Materia prima abril 2014

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ECONOMIA | POLÍTICA | ESPORTES | HUMOR | CULTURA

Ano 4 • N0 53 • Abril de 2014 • R$ 5,00

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banco rural é retalhado em leilão

Exatamente como ocorria com seus clientes inadimplentes, patrimônio do Banco Rural vai a leilão, em pedaços, para pagamento de dívidas. Mineroduto da Samarco foi o maior investimento realizado no país nos últimos 12 meses

14 coisas deprimentes da política mineira que você vai conhecer a partir de agora


CONTINUAR E FAZER SEMPRE MAIS. ESSE É O COMPROMISSO COM MINAS GERAIS. Conheça alguns resultados do Governo de Minas.

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O maior programa estadual do Brasil de atenção à saúde da gestante e do bebê.

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O maior conjunto de obras viárias da história de Minas.

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www.materiaprimarevista.com.br Belo Horizonte, 22 de Abril de 2014

Prezado amigo, Tenho o prazer de lhe apresentar a revista MatériaPrima. Trata-se de publicação mensal, já na sua edição nº 53, que chega aos leitores com o compromisso de cumprir um papel importante e exclusivo: mantê-los bem informados sobre as questões mais relevantes da economia e da política de Minas Gerais. Também pretende refletir o pensamento de Minas, a respeito de assuntos políticos e econômicos de caráter nacional. Minas Gerais se posiciona para ser ouvida, por conta da sua pujança econômica. Sua produção anual de riquezas tem dimensões semelhantes às do Chile. É maior que as do Uruguai, Paraguai e Bolívia, somadas. A sua força decorre da liderança em muitas atividades. Minas Gerais produz mais automóveis que a Argentina. Outro objetivo de MatériaPrima é o de transbordar para os demais estados brasileiros a expressão política dessa força econômica. Espero que a publicação agrade ao caro amigo. Caso seja do seu interesse assiná-la, comunique-se com a Cláudia Dolabela, do Departamento de Assinaturas, no telefone (31) 2534.0600. O custo da assinatura é de apenas $60,00 por ano. Com o abraço do

Durval Guimarães Editor-chefe

Rua Canopus, 11 Cj.5 - São Bento - CEP: 30360-112 - Belo Horizonte - MG | redacao@materiaprima.com.br

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editorial

“O petróleo é nosso”, uma ilusão brasileira Dirigentes da estatal se envolvem em escândalos enquanto o país continua importando petróleo

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o dia 8 de novembro de 2007, a Petrobras, empresa pública brasileira do petróleo, revelou ao mundo uma notícia que prometia revolucionar a equação energética do mundo e resolver os problemas do Brasil. Um grupo de engenheiros, biólogos, oceanógrafos, sismógrafos e geólogos conseguira descobrir reservas de petróleo ao largo do Rio de Janeiro, a sete mil metros de profundidade. Eufórico, o presidente Lula da Silva proclamou que o Brasil tinha ganho “o bilhete premiado” da loteria, “um passaporte para o futuro”. E quando a primeira amostra do óleo chegou à superfície, o presidente anunciou a “segunda independência” do país. Passaram-se sete anos e a enorme expectativa do pré-sal continua por cum-

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prir. O Brasil não só não é capaz de exportar petróleo como no ano passado teve importar US$ 40 bilhões em combustíveis e derivados capazes de alimentar uma frota automóvel que cresce ao ritmo de mais de três milhões de unidades por ano. Entre a euforia da descoberta das jazidas do campo de Tupi, que entretanto se passaria a chamar Lula, e a atualidade, muitas coisas aconteceram. O Governo criou uma regulamentação que reserva para a companhia nacional 30% de todos os recursos em exploração, o que afastou os maiores gigantes do setor do negócio; novas reservas foram descobertas na África ou na Ásia. As lambanças prosseguiram e por conta desses constrangimentos, a Petrobras perdeu nos dois últimos anos 40% do seu valor de mercado.

Ao mesmo tempo, a sua dívida cresceu cerca de um terço desde o final do ano passado. Num relatório do outono de 2013, o Bank of America considerava a petrolífera brasileira como a empresa mais endividada do mundo. Agora, surge um novo constrangimento: a desastrosa compra da refinaria de Pasadena, sobre o qual muito se falou e mais ainda deve ser apurado. Em resumo, um péssimo negócio com o dinheiro público com suspeita de enorme corrupção. Os brasileiros têm um enorme apego à estatização, mas no caso da Petrobras vale também a velha frase de um famoso economista: uma empresa estatal nunca pertence aos brasileiros mas à cúpula burocrata que a dirige. No caso, ela parece se locupletar por trás dessa patacoada chamada “O petróleo é nosso”.


a prefeitura de belo horizonte, por meio da fundaçÃO MUNICIPAL DE CULTURA, APRESENTA:

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO, PALCO E RUA DE BELO HORIZONTE

Vem aí o FIT 2014, o maior de todos os tempos. Mais de 200 atrações espalhadas por toda a cidade. E, neste ano, a edição vai marcar a reinauguração dos teatros Francisco Nunes e Marília.

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xxxxxx ÍNDICE REPORTAGEM DE CAPA

Entre centenas de carros velhos, patrimônio do Rural se desfaz No dia em que o Banco Rural foi leiloado, em retalhos, pelo menos 700 automóveis estavam no pátio, oferecidos a quem fizesse a melhor oferta. Era a tarde de 24 de abril e MatériaPrima estava no Palácio dos Leilões, em Contagem, onde tudo se leva à praça, por ordem da Justiça. O banco tinha o nome de uma picape pré-histórica – por imposição do seu dono, o advogado Sabino Rabelo – que jamais se esqueceu de seu primeiro carro, uma geringonça produzida pela extinta montadora Willys Overland no final da década de 50 até os anos 70. Pág. 19

entrevista

Itambé pronta para chutar o balde Minas é conhecida como a terra onde se produz excelentes queijos e outros derivados do leite. É uma fama merecida, que se deve a fantásticos laticínios – como a cooperativa Itambé, que coloca suas maravilhas, diariamente, em todas as padarias e supermercados do país. Ela passou por dificuldades financeiras que agora foram superadas com a adesão de um sócio poderoso. No caso, o Grupo Friboi.

Pág. 12

política

14 coisas deprimentes da política mineira que você não conhecia Livro de memória é um bom momento para fazer um acerto de contas com a história e, finalmente, revelar coisas que estão mal acomodadas na memória do autor. Foi o que fez o ex-deputado Armando Costa, ex-presidente do PMDB mineiro, em seu livro “Um médico nos bastidores da política”. Nesta obra de 264 páginas, ele faz revelações surpreendentes a respeito dos subterrâneos nos quais passou boa parte de sua vida. Exemplo: a compra desenfreada de votos de deputados estaduais nos tempos em que dava expediente na Assembleia Legislativa. Pág. 28

economia e negócios

Samarco faz o maior investimento dos últimos 12 meses no País A Samarco, empresa de mineração que pertence, em partes iguais, à Cia. Vale do Rio Doce e à australiana BHP Bilinton, exporta atualmente mais de 30 milhões de toneladas de minério de ferro para todo o mundo. Ao inaugurar sua terceira linha de mineroduto, numa extensão de 400 quilômetros, a empresa tem agora uma gigantesca rede subterrânea de tubulações que transporta uma pasta formada por água e minério de ferro, desde Mariana, em Minas, até Anchieta, no litoral do Espírito Santo. Nesta cidade, o minério é desidratado e transformado em pelotas para exportação. O investimento, de R$ 6,4 bilhões, foi o maior realizado no Brasil, nos últimos 12 meses. Pág. 35

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xxxxxx ÍNDICE nome e notas

Universidade elimina cursos que não garantem emprego para alunos Uma importante universidade particular, com sede em Belo Horizonte, decidiu encarar a realidade que seus alunos não queriam ver. Simplesmente, vai extinguir cursos que, segundo seus dirigentes, só causam decepções, angústias e frustrações em seus futuros profissionais, pois não garantem o pão nosso de cada dia a nenhum deles. Claro, estamos falando dos cursos de jornalismo, sociologia, letras e filosofia, entre outros, que – segundo a instituição de ensino – apenas oferecem diplomas para enfeitar o currículo dos formando. Pág. 24

ah se eu soubesse...

...E cuidaria melhor do meu casamento Esta seção fez uma única pergunta aos entrevistados, escolhidos entre aqueles que são, invariavelmente, amadurecidos e de sucesso em suas atividades. A pergunta: O que você faria de diferente na sua juventude com a experiência que tem hoje? Responderam várias personalidades de nossa vida política e econômica. Dentre eles, o engenheiro Abílio dos Santos, que foi presidente do BDMG e hoje comanda o condomínio Alphaville, onde reside: “Na vida pessoal, planejaria e administraria melhor o casamento, pois não há desastre maior que uma separação. Como brasileiro, deveria ter tido maior participação política, pois não adianta ficar só reclamando dos políticos”. Veja outros depoimentos na Pág. 31

meu dinheiro

Prepare-se: ainda dá pra ficar milionário, se você tem menos de 40 Na edição passada, MatériaPrima publicou a relação dos 25 bilionários mineiros. Alguns se tornaram ricos antes de completar os 40 anos de idade, como foi o caso de Ricardo Nunes, proprietário da Ricardo Eletro. Se ele conseguiu, você também pode conseguir. Veja o mapa da mina, que montamos depois de demoradas conversas com esses bilionários. Pág. 45

Colunas e artigos Palavra do leitor.............................................. 08 Querido Diário................................................. 18 ECONOMIA | POLÍTICA | ESPORTES | HUMOR | CULTURA

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PALAVRA DO LEITOR

PALAVRA DO LEITOR Denigrir ou não denigrir, eis a questão Este senhor que assina a matéria politicamente incorreta sobre a cartilha da Fifa (chama-se Carlos Freire; será parente do Roberto, do ex-PCB?) comete várias injustiças ao Brasil, ao tentar defender o enxovalhamento moral a que a entidade máxima do desporto planetário submete o nosso país aos estrangeiros. A imagem do Brasil no exterior fica indelevelmente manchada em função das aleivosias que tal cartilha comete, ao dizer que somos um povo preguiçoso (nunca chegamos no horário), descumpridor das leis (os carros maiores têm preferência sobre os pequenos veículos), além de difundir outras mentiras sobre nosso povo. Ou seja: o sr. Freire entra nesta campanha de denigrir o Brasil no exterior, como se isso fizesse algum bem aos nossos compatriotas. Fica aqui o meu protesto. Francisco T. Silva (Itabira-MG) Primeiro de tudo, caro senhor, o articulista em questão não passa nem perto de parentesco com Roberto

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Freire, ex-PCB. Ele está mais pra Marcos Freire, aquele que morreu num desastre de avião. Em segundo lugar, chegar atrasado a encontros não significa que somos preguiçosos, mas apenas descuidados. Terceiro: falar que a matéria enxovalha indelevelmente a imagem do Brasil no exterior é meio antigo. E pra não estender a conversa: politicamente incorreto é quem fala em “denigrir”, que, segundo o Houaiss, significa “tornar(-se) negro ou escuro”.

ções, não fosse de todo bem educada.

Números

Antônio de Oliveira (DF)

Numa das últimas edições da revista (nº 51) enviei (e vocês publicaram) uma carta reclamando da quantidade de números que vocês usavam para falar de determinados assuntos. Me dei até ao trabalho de contar: nas 68 páginas da edição à qual me referia, pelo menos 14 delas tinham sido utilizadas para atingir 94 itens perguntando alguma coisa sobre o assunto tratado na matéria.

Você tem razão. Antônio;

Agora, tenho que me retratar, embora a resposta dada por vocês, me pedindo para escolher uma entre três op-

É raro ver a mídia tratar da mídia com tanta sinceridade. Parabéns pelo verdadeiro ensaio de Ana Paola Amorim, que

Mas é isso: ocorre que na edição de março (nº 52), vocês justificaram plenamente a utilização destes “testes” para tornar a leitura agradável – uma vez que o texto é inteligente. Refiro-me ao “Memória”, nas últimas páginas da revista, no qual Márcio Rubens Prado dá um verdadeiro show de conhecimento e bom humor. O problema – ressalto – é que vocês não são, como um todo, o Márcio Rubens Prado.

a) não temos o talento do Márcio; b) jamais o teremos c) continuamos a lamentar muito a sua (dele) ausência.

Mídia


PALAVRA DO LEITOR

fez uma excelente matéria sobre o papel da imprensa, com um título primoroso (“O jornal de papel vai acabar ou será apenas o papel do jornal?”). Ademais, mostrando que não papas na língua, MatériaPrima discute ainda a questão das próprias revistas neste cenário, falando sobre as mudanças de hábito no consumo da mídia, perguntando se ainda há espaço para jornais e revistas impressos. Aqui, quero dar o meu pitaco: não concordo que os dois venham a sumir do planeta. Acho apenas que jornais e revistas devem procurar seu escaninho no mercado, deixando de ser simples reprodutores de notícias e passando a analisar os assuntos de forma independente, ajudando assim os leitores a entender o que está por trás do que se publica não só na tv, na web, como nos próprios jornais e revistas. Coisa que não vemos com a frequência necessária. Márcio Moreira (SP)

Onde você estava? A imprensa tem uma mania esquisita de patrulhar a população com aquelas perguntas idiotas do tipo “onde você estava no dia 31 de março (a data do golpe de

64) ou em cinco de dezembro de 1968 (a data do AI-5)?”. Perguntaram-me recentemente, pelas páginas dos jornais, onde eu estava em 15 de janeiro de 1985, que foi a eleição do doutor Tancredo. De vez em quando vejo depoimentos de pessoas falando que estiveram na clandestinidade até a Anistia, embora tenham mantido o fato clandestino durante muitas décadas. Ou que dizem ter conspirado contra a ditadura, apesar de a conspiração ter permanecido secreta até hoje. Todos se arriscaram pela liberdade. Todos levaram a cabo uma atividade bastante subversiva, que os coloca apenas um degrau abaixo de todos os que morreram durante a Ditadura. Todos distribuíram panfletos e compraram discos em segredo. Mesmo os que o 15 de Janeiro os pegou dormindo, estavam dormindo revolucionariamente. Chega a parecer estranho que, num país em que toda a gente amava a liberdade, a ditadura tenha conseguido durar tanto tempo. Como é evidente, fico à margem de todas estas conversas. Infelizmente, nasci três dias depois do 15 de janeiro de 1985 e não tenho um passado de luta e resistência para apresentar. Ou, pelo menos, era o que eu pensava. As histórias que tenho ouvido inspiraram-me a criar a mi-

nha própria narrativa de combate ao fascismo, toda ela verdadeira. Ora escutem. Passei os nove meses que antecederam o 15 de Janeiro na clandestinidade. E, também, preso. Na solitária. A cela era úmida, escura, e a comida parecia-me já ter sido mastigada. Resisti como pude a essa longa noite de fascismo e, quando o 15 de Janeiro chegou, foi como se eu tivesse nascido. A festa foi bonita, mas o fascismo mostrou a sua feia carranca até ao fim: mesmo à saída da prisão, ainda fui agredido, com umas palmadas. E confesso que chorei. Mais de choque e raiva do que de dor, mas chorei. Escuso de dizer que a minha vida, após o 15 de Janeiro, não tem nada a ver com o que era antes. É uma diferença radical, do dia para a noite. Foi como se tivesse finalmente aberto os olhos. Portanto, e à semelhança de tanta gente que, muitas décadas depois, descobriu que lutou e sofreu pela liberdade, também eu passo a ter uma história impressionante de resistência ao fascismo. Jovens como eu, desfrutem à vontade da liberdade pela qual eu lutei. Não têm nada que agradecer. José Márcio Mauro – BH-MG

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PALAVRA DO LEITOR

João Paulo Coltrane por ele mesmo

Qual é?

Como vê a atual situação do País?

- 747,34 dólares per capita.

Este cronista João Paulo Coltrane, que escreve umas bobagens no final de cada edição desta revista é, sem dúvida, o maior cabotino ao sul do Equador. Mas ele se supera nesta entrevista publicada no intimorato semanário Sentinela do Vale, editado numa cidade do Vale do Jequitinhonha. Faço questão de repassar a maluquice a essa egrégia redação. Alguém tem de tomar providências. Urgente e intimorata!

Incrível! Como é que se definiria?

- Vejo com alguma esperança. O governo diz que o País está melhor, o que é ótimo, embora as pessoas estejam piores, o que é péssimo. Fazendo a média entre o estado do País e o das pessoas, o resultado é razoável. Ou seja, parece que está tudo bastante mais ou menos. Não é mau.

“João Paulo Coltrane é um dos mais proeminentes humoristas surgidos na segunda década deste século tão promissor. Colunista de MatériaPrima há cerca de quatro anos, nesta entrevista exclusiva volta a mostrar que é muito mais do que apenas uma cara bonita.

- Agradeço que me faça essa pergunta, porque me dá a oportunidade de responder de uma forma que julgo ser inédita. Normalmente, os entrevistados dão uma de duas respostas a esta pergunta: ou apontam um defeito menor (em geral, a teimosia), ou conseguem transformar o seu maior defeito num defeito dos outros (por exemplo: confiar demais nas pessoas). Gostaria então de dizer que, da vasta lista de defeitos que a minha personalidade me coloca à disposição, hoje escolho estes: sou preguiçoso e guardo rancores. Sempre são dois pecados mortais. Gostaria muito de juntar a luxúria, mas não a pratico tanto quanto tenho necessidade.

Qual foi a pergunta que nunca lhe fizeram? - Esta não é uma delas, curiosamente. É difícil responder, na medida em que o universo de questões que nunca me foram colocadas é muito mais vasto do que o daquelas a que já tive de responder. Mas nunca me perguntaram, por exemplo, qual é o PIB do Bangladesh.

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- Em princípio, não me definiria, na medida em que sou demasiado complexo, como sabe. Mas, em traços muito gerais, posso dizer-lhe que sou forte no jogo aéreo e nas escapadas pelas pontas, e tenho alguma facilidade em jogar de costas para o gol, embora me falte capacidade de explosão. É capaz de identificar o seu maior defeito?

Finalmente, Coltrane, o que levaria para uma ilha habitada? - Um tigre, porque prefiro ilhas desertas.” Pela transcrição, Leonardo Arruda – BH-MG Grato, Leonardo. O Conselho Consultivo da Editora, reunido em sessão plenária à rua Canopus, 11, CEP 30260-112, houve por bem enviar uma carta ao vibrante Sentinela do Vale, na qual solicita mais informações (ou seja: perguntas e respostas que ficaram em off, particularmente no que diz respeito aos pecados da luxúria), para que possa então a egrégia instituição tomar as providências cabíveis. Assim que chegarmos a alguma conclusão, enviaremos e-mail ao leitor informando sobre. Garantimos completa, isenta e elucidativa investigação.


A informação que forma e transforma o seu ponto de vista. Os fatos que formam e deformam a realidade. As características que engrandecem e apequenam a política e a vida empresarial. As noticias que todo mundo quer ver e que muitos não gostariam de ver publicadas. As atitudes e as práticas sustentáveis e insustentáveis para o meio ambiente.

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IMPRESSO

R$ 5,00 Ano 3 | No 32 | Junho/2012

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A direção da Usiminas se orgulhava de ter sofrido uma única greve em seus 50 anos. Mas a siderúrgica era dona de tudo. Até da sede do Sindicato dos Metalúrgicos

A FARSA

da paz social

VAVÁ, O ÚLTIMO CAMPEÃO DO GELO

PERRELA MERENDOU A VERBA DA MERENDA

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ENTREVISTA

Jacques Gontijo, presidente da CCPR

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ENTREVISTA

Finalmente, deixamos de trabalhar para pagar juros aos bancos Jacques Gontijo, presidente da Cooperativa Central dos Produtores Rurais, conta tudo sobre a recuperação da Itambé. DURVAL GUIMARÃES

M

inas é muito admirada por toda parte, entre outros motivos pela excelência dos seus numerosos tipos de queijo e pela espantosa qualidade do leite e seus derivados. Há outras razões para esse encantamento, e todas elas são praticamente incontáveis, como a vigorosa expressão literária dos seus escritores e poetas ou pelo vigor de sua economia. Mas vamos ficar nessa, a dos deliciosos produtos lácteos, à qual muito devemos à CCPR-Cooperativa Central de Produtores Rurais, a velha e querida Itambé dos mineiros. Criada há 50 anos, por sonhadores fazendeiros que se espalhavam pelas bacias leiteiras que contornam a Região Metropolitana de Belo Horizonte, hoje a Itambé tem uma expressão continental. A Cooperativa capta, processa e industrializa 100 milhões de litros por mês, volume semelhan-

te ao do Uruguai inteiro. Sua receita anual é de R$ 2,4 bilhões. Caso fosse uma empresa comercial, estaria colocada entre as 20 maiores num estado que sedia corporações gigantescas, como a Fiat Automóveis, a Usiminas e a ArcelorMittal. Por isso, os mineiros ficaram preocupados quando, há dois anos, o presidente da organização, Jacques Gontijo, informou a esta revista que a Itambé somente conseguiria se consolidar e crescer num mercado cada vez mais globalizado com a associação a um grupo empresarial capitalizado. O sócio apareceu em fevereiro do ano passado, quando a Vigor Alimentos, empresa do grupo Friboi, adquirir 50% da sua área industrial. Acompanhe na entrevista abaixo, com o mesmo Jacques Gontijo, o que aconteceu desde então.

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xxxxxx ENTREVISTA por ano. O leite era exportado a US$ 5 mil por tonelada e em um mês, naquela crise, caiu para US$ 1,8 mil. Um terço dos nossos negócios era a exportação. MP - Quais os efeitos da crise na Itambé, que sempre parecia saudável, como seus produtos? JG - Começou a faltar dinheiro, já que nossas margens de lucro caíram brutalmente. Tivemos que buscar empréstimos para continuar honrando nossos compromissos. Em 2011, gastamos R$ 100 milhões só com juros.Ou seja, pagávamos R$ 8 milhões por mês, só de juros. Estávamos trabalhando para os bancos. MatériaPrima - Há um ano, a Itambé conseguiu o parceiro que tanto desejava para fortalecer os seus negócios. A Friboi a adquiriu a metade da Cooperativa. A aliança deu certo? Jacques Gontijo – Em fevereiro de 2013 nós fechamos o negócio, mas, por conta da burocracia natural num acerto dessas dimensões, a sociedade só começou a funcionar em junho. Na essência, queríamos mudar o modelo de negócio, pois as cooperativas são frágeis para enfrentar um mundo globalizado e altamente competitivo. MP - Mas há grandes cooperativas no mercado, entre elas a Itambé, que está entre as 20 maiores instituições produtivas mineiras. Há também a Unimed-BH, que controla a metade do mercado mineiro de planos de saúde. Onde está a fragilidade? JG - A cooperativa é um sociedade altamente democrática, o que é bom, mas se mostra frágil do ponto de vista administrativo. A qualquer hora pode se trocar toda a diretoria, pois é tudo decidido no voto. Há muitos fatores que interferem numa eleição Então, a continuidade administrativa é incerta. Diante desta insegurança decidimos criar um modelo híbrido. A Itambé continuaria como cooperativa na sua

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relação com o produtor, na captação do leite e fornecimento de insumos. E na parte industrial, a gente criaria uma empresa, no formato de sociedade anônima para competir no mercado. Foi o que fizemos ao criar a Itambé S.A. MP - Quando a Itambé S.A. foi criada? JG - Em 2012. Ela recebeu todas as nossas fábricas. Tínhamos 3.500 empregados, dos quais três mil foram transferidos para a empresa. O propósito, como disse, foi o de buscar força para competirmos no mercado e evitar que os negócios ficassem submetidos a problemas eleitorais. Com isso, os cooperados só poderão interferir na sua parte, não na empresa inteira, já que teríamos um sócio. Enfim, queríamos fortalecer nossa governança. MP - Há dois anos a Cooperativa falava também que precisava de um sócio capitalizado, capaz de ajudá-la no seu crescimento. JG - Sim, nós estávamos começando a enfrentar dificuldades. Tivemos alguns anos ruins, desde a crise de 2008, com a quebra do banco Lehmman Brothers. E 2011 foi o pior da história da instituição. Nosso principal produto é o leite em pó, do qual exportávamos 50 mil toneladas

MP - A situação se tornaria insustentável em curto prazo. JG - A situação se agravou quando o grande banco que nos atendia cortou o nosso crédito, cedido na faixa rural, que era de R$ 200 milhões. Fomos obrigados a recorrer a bancos menores, que exigiam juros ainda maiores. Os nossos custos financeiros se tornaram exorbitantes. MP - Qual o valor da venda? JG - A Itambé S.A foi avaliada em quase R$ 1 bilhão. Tínhamos uma dívida de R$ 550 milhões. Recebemos R$ 410 milhões. Foi uma grande solução, pois estávamos sem capacidade de crescer, já asfixiados pela dívida e pela falta de crédito. MP - O que representou para você a entrada do grupo Friboi? JG - Oficialmente, quem se tornou sócia de metade do capital da Itambé S. A. foi a Vigor Alimentos, tradicional empresa de laticínios, fundada em 1927, que faz parte do grupo Friboi. Originariamente era uma empresa mineira, com fábricas em Goiás e São Paulo. MP - Quais as mudanças na gestão, com o sócio que detém exatamente a metade do negócio? JG - A gestão é compartilhada, mas não


xxxxxx ENTREVISTA houve mudanças . Eles trouxeram apenas duas pessoas para a diretoria, uma delas o presidente Alexandre Almeida, que é mineiro de Belo Horizonte e trabalhou durante muito tempo na Líder Taxi Aéreo e depois foi para Friboi. Ele é da área financeira e sua marca é uma verdadeira obsessão por corte de despesas. Mas é o que vínhamos fazendo. Tanto que os resultados da Itambé são superiores ao da Vigor. Basta comparar os balanços de 2013 das duas empresas.

do mercado. Outro aspecto positivo é o crescimento do mercado consumidor. Há 20 anos, o brasileiro bebia cem litros de leite por ano; hoje já está em 170 litros. Bem próximo dos países desenvolvidos, onde o consumo é de 220 litros.

MP - Como é a gestão da empresa e da cooperativa, compartilhando o mesmo prédio? JG - O prédio tem seis andares, dos quais dois são da cooperativa. Sou o presidente da CCPR. A empresa é presidida pelo Alexandre, mas a cooperativa tem a metade dela. Tudo é decidido por um conselho de seis membros, metade para cada parte. Pela CCPR somos eu, Carlos Amorim e Marcos Elias, que já estávamos na casa. Tudo é decidido em harmonia e consenso. MP - Quais foram as principais mudanças ocorridas até agora? JG - A primeira, é claro, foi a injeção de capital. Antes, pagávamos R$ 100 milhões de juros por ano. No ano passado, o valor caiu para R$ 30 milhões. Ou seja: R$ 70 milhões voltaram para o nosso bolso. Agora em 2014 as despesas com juros cairão para R$ 18 milhões. Faça as contas: os custos caíram de R$ 8 milhões mensais para R$ 1,5 milhão. E irão cair ainda mais. A outra mudança foi a grande melhoria das condições do mercado. Na área internacional, por exemplo, o valor da tonelada de leite em pó voltou para os US$ 5 mil. Nesse preço somos competitivos e com isso voltamos a exportar. No final do ano passado, exportamos duas mil toneladas e temos a expectativa de exportar um total de 15 mil toneladas até dezembro. Outro fato: a China, que antes importava 100 mil toneladas de leite em pó por ano, importará um milhão de

toneladas em 2014. Isso abre novas perspectivas no mercado. MP - Como a Itambé vê o futuro do mercado de laticínios? JG - A reabertura do mercado internacional reduz a pressão de importadores, pois os vizinhos do Mercosul estavam vendendo muito leite em pó no Brasil. Um dos exportadores era o Uruguai, que tem uma produção semelhante à da Itambé, que é de 1,2 bilhão de litros por ano. Felizmente, o Brasil não tem grandes excedentes, pois o mercado interno é grande. Não exportamos sequer 10% da nossa produção, enquanto o Uruguai exporta dois terços do que produz. Em 2014, a Itambé S.A deverá apresentar uma receita líquida de R$ 2,4 bilhões. Em 2013 foi de R$ 2,1 bilhões. Vamos crescer, certamente ocupando espaço de competidores. Quanto à CCPR, o seu faturamento será de R$ 1,4 bi, dos quais 80% decorrerão da venda de leite para a Itambé S.A. Houve também recuperação das margens de lucro, que voltou aos tradicionais 9%, depois de uma longa fase abaixo de 4%. Devemos crescer dez por cento este ano, contra quatro por cento

MP - Há um acordo de compra do leite da cooperativa pela Itambé S.A? JG - A Itambé se compromete a comprar toda a produção da CCPR, que é de 100 milhões de litros mensais, captados em mais de 400 municípios mineiros. Além disso, com a expansão do mercado, estamos comprando leite numa espécie de mercado spot, que é formada por cooperativas menores que não conseguem comercializar toda a produção. Os outros 20% decorrem da venda de rações e outros insumos para nossos cooperados. Temos a maior fábrica de rações para bovinos do Brasil. MP - Qual a posição da Itambé no mercado brasileiro? JG - A Itambé é a terceira maior produtora de laticínios no Brasil, abaixo da Nestlé, que tem 7% do mercado nacional e da BR Foods (Perdigão), que tem 4%. Nós temos 3%. Só que o setor de leite da BR Foods está à venda, conforme informou um banco que está intermediando o negócio. Isso significa que alguma grande empresa multinacional passará a competir no mercado nacional. Suspeito que seja a francesa Lactalis, que é a maior empresa de lácteos do mundo. A companhia adquiriu um pequeno laticínio brasileiro. MP - Voltando ao inicio. Há notícias do saudoso queijo Itambé? JG - A produção nacional de queijos é muito pulverizada, não há um grande produtor nacional. Há pequenas fábricas por toda parte. Como havia também muita informalidade, ficamos fora por algum tempo. Mas voltaremos a produzir vários tipos de queijo ainda este ano, na fábrica em Guanhães.

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QUERIDO DIÁRIO

Registro dos principais fatos ocorridos ou com repercussão em Minas, nos mês de abril 2014 4, sexta

Alberto Pinto Coelho é o novo governador de Minas programa de governo do tucano e pré-candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves. Em maio, de acordo com prognósticos dos bastidores da política, Anastasia deverá anunciar candidatura ao Senado nas eleições deste ano.

Alberto Pinto Coelho e Antônio Anastasia durante cerimônia de posse.

Minas Gerais tem, a partir desta sexta-feira, um novo governador, que ficará no cargo até 1º de janeiro de 2015, data da posse do novo chefe do Executivo mineiro, que será eleito em outubro deste ano.

O vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP), 68 anos, assumiu o comando do estado no lugar de Antonio Anastasia (PSDB), que se desincompatibilizou do cargo para participar da elaboração do

A posse ocorreu na manhã desta sexta-feira, na Assembleia Legislativa. A partir do meio-dia aconteceu a cerimônia de transmissão do cargo, no Palácio da Liberdade. Ao chegar à Assembleia Legislativa, por volta das 10h30 desta sexta-feira, o novo governador reiterou que dará continuidade às administrações dos dois governadores anteriores, Anastasia (2010/2014) e Aécio Neves (2003/2010). Ele disse que levará a cabo o legado deixado pelos governadores que sucede, imprimindo o próprio ritmo de governar, procurando dar celeridade aos programas de governo.

7, segunda

Dilma assina concessão do aeroporto de Confins, mas obra não fica pronta para a Copa Concessionária vencedora do leilão vai administrar terminal por 30 anos, com 51% de participação; R$ 3,5 bilhões devem ser investidos no aeroporto Assim como na assinatura do contrato do Galeão, a expectativa também é de que a maior parte das obras não seja concluída antes da Copa por causa do atraso na formalização da concessão.

A presidente Dilma Rousseff assinou o contrato da concessão do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins

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O terminal será concedido à concessionária BH Airport, formada pelo Grupo CCR, pelas operadoras Flughafen Munchen e Flughafen Zürich AG e Infraero-Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.


QUERIDO DIÁRIO A concessionária, por meio do consórcio Aerobrasil, foi a vencedora do leilão, realizado em novembro do ano passado. Confins foi arrematado por R$ 1,82 bilhão e o compromisso de investir mais R$ 3,5 bilhões a longo do prazo.

A Infraero é sócia do negócio com 49%, a exemplo do que ocorreu com os aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF), concedidos em 2012, e com o aeroporto do Galeão (RJ), também leiloado em novembro passado e cujo

contrato foi assinado na última quarta-feira. Durante seu discurso, a presidente Dilma Rousseff evitou falar no atraso das obras e não citou a Copa do Mundo.

8, terça

Vaga de suplente de Azeredo é disputada na Justiça Depois de duas tentativas – sem sucesso – de chegar à Câmara dos Deputados, o analista de sistemas Dalmo de Assis Pereira, de 44 anos, quer tentar garantir seu mandato na Justiça. Ele ajuizou um mandado de segurança no STF-Supremo Tribunal Federal para ter direito à vaga aberta com a renúncia de Eduardo Azeredo (PSDB). O argumento dele é que a cadeira deve ser ocupada por um suplente do mesmo partido do ex-deputado, e não da coligação pela qual ele se elegeu. Hoje a vaga de Azeredo foi destinada a João Bittar (DEM).

Em abril de 2011, os ministros do STF decidiram por 10 votos a 1 que em caso de vacância deve assumir o primeiro suplente da coligação, que não precisa ser necessariamente do partido do titular. Com base nessa tese, o democrata foi efetivado na cadeira. No entanto, no entendimento dos advogados de Dalmo Pereira, a regra foi definida para o caso de deputado que se licencia para assumir cargos no Executivo, como ministro ou secretário de estado. Esse não é o caso de Azeredo, que renunciou ao mandato de deputado. A defesa está se valendo de julgamento

envolvendo a substituição do então deputado Clodovil – morto aos 71 anos, em março de 2009, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). O mesmo STF declarou que a vaga seria de Paes Lira (PTC), mesmo partido pelo qual o estilista havia sido eleito em 2008. A justificativa usada na ocasião foi a fidelidade partidária. Eleito pelo PTC, Clodovil migrou para o PR, que tentou continuar com a cadeira. Mas não conseguiu. A ação de Dalmo Pereira está nas mãos do relator, Luiz Fux, desde 27 de março, e não há previsão para o julgamento.

14, segunda

Aécio fecha primeira aliança com o PMDB

Aécio ao lado do candidato ao governo da Bahia Paulo Souto (E), do prefeito de Salvador, ACM Neto, e de Geddel Lima (PMDB)

De olho em partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) para fortalecer seus palanques nos estados, o senador Aécio Neves (PSDB) comemorou a aliança fechada pela oposição com o PMDB na Bahia. Articulada pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), a união das três legendas terá Paulo Souto (DEM) concorrendo ao governo da Bahia, Joacir Goés (PSDB) como candidato a vice, e o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira, do PMDB, concorrendo ao Senado. Aécio classificou a aliança como “a mais bem sucedida construção política que aconteceu até agora no Brasil para as eleições de 2014”. Além de ser uma chapa competitiva, o senador disse que o acerto trará um apoio importante para os tucanos no plano nacional.

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QUERIDO DIÁRIO O pré-candidato do PSDB deixou claro que as investidas no PMDB e em outros partidos aliados de Dilma serão constantes. Aécio conta com os desentendimentos dentro da base aliada ao governo federal para tentar atrair o apoio. “Hoje

há setores não apenas do PMDB, mas de outros partidos da base governista, insatisfeitos com isso que está aí. As pessoas já estão percebendo que essa aliança só serve aos interesses do PT, não serve aos interesses do Brasil”, disse.

Em Minas Gerais, os tucanos também tentam conseguir o apoio do PMDB para a candidatura do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo.

16, quarta

Fim do auxílio-moradia já rende economia de R$ 565 mil

cio mensal de R$ 2.850 para custear a moradia dos parlamentares em Belo Horizonte, a Casa gastou de janeiro a abril deste ano R$ 565,3 mil a menos do que no mesmo período do ano passado.

Somente os deputados que não têm residência na capital podem receber o auxílio-moradia

Em apenas quatro meses, a restrição no pagamento do auxílio-moradia aos deputados estaduais causou impacto de mais de meio milhão de reais nos co-

fres da Assembleia Legislativa de Minas, segundo revelou o jornal O Tempo. Depois de aprovar, em dezembro, restrições para a concessão do benefí-

De acordo com as tabelas de custeio da atividade parlamentar e segundo a assessoria da ALMG, neste ano a Assembleia ressarciu mensalmente até 20 deputados que não possuem residência própria na capital, totalizando despesa de R$ 140,5 mil. Nos primeiros quatro meses do ano passado (despesas de dezembro a março), o Legislativo desembolsou R$ 705,9 mil com a rubrica, valor 80% superior ao deste ano.

23, quarta

Clésio Andrade desiste de sua candidatura ao governo de Minas

Senador Clésio Andrade

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O senador Clésio Andrade (PMDB) divulgou nota nesta quarta-feira anunciando oficialmente sua desistência de concorrer ao governo de Minas Gerais pelo partido, em outubro. O PMDB estava dividido entre caminhar com o PT, tendo a vaga de vice e o ex-ministro Fernando Pimentel (PT) como cabeça de chapa, e ter candidato próprio, que seria Andrade. A definição ocorreu ontem em almoço fechado para alguns peemedebistas liderados pelo presidente da legenda, deputado federal Antônio Andrade, que defende a composição com petistas e tem seu nome cotado para ser vice na chapa.

A nota cita como principal argumento para a decisão do senador a formação de chapa proporcional para eleição de deputados estaduais e federais, que poderiam aumentar a quantidade de cadeiras a serem conquistadas se fizerem coligação com o PT. “Mesmo tendo certeza da vitória na convenção, preocupado com a eleição de seus amigos parlamentares, deputados estaduais e deputados federais, que precisam de coligação para se reelegerem e, considerando ainda, sua história de vida que sempre foi de construtor de pontes, [Clésio Andrade] acata a decisão de ontem, 22 de abril, tomada pela maioria da bancada do PMDB”, diz o texto.


matÉria de capa

Patrimônio do falecido Banco Rural é retalhado em leilão, numa quarta-feira à tarde Em meio a compradores de carros usados, ninguém se interessa pelo barco de luxo de R$ 700 mil, nem pela fazenda avaliada em R$ 40 milhões. Durval Guimarães

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matÉria de capa O cenário era a mesma casa de leilões onde os bancos vendem, a preço de ocasião, automóveis apreendidos de clientes inadimplentes. Ali estão enfileirados, em gigantescos estacionamentos semelhantes aos pátios das fábricas de automóveis, milhares de carros de passeio, motos e caminhões retomados de proprietários que não quitaram suas prestações. Mas há também carcaças de veículos acidentados e automóveis importados de luxo, apreendidos nas alfândegas pela Receita Federal.

No leilão, veículos acidentados, latas velhas e carros de luxo importados apreendidos pela Receita Na tarde cinzenta e chuvosa de 24 de abril, uns quatrocentos interessados em pequenas aquisições na bacia das almas disputavam muitas latas velhas no leilão. Os carros tinham custo médio de R$ 12 mil – pelo menos foi assim que foram arrematados naquela tarde. Os participantes também se arriscavam a encarar muitas surpresas desagradáveis, pois ninguém tem acesso detalhado à intimidade dos objetos à venda. Os interessados se espalham em assentos de plástico, parafusados em arquibandas que ocupam mais de 20 degraus. O local parece um grande ginásio de esportes partido ao meio, coberto com telhado de metal e protegido de chuvas e ventos. A outra metade é o palco, para onde todos os olhos estão

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voltados. Nele se destacam as telas de duas televisões pregadas na parede. Os aparelhos exibem as fotos coloridas de cada um dos objetos que passam rapidamente pelo leilão.

A paisagem do leilão: assentos de plástico, parafusados: um grande ginásio de esportes partido ao meio Antes, os veículos que seriam leiloados naquela tarde estiveram à vista de todos num pequeno estacionamento atrás do prédio, como os animais nos currais de leilão de gado. No centro do palco, protegido por paredes de vidros, como agitado peixe num aquário, o leiloeiro vai gritando os lances e criando um clima de disputa. Tudo é muito rápido, pois naquela tarde estavam sendo leiloados pelo menos 700 veículos. Não havia tempo a perder.

Um palácio nem tanto Estamos no Palácio dos Leilões, a mais famosa casa do ramo em Minas Gerais. O estabelecimento funciona num imenso terreno próximo aos galpões do Ceasa e não muito distante do primeiro crematório de seres humanos do estado, na divisa entre Contagem e Belo Horizonte. A plateia, formada basicamente por homens de bermudas ou trajando calças muito simples, mostrava que se tratava apenas de donos de oficina, de pequenas lojas de carros usados ou de galpões de desmanches. Os donos destes últimos estabelecimentos agem como açougueiros e apenas pretendem levar os carros arrematados para retalhar e vender a granel em seus galpões.

Fazenda em Jequitibá, terreno em São Luís e até uma lancha de luxo Ecomamarine

Leilão dos carros usados que antecedeu ao do Banco Rural


matÉria de capa Às 14h20m, aquele evento de quase todas as semanas é suspenso para dar lugar à grande atração da tarde: o leilão de 25 bens de propriedade do extinto Banco Rural. Um panfleto distribuído aos presentes descreve cada um dos objetos, que totalizam R$ 114 milhões. Diante da desgraça do Banco Rural, senti-me como improvável testemunha do infortúnio de Robespierre, o dirigente da Revolução Francesa, ao se encaminhar para a mesma guilhotina que ele usou para decapitar seus inimigos. Quem poderia imaginar que naquela tarde de 24 de abril ali estaria sendo fatiado o Banco Rural, instituição financeira que, num passado recentíssimo, foi a quinta maior instituição financeira privada do pais?

Em tempos de glória, o Rural tinha patrimônio líquido de R$ 700 milhões e carteira de R$ 5 bilhões Sim, para o mesmo cadafalso, onde muitos dos seus clientes perderam seus modestos patrimônios, se encaminhava o orgulho da família Rabelo, submetido a constrangimentos e humilhações naquele espetáculo de horrores. Fundado em 1964 pelo advogado e empreiteiro Sabino Rabelo, ali estava o que sobrou do banco que operou a parte financeira do maior escândalo político da República. Estamos falando do mensalão. Não foi uma pequena queda. Nos seus tempos de glória, o Banco Rural chegou a ter um patrimônio líquido de R$ 700 milhões, com uma carteira de ativos (investimentos) de R$ 5 bilhões. Abriu filiais na Europa e liderou grandes negócios na África (Angola e Moçambique).

O patrimônio despedaçado Desde então, o Rural perdeu os clientes, fechou as 84 agências e se afundou numa crise que culminou na sua liquidação pelo Banco Central, em agosto do ano passado. O desmanche daquele patrimônio, aos pedaços como um boi desossado, tem o propósito de pagar dívidas ou simplesmente devolver o que sobrou aos seus acionistas. Os bens do banco em leilão naquela tarde estavam avaliados em R$ 114 milhões. Não foram os primeiros nem serão os últimos a irem à praça, segundo informou o representante do Banco Central presente ao evento. Na semana passada, se tentou passar para frente a empresa de segurança do grupo, com lance mínimo de R$ 736 mil, mas não apareceu um único interessado. Dentro de alguns dias será a vez dos gigantescos computadores e todos os equipamentos da área de informática do banco irem para o paredão. Entre os bens oferecidos no dia 24 estava a Fazenda Santo Antônio, com 915 hectares, no município de Jequitibá, próximo a Sete Lagoas, com valor mínimo de R$ 40 milhões. Havia ainda um terreno urbano no município de São Luís, no Maranhão, com três mil hectares e avaliado em R$ 45 milhões. A curiosidade era a presença de uma lancha de marca Ecomarine, avaliada em R$ 715 mil. Diante de bens tão valiosos, pensei que iria encontrar um cenário de imenso glamour, semelhante aos dos leilões de gado, em que se serve uísque, salgadinhos e os animais são exibidos por garotas vestidas com roupas insinuantes. Nada disso. A única demonstração de deferência foi no grand finale, com a substituição do funcionário que gritava o pregão pelo proprietário do estabelecimento, o leiloeiro oficial Rogério Lopes Ferreira. A venda dos carros velhos foi suspensa, a multidão de bermudas se retirou e as arquibandas, surpreendentemente, se transforma-

ram quase num deserto. O espetáculo agora seria para outro público, que não recebeu convite especial.

“É uma pena que bens construídos com tanto sacrifício estejam sendo vendidos em leilão” Nos tempos do seu apogeu (até o ano 2003), o Banco Rural mantinha um grande departamento de comunicação corporativa para anunciar, aos jornalistas, cada iniciativa de relevância econômica ou social da instituição financeira. Mas naquele evento, os acionistas enviaram apenas uma loura discreta e elegante para acompanhar o funcionário do Banco Central no evento, que não era o liquidante oficial, mas apenas um dos seus assistentes. Ela se identificou com assistente da diretoria do extinto banco. Nem ela nem o funcionário do Banco Central deram declarações à revista MatériaPrima. Do total de imóveis foram leiloados apenas quatro terrenos na cidade de Varginha. Eram os mais baratos, com preço médio de R$ 77 mil. A esposa do leiloeiro, Heliana, que também participa da atividade, não considerou o leilão um fracasso. “Na verdade, foi um sucesso. No primeiro leilão os preços são os determinados pela avaliação original feita pelos próprios dirigentes do banco. Haverá novo leilão, agora com preços de mercado”, explicou. Ela deixou escapar sua tristeza com aquelas cenas. “É uma pena que bens construídos com tanto sacrifício pelos fundadores do banco agora estejam sendo vendidos desse jeito, em leilão”.

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matÉria de capa

Em quatro minutos, quatro lotes por R$ 315 mil. Coisa de leilão Engenheiro arremata com oferta única propriedades em Varginha que deixam quase R$ 16 mil para o leiloeiro

por ismail jr. O engenheiro Marcus Vinícius Silveira, de 37 anos, pagou R$ 315 mil pelos bens. Ele pretende iniciar alguns empreendimentos imobiliários na cidade: “Fiquei sabendo do leilão através do meu sócio, e como eu precisava de alguns lotes em Varginha para construir, resolvi comparecer e fazer alguns lances”, contou Silveira. Foi o primeiro leilão que o engenheiro participou, o que o deixou surpreso com a modéstia do evento, já que esperava mais requinte no Palácio dos Leilões. Apesar do nome sugestivo, aquela imagem que Marcus Vinícius tinha dos grandes leilões foi rapidamente apagada da sua cabeça. “Eu tinha outra ideia com relação aos leilões. Imaginava algo que bajulasse mais os participantes, um tratamento mais vip

para aqueles interessados em arrematar os bens. Mas o objetivo lá era outro, é outro público e os produtos oferecidos (como automóveis usados) em geral são bem mais baratos”. As quatro aquisições de Silveira, com um lance um pouco maior que os lances mínimos dos bens, foram um bom negócio de acordo com o engenheiro. Os preços dos quatro terrenos estavam dentro da realidade do mercado, ou até mesmo mais baratos. “Foi uma boa oportunidade pra eu conseguir comprar esses lotes; já tinha olhado alguns lá em Varginha, mas não me agradaram, principalmente o preço, pois estavam com o valor acima do que eu procurava”, explicou Silveira. Apesar de ter correspondido à sua expec-

Mesmo sem interessados, os leilões pretendem arrecadar recursos para quitar dívidas do Banco Rural da redação MatériaPrima, conversou, por e-mail, foi arrematada, os lances mínimos serão com o liquidante do Banco Rural, Osmar reduzidos no próximo leilão? Brasil de Almeida. Na entrevista, ele Resposta - Todos os bens foram retoesclarece os caminhos jurídicos que serão mados de clientes inadimplentes ou repercorridos, a partir de agora, no leilão de cebidos de doação em pagamento de depor Durval Guimarães uma instituição financeira que já foi das vedores do Banco. Voltarão à praça nos mais poderosos no País. próximos 45 dias. O lance mínimo corPergunta - Nos bens leiloados em 24 de abril há fazendas, loteamentos, apartamentos e até uma lancha de luxo, no valor de R$ 700 mil. Como esse patrimônio foi incorporado ao Rural, já que o banco não é empresa imobiliária e nem se dedica à navegação? Como a maioria não

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responde aos valores de avaliação, não devendo sofrer alterações.

P - Qual o valor total dos bens que voltarão ao leilão? R - O valor total, de R$ 114.782.009,99, constou do edital publicado. Deste total devem ser deduzidos os valores dos lotes

tativa e estar certo de ter feito bons negócios, Silveira acredita que não participará mais de leilões, já que é um ambiente de negócios diferente dos que está acostumado. “A experiência foi boa, tive êxito nas minhas aquisições, mas confesso que não pretendo participar mais de leilões, a não ser que uma excelente oportunidade apareça; do contrário continuarei com meu trabalho normalmente”. Com relação ao que vai ser construído nos terrenos, o empresário foi cauteloso. “Ainda estamos estudando o que vai ser feito nos terrenos. Vou esperar passar a Copa do Mundo, já que o país segue numa grande incerteza e não quero correr riscos nos meus negócios”, completou. O arrematante – o engenheiro Silveira – é obrigado a deixar um cheque de caução no valor de 20% da aquisição. O restante deve ser depositado em até 48 horas. Quanto ao leiloeiro, a comissão é de 5% do valor da negociação, procedimento padrão para os leilões de veículos; no caso, ele receberá R$ 15.700,00 por um negócio que foi realizado em menos de quatro minutos – uma vez que o engenheiro arrematou cada um dos lotes já no primeiro lance. 10, 20, 21, 22 e 23, arrematados no leilão de 24 de abril. P - O leilão é para quitar débitos da instituição ou faz parte de um processo ordinário de liquidação? R - Os valores arrecadados pela venda de ativos destinam-se ao pagamento dos credores da massa liquidada, conforme previsto em lei. P - Qual o valor dos débitos do banco e quem são os credores? R - Encontra-se em fase final o levantamento do valor dos débitos do banco. Os credores, em sua maioria são [dívidas] trabalhistas, fiscais e investidores. P - Qual a composição acionária do banco? R - Os atos constitutivos e suas alterações encontram-se arquivados na Junta Comercial; P - Há previsão para o encerramento da liquidação? R - No presente momento, não temos condições de fazer esta previsão.


matÉria de capa

Oito fatos que ocorreram depois da liquidação do banco. E nós apuramos

o fechamento desta edição nada havia sido pago, segundo fontes daquele governo.

É inexplicável que alguém tenha aplicado seu dinheiro num banco marcado para morrer

A Prefeitura de Campo Grande, também no Mato Grosso, está com R$ 12 milhões retidos. O secretário adjunto de Finanças, Ivan Jorge, tem a expectativa de que tudo seja devolvido até o final do ano, em parcelas mensais.

É tão difícil buscar informações num banco em dificuldades quanto em liquidação. No primeiro caso, ninguém é encontrado para falar sobre a crise; no segundo, os interventores, quase sempre, estão proibidos de atender à imprensa, por ordem do Banco Central. (Aqui, cabe ressaltar que o liquidante do Banco Rural, Osmar Brasil Almeida, rompeu com essa regra e foi atencioso em responder por e-mail alguns dos questionamentos apresentadas por MatériaPrima, apresentados na entrevista que antecede esta matéria.) Mesmo com todas estas dificuldades, conseguimos apurar os fatos abaixo, ocorridos depois de iniciada a liquidação.

1. Uns são mais iguais O rit-

mo de liberação de recursos aos credores do Banco Rural, que teve a liquidação extrajudicial decretada em agosto, privilegiou os maiores aplicadores. Investidores que detinham até R$ 20 milhões em aplicações, e eram protegidos

por seguro, receberam os recursos três dias depois de decretada a liquidação. O valor dos pagamentos totalizou R$ 790 milhões.

2. A maioria na fila

Investidores comuns precisaram entrar na fila e esperar a análise do liquidante nomeado pelo Banco Central para ter o dinheiro devolvido, o que vem ocorrendo aos poucos. Nem todos sabem quando irão receber o dinheiro, pois a Justiça do Trabalho de São Paulo bloqueou bens do Banco Rural no valor de R$ 140 milhões para pagamento de débitos trabalhistas.

3. Calote no Mato Grosso

O governo do Mato Grosso teve parte de seus recursos bloqueados no Banco em Rural por conta da liquidação decretada pelo Banco Central. O dinheiro somava R$ 78 milhões no dia da intervenção e não estava protegido por seguro. A conta era movimentada no banco havia pelo menos 20 anos e até

4. Prefeitura também perdeu

5. Ônibus sem troco

O sindicato das empresas responsáveis pelo transporte público em Manaus (AM) tinha uma conta corrente no Banco Rural com R$ 8 milhões. Com a quebra do banco, esse dinheiro ficou retido. Houve atraso no pagamento de motoristas e greve.

6. Calote no leão

Os acionistas do Banco Rural devem R$ 380 milhões em tributos federais que não foram pagos nem provisionados.

7. Bloqueio de contas

Com a liquidação, 18 dirigentes da instituição estão com os bens bloqueados.

8. Cheque sem fundos

À época da liquidação, estimativas preliminares apontavam um passivo a descoberto de R$ 400 milhões.

A informação que forma e transforma o seu ponto de vista. Os fatos que formam e deformam a realidade. As noticias que todo mundo quer ver e que muitos não gostariam de ver publicadas. ASSINE E LEIA:

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NOMES & NOTAS

Imigrantes mineiros continuam a desembarcar em Lisboa Ciência Sem Fronteiras. Portugal é um dos principais destinos dos conterrâneos que buscam doutoramento ou pós-doutoramento no exterior, pela facilidade da língua, de acesso e também por causa dos preços.

Se antes os mineiros viajavam para Portugal em busca de um emprego ou melhores condições de vida, agora eles viajam por outras razões – mesmo porque sabem que a economia daquele país

está se derretendo como manteiga numa frigideira. Os que procuram fazer o caminho de volta são estudantes em busca de experiência internacional financiada pelo governo de Dilma, via programa

Thaís Helen dos Santos, nascida em Belo Horizonte, chegou a Portugal em setembro de 2013 para fazer o seu doutoramento em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais na Universidade do Porto. “Na minha turma de doutoramento, metade é de brasileiros”, diz. E explica que, mais do que pela qualidade de ensino, está em Portugal “por causa da facilidade de não ter que dominar outro idioma”. E explica: “O que é valorizado no Brasil é a experiência de se ter estudado fora, independentemente do país”. Coimbra aparece como a cidade fora do Brasil com mais estudantes brasileiros em todo o mundo.

Oportunidade para novo começo é o nome que estão dando para demissão no emprego Gerente de recursos humanos de uma importante siderúrgica mineira convoca a seu departamento, com um sorriso no rosto, os funcionários que irá demitir. Aparentando seriedade (ou cinismo?) diz ao demitido que a empresa está oferecendo a oportunidade única de um recomeço profissional. E entrega a carta de demissão. Há casos de profissionais que receberam este comunicado depois de 20 anos da mais absoluta fidelidade à empresa, ao optar por não viver a sua vida pessoal e só pensar no futuro e no sucesso da siderúrgica.

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NOMES & NOTAS

Não existe mesmo almoço grátis. O garçom trouxe a conta da Copa do Mundo que foi prometido.

Quando o ex-presidente Lula decidiu trazer a Copa do Mundo para o Brasil, imaginava-se que os jogos poderiam ser nos estádios existentes com uma mão de tinta aqui e acolá. A realidade

se mostrou absurdamente diferente. Os estádios existentes foram rejeitados pela FIFA e reconstruídos por valores muito acima do que foi previsto. Ainda assim, por toda parte, o resultado é inferior ao

O país investiu quase R$ 900 milhões para garantir a segurança das delegações e turistas. E ninguém terá segurança nenhuma. As obras na área de transporte ultrapassaram R$ 3,5 bilhões nas 12 cidades que receberão os jogos. Os aeroportos, ainda incompletos, estão recebendo R$ 15 bilhões. Quanto aos estádios, há suspeitas de roubos por todo o lado. O ministro-chefe da Controladoria da União, Jorge Hage admitiu que, só no Maracanã houve sobrepreço (que belo eufemismo!) de R$ 174 milhões. Essa contabilidade, é claro, vai ser ampla e detalhadamente divulgada logo no início da Copa nas redes sociais. Provavelmente, será a centelha que fará explodir manifestações populares em toda parte. De qualquer forma, o país gastará R$ 26 bilhões na brincadeira, dos quais pelos menos R$ 8 bi em estádios.

Dilma mantém o Vale do Jequitinhonha na poeira A maior parte dos moradores do Vale do Jequitinhonha ainda enfrenta poeira e buracos quando viaja para Belo Horizonte. Há três anos eles aguardam, sem nenhum sucesso, que a presidente Dilma autorize o governo de Minas a pavimentar, por conta dos mineiros, um pequeno trecho de 42km entre Diamantina e Araçuaí e outros 50km entre Jacinto e Salto da Divisa. Com isso, o morador da região poderia vir com mais tranquilidade buscar tratamento médico na capital, por exemplo. O valor da obra é uma ninharia de R$ 150 milhões, dez vezes menos que o dinheiro perdido na refinaria de Pasadena.

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NOMES & NOTAS

A sua profissão está entre as melhores ou piores? Pelo 26º ano consecutivo o portal norte-americano CareerCast publicou o Top 10 das piores e das melhores profissões dos Estados Unidos. Lenhador e jornalista lideram o ranking das piores profissões; já matemático e professor catedrático encabeçam a lista das melhores atividades na América. Condições de trabalho, salários, perspectivas de ascensão na carreira, projeção de crescimento do mercado de trabalhadores, stress e exigência física são os seis critérios que nortearam o ranking. É certo que este ranking é feito tendo por base o mercado de trabalho dos EUA; no entanto, não deixa de fazer sentido comparar com a realidade mineira, em muitos aspectos idêntica.

As piores: 1. Lenhador 2. Jornalista 3. Militar do Corpo de Bombeiro 4. Varredor de rua

As melhores 1. Matemático 2. Professor universitário em geral 3. Funcionário de empresa estatal 4. Membro do Poder Judiciário

Um campeonato só para empresas estatais tidos no amparo social e educacional dos trabalhadores e de seus filhos. “O trabalhador da minha empresa não torce pelo SESI, torce pelo Sada”, exemplificou. Segundo o empresário, “a Confederação Brasileira de Vôlei, com seus equívocos, conseguiu realizar uma divisão nítida no vôlei brasileiro: um vôlei bilionário, estratosférico, sem compromissos com gastos, que pode pagar mais que times russos, poloneses, italianos e arrematar toda a seleção; outro, um vôlei barnabé, cujos patrocinadores, intimidados, fogem espantados por tanta irracionalidade”.

Mesmo tendo sido campeão brasileiro de vôlei masculino, o empresário Vittorio Medioli, mantenedor do time Sada-Cruzeiro, está aborrecido com os investimento realizados no setor por instituições estatais de amparo ao trabalhador, como o SESI, de São Paulo.

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Segundo ele, aqueles times, com orçamentos superiores a R$ 12 milhões por ano, são mantidos por contribuição sindical compulsória, por força de lei, inclusive das empresas do próprio Medioli. São recursos que deveriam – legal e estatutariamente – ser inves-

O dirigente reclamou também que os times, por imposição da dupla CBV/ Globo, não possuem nomes: “Quem decide o nome ridículo do time é a emissora, que levou os direitos televisivos, sem pagá-los aos clubes. Pelo menos se pagasse para fazer o que querem, mas é de graça”. Por último, dirigiu suas queixas ao desinteresse de eventuais patrocinadores. “Nem meu


NOMES & NOTAS time, dispondo do atrativo de títulos nacionais e internacionais conseguiu algum patrocinador. Perdeu o BMG,

que pagava com muito esforço R$ 600 mil por uma temporada inteira. Não se sentiu retribuído pelo titulo minei-

ro, nacional e sul americano! Imagine o que os demais times podem esperar nessa situação”, concluiu.

Universidade mineira elimina carreiras que não agregam valor para o estudante A ideia é parar de desperdiçar os recursos do ensino universitário em opções acadêmicas que não garantam uma vida decente para os alunos. Até o momento, a única contribuição de alguns destes cursos foi a de engrossar as fileiras do desemprego e do subemprego. Em outras palavras: a instituição deseja entregar ao governo federal a responsabilidade de manter cursos que são apenas elementos decorativos para os currículos e não oferecem ao estudante uma escolha de vida.

Uma das mais respeitadas instituições privadas de ensino superior do país está eliminando, progressivamente, a oferta de cursos que não oferecem aplicação prática no mundo real. Na verdade, a iniciativa é dos próprios alunos, que abandonam de forma constante os cursos de filosofia, letras, ciências sociais e jor-

nalismo. Há estudos desenvolvidos na instituição para que o governo federal assuma estes cursos – tirando dos estudantes a responsabilidade de arcar com as despesas, uma vez que não estão mais dispostos a pagar por aulas que – consideram – não contribuirão em nada para o seu bem estar e de suas famílias.

Segundo um professor dessa instituição, há muito tempo os alunos de cursos de filosofia e letras se mostram desanimados com a ideia de perder cinco anos de sua vida em exercícios intelectuais “completamente inúteis”. Segundo ele, a proposta da universidade será a de aumentar a competitividade do país, fornecendo qualificação tangível aos estudantes em áreas importantes para que, depois de diplomados, possam contribuir, como profissionais, para a prosperidade do país.

Finalmente reveladas as causas dos engarrafamentos no trânsito em BH As duas fotos, como podemos perceber com facilidade, foram clicadas no mesmo local e num intervalo de poucos anos. O cenário são as “Seis pistas” na divisa da capital com Nova Lima. Imagine a quantidade de carros que saem dessas garagens todas as manhãs e caem na Av. Nossa Senhora do Carmo para desaguar na Savassi. É assim, numa cidade ainda sem transporte público adequado, que se formam os congestionamentos de trânsito.

2009

2013

Apenas quatro anos separam as duas fotos

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POLÍTICA

14 coisas que você não sabia sobre a política mineira Em seu livro de memórias, o ex-deputado Armando Costa fala de cenas pouco edificantes da política mineira, como o alcoolismo do ex-governador Hélio Garcia e a compra de votos sem fim da redação

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POLÍTICA

Na foto:Armando Costa(à direita) e Weber Americano, aliado do deputado Newton Cardoso.

O ex-deputado Armando Costa, que também foi presidente da seção mineira do PMDB por quase uma década, acaba de lançar o seu livro “Um médico nos bastidores da política mineira”. Autobiografia é, quase sempre, uma prestação de contas da trajetória do autor neste vale de lágrimas e dos serviços prestados à coletividade. Mas Costa, em seu livro de memórias e na condição de testemunha íntima dos fatos, acaba revelando situações constrangedoras – e traços poucos edificantes de nossos agentes públicos. Veja alguns.

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No dia em que Hélio Garcia foi indicar os candidatos da sua preferência à sua sucessão, ele chegou ao salão nobre do Palácio da Liberdade totalmente bêbado. Ao colocar a mão no ombro de Joaquim Melo Freire, então presidente da seção regional do PMDB, falou que havia pensado bem e decidiu indicá-lo como uma homenagem ao partido. A reação foi imensa. (P. 57)

2

Profissional em ganhar eleições, o governador Hélio Garcia assinava convênios com a maioria dos prefeitos que, em troca, apoiavam seus candidatos. Pagava a primeira e a segunda parcela e deixava a terceira para depois das eleições. (P. 59).

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O deputado estadual José Laviola (PMDB), secretário da Assembleia Legislativa, tinha uma sala oculta por uma parede de lambri, no seu gabinete. Era um cubículo onde só cabia duas cadeiras. Na verdade, um verdadeiro “confessionário”, onde ocorriam conversas parti-

culares de deputados, principalmente pedidos de empréstimos e antecipação de salários. (P. 62)

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Quando me candidatei á presidência da Assembleia, fui procurado por um deputado estadual no restaurante Chez Bastião. Ele me explicou chorando porque não votaria em mim: “Fui comprado por R$ 300 mil”. (P. 63)

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O ex-vice-presidente da república José Alencar disse que queria entrar na política por meio do PMDB. “Mas, em decorrência da minha posição (presidente da Fiemg), preciso de um cargo de destaque no partido. Quero ser o primeiro vice-presidente”. O partido estava sem dinheiro aceitou a exigência daquele que, em função do seu poder financeiro, foi identificado como “peixe grande”. Ficou no cargo por nove anos. (P. 77)

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POLÍTICA à presidência da República. Ele usou uma crise na Fhemig para enlamear meu nome. Fui ao gabinete dele e disse-lhe coisas desagradáveis. (P. 124)

11 Remédios vencidos foram incinerados durante 40 dias

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O ex-governador Newton Cardoso (PMDB) financiou a campanha do candidato do PT à prefeitura de Belo Horizonte, o médico Célio de Casto, que acabou sendo eleito. Em retribuição, Célio deu cinco secretarias ao PMDB e mais o Serviço de Limpeza Urbana e várias diretorias em administrações regionais. (P. 91)

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Newton Cardoso quis voltar ao Palácio da Liberdade, mas não tinha nenhuma chance eleitoral, segundo as pesquisas. Então pegou um avião, foi ao Rio e fez um acordo para ser o vice de Itamar. O acordo foi assinado num pequeno hotel, perto do aeroporto Santos Dumont e dizia que Newton teria direito a algumas secretárias e muitos cargos em empresas públicas. A redação do documento ficou a cargo do ex-reitor da PUC-Minas, Gamaliel Herval. (P.94).

8

Na eleição que levou Itamar Franco ao governo de Minas, Newton foi o candidato a vice e José Alencar disputou o Senado. Alencar foi eleito em disputa com Junia Marise. Itamar e Newton tiveram de disputar o segundo turno contra

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Eduardo Azeredo. O Newton solicitou ao José Alencar que pagasse a campanha do segundo turno, pois era rico. O Alencar não gostou, falou um palavrão, meteu o pé na porta e saiu. Ele tinha pago os comícios, o transporte em seu avião, os hotéis, feitos as propagandas, a panfletagem, pois a campanha do Newton e Itamar só chegou ao final do primeiro turno. Não tinha sido pouca coisa. (P. 98).

Na eleição para a direção do PMDB mineiro, em 2002, Newton e Itamar se uniram para me derrotar. Eles gastaram mais de R$ 2 milhões comprando votos de convencionais. Ele promoveu uma grande festa e visitou cada convencional no hotel. Nós gastamos apenas R$ 40 mil. Perdemos a eleição e fui substituído na presidência do partido. (P. 141).

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Na gestão do deputado Antônio Júlio, como presidente da Assembleia Legislativa, foi feita a denúncia do piso salarial dos deputados que era de R$100 mil e o teto chegou a R$160 mil ou mais. Corre na justiça uma ação popular de ressarcimento. Se for vitoriosa, vai quebrar muita gente. (P. 143)

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Quando assumi a Secretaria Estadual de Saúde, havia um destoque muito grande de medicamentos vencidos. Eram várias toneladas que simplesmente não poderiam ser jogadas no lixo. Fizemos um convênio com a Siderúrgica Belgo Mineira que gastou 40 dias incinerando os remédios em seus altos fornos. (P.113).

O governador Itamar Franco me demitiu da Secretaria porque eu não queria ceder o cargo ao representante do Partido dos Trabalhadores, deputado estadual Adelmo Carneiro Leão. Ele tinha a ilusão de que seria apoiado pelo PT na sua tentativa de voltar

Já fui deputado e sei que se gasta muito para se manter o mandato (paraninfo, padrinho de baile de debutantes, doações para entidades, jogos de camisas de futebol, transporte de pacientes etc.). Quem não gasta perde a eleição. Se não houver aumento de salário de deputados, continuarão essas aberrações como verbas de gabinetes, verbas de contratação de pessoas, verbas de paletó e por aí afora. (P. 206) Hoje, um mandato de deputado estadual fica em torno de R$ 3 milhões; deputado federal fica em torno de R$5 milhões para cima. Já a de um senador, uns 20 milhões, isso por baixo. (P. 206)


A CONDIÇÃO HUMANA

Ah, se eu soubesse!... Empresários, políticos e profissionais de sucesso falam que seriam mais felizes se tivessem tomado decisões diferentes no passado da redação O que você sabe agora, mas gostaria de ter sabido 25 anos atrás? Essa pergunta foi feita por Richard Edler, conhecido publicitário norte-americano, a várias pessoas de sucesso. As respostas foram organizadas numa coletânea, de formato fácil de ler e atraente. O resultado é

uma série de dicas e de lembretes práticos. Os jovens em início de carreira podem usar para tomar suas primeiras decisões. Já os mais experientes podem usá-las como referência – ou como comparação com a postura de vida adotada. Mas, o que importa mesmo, é que

se deve usar a experiência dos depoentes para se economizar alguns anos ou mesmo tornar algumas decisões um pouco mais fáceis. Pedimos licença ao autor e à Negócio Editora, para repetir a pergunta aos nossos leitores. Mas não deixe de comprar o livro.

“A maior riqueza de um desportista não são os seus títulos”

Wilson Piazza, tricampeão mundial de futebol.

Mas poderia ser diferente? Eu escolhi o esporte como profissão. Ficava trancado nas concentrações nos fins de semana. Além disso, viajava para os jogos nas quartas feiras. Havia também as excursões em outros continentes. Achei que com a chegada dos netos tudo seria revisto. Mas as dificuldades permanecem. A riqueza do esportista não está apenas nos seus títulos, mas no que deixou de legado para os família, para a cidade. Hoje, teria me esforçado mais para estar junto da minha querida turma.

“Sempre dediquei prioridade aos estudos. Sou do tempo em que as mães falavam ‘largue a bola e venha estudar, meu filho’. O futebol me realizou: fui campeão mundial, mas confesso que negligenciei na atenção aos filhos, à família.

Os jovens devem buscar o aprimoramento, o desenvolvimento profissional. Têm que acreditar no sonho. Mas não se pode confundir o sonho com ambições. Não desanimem, o sonho não pode ser inatingível.”

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A CONDIÇÃO HUMANA

“Eu gostaria de tocar um instrumento” Ibrahim Abi Ackel, exministro da Justiça•.

“Creio que faria tudo de novo, algumas coisas com mais calor, outras com menor interesse. Na verdade, não me desgosta a lembrança de nenhuma delas. Tenho apenas um desejo que se manifestou tarde demais e por isso não pode ser realizado: o de saber música. Na verdade, o que eu gostaria era de saber ler partituras.”

“Eu dilapidei parte do meu tempo” Dom. Mauro Morelli, bispo emérito da Diocese de Duque de Caxias

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“Eu sempre quis ser pastor. Alguém que ajudasse as pessoas a encontrar seus caminhos. Queria também ser médico. Queria ser um agricultor. Não me formei em medicina, mas ajudei muita gente a curar as feridas de suas almas. Ajudei as pessoas a plantar esperanças, a colher felicidade. Isso numa linguagem simples. Mas poderia ter feito mais, muito mais do que fiz. Agora, já na fase mais madura da vida, olho para o passado e vejo que poderia ter feito mais, produzido mais. Eu dilapidei parte preciosa do meu tempo, que não posso recuperar. Se voltasse, aproveitaria mais o meu tempo. Seria mais criterioso.”


A CONDIÇÃO HUMANA

“Não vi os meus filhos crescerem” Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura

“Dediquei grande a parte da minha vida, ao magistério. Em seguida, a universidade enfrentou grandes dificuldades e eu participei da gigantesca luta para preservá-la. Isso significou menos tempo à família. Mais tarde, o estado brasileiro tomou conta da minha vida, ao solicitar minha contribuição, na condição de ministro da Agricultura. Aí, então, praticamente eu me tornei um estranho em casa. Para ver os filhos, eu os colocava nos aviões, nas viagens oficiais, e íamos conversando em pleno voo. Veja a minha situação. Por isso sou grato à minha esposa, que compreendeu essa minha enorme dificuldade e supriu com zelo essa minha deficiência. Mas o vazio na minha alma, causado pela falta de convivência, não tem como ser superado. Resta o consolo de que não foi um sacrifício em vão. Quando assumi o ministério, o Brasil importava um terço dos alimentos que necessitava parra atender à população. Hoje somos um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo.”

Eu estudei muito, trabalhei muito. Quero apenas ler Paulo Romano, Secretário adjunto de Agricultura de Minas Gerais

“Minhas vida sempre foi de muito estudo, muita dedicação. Participei e coordenei ações fundamentais como o Projeto Jaíba e programas de assentamento no oeste de Minas. Estudei tudo o que era possível estudar. E fiz o que foi possível fazer. Estou satisfeito, sobretudo com os extraordinários resultados da agricultura brasileira.Mas acho que poderia ter dedicado algum tempo ao lazer, como por exemplo, ler mais literatura. Acho que perdi um pouco do tempo exatamente porque quis aproveitá-lo integralmente, de uma forma que considerava útil. Tenho muitos livros de literatura em casa e eu os vejo, à distância, todas as noites. Tenho a impressão de que o tempo para lê-los, infelizmente, nunca chegará, pois nunca abandono minha dedicação exclusiva ao trabalho.”

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A CONDIÇÃO HUMANA

Eu deveria ter cometido mais erros Circula na Internet um poema atribuído ao escritor argentino Jorge Luiz Borge. Muitos (como este redator), o consideram bonito, nostálgico e profundamente humano. Outros, (como o nosso inesquecível editor de texto, Márcio Rubens Prado) o consideram de-

testável e choramingoso. Decidimos publicá-lo, na expectativa de que sempre haverá tempo de se fazer diferente. Seja o texto bonito, nostãlgico e humano ou detestável e choramingoso.

INSTANTES Jorge Luiz Borge

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser perfeito; relaxaria mais. Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilhas, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de sua vida. Claro que tive momentos de alegria mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabes, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se eu voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera, e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vida pela frente.

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ECONOMIA & NEGÓCIOS

Novo mineroduto da Samarco é o maior investimento realizado no país nos últimos 12 meses Empresa é a 10ª exportadora brasileira e trabalha com um produto que se tornou uma preciosidade: o minério de ferro durval guimarães

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ECONOMIA & NEGÓCIOS

Presidente da samarco Ricardo Vescovi de Aragão

O maior empreendimento realizado no país nos últimos 12 meses acaba de ser inaugurado. Trata-se da terceira linha do mineroduto, nome dado a uma enorme tubulação de 400 quilômetros de extensão, que transportará oito milhões de toneladas de minério da região de Mariana, município vizinho a Ouro Preto, até o litoral capixaba. O investimento foi de R$ 6,4 bilhões e tem o propósito de acrescentar aquela produção às 22 milhões de toneladas que já são transportadas, atualmente, por meio dos outros dois minerodutos existentes. Em 2014, portanto, a empresa produzirá 30 milhões de toneladas de minério, já comercializadas, por meio de contratos, até o final da década. O ferro desce das montanhas de Minas na forma de uma polpa formada por minérios finos misturados a grandes quantidades de água. Na cidade de Anchieta, no litoral do Espírito Santo, a pasta é concentrada em pelotas para serem utilizadas em altos fornos por importadores estrangeiros. Praticamente toda a produção é exportada.

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De 10 para 100. O empreendimento pertence à Samarco Mineração, empresa formada por associação em partes iguais entre a Cia Vale do Rio Doce e a australiana BHP Billinton. A empresa opera há 37anos. O investimento vale a pena, segundo o presidente da empresa, Ricardo Vescovi de Aragão, pois o minério de ferro se tornou uma preciosidade. Há 15 anos, o seu preço não alcançava 10 dólares por toneladas. Hoje está a mais de 100 dólares por tonelada, num aumento em curto período sem similar no mundo, entre todas as commodities, incluindo o petróleo. No ano passado, a empresa exportou quase 22 milhões de toneladas de minério de ferro no porto de Ubu (ES) e registrou o lucro líquido de R$ 2,7 bilhões, 3,2% acima de 2012. No total são três mil empregos diretos e cerca de 3,5 mil indiretos. As operações da Samarco alcançam Mariana (MG), onde o minério de ferro é extraído, e a cidade de Anchieta (ES) onde é concentrado.

Contribuição social. O mineroduto atravessa 25 municípios nestes dois estados. A concentração é realizada em quatro usinas de pelotização, sendo que a última foi inaugurada, agora junto com o terceiro mineroduto. Por conta das exportações, a Samarco conquistou a posição de 10ª exportadora brasileira. A solenidade de inauguração do mineroduto, realizada diante das ricas jazidas de minério da companhia, em Mariana, contou com a presença do governador Alberto Pinto Coelho, que ressaltou a contribuição social da empresa por meio dos empregos e dos quase R$ 600 milhões de impostos recolhidos em 2013. Em seu discurso, o presidente Vescovi, da Samarco, informou que, em decorrência do seu modelo essencialmente exportador, a empresa destina 97% da produção a indústrias siderúrgicas de 20 países. A empresa detém uma carteira de 41 clientes, distribuídos na África/Oriente Médio (29%), Europa (20%), China (15%), Américas (14%) e em outros mercados asiáticos (22%).


GESTÃO GESTÃODE DEPESSOAS PESSOAS

Dez maneiras de ser amado por seus empregados Numa época em que há ofertas de empregos por toda parte, cuidado no tratamento que você oferece ao seu pessoal. Christiano Machado

Leitores enviam mensagens indagando sobre o que devem fazer para conquistar o carinho e o respeito de seus empregados. Na verdade, há tantas maneiras de fazer tudo errado, que fica difícil conseguir dez iniciativas para se administrar adequadamente a relação com os funcionários. Por isso, damos o pontapé inicial com com estas sugestões – acreditando que você poderá acrescentar outros itens à lista. Bom proveito.

Seja razoável . Sim, você deseja oferecer produtos ou serviços de elevada qualidade aos seus clientes. Mas isso não significa que você deva exigir esforço e criatividade impossíveis de serem desenvolvidos por seus funcionários. Não insista para que eles trabalhem em algo que não conseguirão executar.

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. Valorize o seu pessoal

1

. Não seja um idiota Gritar, repreender ou depreciar as pessoas são coisas que só fazem mal a todos. Não se esqueça de que bons profissionais têm opções. Ainda mais nessa época em que estão pipocando propostas de empregos por todos os lados. Alguém, por caso, quer trabalhar para uma pessoa estúpida?

. Mantenha sua palavra Não faça como o Alexandre Kalil, o presidente do Atlético que prometeu distribuir uma gratificação de R$ 1 milhão entre os jogadores, logo depois que eles livraram o time do rebaixamento para a Segunda Divisão. Na semana seguinte, cancelou o prêmio, irritado com aquela famosa goleada de 6x1 para o Cruzeiro, o grande rival. Faça o que você diz que vai fazer, e pronto. E não é apenas isso. Se você prometeu iniciar algum programa novo, comece mesmo e não venha com nhenhenhém pra cima de seus subordinados.

Elogie quem trabalhou direito. Mostre sua preocupação com a qualidade de vida dos empregados. Por exemplo, arrume uma copa civilizada onde possam fazer suas refeições, em vez de amontoar a equipe numa garagem. Não se esqueça de que você pode perder o pessoal. Soube do caso de um construtor que demitiu (injustamente), um pedreiro em público. E perguntou a todos, em seguida, se alguém desejava também se demitir. Imediatamente, todos pediram para ser demitidos. O construtor ficou mal, pois não dispunha de dinheiro e foi obrigado a buscar empréstimo para pagar as indenizações. Como não conseguiu repor o quadro, a obra sofreu atrasos, causando atritos e demandas com a clientela.

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GESTÃO DE PESSOAS . Ouça os funcionários Mantenha-se focado em resultados . Não importa se o artilheiro do seu time anda com o corpo tatuado, ou com aquele horroroso corte de cabelo à índio moicano. Se você é dirigente esportivo, lembre-se de que o artilheiro é para marcar gols e não para se casar com sua filha. Você deve aceitar alguns hábitos estranhos de funcionários que são gênios. Há pessoas insubstituíveis, sim. Você conhece os substitutos para Beethoven, Bach ou Mozart, só para ficar nesses três gênios da música?

Não evite decisões difíceis . Seu trabalho consiste em resolver os problemas, e não evitá-los. Isso significa que você vai ter conversas difíceis, tomar decisões que podem ser impopulares, e exigir rigorosamente o cumprimento das normas. Ironicamente, muitos gerentes que evitam essas ações, para não irritar os funcionários, acabam provocando exatamente isso. Bons trabalhadores se frustram e se decepcionam com a passividade de um gerente que detesta administrar conflitos.

Não seja arrogante, pensando que você sabe tudo. Bons gerentes conhecem os seus funcionários, gostam de compartilhar decisões e valorizar opiniões, ao invés de ignorá-las. Ou o que é pior: sentir-se ameaçado pela equipe.

. Ajude seus funcionários a trabalhar melhor Mais um exemplo do futebol: chuteiras acolchoadas e de couro macio fazem os jogadores serem mais velozes em campo. Da mesma forma, um bom computador e uma boa conexão com a Internet se tornam excelentes parceiros para o funcionário trabalhar mais rápido. Não seja pão-duro. Ofereça a eles bons instrumentos de trabalho. Outra coisa: pague cursos de aperfeiçoamento. Isso vai repercutir melhor na produção deles. O dinheiro que você gasta em educação volta imediatamente para o seu bolso.

. Seja honesto sobre os problemas de desempenho Claro que não é agradável tratar desse assunto com funcionários que rendem pouco. Mas quando você não fala, nada será modificado. É provável que você considere a conversa infrutífera, pois acha o funcionário absolutamente incompetente. Talvez você esteja apenas subestimando-o. Pode ser que o problema seja seu. Se for dele, dispense-o.Tenha coragem de ser chefe, pois quem não quer ver estrelas, não olha para o céu. (Tomara que você tenha entendido o sentido desta última frase.)

Não presuma que você sabe o que está acontecendo . Você pode imaginar que todos os seus funcionários estejam felizes quando, na verdade, estão apenas com medo. Pergunte sobre a satisfação, a carga de trabalho de cada um e o que poderia melhorar a qualidade de vida no trabalho. Indague a eles, também, sobre o que você pode fazer para ajudá-los a contornar os problemas no trabalho. Tenha em mente que ninguém abrirá a bocar se não for estimulado a fazer isso.

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CARREIRA xxxxxx CARREIRA

16 sinais de que é hora de abandonar o emprego Em algum ponto de sua carreira, é altamente provável topar com um chefe difícil, tóxicos colegas de trabalho, ou uma cultura de trabalho desagradável Rodrigo de Almeida Martins

Diga-me se isso lhe soa familiar. São 19 horas de domingo, você acabou de comer uma pizza com a família em casa. Normalmente, este seria um momento de relaxamento e, talvez, de montar seu entusiasmado plano de metas para os próximos dias. Mas a noite está diferente. Um mal estar toma conta do seu corpo e, ao invés de relaxar, você fica nervoso e irritado. Então você começa a ranger os dentes, só diante da possibilidade de ir ao trabalho amanhã e de encarar aquele seu maldito chefe. Em algum momento, todos nós vamos chegar a esta encruzilhada. Isso significa que está na hora de você se mandar do emprego. Talvez você esteja nesse cruzamento, caso marque mais de três itens da lista abaixo:

1

Pesadelos sobre o trabalho

Não há nada pior do que sonhar com o trabalho. É como passar horas no escritório – sem receber o pagamento adicional. A pior parte é que os pesadelos com o serviço podem jogar fora o seu equilíbrio na vida profissional, fazendo você se sentir como se não tivesse trabalhado o suficiente no escritório. Às vezes, os sonhos são tão realistas, que você acorda sentindo como se tivesse trabalhado um turno de 24 horas. Isso significa que o seu subconsciente lhe envia a seguinte mensagem: – Caia fora desse empreguinho ordinário!

2

O tédio e a previsibilidade

Quando os minutos parecem horas, é tempo de se mandar, tomar um novo rumo. O tédio é um problema que abre as portas para uma série de coisas feias. Embora o sentimento possa parecer inofensivo, longos períodos de tédio podem levar a uma infinidade de problemas físicos e psicológicos, como ansiedade e depressão. Se você sabe de tudo o que seus colegas irão fazer – antes de fazê-lo – é hora de ir. O tédio significa mais do que uma simples irritação. Pode ser um sinal indicador de que um novo emprego é necessário.

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xxxxxx CARREIRA

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Tentar, tentar, tentar

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Seu intestino

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As questões de gestão

Veja se você passou o semestre empregando todas as táticas que leu em blogs de aconselhamento de carreira profissional e em livros de auto-ajuda. Se você fez isso e, terminada a peregrinação, voltou ao mesmo lugar escuro, é hora de encontrar um novo emprego. Às vezes, o conselho pode ser resumido em quatro letras: Saia!

Muitas vezes, nossas mentes e corações já conhecem a resposta a um pergunta. Mas, ao invés de aceitar isso, pedimos um aconselhamento a quem se dispõe a nos ouvir. E enquanto essas pessoas fazem o seu melhor para fornecer soluções concretas, a resposta para procurar um novo emprego se situa dentro da sua barriga. Não ignore o seu instinto, em seu próprio prejuízo. Se uma vozinha continua dizendo para seguir em frente, você deve se ouvir.

Se as pessoas que comandam o show parecem confusas, as chances são de que isso esteja realmente acontecendo. Isso não é bom para os trabalhadores. Às vezes, as vendas estão lá embaixo e o gerente gasta três horas de almoço num restaurante de luxo, como o Favorita, com a conta paga pela empresa. Trabalhar numa ansiedade dessa é um acontecimento muito estressante.Quando alguém lhe pede sacrifício em nome de um futuro brilhante para todos na empresa, pode estar certo: normalmente só virão mais dificuldades.

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Valores desalinhados

O cenário ideal de trabalho é aquele em que você trabalha ao lado pessoas que compartilham um sistema de valores parecidos com o seu. Imaginem um cruzeirense trabalhando na administração do Atlético. Veja o inferno para ele que é ouvir toda hora aquele hino “Vencer, vencer, vencer...” Se você detesta bebidas, não trabalhe numa cervejaria. Ou se é evangélico, não seja porteiro da boate New Sagitarius.

7

Trabalho com alegria

Sim, trabalho é trabalho. Mas as tarefas devem vir acompanhadas de um pouco de diversão. Se todos ficam completamente aborrecidos e tensos, naquele horário de 9h às 18h, é preciso seguir em frente. Nem que seja só você. Mesmo entre os funcionários que realizam os trabalhos mais maca-

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bros, como maquiador de cadáveres para sepultamento, um sorriso sempre tem o seu valor.

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Mudar de vida é bom

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Mudar de aparência

Há um momento em que você quer chutar o balde e construir uma pousada em Arraial d’Ajuda ou em Canoa Quebrada. Que mal há nisso? A maioria que toma essa decisão sempre quebra a cara mas alguns dão certo, ganham dinheiro e ficam felizes. É assim por toda parte. Avalie regularmente suas prioridades. Se você está planejando em dar início a uma família, ou pensa em se mudar para uma fazenda em Rio Acima e criar maritacas, leve a sério seus sonhos. Não há vergonha nenhuma em mudar de vida, mas é uma vergonha não reconhecer que a mudança é necessária.

Pessoas sem esperança ou desamparadas têm aparência lastimável. Se você tiver jogado a toalha com relação à sua aparência, ou se encontra incapaz de comer ou usar alimentos para pacificar a sua angústia, talvez seja hora de dar um soco no currículo. Aparência e confiança andam de mãos dadas. Dê uma boa olhada no espelho e pergunte se você gosta do que vê. Se não gosta, mude de cara. E de emprego.


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Falta de sono

Pesadelo é uma coisa, mas outra bem diferente é a insônia provocada pelo medo de que o despertador vai tocar a qualquer hora. Em situações como essa, quando você consegue uma soneca, ela é agitada. Está na hora de você dar uma olhada de verdade no seu estilo de vida. É a comida que você está comendo? A falta de exercício? Ou é o seu trabalho?

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Queixar-se do trabalho

Algumas pessoas simplesmente não podem deixar os seus problemas no escritório. Elas são definidas por seus empregos. Igual ao Bozó, aquele personagem do Chico Anysio que só se reconhecia como empregado da TV Globo. Se, de repente, você se encontra consumido pelo trabalho e não se mostra capaz de abalar a atitude negativa que você tem em relação ao seu emprego, o caminho parece sem saída. Se você não tomar atitude, logo se sentirá miserável e isolado. E ninguém vai gostar da sua aborrecida companhia.

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Sem promoções ou incentivos

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Nada pode ser modificado

Empresas que não estimulam o crescimento do empregado transformam a motivação de qualquer um numa mamucha de laranja. Se você não tem chances na empresa, já que os melhores cargos serão sempre entregues aos parentes e amigos do patrão, trate de por o pé na estrada.

Muitas vezes, quando as pessoas estão descontentes com algum aspecto de seu trabalho, sofrem silenciosamente, em vez de falar. Nem todo problema é superável, é claro. Mas alguns são. Se você acredita que não vale mais a pena tentar, dê um tiro nesse emprego.

Viciado em classificados de empregos

A procura de emprego nos jornais ou na Internet se transformou num vício diário? De repente, você se vê morando em anúncios de jornais. Já que você entrou nessa, então considere seriamente a oportunidade de sair. Veja se você tem as habilidades requisitadas pelo novo empregador.

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Almirante de Internet

Desperdiçar o seu tempo no trabalho com navegações na Internet é um grave problema. Claro, a maioria de nós navega na Web, em algum momento durante a nossa jornada de trabalho. Mas, veja se você não está perdendo imenso tempo com jogos eletrônicos, com vídeos de mulheres nuas ou com notícias de futebol. Quando isso ocorre, comece a limpar sua mesa. Ou você está implorando para ser apanhado – o que não deixa de ser uma solução para mudar de emprego.

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Seu chefe é cruel

Gritaria durante todo o tempo. Manipulações. Arrogância. Caso o ato de lidar com seu chefe se tornou um martírio, e a empresa não dispõe de canais de comunicação, não há saída. A não ser a porta da rua. Mas antes tente falar com ele e mostre sua posição, seu pensamento. Um mau chefe pode ser tolerável, mas um chefe sádico é inaceitável.

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xxxxxx CARREIRA

Doze sugestões para se manter otimista mesmo numa ruína financeira Ludmilla Lins

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xxxxxx CARREIRA

M

uita gente se encontra fora do mercado de trabalho há muito tempo. Ou ficou desempregada recentemente. Ou, ainda: a empresa ou seu negócio não foi adiante. Nesse caso, não há conversa: você tem que buscar uma ocupação. Mas faça de acordo com as novas regras do mercado, pois o mundo está sempre em mudanças. E, às vezes, a gente nem percebe. Abaixo, algumas sugestões para você manter o otimismo, mesmo durante uma ruína financeira que se mostra interminável.

1. Você não merece um emprego É decepcionante ler na sua revista querida que você não conseguiu o emprego do qual tanto necessita. Simplesmente devido ao fato de que as portas nas quais você bateu estavam merecidamente fechadas para você. Pode uma coisa dessas? Pode. Nós quereremos dizer o seguinte: hoje, há um número maior de pessoas disputando os empregos. Nos anos 60, quando o nosso querido editor-chefe ingressou na universidade (UFMG), havia apenas duas escolas de Direito, em Belo Horizonte. E uma de Jornalismo. Sim, era um remoto tempo em que as pessoas viajavam de Zepelim e Graham Bell já tinha inventado o telefone. Hoje, são de 15 faculdades de Direito na região metropolitana. E mais de sete escolas de Jornalismo, profissão esta que nem exige diploma para o se exercício. Ou seja: tanto no caso de advogados ou jornalistas, há mais profissionais que vagas. Aliás, não só nessas, mas em quase todas as outras profissões liberais. Isso permite que os patrões formem um rico banco de talentos, para escolher os candidatos mais qualificados para trabalhar em suas empresas.

No passado, o velho Marx chamava isso de exército de trabalhadores de reserva. Num mercado onde abundam candidatos, os patrões têm pouca tolerância com funcionários que se queixam de cansaço; ou que trabalham demasiadamente. Além disso, os chefes recompensarão os trabalhadores que resolvem mais rapidamente os problemas e tornam a empresa mais produtiva. Quando os negócios melhoram e crescem, são esses funcionários que estarão na frente da fila para receber aumentos salariais e promoções.

2. Você não sabe o suficiente Até a década passada, bastava um diploma de curso superior, ou um treinamento dentro do emprego, para alguém ser considerado um bom profissional. Hoje, não é mais assim. Atualmente, a tecnologia muda mais rapidamente do que as pessoas possam acompanhar. Com isso, velhos trabalhadores, quase sempre desatualizados, podem ser substituídos pelos garotos com muitas ideias novas e ansiosos para trabalhar muito. Por exemplo: você foi admitido num escritório de advocacia por falar fluentemente o inglês. Hoje, a preferência é para quem entende o mandarim. Claro, você não precisa cobrir sua parede com diplomas. Mas deverá sacrificar alguns fins de semana em aulas de informática, e outros cursos que possam lhe dar vantagem. Como estudar o meloso e incompreensível mandarim. Estudar é sempre bom.

3. Menos material equivale a mais liberdade A maior parte da classe média vem comprando, há anos, coisas de que não necessita. Hoje, eventualmente desempregada, pergunta: “Por que comprei essa joça?”. Olhe para o seu guarda-roupa e para seus armários superlotados. Você precisa de tudo isso?

Você realmente irá morrer se for a duas festas com o mesmo vestido? Desista da sua vida extravagante, tente manter um estilo de vida mais frugal. Gastar menos aumentará as chances de você sobreviver a uma crise financeira.

4. Prepare-se: o mundo dá muitas voltas Muitos jovens profissionais de talento devem terminar as suas carreiras na mesma área em que começaram. Começam como advogados e se aposentam como advogados. Mas não espere que esta seja a norma no futuro. Mudanças tecnológicas acontecem muito mais rápido agora. E, frequentemente, elas criam novidades empresariais, como comércio eletrônico ou a comunicação sem fio, que não existiam na década passada. Os profissionais devem se adaptar a essas mudanças, por meio de estudos. E a flexibilidade, para se mover em novos campos, muitas vezes pode levar a um grande impulso na carreira, uma vez que as melhores oportunidades são muitas vezes nos campos que mais crescem e não na área que você atua. Não adianta se você se especializou em gravação de programas em filmes Super Oito ou em disco de vinil. Você sabe, nada isso existe hoje em dia. Mas a flexibilidade cobra o seu preço, como a necessidade de fazer cursos por conta própria, pois eles podem não ser de interesse imediato do seu atual empregador.

5. Empreendedores levam vantagem Quando um burocrata é jogado fora do trem, ele está no meio a um desastre. No entanto, pessoas empreendedoras, e com iniciativa, superam com mais facilidade os obstáculos que se mostram terríveis. Eles também enfrentam melhor a recessão econômica, pois geralmente estão habituados a se virar. Você não precisa criar sua pequena

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xxxxxx CARREIRA empresa para se tornar empreendedor, tente prestar serviços informais para outras pessoas. Se você era músico de orquestra sinfônica, não se sinta humilhado, mesmo sendo maestro com doutorado no exterior, em tocar em cerimônias de casamento, ou numa banda de axé. O trabalho digno não ofende a honra de ninguém.

6. Não fique viciado no seu contracheque Outra expectativa que pode decepcionar aqueles que já estão bem é a crença de que seu salário sempre irá para cima. Não conte com isso. Perder o emprego na iniciativa privada é tão certo como dois mais dois são quatro. Não se esqueça dos sete anos de vacas gordas e dos sete anos e vacas magras, o enigma tão bem decifrado por José do Egito. A vida é assim.

7. Amar o que você faz, compensa

8. Procure uma coisa nova para aprender todos os dias A escritora americana Karen Burns, especialista em recrutamento, diz que essa é a chave do sucesso. Tanto para você, que está abrigado numa carreira que ama, ou que trabalha num emprego que odeia, ou, ainda, simplesmente, está desempregado. A aprendizagem é boa para o seu cérebro e seu bom humor. Então, leia livros, artigos, blogs sobre sua atividade profissional ou empresarial, aprenda como o seu colega trabalha. Pense em obter um novo certificado ou diploma. Trata-se de iniciativas excelentes, que podem ser tomadas agora.

9. Desconsidere os profetas da catástrofe Não importa a situação econômica do país ou do mundo, sempre há alguém falando em problemas e em crise. Talvez a profissão dessas pessoas seja exatamente essa, a de ameaçá-lo pelo rádio, jornal ou televisão. Mas sempre há alguém crescendo, mesmo na crise. Buscar soluções racionais para os problemas é melhor que usar o seu tempo para se queixar deles.

Tente fazer o que você gosta e não apenas o que lhe pagam para fazer. As pessoas que fazem o que amam, provavelmente trabalharão mais. Mas isso é bom, pois o trabalho não mata. O que mata é a raiva, é o ressentimento, como dizia o famoso cirurgião dr. Adib Jatene. As pessoas apaixonados pelo seu trabalho sabem que estão construindo algo valioso. Elas tendem a ser mais inovadoras e motivadas, os principais atributos de um mercado altamente competitivo.

10. Construa uma ampla profunda e ativa rede de relacionamentos

Muitas pessoas perceberam que o dinheiro não é tão gratificante quanto a alegria de fazer o que amam: “Nada é mais divertido do que ser incrivelmente bom no que se faz”, diz guru de negócios Tom Peters, cujo último livro, As pequenas coisas grandes, foi publicado recentemente. “Há coisas piores no mundo do que não ter uma grande conta bancária. Além disso, ser bom no que se faz, muitas vezes ajuda a fazer a conta bancária maior”.

Mesmo naquelas profissões que dependem de concurso público e de notório saber para serem preenchidas, a promoção na carreira depende de relacionamento com seus superiores. Não há vagas de desembargadores para todos os juízes de Direito. Nem de generais para todos os oficiais militares. Esses lugares não são preenchidos por provas. A rede de relacionamento é legítima, até para se buscar conselhos, ideias e consolações. Então, a partir de primeiro de

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junho, reforce as relações com pessoas que você já conhece e use mais energia para conhecer novas pessoas. Inclua sua presença online. As redes sociais podem ser eficientes formas de se manter em contato com muita gente.

11. Encontre um mentor O mentor é alguém mais experiente, que pode gostar de você e se preocupar com o seu futuro. Um mentor ajuda você a resolver problemas, definir metas e lhe apresenta possibilidades, que você nem mesmo sabia que existiam. Ele também se sente autorizado a lhe dar um pontapé no traseiro, quando necessário. Quando você encontrá-lo, cuide bem dele, porque essa pessoa vale ouro.

12. Lembre-se que nem todos perseguem você A vida profissional se torna surpreendente e menos estressante quando percebemos que estamos no mundo de negócios, e não envolvidos apenas em questões pessoais. Nove, em dez decisões, objetivam apenas a eficiência dos profissionais. Os empregadores querem o melhor profissional ou o que se apresenta como o melhor.


MEU DINHEIRO

Se você não passou dos quarenta, ainda há tempo para ficar milionário A década dos quarenta é crucial para se ficar rico. Depois disso, não há registros expressivos de formação de grandes fortunas. Tomamos a liberdade de apresentar algumas escolhas para gerir seu patrimônio e suas ambições, que nos foram gentilmente apresentadas por alguns milionários entrevistados por MatériaPrima. Adalberto Ferraz

C

aso não tenha ultrapassado a decisiva década dos quarenta, você está vivendo um período decisivo para quem deseja se tornar rico ou, ao menos, independente. Lembro-me um caso contado pelo inesquecível arcebispo Dom João de Resende Costa, em um programa semanal na rádio católica de Belo Horizonte. Uma garota assiste ao concerto de um velho e brilhante pianista. Terminada a apresentação, ela vai ao seu camarim e o cumprimenta, emocionada: “Eu daria minha vida para tocar como o senhor”, disse-lhe. O velho pianista lhe responde, suavemente: “Foi o que eu fiz, minha querida”. Essa é a primeira lição. Querer se tornar independente é lutar para se conseguir isso. Não é apenas sonhar. Seja o que estiver planejando, você certamente enfrentará algumas decisões significativas e as escolhas poderão afetar suas finanças nos próximos anos. Provavelmente, você já realiza algumas sugestões que nossos ricos consultores apresentam abaixo, mas não custa ler de novo.

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MEU DINHEIRO

1.

Economize tudo o que você puder

Lembre-se de que, a cada gasto, você fica um pouco mais pobre, com menos dinheiro no bolso. Se você quer se mostrar mais apresentável, não gaste dinheiro com muitas camisas. Faça mais ginástica, de preferência em praças públicas, como a JK, onde há muitos equipamentos, sem nenhum custo. Outra coisa: sabe aquela idade em que os rapazes e moças querem se casar imediatamente? Esqueça. Não faça essa loucura. pois ela significa, na prática, reduzir seu patrimônio à metade. Dificilmente suas/seus companheiras/os têm os mesmos objetivos que você. Fuja do casamento como um investidor inteligente se afasta de empresas do Eike Batista. Deixe isso para mais tarde, quando vocês estiverem com a cabeça no lugar. Por último, corte seus gastos impiedosamente. Comece pelas despesas recorrentes, como telefone, TV a cabo e Internet.

2.

Apaixone-se pelo seu dinheiro

Você deve se apaixonar por seu dinheiro antes que possa começar a administrá-lo bem. Uma vez meu pai me disse ao dar a mesada: “Se você gostasse de dinheiro, não começaria a gastá-lo assim que recebe a mesada. Quem gosta de dinheiro sou eu, que o mantenho no banco para atender a necessidades e prazeres fundamentais”. Às vezes parece que nossas vidas são estruturadas de tal forma que as únicas decisões financeiras que podemos fazer são pobres. Estamos constantemente com falta de tudo – sobretudo de tempo e dinheiro. É tão fácil encomendar uma pizza em vez de fazer o jantar, para reduzir o estresse depois de um longo dia de trabalho. Da mesma forma, entramos num bar e solicitamos algumas bebidas. Gastamos o nosso dinheiro em coisas que nos fazem felizes por um momento, em vez de guardar esse dinheiro para o futuro. No entanto, a melhor forma de reduzir o estresse é guardar esse dinheiro da pizza ou da bebida no bar. Uma conta bancária no azul é ainda um bom remédio para os nervos.

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3.

Mantenha a sua vida financeira fora do Facebook

Pode ser tentador se gabar aos seus amigos sobre o seu saldo bancário mas, na verdade, é melhor manter essa informação para si mesmo. Isso porque o Facebook e outras formas de mídia social são lugares públicos onde os fraudadores também estão à espreita e à procura de informações pessoais que podem usar contra você. Em geral, quando se trata de dinheiro , quando mais sua boca estiver fechada, melhor. Mesmo porque, às vezes, a facada vem de um amigo do Face.

4.

Proteja-se contra fraudes de cartão de crédito

Empresas de cartão de crédito estão usando cada vez mais técnicas de coleta e análise de dados poderosos para detectar a fraude, mas a primeira linha de defesa ainda envolve os próprios clientes. Encargos inesperados em sua fatura de cartão de crédito ou informações estranhas em um relatório de crédito estão entre os primeiros sinais de alerta de que a fraude ou roubo de identidade estão na parada. Fique atento, leia cuidadosamente os extratos enviados pela operadora.

5.

Nem só de pão vive o homem

Pode parecer óbvio, mas a vida não é só para o trabalho. Você precisa dar espaço em seu orçamento para se divertir. Ponha de lado algum dinheiro todos os meses para algo que você gosta: talvez um jantar com os amigos ou uma viagem para o carnaval em Olinda. Se você não fizer isso, criará frustrações e o desejo de, a qualquer hora, chutar o pau da barraca. E quando isso acontece, a vaca vai para o brejo, definitivamente.


MEU DINHEIRO

6.

Conte com um amigo de compras

Se você tem um amigo ou amiga que também está tentando poupar dinheiro e iniciar a gloriosa caminhada para se tornar um milionário, vá às compras com ele/a. Será um passeio divertido e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de encontrar alguém para oferecer uma segunda opinião sobre potenciais aquisições . Aqui estão algumas perguntas para você e seu/ sua companheiro/a de compras fazerem um ao outro: a Será que este item preenche uma necessidade ou é um simples desejo? b Você pode esperar para fazer esta compra? c Você pode encontrar uma versão mais barata do mesmo produto?

d Quando e onde você vai usar este produto? e É algo que você pode tomar emprestado em vez de comprar? Claro, essas perguntas só funcionam se o seu ou sua companheira de compras também quer economizar. Se ele/a estimula a comprar tudo que vê pela frente, não vai ajudar. Por outro lado, é bom não esquecer que é possível comprar coisas que vão lhe fazer feliz. Mas você precisa ter certeza de que está comprando as coisas certas. E, neste ponto, em certos momentos você poderá ficar até mais tranquilo oferecendo seu tempo (ou mesmo algum dinheiro) às obras assistenciais da sua paróquia. Dizem que generosidade traz prosperidade.

7.

Seja saudável e feliz

Nós tomamos as melhores decisões quando estamos nos sentindo saudáveis e felizes. Afinal, quantas vezes você comprou uma camisa ou óculos somente porque estava insatisfeito com a aparência? Durma o suficiente, alimente-se bem e você estará no caminho certo para tomar melhores decisões, incluindo as financeiras.

8.

Entenda a força de vontade

A força de vontade não é um recurso ilimitado. Pelo contrário, é como um músculo, que se cansa com a repetição do exercício. As melhores decisões são tomadas pela manhã e não à medida que o dia passa .Claro, o problema não tem hora para acontecer. Ele pode aparecer à tarde. De qualquer forma, se puder adie a decisão para o dia seguinte. Aqui volto a outro conselho do meu pai: “Você não precisa correr para tomar uma decisão errada”.

9.

Crie hábitos sólidos

E um desses hábitos é não investir na Bolsa. Isto é, em empresa dos outros, que será administrada de acordo com os interesses deles. Sempre há alguém querendo enfiar a mão no seu bolso. Lembre-se de que a maioria das empresas com ações na Bolsa, na década de 70, simplesmente desapareceu do mapa. Alguém se lembra da Mesbla ou da Telemig? Elas simplesmente fecharam as portas ou foram vendidas para a concorrentes mais fortes. E quase sempre o sócio minoritário fica desprotegido. Outra coisa: ninguém fica milionário na condição de empregado, exceto os executivos do Eike Batista, que recebiam comissões em ações e venderam suas partes antes do naufrágio. Fortuna é para empreendedor. Ou para alguns espertalhões que lidam com dinheiro público. Mas estes últimos podem acabar na Papuda ou no Seresp.

10.

Planeje suas metas e prioridades

Lembre-se: seja um empreendedor em tempo integral. Você não pode se distrair. Faça sempre essa pergunta a si mesmo: “O que eu gostaria de fazer com o meu tempo e minha vida?”. E este é o momento para encarar o futuro – caso você não queira que o resto da sua vida seja uma repetição do que está fazendo agora.

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hora extra

você pode se divertir sem nada no bolso. Mas com R$ 1 milhão é muito melhor joão paulo coltrane O lazer é fundamental na vida das pessoas. Você pode se divertir sem nada no bolso e o programa pode ser tão agradável quanto fechar a boate New Sagitarius só para sua turma do futebol. Dadas as premissas, apresentamos abaixo algumas sugestões para você se esbaldar em qualquer circunstância,

independente do quanto carregue no bolso. Veja abaixo as sugestões que, por sinal, provam a máxima de que quantidade não tem nada a ver com qualidade: as opções para os completamente duros, por exemplo, ocupam 21 ítens, enquanto as dos remediados e confortavelmente abonados, somadas, chegam apenas a 19.

como se divertir sem nada no bolso

1.

Contar os carros vermelhos que passam na avenida Afonso Pena, numa tarde de domingo, no sentido Centro-Mangabeiras; depois, faça a mesma coisa no sentido contrário, subtraia (ou acrescente) a diferença e descubra se algum desses veículos ficou preso na praça do Papa.

2.

Discutir futebol na calçada do café Palhares numa noite de quarta-feira, enquanto o jogo rola no Independência ou no Mineirão.

3.

Participar de uma das palestras da Casa Fiat/Sempre um Papo. Em caso de excesso de lotação, ligar pra diretora da Casa, Ana Vilela. Entrada franca.

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4.

Jogar uma partida de xadrez na Praça Sete com alguém no meio àquela centena de aposentados que por ali joga o tempo fora. Se você vencer, gritar bem alto, para chamar a atenção de todos os transeuntes: Xeque-mate! Não ofereça revanche.

5.

Assistir a um programa inteiro do Luciano Hulk na televisão da rodoviária.

6. 7.

Contar todas as palavras sujas de um livro do Nélson Rodrigues.

Deixar crescer o bigode e observar as reações dos colegas, amigos e principalmente da vizinha do 702, que você viu ontem dirigindo um BMW esporte.

8.

Cortar o bigode meses depois. Observar a reação dos colegas, amigos etc.etc. etc.

9.

Escalar o arco do viaduto Santa Tereza, como no livro do Fernan


hora extra do Sabino, Encontro Marcado, ou então realizar, no mesmo local, um convescote com a namorada, evitando ser flagrado em situação de atentado ao pudor público pelos bisbilhoteiros moradores dos prédios vizinhos, que logo postarão sua foto o Facebook.

10.

Nadar na fonte luminosa da Praça da Savassi e não ser detido pela PM.

11.

Ligar para Durval Guimarães, nosso editor chefe (que também é diretor do Clube Ginástico) e pedir convite para um domingo ensolarado na piscina do clube. Se você falar que o Ginástico é melhor que o Minas TC ou que trocará a sua assinatura do The Economist pela de MatériaPrima, o convite sai na hora.

12.

Dar uma olhadinha na Veja do vizinho pela manhã, depois que ele sair para o trabalho – e antes que ele volte. Cuidado para não amassar.

13.

17.

14.

18.

15.

19.

Olhar vitrines no Diamond Mall. Pare o carro a uns cinco quarteirões, para não pagar estacionamento rotativo. Fazer degustação de salgadinhos no supermercado. É só pedir com cara de quem vai comprar que o pessoal te enche de coisas.

Fazer test-drive de um Porsche. Chegue escondido para o vendedor não ver seu verdadeiro carro e use um figurino indefinível, como bermuda e camiseta de grife, sandálias Havaianas ou terno com o paletó no ombro. Ande pela cidade toda e depois diga que a estabilidade deixa a desejar e que você prefere um Alfa Romeo.

16.

Frequentar coquetéis na Academia Mineira de Letras ou lançamentos de livros no Palácio das Artes. O pessoal – na maioria das vezes – não pede convite na porta e os salgados são excelentes.

Entrar em elevador lotado do edifício Acaiaca, apertar os botões de todos os andares e descer no primeiro. Assistir ao festival de cinema experimental da Ucrânia na sala Humberto Mauro, do Palácio das Artes. Entrada franca, mas os filmes não têm legendas.

Assistir aos pousos e decolagens de aviões no aeroporto da Pampulha. Enquanto isso, você imagina como serão suas férias quando acabar a época das vacas magras.

20.

Fazer uma corrida nos 18km da orla da Pampulha. Se for persistente, você fica preparado para a meia maratona.

21.

Observar as crianças e famílias no parque Municipal, no domingo pela manhã. Se não tiver filhos, você sairá de lá com uma alegre sensação de alívio.

como se divertir com apenas R$ 100 no bolso

1.

Um galão de gasolina, uma caixa de fósforos e qualquer dos livros da trilogia Crepúsculo.

2.

Beber até dez cervejas, comer um tira gosto por garrafa enquanto assiste a um jogo do Galo, cercado de atleticanos, no bar do Salomão, na Serra. E acreditar que, finalmente, o time será campeão do Mundo.

3.

Comprar passagem de ida e volta ao Rio (R$ 80,00 em ônibus clandestino), mergulhar em Copacabana e depois voltar para Belo Horizonte. Banho opcional nos chuveirinhos públicos da praia (R$ 2,00).

4.

Assistir a um jogo do América na Segundona acompanhado pela família. Torcer para que os ingressos tenham acabado. Com isso, só haverá entradas em mãos de improváveis cambistas. (Preço do ingresso: R$ 5. No câmbio negro: R$ 6.)

5.

Fazer uma assinatura anual de MatériaPrima. É diversão (e conhecimento) para o ano inteiro e ainda sobra algum para a cerveja. (R$ 60 a assinatura por doze meses.)

6.

Comprar dez DVDs piratas nos botequins da Floresta. Como apenas dois vão funcionar, você ainda tem diversão garantida por 4 horas.

7.

Seja um glutão. Peça um Filé Surprise na Cantina do Lucas que dá para três e coma tudo sozinho. (Preço: R$ 55 acrescidos de 10% de gorjeta.)

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hora extra

como se divertir com R$ 1 milhão no banco

1.

Contrate Roberto Carlos para fazer uma serenata praquela moça eternamente indiferente. Quem sabe, agora, você não comove o seu coração de pedra? (Cachê de show acústico do Roberto por duas horas: R$ 600 mil.)

2.

Convide Fernando Henrique Cardoso para um sarau sociológico, quando poderá ouvi-lo falar de si mesmo durante duas horas. (Cachê por palestra: R$ 200 mil, sem contar passagens, limusine à disposição, equipamentos e operadores de som, coquetel para jornalistas, jantar no Favorita, seguranças etc.)

3.

Fique noivo em Arraial d’Ajuda, mas não cometa a loucura seguinte, que é se casar. Feche três pousadas, ofereça passagens de avião e todas as mordomias aos convidados. Uísque e champanhe à vontade. Ao fundo, o som do Olodum, acompanhando Ivete Sangalo. (Orçamento do show: R$ 800 mil.)

4.

Certamente você sabe que a Terra é redonda, mas como pode estar seguro disso? Dê uma volta ao mundo num avião russo MIG-25 Foxbat. Trata-se de um caça interceptor projetado na antiga URSS: velocidade máxima de 3.500 km por hora à altura de 20 mil metros. É o avião militar mais veloz do mundo em operação. (R$ 600 mil a aeronave, sem contar aviador, querosene e taxas de ambarque-desembarque em aeroportos da África, Ásia, Oceania, Américas e porta-aviões no Mediterrâneo, em caso de pane.)

5.

Alugue o Beach Park, em Fortaleza, por uma semana inteira

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e leve seus amigos e muitas garotas. Terminada a festa, distribua 1.750 ingressos para os moradores da favela Farol Velho, na vizinhança do Mucuripe. Uma idéia maluca dessas, que compensa orgias monumentais carregadas de culpas politicamente corretas só poderia ser do poeta Carlos Alenquer, confundido por seus inimigos (e alguns muy amigos) como ex-stalinista angustiado – mas que, na verdade, é apenas um rapaz latino americano amigo do sumido Belchior e nosso editor de texto.

6.

Contrate o profissional acima citado para escrever um livro de poemas dedicado à sua vizinha do 702 (a do BMW esporte). Custo provável da edição, impressa em Heidelberg com papel bíblia, capa dura, prefácio de Paulo Coelho, incluindo direitos autorais e impressão de um único exemplar em gráfica rápida (alemã). O poeta demora, mas entrega a encomenda. (Preço a combinar. Primeiro contato em café na place de Contrescarpe, Paris, incluidas passagens de primeria classe com acompahante. Em três parcelas, sendo 60% na encomenta.)

7.

Pague um curso de aperfeiçoamento em saxofone para o nosso editor chefe durante três anos. Em Kuala Lumpur ou Kiev, a escolher (Viagem, hotel, aulas e material escolar: R$ 630 mil. É caro, mas compensa a ausência.)

8.

Alugue o iate Ari Onassis, 325 pés, da Cristina Onassis, por um

semana. Muito confortável, tripulação de 34 pessoas incluída. (R$ 600 mil.)

9.

Vá de zero a 100 quilômetros por hora em apenas 5,2 segundos na sua nova Maserati Quattroporte. É um dos carros mais velozes que já circularam nas estradas brasileiras. Luxo, esportividade e, sobretudo, a certeza de que nenhuma rádio-patrulha da polícia rodoviária vai te alcançar. (R$ 850 mil.)

10.

Seja a primeira pessoa física a patrocinar uma equipe esportiva no Brasil. Estampe seu nome e retrato no peito dos atletas de basquete masculino do Ginástico Esporte Clube, aqui de Belo Horizonte. R$ 400 mil por temporada, com direito ao mínimo de 22 jogos na Liga. Alguns serão televisionados em rede aberta; outros, na SportTV.

11.

Publique um anúncio em MatériaPrima sobre esse patrocínio esportivo, durante todo o ano. Mostre vaidosamente que, com seu gesto, você está dando oportunidades a garotos para construir seu futuro. (Anúncio de cada página dupla na revista: R$ 36 mil.)

12.

Separe-se de sua mulher. Mas prepare-se para ficar com apenas R$ 500 mil.


INAUGURAÇÃO

QUARTA PELOTIZAÇÃO

www.samarco.com

0800 031 2303

A Quarta Pelotização já é realidade: um salto de 37% na capacidade de produção da Samarco, de 22,25 para 30,5 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano. Além de consolidar a posição da empresa entre as maiores exportadoras do País, transformar esse projeto em realidade significa gerar valor para todos os envolvidos. Com respeito às pessoas e ao meio ambiente, diálogo e transparência nas ações, a Samarco cresce, gerando oportunidades e construindo relacionamentos de confiança junto às comunidades onde atua. A Quarta Pelotização é isso: a prova de que olhar para todos os lados é o melhor jeito de seguir em frente.

Nós somos feitos daquilo em que acreditamos.

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25 DE MAIO. UM DIA PARA COMEMORARMOS A FORÇA DA INDÚSTRIA.

ANÚNCIO O Sistema FIEMG comemora esta data ao lado dos empresários, dos trabalhadores e de todos que compartilham do objetivo constante de fazer da nossa indústria um exemplo de desenvolvimento, inovação e competitividade. A indústria é a razão da nossa existência. Torná-la cada vez mais forte é o nosso compromisso.

www.fiemg.com.br


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