Notícias do Mar n.º 444

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Náutica

Yamaha Helm Master EX Experience

Texto André Santos Fotografia Yamaha Marine

Excelentes Testes de Barcos Powered by Yamaha

As Embarcações na Marina de Vilamoura, prontas para os testes

A Yamaha proporcionou ao público náutico em Vilamoura nos dias 21 e 22 de Outubro, na Marina de Vilamoura, a oportunidade de testar 10 embarcações Powered by Yamaha, algumas das quais com os novos motores Yamaha e ainda fazer uma experiência de navegação com o Helm Master Yamaha.

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o dia 21 passou um temporal pelo Algarve, mas no dia 22 o tempo estava melhor, o mar ainda bastante mexido, mas apresentava condições para se fazerem excelente testes de mar, com segurança e a permitir avaliar o desempenho da navegação com o mar picado como estava. O Notícias do Mar teve também a possibilidade de testar barcos equipados com

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os motores fora de borda Yamaha. Aproveitámos a água ainda plana à saida da marina para testar o arranque e a velocidade de planagem e tentar as performances de velocidade em mar aberto. Tomámos nota da velocidade de cruzeiro, aquela onde entre as 3.500 e as 4.500 rotações, as embarcações navegam com o menor consumo do motor. Dipol D-25 CC com Yamaha F200XCB e HMEX O Dipol D-25 CC é o topo da gama do estaleiro espanhol Dipol, de Huelva, com 36 anos de idade, que se especializou na construção de embarcações de recreio construídas em PRFV, robustas e adequadas para navegarem no mar. O casco tem as estruturas longitudinais e transversais, bastante reforçadas e é semi planante

O equipamento Helm Master EX, pronto para ser posto á prova

Dipol D-25 CC, equipado com motor Yamaha F200XCB 2023 Dezembro 444

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Dipol D-25 CC à popa, para fazerem boas performances com motores de potências reduzidas. O Dipol D-25 CC com 7,47,

metros de comprimento, é um barco desportivo muito polivalente, especialmente vocacionado para a pesca lúdica embarcada, mas também para os passeios com a família e os amigos, e desportos aquáticos, o ski e o mergulho. O D-25 CC está muito bem fornecido de equipamentos tem uma consola de condução alta e larga com um para-brisas. À frente tem um banco individual e dentro dispõe de um compartimento com sanita química. O banco do piloto é duplo e tem dentro um lavatório e espaço para um frigorífico No poço pode-se montar uma mesa e para os pescadores na borda estão montados quatro porta canas. Na popa encontra-se um banco com um porão para palamenta com uma tampa com amortecedor hidráulico. A bombordo existe a passa-

Características Dipol D-25 CC

Dipol D-25 CC

Comprimento

7,47 m

Boca

2,60 m

Lotação

6/8

Potência máxima

300 HP

Classificação CE

C/D

Motor testado

F200XCB e HMEX

Dipol D-25 CC 4

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gem para a popa onde está montado o duche de água doce. No piso existe um grande porão onde se pode meter um açafate para guardar o peixe. À proa o espaço é convertível. Tem um assento em U que dá parta montar um solário ou colocar uma mesa. Na proa está o porão para o ferro. Dentro pode-se montar um molinete eléctrico. No teste para planar, em 5 segundos às 3.000 rpm atingimos a velocidade de 15 nós A velocidade de cruzeiro foi de 20 nós às 3.500 rpm.


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Náutica

Beneteau Flyer 9 Space Deck, equipado com dois motores Yamaha F200XSA

Beneteau Flyer 9 Space deck

Beneteau Flyer 9 Space Deck com 2x Yamaha F200XSA O Beneteau Flyer 9 Space deck que tem como o importador exclusivo para Portugal a PortiNauta do Grupo Angel Pilot, é uma embarçação muito funcional e ergonômica que apresenta o espaço dividido em três áreas de fácil circulação, o poço, o posto de comando com a consola e a proa. O Beneteau Flyer 9 Spa-

ce deck, com 9,10 metros de comprimento, é um barco projetado e construído para quem gosta de navegar com segurança e conforto, passear com os amigos e fazer desportos aquáticos ou ir pescar. O poço tem a amura alta e oferece uma grande área com um banco à popa e uma mesa. Uma inovação está a bombordo, é uma plataforma lateral que abre para ampliar o espaço do poço e facilitar a saída para o mar para na-

Características Beneteau Flyer 9 Space deck

Beneteau Flyer 9 Space deck 6

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Comprimento total

9,10 m

Boca

2,99 m

Peso

3,354 Kg

Depósito água doce

100 L

Depósito combustível

2 X 288 L

Camas

4

Categoria CE

B6/C10

Potência máxima

2 x 500 HP

Motor testado

2 X Yamaha F200XSA


Náutica

dar. No poço pode-se montar equipamentos para pescar, como viveiro de isco vivo e porta canas. O posto de comando comporta o banco do piloto e a consola de condução com um design especialmente ergonómico e uma cabina. Dentro dela tem um salão com duas camas e quarto de banho. O amplo espaço à proa tem um grande e ergonómico banco No arranque, o barco fez 4,00 segundos até planar, quando atingiu as 3.100 rpm e a velocidade de 14,4 nós. A velocidade de cruzeiro foi de 25 nós às 3.500 rpm. Highfield Patrol 860 com 2x Yamaha F200XSA e HMEX JS/AP O Highfield Patrol 860, que tem a Sopromar como im-

Beneteau Flyer 9 Space deck portador exclusivo para Portugal, é o topo de gama da marca Highfield de origem australiana de semi rígidos, construídos com o casco num alumínio esçecial que tem a vantagem de ser reciclável e é o barco mais esco-

lhido para apoiar os veleiros das grandes regatas, como a Vendee Globe. A Highfield constrói na China a sua gama de embarcações, divididas em quatro linhas, a Ultimate, Classic, Sport e Patrol, com um total

de 36 modelos. Os Highfield são todos construídos com o casco de alumínio revestido a pó de alta resistência desde os 2,40 metros aos 9,00 metros de comprimento. Os tubos são fabricados em PVC ou Hypalon Orca.

Highfield Patrol 860, equipado com dois motores Yamaha F200XSA 2023 Dezembro 444

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Náutica

Highfield Patrol 860

Highfield Patrol 860

O Highfield Patrol 860 com 8,60 metros de comprimento, com consola de condução central, é um poderoso e compacto semi rígido para se bater confortavelmente contra as nortadas, á procura dos pesqueiros ou levar equipas de mergulho para mergulhar. O barco tem o posto de pilotagem com uma consola de condução com um alto parabrisas e um HardTop montado que cobre bem o posto de

pilotagem. O banco do ploto é duplo. Equipado com um Rollbar, o Highfield Patrol 860 pode facilmente montar porta canas. Para os pescadores, o amplo poço facilita muito as operações de pesca. Como barco de trabalho, tem livre um vasto espaço à popa e à frente da consola, para transportar equipamentos ou monta bancos para saídas para ver os golfinhos e baleias. No teste, os poderosos 2 x Yamaha F200, fizeram que em 2 segundos o barco estava a planar nos 13 nós e apenas às 2.600 rpm. Com o Highfield Patrol 860 atingimoa a velocidade máxima aos 36 nõs. Na velocidade de cruzeiro o barco navegou a 25 nós ás 4.000 rpm. Seagame 230 X com 2x Yamaha F150XCB A Seagame projecta e constrói embarcações especializadas para qualquer tipo de pesca desportiva, com mais de 10 anos de experiência. As características dos Sea-

Seagame 230 X, equipado com dois motores Yamaha F150XCB 8

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Highfield Patrol 860

Características Highfield Patrol 860 Comprimento total

8,70 m

Boca

3,10 m

Dimensão interior

1,84 x 6,31 m

Tubos

Hypalon Orca.

Diâmetro do tubo

0,58 m

Câmaras de ar

6

Peso

1.156 kg

Lotação

20

Carga máxima

2.500 Kg

Depósito de combustível

430 L

Potência máxima

2 x 300 HP

Motor testado

2 x Yamaha F200XSA

game são os bordos altos, estabilidade, velocidade e resistência. A Seagame faz investigação para garantir inovaão nos seus modelos e satisfazer as necessidades dos clientes mais exigentes. Os barcos Seagame são equipados para oferecer todas as comodidades, necessárias para praticar a pesca. Apresentam um design único e elegante, aliado a tecnologia inovadora para conseguirem uma excelente navegação. No estaleiro, na construção são utIlizados os melhores materiais para garantirem a máxima durabilidade. O design inovador, o estilo e as linhas harmoniosas, conferem aos barcos Sea-

game uma excelente beleza e uma identidade que é única. Os barcos têm ótima qualidade e durabilidade, porque há um controle total sobre o processo de fabricação com um nível excepcional de atenção aos detalhes. Na Seagame, são projetados e fabricados a maioria dos componentes montados nos barcos, permitindo personalizar e adaptar cada embarcação às necessidades e preferências individuais do cliente, tornando-a única e à medida. O Seagame 230 X tem 7,57 metros de comprimento. É um barco elegante com o estilo pescador bem marcado. Tem consola de condução central com um Har2023 Dezembro 444

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dTop com transportadores de canas e espaços amplos à frente e no poço para os pescadores. O piloto tem um confortável banco duplo. Á frente da consola de condução existe um banco e à proa há um banco em U com compartimentos. O ferro está fixado à proa junto do porão do ferro. Dentro está um molinete elétrico. O poço comporta um banco à popa e na borda tem porta canas. No piso há um porão para guardar o peixe O casco com um V profundo e a proa com um perfil bastante delefector é um dos fortes deste barco. Com estas características e os planos de estabilidade laterais

Seagame 230 X

Características Seagame 230 X

Seagame 230 X

Comprimento total

7,57 m

Boca

2,54 m

Calado

0,49 m

Peso

1.815 Kg

Lotação

8

Carga máxima

700 Kg

Categoria CE

C

Motorização máxima

1 x 300 HP– 2 x 150 HP

Motor testado

2 X Yamaha F150XCB

Seagame 230 X 10

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bastante salientes, o barco navega com muita comodidade a cortar a água e oferece a máxima estabilidade e segurança. Foi isso que vimos no teste, quando arrancámos, com o barco a cortar as vagas com muito conforto. Foi neste barco, equipado com dois motores Yamaha F150XCB que testámos, com o joystick, o Helm Master EX. É perfeito o domínio da condução da embarcação com este equipamento, principalmente nas manobras de acostagem com a embarcação paralela a um pontão. Nas saídas a perfeição é igual.


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Náutica

Ballistic 7.80, equipado com motor Yamaha 400NSA2

Ballistic 7.8

Ballistic 7.80 com Yamaha 400NSA2 e HMEX A Ballistic Boats iniciou a sua actividade em 2015 na construção de semi rígidos Na Ballistic Boats a perfeição é o padrão e o objetivo é construir cada modelo com os melhores materiais e procuram desenvolver os barcos com a mais alta qualidade do mercado. Na construção dos cascos utilizam resina 100% éster vinílica, fibra de carbono e

Características Ballistic 7.80

Ballistic 7.8 12

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Comprimento total

7,80 m

Boca

2,50 m

Largura interior

1,52 m

Diâmetro do tubo

0, 46 m

Material do tubo

Hypalon da Orca

Depósito de combustível

225 litros

Potência máxima

400 HP

Motor testado

Yamaha 400NSA2 e HMEX


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Kevlar combinada com o processo a vácuo e construído o casco mais forte e leve possível. Os cascos são muito auto esgotantes e água sai com facilidade. Os tubos são construídos em Hypalon da Orca, o melhor fabricante do mundo deste material. A Ballistic Boats oferece aos clientes a possibilidade de construir o barco com os equipamentos mais do seu interesse e produz um barco totalmente personalizado, construído sob encomenda. O Ballistic 7.8, com 7,8 metros é o icónico semi rígido desportivo Ballistic, com a consola de condução central e o Rollbar á popa que conta com um excepcional prestígio. O design alongado do barco aumenta as suas linhas elegantes. Com a consola de condução ao meio, os pescadores têm bastante espaço à frente ou à popa para pescar com os porta canas montados no Rollbar. A consola de condução é

Ballistic 7.8 larga e tem um para brisas. À frente tem um banco. O piloto tem um banco duplo. Na popa o barco tem um banco largo. Todos os semi rígidos Ballistic têm uma garantia de cinco anos. No teste o barco foi muito rápido a planar, bastante

bem apoiado atrás nos tubos. Assim em 2 segundos o barco já planava aos 12 nós e o motor às 3.100 rpm. Jeanneau Merry Fisher 695 Sport com Yamaha F150XSA O Jeanneau Merry Fisher

695 Sport tem como importador exclusivo para Portugal a Nautiser Centro Náutico e é uma embarcação que representa um novo conceito Jeanneau, para aumentar o máximo a polivalência e oferecer maior satisfação nas saídas do barco. OJeanneau Merry Fisher

Jeanneau Merry Fisher 695 Sport, equipado com motor Yamaha F150XSA 2023 Dezembro 444

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Náutica

Jeanneau Merry Fisher 695 Sport

695 Sport, tem 6,71 metros de comprimento e é uma embarcação que se destaca pelo layout engenhoso com uma cabina do tipo pesqueiro, com portas laterais e porta para o poço. Isto oferece enorme versatilidade e permite sair com facilidade da cabina para as manobras à proa ou no poço. Com um perfil polivalente, o Merry Fisher 695 Sport foi projetado rara uma infinidade de atividades no mar, como a pesca submarina, pesca desportiva embarcada ou mergulho de garrafas. O barco tem um grande poço que pode estar livre para os pescadores ou montar uma mesa com os bancos removíveis e rebatíveis,

Características Jeanneau Merry Fisher 695 Sport

Jeanneau Merry Fisher 695 Sport

Comprimento total

6,71 m

Comprimento do casco

6,45 m

Peso

1.500 Kg

Capacidade de combustível

200 L

Depósito de água doce

50 L

Categoria CE

C8

Motor montado

Yamaha F150XSA

Jeanneau Merry Fisher 695 Sport 14

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na hora dos almoços. No poço, como tem montados porta canas é fácil a movimentação dos pescadores ou ir para os mergulhos na plataforma de popa. A cabina de pilotagem é um salão com três bancos uma mesa removível e um banco corrido. Para fins de semana a cabine está equipada com uma cama e um wc químico. No teste do arranque, o barco planou aos 15,5 nós, quando chegou aos 8 segundos e às 3.500 rpm. Muito boa a velocidade de cruzeiro de 20 nós, às 4.000 rpm.


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Notícias do Mar

Notícias do Porto de Lisboa

Doca de Santo Amaro Distinguida como Marina Mais Azul 2023

A Doca de Santo Amaro, integrada na Marina de Lisboa e gerida pela Administração do Porto de Lisboa, foi distinguida com o prémio “Marina Mais Azul 2023”.

E

sta distinção é atribuída pela Associação Bandeira Azul de Ambiente e Educação (ABAAE) e pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)

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como reconhecimento no desempenho das atividades de Educação Ambiental. Este novo prémio vem reforçar e evidenciar a responsabilidade do Porto de Lisboa

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na garantia de cumprimento dos critérios e objetivos de sustentabilidade definidos, investindo em ações de formação e de consciencialização e promovendo campanhas de sensibilização e ações de

educação ambiental. O investimento e trabalho contínuo que tem sido feito na promoção de um serviço de valor acrescentado pretende melhorar a qualidade da experiência que é dada


Notícias do Mar

ao cliente, garantindo simultaneamente a preservação ambiental. “Este prémio é o resultado do trabalho conjunto desenvolvido com vários parceiros que nas suas ações diárias têm abraçado este desafio em prol da preservação e educação ambiental e que muito têm contribuído para uma comunidade mais sustentável”, reforça António Caracol, vogal do Conselho de Administração do Porto de Lisboa. O prémio “Marina Mais Azul 2023” junta-se ao galardão Bandeira Azul que a Doca de Santo Amaro detém consecutivamente desde 2015.

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Pesca Desportiva

Pesca Lúdica Embarcada

Robalos

Pressão Atmosférica Pressão Hiperbárica, 2º Capítulo

Um peixe pode, se quiser e por si mesmo, subir e descer muitos metros na coluna de água, sem problemas, sem dor, desde que tenha tempo para equalizar a pressão interna.

A

Alguns peixes suportam melhor que outros as diferenças de pressão, mas todos sofrem com elas. O simples facto de os colocarmos numa posição diferente da horizontal já provoca acréscimo de pressão sobre os seus órgãos internos, e provoca alterações na sua circulação sanguínea 18

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sua bexiga natatória equilibra a pressão hidrostática exterior admitindo mais ou menos gás, mantendo o seu corpo estável, horizontal, e sem esforço, a esse nível. Quando o pescamos, ele, ao preciso momento de morder e em termos de pressão interna, está fisiologicamente estabilizado à profundidade a que o capturamos. Mas, a partir do instante em que nós pescadores detectamos algo na nossa cana, cravamos o anzol e enrolamos linha, iniciamos aí um processo que irá afectar drasticamente o estado de equilíbrio desse peixe. O princípio técnico é este: a pressão tem a particularidade de comprimir os gases. Faz sentido, as moléculas de ar sujeitas a uma maior compressão são forçadas a “juntar-se” mais, a compactar. Logo o volume será menor. O oposto também acontece e pelo mesmo motivo, os gases, sujeitos a menor pressão, expandem o seu volume. Retenham isto porque vai ser importante para o desenvolvimento do nosso artigo de hoje. Partindo deste pressuposto, se o peixe afunda necessita de compensar com mais ar para nivelar a bexiga natatória, e, se decidir subir, terá de retirar algum ar, pois os gases internos expandem. É verdade que o peixe, antes do momento de ferra-


Pesca Desportiva

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com

gem, teve muito tempo para proceder à sua adaptação à profundidade a que mordeu o nosso anzol. Até aí ele encontrava-se estável, e o seu corpo tinha condições para cumprir todas as suas funções vitais, incluindo alimentar-se. Mas a nossa linha e amostra fazem alterar o seu estado de estabilidade, ao iniciarem a tração súbita do corpo do peixe na direcção da superfície. Assim que nós começamos a enrolar linha no nosso carreto, a pressão bárica exercida sobre o seu corpo passa a ser diferente. Muda. Na circunstância puxamo-lo vertiginosamente para cima, logo a pressão diminui abruptamente. Porque nós temos muita pressa de ver que peixe mordeu o nosso anzol, tratamos de enrolar linha o mais rápido

possível e isso provoca um efeito físico de diminuição brusca da pressão hidrostática no corpo do peixe. A intensidade dessa diferença de pressão está dependente da capacidade de enrolamento do nosso carreto, versus a nossa velocidade de enrolamento, e a força que conseguimos imprimir à manivela. Mais velocidade, mais rapidez na subida do peixe. E já agora que ninguém nos ouve, mais dor e sofrimento ao dito peixe. O movimento é tão brusco que a sua bexiga natatória, um subtil mecanismo de equilíbrio interno de pressões nunca conseguirá compensar as alterações a tempo. E os órgãos vitais do peixe “explodem” pela repentina dilatação de gases! Quantas vezes já viram o estômago dos peixes fora

da boca?! E a sua barriga dilatada, com muito ar lá dentro? E os olhos esbugalhados, fora das órbitas! É isso. Esse é o efeito de uma expansão de gases extremamente brusca, impossível de compensar. Quando eles nos chegam à superfície nesse estado, na verdade já estão mortos, e mesmo que com o corpo ainda a estrebuchar, na verdade as suas possibilidades de sobrevivência são nulas. Mesmo que libertados, mesmo que consigam hipoteticamente baixar ao fundo, estão mortos, ficarão inertes sobre o fundo marinho, sem possibilidades de recuperação do seu acidente hiperbárico. Isto, em termos técnicos, quer dizer que o animal não teve tempo de compensar, de retirar ar da bexiga natatória para ajustar à pressão

inferior do patamar a que nós o puxamos, a superfície. Vocês já ouviram falar daquilo que acontece aos mergulhadores de garrafas quando sobem demasiado depressa: têm uma embolia gasosa, ficam com bolhas de azoto no corpo. Muitos morrem, outros passam a camaras hiperbáricas e levam dias a recuperar. Com os peixes passa-se o mesmo, pelo mesmo motivo. A sua deslocação repentina, do fundo à superfície, quando rebocados por um carreto de recuperação rápida, é brutal, não lhes dando qualquer possibilidade de sobrevivência. Curiosamente serão os carretos ditos de menor qualidade, com baixos rácios de recuperação, subida mais lenta, aqueles que ainda assim permitem uma maior taxa de sobrevivência aos exemplares

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Pesca Desportiva

pescados. Se utilizamos carretos eléctricos, …esqueçam, não há a menor possibilidade de poderem sobreviver, rebentam por dentro. Por mais que nos custe a ideia, por mais que quei-

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ramos que sobrevivam, …o efeito de uma subida assim é quase sempre fatal. Porque nós temos muita pressa de ver que peixe mordeu o nosso anzol, tratamos de enrolar linha o mais rápido possível e isso provoca um

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efeito físico de diminuição brusca da pressão hidrostática no corpo do peixe. A intensidade dessa diferença de pressão está dependente da capacidade de enrolamento do nosso carreto, versus a nossa velocidade de enrolamento, e a força que conseguimos imprimir à manivela. Mais velocidade, mais rapidez na subida do peixe. E já agora que ninguém nos ouve, mais dor e sofrimento ao dito peixe. O movimento é tão brusco que a sua bexiga natatória, um subtil mecanismo de equilíbrio interno de pressões nunca conseguirá compensar as alterações a tempo. E os órgãos vitais do peixe “explodem” pela repentina dilatação de gases! Quantas vezes já viram o estômago dos peixes fora da boca?! E a sua barriga dilatada, com muito ar lá dentro? E os olhos esbugalhados, fora das órbitas! É isso. Esse é o efeito de uma expansão de gases extremamente brusca, impossível de compensar. Quando eles nos chegam à superfície nesse estado, na verdade já estão mortos, e mesmo que com o corpo ainda a estrebuchar, na verdade as suas possibilidades de sobrevivência são nulas. Mesmo que libertados,

mesmo que consigam hipoteticamente baixar ao fundo, estão mortos, ficarão inertes sobre o fundo marinho, sem possibilidades de recuperação do seu acidente hiperbárico. Isto, em termos técnicos, quer dizer que o animal não teve tempo de compensar, de retirar ar da bexiga natatória para ajustar à pressão inferior do patamar a que nós o puxamos, a superfície. Vocês já ouviram falar daquilo que acontece aos mergulhadores de garrafas quando sobem demasiado depressa: têm uma embolia gasosa, ficam com bolhas de azoto no corpo. Muitos morrem, outros passam a camaras hiperbáricas e levam dias a recuperar. Com os peixes passa-se o mesmo, pelo mesmo motivo. A sua deslocação repentina, do fundo à superfície, quando rebocados por um carreto de recuperação rápida, é brutal, não lhes dando qualquer possibilidade de sobrevivência. Curiosamente serão os carretos ditos de menor qualidade, com baixos rácios de recuperação, subida mais lenta, aqueles que ainda assim permitem uma maior taxa de sobrevivência aos exemplares pescados. Se utilizamos carretos eléctricos, …esqueçam, não há a menor possibilidade de poderem sobreviver, rebentam por dentro. Por mais que nos custe a ideia, por mais que queiramos que sobrevivam, …o efeito de uma subida assim é quase sempre fatal. Falámos anteriormente em “baixas e altas pressões” ao nível da nossa atmosfera. Mas há princípios análogos que se aplicam ao espaço entre o fundo e a superfície do mar. À medida que se desce, a pressão aumenta. Podemos extrapolar daqui que a pressão não é algo que seja inó-


Pesca Desportiva

cuo aos nossos peixes, e por isso mesmo eles são particularmente atentos aos seus efeitos. Sofrem com ela. Vamos agora ver como isso afecta o comportamento de caça dos nossos robalos, pargos, etc. Quando lançamos a 50/ 70 metros de fundo um jig, ou um vinil com uma cabeça de chumbo, aquilo que procuramos é que essa amostra seja mordida por um peixe activo, a caçar, que esteja receptivo ao nosso engano. A partir daí, do momento de contacto com o nosso anzol, tudo na vida desse peixe será diferente. Ou porque vai parar à nossa caixa de peixe, e morre, ou porque faz uma subida vertiginosa à superfície, e ...morre. Mesmo que escape, mesmo que o vejamos baixar a debater-se vigorosamente para alcançar de novo o fundo, a maior probabilidade é que esse peixe fique afectado

nos seus órgãos internos e que venha a perecer. A única possibilidade de não haver acidente hiperbárico é mesmo que o peixe escape logo a seguir ao momento de ferragem, ainda em baixo. Aí, estará ainda dentro dos parâmetros de pressão para os quais estava preparado. Se a subida for significativa, por exemplo os 70 metros do caso apresentado, as possibilidades de regressar da superfície ao fundo sem mazelas internas é diminuta, leia-se nula. Bem sei que os mais puritanos e crentes dirão que não, que o peixe fugiu e que estava até a nadar bem, “baixou num instante”, mas infelizmente os efeitos fisiológicos far-se-ão sentir e mais tarde ou mais cedo cobrarão os seus créditos. Esse peixe será comido a seguir por outros peixes ou seres que fazem o papel de necrófagos.

Quando pescamos outras espécies de peixes, nomeadamente bicas, pargos, e outros peixes de fundo, podemos esperar deles ataques mais ou menos padronizados, de uma até outra cota de profundidade bem delimitada. Há uma faixa de água óptima para que actuem. Sabemos que os pargos têm como apetência especial atacar junto ao fundo, bem como as bicas, os meros, os peixes galo, etc, mas que acima de um determinado nível já poderemos passar a esperar que sejam outras espécies as que irão fazer agitar a nossa amostra. Grosso modo, nos primeiros 10 a 15 metros teremos os peixes de fundo, a seguir uma camada de peixes que trabalham acima desse patamar, os carapaus, as sardas, os robalos, etc, e acima desses, bem cá mais acima, os pelágicos mais comuns, as cavalas, os peixes agulha, os atuns sarrajões, etc.

Entendam isto como um conceito geral, nada impede um peixe, em determinadas condições de mar, de subir ou baixar, de acordo com as suas conveniências alimentares ou fisiológicas. Basta que um cardume de sardinha afunde e leva atrás de si um cortejo de peixes que normalmente estariam mais acima, ou que esse mesmo cardume suba e traga consigo uma resma de predadores interessados no repasto. Mas são contingências que não representam o padrão, e para as quais os peixes têm tempo para se preparar, para ajustarem a pressão interior à pressão exterior. Com tempo, equalizam com a sua bexiga natatória à pressão a que querem estar. Quando pescamos, a forma como o fazemos, digamos a nossa “técnica de recuperação do artificial”, em nada conta com os factores fisioló-

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Pesca Desportiva

gicos, de pressão hidrostática. Não queremos saber. Feito por uma pessoa que está com os pés assentes no deck do barco, e não sente qualquer tipo de pressão, quer lance a 10 quer lance a 100 metros de profundidade. Para nós é igual. Os robalos, ou qualquer outro peixe, não podem reagir da mesma forma! Eles sabem que há um limite de espaço para encetarem uma perseguição. Podem ir “daqui até ali”. E se isso for levado à risca, quer dizer que ou bem que acertamos com a velocidade certa de recuperação de amostra/ jig, ou sujeitamonos a recolher amostras sem o “favor” de qualquer picada. Se formos demasiado bruscos a enrolar linha, podemos estar a contribuir para dar menos possibilidades aos peixes para conseguirem chegar à nossa amostra!! A “generosidade” da velocidade que imprimimos à manivela do nosso carreto pode limitar os nossos resultados, e fazer com que nesse dia a caixa venha menos cheia, leia-se

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…mais vazia. Culpa nossa, que não fomos capazes de compreender que a uma determinada profundidade e a um determinado “campo de trabalho” de um peixe corresponde uma exigência de velocidade de recuperação ideal. Eles precisam de tempo. Não conseguiremos nunca imaginar a multiplicidade de factores que são considerados por um peixe para estar onde está. Para nós é igual, com calor aligeiramos a roupa, com frio vestimos casacos. Eles, ….eles procuram termoclinas na água. Que podem estar a patamares pouco habituais para a espécie, mas que são os que proporcionam bem estar. E condições fisiológicas para estar ali. Nunca entenderei a razão de se comprar um carreto olhando a dois factores que são um perfeito disparate: a velocidade de recuperação máxima, ou seja, o rácio de voltas da alça sobre a bobine por cada manivelada, e a capacidade de linha que esse carreto leva.

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Se fazemos pesca jigging ligeiro, ou seja, se decidimos actuar com jigs de baixa gramagem, 20 a 60 gramas, é porque queremos trabalhar cotas de profundidade que não excedem os 100 metros. Nesse caso, qual a razão para preferirmos um carreto que em vez de comportar 250 metros de linha leva… 600 metros de linha! Se aquilo que vamos fazer é slow jigging, para que queremos um carreto de alto rácio de recuperação, leia-se grande velocidade de enrolamento de linha?! Voltando à questão da balizagem de espaço disponível para um peixe atacar uma amostra/ jig, devemos considerar que um peixe estabilizado a uma determinada profundidade, por exemplo 70 metros, será incapaz de fazer uma subida repentina e vir morder a 4 metros da superfície. Podemos ter um ataque a essa profundidade de 4 metros, mas não é desse peixe que estava em baixo, mas sim de outro que na circunstância estava estabilizado a outra cota

menos profunda. É muito frequente que em dias de calmaria, em que os fundos não mexem, os peixes “alvorem”, que subam a meia água. E se houver um bom motivo para que subam um pouco mais, (uma arribada de caranguejo pilado… um cardume de petinga…), eles sobem. E temos peixes de fundo a atacar perto da superfície. Indo um pouco mais longe, posso até afirmar que haverá um padrão de profundidade de ataques, em função de factores tão diversos como a temperatura das águas à superfície e no fundo, do relevo desse fundo, da visibilidade ao longo da coluna de água, do nível médio a que a comedia se apresenta nesse dia, da pressão atmosférica, da agitação marítima, ondulação e vaga, dos ventos, da pressão humana e suas artes de pesca, etc, etc. A um determinado padrão de condições, corresponde um comportamento geral de uma determinada espécie. Se os robalos estão, por padrão, a 60/ 80 metros de fundo, dificilmente os veremos à superfície. E vice versa, se estão a comer à superfície, dificilmente poderemos pescar algum a muitas dezenas de metros. Há sempre boas razões para que eles reajam de uma ou outra forma. E quando o grosso da coluna de robalos toma uma determinada opção de posicionamento, isso significa que esses peixes terão uma faixa de X metros em que poderão actuar sobre o nosso artificial. A amplitude de ataque não é de 100 metros, pode sim ser de 10 a 20 metros, na melhor das hipóteses. Há um limite aceitável para que aceitem correr a amostra. O que quer dizer que temos de lhes encontrar o padrão, para então sim, podermos tentar pescar a sério.


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Pesca Desportiva

Pesca Lúdica Embarcada

Pescar Robalos

A Sustentação da Espécie

A nível europeu, durante muitos anos, porventura demasiados, não cuidámos dos nossos robalos como o devíamos ter feito.

O robalo, rei da espuma. Ninguém como ele tira partido das condições difíceis de mar

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oram cometidos excessos, pescaram-se indiscriminadamente os grandes reprodutores e peixes ainda juvenis, de todos eles muito, e a dada altura, por todo o lado, começaram a fazer-se sentir os previsíveis efeitos desses abusos. Deixou de haver. O robalo, uma espécie icónica para os pescadores

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de todo o continente europeu, passou a espécie ameaçada de extinção. Aquilo que ficou, o património genético residual que ainda sobreviveu, apenas nos garante a manutenção da espécie caso seja feita uma gestão sustentável. Por toda a Europa vozes se levantaram a protestar, reclamando uma nova pos-

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tura relativamente a este peixe em particular. Exigiram-se medidas que evitassem a todo o custo o seu desaparecimento. E é neste ponto que algo ocorre de estranho: o ênfase na gestão dos recursos passou a ser colocado na pesca recreativa e não na pesca comercial. De repente, alguém na Ho-

landa fez contas e percebeu que os profissionais das redes não valiam o mesmo em termos de movimentação de valores expressos em euros. Os números não enganam: o valor socioeconómico da pesca recreativa do robalo nos Países Baixos é mais de quatro vezes superior ao do robalo capturado profissionalmente. São aqueles que pescam de forma desportiva quem mais dinheiro movimenta, pelo elevado custo dos equipamentos de pesca, das deslocações, combustíveis, barcos, restauração, hotéis, licenças, etc. Na verdade, o pescador lúdico gasta fortunas para conseguir um peixe. E, feitas as contas, chegaram os holandeses à conclusão de que quer em termos de economia quer em termos ecológicos, a fileira do pescador desportivo deveria prevalecer sobre a pesca


Pesca Desportiva

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com

profissional Por cá, receio não podermos dizer o mesmo. Sabemos o suficiente sobre a reprodução da espécie, ou não fôssemos grandes produtores de peixe em aquacultura, mas adoptamos uma política de “deixar andar”, de “seja o que Deus quiser”, e um dia iremos arrepender-nos disso. Os franceses já se lastimam, agora que estão limitados a 2 peixes /dia por pescador. E já foi pior, a dado momento, dividiram o país em dois paralelos, e num deles, o sector norte, a proibição de pesca com retenção era total. Enquanto que a nós nos são permitidos exemplares de 36cm, os franceses só têm permissão de conservar robalos de 42 cm a norte e 48 cm mínimos no paralelo sul. Para quem sempre este-

ve habituado a pescar indiscriminadamente, estas medidas doem. Os franceses reagiram, mas tarde demais, o mal estava feito, não havia peixes e tiveram de se conformar e aceitar de que agora teria de ser assim. Nós ainda não chegámos a este ponto, mas não estaremos longe de atingir este patamar, o de “severa preocupação” sobre a quantidade de robalo disponível para pesca. Trata-se de um peixe incrivelmente desportivo! Pode ser extremamente fácil, morder tudo o que lhe aparece à frente, ou ser absurdamente difícil, a ponto de não o conseguirmos convencer com nada. Muitos daqueles que o pescam, pouco mais sabem que se lança e recolhe uma amostra. E que a dado ponto, algo fica preso. Parece-me que devemos

Águas que sobem, águas que descem. No meio, fica um caranguejo ou um camarão mais descuidado, …que é comida para robalo saber mais, que pode ser importante ir mais longe. Porque estamos na altura deles, porque o robalo é o rei deste período do ano, este Outono que nos chega estranho e descompensado, vamos iniciar uma série de artigos que versam o peixe mais icónico que temos na

nossa costa. Há sargos, há pargos, mas o robalo é o peixe que mais paixões suscita, sem dúvida. Vamos conhecê-lo nos próximos artigos, por dentro e por fora, virar do avesso um peixe que achamos que sim, mas afinal muito poucos conhecem a sério.

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Pesca Desportiva

Uma captura impossível. Este robalo veio preso no meu jig apenas pela pele do olho. É difícil entender como não rasgou até entrar no camaroeiro….mesmo sem se ter debatido. Explico-o apenas pelo facto de a cana ser macia, muito parabólica, e talvez a ponta do anzol tenha prendido no osso da cavidade ocular. Mas quando chegou só estava preso pela pele, que tem uma resistência muito ténue

Do lado de fora é muito difícil dizer a diferença entre um robalo macho e uma fêmea. Existem muito poucas características físicas na sua aparência exterior que possam indicar-nos de imediato o sexo do peixe em questão. Algumas pessoas mais atentas e experientes con-

seguem detectar pequenas diferenças, tais como o comprimento da cabeça e a distância medida da ponta do focinho até a extremidade anterior da barbatana dorsal. Ambos são ligeiramente maiores nas fêmeas. A cabeça de um robalo fêmea também é mais pontiaguda,

Os jigs Coltsniper da Shimano produzem o tipo de queda que os robalos apreciam. Este engoliu o jig por completo 26

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mais afunilada, em comparação com a do seu congénere masculino. No entanto, identificar o género nas diferenças morfológicas não é um método muito fiável. Isto deve-se a uma margem de erro percentual que subsiste, e que ainda assim anda à volta dos 20%. A única certeza que podemos ter é que os robalos muito grandes são praticamente todos fêmeas. O comprimento máximo de um robalo macho é de cerca de 75 cm, as fêmeas podem atingir até 100 cm de comprimento (Pickett, 1994). Os machos crescem mais lentamente, não vivem tanto quanto as fêmeas e, em média, também pesam menos que as fêmeas. Sei que em Peniche foi capturada à rede uma fêmea que sobre passava os 14kgs, o que é notável. Os robalos são máquinas de criação. Uma fêmea adulta de robalo carrega de 250.000 a 500.000 ovos para cada quilo de peso corporal, logo, quanto maior o peixe, mais ovos irá produzir. Demoram de quatro a sete anos até atingirem a maturidade sexual, o que os torna bastante vulneráveis. Basta que algo ocorra durante esse

período de tempo, (e podem ser 7 anos o tempo de espera) para que a cadeia de reprodução fique amputada desse potencial de propagação. Nessa altura têm um comprimento médio de 35 a 42 centímetros, dependendo do seu habitat, o que nos leva a pensar que a medida mínima que lhe temos atribuída, 36 cm, pode ser insuficiente. Sendo esta espécie capaz de reproduzir durante cerca de vinte anos, e tendo em consideração que as maiores fêmeas podem atingir um metro de comprimento e uma idade de 30 anos, é-nos fácil entender a importância que cada uma destas fêmeas tem para a perpectuação da espécie. Efectivamente, e dado que o robalo é uma espécie de crescimento lento, as grandes fêmeas adultas desempenham um papel muito importante na salvaguarda do futuro. São elas que produzem óvulos em quantidade significativa. É preocupante ver que os robalos estão a tornar-se cada vez mais raros, e isso acontece por toda a Europa. Basta que aconteça um verão mau, muito quente, e logo a seguir um inverno muito rigoroso, e esse ano pode não ser tão produtivo em termos de “novo recrutamento” de alevins. Nestes casos, e por falta de muitas fêmeas grandes, um ano perdido significa muitos milhares de peixes não produzidos, não concretizados. Porque todos nós procuramos sobretudo os grandes, isso dá-nos uma ideia do quanto é difícil reverter o declínio da espécie. A solução imediata poderia passar por aumentar significativamente o tamanho mínimo de captura, neste momento demasiado curto. Pensemos que um robalo de 50cm terá reproduzido, com garantia, apenas duas vezes.


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Notícias do Mar

O Voo do guarda-rios

O Rio Tejo Está a Agonizar com as Alterações Climáticas, Mas Não Só…

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a Agonia del Tajo (A agonia do Tejo), segundo o jornal espanhol El País, o rio mais extenso da Península Ibéri-

ca, encontra-se num estado de agonia devido à situação de seca que está a causarlhe com mais evidência, problemas estruturais, mas

não só em nossa opinião, devido à sua contaminação em geral, situação que está a levá-lo ao limite atualmente ao longo dos 1.000 quiló-

A barragem de Alcântara 28

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metros deste Rio, que está em crise, mas não só! … Porque quanto a nós, Amigos do Tejo, os desvios da sua água para as regiões desérticas do Sul de Espanha mais a sua retenção nas 51 barragens da grande Iberdrola, que já está a conseguir recorrer a um sistema de retorno de alguma dessa água para dentro das suas represas, são a principal causa da água que também nos pertence, andar a entrar cá apenas a conta gotas, sistematicamente, nas barbas dos portugueses! A quem a APA, criada pela Tróika, anda a mentir sistematicamente, mas porquê ? Será por subserviên-


Notícias do Mar

cia à Espanha? Ou por razões políticas? Para além de 86% dos portugueses andarem preocupados com as Alterações Climáticas, o que os leva a encolher os ombros por relacionarem que a crise da falta de água no Tejo em Portugal, poder estar associada às tais alterações, não deve continuar a deixar de ser enganada por esta falsa afirmação, pois isto é o que a vizinha Espanha anda a fazer crer-nos, porque a verdadeira razão é outra, é simplesmente pelo facto dela andar a utilizar e a desviar quer a água da nascente quer a dos afluentes do Tejo de lá, para todas e mais algumas utilizações dessa água como muito bem tem entendido, antes de a deixar passar para o nosso lado,

Este ano foram registrados caudais minímos históricos no Rio Tejo toda aquela a que temos direito por direito internacional! O Guarda Rios, durante os seus voos vai vendo, escu-

tando e apercebendo-se de que a maioria dos portugueses está preocupada com as tão adversas alterações climáticas (86%), sobretudo

os das faixas etárias entre os 55 e os 65 ano, mas apesar da sua grande maioria (98%) crer, ou acreditar nisso, 2 % não acreditam ou nem se

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Notícias do Mar

preocupam com isso. Destes efeitos, daqueles que os portugueses consideram mais preocupantes são o aumento das temperaturas médias e a seca, enquanto outros atribuem a essas alterações climáticas ao aumento dos problemas de saúde, e ainda outros, aliás uma maioria, consideram que as alterações climática vão ter efeitos futuros mais graves por temerem que elas vão agravar-se mais futuramente ( 75%), e outros, por recearem que esses efeitos vão continuar a agravar-se, 8 em 10 entrevistados creem que o aumento destas alterações está relacionado com esses efeitos, segundo 83% das mulheres. Resumindo e concluindo caros leitores amigos, tudo isto aconteceu devido ao homem ter vindo através de séculos a explorar e a agredir a natureza incontidamente, podem crer!

A que devolver a vida a um rio que é de todos nós 30

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Notícias do Mar

O Tejo a pé

Cascais,

Texto Carlos Cupeto (Universidade de Évora)

Entre o Urbano e o Campo

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O simpático grupo troca de saberes e fazeres com o Tejo a pé

Como tanto gostamos, em meados de novembro, a caminhada do Tejo a pé foi em parceria. Desta vez com um grupo de “vizinhos” troca de saberes e fazeres que desenvolve um trabalho excecional no Buzano, bairro onde vivem em Parede – Cascais.

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E

Memórias de um passado não muito distante, Murtal

assim se viveu mais um excelente Tejo a pé. O tema desta vez foi bem original, viver a interface entre o campo e o urbano e explorar e identificar práticas valorizadoras dos dois mundos. Acreditamos, e neste dia pudemos constatar, que é possível.

Embora nem tudo seja perfeito nesta simbiose, campo/urbano, no concelho de Cascais quem se atreve a espreitar um pouco para além da icónica marginal, pode facilmente deparar-se com ribeiras, florestas, campos agrícolas etc. em harmonia com o betão. Pena

Tópicos provocadores para a caminhada/tertúlia que muitos erros e abusos tenham sido cometidos num passado recente por anterior gestão local. Ao subirmos ao alto da Cabeça Gorda, que nome tão perfeito e justo, di-

tado pelas camadas sub-horizontais de calcário, e olhar 360º facilmente percebe do que tratámos nesta excelente caminhada, nem as rapinas no céu faltaram. Foi

Do alto da Cabeça Gorda cada um vê o que os olhos escolhem 2023 Dezembro 444

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Fotografia: Fátima Raimundo

Fotografia: Cláudio Cruz

Notícias do Mar


Fotografia: Marta Lucas

Notícias do Mar

Um momento de conexão com o que cada um escolheu pela mão da Helena Guimarães. Lá em baixo a conhecida e ecologicamente, e não só, estruturante ribeira

A ribeira de Caparide é amiga dos pássaros, as maçãs deles num pilriteiro numa bonita galeria ripícola 34

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de Caparide levava um bom caudal onde uma numerosa família de patos se deliciava sem se importar com a nossa presença. De resto os cerca de 60 participantes andaram os 10 Km, sempre em animada cavaqueira com uma pausa para almoço, onde não fal-

tou o bom tinto, no campo de petanca de S. Pedro do Estoril. O Tejo a pé é um grupo informal de amigos que se junta, desde há 16 anos, uma vez por mês, para passear no campo. Para participar basta enviar um email: cupeto@uevora.pt

Receberam-nos tranquilamente na ribeira de Caparide

Fotografia: Cláudio Cruz

Fotografia: Ana Vitorino

também neste monte que tivemos a oportunidade de fazer um momento de conexão, à escolha de cada um,


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Electrónica

Notícias Nautel

A Minn Kota Está Em Grande!

Vem aí para 2024, os novos Riptide Terrova e Riptide Instinct, uma gama de motores eléctricos de proa para apoio a pesca em água salgada.

A

Minn Kota anunciou sua nova gama de produtos de motores de pesca para 2024, e é uma lista impressionante que inclui os novíssimos motor-

res de proa de apoio à pesca ‘Riptide Terrova e Instinct’, motores sem escovas ‘Quest Series’ 24/36v e o “Advanced GPS Trooling System.” Normalmente, A Minn Kota

anunciava os novos produtos e tecnologias em Outubro para chegar às lojas na primavera seguinte. No entanto, desta vez a MinnKota decidiu que o lançamento da sua nova gama para 2024 era algo suficientemente significativo para romper com a tradição e assim tudo foi revelado na feira i-Cast (Las Vegas) em Julho. A Nautel está já a aceitar encomendas de reserva, aplicando um desconto especial de lançamento. Série Riptide Terrova Continue a pescar com um motor de pesca que o mantém sempre na luta. Os Minn Kota® Riptide Terrova® reagem instantaneamente contra vagas, correntes e ventos, para que se possa se concentrar em lançar e apanhar o seu

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próximo peixe troféu. As hastes mais longas - com comprimentos de até 100” (2,54m) - mergulham para uma forte fixação do barco em águas de mar. Se as coisas ficarem difíceis, a precisão inabalável desta sua âncora eletrónica GPS Spot-Lock® e o estabilizador Bow-Mount garantem o não sair da sua posição. Adicione modos de navegação aprimorados e um suporte de liberação rápida para facilitar a remoção do motor, e fica claro por que é que o Riptide Terrova é um dos motores de pesca de água salgada mais procurados. Funcionalidades: Novo modo de navegação “Drift Mode”: funciona como uma forma de deslizamento controlado por GPS, que combate o vento e a corrente para manter a velocidade


Electrónica

www.nautel.pt

e o trajeto desejados para que o pescador se possa concentrar só no arremesso em vez de na direção. Outros modos: Piloto Automático (Advanced Autopilot), GO TO (ir para) e em Círculo (Circle Mode). Novo comando de mão Wireless Total. Nova App, “One Boat Network”. Fornecidos já com todos os diferentes cabos que permitem interligação com as Humminbird HELIX G4N, Solix G3 e APEX. Transdutor Humminbird embutido tipo CHIRP DualSpectrum. Riptide Terrova Variantes QUEST Motores elétricos sem escovas. Novidade Minnkota. Todos os seus outros motores até 2024 são de escovas. Mais força/potência, Thrust/ binário, operação silenciosa, e mais tempo de operação para a mesma bateria. Adaptam-se automaticamente às alimentações de 24 ou 36VDC, e ajustam os parâmetros de força e binário à alimentação detetada. Fornecidos já com todos os diferentes cabos que permitem interligação com as Humminbird HELIX G4N, Solix G3 e APEX. Transdutor incorporado MEGA Side Imaging . O sensor de rumo/GPS está incorporado na cabeça do motor (ao contrário dos outros).

dentro do seu corpo externo com uma armadura rotativa interna. Os ímans permanentes estão fixos e são chamados de ‘estator’. A armadura rotativa contém um eletroíman e é chamado de ‘rotor’. Num motor DC com escovas, o rotor gira 180 graus quando uma corrente elétrica é aplicada à armadura. Para viajar além dos 180 graus iniciais, os pólos do eletroíman devem inverterse. São as escovas de carvão que entram em contato com o estator conforme o rotor gira, invertendo o campo magnético e permitindo que o rotor gire os 360 graus. O que é um motor DC sem escovas? Tal como um motor com escovas, um motor sem escovas funciona alternando a polaridade dos enrolamentos dentro do motor. É essencialmente um motor escovado de dentro para fora, o que elimina a necessidade de escovas. Num motor DC sem escovas, os ímans per-

O que são a escovas? Um motor DC (corrente contínua CC), com escovas, possui ímans permanentes 2023 Dezembro 444

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Electrónica

situações com mais exigências de trabalho constante. Substititui a anterior série Riptide Ulterra. Podem ser entendido com uma versão mais reforçada da série Ulterra. Gama que tanto dá para água salgada como doce. Apenas de se preocupar em escolher a cor entre branco e preto (BLK).

manentes são montados no rotor, com os eletroímans no estator. Um controlador eletrónico de velocidade (ESC) regula ou “comuta” a carga para os eletroímans no estator, para permitir que o rotor percorra 360 graus. Benefícios Longa vida útil: os motores CC que não possuem escovas, requerem menos manutenção do que os mo-

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tores com escovas, pois estas desgastam-se. Eficiência: A falta de escovas significa que nenhuma velocidade é perdida, tornando os motores CC sem escovas um pouco mais eficientes, normalmente 8590% em comparação com suas contrapartes escovadas com uma eficiência típica de 75-80%. Funcionamento silencio-

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so: Devido à falta de escovas, os motores “brushless” funcionam de forma extremamente silenciosa e têm um funcionamento particularmente suave. Adaptam-se à alimentação de 24 ou 36VDC automaticamente, adaptando a sua força/binário/potênciapara mais nos 36VDC. Por isso, não se indicam Lbs/força. O todo poderoso Riptide Instinct O novo Riptide Instinct da Minn Kota foi projetado para barcos pesca desportiva (até 8m) ao largo (mar) e outras

Inclui os seguintes recursos: - Disponível em comprimentos de haste de 60” (152cm), 72” (182cm), 87” (219m) e um de impressionantes 100” (254cm). - Mesmas versões tanto em cor preta como branca. - Todos com arrear/içar automático via comando de mão e com ajuste de altura também. - Usa motores sem escovas (brushless). Ver mais abaixo do que se trata mais esta inovação da Minnkota e suas vantagens. - Graças à tecnologia QUEST/Brushless os motores tanto funcionam a 24 como 36V, ajustando a sua força de saída em função da tensão que o está a alimentar. Mais força/potência, Thrust/binário, operação silenciosa, e mais tempo de operação para a mesma bateria.


Electrónica

- Vêm com o novo comando de mão, universal, sem fios “Advanced Remote GPS”. - Sensor de rumo/GPS integrado e não à parte como era antes. - Os motores estão disponíveis em preto ou branco, ambos para operar até nos mais exigentes ambientes de água salgada. Assim temos mais um exemplo da capacidade inventora da Minnkota que com o seu vanguardismo determina os padrões que depois o resto da industria começa a seguir. Foi assim com os comandos iPilot, Spotlock, os Ulterra, e os Ultrex, este que casam o pedal por cabos com toda a sofisticação eletrónica.

- Os motores podem ter opção de pedal, e são também comandados via interligação com um Multifunções HUMMINBIRD (One-Boat Network). - Fornecidos já com todos os diferentes cabos que permitem interligação com as Humminbird HELIX G4N, Solix G3 e APEX. - Aliás, os motores vêm com transdutor integrado de sonda/sonar, Mega Side Imaging , da Humminbird. - Haverá uma nova e única App, One-Boat Network App, para controlo dos motores, das Humminbird etc.

Advanced GPS Trolling System O i-Pilot e o i-Pilot Link de Minn Kota serão substituídos pelo “Advanced GPS Trolling System”. Este novo ícone de sistema avançado de controlo por GPS mantem todos recursos do i-Pilot GPS ajustando as

designações de alguma funções: “Spot Lock with Jog” e “Drift Mode”, que funciona

essencialmente como uma compensação de deriva. É responsável por man-

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Electrónica

ter uma velocidade definida, seja qual for o vento ou a corrente . “Dodge”: Digamos que se esteja no modo piloto automático ou talvez seguindo um iTrack e se detete um perigo potencial (como um galho grande). Pode atuar-se o modo “ Dodge” que mudará rapidamente o motor para direção manual. Depois de se passar pelo perigo, o motor retomará a navegação automaticamente. A mudança mais significativa vem com o “Advanced GPS Trolling System” que tema capacidade de rede com Multifunções Humminbird compatíveis da mesma maneira que se faria com o anterior i-Pilot Link. Todos os motores com GPS avançado já incluirão agora os cabos adaptadores Ethernet necessários para conectar o motor a uma Humminbird, se

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tal for desejado. Resumindo: o i-Pilot e o iPilot Link serão desativados e serão substituídos pelo GPS avançado Sistema de navegação. O GPS avançado fornece essencialmente funcionalidade e rede do i-Pilot Link com alguns novos recursos. A chave é o novo controle remoto GPS avançado.

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Novo comando remoto sem fios “Advanced GPS Remote“ Fim dos i-Pilot e i-Pilot Link e chegada do comando unificado “Advanced GPS Remote” Como referido acima, substitui os comandos remotos iPilot e i-Pilot Link. O comando remoto i-Pilot

padrão e o controle remoto i-Pilot Link com ecrã a côres e táteis, foram agora consolidados num só comando universal, redesenhado e passado a chamar-se “Remoto sem fio de navegação GPS avançado”: MinnKota Advanced GPS Remote. O novo controle remoto GPS avançado inclui a capacidade de rede com Humminbird compatíveis, como parte da “One Boat Network” de Minn Kota. Esta App tem também um modo de monitorização da carga das baterias. Essencialmente, isso significa que todos os novos motores incluirão o que antes era conhecido como iPilot Link, além de algumas novas funções. O comando remoto também apresenta um novo layout de botões com botões programáveis para seus comandos favoritos, bem como ecrã monocromático.


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Notícias do Mar

Notícias da Universidade de Lisboa

Obter Precisão na Deteção da Linha da Costa

Daniel Pais, estudante de doutoramento em Geologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), é um dos autores do artigo - “Benchmarking satellite-derived shoreline mapping algorithms”.

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Daniel Pais

Mapeada a linha de costa com precisão 42

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ste artigo foi publicado na Communications Earth & Environment, e que apresenta uma avaliação inédita da precisão na deteção da linha de costa, através de imagens satélites disponíveis ao público. A deteção remota por satélite, devido à abundância e acessibilidade dos dados, é frequentemente utilizada para monitorizar o litoral, mas, até este artigo, não existia uma comparação estruturada e independente do desempenho dos diferentes algoritmos que, através das imagens captadas pelos satélites, conseguem automaticamente detetar e mapear a linha de costa, ou seja, o contacto entre a terra e o mar. No âmbito do seu doutoramento, Daniel Pais foi convidado pelo seu coorientador externo - Luís Pedro Almeida -, investigador no laboratório colaborativo português CoLAB +Atlantic, a participar


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Litoral

Litoral 2023 Dezembro 444

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Fotografia: GoogleMaps

O artigo foi publicado na Communications Earth & Environment

Fotografia: @irlpic

neste projeto inovador e concebido por Kilian Vos, primeiro autor do artigo e investigador na Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália). Este trabalho conta ainda com a participação de vários especialistas das seguintes entidades: Universidade Politécnica de Valência (Espanha), Universidade de Queensland (Austrália), Instituto Deltares (Holanda), Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil), Universidade de Bordeaux (França) e Centro de Ciências Marinhas e Costeiras do Pacífico do Serviço Geológico dos Estados Unidos (EUA). Luís Pedro Almeida, Daniel Pais e António Klein (UFSC) testaram a ferramenta CASSIE (acrónimo de Coastal Analyst System from Space Imagery Engine), lançada online em 2021, numa cooperação luso-brasileira ainda em desenvolvimento, que deteta e analisa automaticamente a linha de costa usando imagens de satélite. Segundo o estudante, “a ferramenta CASSIE apresenta uma interface gráfica intuitiva, com indicadores visuais, tornando-a diferenciadora de outras existentes e mais complexas. Qualquer pessoa que não seja especialista na área pode utilizar a ferramenta e perceber o que está a acontecer em determinada zona costeira.” No seu projeto de doutoramento, numa fase mais avançada, Daniel Pais pretende explorar a previsão de linhas de costa, juntando às linhas detetadas por satélite outros fatores como ondas, marés ou o fornecimento sedimentar para elaborar cenários que representem a sua evolução no futuro e tornálos úteis para a comunidade, disponibilizando os resultados às entidades públicas interessadas. Este projeto abre portas


Fotografia: Valentin Enrique

Notícias do Mar

Litoral

ao desenvolvimento de novos algoritmos, novas técnicas e uma maior compreensão dos ambientes costeiros a nível global, havendo também espaço para melhorar as próprias ferramentas tes-

tadas, como a CASSIE. “A metodologia seguida, totalmente transparente e colaborativa, permite a replicação do trabalho por outros investigadores. Isto é algo importante em ciência

e que quisemos passar com este projeto”, conclui Daniel Pais. “O próximo passo é melhorar a deteção por meio da Inteligência Artificial, integrando redes neurais na análise de imagens de sa-

télite, e testar este método com satélites de muito alta resolução (3 m) e noutros ambientes litorais.” Daniel Pais iniciou o doutoramento em Geologia, ramo de Geodinâmica Externa, em outubro de 2022, na Ciências ULisboa, em cooperação com o Instituto Dom Luiz e com o CoLAB +ATLANTIC. O seu projeto de doutoramento conta com o apoio da FCT, mediante uma bolsa de doutoramento em ambiente não académico. O seu orientador externo é Luís Pedro Almeida. Os orientadores internos são Cristina Ponte Lira e Rui Taborda. No início do seu percurso académico, Daniel Pais interessou-se pela Geologia Costeira e Deteção Remota. Licenciou-se em Geologia - ramo de Geologia Aplicada e do Ambiente - pela Ciências ULisboa, em 2019, e concluiu o mestrado em Geologia Ambiental, Riscos Geológicos e Gestão do Território na mesma instituição, em 2021.

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Notícias do Mar

Notícias do Porto de Setúbal

Porto de Setúbal Implementa Estratégia HUB2 GREEN

Pretende-se a redução das emissões poluentes dos navios durante a sua estadia O Porto de Setúbal implementa estratégia verde para se afirmar como hub económico de desenvolvimento sustentável a nível internacional.

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Associação Industrial da Península de Setúbal e a AICEP Global Parques, realiza-

ram no dia 29 de novembro a quinta edição do Fórum Investir, Inovar e Descarbonizar, que foi dedicado ao tema “As

Novas Indústrias: Inovação e Logística”. Oportunidade para o presidente da APSS, Carlos Co-

Esta é a quinta edição do Fórum Investir, Inovar e Descarbonizar 46

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rreia, anunciar a nova estratégia de desenvolvimento, denominada HUB2GREEN Setúbal, «que pretende diversificar o negócio e a oferta de serviços logísticos para as indústrias e energias verdes, aumentar a eficiência e reduzir custos através da inovação e da aposta em novas tecnologias, bem como, alargar o hinterland pela complementaridade e articulação logística com o porto de Lisboa, gerando mais valor para os serviços logísticos oferecidos por este cluster portuário alargado». Carlos Correia afirmou que a visão da administração portuária «passa por transformar o Porto de Setúbal num Hub económico de de-


Notícias do Mar

APSS senvolvimento sustentável na cidade, na região e no País, parte imprescindível de cadeias logísticas sustentáveis de base para a localização de novos negócios, de novos clusters da reindustrialização, das novas energias, das energias

verdes e economia circular, inovação e bio economia». Durante o seminário, que teve lugar no âmbito das comemorações do Centenário do Porto de Setúbal, foram discutidos os desafios das Novas Indústrias e o papel da inovação e da logística para

o futuro desenvolvimento do setor portuário e logístico do porto e de toda a região. A previsão dos investimentos industriais para a Península de Setúbal, que inclui projetos em áreas como os biocombustíveis, eólicas offshore, bioindústria, repara-

ção naval sustentável, entre outros, deverá atingir os cerca de 3 mil milhões de euros durante os próximos anos e fará do Porto de Setúbal um parceiro imprescindível para a melhoria da competitividade e internacionalização da economia local, regional e

Oferta de serviços logísticos para as indústrias e energias verdes 2023 Dezembro 444

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Notícias do Mar

Novo Terminal Multiusos

nacional. O objetivo da APSS passa também por transformar «o Porto de Setúbal, num Hub Atlântico de nova geração com pegada ambiental mínima, digitalizado e automatizado associado às cadeias de abastecimento verdes da próxima geração, numa visão holística das questões económicas, sociais e ambientais» adiantou Carlos Correia. O Fórum Investir, Inovar e Descarbonizar “As Novas Indústrias: Inovação e Logística”, contou ainda com a participação de vários stakeholders do setor e representantes

Expansão para o novo Terminal Multimodal

Melhoria nos acessos ferroviários 48

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das principais unidades industriais da Península de Setúbal, como Nuno Maia (AISET - Associação da Indústria da Península de Setúbal), Gonçalo Eiras (BlueBiz – Parque Industrial da Península de Setúbal), Lucas Teixeira (SAPEC Parques Industriais); Nabo Martins (APAT – Associação dos Transitários de Portugal), Porfírio Gomes (Comunidade Portuária de Setúbal), João Nabais (ESCE – Escola Superior de Ciências Empresariais), Nuno Santos (Lisnave), Pedro Galvão (Secil), Nuno Soares (Navigator) e Álvaro Mendes (ETERMAR). A encerrar o evento, esteve o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Valente Martins.


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Notícias do Mar

Notícias do Instituto Português do Mar e da Atmosfera

Fotografia: Rodrigo Freitas/MarineTraffic.com

Campanha Demersal Outono 2023

A campanha decorre a bordo do navio de investigação do IPMA “Mário Ruivo”

A campanha de investigação Demersal “Outono2023” decorre a bordo do navio de investigação do IPMA “Mário Ruivo” entre 23 de novembro e 20 de dezembro.

A

campanha realizase anualmente no último trimestre do ano, com uma duração de 30 dias, cobrindo a plataforma continental de Portugal e

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seguindo um plano de amostragem com 96 estações de arrasto de fundo. Esta campanha destina-se a monitorizar os recursos da pesca disponíveis ao arrasto


Notícias do Mar

de fundo, para que se possa estimar a abundância, a distribuição espacial e a estrutura por comprimento das populações de várias espécies de interesse comercial, bem como a biodiversidade dos ecossistemas. Adicionalmente, são recolhidas informações que visam a monitorização do Bom Estado ambiental do ecossistema da plataforma continental de Portugal, no âmbito da Diretiva Quadro da Estratégia Marinha (DQEM). A campanha é suportada pelo Programa Nacional de Amostragem Biológica (PNAB), que é responsabilidade da Divisão de Modela-

ção e Gestão dos Recursos da Pesca (DivRP) do IPMA. O PNAB integra o Quadro de Recolha de Dados da União Europeia, no âmbito da Política Comum de Pescas. A campanha segue metodologias aceites internacionalmente no âmbito do IBTS (“International Bottom Trawl Survey Working Group”, Grupo de Trabalho para as Campanhas Internacionais de Arrasto de Fundo) do ICES (“International Council for the Exploration of the Sea” / Conselho Internacional de Exploração do Mar), com a designação oficial de Campanha PT-IBTS Q4.

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Notícias do Mar

Notícias do Instituto Português do Mar e da Atmosfera

IPMA Participa na COP 28

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. (IPMA) marcou presença na 28ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas - COP28, que teve lugar no Dubai, Emirados Árabes Unidos, entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023.

O

IPMA participou neste importante evento na sua qualidade de Laboratório de Estado e autoridade nacional nos domínios técnicos da meteorologia, clima, alterações climáticas e sismologia, assim como entidade com um papel de relevo a nível nacional na avaliação do impacto das alterações climáticas na pesca e nos ecossistemas marinhos. O Instituto esteve presente na comitiva oficial de Portugal e como parceiro do Ocean Pavillion, uma área que reúne mais de 30 organismos de vários países dedicados à ciência e à tecnologia do oceano. O IPMA participará em dois dos painéis da programação: • “Journey of the first Portu52

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Notícias do Mar

(dta. para a esq.) José Maria Costa, Secretário de Estado do Mar; José Guerreiro, Presidente do IPMA; Telmo Carvalho, Vogal da Direção e Conceição Santos, Coordenadora de Núcleo guese Paleoceanographer”, 6ª feira, 08 de dezembro, 09:30–10:30 (GMT +4), Fátima Abrantes, Investigadora Principal na Divisão de Geologia Marinha. A apresentação pertence ao painel “Painel “Womens’ Leadership in Ocean Science”. • “Ocean-atmosphere system, from challenges of climate change to ocean governance”, sábado, 09 de dezembro, 15:30-16:30 (GMT +4), José Guerreiro, Presidente do Conselho Diretivo. A apresentação pertence ao painel “Ocean Observations, Information and Advisory Services for a Sustainable and Resilient Blue Economy”.

Painel “Leadership in Ocean Science”,com participação da Investigadora em Paleoceanografia do IPMA, Fátima Abrantes (2ª da esq. para a dta.)

Pavilhão Oceano na COP28 Pelo nosso planeta azul O oceano é o sistema de suporte à vida do nosso planeta e uma fonte de esperança de que a humanidade será capaz de evitar uma crise climática e cumprir os objetivos do Acordo Climático de Paris. O Pavilhão Oceânico reúne líderes mundiais em ci2023 Dezembro 444

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Notícias do Mar

Área de convívio do Ocean Pavillion

ência, engenharia e política oceânica para transmitir a mensagem de que o oceano é importante para todos,

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em todos os lugares e que a ciência deve liderar a nossa busca por soluções seguras e de longo prazo para as al-

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terações climáticas. O oceano é uma parte crítica do sistema climático global, e uma razão pela qual precisa

de estar na vanguarda das negociações sobre o nosso futuro climático partilhado na COP28 no Dubai. A humanidade deve reduzir rápida e drasticamente as emissões. À medida que o fazemos, é cada vez mais óbvio que devemos também considerar a remoção activa de dióxido de carbono da atmosfera para permanecermos abaixo do limite crítico, mas iminente, de aquecimento de 2°C definido no Acordo de Paris. Nisso, o oceano é aliado da humanidade. Desde a Revolução Industrial, o oceano absorveu naturalmente cerca de 30% do dióxido de carbono atmosférico que produzimos. Ao procurar soluções seguras e eficazes baseadas na ciência que aproveitem estes processos, o oceano poderá ajudarnos a restaurar o equilíbrio do nosso clima e do nosso planeta. Esse é o objetivo do Ocean Pavilion na COP28 e dos parceiros do Pavilhão liderados pela @Scripps Institution of Oceanography e @ Woods Hole Oceanographic Institution.


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Notícias do Mar

Notícias da Marinha

Foi Assinado o Contrato para a Construção do Futuro NRP D. João II

O Futuro NRP D. João II A cerimónia de assinatura do contrato para a construção da Plataforma Naval Multifuncional que obteve financiamento no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), decorreu no dia 24 de novembro, no Pavilhão das Galeotas, no Museu de Marinha.

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A Plataforma Naval Multifuncional que obteve financiamento no âmbito PRR 56

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a assinatura do contrato estiveram presentes o Primeiro-Ministro, António Costa, a Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a Ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo, o CEO dos estaleiros holandeses DAMEN, empresa que irá construir o novo navio, Arnout Damen, entre outras entidades. A nova plataforma Naval Multifuncional é designada por NRP D.João II em homenagem aos feitos visionários daquele rei na sua época. como Almirante Henrique Gouveia e Melo explicou no seu discurso - “ foi um homem muito à


Notícias do Mar

frente no seu tempo, determinado e visionário, tornou Portugal numa referência incontornável na história mundial. D. João II decidiu fazer, sem hesitações, uma rutura por politica expansionista e continental no norte de Africa e apostar de forma corajosa numa estratégia marítima que deu inicio à globalização”. No seu discurso salientou ainda que se trata de uma plataforma que exigirá “uma nova Marinha, mais preparada para o futuro que se avizinha pela tecnologia que incorpora” já que “nesta nova unidade naval vão coexistir marinheiros de carbono, que são os seres humanos, e marinheiros de silício, que são robôs”. A plataforma que estenderá as funcionalidades de um navio de vigilância oceânica e de investigação oceanográfica a outros cenários, nomeadamente, em cenários de emergência, estará preparada para desenvolver várias ações, “terá ainda laboratórios embarcados, postos de socorro médico e capa-

Estiveram presentes o Primeiro-Ministro, António Costa, a Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a Ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo, entre outras entidades cidade para movimentação de cargas. Esta plataforma possui ainda um conceito totalmente revolucionário de cariz modelar, determinado pela capacidade de adaptação rápida da plataforma em função da tipologia de tarefas a desenvolver e do local geográfico que terá de atuar” - afirmou

o Chefe do Estado-Maior da Armada. Para a Marinha, esta plataforma é um passo para inovação, mas é também “uma janela aberta para o futuro”, acrescentou o Almirante Henrique Gouveia e Melo. O Primeiro-Ministro no seu discurso referiu que o navio D. João II “é um projeto ino-

vador” e enalteceu que “é uma oportunidade de alavancarmos o conhecimento e a investigação na área do mar e produzir e assim recursos que possam ser devidamente valorizados através da economia azul”. Está previsto que a plataforma entre ao serviço no segundo semestre de 2026.

A cerimónia decorreu no Pavilhão das Galeotas, no Museu de Marinha 2023 Dezembro 444

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Electrónica

Notícias Nautiradar

Nereide 3

Solução de ponta em Comutação Digital para iates da Simarine.

O

Nereide 3 é uma verdadeira inovação em personalização no mercado. Oferece a opção de personalização para todos os 20 botões no painel de controlo. Os utilizadores decidem a ordem dos equipamentos que pretendem monitorizar e controlar, assim como o idioma (podem ser definidos até 10 idiomas para o painel de controlo, que podem ser facilmente alterados mais tarde). Podem ser definidas etiquetas de botões, seja de forma estática ou dinâmica ao combinar múltiplas funções num só botão. A configuração é simples e rápida graças ao configurador do display Nereide.

Principais características: Completamente personalizável com etiquetas digitais. Consumo de energia 80% mais baixo do que outras soluções de comutação digital existentes no mercado. Materiais amigos do ambiente – alumínio, vidro e plástico “verde”. Configuração simples e rápida. Sistema de distribuição AC como disjuntores automáticos motorizados. Compatível com NMEA 2000. O sistema NEREIDE 3 está disponível a partir do segundo trimestre de 2023. Para mais informações visite www.nautiradar.pt

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Electrónica

Minimar 200 e 400

A Nautiradar intruduz no mercado nacional os Dessalinizadores de Osmose Inversa em Minimar de 12 e 24V dc da Tecnicomar.

O

s dessalinizadores de Osmose Inversa da série Minimar são a escolha ideal para quando o espaço e energia

são um problema. Disponível em 12-24V DC, os dessalinizadores Minimar podem ser utilizados em veleiros bastante pequenos e iates ligados

a baterias, fontes de energia solar ou eólica sem a necessidade de um gerador; ideal para se manter livre de constrangimentos e despesas das marinas. A serie Minimar destacase pela simplicidade e componentes de elevada qualida-

de, com a base em aço inox, braçadeiras e acessórios de elevada pressão; Membranas e filtros compatíveis com requisitos FDA e TÜV. Mediante pedido, o Minimar pode ser fornecido com o sistema automático de limpeza das membranas, caixa de controlo eletrónico assim como um filtro de carvão ativo para melhorar a qualidade da água produzida. Estão disponíveis duas versões, Minimar 200 com uma capacidade de produção de 30 litros/hora e o Minimar 400 com uma capacidade de produção de 60 litros/hora. As dimensões de ambas as versões são iguais – 750 x 430 x 310 mm; o peso da versão 200 é de 36 kg e da versão 400 é de 40 kg. Para mais informações visite www.nautiradar.pt

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Notícias do Mar

Notícias da Universidade de Évora

Publicado o Livro Gratuito “25 Espécies Aquáticas que Estão a Invadir Portugal”

Acabou de ser publicado o novo livro gratuito do projeto LIFE INVASAQUA, com o título “25 Espécies Aquáticas que Estão a Invadir Portugal”.

S

Lagostim-vermelho-da-luisiana, Procambarus clarkii 60

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Fotografia: Pedro Anastácio

Fotografia: Pedro Anastácio

ão 257 páginas dedicadas a este tema, ilustradas com inúmeras fotografias de elevada qualidade e com linguagem acessível a todos os públicos. O livro contou com a colaboração de 20 autores de capítulos, 11 centros de investigação e 9 instituições de ensino superior e pode ser descarregado aqui gratuitamente. Para Filipe Ribeiro do MARE / FCUL, este livro “é fundamental para facilitar a prevenção e gestão das espécies exóticas invasoras aquáticas em Portugal”. Já Pedro

Anastácio do MARE / Univ. Évora explica que “espécies invasoras são espécies nativas de outras áreas geográficas que foram introduzidas por ação humana, de forma intencional ou acidental, e que se propagam sem controlo, afetando negativamente a biodiversidade, a economia ou a saúde humana”. Três exemplos marcantes de espécies invasoras aquáticas em Portugal são: o lagostimvermelho-da-luisiana, com impactes sobre a biodiversidade, o mexilhão-zebra, com impactes económicos graves (presente em Portugal desde


Caranguejo-azul ovado na Ria Formosa

Caranguejo-peludo-chinês macho

Atualmente, há amêijoa-asiática em todas as grandes bacias portuguesas

Amêijoa-japonesa 2023 Dezembro 444

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Fotografia: Ronaldo Sousa

Mexilhões-zebra, Dreissena polymorpha

Fotografia: Paula Chainho

Fotografia: Duarte Bagarrão-NEMA

Fotografia: Pedro Anastácio

Notícias do Mar


Fotografia: Filipe Ribeiro-FRISK

2019) e o mosquito-tigre-asiático, potencialmente transmissor de dengue, febre amarela e Zika. Este livro foi editado por

Filipe Ribeiro, Inês Sequeira, Helena Geraldes e Pedro Anastácio e foi publicado no âmbito do projeto LIFE INVASAQUA, numa colabora-

dos na revista Wilder ao longo de dois anos, entre outubro de 2020 e novembro de 2022. O projeto LIFE INVASAQUA, iniciado em 2018, teve como objetivo alertar a sociedade civil e diferentes gruposchave para a problemática das espécies exóticas invaso-

Em Portugal, o alburno foi ilegalmente disperso por pescadores lúdico-desportivos

Fotografia: Filipe Ribeiro

Um peixe-gato-americano pescado na albufeira de Alqueva

Macho de gambúsia em cima e fêmea da mesma espécie em baixo 62

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O Chanchito, este peixe invasor é muito utilizado em aquários

Fotografia: Filipe Banha

Elódeas, as plantas invasoras são um drama escondido nos rios e lagos de Portugal

ção entre o MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, a Wilder - Rewilding your days e a Universidade de Évora. Resultou dos artigos da série “Espécies Aquáticas Invasoras”, escritos por diferentes cientistas e peritos ligados ao projeto LIFE INVASAQUA e publica-

Fotografia: Francisca Aguiar

População de jacinto-aquático no rio Mondego

Fotografia: Pedro Guerreiro e Gonçalo Oliveira

Fotografia: Jael Palhas

Notícias do Mar


ras em ecossistemas aquáticos na Península Ibérica. Pretendeu também melhorar a gestão e reduzir os impactes destas espécies, promovendo a difusão de informação e o intercâmbio de conhecimentos sobre soluções e práticas ambientais eficazes. Ao

longo de 5 anos, contribuiu para o aumento da sensibilização do público em geral, promovendo a formação dos setores envolvidos e criando um sistema internacional eficiente de deteção precoce e resposta rápida às espécies exóticas invasoras.

Mosquito-tigre-asiático, Aedes albopictus

Tartaruga-da-Flórida, subespécie elegans O novo livro gratuito do projeto LIFE INVASAQUA, “25 Espécies Aquáticas que Estão a Invadir Portugal”, pode ser descarregado gratuitamente pelo link: https://www.wilder.pt/historias/com-este-novo-livro-saiba-tudo-sobre-25-especies-aquaticasque-estao-a-invadir-portugal/?fbclid=IwAR1PO-Gazcdf5BQmbtMY7T6FbkwH2ff_jMUkVr_pHbUhOuxe36I-kLR2_8g 2023 Dezembro 444

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Fotografia: Pixabay CCommons

A presença de Blackfordia virginica em Portugal é conhecida desde 1984

Fotografia: Bruno Herlander Martins

Fotografia: Paula Chainho

Notícias do Mar


Pesca Submarina

Fotografia Tiago Adónis

Notícias do Clube Naval de Sesimbra

Taça de Portugal de Pesca Submarina 2023

Equipa CNS na Taça de Portugal 2023 em Cascais Atleta do Clube Naval de Sesimbra em 2.º lugar na Taça de Portugal de Pesca Submarina 2023.

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Lourenço Menéres Silveira 64

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ourenço Menéres Silveira, do Clube Naval de Sesimbra, alcançou o 2.º lugar na categoria de Sub24 na Taça de Portugal de Pesca Submarina de 2023, que se realizou a 25 de novembro, em Cascais. A prova, organizada pelo Clube Naval de Sesimbra (CNS) e pelo Grupo Desportivo Estoril Praia, foi disputada à barbatana, na zona do Cabo Raso e contou com a participação de 25 atletas de nove clubes. Hugo Pinho, João Lagariço, Lourenço Menéres Silveira, Jorge Torres e Rui Pataco foram os cinco atletas inscritos na prova pelo Clube Naval de Sesimbra, que ficou em 6.º lu-


Pesca Submarina

Jody Lot gar na classificação por equipas. João Lagariço conquistou o 15.º lugar e Hugo Pinho o 19.º lugar da classificação individual. O troféu António Júlio Cruz para o maior exemplar foi entregue ao vencedor da prova, Jody Lot, bicampeão do mundo da modalidade, do Clube Naval Portimão, que foi o clube vencedor por equipas. Pedro Domingues, do Vasco Gama - Suzuki Marine, terminou a prova em segundo lugar e Rui Vasco Casimiro, do Grupo Desportivo Estoril Praia, ficou em terceiro lugar, completando o pódio. Numa jornada de exceção, pelas condições de mar favoráveis à prática desta modalidade desportiva, feita exclusivamente em apneia, no final e como é habitual, as capturas foram ofereci-

das a uma instituição. Lourenço Silveira, delegado e treinador do CNS, destacou no final que a habitual oferta de capturas de uma competição de pesca submarina a uma instituição de solidariedade social, para apoio a famílias mais carenciadas, nesta prova e nesta época do ano “teve particular significado”. A prova contava para o apuramento para o campeonato nacional da próxima época desportiva de 2024. Lourenço Menéres Silveira, do Clube Naval de Sesimbra, alcançou o 2.º lugar na categoria de Sub24 na Taça de Portugal de Pesca Submarina de 2023, que se realizou a 25 de novembro em Cascais. A prova, organizada pelo Clube Naval de Sesimbra

Hugo Pinho

João Lagariço (CNS) e pelo Grupo Desportivo Estoril Praia, foi disputada à barbatana, na zona do Cabo Raso, e contou com a participação de 25 atletas de nove clubes. Hugo Pinho, João Lagariço, Lourenço Menéres Silveira, Jorge Torres e Rui Pataco foram os cinco atletas inscritos na prova pelo Clube Naval de Sesimbra, que ficou em 6.º lugar na classificação por equipas. João Lagariço conquistou o 15.º lugar e Hugo Pinho o 19.º lugar da classificação individual. O troféu António Júlio Cruz para o maior exemplar foi entregue ao vencedor da prova, Jody Lot, bicampeão do mundo da modalidade, do Clube Naval Portimão, que foi o clube vencedor por equipas. Pedro Domingues, do Vasco Gama Suzuki Marine,

terminou a prova em segundo lugar e Rui Vasco Casimiro, do Estoril Praia, ficou em terceiro lugar, completando o pódio. Numa jornada de exceção, pelas condições de mar favoráveis à prática desta modalidade desportiva, feita exclusivamente em apneia, no final e como é habitual, as capturas foram oferecidas a uma instituição. Lourenço Silveira, delegado e treinador do CNS, destacou no final que a habitual oferta de capturas de uma competição de pesca submarina a uma instituição de solidariedade social, para apoio a famílias mais carenciadas, nesta prova e nesta época do ano “teve particular significado”. A prova contava para o apuramento para o campeonato nacional de 2024.

Lourenço Menéres Silveira no segundo lugar do Pódio Sub24 2023 Dezembro 444

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Surf

Mundial ISA de Para Surfing

Marta Paço Tricampeã Mundial de Ouro e Camilo Abdula de Bronze

Marta Paço com seu treinador Tiago Prieto Portugal brilha no Mundial de Para Surfing com ouro para Marta Paço e bronze para Camilo Adula no dia 11 novembro, em Huntington Beach.

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Camilo Abdula 66

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ortugal conseguiu cumprir todos os objetivos a que se propunha no Mundial ISA de Para Surfing, voltando a casa com mais duas medalhas ouro para Marta Paço e bronze para Camilo Abdula, que desta vez não resistiu ao incrível surf do brasileiro Roberto, que ganhou o ouro com um score total de 16.94 depois de nas meias-finais ter feito dois 10. Incrível. A prata foi para o japonês Shingo Kato e o quarto lugar para o francês Maxime Clarkin.


Surf

Marta Paço, que conquistou o seu terceiro título mundial consecutivo na divisão VI 1 mais uma vez, acompanhada pelo seu treinador e Selecionador Nacional Tiago Prieto como “spotter” (o guia da surfista cega na água), assumiu que este foi o título “mais difícil” da carreira: “Cada medalha é diferente, todos os anos há sentimentos e sensações diferentes, e este título foi o mais difícil dos três que já conquistei, mas tem esse lado de superação e triunfo, com mais esforço para ultrapassar a parte mental. As condições este ano foram muito diferentes, esta onda tem um pouco mais de força do que estou habituada e estimulou mais a minha ansiedade, o que se refletiu nos meus heats. Mas saio com a sensação de dever cumprido e espero estar aqui de novo para o ano e ainda mais forte.” Camilo Abdula, por sua vez, não escondeu alguma frustração, mas assumiu: “Missão cumprida. O objetivo era chegar à final e consegui-o. Não consegui ser novamente primeiro, mas a competição é assim e os adversários, hoje, estiveram melhor.O mar também estava bonito mas complicado e não consegui encontrar as minhas ondas, mas é aceitar e... para o ano há mais!” Finalmente, João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf e líder da comitiva fez um balanço naturalmente positivo da prestação da equipa comandada por Tiago Prieto: “Cumprimos todos os objetivos e com aprendizagem dos mais novos da equipa, sobretudo do Afonso que nunca cá tinha vindo. Num ano complicado financeiramente com muita ginástica orçamental e com redobra-

Marta Paco com Pablo Franco do apoio dos nossos patrocinadores Gold Energy e do Banco BPI, conseguimos vir aqui fazer o nosso trabalho e esta equipa está de parabéns!” A Seleção Nacional orientada por Tiago Prieto: Camilo Abdula – Stand 1 Marta Paço – VI 1 Tomás Freitas - Kneel Afonso Faria – Prone 2

Camilo Abdula

Seleção Para Surfing 2023 Dezembro 444

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Notícias do Mar

Última

Turismo Náutico

“Avalon Alegria” no Douro

O

navio hotel “Avalon Alegria” já chegou ao Douro para fazer a sua viagem inaugural na Via Navegável do Douro. O novo navio hotel da AVALON WATERWAYS partiu segunda-feira, 18 de

dezembro, dos estaleiros navais da WEST SEA no Porto de Viana do Castelo, onde foi construído. O novo navio, com 80 metros de comprimento e 11,40 metros de boca, conta com 51 cabines divididas por dois decks, tendo capacidade para

102 passageiros e 33 tripulantes. Este é o 12º navio-hotel de rio construído e entregue pela WEST SEA, desta feita para a AVALON WATERWAYS, uma empresa de cruzeiros fluviais que opera na Europa, China, Sudeste asiático, América do Sul, Índia e Ilhas Galápagos.

A Via navegável do Douro é a única via navegável nacional que integra a Rede Transeuropeia de Transportes, sendo da responsabilidade da APDL que assegura a navegabilidade da via, garantindo a segurança portuária.

Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Paginação e Redação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Editor de Motonáutica: Gustavo Bahia Colaboração: Carlos Salgado, Carlos Cupeto, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00

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