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MERCADO E FINANÇAS
Já na sua 57.ª edição, a maior feira agro-industrial do País introduz inovações inspiradas pela crise do covid-19 e pela mais recente instabilidade que se abate sobre a economia global. A estratégia, agora, é transformar desafios em oportunidades, segundo o director-geral da APIEX, Gil Bires
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Obalanço da Feira Internacional de Maputo (FACIM) 2021 mostra o quanto a pandemia limitou o papel deste evento enquanto local de promoção do crescimento socioeconómico, através da interacção dos homens de negócios nacionais e estrangeiros. No que diz respeito ao número de expositores, teve a participação de 569 nacionais, contra 1550 inicialmente projectados.
Os expositores estrangeiros ficaram-se nos 44 (19 participações em formato virtual e 25 em formato presencial), contra 24 projectados. Em relação aos países participantes da Feira, as estatísticas apontam para um total de 13, sendo quatro em formato virtual (Brasil, Coreia do Sul, Índia e Zimbabué) e nove em presencial (África do Sul, Tanzânia, Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Finlândia, Reino Unido), numa projecção de 24 países esperados.
A relação de visitantes da FACIM 2021 aponta para 22 314 participantes virtuais, numa projecção de 70 000, e 5400 presenciais, contra 5250 projectados. O relatório aponta ainda para um total de 622 bolsas de contacto realizadas nos diversos domínios, dos quais resultaram em 24 intenções de parcerias por firmar, incluindo acções de capacitação técnica para os profissionais de diversos sectores de actividade.
Contada a história de 2021, resta saber o que se pensa para a edição que vem a seguir, entre os dias 29 de Agosto e 4 de Setembro, sobretudo numa altura em que o mundo vive outro tipo de ameaças que se sobrepõem ao quase enfraquecido covid-19, como a guerra na Ucrânia.
É o que nos revela, a seguir, o director-geral da Agência para a Promoção de Exportações (APIEX), Gil Bires.
Esta edição da FACIM segue-se a momentos de instabilidade imposta pela pandemia do covid-19,
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R
em que tudo estava fechado, tendo impedido a realização da edição de 2020 e condicionado a de 2021 a um formato híbrido. Que formato irá seguir a de 2022 e que sinal estão a receber relativamente ao interesse do empresariado?
Comparativamente à edição do ano passado, nesta regressamos ao modelo tradicional que é mais presencial do que virtual.
Teremos a componente híbrida, sobretudo para os habituais seminários temáticos que abordam várias questões
sectoriais e a estratégia é garantir uma participação o mais ampla possível.
Acreditamos que esta edição da Feira terá uma grande participação do tecido empresarial, tanto nacional quanto estrangeira, e a todos os níveis, tendo em consideração o ambiente que vivemos, que é de uma gradual reabertura das economias nacional e mundial face à pandemia do covid-19.
Há sinais de que a crise imposta pela pandemia e pelas ameaças globais ao comércio internacional inspiraram inovações na forma como o País pretende vender a sua imagem e potencialidades nesta Feira…
Sim. Há uma forte aposta na componente de inovação com destaque para um pavilhão exclusivo para os exportadores onde pretendemos destacar o potencial de exportação que o País tem.
Teremos também um pavilhão dedicado ao sector financeiro, incluindo as seguradoras, que devem integrar expositores de diversas dimensões. Estou a falar de microsseguradoras, bancos, instituições de microcrédito, etc., para divulgarem as suas actividades de forma mais ampla possível.
Além disso, prevemos um pavilhão que deve destacar a inovação tecnológica, a que vamos chamar de Pavilhão do Empreendedorismo, Ciência e Tecnologia, para trazer à FACIM as várias iniciativas empreendedoras que vão surgindo no mercado.
Outras inovações exclusivas para esta edição dizem respeito à facilitação de negócios. No caso da APIEX, teremos um stand de divulgação de informação e assistência aos investidores. Isto é, se alguém quiser saber quais são as condições para investir no País pode obter a informação com alguma facilidade neste local e obter melhor orientação.
Além disso, serão instalados balcões de atendimento único que, na FACIM, facilitarão a obtenção de licenças para instalar uma empresa e começar um negócio.
No quadro da certificação de qualidade, o Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ) também estará na Feira para garantir apoio às empresas nacionais e assegurar a competitividade dos seus negócios.
Prevemos, igualmente, um espaço para o registo de marcas através do Instituto da Propriedade Industrial, lembrando que esta é uma das questões-chave para a melhoria do ambiente de negócio no País, sendo, por isso, um importante factor de atracção de investimentos.
A REANIMAÇÃO DA FEIRA
O adormecer do covid-19 trará de volta os grandes protagonistas da FACIM, com uma participação melhor que a de 2021 Expositores nacionais
1750
569
Expositores estrangeiros
30
44
Países
13
Visitantes
22 314
2021 20
50 000
2022 Projecções
FONTE APIEX

Qual é a razão de fundo para a escolha dos sectores da exportação, financeiro e de tecnologia para estarem isolados em pavilhões exclusivos?
Foi baseado nos objectivos da FACIM, que são o de expor as potencialidades para a produção e exportação de bens e serviços e promover oportunidades de negócios e de investimentos nos diversos segmentos da economia.
Acreditamos que o sector financeiro tem estado a crescer de forma significativa e, por isso, é importante que tenha espaço privilegiado para expor os seus bens e serviços, e interagir com potenciais investidores partilhando informações e oportunidades.
O mesmo acontece com a componente da inovação tecnológica e empreendedorismo, que tem estado a trazer várias iniciativas novas para o mercado nos últimos anos, a exemplo das várias startups que proporcionam mudanças rápidas no sector de serviços.
Entendemos que estas iniciativas merecem um espaço igualmente privilegiado para poderem afirmar-se, estabelecer parcerias e negócios.
O que se pode esperar da adesão dos expositores nacionais e estrangeiros, quer individuais, quer empresas, depois de se ter assistido a uma interrupção em 2020 e a uma edição a meio gás no ano passado, e tendo em conta que a pandemia ainda é uma ameaça e que o comércio mundial vive em ambiente de instabilidade e incerteza?
Esperamos uma forte participação de expositores nacionais por termos regressado ao formato presencial, a começar pela presença de todas as províncias sem falar nos pavilhões onde estarão os expositores sectoriais, nomeadamente os representantes dos diferentes Ministérios. Também esperamos uma forte presença estrangeira.
Em termos de números, projectamos a participação de cerca de 20 países e 30 empresas estrangeiras e os dados que temos até agora (duas semanas antes do arranque do evento e uma semana antes do fim das inscrições) indica que iremos atingir esta meta, porque já estamos próximos desses números. Também esperamos 1750 empresas nacionais e 50 mil visitantes.
Esta perspectiva de melhoria na participação, quer nacional, quer estrangeira, está, de algum modo, relacionada com a vontade que os países e empresas têm de alargar os seus horizontes de expansão para responder ao fenómeno da crise global, por exemplo, combustíveis e alimentos?
O factor ‘relançamento’ está na circusntância de a economia nacional estar a dar sinais positivos e nós estamos a tentar aproveitar esta fase de retoma. O mercado de feiras e exposições, ao nível global, foi severamente afectado pelos efeitos do covid-19. Muitos países não realizaram feiras.
No nosso caso, em particular, não realizámos a edição da FACIM de 2020

e no ano seguinte foi no formato híbrido. Em resultado disso, face aos cenários da retoma da economia global e da nossa economia, obviamente que o trabalho que estamos a fazer é o de capitalizar este contexto de retoma e aproveitarmos a FACIM para promover a imagem do País como destino preferencial de investimentos, promover o potencial de exportações, parcerias empresariais e criar oportunidades para que as Pequenas e Médias Empresas nacionais tirem vantagens da Feira.
Como têm sido medidos os resultados da Feira olhando para os objectivos para que foi criada? E qual tem sido o impacto em concreto?
Nos últimos anos, temos apostado em sistematizar os resultados em termos de propostas de investimentos e de negócios que resultam da organização da Feira. Em relação ao ano passado, por exemplo, e apesar de ter sido uma edição com as limitações que já referi, temos a lista de oportunidades de investimentos e que resultaram na concretização de alguns projectos. É verdade que o processo de aprovação de um projecto não é automático, mas existem propostas concretas de investimento externo que foram submetidas à aprovação, existem as que estão em processo de avaliação e que resultaram da participação na FACIM.