, o concurso chegue a todos os níveis escolares. PREMIAÇÃO A premiação acontece no dia 19 de dezembro, na Escola Estadual Cel. Rafael de Siqueira, que possui 700 alunos. O 1º lugar recebe um notebook; o 2º um celular; e o 3º lugar recebe uma bicicleta.

ROSELI CARNAIBA E A ORIENTADORA DE LINGUAGEM DA ESCOLA CEL. RAFAEL DE SIQUEIRA, BÁRBARA PLAZEZWSKI FOTOS DIVULGAÇÃO

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ARTIGO BATE PAPO COM JANAINA BUCCIOLI Janaina é uma escritora mato-grossense que reside na Espanha, e por e-mail contou sobre o “Concurso Literário Linhas do Amanhã”: COMO SURGIU A IDEIA DE PROMOVER UM CONCURSO LITERÁRIO »»Para mim, um dos aspectos mais importantes na raça humana, que nos diferencia dos animais, é a nossa capacidade de criar elementos que possuam uma dimensão simbólica. Eu considero a linguagem, desde o seu primórdio, fascinante. É através dela que o ser humano é capaz de passar seu conhecimento, de unir-se para a realização de um projeto em comum. Ela é também uma das mais interessantes ferramentas para compreensão de si, do outro e do mundo. A literatura e, principalmente, o escrever são invenções humanas que, muitas vezes, são tidas como atividade intelectual que demanda um certo aprimoramento cultural. Óbvio que para se ganhar o prê-

mio Nobel de literatura isso se faz verdade, porém, qualquer ser humano deveria estar apto ao ato de escrever. Todos os seres humanos possuem uma história a ser contada. E toda história, de qualquer vida, vale a pena. Então, o concurso surge como uma forma de aproximar esse mundo da escrita, de promover a escrita como algo prazeroso e como uma ferramenta de desenvolvimento. No mais, para os jovens, esse tipo de expressão pode ser extremamente terapêutica em face aos desafios do crescimento. POR QUE A REDE PÚBLICA E POR QUE NA CHAPADA DOS GUIMARÃES? »»A escolha pela rede pública é facilmente deduzida. Temos um país carente de conhecimento. E os jovens são a nossa maior matéria-prima. Não se trata somente de um jovem como indivíduo, mas sim da nossa evolução como coletivo, como nação. A Chapada porque é a minha cidade xodó nesse mundo. O fato de ser uma comunidade pequena também facilita a organização. lembrando que é uma iniciativa totalmente privada.

JANAINA BUCCIOLI

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COMO OCORREU A ORGANIZAÇÃO? »»A ideia surge no meio desse cenário político complexo que nos acompanha desde o impeachment da Dilma. A sensação de impotência, pouco a pouco, foi gerando um certo desconforto. Esse, por sua vez, me fez ver a situação por outro ângulo. Estamos sempre insatisfeitos com o Estado, porém, esquecemos que também somos autores na construção do mundo. Iniciativas privadas são fundamentais e podem ocorrer em qualquer escala - da rua do bairro ao país inteiro. Confesso que mobilizar as pessas a colaborarem não é tarefa fácil. conseguimos arrecadas em torno de 68% do orçamento que havíamos planejado para o evento através de plataformas de financiamento coletivo, uma no Brasil e outra na Europa. Nos adpatamos ao que arrecadamos e seguiremos em frente. A ideia é que a iniciativa dê frutos e que o projeto possa crescer. A organização está sendo realizada de forma totalmente voluntária por mim e pela Roseli Carnaíba.


VAMOS AJUDAR! São iniciativas como o “Concurso Literário Linhas do Amanhã” que fazerm a diferença na vida de quem participa e da de seus familiares. O hábito da leitura deve ser incentiva de forma lúdica e sem pressões, e um concurso com premiações bacanas, ajuda nesse processo saudável. O projeto acontece por meio da iniciativa privada e para que continue a semear, precisa do apoio da sociedade. Para

ajudar entre em contato: concursolinhasdoamanha@gmail.com Se cada um de nós fizermos um pouquinho para ajudar o próximo, pode ter certeza de que o Brasil será outro! São nas ideias simples que nascem grandes projetos que podem se transformar em programas anuais que disseminam conhecimentos e atitudes positivas que promovam agentes dentro das comunidades, e também inspiram novas ideias por todos os rincões do país.

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CARTAZ DE DIVULGAÇÃO DO CONCURSO

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PA R A Q UA N D O VOCE FOR

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CECÍLIA KAWALL Mora em Chapada dos Guimarães, é guia de ecoturismo e de aventura, empresária, fotógrafa e escreve para Lume MT.

Caverna Aroe Jari

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TEXTO E FOTOS CECÍLIA KAWALL

ora” dar uma volta por aqui novamente? Eu sei que muita gente tem aflição de fazer o passeio da Caverna Aroe Jari porque não gosta de ficar no escuro... mas posso garantir que desta vez você pode ir tranquilo, esta é a maior caverna de arenito do Brasil. Ela tem 1.500 metros de extensão e os salões tem muitos metros de altura e largura. Em nenhum momento do passeio você tem que se abaixar ou espremer dentro dela! E se quiser ficar só nas partes de fora as trilhas te oferecem tantas opções de cores e formações rochosas que é possível se deliciar no entorno mesmo. Tem cerrado, matas e veredas incríveis com todo seu esplendor e riqueza. Uma outra coisa muito legal é que não é só uma caverna não, hoje tem quatro cavernas abertas para visitação: Aroe Jari que é a maior e principal, a gruta da Lagoa Azul, a caverna Kiogo Brado e a Pobe Jari. Todas elas são na mesma área ,mas cada uma delas tem características muito diferentes entre si. Reserve um dia inteiro, vá sem pressa, aproveite todo percurso fazendo uma caminhada sem dificuldades ou opte pelo trator que passa por um mirante lindo de onde avistamos toda planície pantaneira, a cidade de Cuiabá ao longe e até o Ninho da Águia. De toda forma não deixe de visitar!

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COSTUMES

O Portunhol Uruguaio POR VXMAG

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língua portuguesa viajou pelo mundo durante a época dos Descobrimentos e transformou-se num idioma global e oficial de vários países. No entanto, há também vários dialetos que descendem do português. Eles são comuns sobretudo na África e na Ásia, em várias pequenas comunidades, e alguns estão ameaçados de extinção. Mas existem dialetos de origem portuguesa também na América do Sul. Um desses dialetos é o portunhol falado na fronteira entre o Uruguai e o Brasil. Estima-se que seja um dos dialetos portugueses com mais falantes. Até há bem pouco tempo, era motivo de brincadeiras e esteve ameaçado pelas autoridades, que o viam como

um idioma impuro, incorreto e utilizado por pessoas de classe baixa e com pouca educação. No entanto, nos últimos anos, tem vindo a ganhar notoriedade e vários defensores. Da mesma forma que a Bélgica, o Uruguai estabeleceu-se como um estado amortizante entre duas nações importantes, Brasil e Argentina, na vizinhança da desembocadura do rio da Prata e no ponto da confluência dos rios Paraná e Uruguai. Logo após a independência uruguaia alcançada em 1828, o país contava com uma escassa população de 75.000 pessoas. Montevidéu, a capital, era a única cidade. A população restante era dispersa entre a região noroeste de falantes de português e a região sul de falantes de espanhol.

Embora hoje em dia o Uruguai seja reconhecidamente um país falante de espanhol, um exame mais de perto revela resquícios do bilinguismo colonial que também contribuiu para a formação de uma identidade nacional. A formação da identidade nacional uruguaia ocorreu quase como um acidente da sua própria história, primeiramente como a ‘província perdida’ dos seus poderosos vizinhos e mais tarde no seu papel de estado-tampão. No Uruguai a língua oficial foi determinada pela política do governo central de favorecer uma língua– o espanhol – sobre a língua competidora, o português. A rivalidade centenária entre a Espanha e Portugal foi transferida para o Novo Mundo. As fronteiras

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COSTUMES

SACRAMENTO

mal definidas e contestadas entre os impérios da Espanha e de Portugal já eram um objeto de disputa desde o acerto da ‘Divisão do Mundo’ entre os dois poderes ibéricos com o apoio do Papa, através do Tratado de Tordesilhas, de 1494. Enquanto que a introdução do espanhol nas escolas públicas ocorreu de uma forma lenta e gradual, o português continuou a ser falado no meio rural na fronteira

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norte com o Brasil. A importância local do português era considerável devido ao contrabando de gado e à importação de frutas tropicais e subtropicais do Brasil, que abastecia a região de uma forma bem mais eficaz do que Montevidéu. À medida que as pessoas das zonas rurais foram migrando da parte norte para a cidade, os lusismos (palavras e expressões do português ou equivalentes das mes-

mas em espanhol) foram infiltrando-se na fala popular de Montevidéu. O recém completado ‘Atlas Linguístico do Uruguai’ confirma a existência de uma faixa de 25 km de largura ao norte do Uruguai onde uma boa parte da população é bilíngue ou fala um dialeto local formado pela mistura de espanhol e português designado como ‘portunhol’. Muitos linguistas insistem em


lumeMatoGrosso diferenciar o dialeto ‘Portunhol’ da faixa norte do Uruguai com a mistura do português e espanhol também conhecida como ‘Portunhol’. Entretanto, tal distinção nem sempre é fácil de se perceber quanto mais de compreender. O fato de haver melhores oportunidades de educação formal no lado brasileiro somado à presença de diversas estações de televisão brasileira na região da fronteira têm FOTOS DIVULGAÇÃO

contribuído para a tendência da população uruguaia não só de manter o dialeto ‘portunhol’, mas também de aprender um pouco do português brasileiro. O uso do dialeto ‘portunhol’ no Uruguai é também vista como uma tentativa dos uruguaios de reforçar a sua identidade nacional. No caso particular dos jovens o ‘portunhol’ não só serve para diferenciá-los dos seus poderosos

vizinhos argentinos, mas também como uma forma de rebeldia contra a política governamental de ‘falar o espanhol correto’. Diversos ministros da educação do Uruguai já declararam o ‘portunhol’ como sendo um dialeto ‘vulgar’ ou ‘de classe baixa’ e que a política do ministério é assegurar que tanto o espanhol quanto o português, sejam ensinados e bem falados conforme os respectivos padrões.

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R E P O RTAG E M ESPECIAL

Decifre a Cuiabá De Paul Clemence POR JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA FOTOS PAUL CLEMENCE

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cidade de Cuiabá, capital de Mato Grosso é mesmo uma cidade enigmática e, ainda, cheia de mistérios e lendas contadas pelos mais antigos. A Cuiabá do ouro se tornou, no século XXI, uma metrópole que se ombreia às mais progressistas capitais do país. No entanto, resquícios de um passado de glória, somados em trezentos anos de história, sobrevivem e estão aí para quem quiser conferir.

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2016, nos Estados Unidos, quando foi inquirido a responder sobre o porquê que as pessoas gostam de olhar para fotografia de arquitetura, Paul respondeu: “Acho que todos nós tentamos saber de onde estamos vindo, onde pertencemos, como nos situamos. Quando você vê uma foto de um prédio ou uma sala de estar, é algo reconhecível e lhe dá uma sensação de lugar, mesmo que não seja o seu lugar. Quando você vê uma foto de um prédio, uma cidade ou um lugar onde não há pessoas, você pode criar sua própria narrativa. Pode ser uma experiência muito abstrata, mas é algo com o qual você pode se relacionar. Você pode projetar qualquer coisa nele. Imagens de arquitetura são muito abertas à interpreta-

ção. Há espaço para criar sua própria história”. Em Cuiabá, Paul sentiu-se à vontade e andou pelas ruas, becos e vielas da velha cidade do ouro e registrou fotografias significativas de nossa história, mas, que, ao olhar disperso ou pouco atento das pessoas dificilmente identificáveis, especialmente pela abordagem e captura de imagens singulares. Por conta do talento de Paul Clemence e suas imagens sui generis de Cuiabá, a revista LUME MATO GROSSO optou por não criar legendas para as imagens publicadas nesta edição e sim numerá-las, simplesmente. Ao final da reportagem mostramos os números e as respectivas legendas. A ideia é saber se realmente o leitor conhece Cuiabá.

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fotógrafo norte-americano Paul Clemence, com raízes brasileiras, esteve em Cuiabá, em meados de 2018 para desenvolver um trabalho a convite de uma instituição de ensino – o ICE – Instituto Cuiabano de Educação, dirigido pelo professor Edu Arruda, um aficionado pela cultura e história cuiabana e mato-grossense. Nas horas de folga de seu trabalho, em Mato Grosso, o premiado artista Paul Clemence, conhecido por sua fotografia de arquitetura estilizada, que captura forma e geometria, luz e sombra, textura e padrão, fez o que mais aprecia: fotografar intervenções arquitetônicas que ocorrem ao longo dos tempos em quaisquer lugares que seja. Numa entrevista em

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LEGENDA: 1 – Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho; 2 – Ponte de Ferro do Coxipó; 3 – Santa Casa de Misericórdia; 4 – Thesouro do Estado; 5 – Igreja Nossa Senhora da Boa Morte; 6 – Igreja Nossa Senhora da Boa Morte; 7 – Casa Barão de Melgaço; 8 – Cine Teatro Cuiabá; 9 – Obelisco do Centro Geodésico da América do Sul; 10 – Auditório do Liceu Cuiabano; 11 - Obelisco do Centro Geodésico da América do Sul; 12 – Igreja de São Gonçalo.


documentação mais completa desse projeto icônico do mestre alemão da arquitetura moderna e uma seleção dessas fotos é parte dos Mies van der Rohe Arquivos alojados pelo MoMa-NY. Quer sejam suas fotos ou seus textos, ele é publicado com frequência por revistas e sites de arte, arquitetura, viagem e lifestyles, como Archdaily, Architizer, Metropolis, Modern Magazine e Casa Vogue Brasil. Seu photo-blog no Facebook, “ARCHI-PHOTO”, rapidamente se tornou um grande sucesso e hoje é uma plataforma e comunidade global com perto de um milhão seguidores aficionados por fotografia, arquitetura, design e arte. Nascido nos EUA, mas criado em Niterói, ele hoje vive e trabalha em Nova Iorque.

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PAUL CLEMENCE artista Paul Clemence é um premiado fotógrafo e flimmaker, cujo trabalho explora a conexão entre o mundo da arte e arquitetura. Com seu forma abstrata de expressar a arquitetura, ele exibe seu trabalho regularmente no circuito internacional de artes plásticas, com fotos em formatos tradicionais em preto e branco ou intervenções arquitetônicas e murais fotográfico de grande escala, participando em eventos culturais importantes, como a Bienal de Arquitetura de Veneza, ArtBasel / Design Miami e Fuorisalone de Milão. Seu trabalho faz parte de coleções públicas e privadas ao redor do mundo. Seu livro “Mies van der Rohe’s Farnsworth House” permanece até hoje a foto

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Imagens de arquitetura são muito abertas à interpretação. Há espaço para criar sua própria história. PAUL CLEMENCE

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C O M P O RTA M E N TO

JEAN JACQUES DESSALINES

Janeiro:

O Mês Do Negro Na América 36

POR RAFAEL ALEXANDRE LIRA


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RAFAEL ALEXANDRE LIRA É professor, tradutor de crioulo, ex-missionário religioso e viveu, por quase um ano, no Haiti.

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de janeiro de 1804 deveria ser uma data lembrada por todos os cidadãos da América, quiçá de todos os continentes, especialmente pela população negra. Os haitianos sabem bem o significado deste dia histórico, e celebram com gosto o marco que ele traz para sua nação e para o mundo como um todo. Os europeus, especificamente os franceses, devem se lembram com certo desgosto tal dia, afinal uma derrota amarga não se esquece tão fácil. O ápice da Revolução Haitiana teve seu marco no dia primeiro de janeiro do ano de mil oitocentos e quatro. Foi este o dia da conquista da independência, que veio por intermédio do povo negro escravizado, não pela mão do branco colonizador. Sim, fora através da união que fez a força do povo oprimido pela coroa francesa que a ilha de Santo Domingo se tornou a Primeira República Negra da América. A última batalha armada ocorreu no dia 18 de novembro do FOTOS DIVULGAÇÃO

ano anterior, 1803, a Batalha de Vertières, sob a liderança do grande Jean Jacques Dessalines que com seu pequeno exército derrotou a poderosa legião de Napoleão Bonaparte. A derrota dos franceses por aqueles “rebeldes escravizados” que se organizaram e conseguiram expulsá-los da rica ilha caribenha de Santo Domingo inflamou o coração dos negros que estavam em outras colônias distribuídas por toda a América. Rumores e informações verídicas do que havia ocorrido no Haiti começara a correr por todo o continente, influenciando assim pequenos movimentos e rebeliões até mesmo em solo brasileiro. Jean Jacques se tornou uma inspiração para todo o negro que almejava alcançar sua libertação. O historiador Clóvis Moura afirma que, em 1805, negros empregados nas tropas de artilharia do Rio de Janeiro foram presos por carregarem uma foto de Dessalines. O primeiro dia do ano não tem um mero significado de

recomeço para o povo haitiano, povo negro guerreiro e forte. Mais que isso, o dia 1 é o dia de comemorar a libertação, a liberdade, a vida. Outrora, tal povo não podia comer a sopa de abóbora que era um prato da iguaria francesa, hoje é o prato tradicional do 1 de janeiro, alimento este o qual haitianos no mundo todo comem e repartem com seus compatriotas nesta data inesquecível. Aqueles que tem condição fazem e doam àqueles que não tem, a fim de que todos celebrem juntos em memória dos seus ancestrais. Na bandeira do Haiti a frase em francês “L’union fait la force” faz relembrar o segredo do que trouxe a vitória do povo negro sobre o branco opressor: a força da união! Sem esta a derrota era certa, o exército inimigo era mais numeroso e fortemente armado. Porém, a sede de liberdade e o desejo de ser por si e para si fez deste pequeno exército uma nação independente, única e inspiradora para todos os povos da terra. O Haiti vive, vive o Haiti!

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C O M P O RTA M E N TO

Índios Isolados e Os Ressurgidos

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POR JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA

entro das reservas, áreas ou terras indígenas, demarcadas ou não, mas que estão sendo ocupadas pelas mais diferentes etnias, dos mais variados troncos linguísticos, temos um fenômeno que é denominado de índio isolado e o ressurgido. São frações de povos indígenas que ainda hoje re-

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sistem ao avanço predatório e desordenado do grande capital sobre as últimas áreas virgens da Amazônia mato-grossense, e que se separaram em função de cisões internas ou dispersões inesperadas causadas pelas constantes fugas e guerras. Habitantes de territórios ambicionados pelo grande capital, ou vítimas de inva-

sões contínuas das grandes levas de incautos sem-terra, empurrados pelo grande latifúndio para as regiões mais inóspitas, estes grupos indígenas sobrevivem hoje em situações críticas, a cada dia agravadas pelo recrudescimento contínuo das tensões e conflitos fundiários que se alastram pelas últimas áreas verdes do Estado.


lumeMatoGrosso Refere-se à raça, cultura, língua, mentalidade e visão de mundo. Se falarmos de cultura, por exemplo, e aplicamos o parâmetro da origem pré-colombiana, quer dizer que permaneceu ou que teve origem antes da chegada dos invasores? Esse critério não se sustenta nem após pouco tempo de contato. Acontece que as culturas (crenças, costumes, organização do trabalho) já não são as mesmas que eram desde a chegada dos europeus. Muitas comunidades indígenas adotaram a religião, as rouFOTOS DIVULGAÇÃO

pas, as ferramentas, a língua do branco. O mesmo vale para o aspecto biológico. Temos hoje índios de cor negra, índios com sangue de outras etnias. As raízes ficaram e o tronco está brotando de novo. Como vai ser essa árvore? Pode ser que para sobreviver precise de enxerto. Não vai ser a árvore de seus antepassados e nem a árvore da sociedade externa. É sim um nascimento, é sim um emergir do que estava escondido, é sim o brotar novo da semente que ficou escondida, desconhecida por anos ou por

séculos. É uma planta que procura espaço, que procura chuva e sol, para dar seus frutos para si e para a humanidade. Os povos ressurgidos são espelhos dos povos indígenas do futuro, povos que a partir do passado e da realidade que enfrentam reconstroem e reafirmam seu projeto de vida negando-se a serem reduzidos e assimilados a uma sociedade que os negou. Nesse sentido não vão construir o seu sonho sozinhos, porque no mundo que eles sonham há espaço para todos os povos.

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ARTIGO

Evolução Espiritual: Utopia, Política E Desilusão!

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u acho que a palavra “Evolução”, não cabe como referência metafísica no processo espiritual, por que foi um termo muito badalado no século XIX pelos cien-

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POR GUAPO

tistas da época, os quais acompanharam a teoria do arqueólogo e naturalista inglês, Charles Darwin, que a usou tecnicamente pela primeira vez e apropriou-se do termo para dar sentido

à sua epistemologia e, com isso o termo erroneamente tornou-se obrigatório para colocar tudo na régua positivista o qual era a hegemonia incandescente do pensamento do século XIX.


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MILTON PEREIRA DE PINHO - O GUAPO Cantor, compositor, pesquisador e escritor.

O cientista britânico, para dar ênfase aos seus estudos, ligou o termo ao desenvolvimento arqueológico dos seres vivos, incluindo aí o aparecimento do homem por fazer parte dessa cadeia formadora e, também por que nós, os humanos, somos o testemunho maior desse átrio do fenômeno humano da existência e do universo que nos cerca, pelo menos até o presente momento. Essa colocação do termo “evolução” usado pelo codificador Alan Kardec foi mais uma tentativa para atualizar e dar sentido a uma nova fé, porém, com uma certa segurança da nova ciência evolucionista que estava surgindo e “fazer a conta do sentido da vida fechar”, isto é, transferir o credo, para um novo patamar, reafirmando de que há sim, um Plano Maior e que a “ escalada” para se chegar nesse “Plano Maior” é a “renovação dos sacrifícios” que as velhas religiões impuseram até aquele momento. Reencarnação, carma, livre arbítrio etc. foram os novos termos que o Kardecismo baseou-se para dar sen-

tido à sua nova religião, colocando de lado os arcaicos postulados crônicos vindo do velho credo institucionalizado no histórico Concílio de Nicéia do ano 325 D.C. quando foi criado o primeiro plano psico-social do Império Romano para legalizar a tendencia social da época e criar a primeira Bíblia aos modos deles embasado no Epicurismo / Estoicismo grego e em alguns livros escritos pelos pressupostos apóstolos de Jesus. A junção dessas duas correntes, a qual uma baseava no bom senso para viver melhor o social, a grega, e a outra apostava na metafísica da fé num ente superior, para uma possível sobrevivência pós morte física. O Concílio de Nicéia, foi o maior advento político cultural criado pelo imperador Constantino para dar respostas as especulações do Arianismo que já minava e ameaçava o Cristianismo e o grande Império Romano. O primeiro fundamentava que Jesus era um ser humano comum, fadado à inspiração divina. O segundo acreditava ser o Messias o próprio Deus en-

carnado. Constantino optou pelo segundo, já pensando em ser o representante de Deus na Terra, tal como consolidou a tradição papista até os nossos dias. O espiritismo kardecista originou-se do Arianismo, porem com o advento do evolucionismo / positivista do século XIX, o qual deu-lhe uma nova linha de aceitação para a metafísica do credo cristista, buscando solidificar e racionalizar um objetivo substancial para o fenômeno humano. Eu penso que nós, seres humanos, somos uma anomalia que brotou no fluxo energético do universo e, que nosso aglomerado de pensamento/forma encarna por causa das diversas existências frustradas de realizações em vidas, o qual é sempre segmentadas pela morte física. Paralelo a tudo isso, a absurda vida antrópica que levamos em cada encarnação, ou melhor contra o fluxo do universo, longe da fronteira natural e das “cercanias do horizonte de eventos” entre o físico e o extra-físico, no qual vivem conectados todos os animais, etnias de al-

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ARTIGO

gumas tribos indígenas, alguns povos do deserto etc. e, que essa conexão, é nativa e inerente neles, fazendo com que eles vivam a vida inteira ligada nessa magnífica frequência bilateral, que os isenta de instrumentos tecnológicos de alta precisão para se orientarem, o que possibilita à eles, perceberem com antecedência, qualquer ocorrência de um fato, antes de acontecer o tal fato em si, isto é, antevendo qualquer tragédia natural no seu habitat, morte de ente querido da comunidade etc. Para exemplificar essa hiperestesia empírica, bastamos lembrar do tsunami na Indonésia que ma-

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tou milhares de pessoas e nenhum animal. É como se eles vivessem em comunicação, numa teia transcendental e, que o chamado “Principio de Incerteza de Heisenberg”, não existisse para eles. Esse tipo de vida que levamos ouvindo crendices religiosas primitivas e culturais e que muitas vezes são tendenciosas por que só servem para lideres político/ religiosos, usarem como política/econômica e idolatria abstrata, o qual resplandece em todos nós por termos sentimentos exacerbados, somos orgulhosos, vaidosos, prepotentes e como crianças inocentes,

perplexos com o esplendor da existência, porem paradoxalmente estamos “condenados” a buscar através da ciência e do vislumbre da metafísica o mistério da origem da vida como um inexorável destino, então sempre encarnamos para livramo-nos dos resquícios de uma outra existência, que ainda segue grudado em nossa alma devido ao desenvolvimento de miasmas ignorantes e mal resolvido de várias outras encarnações, tal como acontece no corpo de um imã que foi arrastado dentro de uma serralheria e vários tipos de pós de diferentes metais ficaram grudados.


FOTOS DIVULGAÇÃO

cos para iludirmo-nos e continuarmo-nos a apostar nesses mitos, esquecendo boa parte da nossa vida e, principalmente, que estamos vivendo num planeta maravilhoso o qual, nós, os seus habitantes, nos damos ao luxo em poder escolher que tipo de vida queremos levar, morar onde bem acharmos melhor, com o clima que optamos, comendo o que querermos e com quem quisermos. Se vasculharmos todos os arredores da ga-

láxia Via-láctea não encontraremos nenhum planeta onde reúne todas essas regalias que tem no planeta Terra, porém a grande maioria não observa o óbvio: A terra é finita e se queremos sobreviver nela, temos que cuidar do planeta e, parar de nos iludirmos com esperança de uma “nova arca de Noé”, porque num futuro não tão distante, seria melhor chamar esse artefato (se um dia existir) de “A Arca ou

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Para mim não há nenhuma fonte da vida estática (paraíso) em algures no universo nos esperando, isso é mais metafísica primitiva das religiões semitas (Judaísmo / Islamismo / Cristianismo) com sua política psico-social que vem desde o episódio da Arca de Noé, Terra de Canaã, Terra dos Sem Males, “na casa do meu pai tem muitas moradas” e por aí a fora, porém, essas coisas não passam de factoides e pontos utópi-

Nave de Stephen Hawking”.

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ARTIGO

Se existe o livre arbítrio, como prega as várias religiões espíritas como opção para vivermos neste mundo, porque devemos viver de acordo com leis baseadas numa moral primitiva, sob o crivo da ignorância anacrônica a qual não há mais espaço para essa prática nos dias de hoje? Por outro lado, se uma pessoa decide viver sem nenhuma moral, quem garante que a “patrulha do dito Criador” irá puni-lo? Se pensarmos na sorte, o qual é um fator imprevisível que acontece com qualquer pessoa independente da sua índole, religião ou poder econômico e, que num caso deste, pode até premiar uma pessoa rica de índole mal, deixado-a ainda mais rica, mais prepotente e, com mais prêmio em dinheiro ganho nas apostas, facilitará muito mais suas exacerbadas e drásticas ações

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megalomaníaca antrópica? Ai eu pergunto: Foi por “merecimento divino” a sua sorte? “Deus escreve certo por linhas tortas”? São os “desígnios de Deus”? “Chegou a hora dele”? “Todos nós temos uma missão”? São esses os bordões dos consolos religiosos mais tradicionais, comum e mais ingênuos, cultuado pelos cristãos e também em outras religiões no Ocidente e no Oriente ou mesmo pela maioria que prefere ser rebanho e passar a vida inteira a fazer política dessas ingenuidades como verdades irrefutáveis. Após quase 500 anos passados, quando Martinho Lutero rompeu com a Igreja Católica por causa dessas e outras idiotices, sendo a mais famosas, a cobranças das indulgencias dos fiéis. Pois bem! Hoje essa prática continua ecoando nos corações e mentes.Essas co-

branças de indulgências só mudaram de nome, tornado-se obrigatória nas igrejas protestantes e, a cada dia vai enriquecendo ainda mais os empresários da fé, que promovem esses bordões crônicos, estendendo esse consolo ignóbil na vida prática, pra justificar as suas cobranças de dízimos fazendo uma devassa nos salários dos fiéis, enquanto que do outro lado a bandidagem dos políticos religiosos congressistas, sem nenhum escrúpulo faz o mesmo com dinheiro público, com promessas de melhorias sociais e, que indiretamente esses tais consolos religiosos acima citados, está ajudando indiretamente o imperialismo internacional, que só quer escravizar a raça humana, porque eles sabem que os cristãos vão botar a culpa no sobrenatural, isto é, na figura do Diabo, sendo que o sobrenatural, não existe! Foi uma


ligiosos para consolar o medo do mistério que envolve o espírito, parece até que estarmos vivendo uma espécie de “Idade Média” sem inquisidores de corpo presente, mas com muito brilho tecnológico que continuam dizendo sobre a “imponente salvação”, “o temor a Deus” etc. Todos temem o reticente, preferem se aconchegarem no previsível e acreditar nos “pacotinhos da salvação” de mil anos atrás e, que foi inventado pelas igrejas quando 98% da população europeia era devoto da Igreja Católica e, poucos ousavam falar de coisas além da sua cultura religiosa. Está na hora de começarmos a duvidar desses “kitschs” religiosos que acham que a vida tem um sentido divino, parecendo mais uma brincadeira de quebra-cabeça e, que coloca a existência inteira de cada um de nós, fadada a exercitar em percas e desencontros (tal como o supra-sacrifício do personagem Job da Bí-

blia). Sabemos que não vai dar em nada como sempre aconteceu, a não ser, testemunharmo-nos no final da nossa vida, nosso auto-sacrifício e, consolarmo-nos com esses bordão/engodos que nos consumiu a vida toda, enquanto que durante esses longos milênios, “os donos do jogo” sempre souberam do resultado, pois eles estão aqui neste planeta há milênios, rindo e administrando o embuste sado-masoquista, “me engana que eu gosto”, dos idiotas que querem ser “salvos” sem saber “de que” ou “de quem”, por que historicamente, esse postulado foi enfiado “goela abaixo na consciência de todos os cristãos há séculos”, e que os mesmos nunca perguntaram para si próprios, sobre esse postulado ou para que servem, apenas seguem o andor da eterna procissão milenar, que antes os fieis se valiam de velas e incensos e hoje, “evoluíram” trocaram pela mídia e a Internet… “ Amém”!

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invenção criada pela própria igreja na Idade Média para amedrontar os analfabetos europeus e que mais tarde trouxe essa herança maldita para América. Por isso esses inescrupulosos mega-empresários que mantém o poder monetário do planeta em suas mãos, promovem nas mídias: filmes, novelas com produções Block Busters insinuando vários livros da epopeia de passagens bíblica e principalmente o livro do Apocalipse para fazer “gestalt” coletiva com a alienação do medo pré-estabelecida. Paralelo a isso, as ditas “balas perdidas brasileira” (mas que sempre encontram um alvo), ceifam vidas de inocentes e, seus familiares se contentam a rezar e se consolar pedindo “justiça divina” buscando no exercício da fé, tal proeza advinda dos céus, fato que nunca vi acontecer em lugar nenhum, a não ser nos intencionais filmes piegas hollywoodiano. São tantos bordões re-

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DEZEMBROS DE NOSSA HISTÓRIA DIA 02/1903

»»Nasce em Bragança Pau-

lista o contabilista, garimpeiro, revolucionário, seringalista, empresário, pecuarista, político e poeta Mário Spinelli. Foi deputado estadual e presidiu a ALMT. DIA 02/1945 »»Eurico Gaspar Dutra é eleito por voto popular presidente do Brasil. DIA 4/1943 »»A Expedição Roncador-Xingu, chefiada pelo coronel Vanique, partiu de Barra do Garças em direção à região do Xingu, com propósitos de reconhecimento e ocupação da região nordeste de MT. DIA 06/1868 »»Ocorre a Batalha de Itororó, na Guerra do Paraguai.

DIA 06/1951 »»Getúlio Vargas envia ao Congresso o projeto que cria a Petrobras.

DIA 06/1974 »»Morre no Chile a cientista social e militante política, Jane Vanini. Nascida em Cáceres em 1948, atuou

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junto a Carlos Marighella e teve intensa militância, tanto no Brasil quanto no exterior.

DIA 07/1848 »»Nasce em Cuiabá, Joaquim Duarte Murtinho, médico homeopata, engenheiro civil, professor, financista, político e estadista. DIA 08/1912 »»Morre na cidade do Rio de Janeiro a cuiabana Ludovina de Albuquerque Portocarrero, heroína nacional da Guerra do Paraguai, por seus feitos no Forte de Coimbra, na invasão paraguaia. DIA 08/1913 »»O literato e acadêmico padre Raimundo Pombo Moreira da Cruz nasce em Cuiabá. Em 1982 disputou e perdeu eleição para o governo de MT. Faleceu em 1989. DIA 9/1882

»»Através do D. I. n.º 81.799,

o industrial Thomás Laranjeira conseguiu licença para explorar extensas áreas de terras com ervais nativos (ilex paraguariensis).

DIA 10/1970 »»Criada a UFMT, através da Lei Federal nº 5.647.

DIA 12/1913 »»Início da Expedição Roosevelt-Rondon, feito histórico e científico memorável, encabeçada por Theodore Roosevelt, ex-presidente do USA (1904-1908) e o Marechal Cândido Rondon. DIA 12/1916 »»Nasce em Cuiabá Luis-Philippe Pereira Leite, advogado, político, cartorário, historiador e escritor. Presidiu o IHGMT por 20 anos. DIA 12/1998 »»Homologação da Terra Indígena Marãiwatsede, de índios xavánte, com área de 230 mil ha, localizada nos municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia, nordeste de MT. DIA 13/1920 »»Nasce em Madalena/RJ, Nilza Pipino, esposa do colonizador Ênio Pipino, em acidente aéreo, em Maringá/PR, em 1984. DIA 14/1968 »»O presidente Costa e Silva assina o AI-5, que deu a ele poderes absolutos e suspendeu garantias constitucionais.

DIA 15/1851 »»Nasce em Cuiabá, Antônio Paes de Barros - Totó Paes. Ao fundar a usina do Itayci tornou-se “Pai da Indústria FOTOS DIVULGAÇÃO


DIA 15/1953 o município de Chapada dos Guimarães, fundado em 1751.

»»Criado

DIA 17/1869 »»Nasce o jornalista, militar e político Avelino Antonio de Siqueira, que foi prefeito de Cuiabá e escreveu em inúmeros jornais da capital. DIA 17/1980 »»O presidente Figueiredo sanciona a lei que considera crime a reprodução ilegal de obras literárias, artísticas, científicas e fonográficas. DIA 17/1986 »»Embates entre posseiros e o dono da Fazenda Mirassol, em Jauru, oeste de MT. Vários posseiros desapareceram e alguns foram encontrados, posteriormente, mortos e com sinais de tortura. DIA 20/1886 »»Nasce em Cuiabá Philogônio de Paula Corrêa, professor, jornalista, historiador, literato e político. Foi chamado por Barnabé de Mesquita de “Cavaleiro da Instrução e Paladino da Cultura”. DIA 20/1979 criado o município de São José do Rio Claro, fundado pelo colonizador Domingos Briante.

»»É

DIA 21/1912 »»Nasce em Livramento o jornalista, empresário e agitador cultural Cilo Torres Seixas.

DIA 26/1979 »»Criado o município de Água Boa, nordeste MT, margens da BR-158.

DIA 24/1926 »»É morto em combate contra a Coluna Prestes, em Córrego Seco, região do Sangradouro, o tenente Nestelau Brachtel Dewullsky.

DIA 28/1977 »»Morre César Albisetti, missionário salesiano e pesquisador da etnia do bororo, região leste MT. Recebeu o título Boe Imigera, distintivo plumário de cabeça.

DIA 25/336

DIA 30/1938 »»Morre Feliciano Galdino de Barros, nascido em Barranco Branco, em N S do Livramento. Escreveu Sombra, Lendas Matogrossenses e Perigo Yankee. Foi ferrenho defensor dos direitos humanos e negros do quilombo de Mata Cavalos.

»»A primeira celebração de

Natal no dia 25 de dezembro ocorre em Roma.

DIA 25/1883 »»Criada a Sociedade Abolicionista de MT, com o objetivo de defender os direitos dos negros escravos e incentivar a abolição da escravatura na Província. DIA 26/1864 »»Invasão paraguaia em Corumbá e Forte de Coimbra, liderada por Vicente Barrios. A cidade foi retomada em 13 de junho de 1867, sob liderança de Antônio Maria Coelho.

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de MT”. Falece em 1906, vítima de emboscada na fábrica de pólvora, no Coxipó.

DIA 31/1925 »»É realizada em São Paulo a primeira corrida de São Silvestre.

DIA 31/1943 »»Criado o município de Aripuanã, noroeste de MT, com sua sede a 200 km de distância da atual.

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R E T R ATO E M PRETO E BRANCO

Filinto Strubing Müller

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POR UBIRATÃ NASCENTES ALVES

oi um político destemido abnegado que teve papel marcante no cenário nacional, proeminente contestador da Repúlica Velha - até 1930,

grande admirador do Pres. Getúlio Vargas, atacado pelos contrários, estimado pelos que o conheceram de perto, defensor dos conterrâneos.


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UBIRATÃ NASCENTES ALVES Membro da Academia Mato-Grossense de Letras e ocupa a Cadeira de nº 01. Email: ubirata100@gmail.com Whatsapp: (65) 99968-7599

Nascido em Cuiabá no dia 11 de julho 1900, seu pai era o comerciante Júlio Frederico Müller e mãe a Sra. Rita Teófila Correia da Costa Müller, iniciou-se nos estudos com professor particular, depois ingressa no Grupo Escolar de Cuiabá, onde concluí o curso primário. No período da República Velha, seu genitor ocupou diversas vezes a intendência municipal Prefeito, posto ocupado por seu irmão Fenelon Müller, que em 1935 foi Interventor Federal - governador, também o irmão Júlio Muller, esse mesmo cargo no tempo do Estado Novo 1937-45. Realizou os estudos secundários nos Liceus Salesiano São Gonçalo e Cuiabano, entrando noviço, aos 17 anos na vida laboral, atuou como auxiliar de revisor na Imprensa Oficial do Estado / MT. Em 1917 participou de manobras com o 16º Batalhão de Caçadores, seguindo em 1919 para o Rio de Janeiro - DF, ingressou em 1º lugar na Artilharia da Escola Militar para oficiais de Realengo. Neste local veio a conhecer jovens cadetes muito ligados à vida política nacional, contra a já existente corrupção, fim do voto aberto de cabresto e por reforma na educação pública. Declarado aspirante-a-oficial da arma de artilharia em janeiro de 1922, obteve o 1º lugar da turma. Filinto classificado para servir no 1º Regimento de Artilharia Montada - 1º RAM, sediado no Rio, logo após foi acusado de haver atuado nos preparativos atos insurrecionais, contra o fechamento do Clube Militar e a prisão do Mal. Hermes, decretados por Epitácio Pessoa, ficou preso 5 mêses.

Depois servindo em Quitaúna - SP, volta a participar em 1924 das lutas tenentistas, desta feita exerce papel ativo na ocupação da capital São Paulo pelos rebeldes, durou 3 semanas. Verificando ser impossível resistir ao incisivo cerco das forças legalistas, juntou-se à retirada em direção ao Paraná, exilando-se na Argentina. Entretanto, a grande parte desses rebeldes paulistas, junta-se aos militares gaúchos que haviam também se revoltado, criando assim a Coluna Prestes. Müller retorna depois ao Brasil em 1927, desta feita amarga o cárcere por cerca de 2 anos e meio. Teve leve atuação na Revolução de 30 que encerrou a República Velha e conduz Vargas ao poder. Instalado o novo regime, torna-se oficial-de-gabinete do Ministro da Guerra, Gal. Leite de Castro. Chega ao posto de Ch. de Polícia do Distrito Federal em abril 1932 e fica por quase uma década. O avanço da Aliança Nacional Libertadora – ANL, formada por várias tendências políticas, acelerou a 1ª Lei de Segurança Nacional promulgada em abril 1935, que levou-a para ilegalidade, pois os comunistas preparavam uma insurreição armada com vistas a tomar o poder. A “Intentona Comunista”, o termo significa plano insensato, na seqüência a 23 de novembro 1935 em Natal pelos sargentos, cabos e soldados, dia 24 em Recife, sendo 27 no Rio de Janeiro na Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos e 3º Regimento de Infantaria - Praia Vermelha. Haviam infiltrados no PCB, assim Filinto informou os comandos militares e ra-

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R E T R ATO E M PRETO E BRANCO pidamente sufocam a revolta, no relatório apresenta um decálogo de medidas constitucionais para coibir, bem atuais ! Transpoz intensa agitação nacional ... a promulgação da Constituição de 1934, Revolta Comunista - supra, a decretação do Estado Novo de 1937, a Revolta Integralista em 1938. Seguramente não deixou saudades para a esquerda, que arcou prejuízos e no choro livre o deplora. Era estudioso, bacharelou em Direito pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói, em 1938. Ressoou o caso da judia alemã Olga Benário, espiã comunista, mulher de Prestes, que por uma ordem de Vargas veio a ser deportada para Alemanha nazista, executada em 1942. Encontraram-se na Rússia, por decisão do Komintern, organização internacional criada por Lenin, tinham a missão de fomentar a Revolução Comunista no Brasil, impor a ditadura do proletariado, ingressam no Brasil com nomes falsos Antônio Vilar e Maria Bergner

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em 15 de abril 1936 pelo RJ. Ele transformado em paladino, mas no livro “O Avesso da Lenda” - Artes e Ofícios, sua autora Eliane Brun que refez o trajeto percorrido nos relata os assassinatos, estupros, saques, roubos, praticados pela tropa que se arvorou em defender interesse, que nem eles mesmo sabiam qual era. Olga Benário, foi quem autorizou a morte da menor Elvira Cupello Colônio, por suspeita de traí-los após ser condenada pelo tribunal vermelho, afinal superior ao marido; Elvira objeto da lascívia de “Miranda”, Secretário-Geral do PCB, conheceu-a em reuniões na própria casa da adolescente. Acontece que a esquerda aparelhou a mídia, constrói heróis com pés de barro, repetindo a mentira. Em julho 1942, aberta uma crise estudantil, Filinto pede exoneração, tecendo elogiososa gratidão G. Vargas acolhe, torna-se oficial-de-Gabinete do Min. da Guerra E. G. Dutra. No mês seguinte o


FOTOS DIVULGAÇÃO

recebeu mais de 16 condecorações oficiais, em 1941 foi agraciado com a Ordem Militar de Avis, no grau de Comendador; em 1961 foi elevado a Grã-Cruz dessa Ordem de Portugal, extrapolando as fronteiras o seu reconhecimento. Esposou a Sra. Consuelo Müller, foram filhas ː Maria Luiza Müller de Almeida, Rita Júlia Lastra Müller e teve como adotiva, Maria Luísa Beatriz del Rio Lastra, uma sobrinha. Faleceu no dia 11 de julho de 1973 - seu aniversário, vítima de um desastre aéreo em Orly – Paris, também perderam a vida sua esposa Consuelo e seu neto caçula, Antônio Pedro Müller S. Braga. Seus restos mortais foram trasladados a Brasília, onde recebeu as honras como chefe de Estado, havendo o governo decretado luto oficial durante 3 dias, foi velado no Salão Negro do Congresso, saudaram-no o Pres. da República, Ministros, parlamentares da oposição, um contingente popular.

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Brasil declara Guerra aos países do Eixo, dias agitados de profundas disputas. A política reformista encetadas por Vargas, não logrou afastar a crise do Estado Novo, nem sua queda em outubro de 1945 por uma revolta militar liderada pelos generais Dutra e Góis Monteiro. Filinto Müller foi para a reserva no posto de tenente-coronel em setembro de 1946. Surge o político ... iniciado o processo de redemocratização do país, foi um dos fundadores PSD. Elegeu-se 4 vezes Senador por Mato Grosso, primeiramente em 1947 e retorna ao cargo em 1955. Destacou-se após na terceira eleição em 1962, exercendo a liderança do PSD e do governo de JK. Reeleito em 1970, ocupou a liderança da Arena e do governo no Senado, bem como a presidência nacional do partido, em 1973 assumiu a presidência do Senado, culminando sua vitoriosa carreira. Há no Senado Federal uma ala em sua homenagem,

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LINGUÍSTICA

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As 28 Palavras Mais Difíceis De Pronunciar Da Língua Portuguesa

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POR VXMAG

língua portuguesa é simplesmente uma das línguas mais interessantes e maravilhosas do mundo. Com uma bela sonoridade, ambiguidades peculiares, e por vezes bastante complicada, nós – falantes de português – fomos abençoados com um idioma que os estrangeiros não conseguem falar, mas que admiram, pela sua sonoridade, pela sua leveza e pela sua doçura. Se explorarmos a fundo a nossa língua, descobrimos que ela sofreu influênFOTOS DIVULGAÇÃO

cias de diversos outros idiomas, como o inglês, o francês e até latim. Muitos linguistas e intérpretes consideram o português como sendo uma língua difícil, complicada. Talvez você acabe por pensar como eles quando conhecer estas que são as palavras mais complexas da língua portuguesa, aquelas que até os falantes nativos de português têm uma extrema dificuldade de soletrar. Estas são as palavras da Língua Portuguesa mais difíceis de pronunciar.

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LINGUÍSTICA

1. PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO »»Indica alguém ou algo relacionado com uma doença aguda nos pulmões que se origina com a inalação de cinzas vulcânicas. 2. HIPOPOTOMONSTROSESQUIPEDALIOFOBIA »»Indica a fobia de pronunciar palavras longas ou complicadas, principalmente em público, por medo de errar. 3. ANTICONSTITUCIONALISSIMAMENTE »»Refere-se a algo feito de forma absolutamente anticonstitucional, ou seja, contrária à constituição. A palavra inconstitucionalissimamente, sua sinónima, é também uma palavra muito comprida (27 letras). 4. OFTALMOTORRINOLARINGOLOGISTA »»Refere-se a um médico especializado em doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta. Também a palavra otorrinolaringologista é considerada uma palavra grande (22 letras), indicando um médico especialista em doenças do ouvido, nariz e garganta.

10. ACROCEFALOSSINDACTILIA »»Refere-se a uma anomalia caracterizada por acrocefalia e sindactilia. 11. AEROPIESOTERMOTERÁPICO »»Indica algo relativo a aeropiesotermoterapia (21 letras), que se refere ao uso terapêutico do ar quente sob pressão. 12. ANTICONSTITUCIONALISMO »»Indica uma ideologia que defende princípios contrários ao constitucionalismo. 13. COLEDOCODUODENOSTÓMICO »»Refere-se a algo relativo à coledocoduodenostomia (21 letras), ou seja, à formação por cirurgia de uma abertura entre o conduto biliar comum e o duodeno. 14. CORONOGRAFOPOLARÍMETRO »»É sinónimo de coronopolarímetro, referindo-se a um aparelho usado para a observação polarimétrica da coroa solar.

5. CINEANGIOCORONARIOGRÁFICO »»Indica algo relativo a cineangiocoronariografia (24 letras), que se refere a um exame radiológico de visualização das artérias que irrigam o coração.

15. DACRIOCISTORRINOSTOMIA »»Significa o estabelecimento de uma comunicação através do osso lacrimal entre o saco lacrimal e o meato médio do nariz.

6. DACRIOCISTOSSIRINGOTOMIA »»Indica a incisão do saco lacrimal e do ducto lacrimal.

16. DIACETILENODICARBONATO »»Significa o sal do ácido diacetilenadicarbónico (22 letras).

7. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO »»Significa o ato de desconstitucionalizar, ou seja, de retirar da constituição.

17. FOTOCROMOMETALOGRÁFICO »»Indica algo referente à fotocromometalografia (21 letras), o processo fotomecânico de realização de metalografia em cores.

8. HISTEROSSALPINGOGRÁFICO »»Significa algo relativo à histerossalpingografia (22 letras), que se refere a um tipo de imagem da estrutura interna do corpo.

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9. ANTICONSTITUCIONALMENTE a algo feito de forma anticonstitucional, contrária à constituição. É sinónima da palavra inconstitucionalmente (21 letras).

»»Refere-se

18. MENINGOENCEFALOMIELITE

»»Indica a inflamação das meninges, do

encéfalo e do cordão espinhal.


semelhante ao da estimulação do parassimpático, parte do sistema nervoso responsável pelo repouso do corpo.

20. PNEUMARTRORRADIOGRAFIA »»Refere-se à introdução de oxigénio ou ar em cavidade articular para atuar como contraste. 21. TRAQUELATLOIDOCCIPITAL »»É a forma designativa do músculo oblíquo menor da cabeça. 22. HISTEROSSALPINGECTOMIA »»Significa a extirpação do útero e das trompas de Falópio. 23. MONOSIALOTETRAESOSILGANGLIOSIDEO »»Com 32 letras, é uma substância presente em medicamentos como o sinaxial e o sygen.

25. TETRABROMETACRESOLSULFONOFTALEÍNA »»Com 35 letras, este é um termo específico da área de química.

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19. PARASSIMPATICOMIMÉTICO

»»Refere-se àquilo que produz em efeito

26. PIPERIDINOETOXICARBOMETOXIBENZOFENONA »»Esta é uma palavra de 37 letras que se refere a uma substância presente em medicamentos como o Baralgin. 27. PARACLOROBENZILPIRROLIDINONETILBENZIMIDAZOL »»Substância presente em medicamentos como o Ultraproct, a palavra para se referir a ela contém 43 letras. 28. DESCULPA »»São apenas 8 letras mas é talvez a palavra mais difícil de pronunciar delas todas. Ao contrário das anteriores, não trava a língua. Talvez apenas trave o pensamento…

24. DIMETILAMINOFENILDIMETILPIRAZOLONA »»Esta palavra tem 34 letras e se refere a uma substância activa em vários comprimidos para dor de cabeça.

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MÚSICA

Universo Musical de Pedro Henrique Calháo

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POR JOÃO CARLOS VICENTE FERREIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

chamada ao público para assistir a um espetáculo de tango “De Gardel a Piazzolla” foi num cartaz onde se sobressaía um teclado de piano, instrumento preferido do músico Pedro Calháo. A cidade foi Cuiabá, o dia foi 17 de novembro de 2018 e o lugar, o Parque das Águas, aprazível espaço de lazer e cultura da capital mato-grossense. Esse cartaz que chamava para o concerto

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gratuito pulou para as redes sociais e noticiário cuiabano igual a rastilho de pólvora. Foi o suficiente para o sucesso daquela noitada. O espetáculo trouxe ao palco, junto com Pedro Calháo, os argentinos Martin Lima, no bandoneon e Facundo Estefanell Rochon, no contrabaixo acústico. Esses músicos são profissionais com formação musical em instituições reconhecidas no Brasil e no exterior.


lumeMatoGrosso PEDRO HENRIQUE CALHÁO E SEU PAI, ERNANI CALHÁO

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MĂšSICA

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lumeMatoGrosso O músico Pedro Henrique Calháo nasceu no seio de uma família ligada à história da educação, do jornalismo e que cultua a arte desde o século XIX, em Cuiabá. Seus predecessores ajudam a escrever os trezentos anos da história da capital de Mato Grosso. Pedro Henrique Calhao é cuiabano e iniciou seus estudos de piano, em 1991, em Cuiabá. Transferindo-se para São Paulo, em 1995, prosseguiu a sua formação musical com os Professores Sonia Muniz de Carvalho, Almeida Prado e Helenice Audi. Como formação erudita complementar foi orientado por Heitor Alimonda e Leilah Paiva (PR), Paul Ruttman e Eric Ruebner, da Hartford University (NY), e novamente com Almeida Prado (SP). Durante sua formação acadêmica apresentou-se, em 1995, na Anglo Continental School de Lon-dres, em 1997, na Tulane University de New Orleans, USA. Com sua paixão pelo tango, encantou o público portenho em diversas passagens por Buenos Aires e outras capitais do Brasil. Atua no campo da improvisação jazzística sob a orientação do maestro alemão, radicado em São Paulo, Frank Herzberg. Esteve na Rede Globo foi indicado ao prêmio “Talento Revelação 2006”, quando foi veiculada entrevista à Ana Maria Braga, coordenada pela jornalista Mariana Godoy. Participou, em 2006, do projeto “Clássicos de Domingo” realizado pelo Centro CulFOTOS DIVULGAÇÃO

tural São Paulo com um concerto de obras variadas. Participou do curso de Musicologia da USP em 2007. Convidado pelo projeto “Música no Mube”, realizou dois concertos clássicos, com especial menção ao Memorial Argentina, em fevereiro de 2007. Atuou na Virada Cultural de 2007, com concerto no Memorial da América Latina. Em 2009 apresentou-se no projeto “Piano na Praça”, tocando obras de Astor Piazzolla, ao lado do maestro argentino Pablo Ziegler. Venceu o concurso “Jovens Solistas” em 2010, e recebeu, como prêmio, um Concerto Solo com a Orquestra Sinfônica da UNESP. Em 2011 estudou no Morley College, em Londres, como convidado de Tim Richards, na classe de Piano Jazz III. Rege o grupo Tangueiros in Concert, com turnê em várias cidades brasileiras. Em agosto de 2018, foi solista do Concerto Tricentenário em homenagem aos 300 anos de Cuiabá, com a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso, sob a regência do Maestro Fabrício Carvalho. Atualmente estuda a obras clássicas com Zezé Carrasqueira. Além de sua grande paixão, a música, bacharelou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie atuou, por dois mandatos, como Conselheiro da Fundação Educacional, Cultural e Artística Eleazar de Carvalho.

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A MLEI TR EI CR A N T UI DRAAD E

Americanidade A Busca Pelo Intercâmbio Cultural Entre Os Povos Da América Do Sul:

Mario Benedetti

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DA REDAÇÃO


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M

ario Benedetti nasceu em Paso de los Toros (Tacuarembó, Uruguai) em 14 de setembro de 1920, filho de Brenno Benedetti e Matilde Farrugia, que, seguindo seus costumes italianos, batizou-o com cinco nomes conhecidos como Mario Orlando Hardy Hamlet Brenno Benedetti Farrugia. A família viveu em Paso de los Toros durante os dois primeiros anos da vida do autor, antes de se mudar para Tacuarembó e Montevidéu. Lá, em 1928, Benedetti iniciou seus estudos primários na Escola Alemã, que seria seguida pelo Liceu Miranda, onde realizou estudos secundários incompletos devido às dificuldades econômicas da família, e a Escola Raumsolica de Logosofia. A partir dos quatorze anos, trabalhou na Will L. Smith, SA. de peças de reposição para automóveis, nas quais ele fazia praticamente tudo: era vendedor, caixa, estenógrafo, contador; até 1939, acompa-

nhando como secretário o líder da Escola Raumsólica (que também incluía sua família e a família de Luz López Alegre, que mais tarde se tornaria sua esposa), mudou-se para Buenos Aires, onde também fez um pouco de tudo, mas especialmente - segundo mais tarde, lendo Baldomero Fernández Moreno - descobrindo sua vocação de poeta. Retornou a Montevidéu em 1941, onde logo obteve uma posição oficial no Escritório Geral de Contabilidade da Nação e onde (de 1945 a 1974, com o fechamento da publicação), integrou-se à redação do semanário Marcha , importante fórum de reflexão. e análise chave na cultura do Rio da Prata, na qual se formaram até três gerações de intelectuais uruguaios (com nomes principais como Juan Carlos Onnetti, Eduardo Galeano, Emir Rodríguez Monegal, Ángel Rama, Alfredo Zitarrosa, Daniel Viglietti ou Idea Vilariño) Benedetti literário seria diretor em 1954.

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A MLEI TR EI CR A N T UI DRAAD E

Nesse mesmo ano de 1945, publicou seu primeiro livro de poemas, La eve indeleble , que não será publicado novamente, e um ano depois, em 23 de março de 1946, casou-se com Luz López Alegre, seu grande amor e parceira de vida, que conhecia desde que era criança. Um ano depois, o casal viaja parte da Europa com os pais da Luz, em uma viagem que será o prelúdio para o que eles farão em 1957, por muito mais tempo. De volta a Montevidéu, em 1948, dirigiu a revista literária Marginalia e apareceu seu primeiro ensaio, Peripecia y novela (1948), que foi seguido por seu primeiro livro de histórias, Esta manhã (1949), com o qual

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ganhou o Prêmio do Ministério. de instrução pública, um prêmio para o qual Mario Benedetti concordou repetidamente, até que em 1958 renunciou devido a discrepâncias com seus regulamentos. Pelas mesmas datas ele participa ativamente do movimento contra o Tratado Militar com os Estados Unidos, sua primeira ação como militante, e publica os poemas de Only Meanwhile (1950), editados por Number, uma das revistas literárias mais proeminentes da época, da qual Benedetti era membro do conselho editorial, e que também será responsável pelas edições de Marcel Proust e outros ensaios e The Last Voyage e outras histórias, posteriormente in-

tegradas em outros títulos. Em 1953 aparece Quem de nós, seu primeiro romance, que, apesar de bem recebido pelos críticos, passará quase despercebido entre o público e terá que esperar pela atração do volume da história Montevideanos (1959) - em que as principais características do romance a narrativa de Benedetti e especialmente a de seu próximo romance, La trugua (1960), para ser lida com atenção. Foi esse último trabalho, The Truce, que foi a consagração definitiva do escritor e o início de sua projeção internacional (o romance tinha mais de cem edições, foi traduzido em dezenove idiomas e levado para o cinema, teatro, rá-


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de estado em 27 de junho de 1973, renunciou ao cargo na universidade e, devido a suas posições políticas, deixou o Uruguai, iniciando um longo exílio de quase 12 anos, que o levou a residir na Argentina, Peru, Cuba e Espanha, e que também deu origem a esse processo batizado por ele como um “descrente”: uma experiência com traços profundos na sua vida literária. Depois daqueles longos anos em que ele viveu e escreveu fora de seu país, a sua esposa, que teve que ficar no Uruguai, cuidando de suas mães, Benedetti retornou ao seu país em março de 1983, tornando-se um membro do Conselho de Administração em a nova revista, a Brecha. A partir de então produziu uma série de livros: Memórias esquecidas, Vento do exílio, Spring with a broken corner, A solidão de Babel, Perguntas aleatórias, O mundo que respiro, Insônia e insônia, O futuro do meu passado, Ainda existem, Adeus e bem-vindo, Testemunha de si mesmo, Geografias, The Blot of Coffee, Andamios, além de outros trabalhos consagrados. O autor dividiu seu tempo entre suas residências no Uruguai e na Espanha até que, após a morte de sua esposa, em 2006, ele se muda definitivamente para sua casa uruguaia, em Montevidéo. Por ocasião de sua transferência, Benedetti doou parte de sua biblio-

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dio e televisão), que corre paralelo à crescente relevância de Benedetti como poeta desde o retumbante sucesso de seu Poemas de la oficina (1956). O ano de 1960 é uma data significativa também para a carreira pessoal e política do autor. Ele viveu cinco meses nos Estados Unidos (que, segundo ele, foi “sufocado” por múltiplas razões: materialismo, racismo, desigualdade), fato que lhe deu inspiração para escrever o seu primeiro texto explicitamente comprometido, The country of straw tail (1960). Desde então, ele vai aumentar sua participação política e viver uma época de intensa atividade intelectual (ele trabalha como crítico e co-editor da página literária do jornal La mañana , colabora como comediante na revista Peloduro, escreve em La Tribuna Popular, viaja ao México para participar do II Congresso Latino-Americano de Escritores, é membro do Conselho Diretivo da Casa de las Américas em Havana, fundou e dirigiu o Centro de Pesquisa Literária, até 1971. Escreve Gracias por el fuego, em 1965, Cartas de emergência, em 1973, A casa e o tijolo, em 1977, e Cotidianas, em 1979. Lidera o Movimento dos Independentes de 26 de março que depois integrará a Frente Ampla (alternativa aos dois partidos clássicos: o Branco e o Colorado). Após o golpe

teca pessoal em Madri para o Centro de Estudos Ibero-Americanos da Universidade de Alicante, que leva seu nome. Veio a falecer em 17 de maio de 2009. O governo uruguaio decretou luto nacional e ordenou que sua vigília fosse realizada com honras nacionais no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo. Ao pé do caixão, dezenas de flores e canetas se acumularam, que as pessoas depositaram como uma última homenagem ao escritor.

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L I T E R AT U R A

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LUCIENE JOSEFA DE CARVALHO Escritora, poetisa e membro da Academia Mato-Grossense de Letras

Milagres De Quintal

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POR LUCIENE CARVALHO

le nasceu em Miranda, Mato Grosso do Sul, de uma intrincada estória de um homem e dois amores. Ele acabou por nascer filho de mãe solteira, num 1964 que não via com bons olhos tal constituição familiar. Ele nasceu em Miranda de 07 meses e parto complicado. Nasceu pequeno de caber em uma mão e com uma febre que lhe afetou a fala, movimentos e alguns aspectos de aprendizagem. Nasceu em Miranda, contudo, era filho de uma livramentense feita do cerne da aroeira, que se agarrou àquele filho e decidiu levar a vida com aquele bebê cheio de vulnerabilidades. Os médicos primeiro duvidaram da sobrevivência do recém nascido, depois disseram que ele não andaria; quando criança ele tinha dificuldade para andar, para comer, demorou para falar, os movimentos de pés, pernas e mãos, no desenvolvimento escolar... Tentou-se a APAE. A mãe sempre por perto, educação no rigor das gentes antigas, ela nunca aceitou um trabalho em que não coubesse o acompanhamento do filho, ganhou pouco, foi explorada, mas ao seu menino nunca faltou cama, comida e carinho (o carinho mais amolecido era ele pedir que ela coçasse as costas dele). Uma tia, prática e antenada providenciou para que o rapaz pudesse cuidar do FOTOS DIVULGAÇÃO

centro espírita Kardecista que freqüentavam, mais um ou dois freqüentadores do centro espírita o convidaram para fazer serviço de jardineiro, cuidar da área externa da casa. O centro espírita assinou-lhe a carteira de trabalho. A escola?? Tentou varias vezes... a tia prática ensinou-o a entender por repetição, lista de mercado e gerenciamento básico de dinheiro; abriu-lhe poupança no banco. Há mais de 30 anos atrás, um primo o convidou para participar da Corrida de Reis, a título de participação. Surpresa: ele correu o percurso inteiro e continuou correndo a Corrida de Reis e todas as outras que apareceram, coleciona medalhas. O menino de Miranda que não ia andar hoje é fundista. É bom que não duvidemos dos milagres que ocorrem nesses quintais tradicionais do bairro do porto, neles o imaginável torna-se cotidiano. Marco, Marco Antônio Gomes, mora no porto, na Travessa do Limoeiro, corre por toda a cidade que acaba de dar de presente pra sua mãe uma televisão novinha, de led. Marco Antonio Gomes de Miranda – MS; do porto de Cuiabá, kardecista, com sua dificuldade de falar mas, se você encontrá-lo e ele disser: “conlitenta , poto fala?”, prepare-se, a sabedoria vai atingir seus ouvidos, sua alma será tocada

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Ú LT I M A P Á G I N A

VALERIO DE OLIVEIRA MAZZUOLI Professor-associado da Faculdade de Direito da UFMT e membro titular da Academia MatoGrossense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 36

Canção da Academia Mato-Grossense de Letras Em homenagem ao centenário da AML, a comemorar-se em 7 de setembro de 2021 POR VALÉRIO DE OLIVEIRA MAZZUOLI

Eis a Casa que abriga a cultura Secular, como mil auras de luz Que dá teto às letras da terra Dessas que Mato Grosso produz Seu passado é repleto de glória Pois de todos requer a atenção De que as laudas nesta Academia Guardam em si muito desse torrão Casa nossa, que sempre adoramos! Nosso lar, de imortais guardião Siga grande cuidando dos filhos Que recebem o seu galardão! Este é o berço que ilustra a memória Faz eterno o saber comunal Panteão, casarão jubiloso! Que orgulha os seus sem igual Viva a Casa Barão de Melgaço! Que, então, Dom Aquino fundou

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Ela é chama de brilho perene Que a nós o seu pai confiou Casa nossa, que sempre adoramos! Nosso lar, de imortais guardião Siga grande cuidando dos filhos Que recebem o seu galardão! É o dever o que agora nos chama De manter o seu brio no porvir Que esse honroso mister seja leme Qual no mar toda nau vai seguir Que os quarenta que aqui têm morada Permaneçam com as mãos em união Sejam ricos no amor e respeito Façam sempre o melhor à Nação! Casa nossa, que sempre adoramos! Nosso lar, de imortais guardião Siga grande cuidando dos filhos Que recebem o seu galardão! FOTOS DIVULGAÇÃO


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Tecnologia que dá fluidez ao trânsito e maior segurança aos pedestres.

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