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Ciência e atualidade do setor dentário • ano VII • no 40 • maio-junho 2012

Crónica de maio • II ENEMD atrai ao Algarve

estudantes nacionais e estrangeiros

• OMD prepara campanha nacional de prevenção do cancro oral

Atualidade académica • Carlos Silva

faz balanço da Medicina Dentária na Universidade Fernando Pessoa

Falamos com... • Paulo Júlio Almeida, membro da direção da SPED

Ponto de vista • Orlando Monteiro da Silva, presidente da Federação Dentária Internacional

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MAXILLARIS Atualidade científica, profissional e industrial do setor dentário. Ano VII, nº 40, maio-junho 12

Índice de anunciantes Acteon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1

Instituto Casan. . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 5

Avinent. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 4

Laboratórios Inibsa . . . . . . . . . . 5 e 1 5

Bien-Air . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1 e 6 7

Ledosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 3

OMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 9 e 5 1

Casa Schmidt Portugal . . . . . . . . . . . 3 3

Procoven . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1

Ceodont . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3

Simesp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1

Dürr Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

SIN Sistema de Implante . . . . . . . . . 2 5

Eckermann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3

SPEMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3

Fedesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

VDW. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 5

GT-Medical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 9

Zhermack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 7

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Tiragem: 6.100 exemplares

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ISENTO DE REGISTO AO ABRIGO DO DECRETO REGUL AMENTAR 8/99 DE 9/6 ART 12º Nº 1ª

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Sumário

Maio-junho 2012

Crónica de maio 6 7

II ENEMD atrai ao Algarve estudantes nacionais e estrangeiros. OMD prepara campanha nacional de prevenção e diagnóstico do cancro oral.

Atualidade académica

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Carlos Silva, coordenador do curso de Medicina Dentária da Universidade Fernando Pessoa: “Situação financeira do país poderá refletir-se no número de candidatos”.

Ponto de vista 18 20

Orlando Monteiro da Silva: “Medicina Dentária: a profissão médica responsável pela saúde oral”. João Aquino: “Da necessidade de atualização do Código Deontológico dos Médicos Dentistas”.

Falamos com...

22

Paulo Júlio Almeida, membro da direção da SPED: “Os critérios do congresso são a excelência dos oradores e a atualidade dos temas”.

26

António Moacho, presidente da Comissão Organizadora das XXVI Jornadas de Medicina Oral da FMDUL: “Temos um conjunto de conferencistas com uma qualidade irrepreensível”.

Tópicos de cirurgia oral 28

Jaime Guimarães: “Cirurgia oral em doentes hipocoagulados”.

Ciência e prática

38 54

Artur Nunes da Silva: “Reabilitação oral com recurso à tecnologia Cad-Cam”. Daniel Silva: “Estudo preliminar de prevalência de pigmento extrínseco negro (black stain)”. Trabalho vencedor do Prémio ao Melhor Póster Científico PADS-MAXILLARIS (I CNEMD, Maia/Porto).

Cadernos formativos 60 64 66 69 72 74 76

Ricardo Vicente: “Principais irrigantes utilizados no tratamento endodôntico”.

O meu sorriso

Carla Ascenção: “O sorriso é uma forma de comunicação”.

Calendário de cursos

Agenda de cursos para os profissionais.

Congressos e reuniões

Calendário de congressos, simpósios, reuniões, encontros e exposições industriais nacionais e estrangeiras.

Novidades da indústria Produtos e equipamentos.

Página empresarial Notícias de empresas.

Cidades património da humanidade Ouro Preto: o esplendor do barroco no Brasil.

Breves

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Oferta e pedidos de emprego, produtos e imóveis.

Comissão Científica PORTUGAL: Jaime Guimarães (diretor científico), Ana Cristina Mano Azul, Carlos Falcão, Gil Alcoforado, José Pedro Figueiredo, Manuel Neves, Ricardo Faria e Almeida, Susana Noronha. ESPANHA: Javier García Fernández (diretor científico) Armando Badet de Mena, Blas Noguerol Rodríguez, Emilio Serena Rincón, Germán Esparza Gómez, Héctor Tafalla Pastor, Jaime Jiménez García, Jaume Janer Suñé, Luis Calatrava Larragán, Manuel Cueto Suárez, Rafael Martín-Granizo López, Juan López Palafox, Ramón Palomero Rodríguez.

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Crónica de maio Federação Dentária Internacional realiza em Lisboa conferência internacional sobre o tema

OMD prepara primeira campanha nacional de prevenção e diagnóstico do cancro oral

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Federação Dentária Internacional (FDI), em colaboração com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), organizou em Lisboa, no passado dia 10 de março, a sua conferência anual dedicada ao cancro oral. O encontro, que esgotou o auditório de um hotel da capital, contou com a presença de oradores de renome internacional, nomeadamente Juan Carlos Llodra Calvo, professor da Universidade de Granada (Espanha), Gerhard Seeberger, da Universidade de Würzburg (Alemanha), Elmar Reich, da Universidade de Tübingen (Alemanha), e Sally Hewett, da Universidade de Washington (EUA). Durante a jornada, o público foi alertado para o grave problema de saúde pública que o cancro oral representa, já que possui elevadas taxas de mortalidade, com quase 400.000 novos casos identificados anualmente a nível mundial. Os protagonistas do encontro destacaram ainda a função primordial que cabe aos profissionais do setor na educação, prevenção, deteção, tratamento e reabilitação deste flagelo. Para Orlando Monteiro da Silva, presidente da FDI e bastonário da OMD, as campanhas anuais de prevenção e diagnóstico do cancro oral que foram citadas no encontro, designadamente pelo orador espanhol, “são um bom exemplo para Portugal”, onde iniciativas deste tipo ainda não existem. Orlando Monteiro da Silva revelou à MAXILLARIS que tem vindo a trabalhar, conjuntamente com as entidades da área da saúde, no sentido de lançar uma campanha nacional “eficaz e consistente” contra o cancro oral. “Já há um compromisso nesse sentido. A Ordem está a trabalhar com a Direção Geral de Saúde, essen-

A partir da direita, Orlando Monteiro da Silva, presidente da FDI, e os conferencistas Sally Hewett (EUA), Elmar Reich (Alemanha) e Juan Carlos Llodra Calvo (Espanha).

cialmente, para que se implemente em Portugal uma estratégia contínua e consistente, ao longo do tempo, de rastreio, diagnóstico precoce, reencaminhamento dos pacientes e tratamento do cancro oral. Isso é fundamental e obviamente os médicos dentistas terão um papel muito importante nessa estratégia”, observa Monteiro da Silva. “Estamos empenhados nisso. É provável que ainda este ano surja algo semelhante ao que se faz em Espanha”. O presidente da FDI destacou ainda a “grande adesão” que registou a conferência internacional sobre o tema, realizada pela primeira vez em Lisboa (costuma ter lugar em Genebra, na sede da FDI). “Temos o auditório cheio, o que comprova que os colegas estão recetivos para abordar um tema tão devastador e importante para as pessoas como é o caso do cancro oral”, conclui.

Nova técnica poderá reduzir a minutos processo de deteção da doença

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nvestigadores da Universidade de Sheffield (Reino Unido) e da Universidade de Houston (Estados Unidos) estão a testar uma técnica revolucionária que visa diagnosticar o cancro oral de um modo mais rápido e eficiente. A experiência envolve um aparelho (lab on a chip) que poderá ser utilizado pelo médico dentista para determinar, em menos de 20 minutos, se o paciente padece de cancro oral ou de outros problemas de saúde bucal. Nos últimos 18 meses, 275 pacientes foram submetidos ao teste com o novo aparelho, a fim de detetar casos de cancro oral em lesões suspeitas da boca. O procedimento consiste na remoção de células com uma escova e na sua posterior colocação num chip que, por sua vez, é instalado num instrumento de análise, que revela os resultados em apenas alguns minutos. Esta solução oferece uma série de benefícios, incluindo a redução do tempo de espera e do número de visitas ao consultório. O estudo estará concluído no segundo semestre deste ano e os resultados serão divulgados numa publicação internacional especializada no setor dentário.

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Crónica de maio II ENEMD atrai ao Algarve estudantes nacionais e estrangeiros

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segunda edição do Encontro Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (II ENEMD), que contou com o patrocínio da MAXILLARIS, reuniu em Portimão, entre os passados dias 30 de março e 3 de abril, cerca de 300 estudantes do setor dentário, que tiveram oportunidade de disfrutar, em ambiente informal, de um intenso programa de carácter lúdico e científico. Esta iniciativa da Associação Portuguesa de Estudantes de Medicina Dentária (PADS), que se realizou pelo segundo ano consecutivo numa localidade algarvia, juntou alunos das sete faculdades portuguesas que formam médicos dentistas, bem como alguns estudantes estrangeiros, nomeadamente da Suécia, Espanha e Brasil, que frequentam programas de intercâmbio (Erasmus) nesta área de ensino. O programa científico do II ENEMD foi particularmente dedicado aos temas da implantologia e do cancro oral, contando com as intervenções dos conferencistas Pedro Sá (“Carga imediata em implantologia”), Daniel Alves (“Enxertos em implantologia”) e Luís Monteiro (“Diagnóstico de cancro oral”). A vertente científica do encontro foi ainda preenchida com dois workshops práticos sobre “Introdução à implantologia”. Os cinco dias do encontro foram, no entanto, dominados pelas atividades lúdicas dos estudantes, que participaram num torneio de bowling, numa sessão de karaoke, num churrasco ao luar e numa festa havaiana, entre outras iniciativas. A componente mais informal do programa incluiu ainda dois packs (naútico e velocidade) que deram aos participantes a possibilidade de experimentarem as modalidades de surf, mergulho e vela, bem como de percorrerem a pista do autódromo internacional do Algarve ao volante de um kart. “Este ano conseguimos incluir mais atividades lúdicas no programa e reforçar a componente científica, com uma palestra extra e a realização de dois workshops gratuitos”, adianta à MAXILLARIS Sara Pinto, vice-presidente da PADS e presidente da Comissão Organizadora do II ENEMD, lembrando que o encontro anterior (realizado, em abril do ano passado, em Albufeira) “decorreu numa fase muito inicial, no que respeita à constituição da nossa associação, o que não nos permitiu delinear um programa tão completo como o deste ano”. Eduardo Guerreiro, vice-presidente da Comissão Organizadora, esclarece, por seu lado, o motivo deste encontro informal, que se realizou praticamente no rescaldo do congresso anual dos estudantes, estreado no passado mês de fevereiro: “O congresso nacional é um evento mais sério, que serve para debater e

Eduardo Guerreiro e Sara Pinto, respetivamente, vice-presidente e presidente da Comissão Organizadora do II ENEMD.

Daniel Alves durante a conferência sobre “Enxertos em implantologia”, que proferiu no encontro informal dos estudantes de Medicina Dentária.

atualizar os temas da nossa área de estudo, ao passo que o encontro nacional tem por objetivo desanuviar”. Eduardo Guerreiro justifica a parte científica do programa partindo do princípio que “os participantes, ao mesmo tempo que se divertem, procuram também aprender algo mais”. Sara Pinto destaca, por outro lado, “o reforço da representação nacional no encontro deste ano”, tendo em vista que contou, pela primeira vez, com estudantes da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa e viu ampliada a participação da Universidade de Coimbra, que no primeiro encontro esteve representada por apenas quatro alunos. Além disso, o II ENEMD contou com o envolvimento de estudantes estrangeiros, em particular de Espanha, “com os quais tivemos oportunidade de trocar impressões”, conclui Sara Pinto, para quem este primeiro convívio, em ambiente informal, “poderá abrir portas a uma futura cooperação”.

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Crónica de maio MAXILLARIS publica trabalho científico premiado no âmbito do I CNEMD

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MAXILLARIS publica nesta edição (págs. 54 a 59) o desenvolvimento do trabalho vencedor do Prémio ao Melhor Póster Científico PADS-MAXILLARIS, atribuído no âmbito do I Congresso Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (CNEMD), que se realizou no passado mês de fevereiro, no Fórum da Maia (Porto). A primeira edição do concurso de pósteres científicos, que esta revista patrocina ao abrigo de um protocolo estabelecido com a Associação Portuguesa de Estudantes de Medicina Dentária (PADS) – e já renovado para a próxima edição do CNEMD (2013) – envolveu um total de 12 trabalhos. Daniel Silva e Liliana Rocha foram os vencedores com um estudo preliminar dedicado à prevalência de pigmento extrínseco negro (black stain) na cavidade oral de 249 crianças.

Daniel Silva e Liliana Rocha foram os vencedores do concurso patrocinado pela MAXILLARIS.

SPED estreita relações com OMD

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Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e a Sociedade Portuguesa de Estética Dentária (SPED) reuniram, no passado dia 21 de março, na sede da OMD. O encontro serviu para estreitar o relacionamento entre as instituições e informar sobre atividades já realizadas e a desenvolver por esta sociedade científica. A ocasião serviu também para dar início ao processo de protocolo entre a SPED e a OMD, de forma a serem criadas sinergias que beneficiem ambas as organizações e a classe dos médicos dentistas, incentivando a importância das sociedades científicas quanto ao seu papel formativo e de promoção científica. “A SPED, que conta já com cinco anos de existência, pretende assumir uma posição de referência na elaboração das linhas orientadoras no âmbito da estética oral, com base em critérios éticos e científicos”, explica o presidente da SPED, Manuel A partir da esquerda, Neves. O mesmo dirigente acrescenta que “esta reunião Orlando Monteiro é imprescindível para darmos início a um trabalho artida Silva, bastonário da culado com a OMD, na procura dos interesses de OMD, e Manuel Neves, todos os colegas que entendem a estética dentária presidente da direção da SPED. como uma forma de êxito na reabilitação oral”.

Bastonário assume funções no Conselho Económico e Social

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rlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas e presidente do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), assumiu recentemente funções como conselheiro do CES, (Conselho Económico e Social), órgão de consulta e concertação no domínio das políticas económica e social. O CNOP é constituído pelas 14 ordens profissionais existentes em Portugal e representa mais de 300 mil profissionais qualificados. Orlando Monteiro da Silva pretende levar ao CES “a perspetiva das profissões liberais, da autoregulação e das ordens profissionais”, que considera fundamental para ajudar Portugal a sair da crise. “O país precisa mais que nunca do contributo dos mais qualificados”, sustenta o novo membro da equipa de conselheiros para o quadriénio 2012-2015.

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Crónica de maio Presidente da República acompanha iniciativa em prol da saúde oral

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epois de distinguir a Mundo a Sorrir como ONG de boas práticas (em 2010), o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, acompanhou, no passado dia 17 de março, uma ação de sensibilização e rastreios de saúde oral desenvolvidos por esta associação no âmbito do projeto “A Sorrir de Norte a Sul”. O cenário foi o autocarro “Saúde Oral Sobre Rodas” que esteve estacionado junto à Câmara Municipal de Mirandela, para a realização de rastreios à população do concelho, onde o Chefe de Estado, acompanhado da primeira-dama, Maria Cavaco Silva, teve oportunidade de coO Presidente e a sua esposa visitaram autocarro nhecer de perto este projeto, cujo objetivo é observar e analisar o ao serviço da saúde oral. estado, evolução e deterioração da situação de saúde oral, especialmente no interior do país. O projecto “A Sorrir de Norte a Sul” arrancou em novembro de 2011 e vai percorrer um total de nove concelhos do interior do país – permanecendo um mês em cada um – e desenvolver várias ações de informação, sensibilização e rastreios junto das escolas, infantários, empresas e outras entidades de relevância, envolvendo um total de 1.800 crianças, adolescentes e idosos.

Fundação Vítor Baía e Mundo a Sorrir assinam protocolo

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Fundação Vítor Baía e a associação Mundo a Sorrir estabeleceram, no passado dia 2 de março, uma parceria de cooperação no âmbito do projeto “Sorriso Especial”, cujo objetivo é proporcionar cuidados de saúde oral a crianças e jovens, entre os três e os 18 anos, portadores de Síndrome de Down. O protocolo foi formalizado pelo antigo guarda-redes da seleção nacional de futebol (e atual dirigente do FC Porto) e pelo presidente da Mundo a Sorrir, Miguel Pavão, no Centro de Apoio à Saúde Oral – outro projeto desta ONG –, nas instalações do Hospital Conde Ferreira (Porto). Esta colaboração assenta na conjugação de esforços para que o maior número de crianças carenciadas seja abrangido pelo projeto e possa, assim, beneficiar do mesmo. Ao abrigo do “Sorriso Especial”, as crianças e adolescentes portadores de Síndrome de Down têm acesso a consultas dentárias, de forma gratuita, contribuindo assim para a melhoria da sua qualidade de O protocolo assinado por Miguel Pavão (à esquerda) e Vítor Baía vida, quer em termos de saúde física como de saúde emocional. beneficia crianças e adolescentes com Síndrome de Down.

SPEMD abre inscrições para Prémio de Investigação 2012

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stão abertas as candidaturas para a edição deste ano do Prémio de Investigação da Sociedade Portugesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD). De acordo com a respetiva organização, podem candidatar-se ao prémio os sócios da SPEMD que frequentam o 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária ou que o tenham concluído no ano letivo 2010/2011. Esta edição terá uma vez mais o apoio da Colgate e o valor do prémio será de 3.000 e. A data limite para envio de candidaturas é o próximo dia 3 de agosto. O regulamento do concurso pode ser consultado no site da SPEMD (www.spemd.pt).

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Crónica de maio Projeto Vision 2020 da FDI traça novo modelo mundial de saúde oral

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s membros do projeto Vision 2020, lançado recentemente pela Federação Dentária Internacional (FDI) com o fim de traçar o mapa da saúde oral para a próxima década, estiveram reunidos em Nova Iorque (Estados Unidos) nos dias 24 e 25 do passado mês de março. Deste encontro resultou a adoção de dois conceitos fundamentais que vão orientar o futuro do setor: por um lado, concluiu-se que a saúde oral deve ser considerada um direito fundamental – tal como é hoje o direito à saúde – e, por outro, foi defendida a generalização do princípio “saúde oral em todas as políticas”. A equipa da FDI, formada por sete representantes do setor dentário de renome internacional, defende que o papel da profissão “é ajudar os pacientes a manter uma boa saúde através de uma boa saúde oral”. Neste contexto, o Vision 2020 passa a articular-se com base em cinco princípios básicos: o papel essencial da saúde oral na prevenção; o papel e responsabilidade dos agentes dentários na adoção de diferentes modelos efetivos de cuidados orais; educação para a próxima década (não apenas destinada aos profissionais do setor, mas também junto do público em geral); perceção e realidade do ambiente sócio-económico e redução das assimetrias no acesso aos cuidados de saúde oral; promoção da tecnologia e investigação e empenho na procura de soluções para uma medicina dentária ecológica. Como resultado da reunião de Nova Iorque, e no seguimento de anteriores encontros mantidos em Frankfurt

(Alemanha) e Chicago (EUA) para debater os contornos do projeto, os sete elementos comprometeram-se a elaborar um documento (“Vision 2020 – mapa para o futuro da Medicina Dentária”), que será divulgado durante o próximo congresso mundial da FDI, agendado para os dias 29 de agosto a 1 de setembro deste ano, em Hong Kong (China). Numa fase inicial do projeto, foi elaborado um inquérito para apurar as prioridades do setor junto de representantes de 35 associações nacionais de médicos dentistas. Entre as prioridades mais sugeridas pelos inquiridos, destacaram-se o aumento da procura de cuidados de saúde oral, as desigualdades na distribuição geográfica dos profissionais de saúde oral, as mudanças em marcha no tipo de cuidados de saúde oral, os avanços biomédicos e a insuficiência de modelos educacionais. O documento a apresentar no congresso da FDI também abordará diferentes facetas da profissão, tais como a distribuição dos cuidados de saúde oral, investigação, educação, tecnologia, economia e regulamentação. A equipa a cargo do projeto Vision 2020 é composta pelo norte-americano Michael Glick (presidente), o português Orlando Monteiro da Silva, o alemão Gerhard Seeberger (ambos em representação da FDI), o chinês Tao Xu (da área da educação), o brasileiro Gilberto Pucca (membro do governo do Brasil), o britânico David Williams (da área da investigação) e o norte-americano Steve Ness (em representação da indústria dentária).

Líderes europeus em implantologia definem protocolos de tratamento

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Associação Europeia de Osteointegração (EAO na sigla em inglês) realizou no passado mês de fevereiro, em Pfäffikon (Suíça), a terceira edição da Conferência de Consenso, que reuniu 60 reconhecidos especialistas em implantologia de toda a Europa e alguns de outros continentes, com o objetivo de analisar a evidência científica disponível em diferentes temas de relevante importância no campo da implantologia dentária. Entre os resultados do encontro, destaca-se um resumo de implicações clínicas para distintas possibilidades de tratamento. Esta informação será de grande utilidade para os médicos dentistas, visto que lhes permitirá tomar decisões demonstradas empiricamente ao planificar um tratamento para os seus pacientes. Durante a conferência, foram analisados quatro grandes temas: sobrevivência dos implantes e complicações, destruição de tecidos periimplantários, tratamento com implantes assistido por computador e aspetos relevantes para os tecidos moles e duros, e reconstruções sobre implantes. Especialistas em implantologia reuniram-se na Suíça. As conclusões da conferência serão publicadas na revista oficial da EAO (Clínica Oral Implants Research) junto com as revisões realizadas, bem como as implicações clínicas relevantes e as consequências para a investigação de cada estudo.

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Crónica de maio Cirurgiões norte-americanos realizam o transplante de rosto mais completo até à data

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o passado mês de março, um homem de 37 anos foi submetido a um transplante total de rosto, levado a cabo por uma equipa de cirurgiões do Centro Médico da Universidade de Maryland, em Baltimore (Estados Unidos). A intervenção durou 36 horas e é considerada o transplante facial mais completo realizado até ao momento. Além do rosto, o paciente recebeu os maxilares superior e inferior, os dentes, uma parte da língua, o nariz e o tecido situado entre o couro cabeludo e o pescoço. O recetor sofreu um acidente com arma, em 1997, em resultado do qual ficou seriamente desfigurado. Além de perder os lábios e o nariz, os maxilares ficaram praticamente destruídos, pelo que os seus movimentos bocais tornaram-se muito limitados. Desde então, utilizava uma máscara cada vez que tinha de sair de casa, o que fazia em raras ocasiões. Eduardo Rodríguez, professor de cirurgia da referida universidade, dirigiu a complexa intervenção em que participou uma equipa multidisciplinar de 150 proA complexa intervenção foi dirigida fissionais, na sua maioría cirurgiões plásticos com experiência tanto no domínio da pelo cirurgião Eduardo Rodríguez. traumatologia como na reconstrução dentária e facial. "Utilizámos práticas cirúrgicas inovadoras e técnicas computorizadas para realizar, com a máxima precisão, o transplante da parte central do rosto, dos maxilares, incluindo os dentes, do nariz e parte da língua" explica Eduardo Rodríguez. “A operação envolveu todos os tecidos moles faciais, desde o couro cabeludo até ao pescoço, incluindo os músculos, para assegurar a expressão facial do paciente. Também se utilizaram os nervos motores e sensoriais, para recuperar a sensibilidade e funcionalidade", adianta o principal responsável pela operação. De acordo com este cirurgião, o paciente está a recuperar perfeitamente da intervenção: “Apenas três dias depois da operação, já tinha recuperado o sentido do olfato, que perdeu após o acidente. Por outro lado, tem vindo a recuperar a mobilidade dos olhos e da boca”. Os especialistas esperam que o paciente se adapte bem ao novo rosto. "É evidente que não é a sua cara, embora também não seja totalmente a do doador: trata-se de uma mistura de dois indivíduos, em que a cara transplantada se adapta à do paciente", conclui Eduardo Rodríguez.

Sequência em que se pode observar o estado inicial do paciente, o seu aspeto após o acidente e depois da operação, assim como um esquema da mesma.

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Atualidade académica C a r l o s S i l v a, coordenador do curso de Medicina Dentária da Universidade Fernando Pessoa

“Situação financeira do país poderá refletir-se no número de candidatos” A MAXILLARIS prossegue com o ciclo de entrevistas que visam fazer o ponto da situação, em matéria de ensino e investigação, nas diferentes faculdades e departamentos de Medicina Dentária do país. Nesta edição, Carlos Silva, coordenador do curso da Universidade Fernando Pessoa (UFP), explica a presente estratégia desta instituição de ensino superior, com sede no Porto, que se baseia em três vetores: o aperfeiçoamento do ensino regular, a oferta de formação pós graduada e a internacionalização da UFP. M AXILLARIS. Quais são as atuais linhas de orientação da possível colocar em prática uma formação no âmbito da área da endodontia. Universidade Fernando Pessoa (UFP) em matéria de ensiUm terceiro vetor aponta para a internacionalização da no da Medicina Dentária? C a r l o s S i l v a . A estratégia da UFP passa, essencialmenUFP em várias áreas de formação e também na Medicina Dentária, pelo que, nesta área específica, começará já no te, por três vetores direcionais. Um primeiro vetor aponpróximo ano letivo a funcionar um curso numa delegação ta no sentido do aperfeiçoamento do ensino regular da da UFP em Roma, Itália. Medicina Dentária, pelo que está, presentemente, em curso uma revisão curricular, considerado que foi que a M Em que medida a crise económica tem vindo (ou poderá experiência de cinco anos de adaptação ao modelo de vir) a afetar o ensino da Medicina Dentária e que soluções Bolonha nos permite agora ajuizar que este modelo ou recortes defende para contornar o problema? pode ser melhorado, sobretudo na parte de treino clíniC a r l o s S i l v a . Até ao momento, a falco e na valorização das unidades cuta de alunos ainda não se fez sentir no rriculares que constituem a essência A Medicina Dentária âmbito da Medicina Dentária desta da Medicina Dentária. instituição. Também a entrada em funcionaé uma das formações mais Todavia, as condições do mercado mento do Hospital Escola da UFP, soonerosas, senão mesmo de trabalho atuais e também a situabretudo na parte respeitante às ura mais onerosa, quer seja ção financeira do país, necessariamengências, vai ser, neste âmbito, uma te com a diminuição dos recursos das mais valia no ensino. para as instituições famílias, poderá refletir-se, num breve Um outro vetor tem a ver com a como para as famílias prazo, no número de candidatos ao oferta de formação pós-graduada, já ensino superior, numa perspetiva geiniciada com uma formação deral. Também, muito provavelmente, na Medicina Densignada por “Competências Clínicas em Medicina Dentária, considerando que é uma das formações mais onetária”, que vai já no segundo ano de formação e que rosas, senão mesmo a mais onerosa, quer seja para as visa, tal como a própria designação sugere, proporcioinstituições como para as famílias. nar aos formandos uma experiência clínica mais intenO esforço de qualidade de ensino que fazemos em persa e integrada. manência tem, naturalmente, vários propósitos óbvios, Entretanto, outras ofertas de formação estão já plamas também o de sermos uma referência para merecer a neadas, sendo previsível que no próximo ano letivo seja

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Atualidade académica preferência dos candidatos que pretendam fazer a sua formação em Medicina Dentária. As restantes condições são conjunturais e escapam ao nosso controlo.

M Que medidas defende para um ensino mais eficaz nesta área? C a r l o s S i l v a . Preocupa-me, em termos genéricos, o atual estado do exercício da profissão, o que deverá constituir um forte alerta para todos os responsáveis do ensino, no sentido de formar pessoas com valores éticos e morais elevados, antes de formar técnicos. Vejo, com mágoa, que a profissão está a enveredar por caminhos e critérios comerciais desenfreados, que não deveriam ser aplicáveis a profissionais de saúde que assumem a responsabilidade de tratar pessoas, com tudo o que isso implica. A publicidade espalhafatosa, frequentemente enganosa, e a concorrência desleal, divulgada sem qualquer pudor, são disso o mais preocupante indício. Sem prejuízo da responsabilidade de quem forma os futuros profissionais, cabe aqui maior responsabilidade à Ordem dos Médicos Dentistas, que deveria ter uma atuação mais incisiva e pedagógica neste aspeto, sob pena de tornar as preocupações e o esforço de quem ensina inúteis, e de deixar este processo entrar por caminhos dificilmente reversíveis. M Qual é o ponto da situação em termos de investigação dentária na UFP? Que projectos ou parcerias mais se destacam nesta área? C a r l o s S i l v a . Na área da Medicina Dentária existem atualmente sete departamentos científicos que agrupam todas as unidades de formação e que coletam, concertam e otimizam os processos de investigação.

Neste momento, existem projetos de investigação em curso que abrangem praticamente todas as áreas, desde a perspetiva molecular à microbiológica, morfológica, biomateriais e biotecnologia, epidemiológica e clínica, nas suas diversas vertentes. Portanto, investigação básica ou essencial e clínica. Só recentemente – e que seja do meu conhecimento – foram publicados nove artigos científicos em revistas indexadas, para além de outros em revistas nacionais. Muitos destes trabalhos têm sido apresentados profusamente sob a forma de comunicação oral, em reuniões científicas em Portugal e no estrangeiro, disso sendo testemunhas os frequentadores desses eventos. Muito importante é também o facto dos nossos estudantes, em muitos casos, estarem envolvidos nessas linhas de investigação nas suas dissertações de final de curso. Para além disso, existem ainda parcerias com várias universidades estrangeiras, tanto europeias como sul-americanas.

M Quais são as condições em termos de instalações físicas e que perspetivas existem quanto a uma melhoria neste campo? C a r l o s S i l v a . A perspetiva de melhorar, mesmo que consideremos que a situação está bem, nunca deve abandonar as nossas mentes, como princípio. Este é exatamente o caso na UFP, ou seja, consideramos estar excelentemente servidos de salas de aulas, laboratórios, espaços clínicos, equipamentos, etcétera, mas pode-se sempre melhorar. E quem conhece o pensamento e a dinâmica do nosso reitor, Professor Doutor Salvato Trigo, sabe que o imobilismo, por qualquer perspetiva que se veja, terá muita dificuldade em instalar-se na UFP. M Como resumiria a “imagem de marca” da UFP no contexto da Medicina Dentária? C a r l o s S i l v a . O “modo” da UFP está no seu símbolo: Nova et Nove. Isto é, transmitir conhecimentos novos, de forma inovadora. Acho que isto resume tudo, se complementado com a noção subjacente de que o espírito de família prevalece entre todos, quer seja durante o processo de formação como depois disso.

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Vejo, com mágoa, que a profissão está a enveredar por caminhos e critérios comerciais desenfreados, que não deveriam ser aplicáveis a profissionais de saúde

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Ponto de vista Orlando Monteiro da Silva

Medicina Dentária: a profissão médica responsável pela saúde oral A

o longo das últimas décadas, o âmbito da Medicina Dentária tem sido essencialmente limitado a procedimentos operativos e restaurativos, em detrimento da educação e prevenção. As principais razões para tal prendem-se, em primeiro lugar, com a falta de recursos humanos nestas duas áreas; em segundo, com a falta de atenção dedicada à educação e prevenção no decorrer da formação universitária, quer na licenciatura quer em estudos pós-graduados; e, em terceiro lugar, com o custo de rentabilizar uma clínica dentária. Por último, a educação e a prevenção não são consideradas lucrativas e são identificadas como áreas “menores” dentro da Medicina Dentária. Mesmo a designação dentistry, usada em alguns países, reflete esta visão míope. Tal não significa que a separação entre médicos dentistas e médicos, no que diz respeito à intervenção, organização e licenciatura, não tenha obtido inúmeros resultados positivos; de facto obteve. Mas contribuiu também para um distanciamento entre a Medicina Dentária e a Medicina. Esta situação tem vindo a ser modificada nos últimos anos, devido principalmente ao grau crescente de técnicas invasivas utilizadas na Medicina

Dentária, juntamente com um maior conhecimento dos riscos e recompensas destas técnicas por parte dos doentes, e devido a procedimentos mais exigentes no que diz respeito à segurança do doente. Outros fatores incluem uma população envelhecida em algumas regiões do mundo e um aumento dos doentes medicamente comprometidos. Por fim, os próprios médicos dentistas estão descontentes com a sua excessiva identificação com técnicos especializados em estética dentária. É minha visão que a profissão e a Medicina Dentária em geral devem ter uma ambição muito mais ampla. Os campos da educação, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação estão cada vez mais interligados; da mesma forma que se tem vindo a intensificar as relações entre Medicina Dentária e medicina em geral, e ainda outras áreas tais como nutrição, psicologia e sociologia. É tempo de admitir que perspetivar a saúde oral desintegrada da saúde geral é obsoleto. Esta relação indiscutível é melhor ilustrada na área das doenças não comunicáveis (DNC), ou doenças crónicas. As DNC, que incluem doença cardiovascular, cancro, doença respira-

Para enfrentar o desafio contra as DNC, a Medicina Dentária deve adotar uma abordagem mais interprofissional em relação às outras disciplinas da área da saúde 18

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Presidente da Federação Dentária Internacional (FDI).

tória crónica e diabetes, são responsáveis por 60% das mortes em todo o mundo: 80% destas ocorrem em países com rendimento médio e baixo. O papel da saúde oral foi recentemente reforçado através da sua menção específica na Declaração Política emanada da Cimeira das Nações Unidas sobre doenças não comunicáveis. As doenças orais não são responsáveis por taxas de mortalidade elevadas; contudo, DNC negligenciadas (cárie dentária e doença periodontal) afetam mais de 90% da população mundial e têm um enorme impacto na saúde. A cárie dentária, doença oral mais prevalente e que afeta biliões de pessoas em todo o mundo, é um desafio importante para a saúde pública, quer na vida do indivíduo quer na comunidade. Para enfrentar o desafio contra as DNC, a Medicina Dentária deve adotar uma abordagem mais interprofissional em relação às outras disciplinas da área da saúde. Esta noção é especialmente importante para profissionais de saúde oral, tais como técnicos dentários e higienistas, e médicos nas áreas da diabetes, oncologia, nutrição, pneumologia, pediatria e saúde pública. A sociedade, os doentes, outros profissionais de saúde, responsáveis políticos, governos, ONG e indústria assim o esperam e exigem. A Medicina Dentária deve procurar objetivos mais elevados, superando-se constantemente. Deve estar na linha da frente dos profissionais de saúde responsáveis pela saúde oral, para que os benefícios possam ser sentidos por biliões de pessoas em todo o mundo.


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Ponto de vista João Aquino Presidente do Conselho Deontológico e de Disciplina da Ordem dos Médicos Dentistas. Lisboa.

Da necessidade de atualização do Código Deontológico dos Médicos Dentistas

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Conselho Deontológico e de Disciplina da Ordem dos Estes modelos principialistas de inspiração anglo-saxónica Médicos Dentistas (OMD) elaborou uma proposta de vão evoluir no espaço europeu, principalmente a partir da revisão do Código Deontológico dos Médicos Dentistas Declaração de Barcelona (1997), para princípios de respeito (CDMD) que esteve disponível para consulta pública até pela dignidade humana – de que o respeito pela autonoao passado dia 13 de março. mia do doente é uma expressão –, da integridade do doenO CDMD atual, com vinte e dois anos de existência, te e do respeito pela vulnerabilidade deste. sofreu apenas alterações em 2007, mais motivadas por Vem ficando assim sedimentada a importância do conpressões externas – caso das alterações dos artigos refesentimento informado livre e esclarecido, da confidencialirentes à publicidade e aos honorários – do que por uma dade do processo clínico, da propriedade da informação necessidade sentida pela classe. médica e do direito à reclamação no relacionamento entre Desde a sua elaboração inicial, tem vindo a ocorrer uma profissionais de saúde oral e doentes. evolução, quer nacional quer internacional, dos conceitos Por outro lado, a pulverização dos atos clínicos e a polie valores fundamentais da bioética, do biodireito e, conseterapia provocam, como reação da sociedade, a exigência quentemente, da deontologia médico-dentária que se trade reforço dos padrões éticos que caracterizam a Medicina duz numa necessidade de adequação do CDMD às realiDentária. Dito de outra forma, a sociedade atribui tanto dades atuais. maior valor social aos médicos dentistas quanto maior for a Por outro lado, o próprio exercício profissional tem vindo exigência ética que estes confiram à sua prática clínica, a sofrer uma alteração profunda fruto de uma maior densisendo desta inter-relação que sobressai o carácter não merficação de médicos dentistas e de uma alteração da relação cantil da nossa profissão, que tem como princípio matricial médico-doente, em que o mesmo doente passa a ser tratao superior interesse do doente. do por vários médicos dentistas de várias áreas, conduzindo O nosso ordenamento jurídico também tem vindo a proa um potencial risco de despersonalização do doente e do duzir legislação de importância desde a elaboração do médico dentista, com consequências CDMD, como sejam a lei da criação das prospetivas ao nível da responsabilidade comissões de ética, a lei de proteção de e responsabilização criando um indesedados pessoais, a lei de bases da saúde, Um código jável “efeito de pizza” na execução dos a lei de informação de saúde, que levam deontológico, atos clínicos com a inevitável lesão das a que, também ao nível do biodireito, os boas práticas clínicas ou, em linguagem postulados da relação médico-doente enquanto texto jurídica, das leges artis. movimentos evolutivos. ordenado e organizado sofram O entendimento hodierno das boas Um código deontológico, enquanto práticas clínicas realça a contribuição texto ordenado e organizado das nordas normas equitativa do gesto técnico e do gesto de conduta referentes a dede conduta referentes mas ético. terminada profissão, deve assumir a A ética médica tradicional, hipocráti- a determinada profissão, capacidade de acompanhar a evolução ca e paternalista, condensada numa da sociedade em que se inserem os deve assumir relação estreita entre o médico que profissionais dessa matéria. sabe o que é melhor para o doente e Não rejeitando os conceitos deona capacidade este que aceita o tratamento passivatológicos fundamentais vertidos no atual de acompanhar mente, evoluiu, principalmente a partir código, o Conselho Deontológico e de dos anos 70 do século passado, com os a evolução da sociedade Disciplina da Ordem considera ser chetrabalhos de Beauchamp e Childress, gado o momento de adequar e até de em que se inserem para modelos bioéticos baseados nos aprofundar os princípios e deveres da princípios do respeito pela autonomia deontologia dos médicos dentistas, atraos profissionais do doente, da beneficência, da nãovés da proposta de revisão do CDMD dessa matéria maleficência e da justiça equitativa. que foi recentemente apresentada.

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Paulo Júlio Almeida, Membro da direção da SPED

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Os critérios do congresso são a excelência dos oradores e a atualidade dos temas

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Falamos com... O próximo congresso da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária (SPED) realiza-se nos dias 28 e 29 de setembro, no Museu de Serralves (Porto), com a participação de oradores nacionais e estrangeiros. Entre a variedade de temas que serão abordados na edição de 2012, a organização destaca o diagnóstico estético e planeamento interdisciplinar. “É um tema que considero absolutamente crucial para o sucesso da reabilitação oral”, esclarece, em entrevista à MAXILLARIS, Paulo Júlio Almeida, membro da direção da SPED. Apesar da crise que o país atravessa, espera-se um aumento do número de participantes, já que a SPED estabeleceu um preço de inscrição “bastante acessível, atendendo à qualidade dos conferencistas e às despesas inerentes à organização deste tipo de eventos”. M AXILLARIS. Quais são as principais linhas de orientação do próximo congresso da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária (SPED)? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . As linhas de orientação do quinto congresso SPED, no seguimento dos anteriores, estão alicerçadas numa abordagem multidisciplinar debatendo as principais áreas da Medicina Dentária, nas quais a estética dentária é o denominador comum. O evento tem como protagonistas os médicos dentistas e os técnicos de prótese. Os critérios que presidem à elaboração do programa são a excelência dos conferencistas e a atualidade nos temas abordados. Esperamos um congresso muito interativo. M Que temas vão dominar o programa científico e que conferencistas de renome internacional já confirmaram a sua presença no evento? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . Apesar da multiplicidade de temas, destacaria o diagnóstico estético e planeamento interdisciplinar. É um tema que considero absolutamente crucial para o sucesso da reabilitação oral. Será abordado durante todo o dia de sábado, 29 de setembro. Como conferencistas internacionais contamos com a presença de Marcelo Calamita e Christian Coachman – com formação no Brasil –, possivelmente, a dupla de conferencistas mais requisitada do momento que, pela primeira vez em Portugal, constituem assim uma excelente oportunida-

de de assistir a uma conferência de alto nível a um preço reduzido. Contamos também com a presença de Jordi Manauta, um jovem valor, autor de um livro de restaurações de resina composta, recentemente editado. No entanto, não posso deixar de realçar que contamos também com a presença de um lote de conferencistas portugueses de excelência.

M Que outras novidades ou iniciativas destacaria no contexto do congresso de 2012? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . A apresentação de pósteres e o seu respetivo concurso, onde serão premiados os três melhores. Pretendemos dinamizar esta iniciativa, pois pensamos, que será um lugar privilegiado de partilha e difusão de conhecimento científico, funcionando, simultaneamente, como uma oportunidade à participação de novos colegas, isto é, dos novos valores da Medicina Dentária. M Quais são as previsões quanto ao número de participantes? Em tempos de crise, as expetativas são de menor adesão ao congresso ou espera-se, apesar de tudo, um reforço da participação? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . A Medicina Dentária não é imune a este assunto. A crise existe e está para durar. A SPED é sensível a este tema. Por isso, estabeleceu um preço de inscrição no congresso que, em nossa opinião, é bastante acessível, atendendo à qualidade dos conferencistas presentes e às despesas inerentes à organização deste tipo de eventos. As nossas expetativas em relação ao número de participantes são de um aumento. Estamos a contar com cerca de 250 inscrições. M À margem do congresso anual, que desafios enfrentam os profissionais portugueses que trabalham na área da estética dentária? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . Os médicos dentistas que trabalham nesta e noutras áreas enfrentam um mundo extremamente competitivo. Cada vez mais, existe a necessidade de uma diferenciação que só pode ser alcançada com uma formação continuada e de excelência. Os desafios passam também por uma melhor integração do trabalho de uma equipa interdisciplinar e o estabelecimento de uma comunicação efetiva com os nossos pacientes.

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Falamos com... M Tendo em mente esses desafios, quais são as prioridades da SPED? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . Os objetivos continuam, basicamente, os mesmos aquando da sua fundação: a valorização da estética dentária e a procura da excelência. Pretendemos que a SPED seja uma associação científica dinâmica, responsável por uma formação de qualidade, através dos eventos que organiza. Queremos também, de alguma maneira, ser responsáveis pela “descoberta” de novos valores, que existem e que, por vezes, têm alguma dificuldade em partilhar o seu trabalho. Por essa razão, vamos organizar uma reunião vocacionada para o efeito, que brevemente será divulgada.

PERFIL Formado pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, P a u l o J ú l i o A l m e i d a iniciou a carreira de médico dentista em 1986. O dirigente da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária é assistente convidado da disciplina de Protése Fixa e aluno de doutoramento da mesma universidade do Porto. Completou o curso de pós-graduação em Implantologia e Reabilitação Oral no Instituto Superior de Ciências da Saúde do Norte (ISCS-N).

M Qual é o ponto da situação no que respeita ao número de associados? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . Em relação a este aspeto, é claro que pretendemos e necessitamos de crescer, mas também de fidelizar os que já estão inscritos, pois verificamos, por vezes, que nem sempre os nossos associados renovam a sua anuidade. M Que tipo de vínculo mantém a SPED com a EAED (European Association of Esthetic Dentistry) e que benefícios resultam dessa ligação? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . A SPED necessita de ter realizado um número mínimo de congressos para se poder associar à EAED, cujo processo se prevê estar concluído no final deste ano. É sempre importante estar envolvido com as melhores associações nesta área, como é o caso da EAED, um elo catalizador de intercâmbio de experiências e investigação científica entre todos os profissionais interessados na estética dentária. M Em que medida a tecnologia Cad-Cam tem vindo a revolucionar o setor da estética dentária? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . A utilização da tecnologia Cad-Cam não é propriamente uma novidade na nossa área. No entanto, tem vindo a tornar-se mais efetiva e mais universal. Não chega termos tecnologia acessível, é preciso torná-la utilizável de forma generalizada. E existe sempre uma curva de aprendizagem para os médicos dentistas e técnicos de

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Existem novos valores que têm alguma dificuldade em partilhar o seu trabalho. Por essa razão, vamos organizar uma reunião vocacionada para o efeito, que brevemente será divulgada

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prótese até a dominar. Destacaria o scanner intraoral com a progressiva eliminação dos materiais de impressão, os articuladores virtuais (Cad-Cam), capazes de produzirem infraestruturas ou mesmo restaurações em forma final, (por fresagem de vários tipos de materiais), sem necessidade de fundições, com excelente passividade e ajuste.

M Que outras técnicas se vislumbram, a curto ou médio prazo, neste campo da medicina dentária? P a u l o J ú l i o A l m e i d a . Existe sempre investigação, que possibilita o aparecimento de novos materiais, ou uma atualização das técnicas existentes, com melhores propriedades e consequente melhoria no desempenho clínico. Estou a pensar, nomeadamente, nas resinas e nas cerâmicas. Para além de toda a componente técnica que está associada à nossa profissão, destacaria que temos de trabalhar e investir mais em aprender a pensar critical thinking. Com a globalização do conhecimento e com todos os enviesamentos editoriais, é necessário estruturar o nosso processo de aquisição de conhecimentos e ajustá-lo à prática clínica.


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António Moacho,

Presidente da Comissão Organizadora das XXVI Jornadas da FMDUL

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Temos um conjunto de conferencistas com uma qualidade irrepreensível

As XXVI Jornadas de Medicina Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL) estão agendadas para os dias 17 e 18 deste mês. O programa, que abrange praticamente todas as áreas da saúde oral, destina-se não apenas a estudantes de Medicina Dentária, mas também a futuros higienistas orais, técnicos de prótese dentária e assistentes dentários. António Moacho, presidente da Comissão Organizadora, revela à MAXILLARIS os pormenores das jornadas deste ano e adianta que o objetivo é “manter o padrão de excelência e de qualidade” a que as edições anteriores desta iniciativa da FMDUL habituaram a comunidade científica.

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M AXILLARIS. Em tempos de crise, o formato das Jornadas de Medicina Oral da FMDUL mantém-se o de sempre ou surge este ano com algumas alterações? A n t ó n i o M o a c h o . As Jornadas de Medicina Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa constituem desde há muito uma iniciativa de natureza científica ímpar no panorama nacional. Manter o padrão de excelência e de qualidade a que as edições passadas habituaram a comunidade científica sempre foi o objetivo desta Comissão Organizadora. De forma a atingirmos este objetivo – nada fácil, diga-se –, este ano o formato surge com algumas adaptações. Penso que estas surgiram no contexto evolutivo a que a saúde oral tem assistido e não propriamente num contexto de crise. Assim, acredito que conseguimos criar um programa de excelência não só para a Medicina Dentária, como também para os higienistas orais, técnicos de prótese dentária e assistentes dentários. Desenvolvemos também diversos cursos teórico-práticos (11 no total) que abrangem quase todas as áreas da saúde oral, pois acreditamos que o processo de aprendizagem baseia-se na dicotomia ver-fazer. Aproveito para convidar toda a comunidade científica a participar nas vigésimas sextas Jornadas de Medicina Oral, que se vão realizar nos próximos dias 17 e 18 (quinta e sexta-feira), nas instalações da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. M Que especialidades e temas vão dominar o programa científico? A n t ó n i o M o a c h o . Tivemos desde o início a pretensão de criar um programa que não estivesse subordinado a um tema específico. Pelo contrário, trabalhamos no sentido de apresentar um programa que abrangesse praticamente todas as áreas da saúde oral. E, se me permite a ousadia, creio que o conseguimos. No entanto, gostava de destacar a forte componente prática do evento, a qual se apresenta como uma mais-valia no crescimento profissional dos participantes. M Que conferencistas merecem particular destaque nesta edição das jornadas? A n t ó n i o M o a c h o . É difícil responder a essa questão, dada a qualidade de todos os conferencistas. Não posso, contudo, deixar de destacar os doutores Marcos Vargas, dos Estados Unidos da América, Reginaldo Migliorança e Roberto Maciel, do Brasil, o mestre Miguel Matos, do Porto, e todos aqueles, sobejamente nossos conhecidos e que fazem parte da nossa casa, que merecem reconhecimento e apreço. São eles os professores doutores João Caramês, Alexandre Cavalheiro, Daniel de Sousa, Paula Marques, António Mata, António Ginjeira e Tiago Mourão, os doutores José Carracho, Teresa Mendes e Pedro Rabaço, e os mestres João Paulo Martins, João Carlos Roque, Sandra Ribeiro, Helena Francisco, Susana Noronha, Cláudia Cavaco Martins, Rui Pereira da Costa, Catarina Coito e Ana Pequeno, entre outros.

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Este ano estabelecemos a meta dos 600 congressistas, mas acredito que poderemos chegar aos 700. O ritmo das inscrições está a superar as projeções mais otimistas

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Acredito verdadeiramente que temos um conjunto de conferencistas com uma qualidade irrepreensível e difícil de igualar na arena internacional da especialidade.

M À parte do programa científico, que outras vertentes estão previstas ao abrigo desta iniciativa anual da Faculdade de Medicina Dentária? A n t ó n i o M o a c h o . Como é hábito, teremos um espaço dedicado às casas comerciais que colaboram connosco. Sabe-se hoje que o envolvimento da sociedade civil é condição sine qua non para a continuidade de projetos relevantes que, de outra forma, correriam o risco de acabar por falta de verbas. Também teremos um espaço cultural, com a apresentação de duas exposições de artistas nacionais. Esta edição das jornadas uniu-se a um evento, também ele de referência na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, que é a cerimónia de entrega de prémios “Dental Awards”. Nesta gala distinguem-se os alunos, professores e funcionários que mais se destacaram em diferentes categorias. As vigésimas sextas Jornadas de Medicina Oral será certamente um evento de referência, de produção e partilha científica, para além dos momentos e espaços de convívio entre todos, deveras importantes no processo de crescimento pessoal e profissional. M Quais são as expetativas da Comissão Organizadora quanto ao índice de adesão às jornadas? Espera-se uma maior participação da comunidade estudantil? A n t ó n i o M o a c h o . Não nos podemos esquecer que as jornadas são para os alunos. Desse modo, esperamos uma adesão muito forte da comunidade estudantil pré-graduada e pós-graduada tanto da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, como de outras faculdades do país. Na edição passada tivemos cerca de 550 congressistas. Este ano estabelecemos a meta dos 600, mas acredito que poderemos chegar facilmente aos 700. O ritmo das inscrições está a superar as projeções mais otimistas. Neste momento temos quase todos os cursos teórico-práticos lotados. MAXILLARIS, m a i o 2 0 1 2

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Tópicos de cirurgia oral Cirurgia oral em doentes hipocoagulados São hoje em dia cada vez mais frequentes os tratamentos dentários em doentes submetidos a terapêutica anticoagulante, confrontando o médico dentista com a necessidade de ajustar os seus procedimentos. Atualmente, a avaliação do estado de hipocoagulação através da RNI (Relação Normalizada Internacional) permite uma informação muito fiável e, assim, dependendo do ato cirúrgico, poderá ser ou não necessário ajustar o nível de hipocoagulação do doente a tratar.

Introdução Apesar de cerca 40 anos de experiência com o uso de anticoagulantes orais, ainda permanece controversa a segurança dos tratamentos dentários nestes pacientes. Devemos fazer sempre uma avaliação do balanço entre o risco de uma hemorragia importante e o risco potencial de um acidente tromboembólico em resultado da redução ou interrupção da terapêutica anticoagulante (Bryan AJ e Butchart EG, 1995; Wahl, 1998; Dunn e Turpie, 2003; António et al., 2008; Brennan et al., 2008; García et al., 2008; Sutherland et al., 2009; Napeñas et al., 2009; Velázquez e Santiago, 2010). Alguns autores referem que a ocorrência de complicações embólicas graves, incluindo a morte, é três a cinco vezes maior em doentes em que foi interrompida a terapêutica anticoagulante do que a ocorrência de complicações hemorrágicas em doentes nos quais essa terapêutica foi mantida, com níveis de RNI dentro ou abaixo do intervalo de segurança (Whal, 2000; Alexander et al., 2002; Scully e Wolff, 2002; António et al., 2008). De acordo com estas evidências, Feldens et al. (2008) afirma que as recomendações existentes acerca de pacientes anticoagulados submetidos a um procedimento

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Jaime Guimarães

Médico dentista. Pós-graduação em Implantologia e Reabilitação Oral no ISCSN. Curso de Especialização em Cirurgia Oral na Universidade de Santiago de Compostela. Fellow of the European Board of Oral Surgery. Diretor do Departamento de Cirurgia e diretor clínico da Malo Clinic (Porto).

cirúrgico são baseadas no equilíbrio entre o risco de hemorragia pós-operatória e de um acidente tromboembólico. Há um risco de 1% de desencadear uma complicação embólica, incluindo a morte, mas apenas um risco de 0,2% de hemorragias graves em pacientes com uma RNI inferior a 4.

Terapêutica anticoagulante A varfarina e seus derivados apresentam uma farmacocinética excelente, com uma semivida de aproximadamente 36 horas e uma duração de ação entre dois e cinco dias. A dose deve ser ajustada a cada indivíduo (António et al., 2007; Sanz e Madrid, 2009). Em Portugal os mais usados são a varfarina (Varfine®) e o acenocumarol (Sintrom®) (António et al., 2008). • Monitorização da terapêutica anticoagulante Um doente com um perfil normal da coagulação deverá ter uma RNI=1,0. A RNI é obtida através da razão entre o TP (tempo de protrombina) do paciente e o TP de controle do laboratório com um ajuste adicional para os reagentes, segundo a fórmula RNI = (TP paciente / TP controle)ISI em que ISI é o Índice de Sensibilidade Internacional que quantifica a sensibilidade da tromboplastina, atribuindo à tromboplastina do cérebro humano o valor de 1,0. Um indivíduo que tome um derivado cumarínico para profilaxia de acidentes tromboembólicos poderá ter uma RNI variando entre 2,0 e 3,0 para todas as situações exceto a presença de próteses valvulares cardíacas que exige uma RNI entre 2,5 e 3,5 (Hirsh J e cols., 1992; Hirsh J e Fuster V, 1994; Wahl, 1998; Dantas et al., 2009, Sanz e Madrid, 2009). Os candidatos a um tratamento dentário invasivo deverão ter o seu TP entre 1,5

e 2,0 vezes o valor normal, o que corresponde a uma RNI entre 1,5 e 2,5 (Benoliel e cols., 1986).

Segurança dos tratamentos dentários Apesar da possibilidade de ocorrerem hemorragias substanciais durante e após extrações dentárias em doentes que tomam anticoagulantes orais, as investigações indicam que a maior parte dos acidentes não são graves e podem ser controlados através de medidas locais (Carter G e cols., 2003; Zanon E e cols., 2003; Sutherland et al., 2009). Estudos que totalizaram mais de 500 extrações dentárias em 241 doentes que faziam terapêutica com anticoagulantes orais, mostraram que apenas nove tiveram hemorragias pós-operatórias (Weibert R, 1992). Com base nestes dados e juntamente com a evidência de que para alguns doentes há um alto risco de embolia se for diminuído ou interrompido o anticoagulante, considerase, hoje em dia, que se pode praticar a maior parte dos tratamentos dentários sem a necessidade de suspender completamente a medicação (Declerck D e cols., 1992; Herman WW e cols., 1997; Wahl MJ, 2000; Evans IL e cols., 2002; Jeske AH e Suchko GD, 2003; Carter G e cols., 2003; Beirne, 2005; Benito-Urdaneta et al., 2007 António et al., 2008; Sutherland et al., 2009). Quando a RNI apresenta valores não aceitáveis, podemos considerar três estratégias: reduzir a dose do anticoagulante, suspender completamente ou substituir por heparina (Martinowitz V e cols., 1990). • Redução parcial ou interrupção temporária do anticoagulante Quando necessário, a RNI pode ser diminuída para o limite mínimo do intervalo terapêutico, procedendo-se a uma interrupção da toma do anticoagulante durante

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Tópicos de cirurgia oral dois ou três dias (Mulligan R, 1987). Para a maior parte dos doentes é suficiente a interrupção durante dois dias, mas para os mais idosos ou com uma RNI mais elevada, podem ser necessários três dias. • Suspensão completa do anticoagulante Quando se pretende eliminar completamente os efeitos do anticoagulante, a sua toma deve ser interrompida durante quatro ou cinco dias, uma vez que a protrombina tem uma semivida de 72 horas (White RH e cols., 1995). Apesar de este procedimento eliminar o risco de complicações hemorrágicas, aumenta a probabilidade de ocorrer um acidente tromboembólico devido à patologia subjacente, sendo assim uma estratégia arriscada e geralmente desnecessária (Herman WW e cols., 1997). • Terapêutica de substituição A terceira alternativa consiste na substituição do anticoagulante coumarínico pela heparina alguns dias antes da cirurgia. A heparina pode ser interrompida seis a oito horas antes da intervenção, havendo assim um período mínimo em que o paciente não recebe qualquer anticoagulante. A terapêutica normal pode ser retomada 12 a 18 horas após a cirurgia (Roser SM e Rosenbloom B, 1975). Este método é complexo e caro, devendo ser reservado para doentes de alto risco, exigindo internamento hospitalar (Rooney TP, 1983). Mulligan e Weitzel (1988) classificaram os procedimentos dentários de acordo com o seu risco: • B a i x o r i s c o: curetagem supragengival, restaurações simples e anestesia infiltrativa. • R i s c o m o d e r a d o: curetagem subgengival, restaurações com cavidades infragengivais, extrações simples e anestesias tronculares. • A l t o r i s c o: cirurgias extensas. Estes autores recomendam a não alteração do anticoagulante para os tratamentos de baixo risco. Para os tratamentos de risco moderado, o TP deve ser verificado, não devendo exceder duas vezes o valor de controle. Aconselham a suspensão do anticoagulante durante dois dias, com hospitalização, para as cirurgias mais extensas. Na meta-análise efetuada por Sutherland et al. (2009), na qual se propuseram avaliar o efeito da continuação da terapêutica com varfarina no risco hemorrágico em 553 pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos, compararam os resultados obtidos com a interrupção da terapêutica com varfarina, e com a continuação da dose usual de varfarina, efetuada em 275 pacientes, com uma RNI entre 1,8 e 3,4 e com um follow-up de pelo menos seis dias em todos os estudos; nenhum destes pacientes apresentou hemorragia grave. Os autores concluíram que a continuação da dose terapêutica de varfarina não parece conferir um aumento do risco de hemorragia, quando comparado com a interrupção ou modificação da dose de varfarina, em pacientes submetidos a pequenos procedimentos dentários.

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Num estudo prospetivo, aleatório efetuado por Cañigral et al. (2010), no qual avaliaram as manifestações hemorrágicas em 99 pacientes a fazer terapêutica anticoagulante, submetidos a cirurgia oral, foram realizados testes hematológicos da hemostase e da função plaquetária com um novo método (Multiplate System ®), antes de cada intervenção cirúrgica. A hemorragia pós-cirúrgica foi avaliada consoante a duração e as medidas hemostáticas usadas para a cessar (leve, moderada ou grave). Quanto aos fármacos utilizados verificaram que 27,3% dos pacientes estavam a receber terapêutica com antiagregantes plaquetários, 19,2% anticoagulantes orais e 9% terapia combinada com ácido acetilsalicilico e clopidogrel. Obteve-se hemorragia moderada (sangramento cessou em menos de 60 minutos, com tamponamento com gaze estéril e hemostático local) em 8% dos pacientes, nos quais se verificou correlação com o teste de função plaquetária e com a idade avançada dos pacientes. Os autores concluíram que os testes de função plaquetária aumentam a segurança da intervenção cirúrgica, em pacientes idosos e submetidos a tratamento com antiagregantes plaquetários. Para além disso, este estudo permitiu-lhes concluir que não há necessidade de suspender a medicação com antiagregantes plaquetários, quando se trata de cirurgia oral menor. Weibert (1992) recomenda o seguinte protocolo de actuação: • T r a t a m e n t o s d e b a i x o r i s c o : não alterar a terapêutica anticoagulante desde que os valores estejam dentro do intervalo de segurança (RNI 2.0 – 4.5; TP 1.3 – 2.0). Os tratamentos dentários devem ser marcados de modo a coincidirem com a medição dos valores. • T r a t a m e n t o s d e r i s c o m o d e r a d o : as dosagens do anticoagulante devem ser ajustadas até se obterem


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Tópicos de cirurgia oral valores de RNI entre 2.0 e 3.0 (TP 1.3 a 1.5), com uma RNI de 2.5 como mínimo para aqueles doentes cujo intervalo de anticoagulação recomendado é entre 3.0 a 4.5. No caso de tratamentos com um risco de hemorragia relativamente elevado (p. ex., extrações dentárias), o anticoagulante deve ser suspenso durante 48 horas e retomado na noite da cirurgia. Devem ser tomadas medidas hemostáticas locais. • T r a t a m e n t o s d e a l t o r i s c o : nestes casos, pode haver necessidade de suspender o anticoagulante durante cinco ou mais dias. Os valores de anticoagulação devem ser obtidos antes da cirurgia para se verificar se indicam uma hemostase normal. Em alternativa, em doentes que vão ser sujeitos a extrações múltiplas, a suspensão do anticoagulante pode ser feita apenas durante dois dias mas recorrendo adicionalmente ao uso do ácido tranexâmico (antifibrinolítico) para controlar as hemorragias.

Estratégias adicionais e medidas locais para controlar a hemorragia Alguns procedimentos adicionais para reduzir o risco de hemorragia são, por exemplo, subdividir as extrações múltiplas em várias sessões, usar anestesia infiltrativa, intraligamentar ou intraóssea em substituição de bloqueios e medidas hemostáticas locais, que podem ser mecânicas (suturas, compressão), agentes químicos (trombina) e substâncias hemostáticas reabsorvíveis (celulose oxidada, colagénio) (Cohen SG e Glick M, 1990; Carr MM e Mason RB, 1992; Blinder D e cols., 1999; Zanon E, 2003; Beirne, 2005; Perry et al., 2007; Pototski e Amenábar, 2007; António et al., 2008; Jiménez et al., 2008; Sutherland et al., 2009). Sanz e Madrid (2007) acrescentam ainda que agentes hemostáticos como a esponja de gelatina e a cola de fibrina são úteis e recomendados em pacientes submetidos a cirurgia oral, a fazer terapêutica anticoagulante. Al-Mubarak et al. (2007) defendem que a decisão de suturar deverá ser avaliada caso a caso, baseando-se no trauma a que os tecidos moles foram sujeitos, uma vez que no seu estudo clínico obtiveram maior incidência de sangramento pós-operatório no grupo onde foi aplicada sutura, embora sendo insignificante. O doente deverá ser informado da necessidade de repouso durante as primeiras duas ou três horas pós-operatórias; evitar lavar a boca durante 24 horas; evitar tossir e evitar tocar com a língua ou materiais estranhos no local da intervenção. Recomendar uma dieta líquida e fria no primeiro dia de pós-operatório. Instruir a aplicação de gelo na face por períodos de 20 minutos, útil na diminuição do risco hemorrágico e uma importante medida analgésica. Aconselhar a não tomar AINEs, preferindo paracetamol ou inibidores da COX-2 (Pototski e Amenábar, 2007; António et al., 2008). Alguns estudos (Sindet-Pedersen S e Stenbjerg S, 1986; Sindet-Pedersen S e cols.,1988; Sindet-Pedersen S e cols.,

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1989) mostram que a aplicação local de ácido tranexâmico reduz significativamente a incidência de hemorragia pós-operatória em pacientes com próteses valvulares cardíacas que tomam anticoagulantes orais e que se encontram nos níveis terapêuticos de anticoagulação. O ácido tranexâmico impede a degradação proteolítica da fibrina, promovendo a sua estabilização dentro do alvéolo dentário e a aceleração da cicatrização (Weibert R, 1992). Esta substância é considerada sete a dez vezes mais potente do que o ácido aminocapróico e apresenta menos efeitos secundários a nível gastro-intestinal, pelo que tem sido cada vez mais utilizada (Rizza CR, 1980).

Conclusões Perante um doente em tratamento com anticoagulantes orais e que necessite de ser submetido a cirurgia oral, devemos fazer um controle rigoroso dos níveis de anticoagulação, preferencialmente usando a RNI e no mesmo dia da intervenção. Se os valores se encontrarem dentro dos limites de segurança, em função do tratamento dentário a realizar, a terapêutica não necessita de ser interrompida, desde que o ato cirúrgico não seja de risco elevado, evitando-se assim a possibilidade de ocorrerem acidentes tromboembólicos. Se a RNI exceder aquele valor, a dose do anticoagulante pode ser diminuída ou suspensa até se atingirem valores seguros. Em todo o caso, devemos empregar sempre técnicas cirúrgicas o menos traumáticas


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Tópicos de cirurgia oral possível e promover medidas hemostáticas locais, podendo ser adequado o uso de antifibrinolíticos. Assim, perante a análise destas evidências cientificas, recomenda-se que, se o paciente apresentar um INR igual ou inferior a três, a intervenção na cavidade oral

poderá ser efetuada sem necessidade de ajuste dos níveis de anticoagulação (com o apoio de medidas hemostáticas locais). Caso a RNI seja superior a três, será necessário ajustar a dose do anticoagulante até atingir valores de RNI iguais ou inferiores a três.

Bibliografia 1 . A l - M u b a r a k S , A l - A l i N , A b o u R a s s N e c o l s . Postoperative bleeding and oral anticoagulants. British Dental Journal 2007; 203( 7): 410-412. 2 . A l e x a n d e r R , F e r r e t t i A C , S o r e n s e n J R . Stop the nonsense not the anticoagulants: a matter of life and death. NY State Dent J 2003; 69: 7. 3 . A n t ó n i o N , C a s t r o G , R a m o s D e c o l s . Controvérsias na anticoagulação oral: continuar ou interromper os anticoagulantes orais durante a intervenção estomatológica? Rev Port Cardiol 2008; 27 (4): 531-544. 4 . B e i r n e O R . Evidence to continue oral anticoagulant therapy for ambulatory oral surgery. J Oral Maxillofac Surg 2005; 63:540-545. 5 . B e n i t o - U r d a n e t M , B e n i t o - U r d a n e t a M , Bernardoni-Socorro C e cols. Manejo odontologico del paciente con terapia antitrombotica. Acta Odontológica Venezolana 2009; 47(1): 1-11. 6 . B e n o l i e l R , L e v i n e r E , K a t z J , T z u k e r t A . 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A nossa secção de “Ciência e Prática” está à disposição dos profissionais do setor…


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Reabilitação oral com recurso à tecnologia Cad-Cam

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Ciência e prática Introdução O caso que agora apresentamos diz respeito a uma reabilitação fixa com coroas implanto-suportadas numa pessoa desdentada parcial, do sexo feminino, com 40 anos de idade. História clínica sem patologias dignas de realce.

O motivo da apresentação do caso clínico deve-se a alguma complexidade técnica do procedimento cirúrgico-protético, ao facto da técnica utilizada ser relativamente recente, e ao resultado obtido.

Artur Nunes da Silva Artur Nunes da Silva Médico dentista. Prática em clínica privada (Porto). Sérgio Calvão de Melo Médico dentista. Membro ITI. Prática em clínica privada (Braga).

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Ciência e prática Descrição do caso Após estudo pré-implantar realizado com Orto e TC (figs. 1 a 5), verificámos que não havia volume ósseo suficiente para colocar os implantes na posição ideal, tendo em atenção a estética e a função. O problema que se nos coloca na prática clínica é, no fundo, um problema, ou antes, um desejo e uma busca do homem desde tempos imemoriais: a busca da perfeição na justa combinação da robustez e da estética.

Como a doente recusou liminarmente a hipótese de enxerto ósseo devido ao facto de ir trabalhar para o estrangeiro e não haver tempo de terminar a reabilitação dentro dos seus prazos, optámos por colocar os implantes (Osseo Speed da Astra Tech), alguns imediatamente após a extrações (fig. 6), limitados à posição que o “terreno” permitia, e maximizar a função e a estética através de pilares individualizados.

Figura 1.

Figura 2.

Figura 3.

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Figura 4.

Figura 5.

Através dos pilares de transferência podemos confirmar que a posição em que os implantes foram colocados não era a ideal, tanto em termos de paralelismo como na sua orientação e emergência (figs. 7 a 9). O pós-operatório decorreu dentro da normalidade. Como a densidade óssea era do tipo III, esperamos oito semanas como período de osteointegração, passadas as quais procedemos à colocação de pilares de cicatrização durante 15 dias. Iniciámos a fase protética com os moldes, realizados em poliéter (Impregum, 3M), técnica de moldeira fechada, e enviados ao laboratório

Figura 7.

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Figura 6.

Figura 8.

Figura 9.


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Ciência e prática para a realização da supra-estrutura individualizada (fig. 10). Este material possui uma memória elástica excecional, com garantia de uma fiabilidade e precisão insuperáveis (hidrofilia e tixotropismo). A digitalização permite séries de medições rigorosas dos tecidos moles circundantes (margens e papilas) e pontos de contacto, e a consequente determinação dos

planos e guias bucolinguais, plano oclusal e eixo de inserção no programa Cad. Estes pilares são criados “à medida”, isto é, adaptados a cada caso, com determinada orientação, morfologia e contorno marginal. São maquinados a partir de um bloco de Ti ou Zr evitando as fusões que acarretam sempre alguma alteração dimensional dificilmente controlável.

Figura 10.

Figs. 11 e 12. Os moldes foram passados a gesso e nos modelos resultantes foram executados os enceramentos com preocupações estéticas e oclusais.

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Fig. 13. Os modelos foram digitalizados no laboratório e enviados, via internet, para a Suécia, sede europeia da Atlantis (sistema é baseado no software Virtual Abutment Design – VAD), para a realização dos pilares individualizados em Ti, através de um sistema Cad-Cam.

Fig. 14. Pilares dos implantes, correspondentes aos dentes 1.1 e 2.1 desenhados em função da oclusão.

Fig. 15. Cad vestibular dos pilares dos implantes, correspondentes aos dentes 1.1 e 2.1, em função das coroas.

Fig. 16. Cad palatino dos pilares dos implantes, correspondentes aos dentes 1.1 e 2.1, em função das coroas.

Fig. 17. Cad palatino dos pilares, para visualização da angulação dos mesmos relativamente aos implantes correspondentes aos dentes 1.1 e 2.1.

Fig. 18. Vista oclusal dos pilares dos implantes dentro das coroas pré-definidas pelo enceramento laboratorial.

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Fig. 19. Foi retirada a gengiva em silicone para uma melhor perceção da ligação ao implante e da morfologia e perfil de emergência gengival.

Fig. 20. Visão mais detalhada e pormenorizada das características mencionadas na foto anterior.

Fig. 21. Aparafusamento em boca do pilar Atlantis, ao implante 2.1.

Fig. 22. Pilares prontos a receberem as respetivas coroas.

Fig. 23. Vista palatina dos pilares aparafusados aos implantes, correspondentes aos dentes 1.1 e 2.1.

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Figs. 24 e 25. Modelo com os pilares, digitalizado no laboratório para execução das coroas, também através do sistema Cad-Cam, em Valença.

Fig. 26. Construção da casquete metálica no laboratório, em sistema Cad-Cam, após aplicação do espaçador.

Fig. 27. Casquete metálica virtual, feita no laboratório, em sistema Cad-Cam.

Fig. 28. Vista palatina das coroas, no modelo, sobre os pilares. Zona dos 1.1 e 2.1.

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Fig. 29. Lado direito. Resultado estético final dos dentes 1.5, 1.4, 1.1 e 2.1.

Fig. 30. Lado esquerdo. Resultado final dos dentes 1.1, 2.1 e 2.4.

Fig. 31. Vista palatina dos cinco dentes terminados.

Toda esta sequência desde a figura 14 até à figura 31, isto é, desde o desenho em Cad/Vad dos pilares até ao seu fabrico em Ti (Cam), da sua colocação na boca até à realização das coroas respetivas, também em sistema Cad/Cam, e da finalização do trabalho com a sua cimentação aos pilares, dos implantes correspondentes aos dentes 1.1 e 2.1, processar-se-á igualmente para os implantes correspondentes aos dentes 1.4, 1.5 e 2.4. Para não nos repetirmos e com isso alongar desnecessariamente o trabalho, prescindimos de o fazer. Vantagens da utilização deste tipo de pilares, relativamente aos Standard e UCLA, e principiando pelas determinantes do desenho: • São desenhados a partir da forma ideal do dente e do perfil de emergência adaptado a este. • Perfil de emergência optimizado de forma a conferir o melhor suporte aos tecidos moles.

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• Ajuste perfeito das conexões, assegurando a estabilidade dos componentes e a minimização das complicações mecânicas. • Forma anatómica, como preparações em dentes naturais. • Compensações de posições de implantes anguladas e excêntricas. • Incremento na retenção das próteses. • Margens precisas. Asseguram um selamento ideal da interface coroa-pilar, uma adaptação estável dos componentes e um aumento da resistência à fratura no conjunto pilar-coroa. • Forma ideal na preparação coronária. • Paralelismo em casos de unidades múltiplas. • A morfologia em função da estética pretendida e da maior resistência. • Evitar o stock de pilares pré-fabricados.


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Fig. 32. Ortopantomografia final após reabilitação superior.

Comentário As indicações principais para o uso destes pilares são: • Resolução de problemas de distância interoclusal limitada. • Angulação do implante. • Reduzida distância interproximal. • Resposta do tecido mole. • Estética. Devido à angulação dos implantes, o resultado estético obtido foi excelente; era improvável a mesma robustez e o mesmo nível estético com pilares standard ou UCLA.

Bibliografia 1 . A b d u o J , L y o n s K , B e n n a n i V , W a d d e l l N , S w a i n M . Fit of screw-retained fixed implant frameworks fabricated by different methods: a systematic review. Int J Prosthodont. 2011 May-Jun; 24 (3): 207-20. 2 . A p i c e l l a D , V e l t r i M , C h i e f f i N , P o l i m e n i A , G i o v a n n e t t i A , F e r r a r i M . Implant adaptation of stock abutments versus Cad/Cam abutments: A radiographic and Scanning Electron Microscopy study. Annali di Stomatologia 2010;1(3):10-14. 3 . F u s t e r - T o r r e s M A , A l b a l a t - E s t e l a S , A l c a n i z - R a y a M , P e n a r r o c h a - D i a g o M . Cad-Cam dental systems in implant dentistry: update. Med Oral Patol Oral Cir Bucal 2009;14(3):E141-5. 4 . H o l t L R . A c a s e s t u d y : A custom posterior abutment compared with a prefabricated stock abutment. Inside Dentistry 2008;Sept:2-3. 5 . K a p o s T , A s h y L M , G a l l u c c i G O , W e b e r H P , W i s m e i j e r D . Computer-aided design and computer-assisted manufacturing in prosthetic implant dentistry. Int J Oral Maxillofac Implants. 2009;24 Suppl:110-7. 6 . K a r a t a fl l i O , K u r s o € l u P , C a p a N , K a z a z o € l u E . Comparison of the marginal fit of different coping materials and designs produced by computer aided manufacturing systems. Dent Mater J. 2011 Feb 4;30(1):97-102. Epub 2011 Jan 26. 7 . S a r a f i d o u K , S t i e s c h M , D i t t m e r M P , J o r n D , B o r c h e r s L , K o h o r s t P . Load-bearing capacity of artificially aged zirconia fixed dental prostheses with heterogeneous abutment supports. Clin Oral Investig. 2011 May 24. 8 . V i g o l o P , F o n z i F , M a j z o u b Z , C o r d i o l i G . Evaluation of gold-machined UCLA-type abutments and CAD/CAM titanium abutments with hexagonal external connection and with internal connection. Int J Oral Maxillofac Implants. 2008 Mar-Apr;23(2):247-52. 9 . W u T , L i a o W , D a i N , T a n g C . Design of a custom angled abutment for dental implants using computer-aided design and nonlinear finite element analysis. J Biomech. 2010 Jul 20;43(10):1941-6. Epub 2010 Apr 10.

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Estudo preliminar de prevalência de pigmento extrínseco negro (black stain) Prémio ao Melhor Póster Científico PADS-MAXILLARIS (I CNEMD, Maia/Porto)

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Ciência e prática Resumo • Introdução: a literatura científica disponível propõe hipóteses de trabalho relativamente à etiologia, mecanismos de ação do pigmento extrínseco negro (black stain), assim como uma possível associação com um decréscimo do número de lesões de cárie. • Objetivos: determinação da prevalência de pigmento extrínseco negro (black stain), determinação dos índices CPOD e CPOS e comparação descritiva dos

índices CPOD e CPOS dos indivíduos afetados com pigmento extrínseco negro (black stain). • Materiais e métodos: estudo de prevalência; amostra de conveniência. População de estudo de 249 crianças a frequentar os jardins de infância e ensino básico das localidades de Paços de Brandão (distrito de Aveiro) e Alfena (distrito do Porto); a metodologia de observação - Oral Health Surveys: Basic Methods OMS, 4ª ed., 1997; análise descritiva dos dados; pesquisa bibliográfica - Pubmed.

Daniel Silva Daniel Silva Aluno do Mestrado Integrado em Medicina Dentária pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde - Norte (ISCS-N). Liliana Rocha Aluna do Mestrado Integrado em Medicina Dentária pelo ISCS-N. Cristina Coelho Médica dentista. Professora coordenadora sem agregação do Instituto Politécnico de Saúde do Norte (IPSN). Teresa Vale Médica dentista. Regente Clínica Odontopediátrica III do ISCS-N. Paulo Rompante Médico dentista. Chefe do Serviço de Saúde Oral Infantil e Prevenção do ISCS-N. Porto. MAXILLARIS, m a i o 2 0 1 2

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Ciência e prática

Black stain circunscrito à face vestibular do dente 5.5.

Black stain generalizado pela face lingual dos dentes inferiores.

• Resultados: a prevalência de black stain na população de estudo foi de 6.02%. Os índices CPOD e CPOS evidenciaram uma marcada divergência entre a população de estudo identificada com black stain: ICPOD = 0.40, ICPOS = 0.01, e sem black stain: ICPOD = 1.92, ICPOS = 0.04. • Discussão: a prevalência de black stain na população de estudo e a relação da análise descritiva dos resultados da prevalência de black stain com os índices CPOD e CPOS estão de acordo com a literatura científica revista. O índice CPOD da população de estudo não está de acordo com os levantamentos epidemiológicos publicados pelas entidades oficiais em Portugal Continental. • Conclusão: a prevalência de black stain na nossa população de estudo é de seis indivíduos em cada cem. Os índices CPOD e CPOS são menores na população de estudo com black stain quando comparados com a população de estudo sem black stain. • Palavras-chave: tooth, black stain.

A pigmentação dispõe-se paralelamente à margem gengival, sendo firmemente aderidas ao esmalte e circunscritas ao terço cervical da coroa, evidenciando proximidade com os canais excretores salivares, tanto na dentição temporária como na permanente1-5.

Objetivos Determinação da prevalência de pigmento extrínseco negro (black stain), determinação dos índices CPOD e CPOS e comparação descritiva dos índices CPOD e CPOS dos indivíduos afetados com pigmento extrínseco negro (black stain).

Materiais e métodos • • • •

Introdução A literatura científica disponível propõe hipóteses de trabalho relativamente à etiologia, mecanismos de ação do pigmento extrínseco negro (black stain), assim como uma possível associação com um decréscimo do número de lesões de cárie1-5, 7-12. Black stain pode ser diagnosticado como linhas inacabadas, pontos ou manchas formadas por uma substância exógena negra, com elevada adesão às superfícies dentárias1-5, 12.

Caracterização da população de estudo por faixa etária. (n/faixa etária).

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• • • • •

Tipo de estudo: estudo descritivo de prevalência. Tipo de amostra: amostra de conveniência. Amostra: 250 indivíduos. Critérios de inclusão: indivíduos que frequentam ensino público nos jardins de infância e ensino básico de Paços de Brandão e Alfena. Critérios de exclusão: indivíduos com necessidades especiais de educação, que apresentam dificuldades de abertura da cavidade oral para colheita de dados. População de estudo (n): n = 249. Metodologia: Oral Health Surveys: Basic Methods OMS, 4ª ed., 19976. Análise de dados: análise descritiva. Microsoft Office 2010, Excel®. Pesquisa bibliográfica: Pubmed.

Caracterização da população de estudo por sexo. (n/sexo).


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Ciência e prática Resultados

Prevalência black stain/faixa etária.

ICPOD/sexo.

Prevalência black stain/sexo.

ICPOS/faixa etária.

Localização do black stain.

ICPOS/sexo.

ICPOD/faixa etária.

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População de estudo

ICPOD

0,4

com black stain

ICPOS

0,01

População de estudo

ICPOD

1,92

sem black stain

ICPOS

0,04

Black stain/ICPOD/ICPOS.


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Ciência e prática Discussão O black stain encontra-se pouco descrito na literatura, provavelmente por não se tratar de um quadro clínico com sequelas para os tecidos duros dentários, tecidos moles orais e estruturas anexas. Persiste o desconhecimento acerca da sua etiologia, assim como os mecanismos bioquímicos que lhe estão associados. Estudos apontam para uma forte ligação a bactérias, nomeadamente, bactérias cromogénicas anaeróbias gram positivas, sendo Actinomyces israeli i um exemplo1,5,7,9,11. A literatura sugere a associação de valores acrescidos de cálcio salivar em crianças com black stain , constituindo um pH mais alcalino, conferindo o efeito protetor descrito contra as agressões de desmineralização associadas à doença cárie1,2,4,5,10. Os achados levam a comunidade científica a atribuir um carácter marcado de recidiva a este quadro clínico, sobretudo até à adolescência1,4. A nossa população de estudo reportou uma prevalência de black stain de 6,02%, o que está de acordo com os valores descritos na literatura, 5-20%1,2,4. A faixa etária compreendida entre os oito e os nove anos e o género masculino são os mais afetados.

A prevalência de black stain na população de estudo e a relação da análise descritiva dos resultados da prevalência de black stain com os índices CPOD e CPOS estão de acordo com a literatura científica revista. O índice CPOD da população de estudo não está de acordo com os levantamentos epidemiológicos publicados pelas entidades oficiais em Portugal Continental8. A literatura revista preconiza que a presença de black stain providencia um decréscimo da suscetibilidade à doença cárie, o que está de acordo com os resultados comparativos obtidos. Da análise descritiva dos resultados observou-se que a medição dos índices CPOD e CPOS apontaram para uma marcada divergência nos valores registados na população de estudo identificada com black stain e na sem black stain, sendo que, as crianças com situação clínica de black stain apresentavam uma visível diminuição do número de lesões de cáries cavitadas. Não obstante os resultados comparativos, consideramos que não há fundamentação metodológica, pelo tipo de análise proposta neste trabalho, que sustente a associação, pelo que este estudo constitui mais um contributo para a hipótese de trabalho da possível associação entre black stain e doença cárie.

Conclusão A prevalência de black stain na nossa população de estudo é de seis indivíduos em cada cem. Os índices CPOD e CPOS são menores na população de estudo com black stain quando comparados com a população de estudo sem black stain. São necessários mais estudos que possam ajudar a explicar a etiologia e os mecanismos subjacentes à expressão de black stain na cavidade oral, com desenhos metodologicamente mais robustos.

Bibliografia 1 . B a n d o n D , C h a b a n e - L e m b o u b A , L e G a l l M . Exogenous black dental colorings at the child: Black-stains. Archives de pédiatrie 2011; 1348-1352. 2 . H e i n r i c h - W e l t z i e n R , M o n s e B , v a n P a l e n s t e i n H e l d e r m a n W . Black stain and dental carie in Filipino schoolchildren. Community Dentistry and Oral Epidemiology 2009; 37: 182-187. 3 . G a l l a r d o V , C e n c i l l o C . Tinción cromógena: un problema habitual en la clínica pediátrica. Anales de pediatría 2005; 62(3): 258-60. 4 . R o n a y V , A t t i n T . Black stain – a review. Oral health and preventive dentistry 2011; 9(1):37-45. 5 . R e i d J S , B e e l e y J A , M a c D o n a l d D G . Investigations into black extrinsic tooth stain. Journal of dental research 1977; 56(8):895-9. 6 . O r a l H e a l t h Surveys: Basic Methods OMS, 4ª ed., 1997. 7 . K o c h M J , B o v e M , S c h r o f f J , P e r l e a P , G a r c í a - G o d o y F , S t a e h l e H J . Black stain and dental caries in schoolchildren in Potenza, Italy. ASDC journal of dentistry for children 2001; 68(5-6):353-5, 302. 8 . D G S . Estudo Nacional de Prevalência da Cárie dentária na população escolarizada 2000. 9 . S a b a C , S o l i d a n i M , B e r l u t t i F , V e s t r i A , O t t o l e n g h i L , P o l i m e n i A . Black stain in the mixed dentition: a PCR microbiological study of the etiopathogenic bacteria. The Journal of clinical pediatric dentistry 2006; 30(3):219-24. 1 0 . T h e i l a d e J , P a n g K M . Scanning electron microscopy of black stain on human permanent teeth. Scanning microscopy 1987; 1(4):1983-9. 1 1 . l o t s J . The microflora of black stain on human primary teeth. Scandinavian journal of dental research 1974; 82(7):484-90. 1 2 . T h e i l a d e J , S l o t s J , F e j e r s k o v O . The ultrastructure of black stain on human primary teeth. Scandinavian journal of dental research 1973; 81(7):528-32.

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Ricardo Vicente Médico dentista. Prática clínica em Endodontia no Centro de Diagnóstico e Rebailitação Oral da Maia.

Principais irrigantes utilizados no tratamento endodôntico

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O objetivo do tratamento endodôntico primário deve ser a otimização da desinfeção dos canais radiculares e evitar a sua reinfeção1. Para atingir estes pressupostos é muito importante combinar uma instrumentação adequada com métodos de irrigação eficazes e uma obturação canalar ótima. As bactérias têm sido reconhecidas como os principais fatores etiológicos no desenvolvimento de pulpites e lesões periapicais2. Por isto mesmo, o desbridamento químico-mecânico completo do tecido pulpar e a remoção dos detritos dentinários são determinantes na eliminação das bactérias bem como de outros microrganismos infeciosos1. A câmara pulpar é a primeira área de intervenção para se conseguir a desinfeção dos canais radiculares. Deverá ser moldada e ampliada até um tamanho que permita fornecer fluídos antibacterianos a todo o sistema canalar (fig. 1).

Os irrigantes usados nesta tarefa vão ajudar a dissolver o tecido pulpar, desinfetar as paredes dos canais e expulsar os detritos, mas a sua eficácia é limitada pelo acesso ao apex dos canais. Assim, é importante encontrar formas de otimizar o acesso dos irrigantes (sem, contudo, ultrapassar o limite apical), pelo que os diferentes designs de agulhas (fig. 2) e a agitação dos irrigantes (por ação ultrasónica) diminuem os problemas de penetração dos irrigantes. Sabe-se ainda que uma boa irrigação dos canais radiculares é o passo mais importante para a cicatrização dos tecidos periapicais1,2. Resumem-se, em seguida, as principais ações que o irrigante ideal deverá possuir2: • Ter um amplo espetro antimicrobiano e elevada eficácia contra microrganismos anaeróbios e facultativos organizados em biofilmes.

Fig. 1. Cavidade de acesso a um 2.7.

Fig. 2. Alguns tipos de designs das agulhas de irrigação.

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Fig. 3. Irrigação com NaOCl a 5%, visualizando-se a dissolução da matéria orgânica.

• Dissolver restos de tecidos necróticos da polpa. • Inativar endotoxinas. • Prevenir a formação de uma camada de esfregaço (smear layer) durante a instrumentação ou dissolver este último, uma vez formado. • Ser sistemicamente não tóxicos. • Não ser cáusticos para os tecidos periodontais. • Ter pouco potencial para causar uma reação anafilática.

Hipoclorito de sódio (NaOCl) O Hipoclorito de sódio (NaOCl) tem uma extensa história no tratamento endodôntico sendo, ainda hoje, o irrigante mais utilizado na endodontia. Utiliza-se em concentrações de 0,5% a 6,0%, devido à sua capacidade bactericida e de dissolução de matéria orgânica e necrótica2,4 (fig. 3). Existe ainda muita controvérsia sobre a solução de NaOCl mais eficaz no tratamento endodôntico não cirúrgico a nível da concentração e do tempo de irrigação, estando descrito que a concentração de NaOCl mais eficaz é a de 5,25% durante 40 minutos. Além da concentração e do tempo de irrigação, está descrito que a variação do pH e da temperatura, assim como a agitação ultrasónica, influenciam a eficácia antibacteriana, a capacidade de dissolução de teci-

Fig. 4. Solução de EDTA.

dos em todo o sistema canalar e a toxicidade das soluções de NaOCl1. No entanto, as soluções de NaOCl não exercem qualquer efeito sobre os componentes inorgânicos e na smear layer.

Agentes quelantes Soluções quelantes têm sido recomendadas para a remoção da camada de esfregaço (smear layer) de canais radiculares instrumentados, que incluem o ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), ácido cítrico, e ácido fosfórico2. Agentes desmineralizantes, como o EDTA e o ácido cítrico, têm sido reportados como adjuvantes na terapia canalar, mostrando grande capacidade de remoção da smear layer2, impedindo a adesão do biofilme às paredes dos canais e mostrando grande biocompatibilidade. São igualmente eficazes nas calcificações fequentemente encontradas no sistema de canais que impedem a correta instrumentação do canal4. Estudos demonstram que a utilização de EDTA a 17% em combinação alternada com o NaOCl a 5% é mais eficaz na redução da carga bacteriana no sistema canalar do que o NaOCl sozinho2 e melhora a resistência da superficie dentinária1 (fig. 4).

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Fig. 5. Irrigação com NaOCl e utilização de ultra-sons para remoção do smear layer resultante da instrumentação mecanizada.

Outros estudos mostram que o uso de EDTA a 17% no sistema canalar com a utilização de ultrasons durante um minuto é eficaz na remoção do smear layer na região mais apical do sistema canalar, assim como nas paredes dos canais1 (fig. 5).

Clorohexidina A clorohexidina (CHX) é um poderoso antisético, usado idealmente para o controlo químico da placa bacteriana na cavidade oral. Normalmente, a solução aquosa recomendada para esse propósito é de 0,2%, enquanto na literarura endodôntica está descrita numa concentração de 2% para irrigação canalar2. A clorohexidina a 2% tem sido sugerida como uma solução irrigante alternativa ao NaOCl pelo seu largo espetro antimicrobiano e a sua relativa baixa toxicidade. A CHX é uma bisguanida catiónica que parece atuar por adsorção nas paredes celulares dos microrganismos causando a sua destruição. Em baixas concentrações tem efeito bacteriostá-

tico, enquanto em altas concentrações atua como bactericida. A sua atividade microbiana ótima revela-se com um pH compreendido entre 5.5 e 7.0 3. A clorohexidina não pode ser considerada como o principal irrigante em tratamentos endodônticos pela sua incapacidade de dissolver tecidos necróticos e pela sua menor eficácia de atuação nas bactérias Gram-negativas do que nas bacterias Gram-positivas2.

Conclusão Todas as soluções de irrigação ao nosso dispor têm as suas limitações e a procura pelo irrigante ideal continua com o desenvolvimento de novos materiais e novos métodos. Como exemplo de novos irrigantes temos o MTDA, o tetraclean, as soluções electroquimicamente ativadas, a água ozonada, e os irrigantes à base de plantas, que apresentam algumas vantagens em relação às soluções irrigantes convencionais, mas não se apresentando, todavia, como uma alternativa eficaz ao NaOCl como irrigante principal.

Bibliografia 1 . K a n d a s w a m y D ; V e n k a t e s h b a b u N . Root canal irrigants. J Conserv Dent. 2010 Oct-Dec; 13(4): 256–264. 2 . J a j u S , J a j u P P . Newer root canal irrigants in horizon: a review. Int J Dent. 2011. 3 . B a s h e t t y K , H e g d e J . Comparison of 2% chlorhexidine and 5.25% sodium hypochlorite irrigating solutions on postoperative pain: a ran-

domized clinical trial. Indian J Dent Res 2010;21:523-7. 4 . Z e h n d e r M . Root canal irrigants. J Endod 2006 May; 32(5):389-98.

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Biblioteca Multimedia

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Carla Ascenção, jornalista

O sorriso é uma forma de comunicação

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FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS POR CENTRAL MODELS

O meu sorriso


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O meu sorriso Carla Ascenção é um dos rostos mais conhecidos do Porto Canal. Não é por acaso que a apresentadora, que já passou também pelos estúdios da RTP e da TVI, tem um dos sorrisos mais populares da televisão portuguesa. A jornalista, de 31 anos, que reconhece ter “um sorriso marcante, que me identifica”, atribui especial importância à saúde oral e, apesar do confesso “pavor ao dentista”, não deixa de ir às consultas com determinação. M AXILLARIS. Com que regularidade vai ao dentista? C a r l a A s c e n ç ã o . Vou pelo menos uma vez por ano, para fazer um check-up dentário. Para mim, é essencial fazer uma consulta anualmente. Acho que toda a gente deveria fazê-lo, para avaliar o estado de saúde oral e prevenir possíveis patologias. M Que cuidados de higiene oral tem

diariamente? C a r l a A s c e n ç ã o . Escovo corretamente os dentes após cada refeição e uso o fio dentário. Além disso, procuro ter uma alimentação saudável.

M Que tipo de escova de dentes usa? C a r l a A s c e n ç ã o . Devemos ter em conta as especificidades e características da pasta e da escova de dentes, e adequá-las ao nosso caso. Eu uso uma escova suave, para não ferir a gengiva, e uma pasta dentífrica multi-proteção, ambas recomendadas pelo meu dentista. M Já recorreu a tratamentos dentários específicos? C a r l a A s c e n ç ã o . Nunca tive necessidade de recorrer a grandes tratamentos. A única coisa que fiz – e já lá vão alguns

anos – foi tratar uma cárie. Nas consultas anuais aproveito sempre para remover a placa bacteriana.

M Com qual (ou quais) das seguintes sensações se identifica mais quando se senta na cadeira do dentista: pavor, resignação ou determinação? C a r l a A s c e n ç ã o . Confesso que tenho pavor ao dentista, mas isso não é motivo nem desculpa para deixar de ir a uma consulta. Atribuo muita importância à saúde oral e, por isso, vou sempre às consultas, pelo menos uma vez por ano, e vou determinada! Como faço esta avaliação regular e tenho bons hábitos de higiene oral, as consultas são sempre muito curtas e rápidas porque, felizmente, nunca tenho nenhum problema a tratar. Por isso, ir ao dentista acaba por não ser um pesadelo. Sabermos que o nossos dentes e a nossa boca estão de boa saúde é também um incentivo para a manutenção dos bons hábitos de higiene. M Evita fumar ou comer algum tipo de alimento ou bebida que escureça os dentes? C a r l a A s c e n ç ã o . Sempre tive, por natureza, os dentes muito brancos. Não sei se herdei esta característica dos meus pais, que também têm um sorriso muito bonito, mas a verdade é que tanto eu como o meu irmão temos a sorte de ter uns dentes muito claros e alinhados, sem nunca termos feito nenhum tratamento para o conseguirmos. No entanto, confesso que não fumo e evito bebidas com álcool e refrigerantes, mas não o faço por receio de escurecer os dentes ou por imposição da minha profissão, mas sim porque gosto de ter um estilo de vida saudável.

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Considero muito importante ter uma boa dieta alimentar e optar por alimentos saudáveis. Adoro comer saladas com verduras, peixe grelhado, carnes brancas e as frutas da época. Bebo pelo menos um litro e meio de água por dia.

M Ter um sorriso bonito é importante na sua profissão? C a r l a A s c e n ç ã o . É importantíssimo para qualquer pessoa, independentemente da profissão. Para além da função mastigatória, os dentes são um dos principais fatores estéticos que definem a nossa identidade. Ninguém fica indiferente a um sorriso cuidado e harmonioso. O sorriso é uma forma de comunicação e quanto mais bonito for, mais nos aproxima do nosso interlocutor. Uma pessoa que tenha os dentes desalinhados ou manchados, por exemplo, pode causar à partida um impacto negativo nos outros. No meu caso, acho que tenho um sorriso marcante, que me identifica. M Qual foi o maior elogio que já ouviu ao seu sorriso? C a r l a A s c e n ç ã o . Não consigo destacar um elogio ou uma situação, porque todos os elogios ao meu sorriso são sempre muito simpáticos e confesso que me sabem bem, porque é algo em que tenho orgulho de cuidar e tratar! M Qual é o sorriso que não a deixa indiferente? C a r l a A s c e n ç ã o . Numa altura em que as pessoas andam tão cinzentas, nunca fico indiferente a quem me sorri. Antes de mais, é um gesto que aprecio muito. Depois, alguém que tenha dentes claros, alinhados e bem cuidados, capta inconscientemente a minha atenção.

Numa altura em que as pessoas andam tão cinzentas, nunca fico indiferente a quem me sorri. É um gesto que aprecio muito

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Calendário de cursos Abordagem cirúrgica do seio maxilar Os Laboratórios Inibsa, em parceria com a Nobel Biocare, apoiam a quarta edição do curso de abordagem cirúrgica do seio maxilar, ministrado por Fernando Duarte, que irá decorrer nos próximos dias 15 e 16 de junho, na Clitrofa. O curso contempla as abordagens cirúrgica, biológica e protética resultante do enxerto ósseo do seio maxilar. Destina-se a profissionais com experiência cirúrgica e terá componente hands-on com manipulação de diversos materiais de regeneração, bem como uma cirurgia em direto. sandra_almeida@inibsa.pt

Workshop intensivo de implantologia A Avinent e a Universidade de Barcelona voltam a colaborar na organização do workshop intensivo de implantologia, destinado à capacitação básica para a colocação de implantes. A segunda edição do curso terá lugar, entre os dias 17 e 22 de setembro, na Clínica Odontológica Universitária da citada universidade espanhola. Sob a direção de Carles Subirà, esta formação destina-se a médicos dentistas generalistas ou especialistas. Oferece aos participantes um quadro docente formado por professores universitários com comprovados méritos no âmbito clínico e académico. O curso vai decorrer na Clínica Odontológica da Universidade de Barcelona.

(0034) 902 383 848 • cursos@avinent.com

Ciclo de ortodontia clínica e ortopedia dento-facial O ciclo de excelência "Ortodontia clínica e ortopedia dento-facial", organizado pelo Campus Odontológico Internacional, em Salamanca (Espanha), termina este mês com a realização, entre os dias 17 a 22, do sexto e último módulo do programa. O objetivo desta iniciativa, de carácter formativo, é oferecer um amplo e sólido ensino teórico-prático, baseado em diferentes técnicas que permitirão aos profissionais do setor escolher a melhor técnica para a sua prática clínica diária. (0034) 609 788 884 • info@campusodontologico.com • www.campusodontologico.com

Curso de ortodontia prática A Ledosa (Grupo Ceosa) leva a cabo mais um curso de ortodontia prática, na especialidade de Arco Reto-C, ministrado por Alberto J. Cervera Durán, Alberto Cervera Sabater e Mónica Simón Pardell. O objetivo é divulgar a prática clínica da ortodontia fixa, segundo a técnica de Arco Reto. Os próximos módulos são: • 3. Cimentado e biomecânica; de 24 a 26 deste mês. • 4. Estudo da classe 2ª; de 28 a 30 de junho. • 5. Estudo da classe 3ª; de 19 a 21 de julho. • 6. Diagnóstico atual e introdução à autoligação estética; de 13 a 15 de setembro. • 7. Biomecânica avançada e autoligação; de 4 a 6 de outubro. • 8. Ortodontia multidisciplinar; de 8 a 10 de novembro. Ledosa. (0034) 915 540 979 • cursos@ledosa.com • www.ledosa.com

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Calendário de cursos Formação em estética dentária Ceodont (Grupo Ceosa) dará início, no próximo mês de junho, a mais uma edição do programa de especialização em estética dentária. Esta ação de formação, que conta com Mariano Sanz Alonso, Manuel Antón Radigales e José A. de Rábago Vega como orientadores, obedece ao seguinte calendário: • 1. Cirurgia plástica periodontal; 1 e 2 de junho. • 2. Cirurgia mucogengival e estética; 6 e 7 de junho. • 3. Restauração com compósites I; 21 e 22 de setembro. • 4. Restauração com compósites II; 16 e 17 de novembro. • 5. Capas de porcelana I; 18 e 19 de janeiro de 2013. • 6. Capas de porcelana II; 15 e 16 de fevereiro de 2013. • 7. Coroas de recobrimento total e incrustações; 15 e 16 de março de 2013. Ceodont (Grupo Ceosa). (0034) 915 540 979 cursos@ceodont.com

Seminário sobre preservação alveolar No dia 31 deste mês vai ter lugar, na Clínica de Gondomar, um seminário sobre preservação alveolar, orientado por João Rodrigues de Sousa, especialista na área de biomateriais. Organizada pelos Laboratórios Inibsa, a sessão visa dotar implantologistas e médicos dentistas generalistas que trabalhem em equipa multidisciplinar de conhecimentos teóricos e práticos no domínio da regeneração óssea guiada e preservação alveolar, com o fim de proporcionar maior capacidade de reabilitação no domínio da implantologia e garantir melhores resultados estéticos. Inclui uma demonstração em direto das técnicas. sandra_almeida@inibsa.pt

Curso de desenho de barras Cad-Cam GT-Medical oferece, durante o corrente mês, un curso gratuito e personalizado para todos os profissionais que desejem conhecer as possibilidades do novo Scan-Fit. Com carácter contínuo ao longo do ano, o curso é ministrado por Víctor González Patricio e Antonio Manchón Miralles, especialistas em próteses, nas instalações da GT-Medical na capital espanhola. O programa deste mês centra-se no desenho de barras do novo Scan-Fit, permitindo ao mesmo tempo instruir o participante nos restantes módulos que o scanner apresenta, com o objetivo de proporcionar uma compreensão total do produto. (0034) 913 806 575 • www.gt-medical.com

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Calendário de cursos Centro de Formação Contínua da OMD A Ordem dos Médicos Dentistas prossegue, ao abrigo do programa anual do Centro de Formação Contínua, com a realização de uma série de cursos de fim de dia e cursos modulares de endodontia e dentisteria. Eis o calendário das iniciativas que a OMD reservou para o segundo semestre do ano: Cursos de fim de dia: • Facetas em cerâmica: uma opção previsível (Ana Pragosa); 11 de junho, Faro. • Biopsias na cavidade oral (Nuno Cintra); 2 de julho, Setúbal. • Prótese removível: técnica do modelo alterado ou modificado (Cláudia Silva); 17 de setembro, Braga. • Pulpotomias (Joana Amaral Monteiro); 15 de outubro, Viseu. Cursos modulares de dentisteria: • Versatilidade das resinas compostas (Paulo Júlio Almeida, Jorge André Cardoso e Rui Negrão); 20 de outubro, Madeira. Cursos modulares de endodontia: • Diagnóstico e urgências, técnicas de instrumentação e obturação em endodontia (João Dias); 22 de setembro, Açores. • Curso prático (hands-on) em instrumentação e obturação em endodontia (Paulo Miller); 22 de setembro, Açores. 226 197 690 • www.omd.pt

Formação em cirurgia e prótese sobre implantes A Ceodont tem em marcha mais uma edição do programa de cirurgia e prótese sobre implantes, ministrado por Mariano Sanz Alonso e José de Rábago Vega, com a colaboração de Bertil Friberg. O objetivo é proporcionar ao médico dentista generalista uma série de cursos estruturados em Implantologia, de modo a que possa obter uma formação teórica e clínica, que lhe permita familiarizar-se neste domínio. Os próximos módulos do programa são os seguintes: • Módulo 3: Prótese sobre implantes; de 17 a 19 de maio. • Módulo 4: Curso sobre cadáveres e cirurgia e prótese em casos complexos: de 14 a 16 de junho. Ceodont (Grupo Ceosa). (0034) 915 540 979 cursos@ceodont.com • www.ceodeont.com

Endodontia clínica e lesões endo/perio Em resultado do bem sucedido curso de atualização em endodontia clínica e abordagem de lesões endo/perio, estreado em março passado sob a orientação de Sérgio Matos e Miguel Matos, uma nova edição desta ação formativa está já agendada para os dias 16 e 17 de junho. Mantém-se o programa teórico e a componente prática do tipo hands-on, em que os participantes têm a possibilidade de exercitar várias técnicas de instrumentação e obturação, bem como técnicas cirúrgicas de incisões, retalhos, suturas e aplicação de biomateriais regenerativos. sandra_almeida@inibsa.pt

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Congressos e reuniões Congresso de atualidades em implantologia O Centro de Formação do Instituto de Implantologia organiza, nos próximos dias 1 e 2 de junho, o quarto congresso de atualidades em implantologia. O evento terá lugar na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, numa parceria com a Universidade de Nova Iorque (EUA), apoiada pela Biomet 3i. O programa conta com a participação dos oradores João Caramês, George Romanos, Michael Sonick e August Bruguera. Estão ainda previstos cursos teórico-práticos para todos os profissionais de saúde oral. No âmbito do congresso, terá lugar um encontro inédito em Portugal, que reunirá antigos alunos (nacionais e estrangeiros) da referida universidade norte-americana. www.institutodeimplantologia.com

Congresso anual da OMD muda-se para a Exponor A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) decidiu alterar o local de realização do seu congresso anual. Inicialmente previsto para o Europarque, em Santa Maria da Feira, o encontro deste ano vai ter lugar, afinal, nas instalações da Exponor, em Matosinhos, entre os dias 8 e 10 de novembro. Num ano antecipadamente reconhecido como de conjuntura económica difícil, a OMD procurou adequar-se a esta realidade, antecipando melhores condições para os expositores. Ao eleger a Exponor, a organização passa a oferecer uma localização com melhores condições de acesso, com maior oferta hoteleira e a preços mais acessíveis, criando condições para que se aumente o conforto dos participantes e se consiga aproximar o congresso do centro da cidade do Porto. www.omd.pt

SPEMD organiza XXXII congresso anual A XXXII edição do congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) está agendada para os dias 12 e 13 de outubro próximo. Lisboa é a cidade anfitriã do encontro anual da SPEMD, cujo programa irá decorrer nos auditórios do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Estão confirmados no programa os conferencistas estrangeiros Roberto Spreafico (Itália), Serge Bouillaguet (Suíça) e Francesco Martelli (Itália), bem como os oradores nacionais Pedro Toscano, Joana Godinho, Ana Carla Coelho, Ana Luísa Costa, Carlos Falcão e João Pedro Canta. www.spemd.pt

Congresso de medicina dentária hospitalar celebra-se este mês A terceira edição do congresso de medicina dentária hospitalar vai decorrer entre os dias 17 e 19 deste mês, nas instalações da Liga Portuguesa Contra o Cancro (Porto), sob a égide da Associação Portuguesa de Medicina Dentária Hospitalar. O programa inicia-se na manhã de quinta-feira, dia 17, com um curso pré-congresso subordinado ao tema “Instituto de Trauma e Emergência e Grupo de Trauma e Emergência”. A jornada seguinte será dedicada a uma série de temáticas relacionadas com a atualidade hospitalar, nomeadamente os cuidados de saúde no paciente sénior (Daniel Serrão), diabetes e saúde oral (Ricardo Faria e Almeida), prevenção do cancro oral (Filipe Coimbra) e a implantodontia no âmbito hospitalar (Rogério Gonçalves Velasco), entre outras. O último dia do congresso será preenchido com mais um leque de conferências, na sua maioria dedicadas ao paciente sénior, ao abrigo do terceiro encontro luso-brasileiro de Medicina Dentária Hospitalar que integra o programa do congresso. www.apmdh.org

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Congressos e reuniões SPED organiza quinto congresso em setembro Nos próximos dia 28 e 29 de setembro, o auditório da Fundação de Serralves, na cidade do Porto, acolhe a quinta edição do congresso da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária (SPED). O encontro deste ano reunirá, uma vez mais, um painel de conferencistas de renome nacional e internacional, que darão ênfase a estudos e investigações recentes, bem como às suas experiências e situações clínicas. Neste âmbito, estão já confirmadas as intervenções de Marcelo Calamita e Christian Coachman. Numa lógica de renovação e oportunidade, a organização do congresso dará lugar e voz, pela primeira vez, a novos colegas através da apresentação de pósteres científicos. www.spedportugal.com

21st Century Orthodontic Congress 2012 realiza-se em Lisboa A Dentsply GAC organiza em Lisboa, nos dias 5 e 6 do próximo mês de outubro, a terceira edição do programa 21st Century Orthodontic Congress, subordinado ao tema “A arte da ortodontia”. Na véspera do congresso (dia 4), vai ter lugar um workshop intitulado “Introdução ao sistema eclips lingual”, durante o qual os participantes assistirão a uma apresentação sobre os últimos avanços nos tratamentos linguais. O 21st Century Orthodontic Congress conta com a participação de reconhecidos ortodontistas e outros profissionais do setor, oriundos dos seguintes países: Portugal, Alemanha, Suécia, França, Holanda, Bélgica, Reino Unido, México, Estados Unidos da América e Uruguai. www.gac21st.com

XXIV reunião da SPODF vai ter lugar em Coimbra A próxima reunião científica da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) vai decorrer, entre os dias 17 e 19 deste mês, num hotel de Coimbra. A excelência em ortodontia será o tema em destaque no XXIV encontro anual da SPODF, cujo programa científico prevê uma abordagem a temáticas como a disfunção ATM, cirurgia ortognática, tratamento precoce, estética facial, sistemas autoligantes e ortodontia lingual. www.spodf.pt

Universidade de Lisboa celebra jornadas de Medicina Dentária

966 485 695 jose.fernandes@fmd.ul.pt

As XXVI Jornadas de Medicina Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL) vão ter lugar nos dias 17 e 18 deste mês. O evento contará com a presença de prestigiados oradores nacionais e estrangeiros que se destacam pela sua competência científica e técnica. Serão também realizados cursos teórico-práticos sobre vários temas da saúde oral. Este ano, pela primeira vez, a organização das jornadas conta com a presença de todos os antigos alunos dos dez primeiros cursos de Medicina Dentária da faculdade lisboeta, que servirá de arranque para a Associação de Antigos Alunos da FMDUL.

Reunião de Medicina Dentária e Estomatologia A Área de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra vai realizar, nos dias 24 a 26 deste mês, a XXI Reunião Anual de Medicina Dentária e Estomatologia de Coimbra. A história e tradição deste congresso, que reuniu mais de 600 participantes e 50 conferencistas na sua última edição (2011), há muito que o convertem num evento de referência a nível nacional. A Comissão Organizadora do encontro é presidida por João Carlos Ramos. md@fmed.uc.pt

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Congressos e reuniões Congresso mundial de traumatologia dentária celebra-se no Rio de Janeiro A 17ª edição do congresso mundial de traumatologia dentária vai decorrer no Rio de Janeiro (Brasil), de 19 a 22 de setembro próximo, sob a égide da Associação Internacional de Traumatologia Dentária (IADT na sigla em inglês) e com a colaboração da sociedade brasileira desta especialidade (SBTD) e do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilofacial. Subordinado ao tema “Ciência e arte: expandindo os limites do conhecimento”, o encontro contará com um leque de professores e profissionais do setor de reconhecimento internacional, estando confirmada a presença de oradores do Brasil, EUA, Suécia, França, Noruega, Dinamarca, Reino Unido, Kuwait e Japão. O congresso propiciará aos investigadores e clínicos a oportunidade de apresentarem e discutirem os seus trabalhos na sessão de painéis. Durante o evento, será entregue o Prémio Jens O. Andreasen ao melhor trabalho científico. www.eos2012.com

Viena acolhe em junho o sétimo congresso Europério A sétima edição do congresso Europério, organizada pela Federação Europeia de Periodontia, tem como cidade anfitriã a capital da Áustria. O principal evento mundial dedicado à temática da periodontia, que se realiza de três em três anos, reunirá em Viena, entre 6 e 9 de junho, congressistas e representantes da indústria dentária de toda a Europa e de vários pontos do planeta. Paralelamente, centenas de representantes da indústria dentária mundial apresentarão em Viena as últimas novidades em matéria de serviços, equipamento e produtos nesta área. www.europerio7.com

EOS 2012 realiza-se em Santiago de Compostela A 88ª edição do congresso da Sociedade Europeia de Ortodontia (EOS na sigla em inglês) realiza-se este ano em Espanha, sob a organização de David Suárez Quintanilla. O encontro terá lugar no Palácio de Congressos e Exposições da Galiza, em Santiago de Compostela, de 18 a 23 de junho. O programa científico é dedicado ao diagnóstico ortodôntico 3D, aos micro-implantes e aos novos procedimentos cirúrgicos no tratamento ortodôntico. O congresso prevê as intervenções de Abel García, Vicente Hernández y Eliseo Plasencia (Espanha), Axel Bumann (Alemanha), César Guerrero (Venezuela), Theodore Eliades (Grécia), Raffaele Spena (Itália), Timo Peltomäki (Finlândia), Nigel Hunt (Reino Unido), Hee-Moon Kyung (Coreia) e Meir Redlich (Israel), entre outros. www.eos2012.com

Hong Kong organiza 100ª edição do congresso anual da FDI O 100º congresso anual da Federação Dentária Internacional (FDI) vai ter lugar em Hong Kong (China), de 29 de agosto a 1 de setembro. A organização do congresso de 2012, a cargo da Hong Kong Dental Association, compromete-se a realizar um encontro de alto nível, marcado pelo intercâmbio científico entre os representantes das cerca de 200 organizações que integram a FDI. O programa do encontro, que decorrerá no Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong, inclui a habitual exposição mundial da indústria, onde será apresentada a última tecnologia em produtos dentários. www.fdiworlddental.org

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Novidades da indústria Satelec lança insertos cirúrgicos (0034) 937 154 520 info@es.acteongroup.com www.es.acteongroup.com

A Satelec desenvolveu dois novos insertos que permitem aplicar tratamentos de incisão, utilizando as suas diferentes unidades piezo-cirúrgicas: Piezotome II, Solo e Solo Led ou o Implant-Center II. Trata-se de uma alternativa minimamente invasiva comparada com o uso tradicional de micromotores: uma corticotomia realizada com estes dois insertos permite uma cirurgia ortodôntica mais rápida e adaptada aos tecidos moles. Os insertos BS1 II S (com profundidade de corte de 9 mm) e BS1 II L (de 15 mm) facilitam um corte preciso e favorecem resultados previsíveis num espaço de tempo operatório muito curto (uma hora para as duas arcadas). Os novos instrumentos completam a gama de insertos da Satelec e reforçam a versatilidade das suas unidades de cirurgia piezo-elétrica.

Novo compósito Structur 3 (0049) 047 21 71 91 87 www.voco.com

Structur 3 é o novo material autopolimerizável da Voco para uma rápida confeção de coroas, pontes, inlays, onlays, coroas parciais, facetas e pivots provisórios de alta qualidade. Este produto também é indicado para a confeção de provisórias de longo prazo e para o rebasamento de coroas provisórias pré-fabricadas em compósito, policarbonato ou metal. Para além de ser um material de alta estética e estabilidade, o Structur 3 pode ser trabalhado com facilidade e rapidez. As restaurações confecionadas com este material são muito estéticas, possuindo um brilho natural e um grau de fluorescência muito semelhantes aos da restauração definitiva. Para isso também contribui a ampla gama de cores disponíveis. Structur 3 pode ser adquirido em cartuchos, em oito cores da escala Vita (A1, A2, A3, A3.5, B1, B3, C2, BL). Também está disponível na prática seringa QuickMix, em quatro cores diferentes (A1, A2, A3, B1). Esta seringa é particularmente indicada para provisórias pouco extensas ou correções que requeiram apenas pequenas quantidades de material. Em combinação com o material Grandio®SO Flow, é possível complementar a individualização das provisórias.

Scan-Fit com módulo de barras (0034) 913 806 575 gt@gt-medical.com www.gt-medical.com

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A GT-Medical apresentou, na recente Expodental de Madrid, o seu novo produto Cad-Cam: Scan-Fit. Trata-se de um scanner aberto que oferece grande flexibilidade a nível protésico e empresarial. Uma das suas múltiplas funções é o exclusivo módulo de barras, que permite um desenho rápido e simples de barras dentárias standard e personalizadas, permitindo ao profissional de medicina dentária enfrentar situações clínicas complexas que proporcionam total conforto aos pacientes. A biblioteca de anexos integrados ao módulo de barras permite e facilita aparafusar ou colar à barra uniões esféricas já preparadas.


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Novidades da indústria Discos PMMA com nova gama de cores (0034) 913 806 575 gt@gt-medical.com www.gt-medical.com

A GT-Medical decidiu ampliar os seus produtos consumíveis para adaptar-se a qualquer tipo de necessidade protésica. No caso dos discos de PMMA, a empresa lançou uma gama de cores standardizadas universalmente (A0, A1, A2, A3, A3.5, A4//B1, B2, B3, B4//C1, C2, C3, C4//D2, D3, D4), disponíveis assim para diferentes espessores: 12/14/16/18/20. As vantagens que os discos apresentam não se devem apenas à ampla escala de cores, mas também à sua resistência e flexibilidade.

Verniz de flúor Profluorid Varnish (0049) 047 21 71 91 87 www.voco.com

Profluorid Varnish é um novo verniz de flúor de comprovada eficácia no tratamento da hipersensibilidade dentária. Graças ao seu elevado conteúdo de flúor (22.600 ppm de fluoreto) e à sua boa adesividade aos tecidos duros dentários, inclusive a superfícies húmidas, o Profluorid Varnish atua com eficácia na dessensibilização dentária. Visto que contribui para manter as reservas de fluoreto de cálcio, o produto consiste num auxiliar efetivo na profilaxia, sendo particularmente indicado para a aplicação após a limpeza dentária profissional. A sua cor branca transparente não prejudica a estética dos dentes. Está disponível tanto em tubos como em doses unitárias, nos seguintes sabores: melão, caramelo, cereja e menta.

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Página empresarial Casa Schmidt com imagem renovada

Stand da Casa Schmidt na Expodental.

A Casa Schmidt apresentou, na última edição do salão Expodental, que se realizou em Madrid no passado mês de fevereiro, a sua nova imagem corporativa, a qual não mudava totalmente desde 1919, ano em que a empresa foi fundada. A empresa contou com uma superfície de exposição de mais de 400 metros, que serviu para exibir a mais recente tecnologia ao serviço do setor dentário, como o diagnóstico por imagem 3D, bem como os produtos das suas marcas exclusivas: Myray e Anthos. A Casa Schmidt agradece a todos os profissionais do setor que marcaram presença na Expodental pela visita ao seu stand e lança, desde já, o convite para um reencontro na edição de 2014. 800 201 192 (linha verde) • 214 126 080 (geral)

Academia de Implantologia Oral realiza segundo simpósio no Porto O II Simpósio da Academia de Implantologia Oral (AIO), subordinado ao tema “Prótese cimentada vs prótese aparafusada”, realizou-se, no passado dia 21 de abril, na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda (Porto). Entre os oradores da sessão, contaram-se João Pimenta, Márcio Nucci, Gilles Boukhris (diretor do Hospital Tenon, Paris) e Harry Levy (prestigiado protésico da Geceram, Paris). A organização e patrocínio do simpósio esteve a cargo da Sinusmax, estando já agendada a terceira edição deste evento anual da academia com sede na capital francesa, que, à semelhança das edições anteriores, vai decorrer no Porto, no dia 20 de abril do próximo ano.

Harry Levy durante a conferência que proferiu no simpósio.

229 377 749 • www.sinusmax.com

GT-Medical divulga novos produtos na Expodental de Madrid

GT-Medical marcou presença na Expodental de Madrid.

A GT-Medical marcou presença na última edição da Expodental, realizada em fevereiro passado, onde foram apresentados os últimos avanços da empresa em matéria de tecnologia e toda a sua ampla gama de produtos. Entre as novidades que mais se destacaram no certame de Madrid, contam-se a nova fresadora DC40, cujas características mais interessantes para o setor são o seu carácter totalmente automático, que permite uma alta facilidade de uso, e o novo scanner Scan-Fit, com um desenho mais avançado. Por outro lado, a GT-Medical decidiu este ano apostar em distintos materiais de fresado (zircónio branco, translúcido e colorido) e materiais para próteses terminadas anatómicas, que também despertaram especial atenção entre os visitantes da Expodental. (0034) 915 700 401 • gt@gt-medical.com

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Página empresarial Bien Air sorteia iPad2 Durante a última edição da Expodental, que se realizou em Madrid no passado mês de fevereiro, a Bien Air assinalou o lançamento mundial do iChiropro, sistema de implantologia acionado pelo iPad, com um sorteio do último tablet da Apple: o iPad2. O vencedor do concurso foi o médico dentista espanhol Silvio Funez Castro, natural de Roquetas de Mar (Almería), que recebeu o prémio, no passado dia 20 de março, das mãos de Jorge Bueno, gerente de vendas da delegação espanhola da Bien Air.

A contar da esquerda, Jorge Bueno, representante da Bien Air, e Silvio Funez Castro, vencedor do sorteio.

(0034) 934 253 040 • www.bienair.com

GT-Medical reforça aposta nos sistemas abertos A GT-Medical, que cumpre este ano o seu décimo aniversário ao serviço do setor dentário, vai manter a aposta na produção de sistemas abertos, através das suas duas vertentes de produtos: implantes e Cad-Cam. A nível implantológico, a empresa pretende continuar a facilitar a compatibilidade das suas peças com as principais casas comerciais, de modo a alargar aos profissionais do setor o leque de possibilidades de conexão a preços acessíveis. Por outro lado, os sistemas Cad-Cam da Gt-Medical (fresadora e scanner) mantêm uma grande abertura para garantir aos laboratórios a capacidade de elegerem livremente o centro de fresado com o qual pretendem trabalhar. (0034) 915 700 401 • gt@gt-medical.com

Acteon Ibérica lança novo site A Acteon Médico-Dental Ibérica lançou uma nova página na internet, inspirada na imagem de marca utilizada internacionalmente pelo Grupo Acteon e as suas filiais. Para além de apresentar a história da filial ibérica e divulgar dados sobre o grupo, o novo espaço virtual proporciona informação completa sobre a sua vasta gama de produtos. No caso dos produtos Satelec e Sopro, é possível descarregar ou visualizar a informação comercial. A nova página eletrónica será regularmente atualizada com novidades, informação, documentação e comentários. (0034) 937 154 520 • www.es.acteongroup.com

Acteon Ibérica tem novo visual na internet.

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Cidades patrim贸nio da humanidade

OURO PRETO O esplendor do barroco no Brasil 76

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Cidades património da humanidade A fachada da igreja de São Francisco de Assis é uma das obras mais destacadas do genial escultor do século XVIII conhecido como Aleijadinho.

Com os seus cinco museus, 13 igrejas e fazendas coloniais dispersas sobre colinas, Ouro Preto une história, religião e arte num cenário de belas paisagens naturais. Esta cidade colonial, que possui a coleção mais rica de arte e arquitetura barroca do Brasil, foi declarada pela Unesco, em 1980, Património Cultural da Humanidade.

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o Brasil, a Baía é a alma da nação, Minas Gerais o coração e, dentro dessa região, Ouro Preto é a sua artéria mais preciosa. Fundada em 1698, esta bela cidade mineira foi assim designada pelo aspeto das pedras encontradas por um garimpeiro que formou parte de uma das missões bandeirantes* chegadas de São Paulo no século XVII, provavelmente guiadas pelas vistas do Pico do Itacolomi, ponto que hoje se enquadra no Parque Estatal Itacolomi e que nessa época servia de referência aos viajantes e aventureiros que procuravam ouro e pedras preciosas. En 1720, a cidade ainda era conhecida pelo nome de Vila Rica, diretamente relacionado com a busca de riqueza na região por paulistas e portugueses. Perto de Vila Rica foi encontrada uma pedra estranha de cor negra. Uma mostra do invulgar achado foi enviada para Portugal, onde se confirmou que se tratava de ouro. A cor negra provinha do óxido de ferro na terra. É difícil descrever a dimensão da febre do ouro e da oferta de trabalho que se seguiu. Aventureiros de todas as classes e nacionalidades dirigiram-se para as minas. Transferiram-se escravos das plantações de açucar da Baía e outros foram importados diretamente de África. Os jesuítas, que chegaram com ideias e conceitos artesanais da Europa, insistiram em construir as suas igrejas, financiadas com o ouro das minas, em estilo barroco. Mais de 1.000 toneladas de ouro – o que correspondia a 80% da produção mundial – foram então exploradas nas minas. O ouro era transportado sobre burros, com os quais os garimpeiros atravessavam a selva indómita desde a Serra do Mar até ao porto de Paraty (no estado do Rio de Janeiro). A riqueza desta época era imensa. Ouro Preto rapidamente ascendeu a capital de Minas Gerais e manteve-se como o centro da cultura e

* Exploradores e caçadores portugueses que se instalavam na selva amazónica para apanhar aborígenas que eram vendidos ao império português como escravos.

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Cidades património da humanidade do desenvolvimento desta região até à construção em 1897, após a declaração da república, da cidade de Belo Horizonte para albergar a sede do governo local. Hoje as riquezas desapareceram, mas ficou a singular arte arquitetónica. Embora em outros países da América Latina se encontrem exemplos de arquitetura colonial, certo é que as cidades históricas de Minas Gerais preservam um carácter que não se vê em nenhum outro lugar, nem sequer do Brasil. A que foi a primeira cidade brasileira declarada pela Unesco Património Cultural da Humanidade (1980) guarda, numa área de 1.248 quilómetros quadrados, a coleção mais rica de arte e arquitetura barroca do Brasil, que constitui ao mesmo tempo o maior e mais homogéneo conjunto da arquitetura colonial portuguesa no mundo. Ouro Preto e as restantes cidades históricas desta região devem a glória da sua arquitetura barroca a António Francisco Lisboa (1738-1814), um dos artistas mais criativos da

época. O povo atribuiu-lhe a alcunha de Aleijadinho devido à doença deformante que contraiu quando era já um homem maduro e plenamente dedicado à sua profissão de escultor e arquiteto, que o obrigou a realizar grande parte do seu magnífico trabalho sobre os próprios joelhos. As suas obras mais destacadas são a fachada da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, a sua cidade natal, e as esculturas, o púlpito e os altares do mesmo templo, assim como o conjunto escultórico que retrata 12 profetas, realizado para o santuário de Bom Jesus de Matozinhos. A igreja de São Francisco possui um estilo rococó de primeira. Como era habitual naquele período, a construção iniciou-se pela capela principal, concluída em 1771. A abóboda foi construída entre 1772 e 1774, época em que foi igualmente realizada a sua ornamentação em talha e estuco, sob a direção do Aleijadinho. No mesmo período, o artista terminou os púlpitos em pedra-sabão insertados no arco do cruzeiro. O retábulo do altar principal foi executado mais tarde, entre 1790

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As cidades históricas de Minas Gerais ainda preservam um carácter que não se vê em nenhum outro lugar do Brasil ou da América do Sul

Rua típica de Ouro Preto.

Vista parcial da cidade, em que se destaca a igreja de Nossa Senhora do Carmo.

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Cidades património da humanidade e 1794. O mestre Manuel da Costa Ataíde foi o autor do trabalho de pintura e talha dourada da capela principal, da pintura da nave e dos seus painéis a óleo.

Arte diferenciada Os especialistas consideram a igreja de São Francisco como a obra prima da arte colonial brasileira. A singularidade da planta reside na supressão dos corredores da nave e na melhor integração dos corredores da capela no conjunto, assim como reside na posição das torres, que se erguem na parte de trás do corpo da igreja, projetando assim o frontispício. Incentivado pela descoberta do ouro, o gosto pelo barroco extende-se por todo o país. Enquanto na Europa se começava a desenvolver o Neoclassicismo, no século XVIII a arte colonial mineira não absorvia as mudanças, mantendo um barroco tardio e de características singulares. Ao ser um estado do interior do Brasil, Minas Gerais sofria as dificuldades na importação de materiais e técnicas construtivas. Estas características deram ao barroco mineiro um carácter peculiar, o que possibilitou a criação de uma arte diferenciada, regionalista. Muitos artistas trabalharam com os materiais da região e adaptaram a arte ao modo de vida. Ao trabalhar na igreja de São Francisco, o Aleijadinho substituiu o mármore europeu pela pedra-sabão, ao passo que Ataíde baseou-se no azuleijo português para criar a suas pinturas. Outro exemplo máximo da arte barroca brasileira pode ser apreciado na igreja de Nossa Senhora do Carmo. Tratase da primeira igreja de Minas Gerais que foi decorada ao estilo rococó. Construída no topo de um monte, a igreja foi desenhada por Manoel Francisco Lisboa, o pai do Aleijadinho. Manoel Lisboa morreu depois do início da construção, em 1766. O seu trabalho foi terminado pelo filho. Após a inauguração, em 1772, o Aleijadinho nunca deixou de renovar a igreja; as suas últimas peças foram terminadas quatro décadas depois, em 1809. O trabalho do Aleijadinho denota uma profunda convicção nos ideais cristãos da época, em que as noções bíblicas de pecado, remorso, dor e culpa se misturam com as ideias essenciais de justiça, força e salvação. O museu que a cidade lhe dedica contém peças valiosas, como os Leões de Eça, a imagem de São Francisco de Paula e um crucifixo do escultor. No mesmo local situa-se a igreja de Nossa Senhora da Conceição, projetada e construída pelo pai do Aleijadinho, que alberga os túmulos de ambos os escultores. A Casa dos Contos, antiga casa de fundição do ouro erguida em 1787, é um perfeito exemplo da arquitetura barroca colonial. Hoje é sede do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro e do Museu do Fisco, com moedas dos séculos XVIII e XIX. A casa foi prisão de inconfidentes* e mantém ainda vestígios de uma cabana de escravos no subsolo. *Grupo de conspiradores de finais do século XVIII que reclamavam a independência do Brasil.

Os jesuítas, que traziam ideias e conceitos artesanais da Europa, insistiram em construir as suas igrejas, financiadas com o ouro das minas, em estilo barroco.

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A que foi a primeira cidade brasileira declarada Património Cultural da Humanidade conserva, em cada canto, arte, história e religião

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Cidades património da humanidade Berço da independência Ouro Preto foi palco, em 1789, de um importante episódio da historia brasileira, quando Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes (devido ao seu ofício de dentista), encabeçou uma revolta contra o domínio português e reclamou a independência do país. A cidade transformou-se no palco principal dos ideais republicanos (por influência das ideias emanadas de França e pela independência dos Estados Unidos), mas rapidamente o movimento Inconfidência Mineira foi derrubado pelas forças leais à monarquia, e o seu líder capturado e executado como traidor no dia 21 de abril de 1792 (foi enforcado e esquartejado). O Brasil teve de esperar mais 30 anos para obter a independência e posteriormente, em 1889, transformou-se numa república, mais de cem anos depois de que o Tiradentes iniciara a sua luta. Considerado um herói e um mártir no Brasil, a sua execução é recordada anualmente como festa nacional. No Museu da Inconfidência encontram-se os restos mortais de 11 conjurados e objetos pessoais do Tiradentes.

Embora boa parte do seu intenso fluxo turístico esteja enfocado na arquitetura e importância histórica do lugar, Ouro Preto possui um rico e variado ecossistema à sua volta, com quedas de água, caminhos seculares e uma enorme área de vegetação (mata), que se encontra protegida no âmbito da criação de parques estatais. Numa região montanhosa, a uma altitude de cerca de 1.300 metros, encontra-se o Parque Municipal da Catarata das Andorinhas, onde se pode disfrutar de magníficas quedas de água e piscinas naturais. Outra opção de passeio interessante é a Mina da Serralharia, antiga jazida de extração do ouro, na qual se encontra um túnel feito totalmente em pedra-sabão, muito bem conservado. A galeria principal tem 60 metros e está bem iluminada. A mina está aberta diariamente aos visitantes. Nos arredores de Ouro Preto destaca-se ainda um conjunto de pedras sobrepostas (Cachoeira do Falcão e Castelinho) que transmite a impressão de um castelo. Este lugar constitui um dos mais belos espetáculos da natureza da região. Fotos de autor: Paloma Aguilar

A arquitetura colonial está patente nas diversas ruas da cidade.

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Vila Rica (Ouro Preto)

LOCALIZAÇÃO Situada no interior de Brasil, a cidade de Ouro Preto encontra-se encravada num vale profundo das montanhas do estado de Minas Gerais, a 400 quilómetros do Rio de Janeiro e a uns 680 de São Paulo, as duas grandes metrópoles brasileiras. Para chegar à histórica cidade colonial a partir da Europa, a opção mais cómoda é voar para Belo Horizonte. A distância que separa Ouro Preto do aeroporto internacional da capital mineira é de pouco mais de 100 quilómetros.

brasileira. É símbolo de boa comida caseira e saborosa, especialmente os pratos à base de feijão e carnes. Entre outras delícias da cozinha mineira – todas elas acompanhadas por uma boa cachaça – destacam-se: pastel de angú, feijão tropeiro, tutú mineiro, orapronobis, frango ao molho pardo e frango com quiabo. Há outra atrativa característica gastronómica da região: a maioria dos pratos ainda são cozinhados em utensílios de barro e sobre fogão a lenha.

GASTRONOMIA Ouro Preto possui uma excelente rede hoteleira e restaurantes que tornam a cidade ainda mais atrativa para o visitante. Com efeito, a cozinha regional de Minas Gerais conta-se entre as que melhor representam a gastronomia

FESTIVIDADES O carnaval de Ouro Preto é um dos mais concorridos do Brasil. Jovens de todos os estados deslocam-se ali para celebrar uma das melhores festas de rua do país. Para quem prefere experimentar literalmente o rebuliço de Ouro

Preto, há 130 “repúblicas” de estudantes que acolhem turistas com pacotes, que incluem quartos, muita cerveja e certamente também muita diversão. Na Páscoa destaca-se a secular Procissão do Enterro (a tradição remonta ao século XVIII). Um tapete de flores, com mais de dois quilómetros, é confecionado nas ruas pelos habitantes, e nas janelas estendem-se panos brancos. O desfile de cores, cheiros e sons é memorável. A festa de São João e São Pedro, que se celebra no final de junho com atos religiosos e uma feira ao ar livre, constitui outro grande momento do calendário festivo local, já que assinala a data da fundação de Ouro Preto. Consta que na noite de 24 de junho de 1698, o bandeirante António Dias instalou-se com a sua bandeira no local onde hoje se situa a Capela de São João. Ao amanhecer, avistou o Pico do Itacolomi, a principal referência dos primeiros achados de ouro, e fundou o acampamento que, junto com outros, deu origem à antiga povoação de Vila Rica. LASER Ouro Preto organiza anualmente o Festival de Inverno (junho), que engloba workshops e seminários nos domínios das artes plásticas, música, teatro, turismo, literatura, fotografia e cinema. Os fóruns das artes (julho) e das letras (novembro) são outros exemplos da dinâmica cultural da cidade, que organiza ainda, ao longo do ano, um vasto programa de concertos e exposições. Para os turistas mais noctívagos, a cidade conta com um bom conjunto de bares e outros espaços de diversão noturna. Ouro Preto continua a ser um importante centro para o comércio de pedras preciosas e joias. Junto à Praça Tiradentes, há diversas lojas onde se pode encontrar o célebre topázio imperial, que se produz exclusivamente nesta região brasileira. INFORMAÇÃO TURÍSTICA Email: cmop@cmop.mg.gov.br Web: www.ouropreto.org.br

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