Caminhos que Conectam - Centro Cultural e Esportivo

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CAMINHOS QUE CONECTAM Centro Cultural e Esportivo.

Mayra Z. F. da Silveira. MAYRA FRAZON Ribeirão Preto l 2019



MAYRA ZEOTTI FRAZON DA SILVEIRA CAMINHOS QUE CONECTAM: A IMPORTÂNCIA DA CULTURA E DO ESPORTE PARA A FORMAÇÃO DO CARÁTER E INTEGRAÇÃO SOCIAL

Monografia obrigatória para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto. Trabalho Final de Graduação orientado junto as disciplinas de Fundamentos de TFG e TFG em Arquitetura. Orientação dada respectivamente pelas seguintes docentes: Profª Ma. Catherine D’Andrea e Profª Ma. Tânia Maria Bulhões Figueira. RIBEIRÃO PRETO | 2019

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AGRADECIMENTOS. Em primeiro lugar agradeço a Deus, pela vida, saúde e pela capacidade de discernimento para concluir mais esta etapa. Em segundo lugar a minha família, em especial meus avós, Doralice e Rubens; e minha mãe Francine, sem o apoio e suporte destes eu não seria metade do ser humano que sou hoje, e não teria oportunidade de estar me formando no curso de Arquitetura e Urbanismo, uma paixão que sempre tive. Também sou grata aos meus colegas de classe, que se tornaram mais do que isso! Lívia e Carol, sem vocês a graduação não seria a mesma, muito obrigada pelo aprendizado, amizade e pelas broncas durante esses anos. Por último, porém não menos importante, agradeço aos meus professores, que foram de extrema importância nesta trajetória, transferindo a mim seus conhecimentos da melhor maneira.

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RESUMO. O presente trabalho final de graduação, do curso de Arquitetura e Urbanismo, se direciona as questões de inclusão social de pessoas com menor poder aquisitivo, afastadas das grandes centralidades. Os estudos apresentados são uma base para o entendimento de como o a cultura, o lazer e o esporte podem ser benéficos a todos os seres humanos. O projeto situa-se no bairro Planalto Verde em Ribeirão Preto - SP. O entendimento de sua área e entorno também foram de fundamental importância para se justificar a localização do projeto.

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ABSTRACT. This final undergraduate work, from the Architecture and Urbanism course, addresses the issues of social inclusion of people with lower purchasing power, away from major centralities. The studies presented are a basis for understanding how culture, leisure and sport can be beneficial to all human beings. The project is located in the Planalto Verde neighborhood in RibeirĂŁo Preto - SP. The understanding of its area and surroundings were also of fundamental importance to justify the location of the project.

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LISTA DE IMAGENS E GRÁFICOS IMG. 1 - Vista aérea do entorno do bairro Fonte: Google Earth; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 IMG. 2 - Hotel abandonado no Rio de Janeiro Fonte: autor desconhecido; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://viajantesaprendizes.com/predio-abandonado-que-virouponto-turistico-no-rio-de-janeiro/ acesso em: 19/08/2019 Gráfico.1 -Esquema Função Social da Propriedade Fonte: Prefeitura de São Paulo, Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo; pág. 17; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 Gráfico.2 -Tipologias de imóveis ociosos Fonte: Prefeitura de São Paulo, Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo; pág. 17; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 Gráfico.3 -Ilustração ITPU Progressivo no Tempo Fonte: Prefeitura de São Paulo, Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo; pág. 17; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 Gráfico.4 -Ilustração Imóvel que Cumpre X não cumpre sua função social da propriedade Fonte: Prefeitura de São Paulo, Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo; pág. 17; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 Gráfico.5 -Esquema de desapropriação de imóvel mediante pagamento em títulos de dívida pública. Fonte: Prefeitura de São Paulo, Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo; pág. 17; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 IMG. 3 - Vista aérea da quadra escolhida. Fonte: Google Earth; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 08/2019 IMG.4 - Grupo de Crianças Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-de-criancas-amigos-abracados-sentados juntos_2523584.htm#page=1&query=crian%C3%A7as&position=7 acesso em: 05/2019 IMG.5 - Grupo de Crianças fazendo pose Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://br.freepik.com/search?page=2&query=children++kids&type=photo acesso em: 05/2019 Gráfico.6 - Raio X de Favelas em Ribeirão Preto. Fonte: Catanho, Lucas; não datado; não paginado; desenvolvido pela autora Disponível em: https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/cotidiano/cidades/NOT,0,0,1312777,em+ menos+de+dois+anos+numero+de+favelas+quase+dobra+em+ribeirao+preto.aspx acesso em: 05/2019 IMG.6 - Crianças alongando Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://br.freepik.com/search?page=2&query=children++kids&type=photo acesso em: 05/2019 IMG.7 - Crianças praticando ballet Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://br.freepik.com/search?page=2&query=children++kids&type=photo acesso em: 05/2019 IMG.8 - Espreguiçadeiras no deck. Fonte: Centro Aberto; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://comurb.com.br/o-projeto-centroaberto-de-sao-paulo/;acesso em: 05/2019 6

IMG.9 - Pessoas sentadas nas espreguiçadeiras no Centro de São Paulo. Fonte: Centro Aberto; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/centro-aberto-paissandu/;acesso em:05/2019 IMG.10 - Esquema mostrando como funciona uma fachada ativa. Fonte: PDE de São Paulo; autor desconhecido; não datado; pág 137. Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2015/01/PlanoDiretor-Estrat%C3%A9gico-Lei-n%C2%BA-16.050-de-31-de-julho-de-2014Texto-da-lei-ilustrado.pdf; acesso em:05/2019 Gráfico.7 -Esquema de hierarquia modal. Fonte: autor desconhecido; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/50928/ acesso em: 05/2019 IMG.11- Equipamentos da Cidade. Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://br.freepik.com/vetores-popular; acesso em: 05/2019 IMG.12- Locomoção de diferentes maneiras. Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://br.freepik.com/vetores-popular; acesso em: 05/2019 IMG.13- Homem andando de bicicleta. Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://br.freepik.com/search?dates=any&format=search&page=4&query=esporte&sele ction=1&sort=popular&type=photo; acesso em:05/2019 IMG.14- Mulher praticando esporte. Fonte: Freepik; autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://br.freepik.com/search?dates=any&format=search&page=4&query=esporte&sele ction=1&sort=popular&type=photo; acesso em:05/2019 Gráfico.8 -Sedentários e Praticantes de esporte. Fonte: IBGE; 2013; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: http://www.esporte.gov.br/diesporte/2.html; acesso em: 05/2019 Gráfico.9 -Sedentários por gênero. Fonte: IBGE; 2013; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: http://www.esporte.gov.br/diesporte/2.html; acesso em: 05/2019 Gráfico.10 -Sedentários por faixa etária. Fonte: IBGE; 2013; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: http://www.esporte.gov.br/diesporte/2.html; acesso em: 05/2019 Gráfico.11- Locais em que se realizam a prática de esporte. Fonte: IBGE; 2013; não paginado; modificado pela autora; Disponível em:http://www.esporte.gov.br/diesporte/2.html; acesso em: 05/2019 Gráfico.12- Locais em que se realizam a prática de esporte preferidos, por gênero. Fonte: IBGE; 2013; não paginado; modificado pela autora; Disponível em:http://www.esporte.gov.br/diesporte/2.html acesso em: 05/2019 IMG.15- Área de Permanência SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.16 - Rampas Centro Cultura SP. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.17 - Espreguiçadeiras Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; modificada pela autora. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf34bf197cce3b8000075-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019


IMG.18 - Desesnho SESC Pompéia. Fonte: Eduardo Bajzek, 2009, não paginado Disponível em: http://ebbilustracoes.blogspot.com/2009/09/sescpompeia.html; acesso em: 05/2019 IMG.19 - Localização SESC Pompéia. Fonte: Google Maps; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 05/2019 IMG.20 - Entrada Principal SESC Pompéia. Fonte: autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://universes.art/en/sescvideobrasil/2011/olafur-eliasson-tour/sesc-pompeia; acesso em: 05/2019 IMG.21 - Rua Principal SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoal da autora. IMG.22 - Entrada Rua Barão do Bananal SESC Pompéia. Fonte: Google Street View; 2019; não paginado; acesso em: 05/2019 IMG.23- Área de Permanência SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.24 - Acessos SESC Pompéia. Fonte: Google Maps; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 05/2019 IMG.25 - Acessos SESC Pompéia 3D. Fonte: Google Street View; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 05/201 IMG.26 - Planta Setorização SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/5626eb86e58ecee6f00001d5-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-imagem; acesso em: 05/2019 IMG.27 - Bloco Esportivo SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/5285f581e8e44e8e720001b2-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-foto; acesso em: 05/2019 IMG.28 - Planta Programa/Acessos SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/5626eb86e58ecee6f00001d5-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-imagem; acesso em: 05/2019 IMG.29 - Blocos SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.arquigrafia.org.br/photos/754; acesso em: 05/2019 IMG.30 - Deck SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/52797c01e8e44ef004000080-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-foto?next_project=no; acesso em: 05/2019 IMG.30 - Rampas vistas de cima SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em:https://www.archdaily.com.br/br/01153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bobardi/52797b4ce8e44e865400006d-classicos-da-arquitetura-sesc-pompeiaslash-lina-bo-bardi-foto?next_project=no ; acesso em: 05/2019 IMG.32- Vista rampa debaixo para cima SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora.

IMG.33 - Corte bloco esportivo SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em:https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/5626eb75e58ecee6f00001d4-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-imagem; acesso em: 05/2019 IMG.34 - Planta Quadras SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/5626eb91e58ece127a0001cb-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-imagem; acesso em: 05/2019 IMG.35 - Corte acessos verticais SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; modificado pela autora; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bo-bardi/5626eb7ce58ece127a0001ca-classicos-daarquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-imagem; acesso em: 05/2019 IMG.36- Área de Permanência SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.37- Área de Permanência 2 SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.38- Janelas vistas do interior SESC Pompéia. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bobardi/52797b5ae8e44ef004000074-classicos-da-arquitetura-sesc-pompeiaslash-lina-bo-bardi-foto; acesso em: 05/2019 IMG.39- Janela SESC Pompéia. Fonte: Arquigrafia; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.arquigrafia.org.br/photos/813; acesso em: 05/2019 IMG.40- Janelas Vistas do exterior SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.41- Ligação dos blocos SESC Pompéia. Fonte: Acervo pessoa da autora. IMG.42 - Rampas Centro Cultural SP Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles/59282d96e58ece97f60000b6classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-tellesfoto; acesso em: 05/2019 IMG.43 - Localização Centro Cultural SP Fonte: Google Maps; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 05/2019 IMG.44 - AcessosCentro Cultural SP Fonte: Google Maps; 2019; não paginado; modificado pela autora; acesso em: 05/2019 IMG.45 - Construção Centro Cultural SP Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles/59272869e58ecee838000097classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-tellesfoto; acesso em: 05/2019 IMG.46 - Construção vista interior Centro Cultural SP Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles/5927288de58ecee838000099classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-tellesimagem; acesso em: 05/2019 7


IMG.47 - Construção vista exterior Centro Cultural SP Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles/59272864e58ece97f6000034classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-tellesfoto; acesso em: 05/2019

IMG.59 - Planta 5 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/5928260ee58ecee838000211-classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-piso-adoniram-barbosa; acesso em: 05/2019

IMG.48 - Declividade terreno antes da contrução do Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles/592728b4e58ece97f600003bclassicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-tellesimagem; acesso em: 05/2019

IMG.60 - Planta 6 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/592825fbe58ecee83800020f-classicos-da-arquitetura-centro-cultural-saopaulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-piso-jardel-filho; acesso em: 05/2019

IMG.49 - Corte Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquiteturacentro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/59272885e58ece97f6000037-classicos-da-arquitetura-centro-cultural-saopaulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-imagem; acesso em: 05/2019

IMG.61 - Planta 7 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/592825f1e58ecee83800020e-classicos-da-arquitetura-centro-cultural-saopaulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-sala-tarsila-do-amaral; acesso em: 05/2019

IMG.50 - Rampas Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/5927289ae58ecee83800009a-classicos-da-arquitetura-centro-cultural-saopaulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-imagem; acesso em: 05/2019 IMG.51 - Rampas Centro Cultural SP. Fonte: autor desconhecido; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.spbairros.com.br/centro-cultural-de-saopaulo/; acesso em: 05/2019 IMG.52- Área de Permanência Centro Cultural SP. Fonte: Acervo pessoal da autora. IMG.53- Área de Permanência Centro Cultural SP. Fonte: Acervo pessoal da autora. IMG.54- Área de Permanência Centro Cultural SP. Fonte: Acervo pessoal da autora. IMG.55 - Planta 1 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/5928261be58ece97f60000b3-classicos-da-arquitetura-centro-cultural-saopaulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-piso-caio-graco; acesso em: 05/2019 IMG.56 - Planta 2 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/59282624e58ecee838000212-classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-piso-flavio-de-carvalho; acesso em: 05/2019 IMG.57 - Planta 3 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/59282605e58ecee838000210-classicos-da-arquitetura-centro-culturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-espaco-ademar-guerra; acesso em: 05/2019 IMG.58 - Planta 4 Centro Cultural SP. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-daarquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiztelles/5928262ae58ece97f60000b4-classicos-da-arquitetura-centro-cultural-saopaulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles-planta-baixa-sala-paulo-emilio; acesso em: 05/2019 8

IMG.62 - Área de leitura Centro Cultural SP. Fonte: Acervo pessoal da autora. IMG.63 - Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centro-esportivo-wifaqgroupe3-architectes/5b0cf415f197cce92f0000a2-wifaq-sport-center-groupe3architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.64 - Localização Centro Esportivo Wifaq. Fonte: Google Earth; acesso em: 05/2019 IMG.65 - Fachada Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf374f197cce92f00009d-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.66 - Planta Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf2ebf197cce3b8000071-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-site-plan; acesso em: 05/2019 IMG.67 - Piscina Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf3f6f197cce92f0000a1-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.68 - Fachada Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf387f197cce3b8000077-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.69 - Complexo Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf334f197cce3b8000074-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.70 - Clube Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf341f197cce92f00009b-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.71 - Setorização Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf2dff197cce92f000099-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-floor-plan; acesso em: 05/2019


IMG.72 - Cortes Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf2f8f197cce3b8000072-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-sections; acesso em: 05/2019

MAPA 2 - Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Desenvolvido pela autora.

IMG.73 - Cortes Quadra Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf2c7f197cce92f000098-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-central-section; acesso em: 05/2019

IMG.79 a 82 - Crescimento do bairro. Fonte: Google Earth; 2019; não paginado; modificado pela autora. acesso em: 05/2019

IMG.74 - Planta Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf2ebf197cce3b8000071-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-site-plan; acesso em: 05/2019 IMG.75 - Armários Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf3a7f197cce92f00009e-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.76 - Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centro-esportivo-wifaqgroupe3-architectes/5b0cf3b6f197cce92f00009f-wifaq-sport-center-groupe3architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.77 - Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centro-esportivo-wifaqgroupe3-architectes/5b0cf3b6f197cce92f00009f-wifaq-sport-center-groupe3architectes-photo; acesso em: 05/2019 IMG.78 - Piscina Centro Esportivo Wifaq. Fonte: ArchDaily; não datado; não paginado; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/897374/centroesportivo-wifaq-groupe3-architectes/5b0cf34bf197cce3b8000075-wifaq-sportcenter-groupe3-architectes-photo; acesso em: 05/2019 MAPA 1 - Localização de Ribeirão Preto dentro do estado de São Paulo. Desenvolvido pela autora.

MAPA 3 - Mapa atual com identificação de perímetros de Ribeirão Preto. Desenvolvido pela autora.

IMG.83 - Distância do Centro até o local escolhido. Fonte: Google Maps; 2019; não paginado; modificado pela autora. acesso em: 05/2019 MAPA 4 - Mapa hierarquia viária . Desenvolvido pela autora. MAPA 5 - Mapa uso do solo . Desenvolvido pela autora. MAPA 6 - Mapa Tipologia de edificação . Desenvolvido pela autora. IMG.84 a 91 - tipos de edificações no bairro. Fonte: Tiradas pela autora; 2019. MAPA 7 - Mapa Equipamentos . Desenvolvido pela autora. IMG.92 a 99 - tipos de equipamentos no bairro. Fonte: Tiradas pela autora; 2019. MAPA 8 - Mapa Figura Fundo . Desenvolvido pela autora. IMG.100 - Entorno. Fonte: Google Earth; 2019; modificado pela autora. MAPA 9 - Mapa de localização . Desenvolvido pela autora. IMG.101 a 106 - Vistas do entorno. Fonte: Tiradas pela autora; 2019. MAPA 10 - Ampliação Mapa de estudo . Desenvolvido pela autora. MAPA 11 - Ampliação quadra de estudo. Desenvolvido pela autora.

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01 02 03 04 05

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Embasamento Teórico: 2. Cidade e Vazio. Problema e Potência. 3. Exclusão Social 4. O que é Cultura? 5. Esporte, Cultura e Lazer na Cidade. Leituras Projetuais: Sesc Pompeia Centro Cultural SP Centro Esportivo Wifaq Levantamentos: A cidade de Ribeirão Preto Linha do Tempo Mapa: Hierarquia Viária Mapa: Uso do Solo

Mapa: Mapa: Mapa: Mapa:

Tipologia de Edificação Equipamentos Figura Fundo Características Naturais

O Projeto: Memorial Descritivo Conceito e Partido Implantações: Restrições Legais - Diretriz Concepção do Edifício Fluxograma + Tabela de Áreas - Horta Comunitária Estrutura + Materialidade - Espaço Food Truck - Quadra Poliesportiva Apêndice: Representação Gráfica - Plantas - Cortes - Elevações

Planta Nível 1 Planta Nível 2 Cortes e Elevações Fotos Considerações Finais Bibliografia


SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO O objetivo geral do presente trabalho é desenvolver um equipamento que proporcione um espaço de convívio a todas as faixas etárias da comunidade em que será inserido, trazendo um centro cultural e esportivo que incentive o esporte, a arte e a cultura, proporcionando mais oportunidades aos com menor poder aquisitivo, promovendo integração, inserção social, lazer e expressão. Diretrizes para melhorar a qualidade do entorno da quadra escolhida para desenvolvimento do trabalho serão propostas, a fim de somar-se ao projeto do Centro Cultural e Esportivo. Um local que irá tentar dar conta de uma carência de equipamentos que a região Norte de Ribeirão Preto possui, devido ao fato dela ser historicamente constituída como espaço para população de baixa renda, o que reflete a falta de qualidade e de manutenção dos espaços públicos que lá existem. Para isso utiliza-se o conceito de Função Social da Propriedade, que segundo o Estatuto da Cidade, vinculado ao Plano Diretor da Cidade de Ribeirão Preto, diz que [...]. A função social da cidade será garantida pela cooperação, diversificação e atratividade, visando ao enriquecimento cultural da cidade. (LC Nº 2.866, 2018, não paginado). Sendo assim [...] é o direito de todo cidadão ter acesso à moradia, à mobilidade urbana, ao saneamento básico, à saúde, à educação, à segurança, à cultura, ao lazer, à recreação e à preservação, proteção e recuperação dos patrimônios culturais da cidade [...] (Plano Diretor de Ribeirão Preto - LC Nº 68/2017, não paginado). Como já dito anteriormente, a escassez de equipamentos públicos de qualidade e efetivos na região Norte de Ribeirão Preto foi uma das premissas para a escolha do local. O projeto tem intuito de dar uso a uma área que encontra-se, atualmente, sem uso na cidade. Segundo Magalhães (2005), o conceito ''Vazio Urbano'' é bastante amplo, envolvendo termos como terrenos vagos, terras especulativas, terras devolutas, terrenos subaproveitados, relacionando-se com a propriedade urbana, regular ou irregular, ao tamanho e à localização. A requalificação do vazio urbano ocasionado pela má distribuição da cidade, se dará na inserção do projeto a ser desenvolvido, que tem como intenção criar um espaço de incentivo e integração para todas as faixas etárias, com o propósito de quebrar barreiras e conectar-se à sociedade, de uma forma que esta não tenha que se deslocar até áreas centrais para obter acesso á cultura, às artes, ao lazer - que são direitos fundamentais de todo e qualquer cidadão. Manter crianças e adolescentes longe da criminalidade muito recorrente em áreas onde a violência urbana acontece premissa que um importante incentivo à criação deste equipamento e é também uma maneira de complementar o ensino acadêmico, cultural, a vivência pessoal e o lazer de cada usuário, seja na prática de esporte, música, leitura ou artes em geral, qualificando e formando cidadãos com senso crítico e sensível às necessidades da sociedade que os acercam.

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A importância da cultura e do esporte para a formação do caráter e integração social.


01 Embasamento Teรณrico


2. Cidade e Vazios. Problema e Potência.

(IMG.1)

A imagem acima apresenta o entorno do bairro em que o presente trabalho será desenvolvido, seus espaços residuais, vazios e ociosos, a fim de exemplificar e mostrar suas problemáticas para a cidade. Este capítulo tem como propósito justificar a escolha da quadra a ser implementado o presente projeto. Para além disso, se faz necessário vincular esta escolha e justificativa à questão dos vazios urbanos e, assim, identificar quais são as abordagens e variações dos vazios existentes nas cidades e suas origens, para entender a complexidade desta questão e como podem existir propostas para ressignificá-los. A expressão “vazio urbano” começou a figurar como um elemento instigante no contexto da vida urbana a partir de meados do século XIX, como consequência pós-industrial, quando as cidades europeias atingiram dimensões metropolitanas em razão do crescimento tanto físico quanto populacional, decorrente do êxodo rural (BORDE,2006). Já no Brasil o crescimento populacional nas áreas urbanas ocorreu mais tarde, ao longo do século XX. De forma semelhante ao que ocorreu na Europa, a desfuncionalização de áreas industriais, no Brasil, a partir da década de 1970 trouxe grandes consequências para os perímetros urbanos brasileiros. Os espaços ligados a indústria começaram a perder sua função, ferrovias foram desativadas, indústrias e edifícios tornaram-se abandonados ou subutilizados e esta situação apenas se multiplicava. Sobre esta situação Borde (2006), afirma que estes espaços passaram a constituir o foco dos primeiros estudos, na Europa, sobre vazios urbanos. Surgiu então, uma primeira inquietação com relação à ambiguidade ou até inadequação da expressão para algumas situações. Souza (2010) diz que se os "vazios urbanos" das áreas industriais não coincidiam com terrenos vagos, a condição de vazio desses terrenos estava mais relacionada à ausência de uso e não de ocupação. Consistiam, pois, nas chamadas áreas desafetadas ou desfuncionalizadas. O conceito francês ''Terrain Vague'', de acordo com Solá-Morales (2002), busca entender os espaços vazios na cidade e quais seriam as melhores soluções para que estes se inserissem nas novas dinâmicas urbanas que os novos tempos acabam por impôr ao solo das cidades. Para ele existem algumas traduções e variações do sentido do termo, de acordo com cada idioma. No inglês, Solá-Morales não consegue traduzir com uma só palavra a expressão francesa ''Terrain Vague''. Em francês, o termino ''Terrain'' tem um caráter mais urbano que o inglês ''land'', que está mais ligado ao sentido de uma terra agrícola ou geológica, de maneira que é preciso advertir que ''Terrain'' (francês) é, em primeiro , uma extensão de solo de limites precisos, edificável na cidade.

A palavra, ainda no francês, se refere também a extensões maiores, talvez menos precisas; está ligada à ideia física de uma porção de terra em sua condição expectante, potencialmente aproveitável, mas já com algum tipo de definição em sua propriedade a qual se é alheio. (SOLÁ-MORALES, 2002, não paginado). A expressão ''Vazio Urbano'', como pode-se perceber, então, possui muitas abordagens e variações conceituais. Uma primeira questão advém da ideia generalista de que os vazios urbanos são espaços da cidade ausentes de construção ou preferencialmente não edificados (SOUSA, 2010, MORGADO, 2005). No entanto, a expressão é usualmente muito mais abrangente e vem designando também os "terrenos e edificações não utilizados, subutilizados, desocupados ou desestabilizados, localizados em terrenos infraestruturados e que passaram ou estão passando por processo de esvaziamento" (BORDE, 2006, não paginado). Como exemplificação de algumas variações das definições de vazios da cidade, se traz o prédio do antigo hotel abandonado, o Gávea Tourist Hotel (IMG.2), no Rio de Janeiro. Foi abandonado ainda em sua construção devido à falência da empresa responsável. Hoje é habitado por moradores de rua e é refúgio de pessoas ligadas a criminalidade, tornando-se um local utilizado por atividades consideradas desqualificadas pela cidade formal. O edifício é considerado, assim, um vazio da cidade, ligado a questões de desfuncionalidade, por ser edificado, e já que não possui um uso ou programa reconhecido pela cidade formal, pode ser classificado como um problema para a cidade em questão.

(IMG.2)

Maria Ester de Souza, conselheira do CAU/GO, afirma que toda edificação sem uso e sem manutenção oferece risco de causar algum prejuízo à saúde humana. É fato, que os edifícios inacabados ou desfuncionalizados oferecem riscos à sociedade e também ao planejamento das cidades, uma vez que, quando não utilizados podem vir a ocupar-se de entulho, gerando problemas como mal odor, infestações de animais. Também se degradam com o passar do tempo e por não possuir manutenção adequada, gerando insegurança ao entorno em que está inserido. (CAU/GO, 2018, não paginado) A professora Adriana Mikulasche constata que é grave o fato de que os edifícios abandonados não cumpram com sua função social na cidade, instrumento que está contido no Estatuto das Cidades, e que, em sua maioria, essas obras se encontram em áreas consolidadas na cidade e com acesso à infraestrutura urbana - o que justifica a necessidade de se tornarem pontos focais de propostas de intervenção, pois sem uso, não abrigam moradia, emprego ou lazer e, além disso, prejudicam a paisagem urbana, desqualificando seu entorno imediato. (CAU/GO, 2018, não paginado) 15


A maior parte da população mundial vive atualmente em meios físicos urbanos, mas não tem acesso igualitário aos bens e serviços produzidos, ao uso do espaço público, ao ambiente saudável, à moradia digna, à infraestrutura e aos equipamentos de serviços públicos, à igualdade e ao respeito à diferença. Conquistar o direito à cidade é meta, objetivo, objeto de luta de vários movimentos sociais nacionais e internacionais. (RODRIGUES, 2004, não paginado). O Estatuto da Cidade (2010, não paginado) “estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental” (Cap. I, art. 1º, par. Único). Dispõe que “a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno funcionamento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana(...)” (art.2º). Trata-se de uma lei construída com ativa participação dos movimentos da sociedade civil que lutam pela reforma urbana. É necessário, para que a cidade cumpra sua função social, que a propriedade individual seja, no mínimo, relativizada, para garantir o acesso a todos os moradores à cidade. Se faz importante, exemplificar quais ações podem ser tomadas em frente a existência de vazios urbanos nas cidades, sejam estes edificados ou não, porém todos desfuncionalizados e criando locais ociosos no interior do tecido urbano. A partir daí toma-se como exemplo algumas estratégias extraídas do PDE de São Paulo (2014, não paginado), que pretendem combater a terra ociosa que não cumpre sua função social. O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE), é uma lei municipal que orienta o desenvolvimento e o crescimento da cidade até 2030. Através dele pode-se ter um exemplo de quais ações do poder público ajudam a criar uma cidade ordenada em pleno desenvolvimento das funções sociais e o uso socialmente justo e ecologicamente equilibrado e diversificado de seu território, de forma a assegurar o bem-estar e a qualidade de vida de seus habitantes. (LEI Nº 16.050, 2014, Art. 1º)

1

2

Função Social da Propriedade

3

(Gráfico.2)

PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO E UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIOS (PEUC) 1) Imóvel não edificado: Imóvel com área superior a 500m² com coeficiente de aproveitamento utilizado igual a zero. Para que o terreno cumpra sua função social neste caso é necessário que se parcele e/ou edifique o lote. 2) Imóvel Subutilizado: Imóvel com área superior a 500 m² cujo coeficiente de aproveitamento utilizado é inferior ao mínimo definido. Assim como na tipologia 1, para que a área cumpra sua função social da propriedade é necessário que se parcele e/ou edifique. 3) Imóvel não Utilizado: Edifício e outros imóveis que tenham no mínimo 60% de sua área construída desocupada há mais de um ano. Como o lote já possuí uma edificação existente, neste caso é necessário que esta seja utilizada, para que assim cumpra seu papel para com a função social da propriedade.

1º ANO

Função Social da Propriedade Propriedade Privada

Tipologia de Imóveis Ociosos

2X

2º ANO

3º ANO

2X

4º ANO

2X

5º ANO

Limite Máx= 15% (Gráfico.3)

Interesse Individual

IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO.

Interesse Coletivo

PEUC

Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios (PEUC)

IPTU

Imposto Predial Territorial Urbano Progressivo no Tempo.

desap

Desapropriação Mediante Pagamento em Títulos da Dívida Pública

O imóvel que não cumpre Função Social está sujeito à aplicação de três instrumentos Urbanísticos.

(Gráfico.1)

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Enquanto o proprietário do imóvel ocioso não se adequar às obrigações para que seu imóvel cumpra a função social da propriedade, o seu IPTU irá aumentar anualmente. 1º ano: IPTU + 2% sobre o valor do imóvel. 2º ano: IPTU + 4% sobre o valor do imóvel. 3º ano: IPTU + 8% sobre o valor do imóvel. 4º e 5º ano: IPTU + 15% sobre o valor do imóvel, este é o limite máximo. Caso o imóvel permaneça ocioso após os 5 anos de cobranças de IPTU progressivo no tempo, a prefeitura poderá desapropriá-lo mediante pagamento em títulos de dívida pública.


Imóvel que cumpre a Função Social da Propriedade

Imóvel que NÃO cumpre a Função Social da Propriedade

PAGAMENTO = IPTU

PAGAMENTO = IPTU + AUMENTO ANUAL

(Gráfico.4)

DESAPROPRIAÇÃO MEDIANTE PAGAMENTO EM TÍTULOS DE DÍVIDA PÚBLICA .Como já citado anteriormente, após o prazo de 5 anos do IPTU progressivo no tempo a prefeitura poderá desapropriar o imóvel mediante pagamento em títulos de dívida pública.

Estas são 3 medidas que o PDE de São Paulo propõe para ajudar o poder público a administrar, desenvolver e planejar a cidade, cumprindo o pressuposto da Função Social da Propriedade, contida no Estatuto da Cidade (2010, não paginado). Transformando áreas antes ociosas e inseguras em locais com potencial de se tornarem produtivos socialmente, ambientalmente e economicamente para a cidade. Analisando todas as questões colocadas em pauta no desenvolvimento deste capítulo, pode-se concluir que existem diferentes maneiras de se classificar os vazios existentes nas cidades: os não edificados, os subutilizados e os desfuncionalizados. No entanto todos prejudicam e desvalorizam o funcionamento adequado da cidade, a paisagem urbana e seu entorno. Todavia estes podem se transformar em potencialidades se bem administrados e lhes dando um uso, seja criando espaços de lazer, moradia, serviços, entre outras inúmeras propostas, todas dentro de seus estudos de viabilidade e cada caso sendo analisado separadamente em suas condições. Este capítulo é de fundamental importância para a realização do presente projeto, pois através dele pôde-se entender que a quadra escolhida para o desenvolvimento do trabalho é classificada como um espaço não edificado e residual na cidade, um lote vazio que segundo o Plano Diretor de Ribeirão Preto (2008) fica localizado em uma Zona de Urbanização Preferencial (ZUP), mais especificamente uma quadra com 2 lotes destinados sucessivamente à área institucional e verde, de permeabilidade. Ainda que seu uso do solo seja pré-determinado em lei municipal, não pode ser efetivo pelo planejamento urbano desqualificado que se aplica, atualmente, no local. É possível enxergar com clareza que este espaço foi configurado a partir de um desenho de loteamento óbvio, seguindo a curvatura do curso d'água existente, ''carimbando'' lotes iguais na paisagem, criando assim espaços desiguais em suas extremidades, e lotes com formatos ''aleatórios'', que acabam ficando desfuncionalizados. A partir desta análise, diretrizes serão propostas ao decorrer do trabalho, para que estes espaços, antes problemáticos para a cidade, se transformem em potencialidades urbanas de uso efetivo pela população local.

Desapropriação Destinar imóvel para uso social

Proprietário do Imóvel Ocioso

Prefeitura

R. J

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R. M

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Pagamento pela desapropriação em títulos da dívida pública

Iniciar o procedimento para a concessão ou alienação

ela

io Vil

oton

e en. T Av. S

(Gráfico.5) Lote Institucional

Lote Área Verde

(IMG.3)

17


(IMG.4)

3.Exclusão Social. Não se pode começar a falar de exclusão social sem antes ter entendimento do que é desigualdade social, um dos fatores que mais promovem a exclusão. Segundo Scalon (2011, não paginado) a desigualdade não é um fato natural, mas sim uma construção social. Ela depende de circunstancias e é, em grande parte, o resultado das escolhas políticas feitas ao longo da história de cada sociedade. Mas também sabemos que todas as sociedades experimentam desigualdades e que estas se apresentam de diversas formas: como prestigio, poder, renda, entre outras. Suas origens são tão variadas quanto suas manifestações. Esta distinção entre grupos de pessoas promove segregação de direitos básicos da sociedade, assim o indivíduo que está excluído não tem oportunidades de um desenvolvimento pleno, em diferentes âmbitos. Ainda segundo Scalon (2011, não paginado) vários esforços tem sido feitos para combater as desigualdades e a pobreza, tanto por meio de programas sociais do governo, como de iniciativas de organizações não governamentais e do setor privado, entretanto, a construção de uma base para a superação das desigualdades precisa envolver parcela significativa da população, tanto na elaboração como na implementação de políticas que vão ao encontro dos interesses e necessidades dos agentes. 18

''Dessa forma, a classe social, o nível de instrução, a faixa etária, o sexo, o acesso a ao espaço, a questão da violência crescente nos grandes centros urbanos, entre outros fatores, limita o lazer a uma minoria da população, principalmente se considerarmos a frequência na prática e a sua qualidade. São indicadores indesejáveis e que necessitam ser atacados por ações ou políticas que objetivem a democratização cultural''. (MARCELLINO, 2002, não paginado) Esta segregação de parcelas sociais faz com que grupos com menor poder aquisitivo sejam direcionadas às periferias da cidade, excluindo-os dos centros ocupados pelos mais privilegiados. A partir daí, as dificuldades de se encaixar em um ''padrão de sociedade aceitável'' são mínimas. Scalon (2011, não paginado) complementa que é importante ressaltar que, num contexto de extrema desigualdade como o que temos no Brasil, até mesmo a cidadania, entendida aqui como participação, é desigualmente distribuída.


As oportunidades são muito distintas para os mais pobres, a eficiência de serviços que são de direito básico do cidadão não são capazes de dar uma base ou auxílio de qualidade às pessoas mais carentes em termos de poder aquisitivo. Dentre as necessidades básicas que constituem a sobrevivência do cidadão, pode-se destacar os serviços como saúde, educação, lazer, inserção no mercado de trabalho, direito de ir e vir, entre outros. Uma sociedade com tanta falta de oportunidades para os menos favorecidos, abre portas para apenas um caminho: o vínculo com atividades informais e, na maioria das vezes, com a criminalidade em si. A falta de políticas públicas eficientes para combater a exclusão social, falta da estrutura familiar, de direitos sociais e um propósito de vida, são fatores que levam crianças e adolescentes sem perspectiva a procurarem alternativas no âmbito da informalidade. A realidade em que estão inseridos os sugam para dentro da marginalidade como uma oportunidade de se conquistar o que lhes foi negado pelo abandono social. Stark (1987), em seu livro ''Deviant place: a theory of the ecology of crime'', faz uma releitura da teoria da desorganização social do bairro. Identifica cinco aspectos socias que caracterizam as áreas onde ocorrem o maior índice de marginalização social e, então, processos de vínculo ao crime organizado. São eles: densidade, pobreza, desorganização territorial, mobilidade ou transitoriedade e degradação ambiental. O vínculo com entorpecentes, por exemplo, se torna um escape da realidade para aqueles que os utilizam ou uma forma de se obter renda por aqueles que os comercializam.

No município de Ribeirão Preto, a segregação social é tão evidente quanto o seu crescimento. Segundo o Jornal A Cidade On Ribeirão Preto (2018), o número de favelas existentes na atualidade quase dobrou em menos de 2 anos, de 50 em abril de 2016 para 96 em 2018. O número de residentes nas comunidades subiu de 25 mil para 43 mil moradores. Ainda segundo o mesmo, a prefeitura da cidade não possui verba e nem planejamento de um programa para regularização fundiária destas comunidades.

RAIO-X ATUAL 96 FAVELAS 76 em áreas municipais 9 em áreas mistas particular/municipal ou federal/municipal 7 em áreas particulares 4 em áreas federais

MAIOR FAVELA Jardim Progresso, com 1917 moradias e 7668 moradores.

MENOR FAVELA Anhanguera (20 moradores em 5 barracos)

FAVELA MAIS ANTIGA

43.981

Favela das Mangueiras (mais de 50 anos), no Jardim Piratininga, com 197 moradias de 669 moradores.

moradores

FAVELA MAIS RECENTE

NENHUMA

Armando Bó, formada em 2016 no Adão do Carmo Leonel, com 80 moradores.

FAVELAS ERRADICADAS DESDE 2017 Duas (Ferrovia Centro América no Simioni, e na avenida dos Andradas, no Parque Ribeirão) e parte da Favela das Mangueiras.

1.316 Moradores deixaram as favelas desde 2017

Nova favela desde o início de 2017

128 INTERVENÇÕES para coibir invasões foram feitas desde o início de 2017 até hoje; somente em 2018, o número já chega a 30, segundo a Fiscalização Geral

(Gráfico.6)

(IMG.5)

Dados levantados pelo SINASE (2013), revelam que o perfil do adolescente em conflito com a lei compõe-se da seguinte maneira: 90% são homens; 76% tem entre 16 e 18 anos; 51% não frequentam a escola; 81% viviam com a família na época da internação; 12,7% vem de família que não possui renda; 66% a família possui renda inferior a dois salários mínimos e 85,6% são usuários de entorpecentes. Diante dos dados apresentados, acredita-se, assim como Villaça (1998, não paginado), que o espaço atua diretamente como um mecanismo de exclusão e a segregação espacial, articulado a desigualdade que é direcionada para a marginalidade.

O Poder Público Municipal deve estabelecer políticas de desenvolvimento urbano, integradas, para "[...] ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes", em conformidade com os artigos 182º e 183º - Capítulo II - Da Política Urbana da Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Cidade Lei Federal nº 10.257 /10. Quando se começa a entender a gravidade dos problemas que a segregação social traz, medidas precisam ser tomadas para que ela diminua consideravelmente. O investimento e planejamento do poder público são essenciais nesse momento. Como o estudo para melhorar a qualidade de vida das pessoas menos favorecidas na cidade precisa partir do entendimento de suas problemáticas, isso só pode acontecer ouvindo as necessidades daqueles que estão inseridos nesse meio, os moradores das comunidades. Entender suas necessidades, promover moradia digna, saneamento básico, alimentação, educação e saúde de qualidade são tão importantes quanto criar espaços de convívio e lazer que integrem estas comunidades à cidade, como forma de inserir e capacitar desde cedo os passos do cidadão, para que ele se torne parte ativa da sociedade e não vítima dela. Assim, objetiva-se no presente trabalho a constituição de um equipamento que buscará oferecer oportunidades de acesso à população de baixa renda a atividades culturais e de lazer.

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4. O que é Cultura? A palavra cultura vem da raiz semântica ''colore'', que originou o termo em latim ''cultura'', de significados diversos como habitar, cultivar, proteger, honrar com veneração (Williams, 2007, p.117). Definir o termo cultura não é uma tarefa simples, devido sua amplitude e abrangência em diversos âmbitos. Para Ramos (2019, não paginado) o conceito de cultura é considerado como o conjunto de manifestações sendo elas, artísticas, sociais, linguísticas e de comportamento, individual ou em conjunto. Assim atividades como, teatro, música, danças, rituais religiosos, a comunicação verbal e não verbal, a arquitetura, as invenções, pensamentos, formas de organização social, entre outras manifestações. A partir desta definição, consegue-se começar a entender o propósito e a importância que a cultura tem para com a sociedade, o ser e pertencer a algum lugar, algum grupo, uma etnia ou fé. O ser humano, desde seus primórdios, sempre necessitou de um grupo de pessoas que compartilhassem dos mesmos costumes, comportamentos e crenças, para se manterem em sociedade e compreender o mundo e tudo o que acontece ao seu redor. E, com o passar do tempo, os povos começaram a evoluir através de mudanças significativas em sua cultura, ocasionadas pela individualidade e capacidade de cada um, e isto acontece de uma maneira mais rápida quando há liberdade para que cada indivíduo possa se expressar. ‘'Cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade''. (TYLOR, 1917, não paginado)

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Segundo a Constituição Federal Brasileira (1988, não paginado): “Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Comprovando em nível nacional que o Estado é responsável por garantir a todos os cidadãos brasileiros o efetivo exercício dos direitos culturais, o acesso às fontes da cultura nacional e a liberdade das manifestações culturais. Este direito se dá através do Ministério da Cultura (MinC). ''O MinC é o órgão da administração pública federal direta que tem como competência a execução da política nacional de cultura. Cabe ao MinC o desenvolvimento de políticas e ações de acessibilidade cultural, a regulação de direitos autorais, a proteção do patrimônio histórico e cultural e a preservação da identidade cultural dos remanescentes das comunidades dos quilombos.'' (ALVES, Elisabete. Não datado, não paginado).

O Ministério da Cultura já determina meios legais para a fomentação da cultura no Brasil, apoiado a estes, o presente projeto se torna possível de execução, para continuar promovendo a diversidade cultural brasileira em suas diversas práticas e serviços, garantindo pleno exercício da cidadania a todas camadas sociais.

4.1. A importância da cultura na sociedade.

Ao se estudar a cultura é possível entender o quanto ela é abrangente, complexa, dinâmica e pluralista, e se constitui a partir do processo social, sendo um reflexo da sociedade, mas que muitas vezes tem o intuito de ir contra esta. A cultura pode ser entendida de diversas maneiras de acordo com as áreas em que atua. Ela está presente na arquitetura, nas artes, nos esportes, na linguagem, no consumo e produção humana, e todas estas características fazem com que se perceba que todo ser humano está inserido dentro de uma cultura, seja ela qual for. Para que todo cidadão tenha direito e desfrute de uma cultura para todas as camadas sociais, o poder público deve ser responsável por fomentá-la. (Colunista Portal Educação, não datado, não paginado)

Como já retratado nos parágrafos anteriores, a cultura é direito de todos os cidadãos independente da classe social ao qual este está relacionado. Mas qual sua importância e sua funcionalidade dentro da sociedade? Dentre alguns fatores que a cultura pode proporcionar está a saúde mental e psicológica. Nela está inclusa a identidade pessoal do indivíduo, que acaba se conectando com grupos que compartilham as mesmas adversidades ou experiências de vida. Essa interação entre os grupos dentro de um determinado espaço permite a inserção social das minorias, o que é capaz de modificar toda uma vivência e história. (RODRIGUES, não datado, não paginado). A integração da vida cultural de um cidadão permite que ele adquira conhecimento, valores, entretenimento e lazer de qualidade, que faça amigos e aprenda coisas novas em diversos âmbitos da vida, seja social, profissional ou pessoal. Ela ainda cria caminhos, faz com que o jovem acredite em seu potencial, descubra um sentido para a própria vida, construa sonhos e acredite que eles possam ser alcançados, o que muitas vezes seria impensável devido ao meio em que estão inseridos.

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5. Cultura, Esporte e Lazer na Cidade. 5.1. O Centro Cultural como equipamento transformador. Para que o exercício da cultura possa acontecer, são necessários programas e equipamentos de qualidade que promovam a interação de diversos grupos sociais. Um destes equipamentos que funciona de maneira eficaz, são os centros culturais, essenciais em qualquer cidade. Os centros culturais permitem acesso de qualquer cidadão ao seu programa, não importando sua classe social, grau de escolaridade, etnia ou religião. Além de ser muito importante para parte cultural e acadêmica, são utilizados como pontos de encontro e lazer de seus usuários, promovendo integração social e fortalecendo a comunidade. Sua importância se dá através da busca por equacionar problemas sociais e melhorar a qualidade de vida e relação entre os moradores e conectar grupos segregados a sociedade. As faixas etárias de quem utiliza um centro cultural não são um problema, muito pelo contrário. Em seu programa e espaços criados a interação entre crianças, jovens e idosos é de extrema importância para a troca de experiencias e vivencias pessoais. É fundamental que pessoas de todas as idades possam usufruir destes locais, onde estes não devem ser ''rotulados'' e destinados a faixas etárias específicas, integrando todos em uma só comunidade. Outra importante funcionalidade que os centros culturais dispõem são os espaços para que artistas o utilizem para promover sua arte de forma digna, contribuindo para seu amadurecimento, partindo do conceito de aprimoramento, fugindo do imediatismo comercial, levando sua arte a nível de excelência promovido por trabalho duro feito em etapas. (MENEZES, 2005, não paginado). Os programas de um centro cultural são variados, não existe uma determinação específica de seus usos, desde que ele esteja cumprindo o papel para o qual foi designado. O estímulo através da música, dança, teatro e artes visuais, além de contar com espaços capacitados para acesso à internet, bibliotecas, pontos de encontro e lazer, esporte em um local de qualidade, são atividade que em sua maioria compõem o programa de necessidade de um centro cultural. [...] os centros culturais, sendo espaços criados com finalidade de se produzir e se pensar a cultura, tornam-se o território privilegiado da ação cultural e da ação informacional na Sociedade da Informação e do conhecimento. (RAMOS, 2007, não paginado).

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O Centro Aberto é um projeto que tinha em vista trazer novos usos a espaços públicos na cidade de São Paulo. Sua conceituação foi constituída ao longo de três workshops realizados no ano de 2013. O processo de trabalho reuniu entidades da sociedade civil com atuação nas áreas de arquitetura e urbanismo, também estudantes e diversos órgãos da gestação do município, em um processo colaborativo e participativo. Estes estudos foram maneira de testar soluções e ao mesmo tempo ter um processo de diálogo com os usuários e potenciais usuários dos espaços. Ele traz várias ferramentas que são capazes de transformar os ambientes e torná-los mais convidativos ao cidadão. Na imagem 8, destaca-se o Largo Paissandú, um espaço público que foi transformado pelo projeto do Centro Aberto em conjunto com a gestão Pública de São Paulo. Seu objetivo principal era criar um ambiente seguro e confortável para pedestres e passageiros, transformando a Avenida São João em local de espaço de permanência, para além de passagem. Trata-se de melhorar a experiência de mobilidade ao longo da rua e a espera de transporte público, com oportunidades para sentar e descansar, e com pequenas intervenções, criando um ambiente mais interessante, garantindo adicionalmente travessias de pedestres seguras e diretas ligando os dois lados da rua.

5.2. O Espaço Público de qualidade. O espaço que circunda o edifício de um centro cultural deve ser pensado assim como ele. Um local que atraia e chame a atenção da população, que faça com que ela sinta vontade de usufrui-lo, dando vida àquele ambiente. Dentre os benefícios de se criar um espaço público de qualidade podemos destacar a liberdade e criatividade de seu uso. São muitas vezes utilizados como forma de escape da vida estressante na atualidade. Para o homem contemporâneo o lazer tornou-se apenas uma atividade secundária, que perde espaço para principal tarefa, a correria do dia a dia. Entretanto, sabe-se que o ócio é fundamental para a saúde física e mental do ser humano e que, sem ele, mesmo as funções ditas produtivas ficam prejudicadas. Nesse sentido, a proposta de um ambiente urbano vinculado à edificação que promovam lazer e cultura se torna relevante frente às necessidades contemporâneas de qualquer sociedade. Na sequência, então, estudaremos dois casos específicos da cidade de São Paulo em que há a promoção desta qualidade de espacialidade urbana: pública e promotora de interação entre cidade e usuários. (IMG.9)

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Segundo o Project for Public Spaces (PPS), uma organização sem fins lucrativos dedicada a ajudar as pessoas a criar e manter espaços públicos, algumas estratégias podem ser colocadas em prática para isso, incluindo seu conceito The Power of 10 (O Poder do 10). Estes conceitos possuem o mesmo intuito que as ferramentas adotadas pelo Centro Aberto promovido pela Gestão Pública de São Paulo. Seus 10 conceitos são baseados em:

6. Fomento à economia local: Para se manter viva a centralidade e economia dos bairros e regiões, os espaços públicos de qualidade tem um importante papel, por promoverem mais segurança, lazer e convivência, estes lugares chamam atenção do comércio (através de fachadas ativas – como já citado), gerando lucro.

1. Diversidade de usos: Mesclar o uso residencial com áreas de trabalho e usos comerciais, faz com que o local se torne mais seguro e amigável, abrangendo os dois turnos - diurno e noturno - para que o ambiente incentive a permanência e convivência, gerando mais segurança no espaço público. 2. Fachada Ativa: Assim como a diversidade de usos, a fachada ativa

busca tornar o ambiente mais seguro, além de manter o espaço mais atrativo, proporcionando vitalidade urbana.

(IMG.11)

7. Identidade Local: Ambientes públicos devem ser planejados para os pequenos negócios que caracterizam o bairro, pois eles dão personalidade e caracterizam a vizinhança em que estão inseridos, a fim de gerar a identificação das pessoas com aquele espaço. 8. Ruas Completas: As ruas não devem ser planejadas apenas para carros ou pedestres, elas devem conter elementos que proporcionem qualidade a todos os modais, garantindo a circulação segura de todos os usuários – pedestres, ciclistas, motoristas e usuários de transporte coletivo. E ainda devem conter infraestrutura necessária para bicicletas, mobiliário urbano e sinalização para todos os usuários.

(IMG.10)

3. Dimensão social e vitalidade urbana: Considerar diferentes centralidades e disponibilizar boas áreas públicas também nas periferias é importante para que todos os setores e classes sociais tenham acesso com facilidade a estes ambientes. A criação de parques e praças amplos, ciclovias e calçadas de qualidade aumentam a vitalidade urbana na cidade. 4. Escala Humana: As mega construções podem afetar negativamente a saúde das pessoas; quando um espaço é projetado na escala humana a sensação de ser consideradas parte do processo de planejamento, traz às pessoas mais segurança. PEDESTRES

(IMG.12)

9. Áreas Verdes: As plantas em geral são uma ótima forma de drenagem urbana e de manter a biodiversidade dentro da cidade, além de contribuir para a qualidade do ar e ajuda. 10. Participação Social: Ouvir as pessoas que utilizarão o espaço público é essencial para que se crie um programa adequado a todos - é parte de um processo democrático de acesso à cidade.

CICLISTAS TRANSP. PÚBLICO TRANSP. CARGA VEÍCULO PARTICULAR

(Gráfico.7)

5. Iluminação: Ela substitui a luz natural, e durante a noite é parte fundamental para trazer segurança às pessoas que passam ou permanecem nos espaços públicos, além de guiar por exemplo ciclistas através da iluminação no caminho da ciclofaixa.

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Todas estas diretrizes se fazem necessárias para a criação de um espaço público de qualidade, voltado para os moradores e pessoas que o utilizarão. Cada um destes tem sua importância na escala geral, mas o destaque vai para o item 10, a participação social, que é tão importante quanto um projeto bem elaborado, pois o ambiente será destinado a eles e por eles, para uma qualidade de vida melhor.


5.3. O Esporte como Inclusão Social. O esporte é uma importante ferramenta no processo de interação entre grupos sociais e formação de valores, como a assimilação de regras, a associação do trabalho individual e em grupo, atuando também como forma de inserção das minorias. Além de proporcionar saúde e bem-estar. O conceito Esporte pode ser definido conforme Galatti e Paes apud Betti (2007, pag. 33) como: ‘'Uma ação social institucionalizada, convencionalmente regrada, que se desenvolve com base lúdica em forma de competição entre duas ou mais partes oponentes ou contra a natureza, cujo objetivo é, através de uma comparação de desempenhos, designar o vencedor e registrar o recorde. Esta é uma definição geral do que o conceito esporte pode significar, pois ele é plural e múltiplo, além de conter muitas peculiaridades.''

Como se sabe, a atividade física em toda sua amplitude apresenta efeitos benéficos em relação à saúde, além de retardar o envelhecimento e prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, as quais são derivadas do sedentarismo, sendo um dos maiores problemas o gasto com a saúde pública nas sociedades contemporâneas nos últimos anos. Tudo isso tem sido causado principalmente pela inatividade física e consequentemente influenciada pelas inovações tecnológicas e maus hábitos alimentares (GUEDES, 2012, não paginado). Toda a sociedade ganha com programas que promovam o esporte de qualidade. Equipamentos públicos que sejam eficazes, proporcionem e estimulem as pessoas a se exercitarem e cuidarem mais da mente e do corpo, desde crianças até idosos, se tornam, então, fundamentais a toda e qualquer cidade. Os meios de se exercitar podem ser variados, desde academias ou práticas de alongamento, até a prática de esportes específicos como natação, futebol, voleibol entre vários outros. Uma pesquisa feita pelo IBGE (2013) revela o quanto a prática de esportes é IMAGEM 10 pequena no Brasil. Ao todo, foram realizadas 8.902 entrevistas. Os dados foram ponderados com base em uma projeção da população brasileira por região, gênero e grupos de idade, de aproximadamente 146.748.000 brasileiros, quantidade equivalente à população entre 14 e 75 anos.

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SEDENTÁRIOS E PRATICANTES NÚMERO GERAL PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

28,5% 45,9% SEDENTÁRIOS PRATICANTES DE ESPORTE

25,6%

Gráfico 8:

Como se pode ver no gráfico 8, 45,9% dos entrevistados se consideram sedentários, não praticam esporte ou atividade física regular, uma porcentagem preocupante para os dias de hoje. No quesito sedentarismo por gênero (Gráfico 9), as mulheres lideram este ranking. Conforme se vê no gráfico 10, quanto mais idade, maior a porcentagem de pessoas que não praticam atividades físicas, muitas vezes por não se sentirem aptas ou não terem acompanhamento de qualidade para esta prática. Os locais para se realizar a prática de esportes também entraram neste estudo (gráfico 11). 61,6% dos entrevistados que praticam algumas atividades física ou esporte utilizam instalações esportivas. 33,3% utilizam espaços públicos ou privados, e apenas 5,1% utilizam a casa ou o condomínio para praticar.

SEDENTARISMO POR GÊNERO

41,2%

50,4% Gráfico 9:

No gráfico 12, pode-se notar que a porcentagem de escolha de espaços para realização de atividades esportivas é maior em instalações esportivas estruturadas, como em ginásios e academias, sejam eles pagos ou de acesso gratuito. Em segundo lugar ficam os 19% dos entrevistados que praticam esportes em espaços públicos abertos com estrutura. Esta porcentagem poderia ser crescente se os locais públicos possuíssem mais qualidade em sua estrutura. A população anseia por ambientes que possam transformar o modo de se praticar atividades físicas e esportes em geral, que se complementem com o dia a dia corrido na atualidade. As vantagens do esporte vão ainda muito além, elas estimulam o sonho de crianças e adolescentes humildes, que encontram nesse meio a forma de se alcançar uma vida mais digna para si. Uma forma de escape de uma realidade muitas vezes dura para aqueles com menos condições financeiras 24

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SEDENTÁRIOS POR FAIXA ETÁRIA

LOCAIS QUE SE REALIZA A PRÁTICA DE ESPORTE 61,6%

de 15 a 19 anos de 20 a 24 anos de 25 a 34 anos

de 65 a 74 anos

5,1%

Instalações Esportivas

LOCAL QUE COSTUMA PRATICAR SEU ESPORTE PREFERIDO

Espaço público ou privado

Casa/ condomínio

HOMENS E MULHERES 15 a 19

20 a 24

25 a 34

35 a 44

45 a 54

55 a 64

65 a 74

Em instalações esportivas (ginásio, academia), pagando

32,0%

29,4%

32,0%

35,8%

33,3%

32,9%

16,2%

16,3%

Em instalações esportivas (ginásio, academia), grátis

29,5%

36,9%

33,4%

26,8%

23,9%

24,4%

33,9%

21,0%

Em espaço público, aberto com estrutura

19,0%

15,9%

18,0%

19,4%

22,3%

14,6%

32,4%

24,9%

Em espaço público ou privado, aberto sem estrutura

14,3%

13,8%

12,9%

13,7%

14,5%

18,9%

13,1%

24,5%

5,1%

4,0%

3,7%

4,4%

6,0%

9,2%

4,3%

16,3%

Em casa ou na estrutura do meu condomínio

Na Finlândia no ano 2000 surgiu um programa chamado Muuvit, uma plataforma que propõe aos alunos se exercitarem enquanto aprendem conteúdos de geografia, matemática, saúde, meio ambiente e idiomas. Esta plataforma digital traz hábitos saudáveis a vida das crianças do ensino fundamental, inserindo a tecnologia que muitas vezes é um impasse para este tipo de atividade. “O principal foco do Muuvit é trazer esse hábito do movimento para o dia a dia. Se a criança constrói isso nos seus primeiros dez anos, é mais provável que se torne um hábito para o resto da vida. Nós tocamos muito na questão de fazer esporte, mas, talvez, mais importante do que isso, seria levar o hábito do movimento para a vida adulta, que é caminhar pelos lugares, andar de bicicleta, subir escadas”, explica BRAGA (2016), coordenador do programa no Brasil. O Muuvit funciona da seguinte forma. Os alunos começam uma aventura por cidades da América do Sul, onde eles aprendem sobre costumes, idiomas, pontos turísticos e até brincadeiras locais. Durante este percurso para que as crianças acumulem pontos para continuar a viagem eles precisam se movimentar. vale qualquer tipo de atividade física, desde aquelas realizadas na escola, até uma brincadeira ou tarefa que o estudante fez em casa, como jogar futebol, correr ou ajudar a varrer a casa. Todas as práticas são anotadas em um cartão e, depois, computadas na plataforma pelo professor.

Gráfico 12: IBGE (2013)

de 55 a 66 anos

Gráfico 11: IBGE (2013)

de 45 a 54 anos

Gráfico 10: IBGE (2013)

33,3%

de 35 a 44 anos

Em 2014 a plataforma chegou até as escolas brasileiras através do Instituto Compartilhar, que se denomina uma instituição sem fins lucrativos que, por meio de uma metodologia própria (Metodologia Compartilhar de Iniciação ao Voleibol), oportuniza crianças e adolescentes, prioritariamente estudantes de escolas públicas, a praticarem esporte de forma divertida ao mesmo tempo em que aprendem valores essenciais para a sua formação. Para a professora Márcia Correa Galindo, gerente de integração de tecnologia educacional da Secretaria Municipal de Educação de Pinhais, o que chamou atenção no programa foi a possiblidade de não deixar os alunos apenas no virtual, mas também estimular o movimento. “Muitas vezes é a própria tecnologia que afasta as crianças da atividade física. Nesse caso, ela surgiu como uma maneira de mostrar que elas também não podem ficar o tempo todo na frente do computador ou dos aparelhos tecnológicos”. Através de programas de qualidade como o Muuvit, pode se incentivar desde muito jovens a importância e apreciação a prática esportiva, contribuindo assim para um crescimento saudável mental e físico que melhore a qualidade de vida da população.

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02 Leituras Projetuais


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LEITURAS PROJETUAIS As leituras projetuais apresentadas a seguir são de importante relevância para o projeto a ser desenvolvido. Estes estudos, cada um com suas peculiaridades, tem papel fundamental no desenvolvimento do projeto, desde sua composição estético-formal, ao partido e determinação de programas apresentados. Os três projetos escolhidos trabalham com potencialidades ligadas aos lazeres cultural e ativo. São Centros Culturais e Esportivos que abrangem inúmeras atividades e programas para diferentes faixas etárias. A questão do vazio como espaço potencializador é retratado nos projetos. No SESC Pompéia, local que requalificou uma antiga área fabril, o mais importante para Lina Bo Bardi, idealizadora do projeto, é a rua interna que se liga ao deck, formando um corredor que tem potencial de encontros, como espaço público.

Já no Centro Cultura São Paulo, as áreas de encontro e permanência, suas ''ruas internas'' são as rampas, projetadas para estes encontros. No Centro Esportivo Wifaq, seus caminhos que interligam até as quadras são verdadeiros espaços de contemplação, nos quais a paisagem é bem trabalhada, criando locais que conectam as pessoas à natureza, também criando espaços de encontro e permanência. Todas essas características são fundamentais para a elaboração projetual que se pretende realizar.

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SESC POMPÉIA

Uma antiga Fábrica de Tambores construída na década de 1930, foi adquirida pelo SESC no ano de 1971, quando já estava desativada. O objetivo inicial era construir no local um grande edifício, mas os planos mudaram. Foi anunciado pelo Jornal Estado (1978, não paginado): ‘’A fábrica de geladeiras construída em estilo Manchester, situada na rua Clélia, 93, na Pompéia, comprada pelo SESC, será restaurada para a implantação de um novo centro cultural. O projeto de restauração, elaborado pela arquiteta Lina Bo Bardi, já foi aprovado pelo presidente do Conselho Regional do Serviço Social do Comércio’’. Lina Bo Bardi acreditava que a estrutura original da fábrica deveria ser preservada, já que refletia uma parte da história da cidade de São Paulo. E não apenas as partes que eram consideradas ‘’belas’’, mas sim o seu todo, sem nenhum disfarce, mesmo que simples, mostrando-se como era uma fábrica de tambores. Optar pela preservação da estrutura original da fábrica não foi fácil, Lina Bo Bardi sofreu várias críticas no começo, mas que se transformaram em surpresa ao final do projeto. O SESC já promovia atividades culturais e esportivas naquele espaço, e Lina tinha o intuito de manter estas atividades e ampliar o que já era oferecido. No local já funcionavam bailes da terceira idade, churrascos, o centro de escoteiros com muitas crianças frequentando a área. Também contava com futebol de salão e um teatro amador. (IMG.18)

SESC POMPÉIA

LOCALIZAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIP CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO ALLIANZ PARQUE

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Localizado em São Paulo, na Zona Oeste, o SESC Pompéia está inserido em uma área predominantemente residencial. Algumas localizações se destacam em sua macrorregião como mostrado anteriormente na Imagem 19. Estes são: O Centro Universitário UNIP e São Camilo e o Allianz Parque. Sua entrada principal está localizada na Rua Clélia, 93. A partir dela é possível ter acesso a todo o complexo por uma rua interna constituída de paralelepípedos e de onde se observam as fachadas em tijolinhos da antiga fábrica. Ainda é possível notar os cafés e restaurantes existentes. Outro acesso disponível para entrada ao edifício se dá pela Rua Barão do Bananal.

FICHA TÉCNICA Arquiteta: Lina Bo Bardi Localização: R. Clélia, 93 - Barra Funda, São Paulo - SP, Brasil Área: 23.571 m² Ano do projeto: 1986

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ACESSOS

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RUA CLÉLIA RUA INTERNA RUA BARÃO DO BANANAL

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''A rua aberta e convidativa, os espaços de exposições, o restaurante público com mesas coletivas, o automóvel banido com rigor, as atividades a céu aberto culminando com a “praia do paulistano” em que se transformou o deck de madeira no verão, tudo fez do SESC Pompéia uma cidadela de liberdade, um sonho possível de vida cidadã'' (FERRAZ, 2008, não paginado). 29


PROGRAMA + DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

ESPORTE (Novas Instalações) SERVIÇOS CULTURA E LAZER ADMINISTRATIVO O programa do SESC Pompéia é muito amplo e completo. O setor esportivo conta com área de quadras cobertas, piscinas e aulas de dança e artes marciais. As áreas de convívio estão espalhadas por todo o ambiente e são de extrema importância, mobiliários estão disposto em vários pontos do complexo. Conta também com restaurantes, lanchonetes, espaços de cultura e contemplação, com diversos tipos de exposições. Áreas de leitura e descanso, espaço com acesso à internet e salas para as diversas opções de oficinas, entre outros serviços.

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Acesso principal Circulação

Av.

Espaço privado de acesso público

Pom

péi

a

Espaço privado de acesso restrito à usuário do SESC Uso coletivo e cultural de acesso público

1

2 4 3

10 12

R. C lélia

1- Conjunto esportivo com piscina, ginásio e quadras 15 pavimentos duplos. 2- Lanchonete, vestiários, sala de ginástica, lutas e danças (11 pavimentos) 3- Torre da Caixa d’água 4-Grande Deck/Solarium com espelho d’água e cachoeira 5- Almoxarifado e oficinas de manutenção 6- Ateliers de cerâmica, pintura, marcenaria, tapeçaria, gravura e tipografica 7- Laboratório fotográfico, estúdio musical, sala de danças e vestiários (13 pavimentos) 8- Teatro com 1200 lugares 9- Vestíbulo coberto do teatro para espetáculos 10- Restaurante Self-Servisse para 2000 refeições e choperia (uso noturno) 11- Cozinha Industrial 12- Vestiário e refeitórios dos funcionários (2 pavimentos) 13- Grande espaço de estar, jogos de salão, espetáculos e amostras expositivas com grande lareira e espelho d’água. 14- Biblioteca de lazer, lajes abertas de leitura e videoteca 15- Pavilhão das grandes exposições temporárias 16- Administração geral do centro (2 pavimentos)

11

5

14 16 15

16

9 13

6 8

7

(IMG.28)

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VOLUMETRIA

O 1º edifício é um prisma mais esguio. Nele se encontram os vestiários e salas de exercícios. Se conecta ao 2º prisma através das passarelas de concreto protendido e chama atenção a uma de suas fachadas devido às escadas de emergência e terraços de circulação. O 2º edifício está destinado às piscinas e quadras esportivas, possui uma área de 30 por 40 metros graças ao piso em grelhas de concreto protendido. Composto por 4 andares de pé direito duplo. O longo cilindro é o último elemento que completa o conjunto de novas edificações do projeto, ele abriga a caixa d'água.

(IMG.29)

Como já dito anteriormente, a fábrica de tambores que existia no local foi preservada e junto a ela mais 3 imponentes criações foram inseridas. Estes 3 elementos de concreto são dispostos em formas geométricas puras. (IMG.30)

CIRCULAÇÃO

A circulação horizontal entre os dois edifícios maiores se dá através de 8 passarelas de concreto protendido que os conectam. Estas são parte da ''grandeza'' do projeto e se destacam por seus posicionamentos ''desordenados''. Este método foi utilizado para que o córrego que passa abaixo, o Córrego da Águas Pretas, não fosse obstruído. Do edifício retangular menor, as passarelas saem e se conectam ao edifício retangular maior através de duas aberturas simétricas por pavimento. As passarelas não possuem uma única forma, não são alinhadas e formam um desenho que se entrelaça. A circulação vertical se dá através do edifício menor (IMG. 33 e 35), por meio de escadas externas e elevadores. (IMG.32)

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(IMG.33)

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SISTEMA CONSTRUTIVO + MATERIALIDADE Uma das qualidades que torna o SESC Pompéia um espaço especial, é o cuidado que se teve para preservar e recuperar os vestígios da antiga fábrica, sejam eles nos pisos, nas paredes ou nas estruturas. Não deixando de lado e não apagando a antiga realidade vivida na época de funcionamento da fábrica, um local antes de muito trabalho e sofrimento para muitos. ‘’A própria linguagem arquitetônica das novas edificações reforçava o lado fabril e industrial do conjunto. Ela está no despojamento da aplicação dos materiais e, principalmente, em sua escala. Sim, os edifícios novos rompem a delicadeza e a escala “bem composta” dos galpões de tijolinhos e telhas de barro, e se apresenta como grandes containers ou silos industriais; as passarelas se assemelham a pontes ou esteiras rolantes para transportar grãos ou minérios’’. (FERRAZ, 2008, não paginado)

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Por se tratar de uma pré-existência, parte do SESC, onde ficava localizada a antiga fábrica tem seu sistema construtivo constituído de tijolinhos aparentes, e estrutura em concreto. Já seus novos blocos, possuem estrutura e fechamentos em concreto, se contrastando da parte pré-existente.

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De sua materialidade original restaram as paredes em tijolinho de barro e o telhado de madeira. Conta com vigas e pilares de concreto armado, e o piso de concreto aparente. Já nas novas instalações foram utilizados, blocos de concreto, telhados estruturados por treliças metálicas com fechamento em vidro e telha de barro. Suas aberturas são pouco convencionais. As janelas em formatos orgânicos chamam atenção em sua fachada. Como se fossem ''rasgos'' no concreto, elas mantêm a conexão do exterior para o interior. As janelas se localizam nas fachadas Leste e Oeste do prisma maior - o edifício esportivo - onde se distribuem por quatro de cada lado, por andar. São aberturas irregulares que foram criadas a partir de moldes de isopor embutidos durante a concretagem. (IMG.39)

‘’Duas torres de concreto, uma com “buracos de caverna” ao invés de janelas, outra com janelas quadradas salpicadas “aleatoriamente” pelas fachadas, ao lado de uma terceira torre cilíndrica de 70 metros de altura, também em concreto aparente e marcada por um “rendado” em seu aspecto exterior’’. (FERRAZ, 2008, não paginado) A cor vermelha é recorrente para Lina em seus projetos. Está sempre destinado aos pontos importantes e que se destacam nos projetos, por ser uma cor que chama atenção. No SESC Pompéia o vermelho foi utilizado nas esquadrias e aberturas dos edifícios. (IMG.40) 32


RELEVÂNCIA DA LEITURA PROJETUAL

Um dos pontos de extrema importância no SESC Pompéia é a composição de seu programa. Desde ateliers de cerâmica e pintura, ambientes para leitura/contemplação, espaços para exposição de obras, até o centro esportivo com quadras e piscinas. Um programa tão amplo que cumpre várias funções beneficiando seus usuários. O cuidado que se deu na composição de seu projeto, de preservação das antigas estruturas da fábrica até o curso d'água do córrego das águas pretas. Seus espaços de permanência e pontos de encontro como o deck de madeira e a rua interna de paralelepípedos, o transforma em um espaço público de qualidade e que busca interagir com seus frequentadores. É um ambiente convidativo dentro da grande São Paulo, trazendo espaço para cultura, esporte e lazer contemplativo dentro de uma sociedade tão agitada, em um mesmo local.

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CENTRO CULTURAL SÃO PAULO O Centro Cultural São Paulo tinha como objetivo inicial abrigar uma parte da biblioteca Mário de Andrade, mas ao decorrer de suas obras sofreu diversas alterações e adaptações para se transformar em um dos primeiros espaços culturais do país com amplo programa. Este se integra à paisagem de São Paulo sem a interferir, é um espaço de permanência e de passagem, um ponto de encontro diário para muitas pessoas de diferentes idades, interesses e classes sociais. Um projeto bem-sucedido e estruturado, já que se objetivo é ser um exemplo de urbanidade e um local que preze pela diversidade e democracia. Resultado da desapropriação de residências para a construção da linha da estação de metrô, seu lote tem cerca de 300 metros de comprimento, 70 de largura e 10 metros de desnível. A ideia inicial da prefeitura era a construção uma área comercial, com hotéis, shopping e a extensão da biblioteca Mário de Andrade, como já dito anteriormente. Entretanto seu programa foi alterado, dando espaço para a criação de uma grande biblioteca com espaços e exposições, cinema, teatro e restaurante.

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LOCALIZAÇÃO

RUA VERGUEIRO AV. 23 DE MAIO

CENTRO CULTURAL SP JAPAN HOUSE UNIP PARAÍSO SENAC ACLIMAÇÃO (IMG.43)

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(IMG.44)

Encontra-se localizado em um ponto estratégico da cidade de São Paulo, no bairro da Liberdade, atravessado entre a Rua Vergueiro e a Avenida 23 de Maio, próximo à Avenida Paulista e junto a duas estações de metrô. Possuí um alto fluxo de pedestres pela rua. É um edifício permeável, contando com quatro entradas de pedestres através da Rua Vergueiro. Seu entorno é altamente verticalizado e possui vários tipos de equipamentos, como destacados na IMG.43, Japan House, Unip Paraíso, e SENAC Aclimação.


SISTEMA CONSTRUTIVO + VOLUMETRIA

FICHA TÉCNICA Localização: Rua Vergueiro, 1000, São Paulo - Brasil. Arquitetos: Eurico Prado Lopes e Luiz Telles Área: 46500.0 m² Ano do projeto: 1979 (IMG.45)

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Apesar dos quatro pavimentos que foram possíveis de serem criados, após a retirada de terra (IMG.48), a volumetria vista através da Rua Vergueiro é discreta, um encaixe perfeito, onde só possível ver a cobertura principal, cujo balanço projeta-se sobre o passeio em alguns pontos. ‘’Desde a Av. 23 de maio, 15 metros abaixo, vêse, sobretudo, a viga de borda da cobertura. A estrutura adequou-se ao talude, demandando a construção de uma cortina de concreto atirantado contra placas de ancoragem, bastante visíveis na biblioteca’’. (SOUZA, 2017, não paginado)

(IMG.46)

(IMG.49)

Uma rua interna percorre todo o edifício, em seus 300 metros de comprimento, nesta se distribui todos os fluxos e as circulações por dentro do centro cultural. Todas as divisórias internas transversais são transparentes, para proporcionar integração entre todos os programas e o jardim de seu interior.

(IMG.47)

“Nessa rua interna há escadas que conduzem às plateias dos teatros, cinema e auditório que estão localizados no pavimento abaixo, e rampas de acesso que descem levando à biblioteca e à discoteca (em forma de Y) e sobem para a Pinacoteca Municipal (em forma de X); caminhando pela rua interna no sentido da estação Vergueiro do metrô, chega-se ao foyer dos teatros, que presta-se também a exposições e espetáculos, e na outra extremidade dessa rua estão localizados os ateliers de artes plásticas.” (CENNI, 1991, não paginado) 35


CIRCULAÇÃO + ACESSIBILIDADE

SISTEMA CONSTRUTIVO + MATERIALIDADE O edifício é constituído por uma estrutura mista, de concreto e aço. Os pilares metálicos centrais, foram pintados de azul, e se abrem quando encontram as vigas, como se fossem ‘’troncos de árvores’’. As vigas em concreto armado, aumentam a seção ao atingir os pilares e diminuem quando estão no meio dos vãos. Na cobertura principal, a entrada de luz pelas aberturas zenitais, proporciona ampla iluminação por todo o prédio. A modulação rígida, que vai variando de acordo com a necessidade, conforma uma diversidade de espaços e eixos visuais. (SOUZA, 2017, não paginado)

(IMG.52)

(IMG.53)

Toda a circulação do edifício se dá através das passarelas, que também desempenham a função estrutural. São espaços de passagem e permanência, formando pontos de encontro pelos usuários. Conta ainda com escadas e elevadores, para sua circulação vertical. O Centro Cultural São Paulo possui um programa de livre acesso, onde as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida podem frequentar facilmente todas as oportunidades que o ele fornece. Os funcionários são treinados para ajuda-los e além disso o Centro fornece atividades e espaço físico para possibilitando o acesso de cadeirantes, deficientes auditivos e visuais. Há também wi-fi grátis por todo o CCSP para colaborar com a educação das pessoas. O local fornece também um local para guardar bicicletas. (SAMPAIO, 2017, não paginado) IMAGEM (IMG.50) 43

Para se contrastar com a rigidez do concreto e do aço, elementos de sua estrutura, ao centro do edifício foi construído um enorme pátio, com um jardim de 700m², onde se preservou a vegetação das antigas casas que foram desapropriadas para a construção do centro cultural São Paulo. Somado a este grande jardim interno, o terraço jardim é outra solução do projeto, que proporciona um respiro dentro do entorno urbano, um espaço de lazer contemplativo na grande São Paulo, local onde também se encontra o cultivo de hortas comunitárias.

(IMG.51) 35

(IMG.54)


PROGRAMA + DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

ccsp - Piso 810 - Caio Graco - Planta

(IMG.55)

Seu programa é muito diverso, ocupando uma área de 46.500 m² e quatro pavimentos. Foi o primeiro centro cultural multidisciplinar do país, oferecendo espetáculos dança, música e teatro. Possuí espaços para projeções de cinema e vídeo, contando também com oficinas diversas, e cursos, somando-se a uma biblioteca que ocupa mais de 9 mil m². O CCSP mantém sob sua tutela acervos da cidade de São Paulo como, a Pinacoteca Municipal, a Discoteca Oneyda Alvarenga, a coleção da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, o Arquivo Multimeios. Existente 2 pavimentos expositivos, para mostras em geral, eles são o Flávio de Carvalho e o Caio Graco. Conta com 5 salas para espetáculos, elas são Adoniran Barbosa, Jardel Filho, Lima Barreto, Paulo Emílio e espaço Cênico Ademar Guerra. Estes espaços são destinados a apresentações de teatro, música, dança, locais multiuso e alternativo.

Acesso - Circulação Horizontal Acesso - Circulação Vertical Banheiros Acesso Principal

ccsp 806 - Flávio de Carvalho - Planta

(IMG.56) 37


ccsp- Piso 796 - 23 de Maio. - Espaço Ademar Guerra - Planta

(IMG.57)

ccsp- Piso 801- Bib./cinema/teatros/adm. Sala Paulo Emílio - Planta

Acesso - Circulação Vertical Banheiros

ccsp 806 -23 de Maio - Adoniran Barbosa - Planta 38

(IMG.59)

(IMG.58)


RELEVÂNCIA DA LEITURA PROJETUAL

(IMG.60)

Um lugar que convide as pessoas a entrarem, a apreciarem à vista, a ler um livro ou se expressar de várias formas merece ser destacado. Estas são algumas das reações que o Centro Cultural de SP realiza. Inserido no meio caótico que é a cidade grande de São Paulo, que nunca para, seu programa traz arte, poesia e encanto àqueles que o utilizam. A biblioteca e espaços de estudo e pesquisa se tornam mais prazerosos de usar em locais como este. Sua composição formal também se destaca. Inserido em um ambiente em que a verticalização domina, ele se mostra horizontalizado, tomando proveito da topografia e, ainda assim propõe, por seus terraços verdes e vãos livres, espaços abertos para serem utilizados de acordo com a vontade de seus usuários, com infinitas possibilidades.

ccsp 801 -Bib./cinemas/teatros/adm. - Jardel Filho - Planta

ccsp- Sala Tarsila do Amaral - Planta

(IMG.61) (IMG.62)

39


CENTRO ESPORTIVO WIFAQ O Clube Wifaq fica localizado no distrito de Souissi em Rabat, no Marrocos, e chama atenção por seu rico paisagismo, somado ao seu programa esportivo. Um local propício a prática de esportes ao ar livre, aberto e arborizado, que se torna um ambiente no qual as pessoas gostam de frequentar e se sentem confortáveis. ‘’Cercado por árvores densas e altas, o local é introvertido, protegido de seu ambiente imediato. O paisagismo reflete o passado agrícola dos subúrbios de Rabat, cujos vestígios ainda estão presentes na área que é, de fato, caracterizada por suas árvores altas’’. (ARCHITECTES, 2018, não paginado) O Clube Wifaq foi criado em 1978, mas sofreu intervenções e adaptações no ano de 2015, quando foi totalmente renovado, sem perder a essência e degradar os valores do antigo complexo. Novos recursos foram adicionados ao seu programa para se somar e diversificar o mesmo. O clube preza por seu entorno, que é predominantemente residencial, e para que não contrastasse com a região, suas edificações modestas foram pulverizadas por todo o lote e não se contrapõem ao gabarito do local em que está inserido. São 3 hectares de clube, onde o lazer ativo e contemplativo são os protagonistas. Sua infraestrutura ligada ao esporte e ao relaxamento são destinados aos usuários, sejam estes, crianças, jovens ou idosos. (IMG.63)

LOCALIZAÇÃO

AV. OUED AKRACH RUA ANEJRA

CLUBE WIFAQ VILLA 85 - HOTEL EMBAIXADA DA INDONÉSIA EMBAIXADA DA COLÔMBIA (IMG.64) 40


VOLUMETRIA + PAISAGISMO O paisagismo tem forte influência no Centro Esportivo Wifaq, como já dito anteriormente. Composto de árvores frutíferas e também jacarandás, os espaços dedicados a diferentes esportes ficam envoltos por uma bela paisagem natural, que se encaixa perfeitamente na composição do clube. Para os idealizadores do projeto, o Groupe3 Architectes (2018, não paginado), a principal questão relativa à intervenção foi a forma de santificar o lugar e proteger as relíquias da paisagem, organizando as condições do seu desenvolvimento. Para que a intervenção funcionasse e preservasse os valores originais, foi necessário que se adensasse a metade da parte norte do clube, e que o solo fosse escavado para construir volumes mais altos, como por exemplo as arquibancadas, mantendo assim sua horizontalidade como conceito do projeto. A área de estacionamentos assim como todo o complexo também conta com o paisagismo planejado, onde a vegetação fica em frente à rua, conectando-se ao programa do clube.

FICHA TÉCNICA Arquitetos: Groupe3 Architectes Localização: Rabat, Marrocos Arquitetos Responsáveis: Omar Tijani, Skander Amine. Área: 7000.0 m² Ano do projeto: reformado em 2015

(IMG.65)

É possível observar na implantação (IMG.66) que todo o complexo é composto por vegetação em seus caminhos, mas que no entorno (laterais) do clube a vegetação se torna mais alta, funcionando como uma espécie de ‘’barreira’’. Estas árvores refletem ao antigo passado agrícola da região.

VEGETAÇÃO HERBÁCEA AROMATICA

Implantação do Club Wifaq destacando o paisagismo.

(IMG.66)

JACARANDÁ E ÁRVORES FRUTÍFERAS

41


Fachada em Vidro para a entrada de luz natural. ‘’Neste jardim de esportes e bem-estar, a memória do clube e do bairro é honrada e respeitada. Mesmo os equipamentos esportivos mais estruturantes são integrados da maneira mais suave e natural possível para evitar atrapalhar a magia e a serenidade do local. Um cuidado especial é dado à luz natural e à obsessão pela horizontalidade expressa por telhados planos brancos e balanços de diferentes materiais (fachadas feitas de pedra martelada de Khenifra e lâminas de madeira) elementos que contribuem para a criação de um novo espaço contemporâneo e enraizado na sua história’’. (ARCHITECTES, 2018, não paginado)

(IMG.67)

(IMG.68)

Gabarito baixo de horizontalidade predominante.

(IMG.69)

(IMG.70)

Fachadas em pedra martelada de Khenifra e lâminas de madeira. 42

Laje plana em balanço.


PROGRAMA + DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

LEGENDA 1.

Estacionamento (54 vagas)

2.

Administração

3.

Academia

4.

Vestiário piscina coberto

5.

Piscina coberta

6.

Piscina Aberta

7.

Casa de Clube

8.

Pavilhão desportivo

9.

Preparação física

CORTE 2.

16.

12.

11.

10.

Clube infantil

11.

Pergolado

12.

Playground

13.

Campo poliespotivo

14.

Quadra Central Nº 1

15.

Quadra Central Nº 2

16.

Quadra

14.

13.

10. 15.

9.

8.

5.

6.

7.

CORTE 1. 3.

IMPLANTAÇÃO + DISTRIBUIÇÃO.

4.

1.

2.

(IMG.71)

CORTE 1.

CORTE 2.

(IMG.72)

43


CORTE 1. CORTE 2.

(IMG.74)

Ao todo 10 quadras compõem o Centro Esportivo Wifaq, um número expressivo já que se trata de seu programa principal. Duas destas quadras possuem arquibancadas para acomodar confortavelmente os expectadores. O complexo também conta com duas piscinas, sendo uma coberta e outra ao ar livre, tanto para a prática de natação, quando para o lazer. Equipamentos como academia e vestiário completam o programa do clube. Em seu interior espaços para contemplação e oração também podem ser encontrados.

CORTE 1.

Vestiário

(IMG.75) 44

(IMG.73)

CORTE 2.

Entrada de luz natural.

Horizontalidade predominante.

(IMG.76)

(IMG.77)


RELEVÂNCIA DA LEITURA PROJETUAL A horizontalidade do projeto traz a ele leveza, conectando-o com a paisagem. Sua disposição e linearidade tornam o projeto parte do entrono, sem o contrastar. Seu paisagismo leva ênfase no projeto, transformando um ambiente que por possuir muitas quadras comumente seria ''sem vida'', apenas pavimentado por algum tipo de piso que impediria a drenagem da água pluvial, mas que se transforma em um jardim a ser contemplado, somado ao seu programa. O centro esportivo Wifaq possui um programa completo em relação aos esportes apoiado em seus equipamentos de qualidade, como suas 10 quadras e piscinas.

(IMG.78) 45



03 Levantamentos


A CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO Como área de estudo para implantação do presente projeto foi escolhida a cidade de Ribeirão Preto, localizada no interior de São Paulo. (MAPA 1) É considerada a metrópole da região por ser agente polarizador no que se diz respeito a comércio, serviços, lazer e educação, pois oferece lojas espalhadas pela cidade em grandes eixos comerciais diversificados, como também grandes parques para lazer e prática de esporte. Sua região metropolitana conta com 34 municípios, sendo alguns mais próximos do que outros. (MAPA 2) A cidade com economia estável, e produtiva, está entre as 21 cidades mais populosas do Estado de São Paulo, o município é conhecido por suas atrações e por características específicas. Ribeirão Preto possuí uma área de perímetro urbano de 143,17 Km² e está sempre em constante expansão. (MAPA 3). Conta com mais de 703 mil de habitantes (estimativa populacional do IBGE/2019).

Pitangueira

Santo Antônio da alegria

Sertãozinho

Monte Alto

POTENCIALIDADES:

Altinópolis Brodowski

Barrinha

O terreno escolhido para a implantação do Centro Cultural e Esportivo fica no setor Norte da cidade, no bairro do Planalto Verde. Uma série de fatores implicaram para que a quadra fosse escolhida, para a melhor implantação e funcionamento do projeto e que atenda a população do bairro. Abaixo estão alguns fatores positivos e negativos que foram analisados:

Jardinópolis

Pontal

Taquaral

Jaboticabal

MAPA 1: Localização de Ribeirão Preto dentro do estado de São Paulo.

Dumont

Pradópolis

Cajuru

Serrana

Cravinhos

Santa Cruz da Esperança Serra Azul

Cássia dos Coqueiros

Guariba Guatapará

São Simão Luís Antônio

Santa Rosa de Viterbo

O lote se localiza em um ponto de fácil acesso. Propõem uma nova centralidade ao bairro, para o uso dos moradores da região. O transporte público passa pela região, possuindo pontos de parada de ônibus em frente e próximos à quadra escolhida. Área de Habitação de Interesse Social. Dará uso a espaços ociosos.

MAPA 2: Região Metropolitana de Ribeirão Preto.

FRAQUEZAS: Está em uma região predominantemente residêncial, com poucos equipamentos urbanos. Não possuí muitos comércios próximos. Não existem espaços públicos de qualidade na região. Poucas opções de linhas de ônibus para acesso ao local.

Perímetro Urbano Expansão Urbana Área Rural MAPA 3: Mapa atual com identificação de perímetros de Ribeirão Preto. 48

Os pontos negativos listados na tabela acima serão amenizados com a implantação do projeto e diretrizes para o entorno. O centro cultural esportivo contará com elementos que ajudem a comunidade e suas proximidades, auxiliando no desenvolvimento do bairro com lazer e espaços públicos de qualidade, atraindo o comércio para pontos próximos à implantação do equipamento, entre outros. Diretrizes como a implantação de novas linhas do transporte público e uma ciclovia, que facilitem o acesso até o local, criar espaços de lazer contemplativo, entre outros, também fazem parte do projeto.


2004 LINHA DO TEMPO

2010

Em 2004, o bairro Planalto Verde, na região Norte era apenas uma grande gleba, seu salto de desenvolvimento se deu a partir do ano de 2010, onde o loteamento já existia e várias residências começaram a aparecer. Em 2016, 90% da área já havia sido ocupada por residências, de lá para cá (2019), este desenvolvimento se estagnou, e em apenas uma parte da área está localizada uma gleba que futuramente pode vir a ser funcional. Está inserida em uma Zona de Urbanização Preferencial, de acordo com a Lei Complementar nº 207/2011, de autoria do Executivo Municipal de Ribeirão Preto que diz: I - ZUP - Zona de Urbanização Preferencial: composta por áreas dotadas de infraestrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas; incluindo as áreas internas ao Anel Viário, exceto aquelas localizadas nas áreas de afloramento do arenito Botucatu-Pirambóia, as quais fazem parte da Zona de Urbanização Restrita. O lote, que fica dentro do perímetro do bairro do Planalto Verde, está a 6,5 km de distância do centro de Ribeirão Preto, pela rota mais próxima feita por transporte particular que leva em média 15 minutos para ser concluída. Se calculado este tempo por transporte público, o trajeto levaria no mínimo 30 minutos, com apenas duas linhas de ônibus passando pela região.

2016

2019

Área de Intervenção Centro da Cidade (IMG.83) (IMG.79 a 82)

49


HIERARQUIA VIÁRIA A área de estudo foi delimitada pelas vias de maior fluxo, Av. Virgílio Soeira (1), que corta vários bairros como Jd. Dr. Paulo Gomes Romeu, que fica ao lado do Planalto Verde; a Av. Renê Oliva Strang (2) que interliga bairros como Jd. Paiva e Ipiranga; a Av. Rio Pardo (3), onde ficava a antiga linha férrea da região e a mais conhecida. Av. Luiz Galvão Cezar (4), que interliga até a Rodovia Alexandre Balbo e se transforma na Av. Dom Pedro l, conhecida por seu ponto forte que é o comércio. Apenas duas linhas de ônibus passam pela área estas são Jd. Eugênio Lopes e Jd. Paiva, com diversos pontos de paradas por todo o perímetro. Por estar próximo a vias que se interliguem a outros bairros, é um local de fácil acesso, sendo um dos pontos positivos do porque se construir um equipamento como um centro cultural e esportivo nesta região.

4

1

2 3 Via Arterial Via Coletora

1 2 3 4

Via Local Antiga linha Ferroviária Pontos de Ônibus 50

Av. Virgílio Soeira Av. Renê Oliva Strang Av. Rio Pardo Av. Luís Galvão Cezar

MAPA 4

0

50

100 150 200

400


USO DO SOLO A área é composta predominantemente por residências, Habitações de Interesse social, com poucos lotes destinados a áreas institucionais e comércio localizado próximos a avenidas movimentadas. As áreas verdes ocupam grande parte da região possuindo uma enorme área de APP (área de proteção permanente) ao redor do Córrego dos Campos. Como mostra a análise a região não possui muitos comércios, o que aumenta a distância de deslocamento que o morador tem que percorrer. Com a implantação do presente projeto, o comércio será atraído para a região, movido pela infraestrutura que será criada.

Residencial Área Verde Institucional Comercial Vazio

MAPA 5

0

50

100 150 200

400

51


TIPOLOGIA DE EDIFICAÇÃO As residências que constituem a área são padrão, por serem habitações de interesse social. Casas que não ocupam todo o lote e de apenas um pavimento. Nos pontos que se pode encontrar edificações mais altas estão localizados habitações multifamiliares também de interesse social.

1 Pavimento 2 Pavimentos 3 Pavimentos 4 Pavimentos 5 Pavimentos 52

MAPA 6

0

50

100 150 200

400


Na área, as Habitações de Interesse Social dominam o espaço. Desde residências unifamiliares a edifícios multifamiliares, neste último as condições de espaço são um pouco mais precárias. É possível perceber que o espaço não comporta o número de pessoas que residem em uma habitação. As roupas são colocadas para secar nas grades que cercam os edifícios, ou amontoadas nas janelas, únicos lugares disponíveis encontrados pelos moradores. As residências unifamiliares sofreram alterações e ampliações em seu espaço, muros e portões foram construídos, edículas feitas ao fundo do terreno, dentre outras. Nestes espaços é possível notar que as famílias vivem com um pouco mais de conforto, que foi adquirido com o tempo. Mas ainda assim existem casas precárias, que não acrescentaram nenhuma modificação. O mato alto e o entulho jogado em terrenos abandonados pelo poder público são outros problemas. O mau cheiro exala por toda região. A pavimentação das ruas é de qualidade, mas em alguns pontos buracos tomam conta da via e obrigam os veículos a desviarem. Possui boa sinalização e iluminação. Os pontos de ônibus são bem distribuídos na região, apesar de apenas duas linhas passarem por ali. Não há existências de espaços públicos e coletivos para os moradores do bairro, o que obriga a população ficar apenas dentro de casa, ou sentada nas calçadas conversando. Este foi um dos motivos que justificam a implantação de um projeto que visa trazer lazer e cultura em um equipamento de qualidade para os moradores da região.

4 Pavimentos

1 Pavimento

4 Pavimentos

4 Pavimentos

2 Pavimentos

1 Pavimento

1 Pavimento

(IMG.84 a 91) 53


EQUIPAMENTOS Constituído em sua maioria por residências, espera-se que os equipamentos atendam às necessidades das famílias que ali vivem, porém encontra-se outra realidade. Os equipamentos existentes atendem, em sua maioria, a vizinhança e depois o bairro todo, serviços de saúde são escassos na região. O comércio é constituído por pequenas mercearias e supermercados de pequeno porte. Há presença de escolas estaduais como E.E. Jd. Dr. Paulo Gomes Romeu e EMEI Quintino Vieira. O parque Ecológico Rubem Cione não possui condições de receber os moradores. Equipamentos de lazer são inexistentes nesta área. As crianças saem das escolas no período matutino e para passar o tempo perambulam pelas ruas do bairro em bando, brincando de bola numa quadra precária e andando de bicicleta.

5

7 3

6

11

9 2

10

1

8 4

MAPA 7

54

0

50

100 150 200

400


6

8

9 2

3

11 (IMG.92 a 99)

TIPOS DE EQUIPAMENTO - FUNÇÃO

1 Escola de Teologia do Reino

6 Pague Menos Conveniência

2 Parque Ecológico Rubem Cione

7 Nice Supermercado

3 E.E. Jd. Dr. Paulo Gomes Romeu 8 Comunidade Evangélica 9 Campinho de futebol 4 EMEI Quintino Vieira 5 Quadra de Esporte Planalto Verde 10 Depósito de Bebidas Corujão 11 CRAS - Centro de Referência

ENTIDADE MANTENEDORA PARTICULAR

MUNICIPAL

ESTADUAL

FEDERAL

ESCALA DE ABRANGÊNCIA

da Assistência Social

LAZER

ABASTECIMETNTO BAIRRO

RELIGIÃO

EDUCAÇÃO

VIZINHANÇA

ASSISTÊNCIA SOCIAL

55


FIGURA FUNDO

2 1 5

3

4

6

0 56

MAPA 8

50

100

150

200


A área de estudo, agora ampliada para dar ênfase às quadras próximas ao lote de implantação, foi analisada para se entender quais os tipos de edificação, suas particularidades e entender qual sua importância dentro do bairro e nesta região. As quadras possuem traçados retilíneos com algumas variações em suas extremidades, com predominância de cheios sobre o vazio em quase todo o perímetro, exceto nas áreas verdes. As áreas mais construídas são ocupadas por residências, unifamiliares isoladas nos lotes, sendo em sua maioria habitações de interesse social. Em suas quadras maiores ficam localizadas habitações multifamiliares com espaços de áreas verdes, que não são edificados.

1

2

(IMG.100)

3

4

5

6

MAPA 9

Vistas

Área de Ocupação do Lote

Quadra Escolhida

(IMG.101 a 106)

57


CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

A quadra escolhida para intervenção fica localizada no Setor Norte de Ribeirão Preto, mais precisamente entre as ruas João Diniz Alvim, Av. Senador Teotonio Vilela e rua Maria Celina Bim Rosa, no bairro Planalto Verde, próximo a outros bairros como Jd. Dr. Paulo Gomes, Jd. Paiva e Ipiranga. No Plano Diretor da Cidade de Ribeirão Preto a quadra se divide em dois lotes, um destinado à área verde e outro à área institucional. A área total da quadra é de aproximadamente 8812 m², de formato não específico. O clima na região é caracterizado como tropical semiúmido com ventos vindos do sudeste. Sua topografia é complexa. No total 11 curvas de nível passam pelo terreno, com elevações de 1 metro. A parte mais alta dá quadra se da para a rua Maria Celina Bim Rosa com declividade voltada rumo a Av. Senador Teotonio Vilela, e ainda possui um desnível considerável em relação a avenida. No corte longitudinal é possível entender com mais clareza os 11 metros de desnível que ocorrem no terreno.

ÁREA: 8812.00 m² SOL NASCENTE

577,7 575,5

573,7

569,7 566,8

578,4 SOL POENTE 560,4 Ventos Predominates.

MAPA 10: ESC - 1/2500

58


ÁREA: 8812.00 m² SOL NASCENTE

R. JOÃO DINIZ ALVIM 150 568.6

52

569.7

559.4

565.7

562.5

566.8

560.4 1,5 11

563.5 561.3

. EN

LA

NIO

E VIL

O OT

TE

.S

AV

R. MARIA CELINA B IM ROSA

SOL POENTE VENTOS PREDOMINANTES

MAPA 11: ESC -1/1000

Corte Longitudinal ESC.: 1/1000 59


04 O Projeto


CONCEITO E PARTIDO ESTUDO PRELIMINAR

SOL NASCENTE

O desenvolvimento projetual do Centro Esportivo e Cultural teve como base as exigências da legislação do bairro onde se encontra a quadra. O terreno possui 8812,00 m² e 11 metros de desnível. Se localiza no bairro Planalto Verde em Ribeirão Preto. Como seu objetivo principal é conectar a rua com o edifício, não possui uma fachada principal, mas sim um conjunto de acessos distribuídos por toda a implantação, onde apenas um destes é restrito aos funcionários e para abastecimento. Este se localiza de frente para a rua João Diniz Alvim. O conceito do projeto parte do pressuposto de não interferir no gabarito já existente do entorno, onde suas maiores edificações são as residências multifamiliares localizadas nas quadras ao redor e possuem 4 pavimentos. Para isso foi pensado em uma altura de no máximo 2 pavimentos, em diferentes níveis, se encaixando na topografia. Ainda em seu conceito a permeabilidade é essencial. Para que os moradores do entorno e do bairro abracem o edifício como parte de seu cotidiano, sintam que possam usufruí-lo, o intuito é transformá-lo em uma “parte da rua”, um local de ponto de encontro, movimento e integração. Seu partido se dá com a implantação do edifício ao centro da quadra, onde suas adjacências serão transformadas em praças bem planejadas para que proporcione diversas atividades ao ar livre, um local de descanso, com mobiliários que atendam a todos os tipos de público, desde o mais jovem até o mais experientes, transformando-se em um espaço público de qualidade. Diretrizes para o entorno somam-se ao projeto para que ele atenda aos usuários da melhor maneira. Dentre elas estão a requalificação de 2 espaços residuais que circundam a quadra do projeto, a criação de uma ciclofaixa que conecta o centro cultural e esportivo ao parque existente.

RESTRIÇÃO LEGAL

ZONA DE URBANIZAÇÃO PREFERENCIAL

TAXA DE OCUPAÇÃO

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO RECUOS MÍNIMOS: - FRONTAL - FUNDO - LATERAIS

GABARITO BÁSICO

CONCEITO | DEFINIÇÃO

Acesso Público

Acesso Público

Acesso Funcionários

R. JOÃO DINIZ ALVIM

Acesso Público LA

IO

E VIL

Acesso Público

ON

R. MARIA CELINA B IM ROSA

N.

T EO

T

E .S V A

Acesso Público SOL POENTE

ÍNDICE LEGISLAÇÃO

ÍNDICE TERRENO

ÍNDICE PROJETO

A taxa de ocupação máxima é de 80%

7079,6 m² = 80%

1910 = 21%

44060 m²

2398 m²

Zona de Urbanização Preferencial: composta por áreas dotadas de infra-estrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas; incluindo as áreas internas ao Anel Viário, exceto aquelas localizadas nas áreas de afloramento do arenito Botucatu-Pirambóia, as quais fazem parte da Zona de Urbanização Restrita; Entende-se por taxa de ocupação a relação entre a área da projeção, no plano horizontal, da edificação ou conjunto de edificações e a área do lote ou gleba Entende-se por coeficiente de aproveitamento a relação entre a área edificável ou área edificada e a área do terreno ou gleba, excluída a área não computável.

O Coeficiente de aproveitamento máximo será de até 5 (cinco) vezes a área do terreno.

Compreendem os recuos obrigatórios da edificação em relação às divisas do lote (afastamentos laterais e de fundos), em relação ao logradouro (afastamento frontal) e, eventualmente, entre edificações do mesmo lote.

O recuo mínimo para até 2 pavimentos é de 5 metros.

Define-se como “Gabarito” a altura do edifício em metros lineares contada a partir do piso do pavimento térreo até a soleira do elevador do último pavimento.

Taxa de Permeabilidade é a relação entre a parte

TAXA DE PERMEABILIDADE permeável, que permite a infiltração de água no solo, livre de qualquer edificação, e a área do lote

recuo mínimo utilizado foi de 5 m

O gabarito básico poderá ser ultrapassado na – ZUP desde que atendidas as disposições pertinentes desta lei como: recuos, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, etc. área permeável: 15% do valor do terreno.

10m a partir da cota média

1321,8 = 15%

1979,02 = 22% 61


Concepção Estético-Formal Estudo preliminar: A fase inicial para a concepção da forma da edificação se dá com um bloco retangular com desvios angulados em suas extremidade. Na FASE 1 é possível perceber que o edifício está semi enterrado na topografia original, esta que é muito íngreme. Para que todo o programa funcione no edifício se fez necessário aumentar + 1bloco (FASE 2). Este mesmo bloco foi rotacionado 180º para dar uma nova projeção ao edifício (FASE 3). Para ampliar a área de projeto, o bloco inferior muda de formato, aumentando seu tamanho, mas seguindo a projeção do bloco superior (FASE 4). Para que o edifício se encaixe na topografia, foram necessárias alterações de níveis. O bloco superior está apoiado na topografia modificada e no bloco inferior, este está apoiado na topografia também modificada.

FASE 2

Bloco Duplicado e sobrebosto

62

Topografia Original

FASE 3

Bloco inferior apoiado em uma curva

FASE 4

Bloco Inferior ampliado

Bloco semi-enterrado

FASE 1

FASE 5

Topografia Alterada para encaixe dos blocos

Bloco superior rotacionado


WC A: 12.6m² Espaço de Exposição A: 258m²

Sala de Dança A: 36.6m² Ateliê de Costura A: 36.6m² Ateliê de Artes A: 35m² Sala de Música A: 36.6m² Sala Multiuso A: 36.6m² Biblioteca + Sala de Estudos A: 62.6m²

Depósito A: 35.4m²

WC Funcionários A: 24m²

Sala ADM A: 37.2²

Enfermaria A: 13.8m²

Sala ADM A: 42.5m² Café A: 48.4m² Cozinha A: 39.2m²

Área de Circulação + Permanência A: 257.9m²

Vestiários A: 48.5m²

Recepção + Guarda Volumes A: 83.4m²

Academia A: 184m²

Sala de Jogos A: 55.3m²

Sala de Luta A: 57.3m² Sala de Luta A: 106.7m²

63


PROGRAMA ESTUDO PRELIMINAR

A concepção do programa do Centro Cultural e Esportivo teve como base o programa já existente do SESC Ribeirão Preto, que atua em áreas como valorização social, diversidade cultural, ações artísticas, desenvolvimento físico-esportivo, entre outros. O projeto conta com diversos espaços para oficinas, áreas de exposição, equipamentos de qualidade para a prática de esporte e lazer. A edificação contará com diversos acessos ao público, como mostrado no fluxograma ao lado. O programa se divide em Lazer Cultural, Setor de serviços junto a administração, Lazer Ativo e Contemplativo, transformando o Centro Cultural Esportivo em um lugar convidativos para todos.

64

Quantidade Área

Área Total

Recepção + Guarda Volumes

1

83.4m² 83.4m²

WC Público

2

12.6m² 25.2m²

WC Funcionários

2

12m²

24m²

WC PNE Público WC PNE Funcionários

1

5m²

5m²

1

3.7m²

3.7m²

Vestiário

2

24m²

48.5m²

Vestiário PNE

1

5.6m²

5.6m²

Depósito

1

35.4m² 35.4m²

ADM

2

Enfermaria

1

Sala Reunião

1

26m²

26m²

Copa Funcionários

1

30m²

30m²

Café

1

48.4m² 48.4m²

Cozinha

1

39.2m² 39.2m²

-

79.7m²

13.8m² 13.8m²

Ambiente Sala de Dança

LAZER CULTURAL

SETOR ADM + SERVIÇOS

Ambiente

Quantidade Área

Área Total

2

36.6m² 73.2m²

Ateliê de Costura

2

36.6m² 73,2m²

Ateliê de Artes

2

35m²

Sala de Música

2

36.6m² 73.2m²

Sala Multiuso

1

36.6m²

Biblioteca + Sala de Estudos Espaço de Exposição

1

62.6m² 62.6m²

1

258m²

70m²

36.6m²

258m²


FLUXOGRAMA

Sala de Ateliê Dança Costura Sala de Ateliê Dança Costura

NÍVEL 2 Acesso Público

WC

Ateliê Artes Ateliê Artes

Sala de Música Sala de Música

Sala de Multiuso Sala Estudo + Biblioteca

Circ. Vertical

NÍVEL 1 NÍVEL 1

Acesso Funcionários

Depósito

WC

Sala de Reunião Café

Setor ADM Enfermaria

Academia

Copa

Área de Circ Cozinha + Permanência Vestiários

IMPLANTAÇÃO Acesso Público

Praça de Convívio

Mobiliário com Água

Área Verde

Arquibancada Área Permanência Teatro Pergolado

Quantidade Área

Quadra Poliesportiva

1

Ciclo Faixa

1

Academia

1

Área de Circ + Permanência

510m²

184m²

Área Total 510m²

184m² 257.9m²

Ambiente

LAZER CONTEMPLATIVO

LAZER ATIVO

Ambiente

Ponto de ônibus

Quantidade Área

749m²

Área Verde

1.085m²

Arquibancada Teatro

1

200m²

Pergolado

1

46.9m² 46.9m²

1

66.9m² 66.9m²

1

53.5m² 53.5m²

1

55.3m² 55.3m²

Sala de Luta 1

1

106.7m² 106.7m²

Mobiliário com Água

Sala de Luta 2

1

57.3m² 57.3m²

Ponto de Ônibus

Sala de Jogos Salas de Luta Recepção + Guarda Volumes

Área Total

Praça de Convívio

Sala de Jogos

Acesso Público

200m²

65


ESTRUTURA + MATERIALIDADE ESTUDO PRELIMINAR A forma estética do Centro Cultural Esportivo é diferenciada. Sua estrutura metálica aceita vencer grandes vãos, permitindo a laje em balanço e seus fechamentos independentes. Estes são em vidro insulado, onde em seus acessos, em alguns pontos, se abrem em grandes aberturas, conectandose com o espaço externo, dando continuidade a ele. O vidro ainda proporciona a entrada de luz natural, e para o controle térmico e de grande incidência solar, o edifício conta com brises metálicos, distribuídos pelas faces onde esta incidência é maior.

8,

6,5m

3,2m 3,1

7,

5m

10m

10m

2,6m

6,5m

3,2m

9m

3m

2,6m

5m

6,5m

6,5m

6,5m

6m

m

2,9

6m

m

10

2,5m

6m

Planta Estrutural Nível 2 - Sem Escala.

10m 2,5m

Planta Estrutural Nível 1 - Sem Escala. A Laje de EPS foi utilizada para as lajes de cobertura. Seus benefícios são menor carga nas estruturas e fundação, facilidade no manuseio, ajuda no isolamento térmico e acústico, menor necessidade de escoramentos e utilização de concreto e aço, além de facilidade no transporte e precisão milimétrica. Todas essas características fazem com que seu custo benefício seja melhor em relação a outros métodos para o projeto atual.

A estrutura metálica foi escolhida por diversos fatores. Entre eles para que o edifício pudesse vencer grandes vãos com pilares e vigas de menor dimensão e pela redução de cargas na fundação. Isso não só reduz o custo, mas também o prazo da obra. A facilidade do transporte e organização no canteiro de obras também fazem com que o custo da estrutura metálica seja reduzido e mais interessante para o projeto.

Treliça 16,5cm 30cm 30cm

Armadura de distribuição

66

Detalhe Laje EPS. - Sem escala.

30cm

Lajota EPS

Viga Perfil I e Pilar Perfil H. - Sem escala.


O Drywall - Gesso Acartonato foi utilizado para os fechamentos interiores e no forro de alguns ambientes do CCE. Suas vantagens vão além de ser um material leve, que ajuda a aliviar o peso nas estruturas e na fundação. Também permite que o interior das paredes receba isolantes térmicos e acústicos, assim como revestimentos diversos. É um material fácil e rápido de ser instalado, e é adaptável a diversos tipos estrutura como de aço, concreto ou madeira. Também permite instalações elétricas e hidráulicas em seu interior. Existem tipos diversos de chapas, as utilizadas no projeto são:

É possível encontrar Brises Metálicos por toda fachada do edifício, como elemento estético e como solução para maior eficiência termodinâmica do ambiente, mantendo-o mais ameno e ventilado, contribuindo para a regulação térmica sem elevar o consumo de energia. Os brises metálicos em alumínio são mais leves e afetam menos a estrutura do edifício, seu acabamento perfurado permite maior passagem de ar pela chapa.

· Chapa Standard - ST (cor cinza) = para uso geral, utilizada em paredes, tetos e revestimentos de áreas secas. (Indicada para ambientes internos, não deve ficar exposta ao relento e ação do tempo). · Chapa Resistente à Umidade - RU (cor verde) = utilizada em áreas molhadas, como: banheiros, cozinhas, áreas de serviços e lavanderias. (As chapas de gesso apresentam silicone na composição, o que trará maior resistência à umidade.

Guia Montante

O Concregrama é um dos revestimentos externos utilizados. Unindo a rigidez e durabilidade do concreto com a permeabilidade e beleza da grama, o concregrama será utilizado em áreas de passeio e estacionamento do CCE. Sua fácil instalação e manutenção se aliam as vantagens de um revestimento de alta permeabilidade e beleza. Ainda permite diversos tipos de paginação, contribuindo para um ótimo projeto paisagístico.

Lã Mineral

Chapa de gesso dupla 12,5 mm (cada)

Chapa de gesso dupla 12,5 mm (cada)

Esquema fechamento em drywall. - Sem escala.

Peça de Concregrama - Sem Escala

O Vidro Insulado será utilizado nos fechamentos do edifício. Seu sistema de envidraçamento duplo alia as vantagens técnicas e estéticas de pelo menos dois tipos de vidro. Entre os dois vidros, há uma camada interna de ar ou de gás desidratado. A primeira selagem evita a troca gasosa, enquanto a segunda garante a estabilidade do conjunto. Entre seus benefícios está o aproveitamento máximo da luz natural e controle da luminosidade (entrada de luz e calor), o isolamento térmico e acústico, já que atenua as ondas sonoras em níveis superiores ao do vidro comum.

O Piso Drenante a base de resina, ajuda a diminuir os problemas causados pelas chuvas, já que é um piso ecológico por onde a água consegue passar para o solo com grande facilidade, colaborando para que o meio ambiente fique mais sustentável. Este revestimento externo será utilizado nos passeios e áreas de permanência da implantação do CCE. O piso drenante resinado é feito no local, se adaptando as juntas do contrapiso, caso não haja, ele não terá juntas, se transformando em um grande bloco, no formato do local.

Vidro Externo Perfil de Alumínio

Vidro Interno Câmara de Ar Desidratado

Pavimentação Comum

Pavimentação Drenante Infiltração da Água Piso

Dessecante Selagem Primária

Sistema de Vidro Insulado - Sem Escala

Solo

Selagem Secundária

Lençol Freático

Sistema Piso Drenante - Sem Escala 67


Quadra Poliesportiva MEMORIAL DESCRITIVO: ESPAÇOS E PROGRAMA ESTUDO PRELIMINAR

·Quadra Poliesportiva + Arquibancadas: Esta é equipada para promover diversas práticas esportivas, como futebol, vôlei, basquete, entre outras. Feita em cimento, é ao ar livre e conta com redes ao redor, para maior controle. A quadra poliesportiva se localiza ao lado do lote da implantação do CCE, é uma pré-existência que será requalificada para atender de forma mais adequada e eficiente seus usuários. Somada a ela, duas arquibancadas integram o conjunto, para maior conforto dos expectadores.

Ciclofaixa

·Rua Compartilhada: A rua antes só pensada para o trânsito de veículos terá um novo programa. Ligando a quadra poliesportiva junto ao CCE, com pavimentação modificada, se integrará com as calçadas e canteiros. Mobiliários para a permanência serão dispostos pelo percurso. Promovendo um espaço verdadeiramente compartilhado, unindo pessoas aos lugares. ·Ciclofaixa + Bicicletário: A ciclofaixa circunda toda a implantação do CCE e suas quadras do entorno, ligando-se ao Parque Ecológico Rubem Cione. É um caminho projetado de maneira eficaz para o conforto e segurança do ciclista. Somada a esta, bicicletários externos foram planejados, e estão dispostos na implantação do CCE.

Horta Comunitária

·Horta Comunitária: Uma das requalificações de espaços residuais do entorno do CCE se transformará em uma horta comunitária. O lote de esquina hoje abandonado, terá um novo programa que favorecerá toda a comunidade do bairro. Um local de plantio e colheita, que poderão ser vendidos nas feiras que ocorrerão no pátio externo do CCE. ·Espaço Food Truck: O segundo espaço residual do entorno do CCE ganhará uma área de food truck com mobiliários de permanência e iluminação adequada, para que um lugar antes abandonado ganhe vida, e função de lazer para os moradores do bairro, incentivando também o aumento do comércio na região. ·Ponto de Ônibus: O ponto de ônibus existente na rua João Diniz Alvim não possui mobiliário, ou cobertura para os passageiros. Com a implantação do CCE, será projetado um ponto de espera de qualidade, com sombra e espaço para descanso, trazendo mais conforto aos usuários. Este ainda será na rua João Diniz Alvim, mas será deslocado para a área de implantação do CCE.

Espaço Food Truck

·Mobiliário com Água: Ribeirão Preto possuí dias muito quentes, por isso foi pensado em um mobiliário que solta jatos de água, onde as pessoas possam se refrescar. Um espaço para pessoas de todas as idades. ·Mobiliário Solto + Espaços de Permanência: Por toda a implantação é possível notar bancos e mesas de madeira posicionados com precisão para criar espaços de permanência, onde o usuário pode se deitar, sentar, comer, ler um livro e se integrar com outras pessoas. Alguns espaços são ao ar livre, outros cobertos por pérgolas.

68


·Escada Rampa + Arquibancada: O objetivo do CCE é conectar todos á um local de qualidade, para isso a lei de acessibilidade NBR 9050 foi respeitada. Para conectar todos os patamares da implantação, escadas rampas foram criadas, não só como pontos de passagem, mas sim de permanência. Junto a elas, arquibancadas foram projetadas, criando um espaço de ponto de encontro. ·Banheiros: Ainda seguindo as especificações de acessibilidade da lei NBR9050, os banheiros são acessíveis a todos os públicos, contando com um WC PNE exclusivo. ·Terraço Verde + Cinema: Na laje do Nível 1, onde se apoia parte do Nível 2, será criado um terraço verde para maior conforto térmico e também de drenagem. Somado a essas características, o embelezamento e bem-estar dos usuários também é levado em consideração. Uma das paredes de fechamento do Nível 2 será utilizada para a projeção de filmes durante o período noturno, transformando o terraço verde também em um cinema. Um local com mobiliários soltos como puffs, espreguiçadeiras, mesas e cadeiras, somado a um paisagismo de qualidade, traz conforto a quem o utiliza. ·Área de Exposição Interna + Permanência: O pavimento de nível 2 se dá pelo acesso direto da rua compartilhada. Seu primeiro espaço é um grande salão com um mobiliário e vegetação ao centro, com intuito de ponto de encontro e permanência. Este espaço também será destinado a exposição dos materiais produzidos dentro do CCE, como exposição de pinturas, artesanatos, entre outros. Está equipada também com guarda volumes. ·Ateliê de Artes: Duas salas destinadas a oficina de arte fazem parte do lazer cultural do CCE. Nela os usuários poderão aprender trabalhos manuais de artesanato, pintura, entre outras atividades. A venda e exposição dos materiais produzidos nas aulas, serão promovidos dentro dos espaços do CCE. ·Ateliê de Costura: Destinado a pessoas de todas as idades, as aulas de costura também fazem parte do programa. Assim como nas oficinas de artes, a venda das roupas e outros materiais produzidos serão promovidos pelo CCE dentro de seus espaços de exposição. ·Sala de Dança: Espaço destinado a diversos tipos de dança como hip hop, ballet, dança de rua, entre outros. Um espaço amplo que permite criar apresentações incríveis e conectar os estilos.

·Sala de Música: Duas salas de música foram criadas para atender a comunidade. Nelas os programas vão desde ensaio de coros até o ensinamento de instrumentos musicais. Também integra o programa de lazer cultural do CCE. ·Sala Multiuso: Esta como o nome já diz, serve para diferentes funções. É equipada com cadeiras, mesas e armários, servindo de apoio para outras atividades, caso necessário. ·Biblioteca + Sala de Estudos: A pequena biblioteca comunitária é composta por exemplares doados e novas aquisições. Junto a ela fica o espaço para estudo, um local calmo e silencioso, que possui acesso a internet, onde os usuários como crianças e adolescentes tenham um local de qualidade para aprendizado. ·Circulação Vertical A circulação vertical entre os níveis 1 e 2 do edifício se dão pela escada de 2 patamares, e por 2 elevadores. ·Café: O café, localizado no nível 1 é um espaço aberto a comunidade. Possui sua cozinha própria e para acomodar melhor os fregueses, conta com uma área coberta (interna), com mesas e cadeiras. Está localizado ao lado das arquibancadas de uma escada rampa, estas também podem ser utilizadas pelos fregueses, somado as mesas e cadeiras do lado externo. ·Setor de Administração: O setor administrativo fica localizado no nível 1, onde seus funcionários tem acesso pela rua João Diniz Alvim. Conta com 12 vagas destinadas aos empregados. Seu programa possui salas de administração e reunião, depósito, copa dos funcionários, e banheiros exclusivos. ·Sala de Jogos: A sala de jogos será equipada com mesa de ping pong e sinuca, jogos de tabuleiros, dardos entre outros, fazendo parte do programa de lazer ativo do CCE. ·Sala de Luta: O programa de lazer ativo ainda conta com duas salas equipadas com equipamentos para possibilitar aprendizado de diferentes lutas como boxe, karatê, Muay Thai, entre outros. ·Academia + Vestiários. O CCE conta também com uma academia completa, com equipamentos de qualidade somado ao vestiário. O vestiário PNE também consta no programa.

·Estacionamento: As vagas para os usuários do CCE foram pulverizadas por toda a implantação, para que não fosse necessário criar um espaço enorme e vazio de estacionamento. Conta com 12 vagas restritas para funcionários, e 41 para o público do CCE.

69


IMPLANTAÇÃO DIRETRIZES

70


71


HORTA COMUNITÁRIA

ÁREA DE PLANTIO

ÁREA VERDE

PISO INTERTRAVADO

ESC.: 1-250 72


ÁREA DE FOOD TRUCK

DECK EM MADEIRA

PISO EM CONCRETO DRENANTE

CONCRETO

ESC.: 1-175 73


QUADRA POLIESPORTIVA CENTRO CULTURAL ESPORTIVO

74


75


PLANTA NÍVEL1.

3 4

2

1

Setor Administrativo + Serviços.

76

Café

1

Setor Lazer Ativo

Área de Circulação + Permanência

Setor Lazer Cultural

2

Área de Circulação 3 + Permanência

Academia

4


PLANTA NÍVEL2.

8 7

6 5

Texturas e suas materialidades. As vagas de estacionamento, tanto as abertas ao público, quanto as de funcionários são em concregrama (Textura 1), já que este material suporta grandes cargas e ainda permite a permeabilidade da água. O concregrama também foi utilizado em espaços de passeio no CCE. Ainda utilizando o benefício de permeabilidade, o concreto drenante foi outro material utilizado nos

Área de Exposição + Guarda Volumes 5

espaços de permanência e passeio do CCE (Textura 2). As áreas verdes contam com vegetação rasteira (Textura 3) e árvores de grande e médio porte, para sombrear os espaços. A madeira (Textura 4) foi utilizada nos mobiliários soltos como bancos, mesas e cadeiras, e também nas pérgolas do ponto de ônibus e da área de permanência do CCE.

Biblioteca + Sala de Estudos

6

TEXTURA 1

TEXTURA 2

Vista Mezanino 7

TEXTURA 3

TEXTURA 4

Vista Escada

8

77


C

CORTES

D

B A

Corte A 5

Corte B

Corte C

Corte D

10

0

3 1

Corte 1 0

5

Corte 2

Corte 3

10 1A

5 78

0

2

10

Corte 1A

Corte 2A

2A

5 0

10


0.0 -4.0 -4.00

-4.0

4.0

0.0 -3.1 -1.0

2.08

5.0

3.5

-2.0 3.0

0.0 1.18

0

10 5

15

Cobertura 10.00 m

Nível 2 4.00 m

Nível 1 0.00 m

Cobertura 10.00 m

Nível 2 4.00 m

Nível 1 0.00 m

Cobertura 10.00 m

Cobertura 10.00 m

Nível 2 4.00 m

Nível 1 Nível 2 4.00 m

0.00 m


RENDERS

80


81


CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com base nos dados e temas analisados por meio do presente trabalho, foi possível entender o quanto a exclusão social tem consequências na vida das pessoas. A região norte de Ribeirão Preto - onde o projeto foi idealizado - é historicamente constituída como espaço para populações de baixa renda, ou seja, a escassez de equipamentos públicos de qualidade é evidente, não proporcionando as mesmas oportunidades de lazer e aprendizado aos moradores da região. Para que estas questões sejam minimizadas, o intuito do projeto foi realizar a criação de um espaço que conecte todas as camadas sociais, dando destaque para seu entorno, um lugar antes sem uso, afastado das centralidades da cidade, a fim de trazer aos moradores do bairro Planalto Verde e suas adjacências, um equipamento de qualidade que não exija esforços de grandes deslocamentos. Equipado com salas de dança, música, espaços para oficina de costura, artes manuais, espaço para estudo e prática de esportes, o Centro Cultural Esportivo Caminhos que Conectam traz novas perspectivas, incluindo e conectando pessoas, proporcionando melhor qualidade de vida através de ambientes preparados e equipados para isso.

82


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