revista IGP RS nº 4

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10 ao acompanhar o trabalho pericial, pois, no desempenho de sua atividade, é necessário ao perito tomar certas atitudes que nem sempre são compreendidas por quem está emocionalmente envolvido com a vítima, como despir a vítima para proceder à análise perinecroscópica ou executar a movimentação do cadáver para prosseguir com a investigação. 4. Agentes de Riscos Devido a Materiais e Objetos Examinando locais de ocorrência de crimes contra a vida, o Perito Criminal encontra-se constantemente em contato com materiais orgânicos potencialmente fontes de riscos biológicos. Vísceras e outros fluidos corpóreos emanados da vítima corriqueiramente se espalham por grande parte do local examinado, sendo difícil a não ocorrência do contato direto do profissional com estes agentes biológicos. Outra grande fonte de riscos são os objetos cortantes, perfurantes ou perfurocortantes presentes no local do crime, principalmente pregos, facas ou assemelhados e fragmentos vítreos. Além do risco mecânico da produção de ferimentos propriamente ditos, tais objetos se tornam fontes potenciais de riscos biológicos, pois podem estar contaminados com material orgânico da vítima ou com bactérias causadoras de doenças como o tétano. Análises de veículos automotores também acarretam riscos aos peritos, principalmente devido aos agentes químicos decorrentes da presença de óleos lubrificantes e combustíveis e dos riscos mecânicos devido à presença de cantos vivos nos diversos componentes constitutivos do veículo e na sua lataria. A presença de armas de fogo em locais de morte também representa grande risco tanto à integridade física dos Peritos Criminais quanto de terceiros que estejam nas imediações do local. É praxe estas armas de fogo encontrarem-se municiadas, muitas vezes estando também armadas e prontas para efetuar disparos, existindo aí um grande risco de ocorrência de um disparo acidental quando do seu manuseio. 5. Riscos Devido a Fatores Fisiológicos Atendimentos a locais de crime contra a vida sempre são realizados em regime de urgência, em caráter de pronto atendimento, exigindo do Perito Criminal elevado grau de atenção, observação e disposição física e mental, independentemente do local ou período do dia em que o serviço demanda ser realizado. A execução das atividades periciais traz intrínsecos agentes de riscos ergonômicos potencialmente causadores de estresse e fadiga física aos profissionais que labutam nessa área. O desempenho da atividade pericial, pela responsabilidade que lhe é cabida, e a complexidade demandada pelos exames

realizados, inferem em elevado e contínuo nível de atenção e de esforço intelectual e mental pelos Peritos Criminais, o que muitas vezes leva a quadros de estresse. A constante pressão psicológica intrínseca ao grau de responsabilidade exigido, aliada às pressões externas causadas pela necessidade de uma resposta concreta e ágil aos demais órgãos de segurança aos quais a perícia criminal auxilia, e à sociedade em geral ansiosa por justiça, é outra fonte geradora de estresse, assim como a pressão muitas vezes gerada pela possível presença de populares emocionalmente perturbados com os fatos ocorridos nos sítios dos crimes investigados, que podem transformar em hostil o ambiente analisado. Outro potencial gerador de estresse e fadiga física é o regime de trabalho imposto aos Peritos Criminais, realizado em turnos de plantões que exigem do profissional disposição para trabalhar em qualquer horário do dia ou da noite e sob qualquer condição atmosférica. Também a própria execução dos trabalhos periciais, por si só, acarreta riscos ergonômicos aos profissionais, devido à assunção de posições desconfortáveis e de posturas prejudiciais ao organismo, mas necessárias para o bom andamento da atividade. Em situação de desgaste e tendo em vista a grande complexidade e a responsabilidade intrínsecas à atividade pericial, o profissional acaba muitas vezes canalizando sua atenção apenas à análise do sítio criminalístico, em detrimento da adoção de medidas necessárias à preservação de sua segurança, o que potencializa os riscos de acidentes. 6. Recomendações para a Segurança no Trabalho Pericial O desempenho da atividade pericial criminal de campo, pelos riscos inerentes aos locais e aos objetos citados nos itens anteriores deste trabalho, traz implícita a necessidade da utilização de equipamentos de proteção individuais (EPIs) indispensáveis à segurança pessoal. A constante exposição a fatores de risco, principalmente os de natureza biológica, torna o uso de determinados EPIs obrigatórios em todos os levantamentos realizados. Calçados fechados e macacões de pernas e mangas longas com punhos e tornozeleiras com elásticos são vestimentas de uso essencial em todos os exames realizados em locais de crimes contra a vida, pois os mesmos evitam o contato direto do Perito Criminal com materiais biológicos, além de reduzir a probabilidade da ocorrência de contágio por parasitas. O uso de luvas de procedimentos também é fundamental durante a realização do trabalho pericial pois, além de evitar a destruição de vestígios importantes que possam estar presentes no local (como impressões digitais), protegem o contato das mãos do profissional com as fontes de riscos biológicas, sendo


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