Jornal OPaís edição 1939 de 24/08/2020

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‘A grande maioria dos músicos e outros artistas têm outras funções ao nível do funcionalismo público’ O director Nacional da Cultura e Artes do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, Euclides da Lomba, traça nesta conversa os meandros da acção do ministério que tutela a acção e o movimento cultural no país, num período em que surgem várias queixas da classe artística em relação aos apoios, sobretudo financeiros. P.14 Coordenador: www.opaís.co.ao Daniel Costa e-mail: info@opaís.co.ao O diário da @jornalopaís Nova Angola facebook/opaís.angola Edição n.º 1939 @jornalopais Segunda-feira, 24/08/2020 Preço: 40 Kz

“Kwata Kanawa” pede apoio de sobas e jovens para fiscalização do PIIM O governador de Malanje, Norberto dos Santos ‘Kwata Kanawa’, diz que “é necessário que os sobas, regedores, sobetas e os jovens ajudem a administração municipal nas acções de inspecção às empreitadas, de forma a se aferir se estão a ser executadas com perfeição e qualidade”. P.9 Política:

Mais de 9 mil agentes da Polícia Nacional testados e 42 estão reactivos a IgM l O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, anunciou, ontem, à imprensa, em Luanda, o registo de 37 novos casos de Covid-19 e duas mortes. Por outro lado, revelou a testagem de um total de 9.400 agentes da Policia Nacional, dos quais 42 testes foram reactivos a IgM. P.2

daniel miguel/ arquivo

Académicos alertam sobre os riscos da sedentarização dos Khoisan

l Os antropólogos João Domingos Ngoma e José Patrício Tibúrcio alertam às autoridades governamentais que as acções tendentes a concentrar ou sedentarizar os bosquimanes ou Khoisan, alegadamente para lhes prestar apoio social, deve respeitar o seu modo de vida. P.10

Executivo extingue monodocência na 5ª e 6ª classes

Bayern conquista pela sexta vez a Champions

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l Depois de sete anos, os bávaros voltaram, ontem, a erguer a taça dos clubes campeões depois de terem vencido o PSG por uma bola a zero. P.26


EM FOCO

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O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo

Mais de nove mil agentes da Polícia Nacional testados e 42 estão reactivos a IgM O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, anunciou, ontem, à imprensa, em Luanda, o registo de 37 novos casos de Covid-19 e duas mortes. Por outro lado, revelou a testagem de um total de 9.400 agentes da Policia Nacional, dos quais 42 testes foram reactivos a IgM. Os efectivos estão a ser acompanhados no Laboratório de Biologia Molecular Texto de Maria Teixeira fotos de Nambi Wanderley

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a sequência da testagem massiva levada acabo pela Comissão Multissectorial para o Combate à Covid-19, no país, que teve início no passado dia, 15 do corrente mês,

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por meio de testes rápidos serológicos e de biologia molecular, a um total de 10 mil agentes da Polícia Nacional, por meio de testes rápidos serológicos e de biologia molecular, Franco Mufinda. Ate ontem, 9.400 agentes já tinham sido testados. Segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública, ontem conseguiram testar 1.452 agentes, sendo que oito foram reactivos com o bio marcador IgM e todas as medidas indicadas para estes casos foram todas tomadas.


O PAÍS

Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

“Refiro-me ao isolamento, à colheita de amostras para uma análise a posterior na base da biologia molecular. Sendo assim, olhando, o seguimento destes casos, somamos um total de 9.400 agentes da polícia testados com o bio-marcador dos reactivos apontando para 42 IgM . Todos eles estão a ser acompanhados no laboratório de biologia molecular”, garantiu. Franco Mufinda, que falava durante a apresentação do balanço diário sobre a pandemia no país, no CIAM, esclareceu que dos novos 37 positivos, sete são do município do Soyo, província do Zaire. Os restantes 30 aconteceram em Luanda e foram registados nas localidades da Maianga, Ingombotas, Talatona, Belas, Cacuaco, Viana e Cazenga. Mufinda disse ainda que os novos pacientes têm idades compre-

endidas entre quatro e 67 anos e são na sua maioria do sexo masculino, isto é 23 homens e 14 mulheres. Entretanto, mais dois cidadãos angolanos com 42 e 71 anos de idade, morreram ontem, em Luanda, em consequência da Covid-19 e outras quatro foram recuperadas, segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública. Angola com 2.171 casos positivos com 96 mortes Actualmente, o país passou a ter o registo de 2.171 casos positivos, 96 óbitos, 818 recuperados e 1.257 activos. Entre os activos, quatro estão em estado crítico com ventilação mecânica invasiva, 13 em estado grave, 32 em estado moderado, 40 com sintomas leves e 1.168 assintomáticos. Quanto ao total de amostras recebidas, Franco Mufinda fez saber que foram proces-

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sadas por RT-PCR até à presente data 52.652 amostras, das quais 2.171 positivas. Contou igualmente que, nas últimas 24 horas, 51 pessoas receberam altas, sendo 18 na província de Luanda, 26 em Benguela, seis na Huila e uma no Zaire. Por outro lado, o governante contou que, entre as actividades realizadas por províncias, foram reportadas a colheita e envio de amostras a Luanda, a formação e informação no seio da comunidade, bem como a gestão de casos que já se faz na comunidade sob poder de descentralizar as direcções municipais de saúde. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu, no período em referência, 54 chamadas, das quais uma denúncia de caso suspeito de Covid-19 e 53 foram pedidos de informação sobre o vírus Covid-19.

Apenas quatro províncias livres da Covid-19 até ao momento

Recordar que das 18 províncias existentes no país, apenas quatro não registaram casos de Covid-19. Trata-se do Cuando Cubango, Lunda Sul, Namibe e Huambo. Franco Mufinda aconselhou, uma vez mais, o uso obrigatório da máscara, a lavagem com frequência das mãos com água e sabão, a observância do distanciamento físico e a não violação da cerca sanitária. Recordando que a Covid-19 é assunto de responsabilidade individual e colectiva. De recordar que o novo Coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela pandemia da Covid-19, surgiu na China em Dezembro de 2019. O surto espalhou-se pelo mundo e já vitimou centenas de milhares de pessoas, tendo levado a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia global.


4 destaques política. PÁG. 08 Governador quer autoridades tradicionais a fiscalizar obras do PIIM

SOCIEDADE PÁG. 10 Académicos alertam para os riscos da sedentarização dos Khoisan

cartaz. PÁG. 14 “O Ministério não

tem função executora de projectos”

Economia. PÁG. 18 Hagi Jawara, o empresário filantropo que veio da Gâmbia

o editorial

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hoje: os números do dia

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O exemplo de Malanje

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sucesso do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) vai depender do controlo e da fiscalização que for feito pelas empresas de fiscalização e pelo fiscal-mor: o povo. Depois do exemplo do Lóvua, em que a administração local decidiu afastar duas empresas de fiscalização por não acompanharem os trabalhos, exemplos vários vão surgindo para que se imprima uma nova dinâmica envolvendo outros actores.

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O exemplo que nos chega de Malanje vai neste sentido. Numa visita de campo que efectuou no município do Quela, o governador Norberto dos Santos ‘Kwata Kanawa’ disse que ‘ é necessário que os sobas, regedores, sobetas e os jovens ajudem a administração municipal nas acções de inspecção às empreitadas, de forma a se aferir se estão a ser executadas com perfeição e qualidade’. Muito do que foi mal feito no país emanou desta falta de responsabilização dos empreiteiros e alguma conivência até de entidades públicas. Hoje é comum ouvirmos lamentações, quando algumas destas construções, hoje em degradação, poderiam ser evitadas. Ao denunciar possíveis anomalias, os futuros beneficiários estarão também a preservar o futuro e lutar para que tenham melhores infraestruturas.

o que foi dito MUNDO. PÁG. 22 Irmã mais velha de Donald Trump diz que Presidente “não tem princípios” e que é “cruel”

O PAÍS

As Forças Armadas Angolanas (FAA) devem estar em prontidão, face aos próximos desafios do país, como as eleições gerais previstas para 2022”

João Ernesto dos Santos “Liberdade” Ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria

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Um dia histórico para o desporto português!!! Grande Miguel Oliveira, muitos parabéns!!” Sérgio Conceição Treinador do FC Porto

Cidadão ficou ligeiramente ferido ontem (Sábado), na sequência de desentendimentos entre grupos de fiéis afectos à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) na cidade do Lubango.

Centros de quarentena institucional foram criados para casos de Covid-19, no município de Mbanza Kongo, província do Zaire. Agentes da Polícia Nacional, dos 7.948 testados contra a Covid-19 até ontem, na campanha em massa que decorre, desde Quintafeira, em Luanda, são reactivos (IGM) e foram isolados. Elementos da JMPLA, braço juvenil do partido no poder, doaram sangue à secção de hemoterapia do Hospital Geral do Lobito, província de Benguela.

Precisa-se do engajamento da militância de forma simples, prática, com iniciativas próprias e locais” Crispiniano dos Santos Primeiro-secretário nacional da JMPLA


O PAÍS

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5 e assim... Dani Costa Coordenador

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Lutina Santos, que apresentou ontem, 07 de Agosto, em Luanda, o livro ‘Competição Política-A Guerra pelo Poder’

Os números de António Coelho

www.opais.co.ao Num dia como hoje, os angolanos iniciavam uma nova rota de Governação e a Cidade Alta aguardava por um novo inquilino (CARLOS MOCO).

o que vai acontecer Economia A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a produção de petróleo em Angola aumenta em 2024, algo que não sucede a curto prazo devido à falta de investimentos nos últimos anos e à nova estratégia das principais companhias petrolíferas para resistir à pandemia da Covid-19. A previsão da unidade de inteligência da revista “The Economist” aponta para um cenário positivo a médio prazo: “o actual ambiente de preços baixos vai diminuir o interesse dos investidores na exploração a curto prazo, mas a nossa previsão central continua a apontar para que.

. Política O vice-governador de Luan­da para o sector Político e Social, Dionísio da Fonseca, disse, que as várias igrejas sediadas na província são unânimes em reiniciar os cultos religiosos, a partir do dia 14 de Setembro. Dionísio da Fonseca, que falava à margem de um encontro de auscultação entre o Governo Provincial de Luan­da e as confissões religiosas, acrescentou que foi apresentada uma proposta que prevê a realização de dois a três cultos por semana, das 6 às 18 horas, num intervalo de duas horas e com 50 por cento da capacidade.

vítimas no mundo

Encontro O Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) participa amanhã, 25 do corrente mês, por vídeo-conferência, na Cimeira Sobre as medidas e o combate à pandemia da Covid-19 no sector, no âmbito das decisões saídas da União Africana. Por esta razão, Angola vai apresentar as suas propostas, uma vez que neste momento o MINJUD prepara o dossier para colocar sobre a mesa e encontrar soluções para o desporto, uma vez que se encontra parado há largos meses por força do inimigo invísivel que continua a causar

Desporto Uma campanha de angariação de sócios está a decorrer, em Malanje, pela quipa da Baixa de Cassanje, no âmbito da sua participação e permanência no Campeonato Nacional de futebol da I Divisão (Girabola2020/21).

-A +A

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ão recorrentes os desabafos do responsável da ANASO, António Coelho. E têm sido assustadoras as estatísticas que ele apresenta em relação ao quadro do VIH SIDA no país, mormente as infecções e as mortes. Nas últimas semanas, o homem tem-se batido por causa da falta de medicamentos de primeira e de segunda linha, porque já existem pacientes com esta doença que não fazem a respectiva medicação inicialmente devido ao atraso registado na importação dos retrovirais. A pandemia de Covid-19 provocou o esquecimento de outras doenças. Não só em Angola como noutras partes do mundo. Viramos as baterias para o coronavírus e nos esquecemos que a malária ainda mata dezenas ou centenas de angolanos, assim como o VIH Sida que está a deixar um outro rasto também assustador. Os números de António Coelho apontam para mais de 30 mortes por dia em consequência do VIH Sida. É uma cifra para reflectir. A ser verdade, são números superiores as da Covid-19. O activista social fala em mais de 900 pessoas que morrem todos os meses e 10 mil anualmente por causa desta doença. A falta de antirretrovirais e outros medicamentos mereceu destaque numa das habituais conferências de imprensa, em que esteve a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo. Lembro-me de a responsável ter lamentado que a inexistência se devia a problemas na importação e ao acesso a determinados países. Hoje, as informações indicam que os medicamentos estão no país, mas ainda assim os doentes não têm acesso porque existem alguns problemas burocráticos que estão a impedir o desalfandegamento. Baseando-se nos números de António Coelho, Angola estará a perder diariamente três dezenas de bons cidadãos devido à burocracia. Mas é sempre possível contorná-la em situações especiais, como estas em que estão vidas em jogo, desde que haja vontade.


6 Comissão de Gestão da empresa Media Nova, S.A Coordenador Geral Pedro Neto Coordenador para o Jornal OPAÍS Daniel Costa Coordenador para a Rádio Mais Cristiano Barros Cordenadora para os Assuntos Jurídicos Alda Moniz Cordenador para Administração e Finanças Álvaro Fernão Coordenadora para a Área Comercial e Marketing Aleck Dias Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS

Segunda-feira,24 de Agosto de 2020

no tempo do kaparandanda

24 de Agosto de 1981 - É aprovada a Lei do Trabalho em Angola.

24 de Agosto de

1993

— Três líderes africanos enviam ao presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, uma carta conjunta sobre uma “nova iciativa” para a paz no país.

24 de Agosto de

1995

- O Tribunal Supremo legaliza o Partido da Comunidade Socialista (PCSA) e o Comunista Renovador (PCRA) angolanos.

opaís Coordenador: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Valério Vunda (Coordenador adjunto), Ladislau Bernardo, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento)

Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Isabel Matediana Tel: +244941571130 Isabel.matediana@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola Comercial e Marketing: Senda Costa 943023747 email: senda.costa@medianova.co.ao Marketing Edson Macedo edson macedo@medianova.co.ao Welwitchia Vasconcelos 933454685 welwitchia vasconcelos @medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

carta do leitor

JMPLA está de regresso Caro director Saudações revolucionárias. Augurando que OPAÍS mantenha a mesma vertente que marca o título, principalmente na abordagem das matérias que nos são dadas a conhecer. Tenho estado a acompanhar o desenvolvimento da nossa política e também de muitos dos seus actores. Hoje gostaria de falar do secretário da JMPLA, Crispiniano dos Santos, que venceu no último congresso o jovem Betico. Faço esta abordagem porque nas duas últimas semanas vamos notando uma certa evolução, uma vez que se dizia que não se iria adaptar por causa da velocidade com que um cargo do género exige.

ARQUIVO

Sou daqueles que esperava por um secretário mais acutilante tendo em conta o momento que se vive no país. E uma organização como a JMPLA deve estar mesmo na origem de algumas transformações que obrigem o MPLA a pressionar o Executivo a criar pro-

jectos para as necessidades preementes da juventude. Os últimos posicionamentos do actual secretário, que herdou um fardo pesado de Sérgio Luther Rescova, demonstram uma pessoa que já vai amadurecendo. Gostei quando criticou a apatia dos jovens e defen-

deu que estes não cruzem os braços. Eu prefiro vê-lo em situações como estas, levando casos concretos, do que nas habituais visitas de inspecção e controlo que efectua com regularidade, fazendo lembras uma pasta assumida há decadas por Kundi Paihama. Agora é necessário que os outros quadros da JMPLA apoiem o jovem caso queiram cilindrar a UNITA, que tem se mostrado aguerrida em determinados aspectos. Crispiniano dos Santos tem a desvantagem de ter uma situação económico e social pouco favorável para os jovens, mas tem a vantagem de encarar um secretário da JURA fácil de bater.

Pedro Mateus Zona Verde- Luanda

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POLÍTICA

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O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

Governador quer autoridades tradicionais a fiscalizar obras do PIIM O governador provincial, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, aconselhou, ontem Domingo, no município do Quela (115 quilómetros a nordeste da cidade de Malanje), os jovens e as autoridades tradicionais a fiscalizarem as obras inseridas no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), segundo a Angop

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município está a ser contemplado com cinco projectos ligados a infra-estrutras escolares, de saúde, vias rodoviárias, água e saneamento. O governante deixou este conselho durante o acto de lançamento da primeira pedra para a execução de quatro projectos de construção de escolas, terraplanagem e pequenos sistemas água. Conforme o dirigente, é necessário que os sobas, regedores, sobetas e os jovens ajudem a administração municipal nas acções de inspecção as empreitadas, por formas a se aferir se estão a ser executadas com perfeição e qualidade. A propósito, pediu aos empreiteiros o respeito pelos prazos contratuais, assim como o recutamento de 90 por cento da mão-de-obra local,

com vista a redução do índice de desemprego no seio da juventude. No quadro do PIIM, a comuna de Xandel e a sede municipal vão ganhar duas escolas, sendo uma de 7 salas, cuja construção está orça-

da em 110 milhões, e uma de 12 salas de aulas, no valor 169 milhões de kwanzas. Prevê-se que acolham cerca de mil 500 crianças. A comuna do Moma foi beneficia-

da com a terraplanagem de 53 quilómetros de estrada, construção de uma ponte de 30 metros de cumprimento, quatro pontecos e passagens hidráulicas, cujas obras estão orçadas em 288 milhões de Kwanzas. As localidades de Mufuma, Banda, Katuri, Muanha Kishua, Kishua Kinguanga, Muanha Muxica, kuco Mbango, Bamba, Seta, Ngana Muango, Suco e sede comunal dos Bangalas vão beneficiar de sistemas de água. Cada sistema de água orçado em mais de 13 milhões de kwanzas e inclui um reservatório com capacidade para 10 mil litros, dois fontenários públicos, furos de água e colocação de bomba submersível e painéis solares. O administrador municipal do Quela, Manuel Campo, fez saber

que o PIIM trouxe grandes ganhos para o município. A execução das obras, orçadas em cerca de mil milhões de kwanzas, garantiram empregos a 80 jovens locais. O município do Quela, constituído pelas comunas Sede, Xandel, Moma e Banglas, conta com uma população estimada em 21 mil 847 habitantes. No âmbito do PIIM, a província de Malanje tem 104 projectos inscritos ligados aos sectores da educação, saúde, infra-estruturas rodoviárias, energia e águas e saneamento básico, orçados em 26 mil milhões de kwanzas. Desses, estão em execução 19 projectos nos municípios de Cacuso (4), Cambundi-Catembo (3) e Luquembo (3), Quiwaba Nzoji (5) e Quela (4).

Comandante quer disciplina na fronteira

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Comandante da Polícia Nacional na Lunda Norte, Alfredo Quintino ‘Nilo’, solicitou aos efectivos disciplina, patriotismo, responsabilidade e rigor no combate a violação das fronteiras com a República Democrática do Congo (RDC) O oficial fez esta solicitação aos agentes dos órgãos de defesa e segurança destacados no posto fronteiriço de Nachiri, afirmando que, mais do que garantir a inviolabilidade das fronteiras nesta fase, devem encarar o combate à propagação da pandemia como uma missão de Estado, de acordo com a Angop. Por isso, prosseguiu, não devem facilitar qualquer tentativa de imigração e/ou deixar-se corromper para o efeito, sob pena de serem responsabilizados civil e criminalmente. Relativamente as troca comerciais, o comandante orientou que deve ser feita, respeitando todos as normas de prevenção, no li-

mite fronteiriço, evitando que os comerciantes entram e saem em ambos os lados. Recomendou que no acto das trocas comerciais os agentes destacados nos postos fronteiriços devem exigir dos comerciantes os resultados dos testes. Apelou, por outro lado, as autoridades congolesas no sentido de melhorarem as medidas de biossegurança nos seus postos fronteiriços. Por outro lado, a Polícia Nacional encerrou cinco estabelecimentos comerciais no município de Lucapa, por incumprimento das medidas de biossegurança, no âmbito do combate a propagação do novo Coronavírus (Covid-19). De acordo com o porta-voz da Delegação do Interior na Lunda Norte, Rodrigues Zeca, o encerramento dos estabelecimentos ocorreu durante uma campanha de fiscalização conjunta entre a Polícia Nacional e a Administração Municipal de Lucapa. Informou que os proprie-

tários dos estabelecimentos encontram-se detidos, aguardando que o processo seja transferido para o Ministério Pública. Sensibilização A Administração Municipal do Cuilo criou 54 grupos de sensibilização e mobilização, com vista

a actuarem nas localidades onde os cidadãos têm pouca informação sobre as formas de prevenção e contágio na Covid-19. Segundo Enoque Felicidade, porta-voz da Comissão Multissectorial de Combate à Covid-19 no Cuilo, os grupos, composto por sete agentes, vão instruir

os cidadãos sobre o uso correcto de máscaras, lavagem das mãos, distanciamento físico, em português e em línguas nacionais. Fez saber que os agentes foram antes formados em matérias relacionadas à Covid-19, para melhor actuarem, apelando colaboração dos cidadãos.



sociedade

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Académicos alertam para os riscos da sedentarização dos khoisan Dois antropólogos e um historiador versado em cultura africana, convidados por este jornal a analisarem os desafios actuais que as comunidades dos bosquimanes ou khoisan enfrentam, defendem que não se pode alterar o “modus vivendi” deste povo a curto ou médio prazos Alberto Bambi

O

s antropólogos João Domingos Ngoma e José Patrício Tibúrcio alertam às autoridades governamentais que as acções tendentes à concentração ou sedentarização dos bosquimanes ou khoisan, alegadamente para lhes prestar apoio social, deve respeitar o seu modo de vida. Os académicos disseram a OPAÍS que o seu aviso é em resposta de uma clara intenção de concentrar os bosquimanes numa determinada área para lhes prestar apoio. Para fazer entender o porquê deste apelo, o antropólogo José Tibúrcio fez uma análise da situação na vertente cultural e social, tendo como mote a preocupação desta ciência com o comportamento de grupos étnicos de que cada indivíduo faz parte. Explicou que os membros desta comunidade estão ligados entre si, falam a mesma língua, reconhecem ter a mesma origem, habitam em determinada zona geográfica e vivem um mesmo complexo, usos, hábitos e costumes, constituindo, enfim, um modo de vida conservado e transmitido pela tradição. “E ainda reconhecem que diferem dos demais e que têm uma consciência de pertença ao seu grupo e não a outro. A formação de todas essas características é efectivada num longo processo histórico de todas as etnias que compõem o mosaico cultural de angola”, disse José Tibúrcio. Asseverou, de seguida, que cada indivíduo tem o direito de viver segundo as características assimiladas no processo histórico da sua etnia e não deve ser obrigado a submeter-se ao estilo de vida de outros grupos por um ou outro motivo teoricamente inconfesso.

Baseando-se nestes elementos, José Tibúrcio disse ser desconfortante o facto de, ultimamente, se ter assistido, na zona Sul de Angola, as etnias bantu, sobretudo agricultores sedentários, detentores de poderes políticos do actual território angolano, a obrigarem os povos das etnias não-bantu, no caso, os

bosquimanes ou Khoisan, a fixarem residência por motivos de assistência alimentares e outros. Natureza de nómada e de caçador em risco Segundo o antropólogo, isso vai obrigar também o grupo étnico em causa, que por natureza é nómada, caçador-recolector, a

adoptar o estilo de vida sedentária das etnias bantu, o que chocará com o seu modo de vida. Algo que pode ser evitado se as autoridades governamentais terem em conta o parecer de especialistas de áreas científicas ligadas a tais fenómenos sócio-culturais, sem nenhum comprometimento de apoio incondicional parti-

dário, antes de se pôr em prática tais medidas. “Para que tal não aconteça e para que não venhamos a assistir uma resistência na execução dessas políticas e cairmos num fracasso, seria bom que, na teorização dessas medidas, os especialistas de áreas científicas ligadas a tais fenómenos sócio-


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culturais, sem nenhum comprometimento de apoio incondicional partidário, fossem tidos em conta”, frisou. Segundo o interlocutor de OPAÍS, no caso em análise, pode acontecer que, no tempo chuvoso, os povos não-bantu programem viver em certa região e, no período seco, noutra localidade. Pode se dar também o caso que eles programem alimentar-se, quando estivessem com fome e não quando fossem oito, 12 ou 19 horas. “Preferissem comer peixe, em vez de carne, funge de farinha de massango, em fez de farinha de milho, beber leite ou sangue de gado, em vez de gasosa ou sumo, comer com as mãos e em grupos, no mesmo prato, em vez de o fazerem de forma individual, com garfo e faca”, exemplificou. Pela análise que faz, José Tibúrcio vê essas medidas a acarretarem mais consequências negativas do que positivas, porque,

João Ngoma, antropólogo

José Patrício Tibúrcio, antropólogo

Mbala Lusunzi Vita, historiador

segundo ele, quando se pretende ajudar uma etnia diferente, é preciso despir-se dos etnocentrismos. Procurar entender as necessidades dessa comunidade visada, tendo em conta que os seus valores nativos, percebendo os seus sentimentos e as

“Sou pela sedentarização voluntária e não total” Mbala Lusunzi Vita, historiador versado em cultura africana, disse que esta medida de concentração não resolve o problema a favor dos “Khoisan”. “Eu sou pela sedentarização voluntária desse povo e estou em crer que o processo não será total porque um povo, por mais evolução que faça, determina sempre entidades morais cujo objectivo é conservar os seus traços culturais”, disse o investigador. De acordo com o historiador Mbala, quando a sedentarização voluntária ocorrer, inicialmente, vai criar outras necessidades, as quais os actores sociais devem registar e procurar formas de ir

Bosquimanes nas civilizações antiga Essa população é, historicamente, considerada extracto das civilizações antigas. Por isso, chamou atenção de que, apesar de serem nómadas, o território deles está localizado. Razão pela qual, Mbala Vita considera que o Estado, sem obrigar nada, deve ir construindo infra-estruturas de apoio social, deixando que os próprios povos habitem temporariamente ou nas redondezas de escolas, hospitais e outros estabelecimentos de serviços públicos. O historiador questionou o que é que Angola ganhava com a sedentarização dessa etnia, se a maior parte dos sedentários estava a sofrer. Aconselhou ainda o Governo a criar uma equipa discreta de investigadores para fazerem pesquisas sérias e de carácter científico, no terreno. Disse acreditar que delas deverão resultar soluções adequadas, como zonas de acolhimento livre, onde elas

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suas emoções, além de ter de se sentir a dinâmica da vida local. Enfatizou que quando se ignoram esses e outros aspectos, ao pensar-se que se está a ajudar, cair-se-á no erro de executar a mesma política implementada contra a qual lutámos. resolvendo, para que não desmotive a habituação de um novo paradigma de vida. Sublinhou também que a mudança desses povos deve ser uma necessidade de dentro, não do Estado, uma vez que, de acordo com a cultura, um povo representa uma natureza. “Se há necessidade de se efectuar uma mudança, o pedido deve vir dos elementos de dentro da comunidade, não dos de fora, quer dizer que o Governo não pode decidir que, doravante, determinado povo se torna sedentário”, reclamou Mbala Lusunzi Vita, salientando que proceder deste modo é contradizer a própria natureza, porquanto a evolução não pode ser decidida fora do contexto ou dos próprios interesses.

não se devem sentir pressionadas. “Têm de ser mesmo eles a decidirem colocar o filho na escola porque as outras crianças com quem brincam as suas estão nos estabelecimentos escolares”, frisou. Acrescentou de seguida que “esse filho é que depois de formado e melhorar a condição de vida dos pais e outros familiares vai influenciar os outros membros da comunidade a seguirem-lhe o exemplo”. A ideia não é acabar com a conservação da cultura desse povo e a sua existência, porque a sedentarização voluntária dos mesmos pode acontecer numa escala de uma por cada 20 pessoas, soube este jornal do seu entrevistado, para quem a cultura é um problema anterior ao Estado e que lhe ultrapassa. Sobre os impactos que a medida pode ter na vida dos Bosquimanes, Mbala Vita referiu que é uma civilização que pode conviver com as outras, a partir de elementos que a sua cultura impõe.

Alerta de etnocídio à vista

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antropólogo João Ngoma classifica a tendência de sedentarização como um autêntico etnocídio ou assassinato cultural, por aculturação forçada. Explicou que incutir neles outra forma de pensamento, desde a interpretação cultural, superstição aos ritos reais ou simbólicos, “inculcando uma alteridade adaptada fora do sistema de relação entre eles e as suas coisas, fora do seu tempo-espaço e contexto, é um autêntico etnocídio”. Para reforçar a sua tese, recorreu ao adágio segundo o qual “o homem é produto do seu tempo e da sua cultura”. Outra preocupação do antropólogo tem a ver com a desorganização socio-económica, político-religiosa e cultural, pensada e criada num dado momento e contexto. Trata-se de uma organização social assente na cultura e fundada nas idiossincrasias com mentores, sabedores, inteligentes e cultos que tiveram todo cuidado de transmitir essa cultura como filosofia para melhor se servirem e viver. Para si, a existência desses grupos no reportório histórico angolano dá o sentido a uma etno-história, desde as origens aos nossos dias, simbolizando um facto, uma memória, victória e sagacidade, além de vi-

rilidade, resistência e existência. Lembrou que nem todas as políticas arquitectadas para a cidade de Luanda são cabíveis às comunidades Khoi e San. Aliás, disse ser um erro pensar assim. Esclareceu que os sócio-culturais não-bantu, Khoi e San (Khoisan) são milenares e constituem juntamente com os “vatwa”, os primeiros povos a habitarem o território angolano, ainda que actualmente estejam deambulando pela parte Sul de Angola, designadamente, nas províncias da Huíla, Namibe, Cuandu Cubangu e Cunene. “Antropologicamente, sedentarizar os Khoi e os San é priválos do nomadismo, que os mesmos consideram como o seu modus vivendi. A acontecer, deve esperar-se que os khoisan se sintam imediatamente presos na sua terra, casa e nas suas aldeias, provocando alteração no seu dia-a-dia”, realçou. Finalmente, João Ngoma classificou o nomadismo dos Khoisan como um legado herdado dos seus ancestrais, um aprendizado que se cumpriu no processo de endoculturação e pura socialização, por remeter os próprios membros ao processo de inclusão, que representa, igualmente, um acto de solidariedade, quando o mesmo tem função laboral.


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sociedade

O PAÍS

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Mais de 15 anos depois Executivo extingue 5ª e 6ª classes da monodocência A extinção vem expressa em Diário da República Iª Série, n°123, de 12 de Agosto de 2020 que, desta forma, permite o professor deixar de ministrar aulas em até nove disciplinas. O SINPROF diz que a monodocência causou danos irreparáveis na educação, mas aplaude a iniciativa

Milton Manaça

S

egundo o documento que altera a Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino n° 17/16, de 7 de Outubro, a decisão visa reafirmar o papel nuclear do professor e o reforço do rigor na formação dos alunos. Assim sendo, o Executivo volta a ordenar que a monodocência seja ministrada no sistema de educação nacional apenas da 1ª a 4ª classe, tal como funcionou antes da implementação da Reforma Educativa em 2004. O Diário da República em referência, estabelece que a monodocência na 5ª e 6ª classes será feita nos termos a regulamentar em diploma próprio. Em finais de 2017, o ex-secretário de Estado da Educação, Joaquim Cabral, reconheceu que a Reforma Educativa alcançou apenas um dos quatro objectivos preconizados, designadamente, a expansão da rede escolar. Os outros três objectivos definidos na altura pelo elenco do

ex-ministro Mpinda Simão, a melhoria das aprendizagens dos alunos, a equidade do sistema de educação e a eficácia interna do sistema caíram em saco roto. Refira-se que desde que se fizeram os primeiros ensaios nas escolas, em 2002, os professores sempre se mostraram contra a inclusão dessas classes na monodocência, em virtude do número de disciplinas e as especificidades das mesmas. “Nunca fomos ouvidos” Em declarações a OPAÍS, o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), Guilherme Silva, disse que a decisão peca

por ter sido tomada muito tarde face àquilo que considera os danos causados na educação. Guilherme Silva disse que volvidos 18 anos, os danos são visíveis e o maior reflexo é a má qualidade doensino. O responsável frisou que ao longo dos anos o SINPROF, organizações da sociedade civil e académicos foram se batendo para que se cancelasse a monodocência nas classes em referência por considerarem que eram difíceis o alcance dos objectivos. O sindicalista disse que a decisão foi tomada para se ter menos professores, sobrecarregar e pagá-los mal, afirmando que em

momento algum foram chamados para darem as suas opiniões antes da implementação. Para o SINPROF, esta medida ao invés de reformar veio deformar a educação do pós-independência sem que os actores principais, professores, fossem ouvidos, tão pouco os pais e encarregados de educação. Explicou que antes da generalização ainda apresentaram uma contribuição que visava a correcção dos aspectos negativos, o que não foi levado em consideração. “Mesmo com as chamadas de atenção nos impuseram a Reforma e por fim tentou-se imputar

responsabilidades ao professor. Nós temos excelentes professores, mas o problema está em políticas públicas erradas que foram sendo adoptadas para a Educação”, disse. Guilherme Silva entende que o outro factor que contribui para a baixa qualidade do ensino no país é a baixa fatia do Orçamento Geral do Estado (OGE) alocado ao sector. Todavia, o SINPROF considera positiva a medida sublinhando que a partir deste momento novos passos começarão a ser trilhados para a melhoria da educação, particularmente nas classes iniciais.


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O PAÍS

Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado Covid-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 1.395 casos em Angola, com 62 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Euclides da Lomba

“O ministério não tem função executora de projectos” O músico Euclides da Lomba, que aqui fala nas vestes de director Nacional da Cultura e Artes, do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, traça nessa conversa os meandros da acção do ministério que tutela a acção e o movimento cultural no país, num período em que surgem várias queixas da classe artística em relação aos apoios, sobretudo financeiros Jorge Fernandes

O

mundo enfrenta uma fase difícil e o ‘mundo’ artístico não é excepção, pois é um dos mais afectados com a pandemia, devido à suspensão de actividades e, por via disso, agravaram as condições financeiras. Quais são as principais reclamações dos fazedores de arte nesta fase e o que está a ser feito pelo MCTA? É mais uma oportunidade em abordarmos um assunto vigente, e temos de ter a ponderação de dizer que não é culpa do Estado, a situação da pandemia, ninguém planificou. E a situação pandémica veio reestruturar o sistema de funcionamento do mundo todo. Felizmente ou infelizmente em Angola, tem sido o Estado o único que tem feito investimentos directos aos aspectos ligados à Cultura. Não há outro suporto que faz, se o faz, fá-lo de maneira não responsável ou comprometida com os objectivos que se quer de uma Nação. Portanto, é o Estado que faz os investimentos na ordem dos equipamentos culturais, é também ele que de forma directa ou indirecta tem apoiado nos seus diferentes níveis a realização dos grandes eventos culturais. O que quer com isso dizer? Nós temos uma agenda cultural permanente e ela tem sido cumprida geralmente a quase 100 por cento. No entanto, criou-se um paradigma novo aparece dentro da vida cultural um novo movimento.

Que são os produtores de eventos que podem ser inseridos naquilo que chamamos de “showbiz”. Portanto, o enquadramento de todas as acções de governação estão determinados por níveis. A começar com o nacional, provincial, municipal, distritais, comunais, dos bairros e assim sucessivamente. É nessa ordem de ideias que também funciona toda a estrutura do Ministério. Se bem entendemos, quer dizer que essas reclamações apontadas pelos artistas devem ser direccionadas conforme os níveis que enumera?

Fica difícil compreender a forma quase que pressionada que se faz ao ministério, sobretudo neste período de pandemia em que o mundo “parou” e todos os investimentos projectados foram adiados e só quando a vida voltar ao normal talvez voltemos às atribuições e competências que o Estado angolano em definitivo nunca deixou de exercer. Director Euclides, que canais os artistas e classe no geral devem direccionar as suas preocupações? Tem piada que precisamente em Luanda, as pressões são feitas não ao nível da direcção provincial da Cultura. Portanto, os agentes cul-

turais quando fazem alguma pressão fazem-no directamente ao ministério. Anteriormente funcionava assim. Onde as pessoas apresentavam os seus projectos e planos de trabalho e o Estado é quem assumia. No entanto, não tira nenhuma legitimidade de o Estado dizer que não tenha condições de fazer, aliás, nem foi preciso a pandemia, antes disso já estávamos com dificuldades em materializar alguns projectos. Quais são alguns desses projectos? Estamos a falar de projectos internos como o FENACULT, o Variante, o Carnaval, as efeméri-

des ligadas aos museus, ao teatro, à música, inclusivamente as festas populares. No entanto, começamos a atacar o ministério como se ele tivesse funções executoras. Qual é então o papel do ministério? O ministério não tem funções executoras. A função dele é criar normas, procedimentos, acções aquilo que chamamos de leis e, sobretudo, acções metodológicas, que são passadas directamente às direcções provinciais e daí em sequência seguem aos municípios, distritos e comunas etc. Qual tem sido a relação do ministério e essa cadeia que acaba de explicar? A relação é directa e, casualmente, é a direcção nacional que tem contacto directo com todo o movimento artístico que se faz no país. Fica incompreensível que alguém que viva fora de Luanda não tenha a sua acção ligada ao governo provincial. A maior parte das pressões, em definitivo, são aceitáveis, mas o cidadão deve direccionar a sua preocupação na sua zona de residência. Isso para Luanda e as demais províncias. Os governos provinciais é quem devem criar acções e programas, porque é assim que acontece, inclusive têm verbas alocadas que devem ser geridas para satisfação dos seus concidadãos. E essas respostas não têm sido dadas aos agentes culturais? Acredito que exista má informação. Porque tornou-se um hábito de se atacar logo o ministério. Vêse como uma instituição que não apoia ou que não tenha iniciativas, inclusive para assuntos sociais. Como assim? Se formos ver os assuntos ligados à pandemia, dos encontros feitos com a classe para se discutir a possibilidade de medidas de alívio, como é feita noutros sectores, mas


O PAÍS Segunda-feira,24 de Agosto de 2020

quando fomos ao debate as reclamações apresentadas foram aquelas de fórum social. Mas aí a reclamação é directa por ser o organismo de tutela? O Estado é um ente do bem, por isso existe o ministério para representar uma classe. No entanto, a questão de fome, de assistência médica e medicamentosa, existem organismo próprios para esses fins como é o caso do Ministério da Acção Social. Ou seja essa é a entidade do Estado cuja finalidade é dar assistência ao cidadão. Fica, no entanto, errado que o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA) tenha atribuições sociais. Todavia, fala-se muito da falta de apoio social para os artistas. Enquanto entes da classe é ao Ministério de tutela que devem bater as portas? A grande maioria dos músicos e outros artistas têm outras funções ao nível do funcionalismo público, inclusivamente muitos são reformados, alguns até do MCTA. Temos estado a ouvir pelos órgão de comunicação social que não recebem nada do ministério, que acabamos por não entender. Não considera legítimas essas reclamações? Repare que os direitos de autor não funcionam, o ministério está a trabalhar por via do Serviço Nacional de Direitos de Autor e Conexos, que, lamentavelmente, e aqui temos de dar a mão à palmatória, porque ninguém recebe nada pelos seus trabalhos executados. Efectivamente, existe a intenção de se querer criar uma carteira profissional do artista. Isso sim o Estado tem de criar. E se estava a aventar a possibilidade de a questão dos direitos ser efectivado por uma associação, que infelizmente tem tido nos últimos anos diferentes constrangimentos da sua organização interna. De que associação se refere? Temos a SADIA, por exemplo, que recentemente lançou duas iniciativas de apoio social aos artistas. Uma que tem a ver com o cartão de compras e a outra de uma monitorização das músicas para os artistas recebam pelos seus trabalhos divulgados em rádios e televisões. Há alguma coordenação com o ministério? Não sabemos em que circunstâncias que se criou isso, mas a SADIA tem competências para isso. Quer a SADIA quer a UNAC, as pessoas aderem segundo a sua afinidade e o ministério não tem como exigir que os artistas sejam membros de

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determinada associação. Elas têm relações com algumas congêneres ao nível do mundo, como a OMPI que garante a protecção e direitos de autor e da propriedade intelectual. Entretanto, Angola assina vários acordos de cooperação, é membro de várias associações, em que inclui a SADIA. No entanto, aquilo é um complexo sistêmico de gestão. Refere-se exctamente à questão da monitorização para rádios e televisões? Sim. Olha que, aquilo exige profissionalismo para gerir esses produtos. Deixa-me dizer que não é obrigatório que os artistas sejam filiados a uma dessas associações. Porém, é dever do Estado garantir que a sua criação intelectual seja protegida por cidadãos nacionais. Nós temos dificuldades em distribuir e temos provas (aqui também falo como artista, pois casualmente estamos como director), em pagar os nossos pares. Não basta que se pague apenas as criações angolanas, como também temos de o fazer com as criações internacionais que aqui passam. Não acredita na funcionalidade desta iniciativa? Eles estão melhor preparados quanto a esse acompanhamento, que os permite saber quando à

obra divulgada ao nível da música, onde foi consumida etc. E aqui estamos a fazer incorrer em alguma falta de conhecimento profissional. Imagine que a OMPI ou a Sociedade Sul Africana, diga que Angola tem de vir receber só de direitor de autor 4 milhões de dólares por ano. Nesse caso Angola por quem representada? Já lhe vou explicar. Aí é onde está a ratoeira em que nos querem meter. Porque quando lá formos exigir o pagamento destes 4 milhões, o contrário também nos será exigido pela execução de obras estrangeiras cá. É uma faca de dois de gumes. Daí que temos de agir com profissionalismo. Gestão é ciência. Aquilo é gerir produtos de obras de consumo de artistas internacionais e os locais. Não é uma coisa tão simples quanto parece. E não sei se estamos preparados para entregar competências a essas estruturas. O ministério, por outro lado, traça políticas e nisso já algum tempo foi aprovada a Lei do Mecenato assim como dos Direitos de Autor e Conexos, porém não se vê os louros destes instrumentos. O que está em falta? O poder decisório implica apro-

vação, implementação, fiscalização, tem uma série de sistemas complexos. E aqui, uma vez mais o artista, digo também que está a demorar a execução. O que defendo é que devemos começar a discutir Cultura tecnicamente e deixar de procurar por culpados. Às vezes se o projecto está em falta de um parecer técnico, por exemplo do Ministério das Finanças, da AGT, aquilo pára. Por outro lado, continuam queixas se quisermos de falta de recursos incluindo de produtores de evento, em que sequer há mão do ninistério? A questão está na maneira como se aborda o ministério se fosse impávido e sereno, que nada faz. Todo o movimento artístico, desde 1975 à data actual tudo o que se fez é porque o Estado ainda é o maior sponsor, até na produção de eventos. Os produtores de eventos pareciam que estavam numa onda diferente, mas desde que surgiu o “dilúvio”, afinal vimos que estamos no mesmo barco. Produção de eventos e Cultura faz o mesmo par mas com conceitos diferentes. Quais são as diferenças a assinalar? Produção de evento é outro conceito que faz parte da Cultura mas

que tem como objectivo, a obtenção de rendimentos. Vende produtos culturais. Então, não vamos confundir. E em relação à falta de recursos? Devo assumir que tem-nos faltado comunicar. Temos estado a comunicar muito mal, sobre aquilo que são as nossas acções. Mesmo em relação à questão do Fundo de Apoio à Cultura. Todos os anos sai mas não é informado como esse sistema sai. Aproveitando a ocasião e para destapar algumas incompreensões pode explicar-nos como funciona o Fundo? O Fundo tem de ser gerido de forma aberta e transparente. Sugeria que as pessoas deviam candidatar-se um ano antes. Por essa altura de Setembro entravam os projectos, para virem a ser financiados no ano a seguir. E no início do ano dava-se logo a conhecer os projectos aprovados. O que tem estado a acontecer, como os recursos são parcos, nós andamos a distribuir pobreza, não pode ser assim. Quais são os critério para admissibilidade e quem o gere? Gere o ministério e não concordo com os critérios. Ele é anual e os valores estão estabelecidos por lei. Os critérios não podem ser escondidos, pelo Gabinete de Estudos e Planeamento (GEP), porque são divulgados oficialmente pelo próprio Ministério das Finanças. Temos que ser mais transparentes. Porque quando pedes 5 milhões e dão-te apenas 2, não alcanças os teus objectivos nem muito menos o teu projecto causará impacto. Sou apologista de que era melhor com base nos critérios, era melhor apoiar um projecto por ano e que lhe fosse dado quase todo o valor proposto e as acções e as fases deste projecto seriam fiscalizadas, e talvez teria mais impacto porque ele conseguiria realizá-lo quase que na totalidade. Desconheço os critérios e não sei como funcionam, mas temos estado a distribuir pobreza. Esses projectos para acesso ao Fundo não passam pelo gabinete Nacional de Cultura e Artes? Não. Aqui chegam aqueles projectos macros, como são os casos das actividades permanentes, datas festivas como o Dia Nacional da Cultura, o Variante, o FENACULT, o Prémio Nacional de Cultura e Artes, mas mesmo assim, temos secretários que respondem pela organização de cada uma dessas actividades.


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cartaz

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Opinião Partimónio

À noite no museu com Gael García Bernal Inspirado no famoso assalto ao Museu Nacional de Antropologia do México em 1985, Museu é um divertido e refrescante “artefacto” de cinema, com Gael García Bernal em modo irónico e melancólico. Chega nesta Quinta-feira às salas

A

segunda longa-metragem de Alonso Ruizpalacios (n. 1978), o realizador que nos deu Güeros (2014), um olhar centrado na juventude mexicana e com a greve estudantil de 1999 em pano de fundo, retoma a crónica do seu México através de um evento curioso que marcou a véspera de Natal de 1985: o roubo de mais de uma centena de artefactos da cultura maia e meso-americana do Museu Nacional de Antropologia. Simplesmente intitulado Museu - e distinguido no Festival de Berlim com o Urso de Prata para Melhor Argumento -, esta história que se diz ser “uma réplica da original”, conduz o espectador por um fio de perguntas retóricas que vão moldando a experiência do filme. Por exemplo: onde começa uma ideia? É aí que deparamos com Juan, a personagem de Gael García Bernal, um homem dos seus 30 anos, estudante universitário com uma

tese por concluir, que nos dias de verão trabalha na equipa que faz fotografias das peças do museu. Ele está ali um pouco desinteressadamente, apenas para sustentar os custos do próprio consumo de erva, mas um dia tem um clique mental ao observar e tocar numa máscara em exposição. Terá sido nesse momento que lhe surgiu no espírito a ideia de um assalto? Ruizpalacios não dá certezas sobre os fenómenos da consciência, nem tenta expli-

car porque é que fazemos as coisas que fazemos. E esse assumir da suspensão da verdade individual é um dos pensamentos graciosos veiculados pela voz off que faz a narração. Juan vem de uma família da classe média, é filho de um médico (interpretado pelo notável Alfredo Castro), e embora não lhe falte nada na casa onde ainda vive com os pais, algo o impele à ação criminosa juntamente com o seu amigo Benjamin (Le-

onardo Ortizgris), que é um reticente pau-mandado, por sua vez, a viver com o pai idoso às portas da morte. Os dois encetam o plano de saque de Juan, com todos os pormenores absurdos que o envolvem - como a ausência de um sistema de alarme no museu... -, e nessa noite de véspera de Natal os seus presentes serão nada mais nada menos do que peças pré-hispânicas com inestimável valor cultural (na realidade, muitos desses objetos só foram recuperados em anos recentes). Fixe-se esta palavra: inestimável. É com ela que os dois bons malandros terão de lidar, porque há uma diferença anedótica entre o valor monetário e a noção de valor cultural. Ruizpalacios explora este conceito como quem mergulha num certo misticismo dos povos indígenas e cruza a mundanidade dos protagonistas com a sedução do passado. Mas, mais do que isso, o que é refrescante em Museu é o seu fino tom humorístico e a inteligência

de conjugação da narrativa individual com o impacto colectivo deste roubo, que levou a uma tomada de consciência pública do significado daquelas peças para os mexicanos. De resto, é um filme muito ágil na construção do prazer de quem segue uma boa história, sem deixar que as manobras animadas de estilo visual - e aqui diga-se que é também uma interessantíssima experiência sonora - se sobreponham ao sabor da viagem pela psique de um assalto e os seus danos colaterais. Pelo contrário, essa verve estilística alimenta a qualidade de diversão que reveste Museu, combinando-se com o rosto melancólico de Gabriel García Bernal, sempre na vertigem da ironia mais arguta. A certa altura, ele é confundido com “aquele actor famoso”, e o gracejo cai que nem ginjas num filme que faz a apologia da réplica. Caso para dizer que não trocamos a(s) réplica(s) por qualquer original.

Exibição

solidariedade

CINEMA

luto

CELEBRIDADES

Pandemia silenciou bandas de música neste verão sem festas

Quem são os novos reis da comédia em Hollywood?

Morreu Walter Lure, dos lendários Johnny Thunders & The Heartbreakers Facebook

Aos 38 anos, Britney Spears pede ao tribunal para tirar ao pai o controlo sobre a sua vida

A pandemia de Covid-19 silenciou as bandas de música como as do Pontido e Sanguinhedo, no distrito de Vila Real, que ficaram sem serviços neste verão devido ao cancelamento das festas tradicionais e romarias. É no verão que as bandas filarmónicas têm a maior parte das suas actuações, quer seja em concertos, arruadas, missas e procissões em festas religiosas e tradicionais. No entanto, em 2020, a Covid-19 cancelou praticamente tudo e os músicos ficaram em silêncio. Os ensaios foram suspensos em Março, as sedes continuam fechadas, as cadeiras vazias e os instrumentos parados. “Está a ser um verão atípico”, afirmou à agência Lusa Lionel Eira, maestro da Banda Musical do Pontido, em Vila Pouca de Aguiar. 16:03

Nesta semana chega aos ecrãs a comédia com laivos de tragédia O Rei de Staten Island, em que brilha um dos novos reis da comédia americana, Pete Davidson. Já agora, quem são os novos comediantes de Hollywood? Davidson, comediante da novíssima geração, é o co-argumentista da comédia de afectos O Rei de Staten Island, o novo filme de Judd Appatow, um dos reis da comédia de Hollywood. O realizador de Virgem aos 40 Anos e Gente Gira pega na própria experiência traumática do comediante, alguém que perdeu o pai bombeiro no 11 de Setembro, para construir uma teia dramática e cómica sobre as responsabilidades de um jovem adulto em Staten Island.

Morreu Walter Lure, guitarrista dos The Heartbreakers, lendária banda punk dos anos 70 também conhecida como Johnny Thunders & The Heartbreakers. De acordo com a página do clube de Los Angeles Starwood no Facebook, Lure morreu devido a um cancro no fígado e nos pulmões, que só lhe foi diagnosticado em Julho deste ano. O guitarrista era o único elemento ainda vivo do conjunto que gravou o primeiro álbum dos Heartbreakers, “L.A.M.F.”, de 1977. Johnny Thunders, líder da banda, faleceu em 1991. Após o fim da banda, Lure continuou a tocar com outros grupos, como os The Waldos.

Há 12 anos que James Spears é o guardião legal da filha, a cantora Britney Spears. Tudo devido à preocupação em torno da sua saúde mental. Mas agora, aos 38 anos, a estrela da música decidiu recorrer ao tribunal para não renovar o direito do seu pai a controlar vários aspectos da sua vida e da sua carreira. Em 2019, o próprio James Spears afastou-se do papel de guardião legal da filha, alegando problemas de saúde. Convencidos de que Britney foi forçada a aceitar este acordo contra a sua vontade, muitos fãs da cantora têm organizado uma campanha para a “libertar” do controlo do pai, com a hashtag #FreeBritney a ganhar popularidade no Twitter.

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A pequena Becky Hooper vai passar o fim-de-semana à casa do pai junto a um lago. Ao mesmo tempo, quatro condenados fogem de uma carrinha de transporte prisional e invadem a casa.

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Economia

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O PAÍS

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Literacia financeira em seminário a partir de hoje em Luanda A

Petrolífera francesa retoma perfuração em Angola

A iniciativa é do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira e vai reunir técnicos do INIDE que vão trabalhar na expansão da literacia financeira através do ensino nos vários ciclos

Miguel Kitari

C

omeça hoje (24 de Agosto) um Seminário sobre a inserção de conteúdos de Literacia Financeira no programa curricular nacional obrigatório. A iniciativa, que vai decorrer até 18 de Setembro, visa o desenvolvimento de competências de 100 técnicos do INIDE e autores de materiais curriculares em matéria de educação financeira. Resultará na identificação dos conteúdos de Educação Financeira que serão integrados nos materiais curriculares do Iº ao IIIº ciclo de ensino. De acordo com a organização, para todos aqueles que estiveram envolvidos no processo chegou o momento decisivo que visa o aumento do conhecimento e compreensão dos mistérios do dinheiro, do saber que realmente enriquece. O Secretário Executivo do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira, Luzolo de Carva-

Ministério das Finanças preocupado con a literacia financeira

lho, avançou que o seminário será ministrado por representantes dos reguladores do Sistema Financeiro Angolano (SFA) e da AGT, e abordará temáticas transversais à banca, seguros, mercado de capitais e tributação. A formação decorre no âmbito do Programa de Adequação Curricular (PAC 2018-2026), aprovada pelos membros do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira (CNEF), designadamente, o Banco Nacional de Angola (BNA), a Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), e a Administração Geral Tributária (AGT). A inserção dos conteúdos de Literacia Financeira no programa curricular nacional obrigatório insere-se no Projecto de Desenvolvimento do Sistema Financeiro (PDSF), braço financei-

O seminário será ministrado por representantes dos reguladores do Sistema Financeiro Angolano (SFA) e da AGT, e abordará temáticas transversais à banca, seguros, mercado de capitais e tributação

ro do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, como um dos pilares da Inclusão Financeira. Sobre o PDSF O Projecto de Desenvolvimento do Sistema Financeiro 2018-2022 (PDSF) estabelece um plano cronológico de acções a implementar pelos supervisores, que visam a promoção de um sistema financeiro mais resiliente. Neste âmbito, é da competência do Secretariado Executivo do CNEF o acompanhamento destas acções, facilitando a introdução de reformas ao sistema financeiro angolano. O PDSF resultou do contributo directo de equipas do MINFIN, BNA, CMC, ARSEG, UIF, Secretariado Executivo do CNEF e do Banco Mundial.

petrolífera francesa Total anunciou, ontem Domingo, a retoma da perfuração offshore Angola com a plataforma Skyros. De acordo com o anúncio publicado no site da Petro Angola, a petrolífera revelou os seus planos de curto e médio prazo para as operações em Angola, onde é responsável por cerca de 50% da produção do ouro negro, citado pela Angop. O plano prevê, ainda, mais duas operações a iniciar na semana que se segue. Em Maio deste ano, a petrolífera havia, no entanto, anunciado que haveria novas perfurações para a produção de crude devido aos efeitos da pandemia. Na nota publicada, a empresa reconheceu que a crise causada pela Covid-19 e a queda dramática nos preços do petróleo impactaram na economia mundial a qual não estava imune. Em resposta, a Total elaborou um plano de acção a nível do grupo para reduzir os seus investimentos, nomeadamente a “opex” e o programa de “buyback”. A empresa também está focada em projectos já sancionados, como Zinia Fase 2 e Clov Fase 2 no Bloco 17 ou Caril e Mostarda East no Bloco 32. A Total garante ainda que está a acelerar as suas actividades offshore Angola e reiniciará a perfuração de poços, assim como realizará aquisições sísmicas e operações não rotineiras de produção e manutenção em ambos os blocos 17 e 32. A plataforma Skyros já se encontra no Bloco 32 e a Maersk Voyager deve reiniciar a per¬fu¬ração no final de Agosto, enquanto o reinício da West Ge¬mini é esperado nas próximas semanas, de acordo com o anúncio. A companhia petrolífera francesa aparece assim em primeiro lugar a reiniciar as actividades offshore não essenciais em An¬gola. O relatório de estado das frotas da Maersk Drilling confirmam a retoma das operações da Total em Angola.


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Fazenda espera colher mais de 20 mil toneladas de ananás este ano

Huambo tem condições para fornecer matéria-prima para fábrica de comésticos

Huambo pode aumentar produção de abacate O abacate é dos frutos mais produzidos e colhidos na província do Huambo. Todos os municípios possuem condições para o desenvolvimento da referida cultura

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uatro mil plantas de abacateiro, para o fomento produtivo, serão entregues, ainda este ano, às comunidades rurais dos 11 municípios da província do Huambo, no quadro do Programa Integrado de Combate à Pobreza. De acordo com o director do Gabinete provincial da Agricultura no Huambo, Toni Camati, foi criado um Cluster de plantas de abacateiro, que está a ser desenvolvido no Instituto de Investigação Agronómico (IIA). Toni Camati informou que o programa prevê beneficiar cinco mil e 342 famílias, em condições de vulnerabilidade acentuada, ao mesmo tempo que se preten-

de estimular a produção de abacates em maior escala. Sem avançar custos para a implementação do projecto, o responsável avançou ser pretensão da sua direção incentivar o comércio nas comunidades rurais, visando a sua auto-sustentabilidade e o aumento das receitas económicas para essa região do Centro do país. Acrescentou que “técnicos de fruticultura da direcção da Agricultura e Pescas já trabalham no melhoramento da diversidade frutícola local, tendo adoptado um sistema de cruzamento que permite atribuir qualidade aceitável ao produto”. Para ele, não interessa trazer variedade exóticas que podem

não ter boa adaptação e causar prejuízos a este projecto de repovoamento. Quanto ao “Cluster”, disse que tinham dificuldades de bolsas para aumentar as plantas de abacateiro, mas já superaram este problemas e vão aumentar a produção, para abranger o maior número de famílias residentes nas comunidades rurais, referindo que a distribuição está prevista para o período da estação chuvosa. Sobre o Huambo Província com fortes referências na agricultura, o Huambo é dos maiores produtores de abacate em Angola, com os seus 11 municípios a contribuírem na produção. Sabe-se que havia um projecto no Ministério da Agricultura que visa a exportação de abacates e a sua transformação em cosméticos, mas não possou disso mesmo. Enquanto isso, quantidades enormes do produto se estragam por falta de mercado para escoamento.

A

fazenda Cassete, localizada a 45 quilómetros da cidade de Saurimo, província da Lunda Sul, prevê colher, na presente campanha, 24 mil toneladas de ananás, contra as oito mil em igual período anterior. Com uma produção de mais de sete mil pés de ananás, a fazenda Cassete tem uma área total de 200 hectares, sendo 150 plantados com a fruta. Em perspectiva está também a produção de 10 mil toneladas de couve e cinco de jindungo. Segundo o sócio gerente, Armindo Moreira, a fazenda emprega, actualmente, 20 trabalhadores nacionais, com um investimento anual de mais de 160 milhões de Kwanzas, para vários investimentos e manutenção de equipamentos. Armindo Moreira informou que, além do jindungo, couve e ananás, a fazenda está a apos-

tar no plantio do tomate, tubérculos (mandioca, bata rena e bata doce), feijão verde, criação de seis tanques de tilápia e bagre, bem como uma centena de gado bovino. A produção é feita com investimentos próprios, lamentando a burocracia da banca em conceder créditos, tendo em conta que o projecto incluiu a ampliação das zonas de plantio e instalação de uma pequena indústria fabril de transformação de sumos de ananás e manga. No tocante ao escoamento do produto, disse que tem a Sociedade Mineira de Catoca (cliente fiel), mercados de Saurimo, Lunda Norte e Moxico. Para 2021, prevê a plantação em grande escala de repolho, cenoura, milho, pepino, alface, melancia, limão, laranja e turanja para diversificar a produção. Com Angop


Mercados

Mercado Taxa de juro Taxas de Juro 15,5% 0,314% 0,115% -0,041% -0,441% 16,21%

Cot. 07/08/20 0,000 -0,018 -0,010 -0,020 -0,009 -0,150

∆ Diária (p.p) 14/08/20 17/08/20 18/08/20 19/08/20 20/08/20 21/08/20

Índices Accionistas Cot. 07/08/20 27 817,11 -0,408 3 387,70 0,440 5 998,87 -1,497 101 274,80 -0,078 4 718,84 0,302 22 880,62 -1,585

∆ Diária (%) 14/08/20 17/08/20 18/08/20 19/08/20 20/08/20 21/08/20

0,30% 0,29%

Cot. 07/08/20 1,585 -0,540 -0,023 -0,600 -1,468 3,688

03/08/20

05/08/20

Mercado Accionista Os índices bolsistas apresentaram tendências indefinidas na última semana. O Dow Jones (EUA) e o FTSE 100 (Reino Unido) recuaram em 0,41% e 1,49% ao se fixarem em 27.817,11 pontos

27 400,0

27 100,0

26 800,0

26 500,0 01/08/20

03/08/20

05/08/20

Mercado Cambial O dólar norte-americano apreciou na última semana face às principais contrapartes. Ao se fixar em 1,1778 USD/EUR e 1,3083 USD/ GBP o dólar apreciou 0,54% e 0,02%, respectivamente.

1,1890

1,1810

1,1730

1,1650 01/08/20

03/08/20

05/08/20

Mercado de Matérias-primas

45,20

Commodities 41,92 44,00 1 910,90 26,76 2,36 293,95

Cot.07/08/20 -0,214 -1,786 -1,347 2,572 0,340 1,995

∆ Diária (%) 14/08/20 17/08/20 18/08/20 19/08/20 20/08/20 21/08/20

44,00

03/08/20

05/08/20

Cot. 07/08/20 -0,010 0,050 -0,010 -0,150 -0,030 -0,030

∆ Diária (p.p) 14/08/20 17/08/20 18/08/20 19/08/20 20/08/20 21/08/20

rem em 44 USD/Barril e 41,92 USD/Barril, respectivamente, pressionados pela incerteza relativamente ao desempenho económico mundial.

07/08/20

Luibor 1 Ano

Luibor Taxas BNA 15,40 15,03 15,42 16,21 17,28 18,19

A cotação do crude reduziu ao longo da semana. O Brent, que serve de referência às exportações de Angola, reduziu 1,79% acima da redução do WTI em 0,21% ao se fixa-

44,60

43,40 01/08/20

As expectativas quanto às eleições de Novembro próximo com a indicação de Joe Biden como candidato do Partido Democrático, poderá ter contribuído para o desempenho do dólar.

07/08/20

Brent Crude Fut.

Mercado das commodities

e 5.998,87 pontos respectivamente. Por outro lado, o S&P 500 (EUA) e o CSI 300 (China) aumentaram em 0,44% e 0,30% ao se fixarem em 3.387,7 e 4.718,84 pontos, respectivamente.

07/08/20

EUR / USD ∆ Diária (%) 14/08/20 17/08/20 18/08/20 19/08/20 20/08/20 21/08/20

uma contracção da economia no IIº Trimestre de 2020, em 7,8%, poderá ter contribuído para a redução da taxa.

07/08/20

Dow Jones (EUA)

Mercado cambial Taxas de Câmbio 584,7394 1,1778 1,3083 105,9600 17,1323 5,6231

A taxa Libor JPY 6 meses recuou 2 p.b. na última semana ao se fixar em -0,041%. A divulgação dos dados que apontam para

0,31%

Mercado accionista

O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

Mercado Interbancário

Libor USD 6 Meses

0,28% 01/08/20

20

Luibor

18,20%

As taxas Luibor recuaram na generalidade das maturidades com destaque para a Luibor 6 meses que reduziu 15 p.b. ao se situar em

18,19% 18,19% 18,18% 01/08/20

03/08/20

05/08/20

07/08/20

16,21%. A Luibor 1 mês seguiu sentido inverso ao se situar em 15,03% uma redução de 5 p.b. face ao fecho da última semana.


O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

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Hagi Jawara, o empresário filantropo que veio da Gâmbia No final da década de 80, Hagi Jawara chegou a Angola depois de ter abandonado o então Zaíre de Mobutu Sesse Seko. De um simples comerciante de material de plásticos e rádio, o gambiano tornou-se o dono de uma rede de armazéns e uma fábrica de papel higiénico, guardanapos e outros produtos virgilio pinto

Dani Costa

A

s fotos na parede chamam a atenção de quem entra no escritório instalado num primeiro andar situado na Rua Nova Luz, no bairro Hoji Ya Henda, no município do Cazenga, em Luanda. A referida rua ficou conhecida, no início da pandemia, devido aos casos de Covid-19 que se registaram neste município que já foi um dos mais populosos de Luanda. A rua que esteve no centro dos primeiros casos esconde no seu interior a sede de um dos maiores filantropos entre os empresários africanos radicados em Angola: Haggi Jawara. É o padrinho da maioria dos trigémeos nascidos no país e durante uma época fazia doações avaliadas em vários milhares de dólares norte-americano. Natural da Gâmbia, Jawara é desde 2000, isto é há 20 anos, o cônsul-geral do seu país em Angola. Chegou em finais da década de 80, depois de ter decidido abandonar o então Zaíre, de Mobutu Sesse Seko, a actual República Democrática do Congo. Na altura, como recorda, a economia angolana era centralizada. Mas preferiu acreditar no seu futuro porque não concordava com os ‘preços especulativos que eram praticados por muitos comerciantes europeus’. ‘Estou aqui há 30 anos. Na Gâmbia já não conheço ninguém. Mesmo que regresse um dia, não sei o que irei lá fazer mais. Os meus filhos já nasceram aqui, têm cédulas e devem ser angolanos também’, contou o homem, alto, barbudo, com o corpo coberto por roupa feita com tecidos africanos. As mais de três décadas transformaram-se em história que ele conta com orgulho a todos que o visitam. Estão espalhadas na parede do escritório, em recorts de

jornais e fotografias antigas. São encontros com personalidades angolanas da base ao topo, entre figuras políticas, castrenses, empresariais e da própria sociedade civil. Mas três fotografias prendem a atenção: uma com o ex-Presidente José Eduardo dos Santos e outras duas com o actual Presidente João Lourenço. As objectivas não deixaram de lado outras duas entidades africanas com fortes ligações a Angola: o moçambicano Mussagy Jeichande e o maliano Alioune Blondin Beye. Dois antigos representantes do secretário-geral das Nações Unidas em Angola, tendo o segundo falecido nos esforços para a paz que só veio a ocorrer em 2022. Os primeiros momentos em que pisou o solo angolano continuam vivos. Era um país em guerra, mas com muitas oportunidades. Foi isso que fez com que recorresse a um empréstimo do seu progenitor, então radicado na RDC, para que desse o primeiro passo para constituir aqui-

lo que é hoje o seu grande orgulho: as organizações Samuja.

‘Quando o Covid terminar vamos mandar vir mais matéria-prima’, garantiu. E acrescentou: ‘o banco complica. Colocamos o dinheiro no banco, mas não fizeram nada. Estamos a aguardar financiamento até agora’

Tempos difíceis vão passar A alegria com que recebe a equipa de OPAÍS, no primeiro andar, contrasta com o ambiente que se vive no rés-do-chão, local em que está parte dos armazéns que dão corpo às organizações Samuja. Outrora apinhado de gente que frequentava o conhecido mercado do ‘Arreiou-Arreiou’, no Hoji Ya Henda, à procura de roupas, electrodomésticos e material de plástico para revenda, alguns dos armazéns estão fechados e os comerciantes oeste-africanos que lá se encontravam acabaram por abandonar o país. Haji Jawara lembra, com nostalgia, que na década de 90, depois das escaramuças originadas na ressaca pós-eleitoral de 1992, teve que reconstruir os armazéns ‘pedra por pedra e chapa por chapa’. ‘Samuja é uma grande empresa. Tivemos muitos armazéns e mercadorias, mas a economia do país não está boa neste

momento. Ainda assim não vamos desistir’, contou o empresário, que alega ter afastado alguns trabalhadores por causa da pandemia da Covid 19. Uma fábrica de papel higiénicos, guardanapos de mesa e de bolso que instalou no bairro Palanca, em Luanda, há alguns anos, tem sido o abono de família para ludibriar a crise. Apesar de uma produção aceitável, cujos números não avançou, o investidor pensa aumentar a capacidade tão logo as condições económicas e financeiras estejam ultrapassadas. ‘Quando o Covid terminar vamos mandar vir mais matériaprima’, garantiu. E acrescentou: ‘o banco complica. Colocamos o dinheiro no banco, mas não fizeram nada. Estamos a aguardar o financiamento até agora’. A fabricação de pensos para senhoras também está na calha da unidade do Palanca. Mas é uma ideia que aguarda por dias melhores, uma vez que a maquinaria ainda precisa de ser instalada. Ao longo das três décadas, o ano de 1996 é o que mais marcou o empresário. Durante a Operação Câncer II levada a cabo pela Polícia Nacional, para conter a imigração ilegal no país, acabou detido durante duas horas. Mesmo não tendo sido deportado, nunca se esqueceu do que viveu. Por esta razão apela o Executivo no sentido de legalizar os comerciantes africanos presentes em Angola, ressaltando que esta ‘é uma forma de se travar a corrupção no país’. ‘Os europeus quando vêm têm logo vistos, mas os africanos não. Os angolanos não podem fazer isso, porque até mesmo nos anos 90, quando alguns foram embora, nós ficamos aqui a investir e a fazer negócios’, desabafou. Deixar Angola não está nos seus planos. Mas aguarda por uma mudança de atitude das autoridades sobre os africanos. ‘Temos que fazer uma união forte’, contou. E quando questionado se se sente pressionado, foi peremptório: ‘o africano não pode fazer sofrer o outro africano. No meu caso, eu estou bem: tenho orgulho porque estou também no meu país. A nossa primeira identificação é a cor’.


Mundo

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O PAÍS Segunda-feira,24 de Agosto de 2020

BAD diz que países africanos precisam de “esforço massivo” para recuperar da pandemia DR

“Nunca a necessidade de construir resiliência foi tão crítica para garantir o desenvolvimento económico, financeiro e ambiental” dos países africanos, disse o presidente do BAD.

O

presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) disse, este ontem Domingo, que os países africanos vão precisar de um “esforço massivo” para recuperar dos efeitos da pandemia da Covid-19, que anulou décadas de desenvolvimento económico, segundo o Observador. “Nenhuma nação foi poupada, a nossa humanidade colectiva está em risco, os efeitos serão profundos e prolongados, e será preciso um esforço massivo de ajuda aos países, em particular os africanos, para recuperarem da pandemia”, disse Akinwumi Adesina no discurso de boas-vindas aos Encontros Anuais do banco. “Nunca a necessidade de construir resiliência foi tão crítica para garantir o desenvolvimento económico, financeiro e ambiental” dos países africanos, disse o banqueiro, justificando a decisão de realizar pela primeira vez os Encontros em formato virtual com as medidas de contenção da propagação da

Covid-19. “A decisão de reunir de forma virtual foi motivada pela necessidade de garantir a segurança de todos nestes tempos extraordinários, em que os limites ciência foram testados, o âmbito da capacidade orçamental foi esticado até limites inimagináveis e os ganhos económicos de décadas foram perdidos para a pandemia, que abalou economias, povos e instituições em todo o mundo”, disse o banqueiro. No discurso de boas vindas aos Encontros, que decorrem de Terça a Quinta-feira, Adesina lembrou os 10 mil milhões de dólares disponibilizados através de um instrumento financeiro específico de ajuda aos países africanos para combaterem os efeitos da pandemia e vincou que este apoio é financeiramente sustentável para o banco. “Fomos rápidos a implementar o papel contracíclico de ajuda às economias, dentro dos nossos limites prudenciais, e o nosso apoio está a dar um alívio orçamental muito necessário, já que todos os países estão a lidar com

um aumento da dívida, dos défices e com necessidade urgente de mais recursos”, concluiu. A reunião deste ano surge na sequência das críticas feitas pelos Estados Unidos à decisão da comissão de ética do banco, que ilibou o presidente do banco, Akinwumi Adesina, das acusações feitas por um conjunto anónimo de funcionários sobre favorecimento de familiares e atribuição de contratos.

A comissão nomeou um grupo de trabalho, do qual fazia parte a antiga Presidente da Irlanda, para validar as conclusões da investigação, tendo o grupo concluído que Adesina devia ser absolvido de todas as acusações feitas pelo grupo anónimo de funcionários e que o comité de ética analisou de forma isenta o caso. Adesina deverá, por isso, ser eleito, para um novo mandato

de cinco anos. Em África, há 27.592 mortos confirmados em mais de 1,1 milhões de infectados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente. A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infetou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Presidente Putin e foi detido várias vezes. Alexei Navalny chegou no Sábado ao aeroporto Tegel, em Berlim, vindo de Omsk, na Sibé-

ria, a bordo de um avião com pessoal médico para ser tratado no hospital universitário La Charité. Navalny está em coma, possivelmente devido a envenenamento, embora os médicos russos que o trataram primeiro tenham falado em problemas de metabolismo. Os médicos russos inicialmente negaram a autorização para Navalny ser transferido para a Alemanha, considerando que o opositor não estava em condições para isso, mas depois cederam e permitiram inclusivamente que o ativista fosse examinado por médicos alemães. A mulher de Alexei Navalny tinha também endereçado uma carta ao Presidente russo, Vladimir Putin, pedindo para ser autorizada a deixar o país.

Transferência aérea do opositor de Putin para a Alemanha foi paga por empresário russo

O

empresário russo, Boris Zimin, radicado nos Estados Unidos da América, revelou ter sido responsável pela transferência de Alexei Navalny da Rússia, onde estava internado, para a Alemanha. A transferência de Alexei Navalny de Omsk, na Rússia, para Berlin, na Alemanha, num avião com pessoal médico para tratar um possível envenenamento, foi paga pelo empresário e filantropo russo Boris Zimin, radicado nos Estados Unidos da América, informou o próprio.

O empresário, filho do fundador da empresa de telecomunicações Vimpelcom, Dmitri Zimin, confirmou que pagou o transporte de Navalny para Berlim numa mensagem publicada no Facebook. Ao mesmo tempo, o milionário surpreendeu-se com a agitação causada nas redes sociais com esta notícia. Segundo Zimin, “é muito triste” que a prestação de uma ajuda de primeira necessidade promova tantos “palmadinhas nas costas”. O empresário acrescentou que aprecia os sinais de agradecimento, mas pediu a todos os

seus seguidores que relembrem os casos de activistas russos condenados injustamente ou torturados “até a morte”. “Convido-o a prestar atenção e apertar a mão aqueles em nosso redor que lutam por alguma causa, por princípios e consciência, arriscando as suas vidas e bemestar”, escreveu Zimin que, numa entrevista em 2018, revelou que apoia o fundo anti-corrupção de Navalny desde a sua fundação, em 2012. O activista anti-corrupção é um dos mais proeminentes críticos do


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O PAÍS Segunda-feira,24 de Agosto de 2020

DR

Pilotos do Boeing ucraniano abatido pelo Irão sobreviveram ao primeiro míssil As caixas negras do Boeing ucraniano abatido em Janeiro sobre Teerão revelaram que os pilotos ainda estavam vivos depois de o avião ter sido atingido pelo primeiro de dois mísseis, revelaram ontem Domingo as autoridades iranianas, citado pelo Jornal de Notícias

A Irmã mais velha de Donald Trump diz que Presidente “não tem princípios” e que é “cruel”

M

aryanne Trump Barry acusou o irmão de não ter princípios nenhuns, de mentir e de ser cruel, numa série de gravações divulgadas em exclusivo pelo The Washington Post no Sábado. A irmã mais velha do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, uma ex-juíza federal, criticou duramente o seu irmão numa série de gravações divulgadas no Sábado, nas quais diz que o chefe de Estado “não tem princípios”. Maryanne Trump Barry, nove anos mais velha do que o irmão, foi gravada secretamente pela sua sobrinha, Mary Trump, que recentemente lançou um livro sobre Donald Trump, Too Much and Never Enough: How My Family Created the World Most Dangerous Man. Mary Trump disse no Sábado que fez as gravações, com uma duração total de 15 horas, entre 2018 e 2019. Estas foram divulgadas em exclusivo pelo The Washington Post. Desde o lançamento do seu livro que Mary Trump foi questionada sobre a fonte de algumas de suas informações. Numa das gravações, Maryanne Trump Barry, de 83 anos, falou sobre uma entrevista de 2018 com o seu irmão na Fox News, na qual Trump sugeriu que a colocaria na fronteira para supervisionar casos de crianças migrantes que estavam a ser separadas dos seus pais e obrigadas a

aguardar que as adições em tribunal decorressem vivendo em quartos apertados. “Tudo o que ele quer fazer é apelar às suas bases”, afirmou a irmã do chefe de Estado norteamericano. “Ele não tem princípios. Nenhuns. Nenhuns. E as suas bases… Quer dizer, meu Deus, se és uma pessoa religiosa, queres ajudar as outras pessoas. Não vais fazer isto.” Noutro ponto, a irmã de Trump abordou o uso que o Presidente faz do Twitter, “O seu maldito tweet e as mentiras. Oh, meu Deus”, afirmou, admitindo que estava “a falar muito livremente”. “A mudança de histórias. A alta de preparação. A mentira”, sublinhou a Maryanne Barry. Barry também pode ser ouvida a dizer que julga que o seu irmão nunca leu as suas opiniões em relação aos casos de imigração. A certa altura, Maryanne Barry disse à sobrinha: “É a falsidade de tudo. É a falsidade e essa crueldade. Donald é cruel”. As gravações surgiram apenas um dia depois do falecido Robert Trump, irmão mais novo de Maryanne e do Presidente dos Estados Unidos, ter sido homenageado numa cerimónia na Casa Branca. “Sinto falta do meu irmão e continuarei a trabalhar arduamente para o povo americano”, disse num comunicado. “Nem todos concordam, mas os resultados são óbvios. O nosso país em breve estará mais forte do que nunca”, complementou o Presidente.

s Forças Armadas iranianas admitiram, a 11 de Janeiro, que, três dias antes, tinham abatido “por engano” o Boeing no voo da Ukraine International Airlines PS 752 entre Teerão e Kiev, pouco depois de o aparelho ter descolado do Aeroporto Internacional de Teerão. O gravador de voz do cockpit captou uma conversa entre o piloto, o co-piloto e um instrutor “até 19 segundos após o primeiro míssil ter atingido o avião”, disse o chefe da aviação civil iraniana,

Turaj Dehghani Zanganaeh, citado pelo site da Iribnews, o canal de televisão estatal do país. “O instrutor diz que a aeronave tem um problema electrónico e a fonte de alimentação auxiliar foi activada”, acrescentou a mesma fonte, partilhando pela primeira vez dados das caixas negras extraídas por especialistas franceses do Gabinete de Investigação e Análise (BEA), em Paris. “Os pilotos foram informados de que os dois motores da aeronave estavam ligados”, disse.

As caixas negras deixaram de funcionar 19 segundos após o primeiro embate. “A análise das consequências do segundo míssil não pôde ser obtida a partir das caixas negras”, disse ainda Dehghani Zanganaeh. Segundo uma fonte próxima da investigação, as declarações do chefe da aviação civil iraniana não constituem surpresa. “Nada mais pôde ser encontrado”, segundo esta fonte, para quem as causas do acidente (quem disparou e porquê) nunca serão conhecidas através da operação das caixas negras. A tragédia custou a vida das 176 pessoas a bordo do avião, na sua maioria iranianos e canadianos, muitos dos quais com dupla nacionalidade. Após acordos diplomáticos entre o Canadá e a Ucrânia, que exigiam uma peritagem internacional das caixas negras, o BEA (Bureau d’enquêtes et d’analyses) indicou, no final de Junho, que o Irão tinha oficialmente solicitado a assistência técnica do gabinete na reparação e descarregamento dos dados nelas contidos.

Manifestantes bielorrussos vão às ruas e se aproximam da residência de Lukashenko

D

ezenas de milhares de manifestantes exigindo a saída do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, foram às ruas de Minsk ontem Domingo, quando foi realizado um breve protesto perto de sua residência, enquanto o Exército bielorrusso alertou a multidão que responderia a qualquer agitação. Segundo a Reuters, as enormes manifestações em todo o país que eclodiram após a eleição em 9 de Agosto representam o maior desafio até o momento para o governo de 26 anos do líder veterano, testando a lealdade de suas forças de segurança. As ruas de Minsk ficaram vermelhas e brancas enquanto uma multidão de manifestantes carregava bandei-

ras simbolizando sua oposição a Lukashenko, gritando para ele deixar o poder e para a realização de novas eleições. A multidão fez uma passeata em direcção à residência de Lukashenko no Palácio da Independência, no extremo norte da capital, a maioria se reunindo a alguma distância. Mas um grupo menor se aproximou do local, disse uma testemunha da Reuters. Um helicóptero foi visto voando perto da residência enquanto os manifestantes se aglomeravam

abaixo, alguns gritando “covarde”, aparentemente se referindo a Lukashenko, segundo a testemunha da Reuters. Depois de algum tempo, a maioria dos manifestantes começou a voltar ao centro da cidade. Foi a primeira vez nos protestos deste mês que manifestantes se aproximaram das portas do palácio, que foi cercado por policiais armados. A aproximação ao palácio ocorreu depois que uma multidão estimada por uma testemunha da Reuters em cerca de 200.000 ter-se reunido no centro de Minsk pelo segundo fim-de-semana consecutivo. Mais cedo, o Ministério da Defesa disse que assumirá a segurança em torno dos memoriais nacionais e emitiu um alerta directo aos manifestantes, comparando-os a


OPINIÃO

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O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

Manuel Cabral

A soberania, no âmbito da cesta básica (1)

E

stamos de acordo que a longevidade dos nossos avôs está indissociável das suas rotinas alimentares, aquelas boas comidas da terra, deste solo que, embora minado até a exaustão, não perdeu a sua magia produtiva, a fertilidade que levou o Dom Caetano a cantar, e eu cito: «o meu chão tem tudo, o meu chão dá tudo; o meu povo é capaz, porque ele é camponês». Fim de citação! Mormente baseada em produtos naturais (e aqui “naturais” quer mesmo dizer sem adubos tóxicos, sem fertilizantes perniciosos e sem insecticidas “suspeitos”), a dieta nos nossos ancestrais era, simultaneamente, uma autêntica medicação, ora preventiva, ora curativa. Prevenir e controlar a hipertensão, as diabetes, os canceres e, quem sabe, até o coronavírus, tem tudo a ver com comer mais ervas, aumentar as doses de frutas, beber mais água, mesmo que seja água do rio, ao invés dos refrigerantes cujas essências vêm de avião, o mesmo avião que troxe o SARS COV 2 a coabitar entre nós. É pacífico considerarmos que o factor guerra impôs aos angolanos migrações complexas e, com isso, alterações nos usos e costumes alimentares ou nutricionais, o que deve entrar na nossa lista de “coisas por mudar”. É pois hora de tornar real a profecia de Teta Lando que, cantando “eu vou voltar”, já aludia à outra palavra profética, no caso, a de Agostinho Neto, em “Havemos de voltar”. Então, adulterando a poesia, digo: às nossas refeições baseadas em produtos do campo, havemos de voltar. Se para tal se impuser mudar paradigmas, que seja. Temos de amar a nossa família a tal ponto que coloquemos à mesa verdadeiras terapias alimentares, como

dr

seria um bom prato de maxana, uma porção de jisombe e outra de mahini, para já não ser mais “exótico” e propôr um bom prato de catato fresco, em substituição das batatas fritas embaladas além fronteira. Se a influência de culturas exógenas continuarem a determinar a rotina alimentar endógena, a famigerada luta contra a corrupção não será mera falácia. Há de ser apenas um exercício de caris económicopropagandista que não terá os alicerces na defesa da soberania

nacional, que deve equivaler à auto-suficiência alimentar, abrangendo a substituição das importações pelas exportações. Não seremos nação soberana enquanto o provide e os quitutes da terra forem apenas aspectos decorativos dos buffets de casamento, quando deviam ser a rotina alimentar deste povo que, na pessoa de alguns dos seus mais gabados empresários, ainda importa frutas. Agora então que sei que a kizaka serve para alimentar a tilápia, nem me apraz ouvir falar em

cosido a portuguesa, enquanto os meus filhos não se aborrecerem do mufete de cacusso com feijão de óleo de palma natural (reitero o conceito de natural posto no primeiro parágrafo deste texto). É uma espécie de corrupção, este costume de levar à nossa mesa a fuba de milho que traz o rótulo “made in estrangeiro” quando devíamos estar a exportar a fuba de malanje, as batatas do sudeste de Angola e aqueles todos peixes, e demais frutos do nosso mar, que saem sem fisco nem visto. Nada contra o bacalhau com

natas. Mas, por uma soberania alimentar, apoio a campanha contra ele, se o objectivo for promover o calulú da minha esposa, o filete de sardinha da tia Nanda do Pinheiro, a pápa de mandioca da minha mãe, ou o kitande das minhas avós, tudo feito com mambos da banda. Já agora, pergunto aos gastrónomos de cá: Bacalhau com natas só se faz mesmo com bacalhau? Ou podemos adaptar um bom bagre fumado ou uma boa corvina escalada? É que o nosso peixe… são outros níveis!


A maior rede de rádios privada de Angola uma rádio que se mantém no topo das audiências e que tem emissoras nas quatro províncias mais populosas (Luanda, Huambo, Benguela e Lubango).

O I D Á A R VA O N A D A L O ANG

mais informação mais entretenimento mais música

arte: Raul Santos

Luanda 99.1 F M Benguela 96. 3 FM Huambo 89.9 F Huíla 91.3 FM M


desporto

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O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

Bayern conquista pela sexta a Champions Depois de sete anos, os bávaros voltaram ontem a erguer a taça da Liga dos Campeões

C

om o golo solitário de Kingsley Coman, apontado aos 59 minutos, o Bayern de Munique conquistou, ontem, pela sexta vez o título da Liga dos Campeões. Ontem, os bávaros venceram na final da maior competição de

clubes da UEFA o PSG de França, no Estádio da Luz, em Portugal. A equipa alemã comandada dentro das ‘quatro linhas’ por Muller não esteve bem na primeira parte, porque o sector defensivo da turma soube anular os principais jogadores. Já o PSG teve as melhores opor-

tunidades de golos, mas por falta de eficácia dos seus avançados não conseguiram violar a baliza adversária. UEFA estuda novo formato Ontem, Domingo, marcou o final de uma Liga dos Campeões diferente. Devido à pandemia de Covid-19, a UEFA optou por disputar uma final a oito, com os jo-

gos a uma mão todos concentrados no mesmo país, ou seja, em Portugal, ao invés das habituais eliminatórias com duas partidas. No entanto, a UEFA, em conjunto com as federações, vai iniciar discussões para perceber até que ponto é viável uma alteração.

Baixa de Cassanje de Malanje ‘caça’ sócios U

ma campanha de angariação de sócios foi aberta no fim-de-semana, pela Baixa de Cassanje de Malanje, no âmbito da sua participação no próximo Girabola 2020/2021, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão. A iniciativa visa inscrever sócios nas categorias de fun-

dador, honorário, contribuinte, atleta e efectivo, com o objectivos de buscar contribuições financeiras para ajudar a direcção a suportar os encargos da equipa. O acto de lançamento da campanha foi testemunhado pelo governador provincial, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, que tam-

bém inscreveu-se como sócio. Na ocasião, apelou para a conjugação de esforços, por parte dos adeptos, com vista ao alcance dos objectivos da equipa de manutenção na maior competição de futebol no país. O presidente de direcção do clube, José João Rafael, reite-

rou a necessidade da participação activa dos adeptos e dos vários organismos na luta pela manutenção da agremiação no Girabola, sobretudo a juventude, que deve ser a continuadora do projecto. “Não devemos deixar toda a responsabilidade nas mãos da direcção do clube nem do governo da provín-

cia, Não basta criticar, devemos apoiar”, disse, apelando para a inscrição de cada vez mais sócios. Apesar de aberta oficialmente hoje, a campanha já vinha decorrendo desde a ascensão da equipa e da inauguração da sua sede social. Nesta altura, conta-se já com 400 sócios.


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O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

Manuel Patrício Silvestre pode entrar na corrida à presidência da FAFUSA PEDRO NICODEMOS

Máro Silva

O

antigo atleta do Desportivo da Banca, Manuel Patrício Silvestre, disse, no Sábado, durante a apresentação da sua intenção de candidatura à presidência da Federação Angolana de Futebol Salão (FAFUSA) que pretende melhorar o quadro desportivo da modalidade. O pleito eleitoral está agendado para 31 de Outubro, tendo em vista o quadriénio olímpico 2020/2024. Manuel Patrício Silvestre, na conferência de imprensa realizada num dos resorts da cidade de Luanda, sem entrar em muitos detalhes avançou que o estado actual da modalidade é crítico. Por este facto, o antigo jogador de futebol salão revelou que deseja dinamizar e conferir novos moldes de

funcionamento à FAFUSA, além de promover a modalidade em todo território nacional. O também funcionário bancário foi um dos dinamizadores do futebol de salão no clube Coprat, onde exerceu a função de vicepresidente. A apresentação das listas concorrentes iniciou no dia 15 deste mês e terminam a 25 de Setembro, numa corrida que conta igualmente com a recandidatura do presidente cessante, Noé Alexandre.

Manuel Patrício Silvestre, sem entrar em muitos detalhes avançou que o estado actual da modalidade é crítico

Dybala apontado ao lugar de Messi no Barcelona

DR

Estádio de Radès terá novo nome

O

chefe do governo tunisino, Elyes Fakhfakh, anunciou que o Estádio Olímpico de Radès, perto de Túnis, terá o nome do lendário futebolista Hamadi Agrebi, falecido Sexta-feira última aos 69 anos, vitíma de doença. O anúncio foi feito durante as exéquias do antigo internacional tunisino, numa cerimónia decorreida no relvado do Estádio de Sfax, a cidade natal do célebre futebolista, diante de um público denso. Emocionado, Fakhfakh, também nativo desta cidade do sul tunisino, descreveu as qualidades futebolísticas e morais do “mágico” que se orgulhava das suas proezas técnicas apuradas. Agrebi encantou os amantes da bola redonda e era apreciado por todos aqueles que o conheceram pela sua humildade e probidade, disse.

Itália candidata aos mundiais de ciclismo

DR

D

Fiorentina com dois jogadores infectados com Covid-19

O

Barcelona está já a estudar a possibilidade de saída de Lionel Messi, uma vez que o astro argentino está em conversações com Ronald Koeman sobre o seu futuro no clube. Nesse sentido, o clube blaugrana considera que Paulo Dybala seria uma boa opção para o lugar de Messi,

de acordo com o Tuttosport. Dybala ainda não chegou a acordo com a Juventus quanto à sua renovação, embora o agente do avançado já tenha vindo a público garantir que estão a trabalhar nesse sentido. De acordo com a mesma fonte, Dybala está a exigir 15 milhões de euros por época, o dobro do seu salário actual.

A

Fiorentina anunciou ontem, Domingo, que o médio defensivo Erick Pulgar e o guardaredes Simone Ghidotti foram diagnosticados com Covid-19, depois de realizados os testes de despiste no plantel. Em comunicado, o clube garantiu que os dois jogadores estão assintomáticos e estão agora a cumprir o isolamento domiciliário, tal como está previsto no protocolo de saúde. O resto do plantel irá treinar já esta Segunda-feira.

epois de se saber que a Suíça não pode organizar os mundiais em virtude de o governo não permitir a realização de eventos com mais de mil pessoas, a UCI procura alternativas, com cidades que possam pagar entre 4 e 5 milhões de euros. Segundo o presidente da Federação Italiana de Ciclismo, Renato Di Rocco, a Itália está pronta para receber os Campeonatos do Mundo entre 21 e 27 de Setembro. O autódromo de Imola pa-

rece ser o mais forte candidato, por dispor de infra-estruturas e a região se encontrar em melhores condições económicas que Olbia, Peccioli e Abruzzo, também interessadas na realização do evento. A remodelação das estruturas do autódromo de Imola, que voltará a receber as corridas de Formula 1 até ao final do ano, permite ter salas de imprensa espaçosas, áreas para convidados e condições para criar boxes individuais para cada país. DR


classificados emprego

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O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

imobiliário

diversos

Medicina Natural Oriundo da Tanzânia Tratamento com plantas naturais: aRedução do nível de açúcar no sangue aAumento de testosterona aLimpeza da gordura dos vasos sanguíneos aDisfunção eréctil aInfertilidade aTensão alta e baixa aEpilepsia aPróstata

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A maior rede de rádios privada de Angola uma rádio que se mantém no topo das audiências e que tem emissoras nas quatro províncias mais populosas (Luanda, Huambo, Benguela e Lubango).

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TEMPO

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O PAÍS

Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 24 A 26 DE AGOSTO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 24 a 26 de Agosto de 2020 Data 24/ 08/ 2020

CIDADE

Data 25/ 08/ 2020

Estado do Tempo

Estado do Tempo

Data 26/ 08/ 2020 Estado do Tempo

Mín

Máx

Mín

Máx

Mín

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LUANDA

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Céu nublado pela manhã/ chuvisco

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Céu nublado pela manhã/ chuvisco

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

CABINDA

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Céu nublado, neblina matinal/ chuvisco

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

SUMBE

2

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Céu parcial nublado pela manhã / neblina matinal

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Parcial nublado pela manhã / neblina matinal

22

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

CAXITO

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

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MBANZA CONGO

18

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Céu nublado pela manhã / nevoeiro matinal

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Céu nublado pela manhã/ chuvisco

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UIGE

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Céu nublado, neblina matinal/ chuva fraca

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Céu nublado pela manhã/ chuvisco

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

NDALATANDO

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Céu nublado, neblina matinal/ chuvisco

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Céu parcialmente nublado / neblina matinal

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

MALANJE

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Céu nublado pela manhã / nevoeiro matinal

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

13

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Céu nublado pela manhã

DUNDO

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Céu parcialmente nublado/ chuva com trovoada

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Céu nublado, neblina matinal/ chuva fraca

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Céu nublado, neblina matinal/ chuva fraca

SAURIMO

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Céu pouco nublado ou limpo

15

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Céu pouco nublado ou limpo

15

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Céu pouco nublado ou limpo

BENGUELA

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Nublado pela manhã / neblina matinal

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Nublado pela manhã / neblina matinal

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Nublado pela manhã / neblina matinal

HUAMBO

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado ou limpo

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Céu pouco nublado ou limpo

CUITO

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado ou limpo

LUENA

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado a limpo

LUBANGO

16

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado a limpo

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Céu pouco nublado a limpo

MENONGUE

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Céu limpo

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Céu limpo

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Céu limpo

MOÇÂMEDES

12

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Nublado pela manhã / nevoeiro matinal

10

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Parcial nublado pela manhã / neblina matinal

10

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Parcial nublado pela manhã / neblina matinal

ONDJIVA

15

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Céu limpo

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Céu limpo

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Céu limpo

Céu nublado pela manhã / neblina matinal Céu nublado pela manhã / neblina matinal

Os Meteorologistas: Úrsula Gonçalves. Luanda, 23 Agosto de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 23/08/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 24/08/2020.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 23 DE AGOSTO DE 2020: Centro Nacional de Previsão do Tempo

Circulação fraca a moderada de oeste a sudoeste entre os paralelos 4°S e 12°S, e igualmente circulação BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA fraca a moderada de sudoeste a sudeste entre os paralelos 12°S a 18°S.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 24 DE AGOSTO DE 2020: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 23 DE AGOSTO DE 2020: SEM AVISO. Circulação fraca a moderada de oeste a sudoeste entre os paralelos 4°S e 12°S, e igualmente circulação fraca a moderada de sudoeste a sudeste entre os paralelos 12°S a 18°S.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 24 DE AGOSTO DE 2020: SEM AVISO.

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Nublado

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Nublado

Namibe (14°S – 18°S)

Nublado

Nublado

Das 18 horas do dia 23 às 18 horas do dia 24 de agosto de 2020 NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado em quase toda região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca nas províncias de Luanda, Cabinda, Uíge, Cuanza Norte e Cuanza Sul. Possibilidade de chuva acompanhada por vezes com trovoada em alguns municípios da província de Lunda Norte. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado em toda região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã na província de Benguela. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado em toda região, com períodos de céu parcialmente nublado durante a madrugada e manhã na província do Namibe. Possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal em alguns municípios das províncias da Huíla e Namibe.

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

REGIÃO

Fonte: INAMET

Oeste

Até 10

Até 1.3

Pouco agitado

Fraca pela manhã (Superior a 5)

Oeste Sudoeste

04 á 13

Até 1.3

Pouco agitado

Fraca pela manhã (Superior a 5)

SudoesteSudeste

04 á 10

Até 1.4

Pouco agitado

Fraca pela manhã (Superior a 6)

SudoesteSudeste

04 á 10

Até 1.6

Pouco agitado

Fraca pela manhã (Superior a 6)

O anticiclone de Santa Helena, com a pressão central de 1035 hPa, irá manter-se estacionário nas próximas 24 horas. Assim, prevê-se estado do mar pouco agitado, com ondas de 1.3 a 1.6 metros de altura, em toda região marítima angolana.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

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Kâmia Madeira

“Tempos Covidianos”

H

enriqueta é uma jovem informada e considera-se bemsucedida, recém licenciada tinha conseguido um emprego que lhe garantia honrar com os seus compromissos e guardar um pouco para viajar, elemento da nova geração “millenial” vivia conectada tendo perfil em todas as redes sociais do momento. Quando a pandemia da Covid 19 chegou acompanhou a sua expansão e ficou estupefacta com a rapidez da propagação. Considerou que num planeta cada vez mais globalizado e interligado seria difícil não ficarmos todos infectados. Hoje trabalha em regime de teletrabalho, encomenda refeições pela Tupuca, Kubinga, Foodyas, compra roupa, produtos de limpeza, alimentos ou brinquedos pelas várias páginas do Instagram, Facebook ou grupos de Whtasapp. Está até a considerar criar com umas amigas uma página de venda de roupa em segunda mão pois com as poucas vezes que sai de casa descobriu que tem roupa a mais.... Cremilda é mãe de 6 crianças todas em escadinha, deixou de procriar quando uma amiga da zunga disse-lhe que conhecia uma senhora que ajudava vendedoras informais e que providenciou um encontro com uma médica que lhe explicou o que é planeamento familiar e desde então começou a fazê-lo. Saiu de Malange ainda criança e veio com a mãe e os irmãos tentar a vida, pouco estudou tendo frequentado umas explicações dadas por um vizinho professor. Sonhava ser enfermeira mas com 22 anos tem dúvidas sobre se será possível... Conheceu o pai dos 3 primeiros filhos na casa de uma amiga e achou que o jovem era sério na altura não percebeu que tinha outro compromisso e que estava noivo, o actual companheiro

dr

tem outra relação e ela aceita, pois são deles os três mais novos e mal ou bem ajuda nas despesas da casa, costuma pernoitar com eles de sexta a domingo e na outra familia de segunda a quarta tem a quinta-feira livre sem encargos familiares. Cremilda sabe que há uma nova doença o Coronavirús, comprou máscaras para todos de casa e tenta que lavem as mãos quando há água... Zunga todos os dias mesmo sabendo que não devia, mas como não tem conhecimentos

nem de poupança nem de como gerir o negócio, sujeito às imprevisibilidades dos fiscais, resume a sua receita no “chapa ganha, chapa gasta”. Inácio resolveu empreender, a pandemia mostrou-lhe que ser estafeta era uma opção para a suspensão das aulas, professor de inglês, viu que não precisava de ter um negócio seu, podia apenas fazer chegar ao cliente o produto dos outros. Começou com um acordo com donos das cantinas, que tinham

clientes fiéis mas com receio de sair de casa, depois passou para as vizinhas que faziam encomendas de petiscos e bolos e estava agora a tentar negociar com alguns restaurantes da zona. O que ganha está a aliciar alguns colegas e outros kupapatas que pela proximidade não têm muitos clientes. Henriqueta, Cremilda e Inácio são personagens de ficção, contudo acredito que cada um representa uma história conhecida do estimado leitor, dando provas de

que em alguns casos as pessoas adaptam-se desde que tenham condições. As crises não devem ser apenas tempos de incerteza e podem ser de esperança e desenvolvimento. Estes tempos covidianos instigam-nos a ser audaciosos e inovadores, a apostar na interdisciplinaridade e diálogo para que os vários actores da nossa sociedade consigam construir pontes, pois de nada vale pensarse que se tem razão quando o barco tem fissuras e são poucas as mãos para as tapar....


Última 32 O PAÍS Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020

Imunidade à Covid-19 dura poucos meses, diz estudo britânico

U

m estudo realizado pela King’s College de Londres, no Reino Unido, mostrou que a imunidade ao novo Coronavírus (Sars-CoV-2) pode durar apenas alguns meses, com um risco de uma nova contaminação. Os resultados foram divulgados pelo jornal “The Guardian”.

Coronavírus pode agir como aquele que causa a gripe comum em que, ano após ano, é possível ser infectado novamente. A hipótese ainda precisa de novos testes para a comprovação, mas deve ser levada em consideração.

Três meses depois da contaminação, apenas 17% daqueles que contraíram o vírus ainda apresentavam a mesma potência de resposta imunitária. Em alguns casos, os contaminados não apresentavam nenhum tipo de reação.

Em entrevista ao jornal britânico, a responsável pelo estudo, Katie Doores, afirma que, se comprovados, os resultados mostram que também no caso de uma futura vacina isso pode acontecer. “Se a infecção gera níveis de anticorpos assim limitados pelo tempo, também a duração do efeito da vacina terá uma duração limitada. Assim, as pessoas precisarão de tomar reforço”, destacou Doores. Ou seja, é muito provável que apenas uma dose da vacina não seja suficiente para a protecção. Apesar de percentuais bem diferentes, um estudo feito em três etapas pela Espanha para avaliar o nível de exposição dos cidadãos à Covid-19 também mostrou que 14% dos mais de 68 mil testados não tinham mais nenhum tipo de resposta imunológica entre o primeiro e o terceiro testes.

Assim, as conclusões dos cientistas mostram que o novo

ANSA

A pesquisa analisou casos de cerca de 90 pessoas, entre pacientes e funcionários, de dois hospitais de Londres que testaram positivo para a Covid-19. A análise laboratorial mostrou que os níveis de anticorpos atingem o máximo cerca de três semanas após a infecção e começam a diminuir gradativamente, enfraquecendo assim a resposta do corpo.


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