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CEO TALKS

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CONTEÚDO LOCAL

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BERNARDO STOFFEL APARICIO

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CEO do Standard Bank desde Abril de 2022

CARREIRA: Tem mais de 20 anos de banca, tendo iniciado na Caixa - Banco de Investimento, passando pelo Banesto e até entrar no Barclays, como Head of Debt and Finance, em 2009. Em 2013 muda-se para Londres, onde esteve até chegar a Moçambique, há 10 anos, como director da área de Investment Banking. Foi Head of Corporate and Investment Banking do Absa Bank Moçambique entre 2016 e 2022.

“Foi um ‘Terramoto’, mas Saímos Mais Fortes Dele”

Pouco mais de um ano depois da exclusão do Standard Bank do mercado cambial interbancário, e a entrar no sexto mês de mandato enquanto CEO do banco, Bernardo Aparício aborda, pela primeira vez, como a instituição está a trabalhar “conjuntamente com o regulador para melhorar os processos”, considera “justa” a manutenção da interdição aplicada pelo Banco Central, em Julho passado e, olhando para a frente, não tem dúvidas de que “o banco já está mais forte, depois de todo este processo”.

Texto Pedro Cativelos • Fotografia Mariano Silva

Temos de começar por falar sobre o que se passou há pouco mais de um ano, e não lhe queria chamar ‘terramoto’, mas não andaremos longe disso. O Bernardo não estava cá, portanto eu não lhe vou perguntar pela situação em específico. Vou, sim, questioná-lo sobre o que é que mudou desde aí até hoje?

Começa muito pela colaboração próxima entre o Standard Bank e o Banco Central, a avaliação das causas do problema e da suspensão.

Quando se tem um ‘terramoto’ deste género, e eu acho que a palavra é inteiramente essa, por se tratar de um banco com 128 anos de História e um orguestávamos a operar para sanear alguns dos problemas.

A inibição do mercado cambial interbancário mantém-se, ainda assim. Porquê?

É algo que é, neste momento, constante na nossa operação. Tem sido um trabalho que tem vindo a decorrer nos últimos 12 meses e como, foi público há poucas semanas, esse trabalho ainda não está concluído, daí a razão para a extensão da suspensão. Mas o Banco Central, nas conversas que tem tido connosco, tem tido uma comunicação que tem sido muito transparente, aberta e constante.

Chegámos à conclusão que há ainda

“São múltiplas as intervenções que estão a ser feitas e chegámos à conclusão que ainda era cedo para levantar a suspensão, mas as duas entidades estão perfeitamente de acordo que tudo o que tinha de ser resolvido já está...”

lho muito grande nela, foi preciso parar um pouco e perceber quais é que foram as causas fundamentais que levaram à suspensão. O trabalho conjunto entre o Banco de Moçambique e o Standard Bank começou imediatamente a seguir à suspensão.

Implicou uma série de modificações nos nossos processos, seguir uma lista bastante extensa de alterações e, principalmente, insistir na melhoria do ambiente de controlo.

Começando por assumir que houve algumas coisas que não correram bem. No início, tentámos perceber qual era a raiz do problema, o que é que não estava a correr bem e, depois, iniciar um trabalho conjunto de alterações à forma como situações que é preciso trabalhar, porque implicam alterações de sistemas, de políticas e procedimentos. São múltiplas as intervenções que estão a ser feitas e chegámos à conclusão que ainda era cedo para levantar a suspensão, mas as duas entidades estão perfeitamente de acordo que tudo o que tinha que ser resolvido até aqui já está resolvido.

Portanto, eu, das conversas que tive com o Banco Central, partilho a opinião de que a extensão da suspensão se deve manter. Continuamos diariamente a trabalhar e há aqui um ponto muito importante, que é: hoje em dia, o banco [central] reconhece que temos de continuar a servir os clientes. A suspensão interbancária é um tema muito específico, não nos permite

fazer câmbios com os outros bancos, mas a operação cambial decorre de forma absolutamente normal com os clientes. E, a esse respeito, continuamos a apoiar os importadores e exportadores, cumprindo com as restrições em termos de taxas de referência e tudo o que o que isso implica.

Concorda com a visão de que há aqui um outro lado, ou perspectiva, de que se tudo isto se tivesse passado com outro banco menos estável, provavelmente o impacto na operação teria sido (ainda) muito maior ao nível operacional, da perda de clientes, etc?

Uma das coisas que me surpreenderam foi, sem dúvida essa, e nos meus primeiros três meses enquanto CEO do Standard Bank constatei precisamente quão fortes são os alicerces do banco. Há alguns alicerces fundamentais neste banco. Um é o próprio banco, com um balanço muito saudável, bem capitalizado, com bastante liquidez e uma capacidade de geração de receitas, eu diria, bastante saudável, fruto desse balanço forte e de uma forte carteira de clientes.

Depois, a força da marca, a sua História. E a marca, para mim, não é só aquilo que vemos no marketing e no branding, mas o respeito, a confiança e a lealdade que os clientes têm para connosco. Isso eu já tinha reparado quando estava do lado de fora, mas cá dentro, é impressionante. Os clientes não abandonaram o banco porque confiaram que, apesar de ter havido situações que precisavam de ser alteradas, a génese do banco e a sua solidez não estavam em causa.

Pertencemos a um grupo sólido que é o maior grupo financeiro em África, com políticas muito marcadas, fortes e ajustadas ao sector em que estamos. Depois, o terceiro pilar é a equipa, que está totalmente comprometida com o banco. E isso, que pude constatar, é uma das coisas que mais me orgulham e que, para ser justo, já existia fruto do trabalho que foi feito pelos meus antecessores.

Temos uma equipa que está muito comprometida em manter este banco como um dos maiores de Moçambique. É por ter estes três alicerces muito fortes que o barco não abanou, e a postura foi a de ‘como é que melhoramos e nos tornamos mais fortes com isto?’. E a resposta foi: a trabalhar. Com o regulador, em termos de cumprimento da regulação, e internamente, a fazer os ajustamentos que temos que fazer e por aí fora.

Em termos de imagem, dir-se-ia que, com as devidas distâncias, foi uma espécie de stress test em tempo real, em que o banco foi colocado à prova, é isso? Pelo que diz, a ideia com que se fica é que acredita que o banco sairá mais forte desta situação, concorda?

Sim. Vamos sair mais fortes e muito mais confiantes, estamos a ajustar os projectos para gerir muito melhor o risco, melhorar os sistemas para progredir à velocidade que queremos. Portanto, acredito que sairemos mais fortes, mas temos de fazer o trabalho de casa.

Estando há poucos meses no cargo, gostaria de lhe perguntar qual é que foi o primeiro pensamento que teve quando lhe anunciaram que foi escolhido para o cargo?

Não vou esconder que tinha o sonho de ser CEO do banco. Nunca o escondi, de resto. E quem comigo trabalhava sabia-o. A primeira coisa que me ocorreu quando o Dr. Tomaz Salomão me ligou a fazer o convit foi, sem dúvida, o concretizar de um sonho. Mas depois, imediatamente, veio o peso das várias responsabilidades que implica esta posição.

A responsabilidade sobre 1400 colaboradores que, todos os dias, dependem das decisões que nós tomamos, a responsabilidade sobre o capital dos accionistas, a responsabilidade que o próprio regulador nos impõe enquanto banco sistémico, a responsabilidade que temos quando somos um operador relevante numa economia como a de Moçambique, a responsabilidade de continuar a apoiar a economia. Ou seja... foi tudo isso. Trabalho em banca há 20 anos, mas, já quando estava na faculdade, era este o meu sonho e concretizá-lo num banco com a dimensão e importância deste é muito relevante.

Depois de termos olhado para este passado de curto prazo, e olhando para a frente, quais é que são as principais linhas orientadoras do que é que vai ser o Standard Bank nos próximos tempos no decorrer do seu mandato?

Temos aqui dois momentos em que continuamos muito focados. No curto prazo, em continuar a trabalhar em conjunto com o Banco Central para resolver este tema; no médio e longo prazos, o caminho passa por executar a estratégia que tem sido desenhada no grupo, de sermos um banco universal e que tem Moçambique como a sua casa, que quer fazer parte do desenvolvimento do País, e que quer estar presente na economia, desde as grandes empresas até ao sector informal.

Temos uma posição muito relevante de liderança no segmento das grandes empresas nacionais e internacionais, fruto do trabalho que tem sido feito ao longo de muitos anos e há vários CEOs antes de mim. Portanto, o facto de fazermos parte de um grupo que tem este foco, também em todo o continente, ajuda muito em termos de sinergias, a trazer soluções para as multinacionais, a fomentar o investimento estrangeiro, o financiamento dos grandes projectos – no qual temos um papel muito relevante por exemplo, nos megaprojec-

Ouvi-o também, recentemente, falar da importância económica do mercado informal, falando de como a banca poderia ser, também a esse nível, um parceiro. Em que medida?

A economia informal é gigantesca, como sabemos, e, na minha opinião, não precisa de ser totalmente informal do ponto de vista de fluxos financeiros. Enquanto grupo, e ao nível de África, estamos a olhar também para isso e como vamos conseguir chegar a esse segmento informal e trazer esses fluxos para dentro dos ecossistemas formais, sem necessidade de, necessariamente, formalizar essa economia. Estamos a falar de muitos milhões de pesde que, quando o Banco Central aplica a sua política monetária, está a pensar nestes 35 milhões de moçambicanos. Depois, em cima disto, os bancos aplicam um prémio de risco, que tem um objectivo: remunerar o capital investido. E essa remuneração tem de ser acima do custo de capital que, em Moçambique, está muito condicionado por uma série de factores, como o rating externo, a instabilidade e a volatilidade dos mercados que impatam todos nas taxas de juro.

Depois, há a própria dimensão do mercado. O custo de operar, muitas vezes com recursos escassos, aumenta o preço desses recursos. E o prémio de custo está muito ligado a todos estes componentes que são associados ao risco de operar em Moçambique.

Como se resolve esta questão, então?

Temos todos de trabalhar, quer a parte do Governo, quer o sector privado, para melhorar o ambiente de negócios, e termos um upgrade do rating, que depois se vai reflectir no nosso custo de capital e, naturalmente, em taxas de juro mais baixas.

Volto a dizer: nós, os bancos, acabamos por ser o veículo de transmissão, quer da política monetária, quer do risco do País na economia, e só trabalhando todos juntos podemos resolver os problemas fundamentais desta economia e ver as taxas de juro baixar.

“Quando o Banco Central aplica a sua política monetária, está a pensar nos 35 milhões de moçambicanos. Depois, em cima disto, os bancos aplicam um prémio de risco para remunerar o capital investido”

tos de gás natural da bacia do Rovuma. Depois, o envolvimento muito relevante que temos tido também no sector mineiro e no das infra-estruturas, apoiando projectos como o Porto de Maputo, ou do Porto e a linha férrea de Nacala. Tudo isto está dentro do nosso ADN.

Tem posto a tónica nas PME ultimamente, o que é, aliás, uma tendência generalizada na banca, e que foge um pouco ao segmento do banco, normalmente mais focado nas grandes empresas. Porquê?

É importante perceber que estas grandes empresas fazem parte de ecossistemas que incluem muitos outros agentes económicos, nomeadamente as MPME. E está na nossa estratégia apostar fortemente em fazer crescer esse segmento usando aquilo que aprendemos com as grandes empresas, usando tecnologia para que o custo de servir seja adequado a essas MPME, continuar a apostar muito no trade finance, precisamente para quem vive muito das importações e exportações.

Costumo dizer que o nosso papel é fazer o ecossistema mais eficiente, como? Se nós servirmos todo o ecossistema, das grandes às pequenas empresas, conseguimos ver todos os fluxos de caixa, avaliar melhor o risco. Depois, temos a parte dos indivíduos que também são agentes económicos, muitas vezes dentro deste sistema. Só desta forma se poderá começar o caminho de promover o acesso ao crédito em mercados ainda pouco amadurecidos, como o crédito à habitação ou leasing.

soas, o que revela o quão importante é trazê-las para o campo de inclusão financeira. Por fim, do nosso lado, e continuando na questão do risco, a utilização e tratamento de dados que nós geramos, enquanto instituição financeira, é que vai permitir baixar o risco e tornar o sistema muito mais eficiente nas receitas, utilizando a big data analytics.

Várias pessoas na área financeira têm falado disso e considero que é um dos grandes desafios de todo o sector. Usando os dados de todos os agentes económicos, conseguimos tomar decisões muito mais eficientes e com muito menos risco

A questão do risco leva-nos a um dos grandes pontos de discussão dos útimos anos, que tem alimentado divisões entre empresas e o sistema financeiro: as taxas de juro.

Não faltam empresas e empresários que digam isso ao longo dos últimos anos mas, na verdade, é importante clarificar uma coisa: os bancos são um mecanismo de transmissão de política monetária que o Banco Central define. E a política monetária tem um objectivo. No caso do nosso Banco Central, ele é muito claro: manter a inflação controlada.

E isso tem sido bem conseguido e eficaz. Quem tem, hoje em dia, acesso a crédito no País será, talvez, um milhão de pessoas. Mas há 35 milhões de moçambicanos que podem potencialmente sofrer com a inflação. É preciso ter a noção

Recentemente, foi anunciado um Fundo de Garantia, medida que tem sido bem acolhida pelo empresariado e por alguns bancos. Considera-o uma boa ideia?

Sem dúvida, o Fundo de Garantia permite reduzir o risco, e precisamos de ter menos capital associado a esse risco. Logo, torna-se mais barato e aliciante para os bancos. Mas, acima de tudo, é uma ideia muito boa, que terá, certamente, pelos valores envolvidos (200 milhões de dólares) um impacto grande num segmento que, muitas vezes, não tem acesso a crédito para crescer, que é o sector de que falávamos das MPME.

A Associação Moçambicana de Bancos, de cuja direcção o Standard Bank faz parte, em conjunto com o Banco Mundial e Ministério das Finanças, já estavam

a trabalhar no conceito há algum tempo e ficámos muito satisfeitos por ver que foi uma das medidas anunciadas pelo Presidente da República.

Se olharmos três anos para trás, não tínhamos pandemia, não tínhamos guerra na Ucrânia, nem inflação. Com isto, juntamente com a instabilidade no Norte que paralisou os dois maiores projectos de investimento, e os efeitos dos ciclones, o grande salto da economia moçambicana foi sendo adiado. Como é que vê a dinâmica da economia moçambicana nos próximos anos?

Sendo verdade tudo isso, mas olhando para o futuro, acho que há aqui vários indicadores bastante positivos. A exportação de Coral Sul está prestes a acontecer, e um projecto daquela dimensão (sete mil milhões de dólares de investimento) para uma economia de 14 ‘bis’ é muito grande.

A fase de desenvolvimento foi relativamente rápida para um projecto daqueles, o barco foi construído e entregue dentro dos prazos previstos e já está, hoje, ali, a produzir gás liquefeito, prevendo-se as primeiras exportações já no último tri-

“Existem alguns sinais de que, no início de 2023, o desenvolvimento do projecto da TotalEnergies também possa reiniciar, fruto do grande trabalho do Estado e dos seus parceiros em tornar aquela região estável”

mestre deste ano. Isto mostra que Moçambique é um país que está preparado para fazer parte dos grandes exportadores de energia do mundo.

Mas temos tido outros sinais encorajadores, como o acordo com o FMI que é muito relevante, como o selo de que todos esperávamos para que os investidores possam voltar, e o sinal de que existe uma estratégia clara de gestão de finanças públicas. Depois, existe um pacote muito grande do Banco Mundial, numa série de áreas, entre elas o Fundo de Garantia, de que falávamos.

E esse é um pacote que dá apoio directo à economia, para além de ter uma parte de componente de apoio ao OE. Existem alguns sinais de que, no início de 2023, o desenvolvimento do projecto da TotalEnergies na Área 1 também possa reiniciar, fruto do grande trabalho do Estado e dos seus parceiros em tornar aquela região mais estável. Tudo isto combinado, e com mais este anúncio do Presidente da República do plano de fomento económico, com 20 medidas concretas, só pode dar-nos boas perspectivas para o futuro a curto e médio prazo. Passámos os últimos sete anos com um crescimento muito baixo, em média de 2,8%, com a população a crescer a 3,5%, ou seja, na prática, temos perdido poder de compra.

Esperamos que estas medidas nos voltem a trazer para os níveis de crescimento que Moçambique tem o potencial para alcançar, e que já teve no passado. Creio que vamos estar acima dos 5% de crescimento do PIB já em 2024.

Em que ponto de maturidade está, em sua opinião, o sistema financeiro actualmente?

Temos um sistema muito sólido. Houve uma série de alterações regulamen-

tares com o aumento do capital mínimo dos bancos, dos rácios de capital, ou intervenções que o Banco Central teve de fazer em algumas instituições financeiras.

É preciso dar o exemplo para depois todos os outros seguirem. E basta olhar para os rácios de capital dos bancos, que estão quase todos, pelo menos, 3% acima do mínimo regulatório, o que permite absorver potenciais perdas e atenuar a volatilidade do mercado.

Depois, mesmo do ponto de vista de regulação, tem havido grandes avanços em vários temas da regulação do sistema financeiro, como a recente aprovação da Lei de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo.

Estas são alterações que vieram colocar o sistema financeiro moçambicano ao nível das melhores práticas mundiais, conjugado com um regulador que é muito activo em perceber se os players do mercado estão a cumprir com a regulação. Pessoalmente, o que hoje notamos é que as conversações entre as nossas equipas e as da regulação tanto podiam ser em Maputo, como em Joanesburgo ou Nova Iorque. Os temas que são debatidos entre nós e o Banco Central, ao nível deste tipo de regulação, têm por base as melhores práticas.

E, mesmo assim, a banca ainda está longe de ser universal, ou transversal a toda a população...

Há um espaço grande para crescer, porque continua a haver uma faixa enorme da população que não está ainda abrangida pelos serviços financeiros. Uma das coisas que mais me surpreenderam quando entrei no banco foi o projecto que o grupo anunciou, em que vai embarcar numa jornada de transformação digital.

Chamamos-lhe “Future Ready Transformation”, e terá uma componente grande de formação e acesso das nossas pessoas a plataformas de conhecimento que não tínhamos no passado, e muito viradas para as novas tecnologias, para a blockchain, para a inteligência artificial e para o marketing digital.

Mas está em curso a jornada de transformação, de passarmos de um banco para sermos uma plataforma que agrega serviços financeiros e não financeiros de acordo com as necessidades do cliente. Temos de nos posicionar junto dos nossos clientes para que possam, através das nossas plataformas digitais, aceder não só aos produtos que desenvolvemos, mas aos dos nossos parceiros. É essa evolução que o grupo está a fazer. Ou seja, começa tudo numa jornada de transformação digital das pessoas, das plataformas, de reduzir a quantidade de plataformas que temos e que já estão obsoletas, e de criar uma mais ajustada aos novos tempos, e preparada para que, quando o cliente precisar de algo – desde comprar um carro, uma casa, um computador, ir de férias ou pagar a escola dos filhos – possa ter ali uma série de soluções.

Sabemos que existem ainda hoje alguns desafios a este nível, nomeadamente na legislação sobre como tratar os dados dos clientes, onde armazenar, onde tratar e por aí fora. Essa é uma lacuna que está já bem identificada pelo Governo e com o qual nós esperamos ansiosamente que haja avanços.

Se daqui a um ano estivermos a conversar, e lhe pedir um balanço dos últimos meses, o que é espera, ou gostaria, de me dizer nessa altura?

Olhe, eu gostava de lhe dizer que já se nota a transformação em que estamos a embarcar, a digital e a de sairmos das notícias pelas razões erradas. Gostava que, daqui um ano, o mercado começasse já a sentir o efeito de muitas das ideias e produtos em que temos estado a trabalhar.

Volto a dizer que uma das coisas que me surpreenderam quando aqui cheguei foi constatar que há muita gente jovem, com muito talento, que está a trabalhar em coisas muito interessantes. Gostaria muito que, nessa altura, estivéssemos a falar já de fazer o terceiro e o quarto projectos de gás natural e não apenas o primeiro e o segundo.

E de estar aqui a falar do progresso e dos resultados do Fundo de Garantia e do papel que teve no desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique. E espero estar aqui também a anunciar as coisas novas que vamos fazer ao nível do segmento das pequenas empresas, que é de todos, do que é que no nosso portefólio estará a crescer mais, mas também nos clientes particulares.

Espero ter já caminhos implementados para trazer o mercado informal para o sistema, e continuar a dizer que continuamos sólidos financeiramente, que o banco continua com uma marca muito forte alicerçada em pessoas muito comprometidas.

Espero, por fim, não estragar o que está muito bem feito aqui no banco e construir em cima dessa boa base.

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