Edição de Dezembro / 2011

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DIREÇÃO & PRODUÇÃO: Francisco Lino

COMERCIAL & PUBLICIDADE: Airton Martins Jr.

EDITOR RESPONSÁVEL: Francisco Lino

COLABORAÇÃO: Juraci B. Chagas

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Cláudio E. Rostelato MTB: 36.953

IMPRESSÃO & ACABAMENTO: Cipola Inteligência Gráfica

Arte & Diagramação: Rafael Pedroso

POLITIKA COMUNICAÇÃO & MARKETING LTDA.



4 CAPÃO BONITO 153 ANOS

Capão-Bonitense Por Francisco Lino

Padre, Missionário ou Santo? Quando se trata de Arlindo Vieira, é comum que opiniões se dividam, gerando cisões muitas vezes inconciliáveis. Em uma cidade marcada pelo catolicismo, já era hora de escrevermos sobre o maior lidere religioso que Capão Bonito já teve: Padre Arlindo Vieira, ou melhor, o Santo Capão-Bonitense. Sua trajetória exibe os traços de verdadeiros heróis. Situa-se entre os homens que deixaram suas marcas neste mundo e não apenas passaram por ele. Quem passava pela rua General Carneiro, já notava no pequeno Arlindo Vieira sua vocação religiosa e sua preocupação com os mais humildes. Numa época dominada pelo poder econômico e a política dos grandes coronéis, Padre Arlindo simbolizou a valorização dos mais pobres na Igreja Católica. Enfrentou o sol ardente, chuvas e os campos íngrimes, para levar até os moradores da roça, a palavra de Deus, para manter viva sua fé. Jamais se curvou aos poderosos, e aliou-se aos trabalhadores do campo, em defesa de melhores condições, de melhores salários. Com habilidade e inteligência mostrou a todos, ricos e pobres, que os ensinamentos católicos era uma forma de ascensão social. Seus pais, Francisca e o Major Pedro Augusto Vieira, escolheram Capão Bonito para viver e aqui ele nasceu, brincando pelos campos que circundavam a nossa majestosa Matriz Nossa Senhora da Conceição. A vocação sacerdotal Arlindo Vieira nasceu no dia 19 de julho de 1897, e desde menino dava sinais de vocação sacerdotal e comandava todas as orações familiares. Percebendo a forte vocação, seus pais o

Em Capão Bonito passei dias muito felizes em várias capelas. O povo da roça conserva grande apego a religião católica

O Santo

matricularam no colégio São Luis de Itu, onde foi adquirindo para seguir sua missão: multiplicar a palavra de Deus. Após sua passagem por Itu, Arlindo foi para o seminário de Botucatu, ordenando-se padre em 1920. Sua dedicação, carisma e boa comunicação o transformaram no grande líder do grupo de seminaristas. Sua primeira atividade como padre foi na cidade de Avaré, onde atuou por um ano, e logo seguiu para a Europa para realizar o grande sonho de estudar na Universidade Gregoriana de Roma. O Missionário do povo Depois de sua atuação marcante na reforma de ensino em 1942, a convite do ex-ministro da Educação, Gustavo Capanema, Padre Arlindo encontrou sua destinação definitiva: preSEPULTAMENTO DE PADRE ARLINDO VIEIRA, NA CIDADE DE gar ao povo. De trem, ônibus, DIOGO DE VASCONCELLOS - MG (05/08/1963) a cavalo, bicicleta e principalmente a pé, percorreu os mais ali imperava. Mesmo sem a presença distantes rincões do interior brasileiro, de padres e igrejas, aqueles homens, especialmente nos estados de São mulheres e crianças da roça viviam Paulo e Minas Gerais. A princípio, seu diariamente o cristianismo, graça a voitinerário detinha-se também nas cida- cação e a bondade do Santo Capãodes medias e grandes, mas seu “Dom Bonitense. O povo do campo cultuava Divino” fez com que se dedicasse aos as procissões, os longos sermões, os lugares mais pobres, abandonados e foguetórios em dias de Santo, a beleza esquecidos até mesmo pela própria das imagens e as cerimônias tocantes, Igreja católica, que reinava absoluta na outra especialidade de Padre Arlindo. época. Foram mais de 20 anos de pregaSuas missões ções levando a palavra de Deus. E foi A terra natal de Padre Arlindo não por essas peregrinações que Padre Ar- poderia ficar de fora de seu roteiro de lindo se encantou pelo povo da roça, peregrinação. Por aqui ele fez várias viencontrando um ambiente de fé viva e sitas, dando preferência sempre às peesperança, apesar das dificuldades que quenas capelas dos povoados rurais.


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Sua primeira passagem missionária pela cidade foi em 1941, conforme conta um de seus relatos: “Tinham-me dito iria encontrar séria resistência por parte do povo da cidade, frio e indiferente”, disse. Depois de quase sete décadas, parece que o nosso povo ainda carrega tais adjetivos. Apesar da falta de entusiasmo, Padre Arlindo começou sua missõa com uma pregação calorosa na Igreja Matriz, com a presença de 400 fiéis. Em Capão Bonito, Padre Arlindo teve algumas desavenças com alguns espíritas, principalmente com José Maria Aliaga, que escreveu um artigo publicado na imprensa local, atacando o padre Missionário. Em seu diário, Padre Arlindo falava de sua alegria de trabalhar na terra onde nasceu. “Em Capão Bonito passei dias muito felizes em várias capelas. O povo da roça conserva grande apego a religião católica”, falou.

INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO EM HOMENAGEM À PADRE ARLINDO VIEIRA EM CAPÃO BONITO

A beatificação Além da vida dedicada às missões e ao ensino brasileiro, Padre Arlindo também tinha dotes artísticos. Por muitos anos manteve um programa semanal e rádios cariocas, e foi articulista de grandes jornais da época, como o Diário de Notícias, onde se tornou amigo pessoal de Carlos Lacerda. Seu poder de comunicação manifestou-se também como compositor de músicas sacras. Até hoje, quem acompanha as missas da Matriz, aprecia suas composições, que já foram interpretadas inclusive pelo grupo musical “Flor do Panema”. Os último dias de sua vida foram dedicados ao povo do interior de Minas Gerais, principalmente na região de Mariana, hoje Diogo de Vasconcelos. Na igreja desta cidade, reunia verdadeira multidão para ouvir suas palavras. O amor por aquele povo era tão intenso, que sempre manifestava o seu grande desejo: o dia que tivesse que

partir, que fosse em meio aquele povo, e se Deus assim permitisse, enquanto rezava com ele. E assim foi: em 04 de agosto de 1963, logo após celebrar uma missa em homenagem ao santo padroeiro da cidade, caiu morto aos pés do altar. Suas últimas palavras foram “quod ore sumpisimes”. A notícia chegou a Capão Bonito, e a população chorou e lamentou a partida do santo gameleiro. Após sua morte, vários milagres foram atribuídos a Padre Arlindo Vieira, os quais foram relatados pelo arcebispo da cidade de Mariana (MG). Em 1985, o padre jesuíta Murilo Moutinho iniciou a coleta de depoimentos, documentos e relatos sobre a vida e os possíveis milagres interceptados por Padre Arlindo. Tudo isso foi reunido em um livro, que será enviado ao Vaticano para o processo de sua beatificação.



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CAPÃO BONITO 153 ANOS

Lojista investe e aposta no COMÉRCIO DE C.BONITO A crise econômica do ano passado, definitivamente, já é página virada. Mesmo com as incertezas econômicas que assolaram o planeta, a economia brasileira parece ter reagido bem durante e agora, no pós-crise. No natal, uma das épocas em que existe maior oferta de emprego no comércio, uma das principais lojistas de Capão Bonito, Alcione Freitas, proprietária da “Camarin Skill”, espera com expectativa o crescimento nas vendas e por isso, promoveu uma ampla reforma em sua loja. “A expectativa é extremamente positiva. Acredito no mercado e na cidade”, destacou. Para oferecer um espaço mais agradável e confortável a seus clientes, a empresária decidiu investir numa arquitetura mais moderna e

trouxe para Capão Bonito um modelo consagrado nas ruas da Orcar Freire em São Paulo. História Alcione conta que começou na atividade há mais de 18 anos. Sua primeira loja foi inaugurada em 1992 no Calçadão “Vanessa Vaz Galvão”. Em seguida, mudou de endereço e montou a “Camarin Skill” na principal rua comercial de Capão Bonito, a Floriano Peixoto. Em 2005, promoveu uma nova mudança na loja. Apesar de trocar de endereço novamente, continuou na mesma “Floriano Peixoto”, mas num espaço mais amplo e aconchegante. Neste ano, a estrutura física da loja passou por uma cirurgia plástica. A nova “Camarin Skill” foi inaugurada

no final do último mês de setembro e desde então, vem aumentando sua carteira de clientes e promovendo um verdadeiro efeito cascata nas demais boutiques de Capão Bonito, que tiveram que se adequar para não perderem espaço. Multimarcas Segundo ainda Alcione, a “Camarin Skill” não é uma loja com produtos “caros”. “Nossos produtos são de qualidade e com preços acessíveis, comparados a qualquer loja popular de Capão Bonito”, afirmou. Para atender as preferências do consumidor capão-bonitense, a empresária contratou uma agência especializada em pesquisa de mercado. Após a análise do levantamento, a loja investiu em produtos para todas as faixas etárias: infantil; teen/jovem/senhoras/senhores e até tamanhos especiais. Responsabilidade Social O compromisso social também está presente nos negócios da Camarin Skill. Todo ano a loja promove um desfile de modas que já virou tradição na cidade. “Vista-se de Calor Humano” é o tema do evento, onde toda a renda é revertida em pról do Centro de Assistência Social, entidade que há mais de 30 anos atende crianças de baixa renda de Capão Bonito.


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maior de

todos os tempos Por Francisco Lino

Berço de grandes músicos, Capão Bonito também se destaca na revelação de grupos musicais, mas nenhum se compara em empolgação e títulos como a saudosa Banda Marcial de Capão Bonito, também conhecida como o “Furacão do Sudoeste Paulista”. Em pouco mais de três anos de vida, conquistou dezenas de títulos regionais e estaduais e um vice-campeonato brasileiro no Rio de Janeiro, o suficiente para escrever seu nome na história. Criada pelo antigo Corpo de Bombeiros Voluntários e pelo ex-vereador Gilson Kurtz em 2004, no ano seguinte foi adotada pelo ex-prefeito Júnior Tallarico, que deu o “empurrãozinho” que faltava para os jovens músicos capão-bonitenses despontarem e encantarem todo o país.

“Cinco, quatro, três, dois, um... Capão Bonito!”. Foi com este refrão que a Banda Marcial anunciava, com muito orgulho, o nome da cidade mãe. Em cada lugar que chegava, o “Furacão” empolgava, não só pelo talento dos músicos e dançarinas, mas pela vibração que transmitiam. Cidades disputavam entre si uma vaga na agenda de apresentações da agremiação musical, que também se destacou em diversos programas de Televisão. O sucesso era tanto que foi convidada para abrilhantar a cerimônia de encerramento da Copa TV TEM de Futsal e da Stock Car Brasil no autódromo de Interlagos em São Paulo. As dificuldades financeiras eram superadas pela garra e força de von-

A saudosa Banda Marcial de Capão Bonito, carinhosamente chamada de Furacão do Sudoeste Paulista, além de ter deixado uma galeria de troféus e títulos, também deixou saudades.

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tade dos componentes, que se organizavam para promover festas e outras atividades com objetivo único de arrecadar fundos para a renovação de uniformes e instrumentos musicais. Vale destacar ainda a persistência e a dedicação do ex-maestro João Luiz Siqueira (Cuca), que não media esforços para, regularmente, conduzir os ensaios e deixar a Banda sempre pronta para a próxima apresentação. O espírito de união se comparava ao de uma verdadeira família. Mesmo nas apresentações mais modestas, o grupo não perdia a empolgação. Até os ensaios realizados na praça Cunha Bueno eram acompanhados por um grande número de espectadores. O repertório, composto por músicas po-


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pulares acompanhado de coreografias bem sincronizadas pelas belas dançarinas, era contagiante e atraía milhares de admiradores. A cada ano, o povo de Capão Bonito aguardava ansioso a chegada do aniversário da cidade, para acompanhar a grande sensação dos desfiles cívicos, a Banda Marcial de Capão Bonito, que aproveitava a data e o grande público da festa, para o lançamento oficial dos novos repertórios e coreografias. A última participação em desfile cívico da Banda, realizada no ano de 2007, mesmo após o encerramento da apresentação, uma multidão de admiradores acompanhou os jovens músicos da praça Rui Barbosa até a praça Cunha Bueno. Uma cena jamais vista na história musical do município. Outra passagem que marcou a história da banda foram as lágrimas e emoção de todos os componentes quando ouviram o anúncio oficial do título de vice-campeã brasileira no Rio de Janeiro. Mas, infelizmente, as adversidades políticas foram destruindo mais um

patrimônio cultural de Capão Bonito. As brigas entre o ex-maestro e um secretário do ex-prefeito Júnior Tallarico, que não concordava com algumas posições do regente, foram desunindo o grupo e desmotivando os jovens músicos. O então secretário chegou ao ponto de colocar seu cargo a disposição caso o maestro permanecesse no comando da Banda. Após uma reunião com os próprios componentes da Banda, que assim como a conhecida história do Impera-

dor Júlio César, que fora traído pelo próprio sobrinho Brutus – “... até tu, Brutus meu filho”-, que deu a apunhalada final no assassinato do Imperador, o maestro foi demitido com aval daqueles que o tinham como líder e professor. A Banda Marcial de Capão Bonito ganhou um novo maestro e uma nova denominação (Fênix), mas perdeu aquilo que a diferenciava das demais: a ALMA.




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Município avança em vários setores e vira referência em Gestão Pública no Estado de S.Paulo

Por Francisco Lino

Em apenas dois no comando do Executivo Municipal, o prefeito Júlio Fernando, com apoio do vice-prefeito Marco Citadini, da equipe de secretários e da Câmara de Vereadores, tira o município do descrédito e conquista um grande volume de recursos públicos para Capão Bonito, investimentos estes que direcionam o município para um novo modelo de desenvolvimento sustentável. O feito, resultado da opção do prefeito Júlio Fernando por uma política administrativa austera e uma gestão baseada nos métodos da iniciativa privada, reforça uma constatação e consolida uma tendência. “A boa gestão é o nosso grande diferencial”, disse o prefeito. Ao tomar posse, em janeiro de 2009, o prefeito e sua equipe, depararam com uma das piores equações fiscais de Capão Bonito, com despesas desnecessárias e que aumentavam o custeio da máquina administrativa. Por causa desse desequilíbrio, a Prefeitura não tinha credibilidade com fornecedores, funcionários e principalmente com a população.

De janeiro de 2009 até agora, Júlio Fernando cortou gastos desnecessários, pagou dívidas herdadas, regularizou os convênios com as entidades assistenciais e o pagamento de precatórios. Com isso, a Prefeitura fortaleceu a musculatura de investimentos em setores fundamentais como Saúde, Educação e Infraestrutura. Balanço do biênio 2009/2010 Com o choque de gestão empreendido pela atual administração, e o aumento da receita líquida, o prefeito Júlio Fernando conseguiu recuperar a frota municipal e consequentemente diminuir as despesas com conserto e manutenção de veículos. Com a retomada da credibilidade junto aos governos Estadual e Federal, Júlio Fernando e Marco Citadini, com apoio político de deputados estaduais e federais, conquistaram também um grande volume de investimentos que estão gerando obras importantes como Pavimentações, construção do novo prédio da Vara do Trabalho, nova Unidade de Saúde na Vila Aparecida, entre outras.

investimentos da Prefeitura preparam Capão Bonito para o desenvolvimento

Investimentos na Saúde O setor da Saúde de Capão Bonito tenha sido talvez, o mais contemplado em aportes financeiros. Procurado por mais de 90% da população, o sistema de Saúde Municipal foi totalmente remodelado e reorganizado. Atualmente, a Prefeitura vem aplicando mais de 20% da receita municipal em Saúde, o que comprova a preocupação do atual prefeito em melhorar “dia-a-dia” o atendimento no setor, que já recebeu novos equipamentos, promoveu reformas, reabriu novos postos de saúde na zona rural, melhorou o atendimento e aumentou a produção de medicamentos na Farmácia Municipal. Obras de infraestutura Para atrair investimentos, novas empresas e promover um bom escoamento agrícola, o município precisa de uma boa infraestutura. Por isso, o prefeito Júlio Fernando criou o maior programa de pavimentação da história, atingindo a marca de R$ 4 milhões, exclusivos para esse serviço. Além disso, a Prefeitura está em processo de aquisição

Nova Praça na Vila Cruzeiro


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Pavimentação na Avenida Massaichi Kakiaha

de novas máquinas e equipamentos para criar núcleos descentralizados de recuperação de estradas rurais, projeto este inédito no município. Reduzir o déficit habitacional também tem sido prioritário para a atual administração. Nos próximos dois anos, em parceria com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) vai entregar centenas de novas moradias e iniciar a construção de um novo conjunto no bairro Vila Maria. Palavras finais Ao ajustar as contas do município, Júlio Fernando e Marco Citadini garantem uma administração baseada no planejamento, e não no improviso. O equilíbrio fiscal traz a recuperação da capacidade de investimento, atrai o

interesse da iniciativa privada e facilita a obtenção de recursos no Estado e na União. O saneamento de Capão Bonito – cuja credibilidade era zero– levou, por exemplo, a Caixa Econômica Fede-

ral (CEF) e a Erplan (Escritório Regional) a credenciar a Prefeitura Municipal de Capão Bonito como uma referência em Gestão Publica no Estado de São Paulo.


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Os pratos típicos da região Rojão Nas festas típicas das cidades da região sudeste do Estado de São Paulo, um prato não pode faltar: o rojão. O nome, divertido, deve-se à semelhança com o fogo de artifício, o rojão de vara. O prato, que data da época dos tropeiros, é uma mistura de carne de porco moída com temperos, amarrada com barbante num pedaço de madeira e depois assada. “Foi criado por famílias portuguesas que fundaram a cidade de Ribeirão Grande (cerca de 200 quilômetros de São Paulo)”, explica o açougueiro João Cláudio Ferreira, o Balaio, um dos responsáveis por manter a tradição do rojão no estado. Ferreira conta que a cidade de Ribeirão Grande ficava na rota dos tropeiros que vinham do Paraná. “Era ponto de parada para o descanso e refeições dos que vinham, principalmente, de Curitiba para a feira de mulas, que acontecia em Sorocaba, ou para outros estados”, diz Ferreira. Em Ribeirão eles também preparavam comida para levar na viagem. “A carne tinha que durar, agüentar o transporte. Então, a melhor forma era moer e temperar com sal”, explica. Como na época não existia máquinas de moer, a solução era socar no pilão até ficar bem amassada. Para facilitar o transporte e o processo de assar, as famílias portuguesas amarravam a mistura com taboa (planta aquática muito comum

na região). Nasceu o rojão. O prato, aos poucos, tornou-se popular. Além dos tropeiros, passou a ser consumido pelas pessoas da pequena cidade que começava a se formar – Ribeirão Grande tem oito mil habitantes. “Primeiro, o rojão virou presença certa nas festas de família, era sempre servido em batizados e casamentos. O prato começou a fazer sucesso, os pedidos foram aumentando e as famílias iniciaram a comercialização, mas de forma bem artesanal, socando a carne no pilão, e em poucas quantidades”, conta Ferreira, que faz parte da terceira geração dos criadores do rojão.

Com a chegada da máquina de moer carne à região, Ferreira percebeu o potencial do prato e a importância de manter tal tradição. O primeiro passo foi aperfeiçoar a técnica de preparo. O pilão foi substituído pela máquina de

moer. A madeira onde a carne é amarrada passou a ser tratada, torneada para evitar farpas, por exemplo. O barbante, que serve para amarrar a mistura na madeira, também foi substituído, depois de alguns testes, por um fio de algodão, que não interfere no sabor da carne e pode ir ao braseiro. Em 1995, com assessoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ferreira registrou a marca Rojão no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi) e passou a comercializar os produtos em outras cidades da região. Atualmente Ferreira emprega cinco funcionários e fabrica cerca de 2 mil rojões por mês. “O pico acontece nos meses de junho e julho por causa das festas folclóricas”, afirma. Bolinho de Frango Quem circula pelos bares, botecos e lanchonetes de Capão Bonito e Ribeirão Grande encontra algo em comum: o famoso Bolinho de Frango. Considerado um dos nossos pratos típicos, o bolinho de frango também é presença garantida em quase todas as festas populares e religiosas da cidade. Apesar de um vereador de Itapetininga ter criado um projeto de Lei que assegura o bolinho de frango como


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Moacir de Almeida, proprietário de um dos bares mais tradiconais de Capão Bonito, vende em média, 300 bolinhos de frango por dia

patrimônio cultural de Itapetininga, foi nas cidades de Capão Bonito e Ribeirão Grande que ele ganhou fama. “O bolinho de frango não representa em nada Itapetininga”, disse um historiador local. Outras quituteiras locais afirmam que o Bolinho de Capão Bonito e Ribeirão Grande é diferente por ser enrolado nas mãos, diferentemente de Itapetininga que é feito numa concha. De acordo ainda com alguns historiadores, a pri-

meira receita nasceu no distrito de Gramadinho, e até hoje o produto é comercializado em diversos pontos de venda às margens da Rodovia SP-127. A massa do bolinho é feita com farinha de milho e o recheio com frango desfiado temperado com cheiro verde e outras especiarias. Turistas, visitantes e até antigos moradores que visitam Capão Bonito e Ribeirão Grande não deixam se saborear e le-


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O PREFEITO QUE FEZ O FUTURO PRESENTE Por Francisco Lino

Logo que chegou a Capão Bonito, na década de 40, Oscar Kurtz começou a se destacar pela inovação e pioneirismo. Oscar nasceu no município de Santa Isabel, Estado de São Paulo, e ainda muito jovem ingressou na Guarda Civil Estadual. Transferido para Capão Bonito, chegou causando impacto na cidade. De estatura alta, ostentava um estilo galã, e com o uniforme de Guarda Civil, logo chamou a atenção das mocinhas da cidade, ainda mais quando fazia manobras radicais com sua Harley Davidson 1.200 cc, pela praça Rui Barbosa. Alguns anos depois já se tornou interventor de Capão Bonito - prefeito da época que era nomeado pelo governador -, substituindo o ex-prefeito Virgílio Lírio de Almeida. Já casado com Áurea Barreto, Os-

car Kurtz não se quietava e queria sempre criar e inovar. Foi ele quem trouxe a primeira motocicleta, o primeiro da cidade a pilotar um avião, e por aí adiante. Oscar foi um autodidata, adorava ler e se debruçava em livros sobre os assuntos que o envolvia no momento. Para pilotar um avião, ele leu dezenas de livros e revistas e aplicava as técnicas corretamente na prática. As inovações de Oscar também atingiram o setor de comunicação. Foi ele que trouxe o primeiro transmissor de TV, realizando o sonho de milhares de capão-bonitenses de assistir a tão propagada telinha. Como um bom corintiano, cedia sua própria casa para dezenas de outros fanáticos assistirem os jogos do Timão. Seguindo os passos do pai que era engenheiro, ele também estudou, por conta própria, engenha-

OSCAR KURTZ EM PRONUNCIAMENTO NA CÂMARA MUNICIPAL (DÉCADA DE 60)

Oscar foi um autodidata, adorava ler e se debruçava em livros sobre os assuntos que o envolvia no momento

OSCAR KURTZ:

ria eletroeletrônica. Com isso, ganhou fama montando vitrolas até para empresas estrangeiras. Como político, teve um dos melhores currículos de Capão Bonito. Assumiu a prefeitura pela primeira vez em 1945, depois em 1952 a 1956, e pela terceira vez entre 1963 a 1968, mesmo ano de seu falecimento. Alguns capão-bonitenses se recordam que na tarde de seu falecimento, estranhamente a cidade foi tomada por besouros. Coincidência ou alguma mensagem? Política Durante sua primeira passagem pelo Executivo Municipal novamente deu lições de pioneirismo e inovação. Como na época não havia operadores de máquina de terraplanagem, ele próprio se encarregou de desvendar os segredos dos equipamentos recémcomprados pela prefeitura. Ao invés de ir para Zona Rural fazer política, Oscar chegava pilotando uma daquelas máquinas. Em algumas vicinais até hoje permanece os “desenhos” do prefeito inovador. Mesmo tendo uma grande popularidade eleitoral, Oscar perdeu duas eleições consecutivas. Em 1957, a eleição municipal foi uma das mais acirradas da história, com direito de até citação num jornal de grande circulação. Disputavam o cargo de prefeito Oscar Kurtz e seu ex-aliado Faustino Cesarino Barreto, que decidiu enfrentar o ex-companheiro graças à uma manobra política do saudoso jornalista José Carlos Tallarico, considerado até hoje, um dos mais habilidosos políticos de Capão Bonito. Mas a disputa não era para ser com esses persona-


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PREFEITO E OPERADOR DE MÁQUINAS gens. Faustino era um aliado de Oscar, mas concorreu com ele por causa de uma suposta “fofoca” do saudoso jornalista José Carlos Tallarico. Dizem os mais antigos, que o então cônego Luis, chefe da paróquia naquela época, reuniu várias lideranças políticas para apoiarem a candidatura de Oscar. Nessa reunião não foram convidados nem Faustino Cesarino Barreto e nem o jornalista José Carlos Tallarico. Depois disso, Tallarico convenceu Barreto a disputar as eleições, dizendo que ele foi traído por não ser convidado para reunião. Para vencer as eleições para utilizou uma estratégia agressiva contra Oscar. Foram dezenas e dezenas de discursos pesados, com ofensas e críticas pessoais. Mas, antes mesmo de encerrar a campanha eleitoral, Barreto teve a candidatura cassada, pelos próprios insultos praticados contra Kurtz. Em plena praça pública, Faustininho, chamou Oscar de “barba-de-bode” – uma espécie de capim considerado praga no campo. Mesmo cassado, Barreto venceu o pleito sem registro. Esse

fato fez com que a Justiça Eleitoral Estadual realizasse uma nova eleição em Capão Bonito, e novamente Barreto venceu. Desta forma, se desenrolou uma das maiores disputas eleitorais de todos os tempos em Capão Bonito. Na eleição seguinte, em 1960, lá estava novamente Oscar Kurtz concorrendo. Naquele pleito, concorreu com um jovem médico, boa pinta e bom orador que retornava ao município depois de anos estudando medicina em Curitiba e em São Paulo. Raul vence as eleições, mas antes mesmo de completar dois anos de governo, falece num acidente automobilístico. Com a morte inesperada de Raul Venturelli, acontece uma nova eleição. Concorreram neste pleito, Oscar Kurtz e o comerciante Joaquim Aleixo. Desta vez, Oscar Kurtz vence as eleições tendo como o vice Abib Elias Daniel, que depois veio a tornar prefeito de Capão Bonito, e um dos políticos mais populares da nossa história. Prefeito por quatro mandatos, que trouxe as primeiras máquinas para obras de urbanização, criando praças

e abrindo novas ruas e avenidas. Foi na época de Oscar, que a tradicional fonte luminosa da praça Rui Barbosa ganhou fama, devido aos movimentos sincronizados entre água, luz e música. Herdeiros Oscar também tinha a fama de namorador, inclusive, suspeita-se que tenha deixado herdeiros fora do casamento, e que esse suposto filho também herdou o sangue político do pai. Outro descendente que ainda segue os passos de Oscar, é o ex-vereador Gilson Kurtz Filho de Nicéia Kurtz e José Lopes, Gilson foi eleito em 2004, atuando na legislatura 2005-2008. Nesses quatros anos, se afastou do Legislativo para atuar como secretário de Indústria e Comércio, onde trouxe projetos importantes para o município como o Posto do Sebrae, e o uma área de 7 alqueires para a criação de um novo Distrito Industrial. Gilson deixou a pasta de Indústria e Comércio para assumir a secretaria de Turismo, Esporte e Lazer.


social

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3ツコ LUAL SERTANEJO CHテ,ARA DO WILSON - 14/11/2010


gatas na BALADA

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O rádio de pilha, o apito e o celular Zé Melo, o vigoroso beque do ELITE F.C., e gráfico da tipografia do também Zé Tallarico, nos confidenciou que só veio tomar conhecimento da existência da Copa do Mundo de Futebol em uma tarde, na arquibancada de madeira do campo do Ipiranga A.C., junto a uma aglomeração que ouvia, nas mãos do Pedro Braz das Chagas, o primeiro radinho de pilha que vira na vida. Os locutores lá da Suécia direcionavam, para nossa imaginação, a imagem que conseguíamos criar. Que contraste com os dias atuais! Hoje, pode-se ver essas imagens ao vivo e em cores, em tempo real, sem precisar da imaginação para ver jogadores que fingem cantar o Hino Nacional, rezar, e até jogar. Isto tudo, em telas de televisão na dimensão que você desejar e que seu bolso ou cartão de crédito suportar. Recentemente, um amigo que trabalhou em uma gráfica de um grande banco e hoje atua em vendas de uma multinacional. Participando recentemente como representante da mesma na Feira Internacional Cards 2010, adiantou que esse evento apresentou as novas tendências tecnológicas e entre elas, a Mobile Payment. Com esta nova tecnologia, os bancos pretendem extinguir os serviços gráficos

(o que milhões de árvores agradecem, pois cada talão de cheque elimina 15 árvores), e que, dentro de dois ou três anos, o futuro operacional bancário se dará inteiramente pelo celular. É fantástico o poder desse aparelhinho que mal cabe na palma da mão, mas que propicia se contatar em tempo real com quem e sobre o que se queira. O que posso dizer eu, então, que já tinha como espantoso os saltos tecnológicos que colocam literalmente em nossas mãos celulares que se conectam na internet, enviam e-mails, fotografam e enviam fotos? Isso é meio mágico, principalmente para quem viveu um tempo de comunicação, em que, para falar com Itapetininga recorríamos a uma Central Telefônica situada na “Rua Direita”. Quem não tinha telefone usava as cabines, e as telefonistas faziam a conexão com Itapeva e, de lá, partia a ligação para o telefone com quem se desejava falar retornando a ligação para Capão Bonito. Era um tempo romântico e lá no centro telefônico, as telefonistas e as pessoas que esperavam para completarem suas ligações ficavam inteiradas de muitas informações, pois dependendo da localidade chamada, tinha-se que gritar para ser ouvido. Nesse tempo, o posto telefônico era

Por ANTONIO ISIDORO DE OLIVEIRA

chefiado por D. Luiza Carvalho. Coincidentemente, um outro importante ponto da comunicação, o Correio e Telégrafos, que ficava num casarão com porão na rua Quintino Bocaiuva, também chefiado por uma mulher, D. Antonieta Nogueira de Lima, esposa do Sr. Lúcio. Como se nota, desde aquele tempo as mulheres já detinham a logística da comunicação, principalmente D. Luiza, que contava com um importante reforço dado por seu esposo, o Didi, que trabalhava no Correio. Profundo conhecedor do Código Morse, era quem operacionalizava as mensagens telegráficas e formava com D. Luiza “o casal 20” das Comunicações em nossa cidade. Os guichês do Correio pareciam telas de televisão, pois enquanto a gente aguardava a correspondência (às vezes com expectativa e ansiedade, quando se tratava de encomenda de


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livros escolhido em catálogo e pedido pelo Serviço de Reembolso Postal), assistia a intensa movimentação interna dos funcionários: Sr. Rivadávia, Jango Dias, Zé Lisboa, Simão, Jando e Didi. Numa dessas cenas lembro do Didi com um indisfarçável sorriso, contente, e eu poderia hoje afirmar com segurança que seus dedos ainda estavam quentes pela notícia que teclara. Colava as fitinhas com as abreviadas letras do telegrama, lacrava e ele mesmo ia entregar. Certamente o destinatário era algum político, e mais ainda, era sempre má notícia. Mas o Didi se destacou mesmo foi no futebol. O filho do Sinhô andou tentando cercar no gol. Mas, onde brilhou intensamente e marcou sua presença nos campos de futebol, foi como o árbitro Armódio de Carvalho. Era um árbitro que não ligava para intempéries. Com sol ou chuva ele mantinha os times em campo, mesmo que

ARMODIO DE CARVALHO (DIDI)

tivesse que usar guarda-chuva, como contam algumas pessoas do seu círculo de amizades. A presença dele em campo era uma garantia para os jogos em nossa cancha. Com a discrição adquirida em seu ofício, nunca deixou transparecer aos visitantes, mesmo nas decisões mais complicadas, a sua condição de torcedor fanático das cores capão-bonitenses. Não é por acaso que em quase todos os jogos que apitava, ele saia na foto compondo e reforçando o nosso esquadrão. O Didi é uma pessoa formidável, faz parte e tem muito para contar da história da nossa cidade, mas isso fica bem melhor com o Faia em sua interessante coluna, ou com algum professor que queira ensejar aos seus alunos a imperdível oportunidade de pesquisar como foram tênues os Meios de Comunicação em Capão Bonito naquela época.



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Consumidores vão às compras e comerciantes prevêem melhor Natal Consumidores vão às compras e comerciantes prevêem melhor Natal da história Quem caminha pela região comercial de Capão Bonito observa, além das novas fachadas e vitrines, um grande número de consumidores antecipando às compras de fim de ano. Com isso, comerciantes e lojistas apostam num Natal próspero para as vendas. “Sem dúvida 2010 será o melhor ano da história do comércio de Capão Bonito”, afirmou um comerciante de aparelhos eletrônicos. Os investimentos em publicidade e a retomada de promoções como sorteio , somam-se a um crescimento contínua graças ao bom desempenho da economia brasileira e da melhora do poder aquisitivo do Brasileiro. O aumento da renda do consumidor, a queda nos índices de desemprego e o maior acesso ao crédito estão facilitando os negócios, segundo o administrador de empresas Ronaldo Oliveira. Para melhorar a qualidade dos serviços de atendimento e não perderem espaço para a concorrência, muitas lojas e boutiques da cidade promoveram reformas e adequações, como as boutiques Medida Exata e Camarin Skill. Ambas modernizaram suas instalações e a nova decoração tem atraído novos consumidores. Emprego temporário A temporada de contratação de final de ano tsmbém já chegou. Lojistas e abriram mais de 100 vagas para o provimento das necessidades do Natal e Final de Ano. A principal faixa etária das pessoas contratadas é de 18 a 40 anos. De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas, 25% dos funcionários costumam ser efetivados. Os salários variam entre R$ 500 e R$ 1 mil. O valor depende da função e da quantidade de vendas rea-

lizadas por loja. As maiores necessidades das lojas são balconistas, caixas, empacotadores, estoquistas, fiscais de lojas e repositores.



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Vereador encontra na Cunicultura uma nova alternativa de renda para produtores rurais Por Francisco Lino

O desenvolvimento econômico de Capão Bonito tem sido a principal bandeira de atuação do vereador Braz Lucchi. Além de reunir e organizar os pequenos e médios madeireiros do município, e criar a Cooperativa Madeireira, que já possui contratos de fornecimento com duas gigantes do setor de reflorestamento: Fibria e Suzano, ele também está buscando alternativas de renda para os pequenos produtores rurais, e encontrou na criação de coelhos a solução. Depois de estudar e se aprofundar no assunto, o vereador capão-bonitense promoveu diversas reuniões nas comunidades rurais do município, e organizou um grupo que já soma mais de 30 criadores de coelho. Para garantir a venda do produto, Braz Lucchi e um grupo de cunicultores, participou de uma reunião com o proprietário do frigorífico Coelho Real em São Paulo, considerado referência no setor, onde formalizaram um contrato de fornecimento de 3 mil cabe-

ças/mês. A primeira entrega de coelhos está prevista ainda para esse mês à um preço de R$ 4,80 em média. Nos últimos anos, a produção e o consumo da carne de coelho cresceu mais que 400%, segundo a Associação Paulista de Criadores de Coelho. A carne está no cardápio de pelo menos dezenas de restaurantes e supermercados de todo o Brasil, que consomem até 95% da produção nacional. A escolha pelo coelho se deve ao retorno rápido e a resistência do animal, isso sem contar a facilidade do manejo. Hoje, uma matriz, que custa R$ 40, gera 48 filhotes por ano. Há dez anos, uma fêmea produzia 24. As melhores raças na Espanha atingem até 60 filhotes de coelho, símbolo exemplar de fertilidade. O interesse dos consumidores pela carne de coelho, devido ao sabor e baixo teor de colesterol, deve engordar a margem de lucro dos criadores, que estão entusiasmados com a nova atividade.

Abatedouro próprio Além de conseguir um contrato de garantia para o venda do animal, Braz Lucchi foi até o Estado do Rio Grande do Sul para conhecer as instalações da Chácara Recanto do Vale, no município de Lajeado, que abriga o único abatedouro de coelhos do Estado. A intenção do vereador é criar uma estrutura similar em Capão Bonit0 e agregar valor ao preço da carne, que pode passar de R$ 4,80 para até R$ 16,00 com o abate próprio. Para construir o abatedouro, Lucchi conseguiu uma emenda do deputado Devanir Ribeiro junto ao Governo Federal, para a liberação de R$ 150 mil. O projeto técnico será elaborado em parceria com a Prefeitura Municipal e a área de construção, doada pelo próprio vereador, será nas margens da rodovia SP-250, que liga Capão Bonito à Guapiara.



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UMA PITADA DE CULTURA

FRAGMENTOS DE UM EVANGELHO APÓCRIFO (Jorge Luis Borges)

3-Desventurado o pobre de espírito, porque sob a terra será o que agora é na terra. 4-Desventurado aquele que chora, porque já tem o hábito miserável do pranto. 5-Felizes os que sabem que o sofrimento não é uma coroa de glória. 6-Não basta ser o último para ser alguma vez o primeiro. 7-Feliz aquele que não insiste em ter razão, porque ninguém a tem ou todos a tem. 8-Feliz aquele que perdoa aos outros e aquele que perdoa a si mesmo.

Por Juraci Braz das Chagas

9-Bem-aventurados os mansos, porque não condescendem com a discórdia. 10-Bem-aventurados os que não têm fome de justiça, porque sabem que nossa sorte, adversa ou piedosa, é obra do acaso, que é inescrutável. 11-Bem-aventurados os misericordiosos, porque sua felicidade está no exercício da misericórdia e não na esperança de um prêmio. 12-Bem-aventurados os de coração puro, porque veem Deus. 13- Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque lhes importa mais a justiça que seu destino humano. 14-Ninguém é o sal da terra, ninguém, em algum momento de sua vida, não o é. 15-Que a luz de uma lâmpada se ascenda, ainda que nenhum homem a veja. Deus a verá. 16-Não há mandamento que não possa ser infringido, e também os que digo e os que os profetas disseram. 17-Aquele que matar pela causa da justiça, ou pela causa que ele acredita ser justa, não tem culpa. 18-Os atos dos homens não merecem nem o fogo nem os céus. 19-Não odeies teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo seu escravo. Teu ódio nunca será melhor que tua paz. 24-Não exageres o culto da verdade; não há homem que no final de um dia não tenha mentido com razão muitas vezes. 25-Não jures, porque todo juramento é uma ênfase. 26-Resiste ao mal, mas sem assombro

e sem ira. A quem te ferir na face direita, podes oferecer a outra, sempre que não te mova o temor. 27-Não falo de vinganças nem de perdões; o esquecimento é a única vingança e o único perdão. 28-Fazer o bem a teu inimigo pode ser obra de justiça e não é árduo; amá-lo, tarefa de anjos e não de homens. 29-Fazer o bem a teu inimigo é o melhor modo de satisfazer tua vaidade. 30- Não acumules ouro na terra, porque o ouro é o pai do ócio, e este, da tristeza e do tédio. 31-Pensa que os outros são justos ou serão, e, se não for assim, não é o teu erro. 32-Deus é mais generoso que os homens e os medirá com outra medida. 33- Dá o santo aos cães, atira tuas pérolas aos porcos; o que importa é dar. 34-Procura pelo prazer de procurar, não pelo de encontrar... 39- A porta é a que escolhe, não o homem. 40- Não julgues a árvore por seus frutos nem o homem por suas obras, podem ser piores ou melhores. 41-Nada se edifica sobre a pedra, tudo sobre a areia, mas nosso deve é edificar como se fosse pedra a areia... 47-Feliz o pobre sem amargura ou o rico sem soberba. 48-Felizes os valentes, os que aceitam com ânimo similar a derrota ou as palmas. 49-Felizes os que guardam na memória palavras de Virgílio ou de Cristo, porque estas darão luz a seus dias. 50-Felizes os amados e os amantes e os que podem prescindir do amor. 51-Felizes os felizes.


ISMAEL


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UM VICE ATUANTE Por Francisco Lino

O paradigma de que vice-prefeito é um cargo de expectativa está sendo quebrado em Capão Bonito. Natural de Capão Bonito, Marco Citadini faz parte de um novo modelo de vices-prefeito. Habilidade para a política não lhe falta. Além da função pública, comanda um conjunto empresarial que reúne hotel, laticínio, negócios imobiliários e um jornal. Mas há anos também se dedica às questões políticas e se tornou uma voz importante na defesa dos interesses de Capão Bonito nos governos Estadual e Federal, por isso, é hoje um dos membros mais atuantes do Conselho Estadual de Orientação ao Saneamento Básico, e sua presença também é constante nas reuniões deliberativas do Condersul (Consórcio de Desenvolvimento das Regiões Sul e Sudeste de São Paulo). Indicado pelos municípios que formam a Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema, Citadini é o único viceprefeito dos 17 membros que compõe o Conselho Estadual. Das propostas apresentadas nas reuniões mensais

O paradigma de que vice-prefeito é um cargo de expectativa está sendo quebrado em Capão Bonito.

do grupo que fiscaliza e regula as ações da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), duas são de sua autoria: prolongamento das redes de água e esgoto de 20 para 45 metros e vinculação das tarifas sociais concedidas pelas concessionárias a um programa social do Governo Estadual ou Federal. As indicações feitas por ele beneficiam diretamente o consumidor de baixa renda. Marco Citadini também tem uma participação efetiva no Condersul (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Sul e Sudeste do Estado de São Paulo). Para dividir tarefas e responsabilidades com o prefeito Júlio Fernando, Citadini ganhou espaço no consórcio e foi dele a indicação de reeleger o prefeito de Itapeva, Luiz Cavani, na presidência do grupo que reúne prefeitos do Sudoeste Paulista, com exceção apenas do vice-prefeito de Capão Bonito. Ele afirma que a divisão de tarefas entre o prefeito e o vice, aumenta a representatividade do município em

reuniões e discussões de interesse público. “O importante é que o município esteja sempre representado”, afirmou. Na Prefeitura, Citadini atua como um verdadeiro conciliador e articulador dos assuntos mais espinhosos. Graças a sua experiência na iniciativa privada, está conseguindo solucionar um velho problema de legalização dos terrenos cedidos aos empresários que ali se estabeleceram, e que se arrastava desde 1992. Oficialmente, os vice-prefeitos não têm funções definidas no governo, lacuna esta que permite distorções. Na história de Capão Bonito, são raros os episódios em que o vice teve participação ativa na administração municipal. A fama era de que recebiam sem trabalhar, mas o atual vice-prefeito está mudando essa realidade, e comprovando que o cargo não é apenas de expectativa, mas sim de que gera expectativas de uma melhor qualidade de vida da população que representa.



CAPテグ BONITO 153 ANOS


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