Edição Dezembro / 2012

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Bastidores da política e dos negócios

RODOVIÁRIA TERCEIRIZADA Inaugurada pelo ex-prefeito Hélio de Souza na década de 90, o Terminal Rodoviário de Capão Bonito como “mal administrado”. Para melhorar os serviços e implantar uma nova cultura administrativa, a Municipalidade pretende terceirizá-lo. Para efetivar a ideia, é preciso abrir um processo licitatório para a devida escolha da proposta mais vantajosa para o município. A vencedora poderá explorar economicamente as repartições, utilizar espaços para publicidade, e em contrapartida, terá a obrigação de manter banheiros limpos, o que hoje é uma raridade, e reorganizar todo o sistema de atendimento de passageiros no local. A construção de um novo terminal às margens da Rodovia Francisco Alves Negrão seria a alternativa mais viável para a economia da cidade, porém, enquanto isso não ocorre, a terceirização é bem vinda, desde que ofereça o conforto merecido aos usuários que recolhem seus devidos impostos.

PEDE PARA SAIR O secretário de Saúde Fabrício Olivati deve deixar a pasta que comandou nos últimos quatros anos no próximo dia 31 de dezembro. Formado em odontologia, Olivati implantou um novo modelo de gestão na Secretaria. Conseguiu alguns avanços como a construção do Centro da Mulher, o novo centro de Fisioterapia e botou para funcionar vários postinhos na Zona Rural, porém, não resistiu à força oculta dos agentes políticos que atuam e interferem no setor. Considerada uma máquina de votos, a Saúde tem uma grande demanda: calcula-se que 98% da população utilizam-se dos serviços públicos de Saúde no município. Dois nomes circulam pelos bastidores como potenciais substitutos de Olivati: Diogo Mastrorroco e Nilton Silveira.

ASFALTO PAÇOQUINHA

Os asfaltos implantados pelo ex-prefeito Junior Tallarico são exemplos práticos do desperdício e do mal uso do dinheiro público. Habilidoso no contato com políticos graúdos, Tallarico conquistou – mérito próprio – bons convênios para obras de infraestrutura urbana, porém, as verbas foram usadas de forma incorreta, e não gerou o benefício desejado pela população. Nossa equipe de reportagem percorreu várias ruas pavimentadas pelo governo JT e em boa parte delas, o asfalto, prematuramente, se esfarelou, como uma paçoquinha.

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PREFEITURA VAI ABRIR CONCORRÊNCIA PARA FUNERÁRIA Comenta-se no Paço Municipal, que a prefeitura está elaborando vários projetos para aumentar a receita própria do município. Segundo fontes, o Executivo deverá realizar concorrência pública para os serviços funerários. O edital ainda não foi elaborado, mas em cidades em que realizou o processo, venceu a empresa que ofereceu a menor tarifa do serviço a ser prestado, combinada com a diretos do prefeito calculam um valor mínimo de R$ 300 mil (chamado de outorga de concessão). Com a abertura da concorrência pública, apenas uma empresa poderá operar em Capão Bonito, atualmente, são duas: Camargo e Santa Luzia.

ÁGUA DE POÇO Apesar do aparente bom relacionamento com a Sabesp, Junior Tallarico não fez um bom negócio ao renovar com a estatal o contrato de exploração dos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto. A novela ainda continua. Ministério Público, Prefeitura e Sabesp ainda não chegaram a um acordo comum. A falta desses serviços essenciais virou caso de Saúde Pública. Laboratórios conceituados apontaram que as águas de poço do bairro estão contaminadas e podem causar vários tipos de doenças, principalmente em crianças. Enquanto uns consomem água da boa, até hoje, centenas de moradores do Jardim Santa Isabel tem uma única opção: ou bebem água de poço ou não bebem.

O REI DO LEGISLATIVO O veterano Abner Batista da Silveira bate um recorde atrás do outro no Legislativo. Está no sexto mandato como vereador e, em 2013, inicia o sétimo. Jamais perdeu uma eleição, e desde a primeira em 1988, sua votação aumenta a cada pleito. É, praticamente, o único parlamentar que bate cartão. É sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Sua marca é “servir o cidadão”. Com auxílio do jovem Jeferson – seu assessor – e do telefone, agenda entrevistas de emprego, solicita encaminhamento para consultas e exames, ouve reivindicações que geralmente se transformam em requerimentos e projetos de lei. Com 24 anos de Casa, é um dos potenciais nomes para assumir a presidência da Câmara Municipal, com legitimidade para a função.

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Caminhos do Desenvolvimento estruturar um novo distrito industrial e estimular a criação de novas áreas residenciais e empresarias Por Francisco Lino

O desenvolvimento econômico será um municipal, que será novamente comandado pela dupla Julio Fernando e Marco Citadini. Mas o caminho é longo e necessita de muito cuidado e atenção. Não se resolve um problema que há décadas assombra a nossa cidade, com um simples estralar de dedos, como se o governante fosse um mágico. A localização e infraestrutura logística da cidade a 222 km de São Paulo e 260 km de Curitiba (Paraná) são características que, numa disputa para atrair negócios, podem fazer a diferença. O Produto Interno Bruto da cidade também não para de crescer, depois que o atual prefeito Julio Fernando assumiu o comando do Poder Executivo, em 2009, a soma total da riqueza produzida no período de um ano, não parou de crescer, com destaques para os setores de comércio, serviços e agricultura. A estrada está aberta, mas é preciso acabar com os obstáculos que trancam e reportagem da revista Matéria-Prima conversou com especialistas em arquitetura, planejamento urbano e empresários, que apontaram alguns pontos estratégicos para que Capão Bonito dê o salto que precisa para se tornar uma cidade sustentável economicamente.

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LOTEAMENTO TERRAS DO EMBIRUÇU Localizado num dos pontos mais privilegiados do município de Capão Bonito e que faz divisa com as grandes Alves Negrão (Itapeva) e Antônio Romano Schincariol (Itapetininga), o loteamento Terras dos Embiruçu é uma das grandes promessas de desenvolvimento imobiliário da cidade. O projeto para dividir uma fazenda de 64 alqueires em mais de 600 lotes começou no início da década de 80, e hoje, depois de mais de 30 anos, erguem-se os primeiros empreendimentos no loteamento Terras do Embiruçu – que foi batizado com o mesmo nome do córrego que faz margens às suas terras promissoras. O diretor comercial do loteamento, Aldo Sacco, explicou que Capão Bonito vive um “boom” no mercado imobiliário, e segundo ele, a oferta está abaixo da demanda. “Capão Bonito está enfrentando um dos seus melhores momentos no mercado imobiliário, e por isso, estamos investindo no negócio”, disse. Não precisa ser um especialista para observar que as áreas do Terras do Embiruçu estão se transformando em um

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novo núcleo de progresso e desenvolvimento. Além das novas empresas que já se instalaram nas áreas paralelas à principal avenida de acesso à região urbana – avenida Capitão Calixto -, está nascendo um condomínio residencial com 16 moradias. Alguns engenheiros consultados pela nossa reportagem, sugerem que a Prefeitura deveria estudar um projeto para transferir o Paço Municipal para a entrada da cidade, a exemplo do que Sorocaba, que levou a Prefeitura para uma

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região coberta por matos, e hoje é a locomotiva da cidade. NOVO DISTRITO INDUSTRIAL Outra esperança para que a cidade ganhe musculatura econômica está depositada no novo distrito industrial. A ra, que a partir de agora, terá pela frente ra e desta forma, atrair novos negócios para a cidade. O novo parque industrial,

localizada no bairro Paineiras, tem 18 hectares e segundo o Executivo local, será dividido em 21 lotes de 5 mil m². que a Prefeitura já está trabalhando na elaboração do projeto técnico de infraestrutura do novo polo industrial, como abertura de ruas, implantação de saneamento básico (água e esgoto), e a criação de uma lei que regulamente a atividade. “Vamos pensar, estudar e planejar um distrito que realmente atenda as características econômicas da cidade”, disse.

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Escola modelo, no Ensino Por Francisco Lino

Escola Oscar Kurtz atinge melhor Ideb entre as municipais de Capão Bonito Escola que mantém a mesma equipe de professores há anos e que não vive grande rotatividade. Essa é a receita principal da escola Oscar Kurtz Camargo, que teve a melhor nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dos anos unidade, Isabel Cristina. imprópria e que acabou descaracterizando um centro esportivo construído na década de 60, a escola se equilibra ao aplicar um ensino de qualidade. “São professores comprometidos e unidos”, aponta a diretora Isabel Cristina. Atualmente, a Oscar Kurtz Camargo atende cerca de 900 alunos. Considerada atrás apenas da escola Mieldazis (Vila São Paulo), tem uma equipe docente formada por 32 professores que se dividem em salas de aulas compostas com turmas de 35 alunos cada, em média. Quem visita as repartições da escola, não nota nada de especial, a não ser um amdantes aproveitam o ambiente para colocar em prática os ensinamentos adquiridos na disciplina de artes. A Biblioteca e a Sala de Informática funcionam em espaços improvisados.

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A única e grande diferença está no comprometimento dos professores com a qualidade de ensino. São docentes preparados e que se dedicam de corpo e alma ao ofício de ensinar e de formar cidadãos. Antes de transmitir o conhecimento em sala de aula, os professores da Oscar Kurtz de dedicam ao planejamento: preparam as apresentações e organizam uma espécie de roteiro de ensino. Depois desta prévia, tudo é transmitido de uma forma didática e de fácil compreensão, e as notas obtidas no Ideb, comprovam que a forma de ensinar está no caminho certo. A diretora ainda explica que não é uma tarefa fácil administrar alunos com tar localizada numa região central, atraímos estudantes de diversas classes sociais e de diferentes bairros, por isso, aqui é obrigatório o uso do uniforme e o tratamento é igualitário”, disse.

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O nobre da advocacia gameleira Por Francisco Lino

Antônio Amaral Queiroz Filho, o Dr. Gentileza, relata um pouco das experiências vividas na advocacia e na política Sempre bem alinhado com blazers e ternos que não saem da moda, Antônio Amaral Queiroz Filho, recebeu a reportagem da revista Matéria-Prima em seu gabinete na Câmara Municipal, onde presta serviços de assessoria jurídica. Educado e gentil – daí o apelido de Dr.Gentileza, foi logo oferecendo um cafezinho fresco, e entre uma xícara e outra, relatou, pausadamente, a sua história na advocacia e na política gameleira. Nascido em Capão Bonito em 1937, Malvina Oliva, e não esconde o orgulho dos pais. “Meu pai foi um lutador e um homem muito honesto, e minha mãe, uma verdadeira santa. Acolhia e ajudava muita gente com sua imensa espiritualidade”, conta. Amaral passou uma infância comum, assim como os demais meninos da época. Antes mesmo de entrar na fase adulta, se apaixonou pelas ondas do rádio. Ouvia música e se informava por aquele aparelhinho mágico. Gostava tanto daquele tipo de comunicação, que se transformou num dos melhores radialistas que passou por essa terra. Com uma voz acentuada e agradável, conquistou milhares de ouvintes capão-bonitenses, tanto da zona urbana como na rural.

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Seu nome ganhou notoriedade e em 1959, decidiu concorrer a uma vaga no Legislativo, mesmo sabendo que naquele tempo, o vereador não tinha salário, era um legislador voluntário. Conquistou uma vaga na Câmara Municipal e foi um dos líderes da campanha vitoriosa do médico Raul Venturelli à prefeitura, mesmo contrariando sua família, que apoiavam Oscar Kurtz Camargo. Amaral venceu quatro eleições para vereador. Foram 16 anos trabalhando pelo município sem receber um centavo sequer de subsídio ou salário. Mas, a atuação legislativa lhe rendeu outras riquezas: conhecimento e experiência, que segundo ele, “não se compra em qualquer mercearia”. Paralelamente à função legislativa, Antônio Amaral trabalhava como auxiliar no escritório do advogado Ismael Estival, e foi ali que aprendeu os primeiros macetes jurídicos. Foi também colaborador do antigo jornal O Bandeirante e virou amigo pessoal do saudoso jornalista e tipógrafo Queirozinho (Antônio Benedito Queiroz). A amizade entre os dois era tão intensa que o jornalista, mesmo sendo evangélico, atendeu um pedido do amigo para escregem ao Papa João XXIII, que virou nome de praça em Capão Bonito, com indicação

tônio Queiroz. A ADVOCACIA Depois de concluir o ensino normal (Ensino Médio) com apoio do professor Laudelino de Lima Rolim e do também amigo Antônio Roque Citadini – hoje

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conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo -, Antônio Amaral ingressou no curso de Direito nas Faculdades Integradas de Itapetininga (FII-FKB) e no ano de 1975, já com o diploma de bacharel em Direito, foi aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP). bravando a Comarca e enfrentando a concorrência de advogados tradicionais e experientes como Celso Tristão de Lima. Não titubeou e aos poucos, foi ganhando seu espaço de forma ética e honesta. Nunca precisou “puxar o tapete” dos co-

Relata o caso de um réu surdo-mudo como uma de suas causas favoritas. Segundo ele, o surdo-mudo foi acusado de duplo homicídio (mãe e irmão). Sem defensor, o juiz da época nomeou Antônio Amaral para a causa. Percebendo a vem advogado foi atrás de um intérprete, e achou um padre com as habilidades que necessitava. O caso virou assunto nacional, depois de uma reportagem transmitida pela Rede Globo. Amaral mergulhou de cabeça na defesa. Investigou a vida do acusado e percebeu que o réu era, na verdade, vítima. Com auxílio do intérprete, conseguiu a absolvição do surdo-mudo. Antônio Amaral não quer parar tão cedo.

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Diz que enquanto tiver saúde, continuará m atividade. Ele também elogia a nova geração de advogados que está se formando na cidade e cita como exemplo o capão-bonitense, atual Delegado da Polícia Federal, Flori Cordeiro de Miranda Júnior. “É um expoente da atual geração. A Jus-

POLÍTICA Além dos anos de prestação de serviço no Legislativo, Antônio Amaral arriscou passos maiores na política local. Disputou duas eleições para o Poder Exe-

cutivo, mas, infelizmente, a cidade não teve o privilégio de ser comandada por um cidadão de conduta exemplar. Na primeira eleição majoritária, teve o apoio moral do então prefeito da época, Cônego Pedro José Vieira. Fez uma campanha limpa, pedindo voto de casa em casa e de sítio em sítio. Mesmo assim, não obteve os votos necessários para subir a rampa. Aponta a falta de dinheiro levaram a derrota. Ficou 12 anos sem disputar eleições, mas em 1988, novamente embalado pelo grupo político que o acompanhava, disputou a Prefeitura novamente contra um jovem aventureiro, José Carlos Tallarico Junior (Junior Tallarico). Sofreu nova derrota e reconheceu um erro crucial cometido nas vésperas da eleição: Subiu doses a mais de bebida alcoólica e acabou se atrapalhando com as palavras e os verbos que tanto dominava. “Bebida e emoção não combina. Acabei me atra-

FUTURO Em sua sala de trabalho, de camisa branca, jaqueta preta e calça social, Amaral previu, antes de se despedir: “Julio Fernando e Marco Citadini restabeleceram o orgulho do capão-bonitense. Julio Fernando tem tudo para se tornar, no futuro, o verdadeiro deputado de Capão Bonito, e Citadini, o seu sucessor na Prefeitura”.

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Igreja da Capela do Alto será transformada em Santuário Por Francisco Lino

A tradicional Igreja Nossa Senhora d’Ajuda de Guapiara será transformada no mais novo Santuário Católico do Estado de São Paulo Um dos locais mais tradicionais de romeiros católicos da região, a igreja Nossa Senhora D’Ajuda de Guapiara, localizada no bairro Capela do Alto, será transformada em um novo Santuário, anuncia o pároco da cidade Pedro Martins Vieira, o “Padre Empreendedor”. Conhecido na região pelas obras que realiza nas paróquias por onde passa, Vieira teve o apoio do bispo diocesano de Itapeva, Dom José Moreira de Melo para construir uma casa mais ampla e moderna para abrigar as benções e os possíveis milagres da santa Nossa Senhora D’Ajuda da Capela do Alto e receber

buídos mais de mil carnês, pelo qual os de R$ 20,00 mensais. “Graças a Deus, já distribuímos mais de 800 carnês. Estamos dando um passo importante para a cons-

Histórico A imagem de Nossa Senhora D’Ajuda chegou à nossa região pelas mãos de um simples pescador, Matias Franco, que, durante uma de suas pescarias no Ribeirão do Cristal, localizado nas proximidades uma pequena bolsa de couro (patrona), que enrolava e protegia uma pequena

“Santina”, porém muito poderosa. Nosar a nossa gente. Gente que acorda cedo para a lida na roça, para o compromisso no trabalho. Gente humilde, simples e de muita fé e religiosidade. Emocionado pelas benções que acabara de receber, Matias convocou amigos e parentes para anunciar a divindade, e que se reuniram numa pequena capela construída de pau a pique e barro no ano de 1800. Fora a igrejinha, não havia mais uma mata despovoada. A imagem, instalada num altar improvisado daquela capelinha de taipa, foi

Estado de São Paulo. O padre responsável pelo projeto calcula que passam, por mês, pela Igreja da acreditam no poder da santa milagrosa. Todos os anos, várias comunidades e paróquias católicas realizam romarias a Guapiara. São homens, mulheres, jovens, idosos e até crianças que caminham dezenas de quilômetros a pé ou montados (a cavalo) para tocar a imagem da santa, ou simplesmente para agradecer um pedido atendido pela força da oração. Para concretizar o sonho, líderes da paróquia São José de Guapiara lançaram uma campanha para arrecadar recursos em prol do novo santuário. Foram distri-

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tores rurais de Guapiara e região. Alguns

tei e fui sozinho até à Capela do Alto. Entrei na Igreja, ajoelhei aos pés da santa e

relatam o poder da santa: “Era mês de dezembro, e a nossa lavoura estava precisando de chuva, caso contrário, teríamos prejuízos e perderíamos um trabalho de mais de seis meses. Arriei o cavalo, mon-

pedindo sua ajuda. Fui embora. Durante a madrugada, acordei, abri a janela e a chuva regou a nossa lavoura. É uma santa poderoso e merece um Santuário digno de sua bondade”, relatou Joaquim Silva.

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O blá-blá-blá político Em época de eleição, Os candidatos, na praça, Dão cursos, com perfeição, Sobre a mentira... e de braça!

Se algum dia no país O voto sério existir, Talvez eu ainda vote Em alguém que me servir

Mentem com tal propriedade, Que ao mentir jamais exitam... E quando dizem a verdade, Nem eles mesmo acreditam!

Todos querem é mamar Nas tetas deste Brasil, Desfrutar desta cascata, Sem limites, sem funil

Na maré das eleições, Toda mentira é promessa... Não tenhamos ilusões: Depois daí tudo às avesas!

O vício e a corrupção... Infestando nossa gente, É esse “O Brasil para frente”... Essa é nossa tradição!

No “troféu dos mentirosos” Houve mais que um vencedor: Saíram vitoriosos Um edil e um pescador...

Já inventaram mil pacotes Para embrulhar a nação, Mas continuamos no aperto, Sempre de chapéu na mão!

Se quem mentira dissesse, Tivesse a língua cortada, Os políticos, ao que merece, Não falariam mais nada!

Só existe uma verdade, Com a qual ninguém discorda: “Quanto mais aperta a fome, Mas o político engorda”.

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Uma pitada de cultura

Juraci B. Chagas

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Baile do Hawaii - Os TrĂŞs Mosqueteiros

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Casamento - Fรกbio e Rafaela Lima

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Natural de Capão Bonito, Michelle Freitas, 18 anos, é apaixonada por Esporte: pratica voleibol e tem uma rotina quase que diária na academia. Simpática e altro astral, também não dispensa exercícios para o cérebro. A leitura de um bom livro é o alongamento predileto, e o autor favorito é Machado de Assis. Michele tem um rosto angelical e transmite alegria por onde passa. Não é muito de badalações. Prefere a tranquilidade e a serenidade do ambiente familiar. Para o futuro, já traçou uma meta: cursar Direito. No início de 2013, presta o vestibular, e não consegue esconder a ansiedade para, quem sabe, ser uma grande Jurista!

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Ismael

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Educadora renova linguagem do ensino através da Arte Por Francisco Lino

Formada pela Unicamp, a professora e coordenadora do núcleo de Artes da Direde Jesus, 34, teve a mesma sensibilidade de artistas consagrados como Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti, que inovaram e quebraram paradigmas sociais com a criação da Semana da Arte Moderna na década de 20, e adotou a Arte para renovar a linguagem de ensino nas escolas estaduais dos municípios de Capão Bonito, Buri, Itapeva, Nova Campina, Ribeirão Grande e Taquarivaí. Com o lema “O Poder da Arte - A Arte que expressa, constrói, transforma!”, a educadora, com apoio incondicional de diretores, coordenadores e professores de outras disciplinas curriculares, criou um calendário especial em todas as unidades de ensino estadual com atividades artísticas. O projeto foi batizado de Transformar-te, e que representa através das letras que o compõe que a Arte é uma das principais ferramentas para transformar o ensino em conhecimento. Foram quase 30 dias de atividades artísticas, que começaram no dia 18 de outubro com o “Dia da Arte” na escola Otávio Ferrari de Itapeva e se encerraram no último

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dia 14 de novembro, com o 1º Fórum de Arte realizado na sala de auditório do Hotel Baguassu em Capão Bonito. A diretoria de ensino calcula que mais de 10 mil alunos de 21 escolas participaram ativamente do projeto. to nasceu da vontade de abrir caminhos mais prazerosos para ensinar e despertar a vontade no aluno em adquirir conhecimento. “A escola precisa criar novos caminhos no ofício de ensinar. Nesse projeto, o aluno foi o protagonista e foi valorizado, e por isso, o evento foi um sucesso”, comentou. O projeto Tranformar-te representou uma renovação nas metodologias utilizadas no ensino comandado pelo Governo Estadual. Foi uma ruptura de paradigmas da insistem nos procedimentos convencionais como lousa e ditado. Com as atividades artísticas, o aluno conseguiu colocar pra fora seu conhecimento e sua visão de mundo, pois, independente da formação cultural de cada um, todos têm conhecimento e experiências para transmitir e multiplicar. A arte foi apenas a mediadora.

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A consolidação de um líder Por Francisco Lino

Por onde passou na campanha eleitoral, Julio Fernando foi adorado por homens, mulheres, moços, velhos e crianças rou um Gol bolinha vermelho, quase roxo, um pouco antes do local programado para mais uma reunião política. Pela porta do passageiro, sai um homem, ou melhor, um moço para os tempos de hoje, com as mangas de uma camisa azul clara arregaçadas, com ar agitado, que andou ligeiro para chegar até a multidão que o aguardava. Bastou ele se aproximar para que as palmas se encarregassem de recebê-lo. Tem sido assim, desde que a sua primeira vitória para a Prefeitura de Capão Bonito em 2008. O povo aclama e bate palma quando vê em algum lugar o prefeito Julio Fernando, 46 anos, casado com RegiMaria Clara. Ele é adorado por homens, mulheres, moços, velhos e crianças, principalmente elas, as crianças, o abraçam com o carinho sincero. Com um sorriso de satisfação, Julio Fernando cumprimentou e abraçou um por um naquela noite e foi assim durante todas as noites da campanha. Diferentemente de outros políticos que estão em pleno exercício do mandato, ele não recebia cobranças, pelo contrário, ouvia pequenas reclamações, mas o povo vinha lhe abraçar para agradecer por uma simples rua asfaltada ou pela nova creche do

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- Olha o Júlio! – gritam os meninos do Jardim Boa Esperança, quando passa o prefeito. Mas, para que melhor se esclareça como ele chegou a isso, deve-se voltar ao ano de 1992, quando se elegeu vereador pela primeira vez. Era apenas um recém-formado em Direito buscando um espaço no meio de cobras, lagartos, raposas e leões. Não quis seguir o estilo de ninguém, criou o seu próprio jeito de se fazer política. Às vezes meio desajeitado e perdido, nunca deixou de seguir os conselhos do opte pelo bem”. A simpatia pessoal, a cara de menino, as roupas comuns e a simplicidade natural de um gameleiro completavam o jovem político e ajudaram a trazer muitos votos. Naquela legislatura, os vereadores mais espertalhões não chegavam a um acordo sobre quem seria o presidente da Câmara. Até que uma dessas raposas lembrou de Julio Fernando e quase todos acharam bom: “Será fácil de dominar aquele menino”. Bom proveito tirou o presidente mais novo da história da Câmara Municipal. Começou sendo dedicadíssimo no cargo que lhe entregaram e fazendo sentir que não seria dominado por ninguém. Foi rigoroso, cortou despesas desnecessárias e divulgou muito bem os atos do Legisla-

tivo. Soube usar o cargo para se aproxideixava nunca de visitar amigos, famílias e eleitores, e não escondia de ninguém a sua vontade de subir degraus na política: quer der prefeito. Concorreu mais uma vez a vereador. Nas duas oportunidades no Legislativo, nunca perdeu a oportunidade de aparecer em público e nunca deixou d e atender as pessoas que o procuravam. Com a mesma ousadia que o levou a ingressar na política ainda menino, decidiu disputar a Prefeitura da cidade. Muitos diziam que seria quapolítica local: Junior Tallarico e Roberto

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Tamura, ambos já tinham sido prefeitos. Julio Fernando foi às ruas e não desistiu de seu propósito. Realmente, foi derrotado pela tradição dos antigos, mas saiu da eleição vitorioso com mais de 5 mil votos. Quatro anos de passaram, e ele novamente enfrentou a tradição da família Tallarico. Aumentou a votação, mas a vitória veio somente nas eleições de 2008. Soube aproveitar a rejeição do então prefeito em exercício e candidato a reeleição Junior Tallarico. Venceu a popularidade do ex-prefeito, a força da máquina pública estadual – que tinha como candidato o também ex-prefeito Roberto Tamura, federal e municipal. Foi uma vitória esmagadora, de deixar o adversário falando sozinho. Agora que já está dito de quem se fala, podemos voltar aquele dia em que Julio Fernando discursou para os moradores do Jardim Boa Esperança. Com plateia cheia ele aguarda os pronunciamentos dos candidatos a vereador e assim que pega no microfone, demonstrou a velha tranquilidade e solta a frase: “Como vocês estão de casa nova? De rua asfaltada?”. - Deus que conserve o senhor tão bom assim, prefeito. - Eu tenho rezado muito pela sua felicidade, seu Prefeito. - Toda vez que o senhor se candidatar, é no senhor que eu vou votar. Julio Fernando termina o discurso e logo é cercado pela multidão. Na saída continua distribuindo apertos de mão e seguro de que fez um bom trabalho pelo

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bairro. Cansado do dia agitadíssimo, o prefeito candidato à reeleição encontra o motorista e entra novamente no Gol bolinha. Dá uma olhada pelos lados, embarca e vai para o descanso merecido. Os moradores também começam a ir aproveito a calmaria para abordar um trabalhador que vai caminhando: - Por que o senhor deixou sua casa para ouvir o prefeito? - Vim porque acredito nele e também para ajudá-lo. - Ajudar? - Sim, ajudar! Olhe o que ele fez por estão me esperando pra janta. Demorei

mais de 15 anos para poder jantar com minha família numa casinha de tijolo. Esse prefeito é um homem muito bom de coração. - O senhor bateu palmas pra ele? - É claro. - Ele falou alguma coisa que chamou sua atenção? - Na verdade, não sei o que ele falou. Mas na hora que a gente vê aquele homem falando, dá até arrepio, porque a gente lembra daquele tempo sofrido das casinhas de pau (madeira) e da força que ele fez para construir as novas casinhas de tijolo e cimento. Como não podemos pegar o microfone para falar tudo isso, batemos palmas.

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Analfabetismo e baixa renda marcam Por Francisco Lino

Guapiara atinge índice de 17% de analfabetismo e o PIB per capita do município é o mais baixo da região O Atual prefeito de Guapiara, Flávio de Lima (sem partido) jamais imaginaria prefeito correto na distribuição e aplicação de recursos. Formado em contabilidade, está seguindo direitinho as lições que adquiriu nos bancos acadêmicos. Vai deixar a Prefeitura com as contas em ordem e até com uma certa gordurinha para queimar. Porém, a gestão pública moderna vai além dessa prática. Para se enquadrar nesse novo modelo, o prefeito precisa enxergar lá na frente, ter faro para o desenvolvimento e utilizar a máquina pública para incentivar setores produtivos. Infelizmente, o atual prefeito de Guapiara não foi feliz, e encerra seu mandato de oito anos com alto índice de analfabetismo e baixo índice econômico. Segundo levantamento realizado pelo

mou um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 203 milhões, enquanto o do município vizinho foi de R$ 175 milhões. A renda per capita (PIB per capita) de Ribeirão Branco também foi superior ao de Guapiara: R$ 909,00 a R$ 699,00, respectivamente.

e Estatísitica), Guapiara é a cidade com menor renda per capita da região. Enquanto a média dos municípios do Sudoeste Paulista é de R$ 971,00, Guapiara apresenta uma renda de R$ 699,00 por pessoa. Com índice populacional similar ao de Guapiara, Ribeirão Branco obteve um resultado econômico mais positivo e so-

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De acordo ainda com os dados divulgados pelo IBGE, em um ano, o PIB de Guapiara apresentou um crescimento real de R$ 29 milhões, enquanto Ribeirão Branco cresceu quase o dobro, passando de um PIB de R$ 157 milhões para R$ 203 milhões. O principal setor econômico de Guapiara, a Agricultura, também não foi bem, e teve um resultado inferior (R$ 28 milhões a menos) ao de Ribeirão Branco, somando uma produção anual de R$ 46 milhões. O melhor desempenho da economia guapiarense foi no setor de serviços, que incluiu também o comércio, com um resultado de R$ 93 milhões. BAIXO DESEMPENHO INDUSTRIAL A falta de políticas públicas para o desenvolvimento econômico também afetou o setor industrial, que conforme o nos últimos anos. Em 2009, a soma da riqueza produzida no ano chegou a R$ 27 milhões, praticamente o mesmo número de 2008, que foi de R$ 26,8 milhões. QUEDA POPULACIONAL Os resultados negativos da economia

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guapiarense também é um dos principais fatores da queda populacional. Conforme os dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), Guapiara teve uma taxa de crescimento populacional negativa (-0.90) em 2010, ou seja, perdeu quase 1% de sua população num período de um ano.

chefe do Executivo guapiarense explicou ainda que a produção para consumo próprio não é computada nesse tipo de levantamento. “Temos muitas famílias que plantam para o sustento próprio e isso não é computado”, falou.

ANALFABETISMO O município de Guapiara também possui um dos maiores índices de analfabetismo da região. Segundo o Seade, 17% da população guapiarense é analfabeta, enquanto a taxa do Estado de São Paulo é de apenas 6,64%. Outro número educacional preocupante está relacionado ao número de jovens entre 18 a 24 anos que possuem Ensino Médio completo. De acordo com a Fundação Seade, apenas 17% dos jovens dessa faixa etária concluem o Ensino Médio. PREFEITURA O prefeito municipal Flávio de Lima (sem partido), que governou a cidade nos últimos 8 anos, criticou e discordou da metodologia adotada pelo IBGE. Segun-

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Almoรงo especial na Fazenda Pedro Braz

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O Último Romântico

A deusa de minha rua Tem os olhos onde a lua Costuma se embriagar Nos seus olhos eu suponho O sol num dourado sonho Vai claridade buscar Minha rua é sem graça Mas quando por ela passa Seu vulto que me seduz A ruazinha modesta É uma paisagem em festa É uma cascata de luz Os anos quarenta e cinqüenta foram sem dúvida alguma os anos dourados de Capão Bonito.Quem visitar o museu da cidade, pode to mais alto da cidade, a igreja matriz, que a praça Rui Barbosa era rodeada de prédios comerciais como hotéis, posto de gasolina com construção moderna onde hoje é Banespa, e grandes residências. Na mesma foto pode se ver a praça com todos os seus contornos, ainda sem nenhuma vegetação mas com suas linhas num plano geral, transparecendo uma visão de muito progresso. Naqueles tempos, apesar da paupérrima iluminação da Paranapanema, as noites muitas vezes recebiam uma avalanche de luz e brilho nas vozes dos seresteiros. Quando a cidade já envolvida no silencio da noite, e tinha só alguns pontos esparsos de luzes das tímidas lâmpadas dos postes da rua General Carneiro, O Izaltino dava dois toques

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calçada do quarto do Lili Ventureli, e era o sinal. Então O lili entrava no armazém do pai, o velho Alfredo, tomava emprestado uma garrafa de cinzano, pulava a janela para a rua e saia para as serenatas. No Aurélio serenata é :” Música de conjunto instrumental, geralmente cantada, melodiosa e simples, algo semelhante às trovas dos cantores ambulantes, executada ao ar livre, não raro sob a janela de alguém: seresta.” As serestas de Capão Bonito contavam com um elenco de músicos que as diferenciava enormemente das demais, a tal ponto de ter mais acompanhantes do que músicos, dado a qualidade dos integrantes. Salvador Galdino de Almeida, Salvadorzinho, ao violão e voz, Moacir de Souza, também violão e voz, Izaltino Gonçalves de Almeida, trombone, Alcindo Lopes de Almeida, Doca, Voz e cavaquinho e Lili Ventureli, poeta, que declamava bonitas poesias, muitas de sua lavra, que permanecem até hoje em inexplicável resguardo de publicação. Mas dentre todos, quem dava mais inveja , como se dizia antigamente, era o Doca. Dono de uma belíssima voz, uma elegância impar, e um intérprete maravilhoso. Só para comparar, o artista famoso na época foi o Silvio Caldas, que era chamado de Caboclinho Querido, mas ao Doca era impossível tal referencial de caboclo, dado ao seu charme e estilo que lembrava muito mais aos clássicos cantores norte americanos da época. Quem passava pela DOCA, uma elegante loja na rua Direita, não imaginava que aquele jovem senhor sempre simpático, o proprietário, foi responsável pelos momentos mais bonitos vividos pelos românticos da velha Capão Bonito. A serenata era o santo remédio naquela época de difícil comunicação. Sem telefone, as pessoas usavam escrever, mas quando queriam uma mensagem para atingir mesmo o coração, recorriam à serenata. Quantas mocinhas, altas horas da noite, não tiveram de se revolver nos travesseiros ainda envoltos pelo aroma de um lifebuoy, para ouvir mensagens pela voz maravilhosa desse seresteiro. Quem pode bem avaliar o Doca é quem foi

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jovem nos anos cinqüenta e sessenta, onde o se vestir da época não era o descomplicado de hoje. Para se ter uma idéia, o uniforme do Ginásio Estadual já era terno de brim , camisa branca, gravata preta,meias brancas e sapatos pretos. Portanto, dado a condição social da grande maioria, era bem difícil de andar bem vestido informalmente, razão pela qual se tem uma admiração muito grande pelo Doca, que nunca baixou seu nível de se trajar, sendo em qualquer ocasião, um elegante cavalheiro. Contam que em uma partida de futebol em Itapeva, o time do Ypiranga enfrentou naquela cidade o seu grande rival em uma tarde de muita chuva,e o Doca que era o ponta direita,fez dois gols, um deles o da vitória e apesar do campo todo encharcado, saiu de campo com o calção branquinho e impecavelmente limpo. Apesar de sua importância, o Doca mantinha um ritual bem simples: costumeiramente volta pelo Bar do Dito, onde entrava não mais que trinta segundos para gozar do palmeirense, já que é um bom corinthiano. Às vezes , quando se encontravam no Bar pessoas que já o conheciam, e sabiam que seu tempo era como comercial da globo, curto e caro, quando o viam se aproximar já prepara-

vam a música que queriam vê-lo cantar. Certa vez tivemos um dueto inesquecível dele com o Contieri,numa música que costumava cantar com o Salvadorzinho. Tinha uma que já deixavam preparado, é aprendeu a letra, só para vê-lo repetir e sentir o velho charme da sua bela voz. A música terminava assim: “Satisfaz sua vontade Muda de dono a vontade Isso em mulher é comum Não guardo frios rancores Pois entre os seus mil amores Eu sou o numero um”. Depois dessa pequenina canja, ele deixava embriagado de nostalgia e romantismo, pairando no ar uma indelével sensação de que ainda estamos em débito com o Doca. De muito e há muito. Antonio Isidoro de Oliveira- Poli, Dito, Contieri e Juraci acham que o que atenua esta releitura é somente o privilegio de termos ouvido no mês de setembro, o canto dos sabiás

Lauro Bonilha, Esmeraldo Franco, Poli Oliveira e Zé Rossi

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Quais os reais interesses da Fibria? A Fibria Celulose e Papel – controladora de milhares de hectares de terras férteis em Capão Bonito e considerada uma das maiores exportaprincipal patrocinadora das campanhas majoritárias no município “onde tudo que se planta dá”. Doou sozinha, R$ 40 mil à coligação vitoriosa e R$ 20 mil ao candidato da oposição, o atual vereador Gerson Hussar (PMDB), conforme relatório de prestação de contas divulgadas pelos tribunais eleitorais. seguir as determinações referentes ao patrocínio eleitoral, porém, infelizmente, a nossa Justiça não Em 2008, a Fibria seguiu o mesmo rito. Patrocinou a campanha do ex-prefeito Junior Tallarico (prefeito na época) e de seu oposicionista Julio Fernando. Independentemente de quem vencesse o pleito, a empresa encontrou nesta astúcia Outra vertente analítica aponta para os interesses econômicos do grupo que já produziu carvão e outros derivados de madeira nas terras que ocupam em Capão Bonito. Patrocinar políticos de várias vertentes é uma forma poética de rimar com o verbo amarrar. Patrocina ali para evitar As gentilezas concedidas pela Fibria não se limitam apenas ao campo eleitoral. Estende-se aos rosas à diversas entidades sociais e assistenciais -

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pela maioria da população. Se a cidade continua patinando na economia, sofrendo com a falta de emprego e renda, a Fibria tem uma grande parcela de culpa. Toda matéria-prima (eucalipto) produzida em solo gameleiro é encaminhada à fábrica instalada na cidade de Jacareí, e junto com os treminhões abarrotados de madeira da boa, vão também os impostos, empregos e o desenvolvimento. Além disso, há um disfarce, considerado legal, no processo do corte das árvores de Eucalipto. A Fibria criou um verdadeiro processo industrial para talhar as toras: cortam, picam, descascam e aproveitam o cavaco (retalhos do corte) como energia limpa para as caldeiras industriais de Jacareí, porém, não recolhem os devidos impostos cobrados pela prática semi-industrial em Capão Bonito.Esse mesmo serviço para o processamento da tora de madeira é feito pelas serrarias, com apenas uma diferença: o recolhimento de impostos. OUTRO LADO Questionada pela reportagem d’A Matéria-Prima sobre a prática do patrocínio eleitoral, a nhas eleitorais de candidatos que considera comprometidos com o desenvolvimento sustentável e com a melhoria da governança pública. A Fiprocesso eleitoral de forma transparente e cidadã, independente de partidos ou grupos políticos”.

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CAMPEÕES DE VOTO!

De um lado um prefeito simpático, moderado e gestor. Do outro, um dos vices mais atuantes da história de Capão Bonito. Um casamento político que bateu recordes de obras e de votos. A dupla Julio Fernando e Marco Citadini venceram em todas as seções eleitorais de Capão Bonito, tanto na zona urbana como na zona rural, e fecharam as urnas com uma votação histórica: 76% dos votos válidos. Boa sorte aos governantes reeleito.

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