Projeto de Vida - MP

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Projeto de vida -

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Cecilia Junqueira Sallowicz Zanotti Graduada em Administração de Empresas pela EAESP – FGV. Atua como facilitadora de projetos que envolvem arte e criatividade. Gestora de projetos e consultora para organizações de impacto social.

Eric Brandão Machado Mifune Graduado em Administração Pública pela EAESP – FGV. Atuou no mercado financeiro, em diversos setores da economia. Consultor em gestão e finanças com foco em governança, captação de recursos para startups, desenvolvimentos de novos negócios e negócios de impacto.

São Paulo, 1a_ edição, 2020.


CNPJ 19.893.722/0001-40

© 2020 Kit’s Editora Direção administrativa Jane Soraya Apolinário Direção editorial Lourisnei Fortes Reis Coordenação editorial Wellington Oscar

Equipe M10 Editorial Projeto gráfico de capa e miolo: Thais Ometto Edição: Alessandra Corá Assistência editorial: Henrique Augusto Nogueira Produção editorial: Fernanda Azevedo Vanessa Alves

DECLARAÇÃO A eDOC BRASIL declara para os devidos fins que a ficha catalográfica constante nesse documento foi elaborada por profissional bibliotecário, devidamente registrado no Conselho Regional de Biblioteconomia. Certifica que a ficha está de acordo com as normas do Código de Catalogação Anglo Americano (AACR2), as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e com a Lei Federal n. 10.753/03. É permitida a alteração da tipografia, tamanho e cor da fonte da ficha catalográfica de modo a corresponder com a obra em que ela será utilizada. Outras alterações relacionadas com a formatação da ficha catalográfica também são permitidas, desde que os parágrafos e pontuações sejam mantidos. O cabeçalho e o rodapé deverão ser mantidos inalterados. Alterações de cunho técnico-documental não estão autorizadas. Para isto, entre em contato conosco.

Coordenação da diagramação: Eduardo Enoki Diagramação: Fanny Sosa Nathalia Scala Preparação e revisão: Brenda Silva Raquel Reinert Ilustrações: Alexandre Romão Iconografia: Denis Domingues

Kit’s Editora Comércio e Indústria Ltda. - EPP Rua Henrique Sam Mindlin, 576 - Piso Superior Jardim do Colégio - São Paulo - SP CEP: 05882-000 Tel.: (11) 5873-4363 www.kitseditora.com.br/

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) Z33p

Zanotti, Cecilia Junqueira Sallowicz. Projeto de vida: meu plano em ação: manual do professor / Cecilia Junqueira Sallowicz Zanotti, Eric Brandão Machado Mifune. – São Paulo, SP: Kit's Editora, 2020. 20,5 x 27,5 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-66526-57-8 1. Educação. 2. Orientação profissional. 3. Planejamento – Estudos. I. Mifune, Eric Brandão Machado. II. Título. CDD 371.26 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

Rua Cel. Joaquim Tibúrcio, 869 - Belo Horizonte/MG. CEP.: 31741-570 Contato: (31) 9 8837-8378 | contato@edocbrasil.com.br www.edocbrasil.com.br


Apresentação

Caro(a) aluno(a), “O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.” Alvin Toffler, escritor norte-americano, conhecido por seus escritos sobre a revolução digital e a relevância da tecnologia e seu impacto na vida das pessoas.

Realmente esperamos que você esteja tão entusiasmado(a) com o Projeto de Vida quanto nós ficamos quando recebemos o convite para elaborar este material e, mais ainda, ao longo de todo o processo de desenvolvê-lo. Nós, você e seus professores temos a oportunidade de participar, em primeira mão, de uma verdadeira mudança na lógica do ensino no Brasil. Mais do que apenas pensar em conteúdos de conhecimento, o que se tem agora é um foco maior em competências para a vida. O principal objetivo deste livro, em conjunto com uma participação ativa de seu(sua) professor(a) como um(a) atento(a) facilitador(a) do desenvolvimento, é estimular a autonomia, o protagonismo e a responsabilidade para que você seja capaz de fazer escolhas e tomar decisões em relação a seus projetos presentes e futuros, formando uma sociedade mais ética, justa, inclusiva, sustentável e solidária. Por meio da leitura, de muitas conversas, discussões, atividades em grupo e projetos, você está convidado(a) a dar um mergulho que traga participação, reflexão, ação, aprendizagem e alegria, promovendo, assim, uma formação integral, ou seja, apoiando seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social, para resolver demandas complexas do cotidiano, exercer cidadania e atuar no mercado de trabalho. Complementando a parte teórica e as diversas atividades, buscamos estimular a curiosidade e a investigação, fornecendo ferramentas, métodos e fontes de pesquisa de forma bastante plural, para que cada um de vocês possa se aprofundar nos assuntos que mais lhe interessarem e possam contribuir para a construção de seu Projeto de Vida. Desejamos um ótimo trabalho, belas descobertas e planos de vida para cada um dos estudantes que participarem deste processo.

Os autores


SUMáRIO Módulo 1 DIMENSÃO PESSOAL - Autoconhecimento: o encontro consigo Capítulo 1 – Construindo minha identidade............................10 1. Meu projeto de vida.........................................................10 2. Meu RG ...........................................................................14 3. De onde venho ................................................................17 4. Meu potencial criativo .................................................... 20 Capítulo 2 – Meus valores........................................................24 1. O que são valores ...........................................................24 2. Gostos e interesses .........................................................27 3. Comunicando bem .........................................................32 4. Eu em um poema ............................................................37 Capítulo 3 – Uma vida com sonhos..........................................42 1. Minha vida como um rio ..................................................42 2. Roda da Vida .................................................................. 45 3. Soltando a imaginação no teatro ....................................47 4. Meus sonhos em um poema .......................................... 54

Módulo 2 DIMENSÃO CIDADÃ - Expansão e exploração: o encontro com o outro e o mundo Capítulo 1 – Mapeando a comunidade................................... 62 1. O raio X da comunidade................................................. 62 2. Comunidades inspiradoras: força pessoal e força coletiva .71 3. Intervindo na comunidade ..............................................77 4. Objetivos do desenvolvimento sustentável ................... 82 Capítulo 2 – Participando na política....................................... 88 1. Os três poderes na política .......................................... 88 2. Política e participação política .......................................93 3. Verdade ou mentira? ................................................... 100

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Capítulo 3 – R espeito à diversidade e igualdade de direitos e oportunidades.................................................... 118 1. Diversidade .................................................................. 118 2. Desigualdade racial ......................................................125

Módulo 3 DIMENSÃO PROFISSIONAL - Planejamento: o encontro com o futuro e o nós Capítulo 1 – Equilíbrio e conquistas ......................................140 1. Esferas da vida ..............................................................140 2. Histórias de conquistas ................................................144 Capítulo 2 – E depois do Ensino Médio? .............................152 1. A difícil escolha ............................................................152 2. Mercado de trabalho ...................................................158 Capítulo 3 – Finalizando o projeto de vida ........................... 176 1. Começar cedo é o melhor planejamento financeiro .... 176 2. Elaborando o currículo .................................................181 3. Minha apresentação pessoal ........................................183

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Conheça seu livro Seu livro está organizado de forma a ser um guia para você elaborar seu Projeto de Vida e está dividido em três módulos que terão como foco as seguintes dimensões: pessoal, cidadã e profissional.

Como utilizar este livro Por meio de conteúdo, mas principalmente de atividades facilitadas por seu(sua) professor(a), ao longo deste trabalho, você terá subsídios para a construção do seu próprio Projeto de Vida. Em cada capítulo, há a sugestão de uma atividade e de uma reflexão que devem ser feitos por você em material separado (caderno, fichário, folhas sulfite, computador etc.) e guardados para formar um portfólio do seu Projeto de Vida.

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Você pode customizar o material escolhido para registro com desenhos, imagens ou palavras que são importantes para você. Além disso, poderá consultá-lo sempre que quiser, para se lembrar dos seus pontos fortes, seus pontos a melhorar, seus talentos, sonhos e desejos. E poderá também seguir preenchendo-o por quanto tempo quiser, para registrar suas conquistas e realizações e usá-lo como um guia para eventuais mudanças de rumo.


Informações adicionais »» »»

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Em todos os capítulos, além do conteúdo, há boxes adicionais: Objetivos de aprendizagem: descrição do que se pretende transmitir de conhecimento. Competências: traz as principais Competências gerais da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, Competências específicas e habilidades que serão desenvolvidas e 10 habilidades de vida da Organização Mundial da Saúde (OMS). Você pode consultar o documento da BNCC no endereço: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/basenacional-comum-curricular-bncc Você sabia?: uma curiosidade ou aprofundamento sobre algum assunto que tenha sido tratado. Para saber mais: referências de pesquisa para aqueles que quiserem se aprofundar no tema. Atividade: orientação para a atividade em sala de aula sobre o capítulo e que muitas vezes fará parte do portfólio do seu Projeto de Vida. Momento de reflexão: chamadas para um questionário de reflexão e autoavaliação. Roda de conversa: momento de compartilhar ou discutir temas pertinentes à construção do Projeto de Vida.

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1 pessoal DimensĂŁo

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Prostock-studio/ Shutterstock

Autoconhecimento: o encontro consigo »» Quem eu sou? »» Quais são meus interesses? »» Quais são meus valores? Neste módulo, você vai descobrir e refletir sobre seus desejos, interesses e potenciais, além de pensar sobre os próprios desafios.

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1. Construindo minha identidade 1. Meu Projeto de Vida »» Entender como este livro está organizado, quais são as dimensões a serem trabalhadas e estabelecer acordos para a construção de seu Projeto de Vida ao longo do curso. »» Conhecer as competências abordadas ao longo do Projeto de Vida. »» Dar início à construção do Projeto de Vida.

COMPETÊNCIA GERAL DA BNCC »» Competência geral 6: Trabalho e Projeto de Vida

A construção de um Projeto de Vida no ambiente escolar envolve conhecer-se, projetar metas, sonhos e objetivos a serem alcançados ao longo da vida escolar e fora dela. É uma rica oportunidade de conhecer quais são seus interesses e habilidades e o que é necessário fazer para atingir seus objetivos. O equilíbrio entre todas as áreas é um objetivo que deve estar em foco nesse processo e na busca de um sentido para a vida.

As dimensões O material está estruturado em três dimensões que se complementam para uma formação mais integral.

Dimensão pessoal O primeiro foco do estudo neste módulo é o autoconhecimento, o encontro consigo. Envolve aprender a se aceitar, a se valorizar, desenvolvendo a capacidade de confiar em si, de se apoiar nas próprias forças e de crescer em situações adversas. Autoconhecerse é também compreender as próprias limitações.

HABILIDADES DA OMS »» Empatia »» Pensamento criativo »» Autoconhecimento Autoconhecer-se é uma busca contínua pela compreensão de si mesmo.

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David Prado Perucha/ Shutterstock

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


Dimensão cidadã

hpoliveira/ Shutterstock

A busca por uma compreensão do bem comum, das questões envolvidas na convivência e na atuação coletiva também serão objeto do nosso estudo.

Compreender-se, de forma mais sistematizada, como parte de um coletivo e como parte interdependente de redes locais e virtuais é perceber-se como um cidadão, que integra a construção da vida familiar, escolar, comunitária, nacional e internacional.

Dimensão profissional

Monkey Business Images/ Shutterstock

Ainda tão importante quanto as demais dimensões, teremos o foco de identificar interesses, habilidades e conhecimentos que correspondam às aspirações profissionais, abrindo caminho sólido à elaboração de metas e estratégias viáveis para um trabalho significativo para o mundo e para a sociedade.

Dirigir o olhar à sua inserção no mundo do trabalho, sensibilizando-o para a autorrealização e para a necessidade de planejamento.

CAPÍTULO

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COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC PARA SABER MAIS ase Nacional Comum B Curricular – BNCC »» http:// basenacionalcomum. mec.gov.br

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece as referências para a construção dos currículos das escolas brasileiras. Alinhada a uma perspectiva de formação ampla, voltada para cidadania, autonomia e protagonismo, estabelece dez competências gerais conforme mostra o quadro a seguir. Neste projeto serão priorizadas as competências 6, 7 e 8 por serem essenciais à formação integral do aluno. Conheça as competências gerais para a Educação básica.

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que

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lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendose na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendose respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. BRASIL. BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-comum-curricular-bncc. Acesso em fev. de 2020.


Habilidades listadas pela Organização Mundial da Saúde Subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi criada em 1948 e seu objetivo é desenvolver o máximo possível o nível de saúde de todos os povos. Em sua definição, saúde não é a ausência de uma doença ou enfermidade, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Em um documento de 1997, a OMS cunhou o conceito de Habilidades de Vida como as capacidades emocionais, sociais e cognitivas que podem ajudar os indivíduos a lidar melhor com situações conflituosas do cotidiano. As 10 habilidades listadas e usadas nesse material em conjunto com as competências da BNCC são: »» »» »» »» »»

tomada de decisões; resolução de problemas; pensamento criativo; pensamento crítico; comunicação eficaz;

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relacionamento interpessoal; autoconhecimento; empatia; lidar com emoções; lidar com estresse.

ATIVIDADES A construção do Projeto de Vida só fará sentido se houver comprometimento e engajamento de todos. Reflita individualmente: 1. Como você acredita que mergulhar em sua história e identidade para conhecer o que o(a) faz único(a) pode ser valioso para a sua vida? 2. Como você imagina que seja possível explorar sonhos e desejos para ampliar as possibilidades para o seu futuro?

3. Você está disposto a investigar formas de construir uma vida cheia de realizações para você mesmo, para sua comunidade e para o mundo? 4. No seu portfólio, registre um acordo afirmando que aceita comprometer-se com a construção do seu Projeto de Vida. Você pode seguir um modelo assim:

Acordo comigo mesmo(a)

Eu, (nome do(a) estudante), declaro que quero fazer um mergulho em mim mesmo(a), com alegria e profundidade, conhecer melhor o que me faz ser único(a) por minhas características, para me auxiliar a compreender minha vida no presente, além de me abrir para explorar possibilidades, sonhos e desejos que me ajudem a construir uma vida cheia de realizações para mim, para minha comunidade e para o mundo, desafiando-me constantemente a ser uma pessoa melhor, sabendo que não preciso ser perfeito(a). (Local e data --- nome da cidade, dia, mês e ano) (assinatura)

CAPÍTULO

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Momento de reflexão Sempre que essa chamada aparecer, você deve fazer uma pausa para refletir e fazer uma autoavaliação sobre a temática que está sendo trabalhada em sala de aula. Para isso, consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor. A ideia é que, além de preencher o questionário, você também possa fazer alguma reflexão no instrumento que escolheu para acompanhar o desenvolvimento do projeto.

Roda de conversa •

De que maneira vocês acreditam que construir o Projeto de Vida poderá ser um apoio para o seu futuro?

2. Meu RG OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM »» Refletir e aprender sobre a identidade de cada um, identificando características que fazem você ser quem é.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado »» Competência específica LGG 5 »» EM13LGG503

Vamos começar o mergulho na identidade pessoal por meio de um processo de autoconhecimento e autocuidado, que estão presentes na Competência geral 8 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Essa competência trata da necessidade de aprender a cuidar da saúde física e do equilíbrio emocional. Para ter uma vida mais feliz e com realizações e conquistas, ou seja, sucesso profissional e satisfação pessoal, conhecer-se é importante. Ser capaz de identificar pontos fortes e fragilidades, reconhecer, entender e saber como lidar com as próprias emoções, promover e manter a saúde física e o equilíbrio emocional são habilidades úteis para a vida inteira. Cada pessoa tem características pessoais que a fazem única em todo o planeta. Além das inúmeras particularidades físicas, temos comportamentos, pensamentos e sentimentos que nos fazem únicos na personalidade, no nosso jeito de sentir, compreender e agir no mundo.

HABILIDADES DA OMS

ATIVIDADES

»» Autoconhecimento »» Pensamento criativo

1. Para dar o primeiro passo, ajudá-lo a olhar para si mesmo e a registrar algumas das suas características, você irá elaborar no seu portfólio do Projeto de Vida o seu RG, ou

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seja, a sua Carteira de Identidade, com as informações abaixo:

»»COMPETÊNCIA GERAL 8 “Conhecer-se, apreciarse e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.” (BNCC, p. 10.)

Lembre-se de que essa não é uma prova de artes. É apenas mais uma forma de expressão que vamos usar. Temos o compromisso de experimentar coisas novas.

B-D-S Piotr Marcinski/ Shutterstock

2. Além disso, você fará seu autorretrato. Observe-se no espelho durante 1 minuto. Preste atenção em cada detalhe, na cor dos seus olhos, pele e cabelo, no comprimento dos cabelos, formato do rosto, olhos, nariz, boca, como são suas sobrancelhas, e depois disso faça um desenho que retrate essas características.

CAPÍTULO

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AS ANÁLISES DE PERFIS COMPORTAMENTAIS Nas áreas da psicologia e psiquiatria, existem várias formas de fazer análises de perfis comportamentais. Perfil comportamental é uma forma de classificar as possíveis reações de alguém a uma determinada situação ou estímulo. Conhecer o próprio perfil, entendendo por que reagimos de determinada maneira a uma situação, é mais uma maneira de nos conhecer melhor para nos relacionar com mais qualidade com os outros, trazendo maior satisfação para nossa vida. Uma das análises de perfis comportamentais muito conhecida é a Análise DISC, que já foi aplicada em mais de 50 milhões de pessoas em mais de 75 países. A ciência por trás da avaliação DISC afirma que as pessoas possuem quatro perfis de comportamento em diferentes graus de intensidade. Não existe um perfil melhor do que o outro e normalmente uma pessoa apresenta a combinação de dois perfis, dificilmente apresentando 100% das características de um único perfil. Os quatro perfis de comportamento presentes na análise DISC são: »» Dominância: Em geral pessoas com alto resultado no perfil D são voltadas para

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tarefas e resultados, competitivas, diretas e autoconfiantes. Não têm medo de conflito e podem apresentar dificuldade para ouvir. Podem ficar impacientes com perfis mais lentos. Influência: Em geral, pessoas com alto resultado no perfil I são voltadas à interação, comunicação e pessoas. São ótimos comunicadores, persuasivos, confiáveis e otimistas. Podem ser sentimentalistas e desorganizados em tarefas e documentos. Estabilidade (em inglês Stability): Em geral pessoas com alto resultado no perfil S (de stability) são boas ouvintes, persistentes, além de confiáveis. São calmas e reagem de forma passiva mesmo em ambientes com pressão. Podem apresentar medo de conflitos. Conformidade: Em geral, pessoas com alto resultado no perfil C têm ênfase na qualidade, organização e competência. Gostam de dados e planejamento. São racionais, cautelosas. Não gostam de correr riscos e podem ser mais lentas ao agir e duras consigo mesmas.

VOCÊ SABIA O nome DISC vem do acrônimo (palavra formada pelas iniciais de outras palavras) dos quatro perfis para avaliar o comportamento das pessoas. O criador da Análise DISC, William Moulton Marston, era inventor, foi o criador da personagem Mulher Maravilha em 1941 e do teste usado no detector de mentiras. Marston era psiquiatra, professor de Harvard e pesquisador. Ele pesquisou como o ser humano lida com o ambiente e por quais motivos reage de certa maneira a uma situação.

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Estudos indicam que é possível começar a obter informações consistentes na avaliação DISC a partir dos 16 anos, e na internet é possível encontrar diferentes sites que possibilitam que você conheça a sua combinação de características gratuitamente. »» Procure descobrir os pontos com os quais se identifica em cada perfil como forma de ampliar o seu autoconhecimento. Mas lembre-se de que os perfis se complementam e que não são fixos.


Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e faça o registro das reflexões do que viu até esse momento.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM »»

Roda de conversa •

Cada pessoa tem características pessoais que a fazem única em todo o planeta. Qual é a característica mais marcante que o(a) faz único(a)?

Refletir sobre a própria identidade fazendo um mergulho na história familiar e comunitária.

COMPETÊNCIA GERAL DA BNCC

3. de onde venho

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HABILIDADES DA OMS »» »» »» »»

Autoconhecimento Pensamento crítico Relacionamento interpessoal Comunicação eficaz

Monkey Business Images/ Shutterstock

A árvore genealógica é a representação das pessoas de uma família. Em geral, ela começa com o ancestral mais antigo conhecido e vai se ramificando a partir dos filhos, irmãos e cônjuges. É usada para conhecer e resgatar a história de uma família. De acordo com o dicionário Houaiss, genealogia é o estudo que tem por objetivo estabelecer a origem de um indivíduo ou de uma família, ou seja, a origem, evolução e dispersão das famílias e seus sobrenomes.

Competência 7: Argumentação

CAPÍTULO

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ATIVIDADE

PAI

IRMÃ

MÃE

IRMÃO

EU

TIO

TIA

PRIMO

PRIMA

Leremy/ Shutterstock

yayasya/ Shutterstock

Sentavio/ Shutterstock

1. Você vai começar a desenvolver seu portfólio. Para tanto, desenhe a sua árvore genealógica colocando abaixo do nome das pessoas um valor ou característica que você admira nelas. Se quiser, inspire-se em um dos modelos de árvore genealógica.

VOCÊ SABIA

George Rudy/ Shutterstock

O Instituto Fazendo História trabalha com voluntários para que construam vínculos afetivos com crianças e adolescentes separados de suas famílias. A dupla criança-adulto se aproxima afetivamente por meio da leitura, que oferece recursos para os meninos e as meninas elaborarem suas vivências; desperta conversas e incentiva a construção de um álbum de histórias, contendo relatos, depoimentos, fotos e desenhos que fazem parte de suas vidas, para que assim construam uma versão própria para sua trajetória de vida.

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2. Conceição Evaristo retoma sua ancestralidade para falar de temas importantes em sua história.

Vozes-Mulheres A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio. Ecoou lamentos de uma infância perdida. A voz de minha avó ecoou obediência aos brancos-donos de tudo. A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta no fundo das cozinhas alheias debaixo das trouxas roupagens sujas dos brancos pelo caminho empoeirado rumo à favela. A minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome. A voz de minha filha recolhe todas as nossas vozes recolhe em si as vozes mudas caladas engasgadas nas gargantas. A voz de minha filha recolhe em si a fala e o ato. O ontem – o hoje – o agora. Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância

VOCÊ SABIA Em 2016 foi gravado o documentário Brasil DNA África, que retrata a história de cinco cidadãos comuns que se submetem a um teste de DNA para descobrir suas origens africanas e viajam ao continente para conhecer seus antepassados. Você pode assistir a esse documentário acessando alguma plataforma de compartilhamento de vídeo.

O eco da vida-liberdade.

EVARISTO, Conceição. Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017. p. 10-11.

Agora escreva um poema sobre sua família e junte ao seu portfólio.

CAPÍTULO

»» A história de vida de Conceição Evaristo por Conceição Evaristo. Disponível em: www. letras.ufmg.br/literafro/ autoras/188-conceicaoevaristo?fbclid=I wAR18tAM55Kty_ w6jhUL_BWtKB U0GHM6gaYTqU26 xfvITkPpdIIJtMDKiGtc. Acesso em: 24 fev. 2020.

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elena moiseeva/ Shutterstock

PARA SABER MAIS


Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e faça o registro das reflexões da aula.

Roda de conversa •

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM »» Entrar em contato com a própria criatividade e aumentar a autoconfiança na sua capacidade de criar e se expressar.

COMPETÊNCIA GERAL DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência específica LGG 5 »» EM13LGG503

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento criativo »» Relação interpessoal »» Comunicação

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Este é um momento muito interessante para o conhecimento entre os colegas da turma. Assim, quem desejar poderá compartilhar os poemas criados. Quem são as pessoas que têm maior relevância em sua vida? Por quê?

4. Meu potencial criativo Somos todos criativos Neste livro, partimos do princípio de que todos somos criativos. Ao entendermos criatividade como nossa capacidade de imaginar e fazer acontecer, conseguimos compreender que usamos nossa capacidade de criar o tempo todo. Ao imaginar um prato pronto, misturar os ingredientes e cozinhá-lo, estamos exercendo profundamente nossa criatividade. Ao pensar em um caminho e quais meios de transporte e rotas possíveis temos para chegar lá, também. Entretanto, quando crescemos, algo acontece e vamos perdendo a confiança na nossa própria criatividade, acreditando que se trata de um dom exclusivo dos artistas, de quem sabe escrever,


bodiaphvideo/ Shuterstock

desenhar ou pintar bem, cantar ou dançar. Se perguntarmos para uma turma de crianças quem é criativo, a maioria vai levantar a mão. Mas, se perguntarmos para um grupo

Cozinhar é uma forma de exercer a criatividade.

de adultos, a maioria provavelmente não vai. Para dar um mergulho no nosso potencial criativo, vamos realizar uma atividade de “visualização criativa”.

ATIVIDADES 1. Encontre uma posição bem confortável na sala e siga as orientações do(a) seu(sua) professor(a). Vocês vão imaginar uma viagem em busca do seu eu criativo. Após a visualização do seu eu criativo, você fará o registro por meio de um desenho. 2. Escreva um texto reflexivo de como foi a experiência, o que você visualizou, como se sentiu e o que descobriu sobre si mesmo, sobre seus colegas e outras aprendizagens adquiridas.

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POR QUE AS ARTES? Praticar a criatividade é mais uma questão de estar aberto(a) para experimentar coisas novas do que ter um talento específico. Vamos ver por que as artes são uma ferramenta poderosa. A criatividade é um direito de nascença e você não precisa ser um artista profissional para usar diferentes formas de expressões artísticas. Inclusive, é importante para a sua saúde emocional praticá-las. Isso ocorre porque temos o desejo genuíno de ser vistos e ouvidos. Quando somos jovens e estimulados a assumir um risco criativo, produzindo e apresentando alguma coisa, um ciclo de afirmação se desenvolve. Pode ser algo simples como desenvolver um jogo teatral ou inventar um movimento e todos repetirem. Essa resposta apreciativa aumenta a coragem de assumir novos riscos. As artes e práticas criativas trazem oportunidades de alimentar a autoconfiança de cada membro do grupo e do grupo como um todo. As artes despertam alegria – brincar com as artes, em um ambiente sem julgamento, é simplesmente muito divertido e ajuda a nos concentrar no momento presente. A criatividade ajuda na promoção da saúde – muitos cientistas sociais já estudaram os benefícios da expressão criativa na saúde. As pesquisas do Dr. James W. Pennebaker indicam que escrever sobre sua experiência de vida de forma emotiva pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico. Aumenta a confiança – comunidades de aprendizagem onde se trabalha com arte oferecem oportunidades para que todos

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brilhem e sejam vistos uns pelos outros –, muitas vezes pela primeira vez. Quando uma pessoa assume um risco criativo e é recebida com apreciação por seus colegas e mentores, sua autoconfiança se eleva perceptivelmente. Por meio de oportunidades sucessivas de assumir riscos criativos, a confiança é construída naturalmente. Desenvolve empatia – cientistas descobriram que nós temos neurônios-espelhos, que se conectam quando percebemos as emoções de outros. Jovens facilmente entram em um campo de apoio quando ouvem a expressão autêntica de pensamentos e emoções de seus colegas. Aumenta o aprendizado – a expressão criativa engaja as respostas emocionais e, segundo a neurociência, quando as emoções são incluídas, o aprendizado é mais rápido e profundo. O cérebro se transforma fisicamente quando aprendemos, e essas mudanças são intensificadas pela presença de neuroquímicos associados a emoções, como a dopamina, adrenalina e serotonina. O aprendizado também é fixado pela repetição, e nós repetimos mais facilmente aquilo que é mais divertido ou interessante. Conecta pessoas por meio das diferenças – respostas emocionais comunicadas por expressões faciais são surpreendentemente coerentes entre várias culturas. A risada e a música são linguagens universais. A expressão criativa ajuda a derrubar muros e construir confiança. Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.


ATIVIDADES Após a leitura do texto, na sala de aula, discutam em grupo: 1. Você participa ou já participou de atividades artísticas? Quais? 2. Como você se sentiu? 3. Como você acredita que as artes podem contribuir para o seu desenvolvimento?

VOCÊ SABIA

Reprodução

A ONU (Organização das Nações Unidas) tomou a frente na adoção da criatividade e inaugurou, em 2018, o Dia Mundial da Criatividade e Inovação para promover eventos e encontros criativos por todo o mundo. A data é dia 21 de abril e o objetivo é valorizar, incentivar e celebrar a criatividade e a inovação para o desenvolvimento sustentável. Você pode se inscrever nas várias ações criadas para o Dia Mundial da Criatividade acessando o site: www. worldcreativityday.com/brazil.

PARA SABER MAIS LIVRO: »» Organização Parceiros para o Empoderamento da Juventude: https:// partnersforyouth.org.

SITE: »» ROBINSON, Ken. Somos todos criativos: os desafios para desenvolver uma das principais habilidades do futuro. São José dos Campos: Benvirá, 2019.

Momento de reflexão Faça o registro das reflexões da aula consultando o questionário da página 191 e a autoavaliação de como se sentiu.

Roda de conversa • •

Discuta com os colegas como o ambiente escolar poderia ajudar a propiciar momentos que fomentem a criatividade. Listem as possibilidades e analisem se é possível a implantação de algumas delas. CAPÍTULO

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2. meus valores 1. O que são valores

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

COMPETÊNCIA GERAL DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência específica LGG 6 »» EM13LGG604

Os valores são parte constituinte de nossa identidade e expressam princípios, crenças de um grupo ou sociedade. Valores são nosso eixo norteador. A partir deles tomamos decisões e interpretamos o mundo, e são eles que nos fazem admirar e respeitar determinada ação, ideia ou pessoa. Conhecer nossos valores nos ajuda a tomar decisões, uma vez que é a partir deles que atribuímos importância ao que achamos ser mais relevante na vida. Além disso, tomar consciência dos nossos valores pode ajudar a nos posicionar em diferentes situações.

HABILIDADE DA OMS »» Autoconhecimento

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»» Refletir e identificar quais são meus valores pessoais.


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A educação com foco em valores tem como objetivo principal proporcionar as ferramentas para viver coletivamente e consigo mesmo. Vamos investigar quais são os seus valores mais relevantes nesse momento da sua vida.

ATIVIDADES 1. Viver coletivamente envolve reconhecer as diferenças entre as pessoas e a necessidade de termos direitos e oportunidades iguais. Liste alguns dos direitos relacionados a essa convivência.

CAPÍTULO 2 | MEUS VALORES | 25


Cultura Escrita

2. A partir da nuvem de palavras, registre em uma folha ou caderno, que irá compor seu portfólio, uma lista dos dez valores pessoais que considera mais relevantes hoje.

PARA SABER MAIS 3. Escreva um texto refletindo sobre quais desses são os cinco valores mais importantes para você e por quê.

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Reflita com os seus colegas: • Você já se sentiu desrespeitado por alguém? • Você já desrespeitou alguém? • Quais pequenas mudanças são possíveis de serem feitas na escola para que todos se sintam mais respeitados?

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» Filme: Treino para a vida. 136 min., direção: Thomas Carter, 2005. Baseado em fatos reais, o dono de uma loja de artigos esportivos aceita ser técnico do time de basquete de sua antiga escola. E para tornar o time imbatível, aplica uma disciplina rígida.


Momento de reflexão Você deve registrar em seu caderno ou fichário as reflexões sobre a aula, consultando o questionário da página 191 e como se sentiu pensando sobre os valores.

Roda de conversa •

Quais são os cinco valores mais relevantes para você? Reúna os cinco mais importantes de cada colega e calcule a quantidade e a porcentagem de alunos que escolheram cada valor como prioritário. Discutam e registrem quais são as ações necessárias para colocá-los em prática na escola e fora dela.

VOCÊ SABIA O esporte é uma poderosa ferramenta para a educação e o trabalho com valores. Ao praticar um esporte, é possível aprender sobre disciplina, trabalho em equipe e cooperação, por exemplo. Inclusive, o esporte é um dos agentes que causam impacto social em muitas localidades, atuando em todas as dimensões: pessoal, cidadã

e profissional. E aflora o sentimento de pertencer a um grupo e compartilhar de seus valores. Escolha um esporte de que goste e pesquise os valores relacionados a ele e uma personalidade que o represente. »» Agora reflita: há somente valores positivos nos esportes?

2. Gostos e interesses De acordo com os estudos da pesquisadora Brené Brown, com doutorado em serviço social e autora de diversos livros, as pessoas com maior sentimento de plenitude são aquelas que têm a coragem de ser imperfeitas. Segundo a pesquisadora, elas possuem a compaixão de ser gentis consigo mesmas primeiro e depois com os outros, porque, se não somos capazes de ser gentis conosco, não podemos ser gentis com outros. Seus estudos também revelaram que essas pessoas têm fortes conexões interpessoais e, como resultado da sua autenticidade, elas estão dispostas a abandonar quem pensavam que deveriam ser para se tornarem quem realmente são. E, por último, aquelas que abraçam a vulnerabilidade e compreendem que o que as tornam vulneráveis as tornam também pessoas empáticas.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM »» Identificar gostos e interesses pessoais.

COMPETÊNCIA GERAL DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida

HABILIDADE DA OMS »» Autoconhecimento

CAPÍTULO 2 | MEUS VALORES | 27


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Em suas pesquisas, ela escutou exemplos de vulnerabilidade, tais como: dizer “eu te amo” primeiro, antes que o parceiro ou a parceira tivessem dito; fazer algo que não se tem garantia do resultado, como investir em um relacionamento que pode ou não dar certo; a coragem de ligar para o médico depois de um exame de mamografia; ser demitido ou demitir alguém; convidar alguém para sair sem saber se o outro irá aceitar. Todos esses são exemplos de vulnerabilidade.

O que ela aprendeu com seu processo pessoal e sua pesquisa é que é impossível anular ou anestesiar a vulnerabilidade, o medo, a vergonha e evitar senti-los; porque, se anestesiamos os sentimentos desagradáveis, anestesiamos também a alegria, a gratidão, a felicidade.

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Vulnerabilidade: qualidade ou estado do que é ou se encontra vulnerável, ou seja, frágil ou prejudicado. Rawpixel.com/ Shutterstock

Outra coisa que ela aprendeu foi que o que todos precisam para se sentir plenos é serem vistos e ouvidos, inclusive com suas vulnerabilidades. Amar mesmo que não haja garantias, praticar gratidão e alegria e, por último, acreditar que somos suficientes. Dizer para si mesmo “sou suficiente”. Suficientemente bom, inteligente, responsável. Suficiente e perfeitamente imperfeito. Uma das etapas para aprofundar nosso autoconhecimento é identificar e diferenciar o que nos faz felizes e quais são as coisas de que não gostamos. Nossos gostos e afinidades nos ajudam a ter uma ideia mais clara sobre nós mesmos.

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ATIVIDADES 1. Para que você possa aprofundar seu estudo e autoconhecimento, fique em silêncio e procure listar em um papel cinco coisas que lhe trazem alegria e que enchem o seu coração de emoções boas. 2. Pense agora em cinco coisas que não lhe trazem alegria ou o incomodam, e anote-as também. 3. Observe a tirinha e reflita por que Calvin acha que Hobbes parece feliz. O que traz felicidade a um traz a todos?

Calvin and Hobbes by Bill Watterson for April 17, 1986. Disponível em: www. gocomics.com/calvinandhobbes/1986/04/17. Acesso em: 24 fev. 2020.

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Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa •

• • • •

A partir da reflexão individual feita sobre o que lhe traz alegria, analise as respostas dadas pelos alunos dessa turma . Agrupem as respostas e calculem o número de alunos que mencionaram cada uma delas e a porcentagem. Que conclusões podem ser tiradas a partir dos dados obtidos? Há muitas semelhanças entre o que foi falado como fonte de alegria? Há muitas diferenças entre o que foi falado? Considerando as pesquisas mencionadas no capítulo e a discussão em sala de aula, o que você acredita que pode fazer para trazer mais alegria para a sua vida?

PARA SABER MAIS »» TED TALK: O poder da vulnerabilidade, Brené Brown: https:// www.ted.com/talks/ brene_brown_the_power_ of_vulnerability?utm_ campaign=tedspread&utm_ medium=referral&utm_ source=tedcomshare.

VOCÊ SABIA A Universidade de Harvard faz um estudo desde 1938 sobre felicidade, que monitora o estado físico, emocional e mental de pessoas. Muitas conclusões foram tiradas, mas o que faz as pessoas mais felizes e saudáveis ao longo da vida é a qualidade dos relacionamentos que elas possuem, segundo Robert Waldinger, quarto diretor do estudo em andamento.

“Uma relação de qualidade é uma relação onde você se sente seguro, em que você pode ser você mesmo. Não necessariamente é uma relação fácil”, diz ele. Já a solidão pode ser altamente tóxica e prejudicial à saúde. De acordo com Waldinger, a pergunta que devemos nos fazer sempre é: Estou fazendo as coisas que têm significado para mim?

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PARA SABER MAIS LIVROS: »» BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. Viver é experimentar incertezas, riscos e se expor emocionalmente. Mas isso não precisa ser ruim. Como mostra Brené Brown, a vulnerabilidade não quer dizer fraqueza, mas a melhor definição de coragem. Quando fugimos de emoções como medo, mágoa e decepção, também nos fechamos para o amor, a aceitação e a criatividade. Mas quem se expõe e se abre para coisas novas é mais autêntico e realizado, ainda que se torne alvo de críticas e de inveja. É preciso lidar com os dois lados da moeda para se ter uma vida plena. Neste livro, ela apresenta suas descobertas e estratégias bem-sucedidas, e nos desafia a mudar a maneira como nos relacionamos. »» LAMA, Dalai; TUTU, Desmond. Contentamento: o segredo para a felicidade plena e duradoura. Principium, 2017. O livro surge do encontro entre dois grandes homens da nossa era: Dalai Lama e o Arcebispo Emérito da África do Sul, Desmond Tutu, ambos ganhadores do Nobel da Paz. A obra traz os diálogos dos líderes religiosos e apresenta reflexões para a compreensão da plenitude da vida. Ao longo das conversas, eles compartilham o que aprenderam em suas vidas e respondem a uma pergunta essencial: como podemos encontrar contentamento diante do sofrimento inevitável da vida?

3. Comunicando bem

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM »» Desenvolver a capacidade de se comunicar bem.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 7: Argumentação »» Competência específica LGG 3 »» EM13LGG301

HABILIDADE DA OMS »» Comunicação eficaz

O que é comunicar? Comunicar, de acordo com os dicionários, é transmitir para outra pessoa mensagem, informação, ordem ou ideia. Ainda, comunicar é conseguir que o outro compreenda o que você quer transmitir. Portanto, mais do que simplesmente falar, é estar atento a como falar. Relembre os acordos que vocês fizeram no início do ano. É importante que a escuta atenta e o falar com intenção sejam estabelecidos durante o percurso do trabalho com o Projeto de Vida. Isso significa ouvir com todo o corpo, ouvir com o coração e falar com clareza pensando em si e em quem está ouvindo. Vamos experimentar nos nossos corpos como a comunicação acontece.

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ATIVIDADE

Imagens: Petr Vaclavek/ Shutterstock

1. Vocês serão conduzidos pelo(a) professor(a) a desempenhar três papéis: comunicador, ouvinte e observador. • Em um primeiro momento, comunicador e ouvinte se sentam de costas um para o outro e desenham em seu caderno, em um minuto, uma figura usando as formas: círculo, triângulo e quadrado. Não mostre ao colega. • O observador em pé examina. Em seguida, o comunicador diz ao ouvinte o que desenhou com riqueza de detalhes para que ele reproduza o desenho. • O observador fica atento ao que um comunica e ao que o outro desenha. • Depois de três minutos, comparem as figuras feitas e, com a ajuda do observador, identifiquem o que, na comunicação, ajudou e o que impediu o cumprimento do objetivo. Fonte: Escola de Liderança Feminina – Programa ELAS. Disponível em: programaelas.com.br.

Ao final, registre em seu portfólio alguns pontos da atividade: a. O que aprendi hoje sobre comunicação? b. Como me avalio como comunicador? c. Consigo falar com clareza? Eu me preocupo com o que acontece no outro quando eu falo? d. Sou um ouvinte que escuta com profundidade e sem julgamentos? e. Quero e consigo fazer uma pergunta sincera e curiosa em vez de julgar o outro? f. Deixo as pessoas terminarem de falar para colocar minha opinião? g. Consigo colocar minha opinião ou, em geral, prefiro me calar? h. Em geral, meu estilo de comunicação favorece conversas mais extensas ou causa conflito e resistência? i. O que eu gostaria de melhorar no meu estilo de comunicação? j. Como vou me desafiar a fazer isso nos próximos meses?

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Comunicação não violenta - CNV “Por trás de todo comportamento tem uma necessidade. E por trás de todo ato violento tem uma necessidade não atendida.” Marshall Rosenberg (2006)

A Comunicação Não Violenta foi criada na década de 1960 pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosenberg e é uma forma de se comunicar para criar conexão com o outro de forma desarmada. É uma maneira de falar sem machucar e, ao mesmo tempo, sem “engolir sapo”, além de ser uma forma de ouvir sem se ofender. Marshall explica que todas as pessoas possuem necessidades por trás dos comportamentos. E que, ao buscarmos identificar essas necessidades, fica mais fácil compreender a reação das pessoas, e não apenas julgá-las ou acusá-las, intensificando o conflito. Segundo Rosenberg, existem quatro passos para colocar a Comunicação Não Violenta em prática. São eles: 1. Observar sem julgar; 2. Identificar sentimentos; 3. Assumir responsabilidades; 4. Fazer pedidos. Em primeiro lugar, devemos observar sem julgar. Para isso, um exercício importante é diferenciar o que é um fato daquilo que é um julgamento. É comum começarmos um filme na nossa cabeça ao ouvir alguém ou ver alguém com algum comportamento, sem que isso seja verdade para o outro. Imagine a cena de um professor chegando a uma sala de aula. Você pode pensar: “ele não gosta de mim, fui mal na prova etc.”. Ao observar sem julgar, você deixa o silêncio, a curiosidade e uma pergunta ocuparem o lugar dos seus pensamentos julgadores. Você pode olhar para ele e comentar: “Professor, aconteceu algo?”.

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Em segundo lugar, você pode identificar o seu sentimento e expressá-lo, além de buscar entender o sentimento da outra pessoa. Depois de reconhecer o ponto exato que o fez ter aquele sentimento, em vez de acusar a pessoa dizendo “você é isso, você é aquilo”, experimente começar a frase da seguinte forma: “Quando você faz tal coisa, eu me sinto (relatar o sentimento)”. Portanto, procure focar em fatos ocorridos e que sentimentos esses fatos causaram em você, evitando colocar a culpa no outro. Isso trará maior chance de a pessoa que o escuta parar para refletir sobre o próprio comportamento. Ao acusar ou julgar alguém, a outra pessoa, em geral, tenderá a reagir com ainda mais violência, irritar-se e intensificar o conflito, em vez de refletir e mudar de postura futuramente. Exemplo de pensamento: “Ei, quando você não me escuta e fica no celular, eu me sinto só e acho que não tenho valor”. Esse exemplo nos mostra o terceiro passo, que é assumir a responsabilidade pelos nossos sentimentos e entender que colocar a culpa no outro não colabora para melhorar nossas relações. Ou seja, devemos focar no que se passa dentro de nós e o que exatamente nos fez ou faz ter aquele sentimento. Por último, ao sentir algo negativo, devemos identificar, nomear e fazer um pedido claro para o outro, que é o quarto passo da Comunicação Não Violenta. Exemplo: no lugar de “Mãe, você nunca me escuta. Você é uma péssima mãe”, experimente: “Mãe, quando você não me escuta e fica no celular, eu me sinto só e triste porque acho que não tenho valor. Gostaria de pedir que nas refeições a gente pudesse conversar sobre qualquer coisa e não ficar no celular”. Ao fazer um pedido sincero a partir dos seus sentimentos, sem acusar o outro, você terá muito mais chances de estabelecer e man-

Fotos: Krakenimages.com/ Shutterstock

ter relações mais saudáveis.

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VOCÊ SABIA Ao conversar com alguém pela primeira vez, tendemos a achar que a pessoa gostou menos de nós do que realmente gostou. Um estudo publicado em 2018 na Psychological Science avaliou as percepções das pessoas sobre o seu desempenho ao conversar com estranhos em um primeiro encontro. Os resultados mostraram que a maioria das pessoas subestimou o quanto a outra pessoa gostou de conversar com ela. E ainda avaliaram que o outro era mais interessante do que ela mesma, ou seja, era mais agradável e tinha um papo melhor. Conhecer pessoas novas pode gerar ansiedade e ser intimidador. Acrescentando

uma severa autocrítica a este fato, muitos podem ficar mais preocupados com seu próprio desempenho, a ponto de não conseguirem avaliar com clareza como o outro está se sentindo na conversa. Portanto, vamos novamente afastar os “papagaios” da autocrítica, aquela voz interior, tentar relaxar e procurar sempre nos divertir ao conhecer uma pessoa nova, lembrando que temos sim nosso valor pessoal! Fonte: A máquina da emoção – psicologia e autoaperfeiçoamento para o século XXI. Disponível em: www.theemotionmachine.com/theliking-gap-we-underestimate-how-much-people-willlike-us-when-we-first-meet/. Acesso em: 24 fev. 2020.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e faça o registro das reflexões da aula.

Roda de conversa •

• •

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Discuta com os colegas como anda a comunicação da turma. Os alunos escutam com atenção, respeitam quem fala ou reagem e falam um por cima do outro? Isso gera conflito em algum momento? Elaborem, a partir dos pontos levantados, um manual coletivo de boa comunicação da turma. Vocês podem também organizar uma campanha envolvendo as outras turmas da escola.


PARA SABER MAIS VÍDEOS »» “Comunicação não violenta na prática”, com Giovana Camargo. Minas que manjam #17, disponível em: www.youtube.com/ channel/UCB0v4pTZmShxavIxX1In7bA/featured. Acesso em: 24 fev. 2020. »» Para início de conversa. Carolina Nalon. TEDxPedradoPenedo. Disponível em: www.youtube.com/channel/UCsT0YIqwnpJCMmx7-gSA4Q. Acesso em: dez. 2019.

LIVRO: »» ROSENBERG, Marshall. Comunicação não violenta. Ágora, 2006.

4. Eu em um poema Eu venho do cheiro do mar da praia da Enseada, e do cheiro de peixe do Perequê Eu venho da máquina de costura da minha bisavó que fazia vestidos para nossas bonecas iguais aos que costurava para nós. Eu venho da broa de fubá, das rosquinhas de cerveja da ieié. E da volta olímpica onde procurávamos trevos de quatro folha. Eu venho do por do sol no pico do Jaraguá. Eu venho do cheiro da calda de chocolate da minha mãe e dos sons dos passarinhos de um bairro cujas ruas ainda tem nome de pássaro, mas pássaro mesmo tem pouco. Eu venho da brincadeira de escoteiro do meu pai de fazer com

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uma faca nas plantas, N ou Balão. Eu venho do banho dos galhos de árvores molhadas que Gigi balançava nos passeios depois que parava de chover.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM »» Refletir sobre a própria identidade e expressarse por meio de um poema.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento »» Competência específica LGG 1 »» EM13LGG103

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Pensamento crítico »» Pensamento criativo

Eu venho desses momentos - Trincados, antes que eu brotasse - Queda de folhas da árvore da família. Texto inspirado com base no poema Where I’m from, de George Ella Lyon.

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ATIVIDADES 1. Analise o poema. Que objetos fizeram parte da infância da autora? O que esses objetos representam? 2. Quais sentidos sensoriais a autora utiliza para descrever de onde ela vem? 3. Quais membros da família foram importantes para a autora de acordo com a sua memória e de que momentos ela se lembra? 4. Agora, fique em silêncio por alguns instantes e reflita: • Quais objetos fizeram parte da sua infância? • O que havia no seu bairro, casa ou na vida e no trabalho dos adultos com quem você morava? • De quais sabores você se lembra? De quais cheiros? • Que sensação tátil você tinha das coisas de que gostava? • Você se lembra de algum elemento, da época de infância da natureza que foi relevante para você, tais como árvores, rios, como eram o céu, as frutas, as plantas, os animais? • Quais pessoas foram importantes na sua infância e de que fatos você se lembra que foram marcantes para você? • Que outras coisas você tem vontade de escrever sobre o lugar de onde você vem? 5. A partir dessa reflexão, fique em silêncio por alguns minutos e escreva em seu portfólio o seu poema pessoal “De onde eu venho”, inspirado no poema de George Ella Lyon. Você pode usar a estratégia de fazer um decalque do texto, em que se repetem as principais marcas:

De onde eu venho Por: (SEU NOME),

Eu venho de... Eu sou dos... Eu venho de... Do lugar de onde venho... Eu venho desses momentos...

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Divulgação

A história de Raphaele Godinho

Raphaele Godinho, aluna de escola pública da cidade de Mairinque (SP), é um exemplo de como as palavras mudam vidas. Ela, que se considerava tímida, escolheu se inscrever na oficina eletiva “Gladiadores das palavras” da sua escola, que ensinava na prática os alunos a debaterem. Durante os anos na escola, participou de diferentes grupos de debate, como o “Não me calo”, “As Atenas da palavra” e o “Penso, logo falo”, e venceu o torneio final quatro vezes. Raphaele foi representante de sala e presidente do grêmio. Ao perceber que os livros didáticos se referiam exclusivamente a lideranças masculinas, fazendo com que apenas os meninos tivessem inspirações para se destacar e mudar o mundo, Raphaele escreveu o projeto “Resgatando e valorizando as mulheres”, no Parlamento Juvenil do Mercosul, que foi o mais votado na internet por jovens do país inteiro. Para isso, ela fez campanha, passou nas salas de aula, postou vídeos e fez jingle pedindo votos. Aos 16 anos, viajou pela primeira vez de avião, sozinha, para Brasília a fim de representar São Paulo no Parlamento Juvenil do Mercosul. Conheceu o Ministério da Educação, onde teve sua cerimônia de posse. Durante o evento, ela

foi a mais votada para representar o Brasil no Uruguai no Encontro Internacional do Mercosul e viajou de novo. Em 2017, na Câmara dos Deputados, ela enfrentou um grande desafio em uma outra simulação parlamentar. O grupo de jovens precisava eleger um presidente e um vice para formar um partido. Um menino e ela se candidataram a presidente e uma outra menina a vice. E Raphaele, como de costume, foi a mais votada. Porém, os meninos não aceitaram e fizeram uma contraproposta nada democrática: colocar um menino na presidência para ter mais igualdade de gênero. E o menino que não tinha ganhado nos votos acabou virando o presidente do partido. Ela experimentou o machismo na política de forma bastante real. Apesar de ter contestado e resistido, não conseguiu mudar a decisão e desistiu, porém, foi em frente com seus novos projetos. Em 2018 fez faculdade de relações internacionais como bolsista do ProUni e criou, no mesmo ano, o Parlamento Jovem Mairinquense, a fim de trazer mais jovens para a política da sua cidade. Um dia, Raphaele era uma menina tímida e no outro, a partir de uma oficina de debate, representava o Brasil em um evento internacional, com muitas portas se abrindo. O que era apenas um sonho se tornou uma ambição real e muito viável para ela: trabalhar em um órgão internacional. Raphaele já deu muitas entrevistas, inclusive na TV, e seu projeto foi premiado por uma competição da revista Change. Se você está no primeiro ou no segundo ano do Ensino Médio, pode fazer como Raphaele e se inscrever no Parlamento Juvenil do Mercosul. Acompanhe pelos sites www.mercosur.int/ pt-br/ e pjm.mec.gov.br a abertura das inscrições para o Parlamento Juvenil do Mercosul (acesso em: 24 fev. 2020).

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ATIVIDADES

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1. Que características pessoais Raphaele tinha antes de se inscrever na oficina eletiva “Gladiadores da palavra”? 2. Você acredita que Raphaele se surpreendeu com o resultado depois de ter participado das oficinas? Por quê? 3. Você já experimentou uma sensação semelhante, ou seja, não se sentia seguro(a) em relação a alguma habilidade e, ao experimentar uma nova atividade, descobriu que sim, possuía ou poderia desenvolvê-la? 4. Pesquise na internet como Raphaele foi parar no Álbum das Mulheres Incríveis, de Natália Milano.

VOCÊ SABIA Para descobrir um talento, a melhor forma é experimentar coisas novas. E a adolescência é uma das melhores fases para experimentar atividades que irão ajudar a conhecer, construir e afirmar a própria identidade e autonomia. Por isso, experimente, com o apoio do seu(sua) professor(a) e dos colegas, ser poeta hoje! Você

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pode se surpreender descobrindo algo novo sobre si mesmo(a). O uso das palavras, seja pela oralidade ou escrita, é uma excelente forma de se expressar e pode ser uma eficiente maneira de desenvolvimento pessoal.


PARA SABER MAIS »» O Álbum das Mulheres Incríveis, por Natália Milano #16 Espectadora – Raphaele Godinho – www.youtube.com/channel/ UCWzwUGTXEYuhVLlitls9aAA »» O Álbum das Mulheres Incríveis, Trailer – www.youtube.com/ channel/UCWzwUGTXEYuhVLlitls9aAA

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa

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Pesquise se existe na sua cidade um Parlamento Jovem Municipal que ensine aos estudantes o papel de um vereador e como debater assuntos relevantes para o município. Você sente vontade de criar algo parecido, caso não exista? Quais seriam os primeiros passos para isso? Existe na sua escola uma oficina que ensine os alunos a debater como o “Gladiadores da palavra” da escola de Mairinque ou que ensine outras habilidades que você gostaria de desenvolver? Há algo que você possa fazer para criá-la, caso não exista? Por último, discutam: quais foram as atitudes que contribuíram para que Raphaele Godinho chegasse onde chegou? Cienpies Design/ Shutterstock

CAPÍTULO 2 | MEUS VALORES | 41


3. uma vida com sonhos 1. Minha vida como um rio »» Desenvolver o autoconhecimento e a reflexão por meio da elaboração de uma metáfora da própria história de vida representada pela imagem de um rio.

Metáforas são figuras de linguagem, uma forma de expressar uma ideia por meio de uma imagem. Diversos artistas as utilizam para compor letras de músicas e dizer o que sentem e pensam de uma forma não literal, ou seja, não descrevendo exatamente o que é e sim usando uma outra imagem que possa expressar aquele sentimento ou ideia. Riccardo Mayer/ Shutterstock

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Pensamento crítico »» Pensamento criativo O recurso da metáfora pode ser usado por todos para escrever um texto.

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Um exemplo de metáfora foi usado por uma jovem em detenção que disse a seguinte metáfora para expressar como se sentia: “Eu me sinto como uma pena no meio de uma tempestade de vento.” Ou um outro jovem, muito animado, uma vez disse: “Eu me sinto como um jogador ao entrar no estádio e 50.000 pessoas se levantam para me aplaudir”. Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

ATIVIDADE

Al Zakh/ Shutterstock

Que contexto de vida você é capaz de imaginar que os jovens mencionados no texto estivessem vivendo para expressar seus sentimentos com as metáforas descritas? Um outro exemplo está na letra da música “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, que se tornou famosa na interpretação de Jair Rodrigues. Identifique o significado da metáfora “boiada”. Você conhece outras músicas que contêm metáforas?

CAPÍTULO 3 | UMA VIDA COM SONHOS | 43


ATIVIDADE Romão / M10

Minha vida como um rio Nascente Pai

Mãe

Casa da mãe 0 a 5 anos Falecimento vovó 7 anos

Amigos(a)s desde 9 anos Esporte Teatro

Grêmio Escola

Cachoeira

Pedras

Amigos Obstáculos que superei

Foz Meu Sonho

Representação ilustrativa do Rio da Vida.

1. Para realizar esta proposta, vamos utilizar a metáfora de um rio para representar a vida. Um rio nasce de pontos de nascentes onde brota a água, que se juntam e formam um curso. As nascentes podem representar quem veio antes de você. Esse curso começa fininho, representando a sua infância, e vai crescendo e ganhando força, na sua adolescência e juventude. Os rios fazem diferentes curvas, que podem representar momentos de mudança na vida. Ao longo da sua trajetória, outros rios menores ou maiores vão se juntando e estes podem representar pessoas que chegaram à sua vida. Há pontos de corredeira onde a água fica muito agitada, com quedas d’água, que podem representar momentos de turbulência, e pedras, que podem representar desafios passados. E há outras fases de calmaria, em que o rio se alarga e as águas correm tranquilas, nutrindo as margens e as plantas. O rio pode desembocar em um outro rio ou no mar, e essa foz pode representar um lugar ou acontecimento que você quer, com planos ou sonhos, alcançar no futuro. • Com base nas descrições anteriores, vire uma página de papel sulfite na horizontal e desenhe a sua vida como um rio, começando na nascente, fazendo as curvas para cada fase ou momento marcante, represente seus momentos de turbulência ou calmaria e onde você quer que o seu rio desemboque. • Você pode acrescentar símbolos, datas, nomes de pessoas que representem os acontecimentos mais importantes para você desde quando nasceu até hoje, dentro ou fora das margens do seu rio. Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

Este é apenas um modelo, não é necessário copiá-lo; solte a sua imaginação e crie o rio que melhor represente a sua vida. Coloque a quantidade de curvas que for mais relevante para os momentos da sua vida, quedas d’água e outros elementos que o representem. Seu rio é único, assim como você e sua trajetória!

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VOCÊ SABIA A palavra metáfora vem do grego e é composta por meta (entre) e phero (carregar); quer dizer transportar para outro lugar. Alguns exemplos: Os olhos de Pedro eram duas jabuticabas; Minha sobrinha é uma flor.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • •

Como foi refletir sobre sua própria vida? E representá-la por meio de desenho? Discuta com os colegas como seria o rio da turma esse ano. Quais obstáculos ou dificuldades enfrentariam? Quais seriam as conquistas?

2. Roda da Vida A Roda da Vida é uma ferramenta simples e eficaz, muito usada em processos de desenvolvimento pessoal. Ela foi criada para identificar quais áreas estão em harmonia e quais precisam de mais cuidado e energia. O meio da roda corresponde a 0 e o ponto mais externo do círculo corresponde à nota 10.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM »» Refletir sobre as diferentes áreas da vida e avaliá-las para tomar consciência do que fazer para melhorar o que está em desequilíbrio.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Pensamento crítico

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PARA SABER MAIS O instrumento da Roda da Vida foi criado pelo americano Paul J. Meyer por volta de 1960. Ele cresceu durante a Grande Depressão e foi paraquedista na Segunda Guerra Mundial. Depois, foi reconhecido como uma das autoridades mais destacadas do mundo nas áreas de estabelecimento de metas, motivação, gerenciamento do tempo e desenvolvimento pessoal e profissional. Fundou o Success Motivation Institute aos 32 anos e tornou-se milionário. Acredita ser a motivação o primeiro passo para desenvolver potenciais. A ideia da Roda da Vida é que ela forneça uma fotografia do seu momento atual e oriente quais caminhos seguir, a qual área dar importância em busca de equilíbrio.

ATIVIDADES 1. Reproduza o modelo da Roda da Vida no seu portfólio, caderno ou folha de sulfite. Dê uma nota de zero a dez para cada uma das áreas da sua vida, como você está se sentindo nesse momento. Pinte de uma cor todo o espaço desde o pontinho central até o nível daquela área a que você atribuiu uma nota. Ao final, verifique quais áreas possuem as notas mais baixas. 2. Anote no seu portfólio quais ações você fará para melhorar a nota daquela área nos próximos meses. E verifique qual área você pode mudar que impactará todas as demais áreas da sua vida positivamente. 3. Seus valores estão alinhados com o que você acredita?

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e faça o registro das reflexões do que trabalhou.

Roda de conversa •

Que pequenas atitudes e decisões você pode tomar em uma das áreas da sua Roda da Vida que podem influenciar positivamente outras áreas?

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3. Soltando a imaginação no teatro OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Começando a sonhar

»» Soltar a imaginação por meio do teatro e treinar a capacidade de falar em público.

Você está se aproximando do final da primeira dimensão deste livro: a dimensão pessoal. Até agora, você aprendeu o que é um Projeto de Vida e começou a elaborar o seu; mergulhou na sua própria identidade refletindo e expressando seus gostos, aprendeu como identificar e expressar sentimentos para se comunicar melhor, entrou em contato com o seu potencial criativo por meio da visualização guiada e do desenho, estabeleceu conexão com suas origens por meio da árvore genealógica, e com a escrita criativa por meio da elaboração do poema “Eu venho de...”, refletiu e priorizou os valores que mais refletem quem você é, desenhou sua vida como um rio, refletiu sobre as diferentes dimensões da vida por meio da Roda da Vida e entrou em sintonia rítmica com seus colegas por meio do ritmo corporal, ou seja, da música. Você já trilhou uma bela jornada! Agora é hora de começar a alongar os limites da imaginação na direção ao que você pode e deseja para seu futuro. Vamos fazer isso por meio de uma excelente forma de expressão artística, o teatro.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC

Christian Bertrand/ Shutterstock

»» Competência 4: Comunicação »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado »» Competência específica LGG 1 »» EM13LGG104 »» Competência específica LGG 5 »» EM13LGG503

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento criativo »» Autoconhecimento »» Comunicação eficaz

Jogo de improviso de teatro.

Você pode conhecer a improvisação teatral assistindo a grupos profissionais, ao vivo, na internet ou na TV, e nem precisa dizer que isso pode ser muito intimidante. A improvisação teatral, em essência, é simplesmente inventar coisas e compartilhar com os outros. É algo que todos podemos fazer. Você não precisa tentar ser engraçado ou inteligente, só precisa entrar no campo da imaginação com seus parceiros.

CAPÍTULO 3 | UMA VIDA COM SONHOS | 47


Existem algumas regras básicas de improvisação teatral que são bons princípios para a vida criativa. Quando você participa de jogos teatrais, pratica essas regras e descobre quanta diversão elas trazem e como ajudam você a se conectar com os outros. Não é surpreendente que a improvisação teatral esteja sendo introduzida em organizações e grandes empresas como forma de ensinar as pessoas a construir equipes fortes e unidas. Participe da atividade na qual o(a) seu(sua) professor(a) irá explicar as três regras do teatro de improviso.

As três regras do teatro de improviso Regra número 1: Diga “sim”! A improvisação teatral depende de aceitar a realidade que o outro imaginou. Quando dizemos sim uns aos outros, o espaço de imaginação cresce e a criatividade aflora. Quando dizemos não, é como estourar a bola. Não tem jogo. Quando você está improvisando, um dos jogadores faz uma oferta. Em outras palavras, ele joga uma ideia para o outro participante. Por exemplo, ele pode olhar para uma pessoa que não está usando chapéu e dizer: “Irene, eu adorei esse chapéu roxo que você está usando”. Dizer sim significa que a participante aceita que ela é Irene e que está mesmo usando um chapéu roxo. Então ela pode dizer: “Ah, você gostou? Eu comprei num brechó. Quer experimentar?”. O participante então pega o chapéu, experimenta e traz novas informações à cena.

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Se a participante disser: “Que chapéu? Não estou de chapéu. Você está louco?”, não tem jogo. Dizer “sim” requer que você aceite plenamente o que quer que seu colega ofereça e construa a cena a partir dessa realidade.

Regra número 2: A primeira ideia é a melhor ideia Nós criamos ideias o tempo todo, mas nossos críticos internos entram em ação mais rápido do que imaginamos e dizem “não”. Essa regra nos diz para seguir nossos instintos e dizer sim às nossas ideias, da mesma forma que aceitamos as dos outros se seguimos a regra número 1. Como a improvisação teatral é uma brincadeira, simplesmente diga sim à sua primeira ideia e veja o que acontece. Não tem problema se der errado, mas é bem provável que você se divirta muito mais do que ao trabalhar uma ideia que foi pensada demais.

Regra número 3: Ajude seus colegas a se saírem bem

Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

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Kachka/ Shutterstock

A improvisação teatral não pressupõe pregar peças nas pessoas e fazer o jogo ficar mais difícil para elas. A ideia é generosidade, dar a seus colegas material que seja fácil e divertido de trabalhar. Isso permite que eles adicionem suas próprias ideias generosamente e o espaço de imaginação comece a ser construído. Imagine se nós vivêssemos a vida assim, brincando conscientemente de formas que ajudem nossos colegas a serem bem-sucedidos?


ATIVIDADES É hora de praticar! 1. Agora que você já conhece as três regras do teatro de improviso, vamos colocar a “mão na massa” e experimentar a improvisação por meio de jogos.

Jogo 1: Isto é um(a)... e também... a. Em círculo de cerca de 10 pessoas, um líder segura um objeto e diz: “Isto é um bastão e também um pente”, por exemplo. Então ele demonstra isso, usando o bastão como um pente, fazendo os movimentos e sons apropriados. b. O líder passa o bastão para a pessoa à sua esquerda. c. A segunda pessoa repete a demonstração do pente, copiando os movimentos e sons o mais fielmente possível, enquanto diz “isto é um pente e também é (por exemplo) uma tesoura”. Ela demonstra a tesoura com movimento e sons, e passa o bastão para a próxima pessoa à esquerda. d. E assim vai, passando por todo o círculo.

Jogo 2: O que você tá fazendo? a. Em círculo ainda, todos devem usar os nomes das pessoas que estão ao lado. b. O líder imita um movimento fácil de ser entendido, como varrer o chão com uma vassoura. c. A pessoa do lado pergunta: “[nome], o que você está fazendo?”. d. O/a líder responde algo diferente do seu movimento. Por exemplo, se ela está imitando varrer o chão, pode dizer: “tô lavando a louça”. e. A pessoa que perguntou começa, então, a fazer mímica de lavar a louça, e a pessoa do lado dela pergunta: “Fulano, o que você está fazendo?”. O movimento que ela está fazendo é de lavar a louça, mas ela também fala que está fazendo uma coisa diferente. Pode dizer, por exemplo: “estou empinando uma pipa”.

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f. A terceira pessoa então faz o movimento de empinar uma pipa, e assim por diante, até todos participarem. Fonte: Modelo do Empoderamento Criativo. Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

2. Depois de participar dos jogos que o(a) professor(a) irá propor, anote no seu portfólio o texto que você falou no jogo de teatro “Sim, e... sobre os seus sonhos” e complemente-o com todas as ideias de que for capaz de imaginar para si mesmo(a). 3. Escreva um texto em seu portfólio a partir das seguintes orientações: imagine-se com 50 anos, como se tivesse encontrado um colega de classe que não viu nos últimos 35 anos, e conte a ele ou ela como está a sua vida. Não economize imaginação! Para facilitar, você pode começar da seguinte forma: “Oi, (nome do colega), que surpresa encontrar você! Como está? Não nos vemos há 35 anos! Vou lhe contar um pouco sobre mim. Depois quero saber sobre você também! Eu sou um profissional da área de XXXXXXXXXX, estudei XXXXXXXXXX. Sim, e durante a escola – você se lembra? –, eu me engajei em um projeto de XXXXXX e também trabalhei como XXXXXXXXXX. Sim, e imagine que essas oportunidades me levaram a dar o próximo passo, que foi conseguir uma vaga de XXXXXXXXXX ou empreender na área de XXXXXXXXXX. Sim, e sabe que eu conheci muitas pessoas e acabei me realizando na vida pessoal escolhendo viver ao lado de XXXXXXXXXX ou sou muito feliz vivendo de forma independente. Sim, e, além disso tudo, eu sempre gostei de fazer XXXXXXXXXX e como hobby eu continuei

fazendo XXXXXXXXXX, o que me traz muito prazer e amizades duradouras com XXXXXXXXXX e XXXXXXXXXX. Sim, e eu também consegui ter minha casa que fica em XXXXXXXXXX. Ela é linda, gostosa mesmo, com tudo o que eu preciso para viver bem. Em casa eu gosto particularmente de XXXXXXXXXX, ou, sim, e eu decidi não ter uma casa, e vivi minha vida da seguinte maneira XXXXXXXXXX. Sim, e, além do trabalho, das atividades que eu faço por prazer, eu também gostaria de lhe contar que consegui XXXXXXXXXX, faço parte de XXXXXXXXXX e sou amigo(a) de XXXXXXXXXX e de XXXXXXXXXX. Que gostoso compartilhar tudo isso com você! Lembra daquela aula de teatro em que jogamos “Sim, e...”? Pois é, não foi exatamente daquele jeito, mas muitas coisas aconteceram na minha vida! E com você, como foi?”

Você não precisa necessariamente seguir esse modelo para o seu texto. Caso se sinta mais à vontade para escrever de outra forma, vá em frente. Ele é apenas um norteador para começar. Releia seu texto e mostre para o professor e os colegas do seu grupo do jogo “Sim, e...”, na próxima aula.

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VOCÊ SABIA O TEATRO COMO CENTRO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA O teatro pode ser uma ferramenta tão poderosa de desenvolvimento para crianças e jovens que uma escola decidiu compor praticamente todo o seu currículo a partir de uma peça de teatro encenada pelos estudantes. Ao longo do ano letivo, os estudantes dos ensinos fundamental e médio da escola Teia Multicultural, em São Paulo, escolhem um livro ou peça para encenar no final do ano. Eles estudam a história do autor da peça ou do livro, em que época nasceu, como era o Brasil naquele tempo,

como era a política, quem governava, em qual região do país a história acontece, que bioma e clima são característicos dessa localização, como era a casa do personagem principal, que medidas tinham, fazem maquetes, cenários, entre outras atividades muito criativas. E assim vão aprendendo Geografia, História, Português e até Matemática a partir da peça que estão estudando e ensaiando. Nessa escola, a arte e/ou peça autoconhecimento conduzem o processo de aprendizagem.

O TEATRO COMO EXPERIÊNCIA DE AFETO ENTRE O CENTRO E A PERIFERIA NA CIDADE O coletivo Estopô Balaio é formado em sua maioria por jovens migrantes nordestinos que, segundo eles, na tentativa inútil de buscar pertencimento à capital paulista, se aproximaram de bairros como o Jardim Romano, na Zona Leste da capital. Este bairro, como diversos outros nas periferias da cidade, foi formado por muitos migrantes nordestinos que se mudaram do Nordeste em virtude da seca na década de 1970. Por residirem perto do rio Tietê, agora sofrem os impactos das enchentes e dos alagamentos do bairro. Na busca pelo lugar perdido das lembranças, memórias e paisagens, os atores encontraram um pedaço do Nordeste em São Paulo, escondido das grandes avenidas e dos prédios altos do centro da cidade. “A cidade dos rios invisíveis” é o terceiro espetáculo da Trilogia das Águas. Começa no centro, levando os espectadores de trem até o Jardim Romano, bairro que normalmente não atrairia o público da peça a adentrar suas ruas e ruelas. Os trens da Companhia

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Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) funcionam como palco e a plateia são os passageiros, que são convidados a embarcar em uma viagem teatral da vida real, ao receberem fones de ouvido. Nesse momento, acompanham trechos do livro Cidades invisíveis, de Ítalo Calvino, como metáfora dos bairros “invisíveis” que existem ao longo da linha 12 da CPTM. Ao desembarcar, os passageiros-espectadores são convidados a conhecer os personagens da peça e moradores reais do bairro. Mais do que um espetáculo, a peça é um encontro, uma experiência de afeto com os moradores que abrem suas casas e contam suas histórias como poetas, dançarinos, grafiteiros e moradores da beira do rio. A peça foi indicada ao Prêmio Shell, categoria “inovação”, em 2019, e conta com a participação de jovens e adultos moradores do Jardim Romano. Adaptado de: https://coletivoestopobalaio.com.br/ nossa-historia. Acesso em: out. 2020.


ATIVIDADES em pequenos grupos 1. Inspirados pela experiência da escola Teia Multicultural, escolha um livro ou uma peça de teatro de que vocês gostem e pesquisem o nome do(a) autor(a). Imaginem como seria estudar a partir das seguintes perguntas que vocês devem pesquisar para responder: Em que época o autor do livro ou da peça viveu? Como era seu país e o mundo naquele momento? É possível estudar História a partir dessas respostas? Em que local a história acontece? Que aspectos da Geografia aparecem no livro ou peça? Qual é a mensagem central e como seria estudar Português a partir dela? Seria possível estudar Matemática a partir do conteúdo do livro? De que maneira? 2. Inspirados pelo coletivo Estopô Balaio, se vocês fossem criar uma peça de teatro sobre um tema relevante para o bairro de vocês, que conduzisse os espectadores por ruas e casas para vivenciarem as cenas, que tema vocês escolheriam? Por quais pontos relevantes no bairro vocês conduziriam o público? Que figuras da comunidade vocês apresentariam para os espectadores?

PARA SABER MAIS LIVRO »» BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. Editora Civilização Brasileira, 1998.

SITES »» Coletivo Estopô Balaio: www.coletivoesto pobalaio.com.br. »» Escola Teia Multicultural: www.teiamulticultural. com.br.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa

Como foi realizar a atividade? Você gostaria de compartilhar algo que aprendeu sobre si mesmo? Ficou mais claro como você pode olhar para a sua vida no futuro e imaginar sonhos e conquistas que deseja para si de forma concreta?

Kachka/ Shutterstock

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4. Meus sonhos em um poema

»» Aprofundar a elaboração dos sonhos e desejos e expressá-los por meio da poesia e da performance.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado »» Competência 9: Empatia e cooperação

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Pensamento criativo »» Relacionamento interpessoal

Desafio criativo No tema passado “Soltando a imaginação no teatro”, o último exercício de teatro foi dizer “Sim, e...” para todos os sonhos que você quer realizar. Agora, você dará um mergulho ainda maior nos seus sonhos, lapidando-os como um diamante que vai sendo trabalhado. Lembre-se de que, sempre que sentir vontade, você pode voltar ao seu portfólio Projeto de Vida e melhorá-lo ou revisá-lo.

ATIVIDADES 1. A partir da proposta: “Eu vejo minha vida melhor no futuro. Vejo minha vida como um...”, complete com uma metáfora do seu desejo para o futuro. Após realizar a atividade do poema em grupo proposta pelo(a) seu(sua) professor(a), releia todos os poemas escritos e discuta com os seus colegas. Escreva o poema coletivo construído na aula de hoje no seu portfólio Projeto de Vida. 2. Observe a tirinha. Quais são os dois sentidos atribuídos aos jovens “que fazem história”? O que é para você um jovem que faz ou fez história? Você conhece alguém com esse perfil? Discuta em grupo com os seus colegas quem é essa pessoa e por que você o(a) admira. Qual é a história que você gostaria de fazer?

PV- KITS -Foto 21

#BECK, Alexandre. Armandinho. 2016. Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/150084634414/ tirinha-original. Acesso em: 17 fev. 2020.

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Alexandre Beck

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM


VOCÊ SABIA A pesquisa “O sonho brasileiro” foi feita pela Box 1824, em 2011, com 3.000 jovens de 18 a 24 anos de todo o país, para dar um panorama das expectativas dos jovens para o futuro. Segundo a pesquisa, a possibilidade de construir uma carreira foi o aspecto mais importante listado pelos jovens, seguido de ter carteira assinada. Esses dois itens são mais importantes do que o salário e encontrar uma profissão com o perfil do futuro. Dos jovens ouvidos, 46% pertenciam à classe C, 33% à classe B e 17% às classes D e E. A pesquisa identificou um jovem mais ativo, participante e ligado às questões do coletivo, ou seja, preocupado em atuar em causas coletivas, na busca de transformações em suas realidades locais, regionais e nacional. Já de acordo com o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), que realizou uma pesquisa em 2017 com 37.275 estudantes entre 15 e 26 anos, de todos os estados, o objetivo número 1 dos respondentes foi conseguir um trabalho. Possuir um apartamento ou casa veio em segundo lugar. E, por último, morar fora do país e fazer um intercâmbio apareceram como 3º e 4º lugares. Em outra pesquisa do mesmo núcleo, sobre a empregabilidade dos recém-formados entre 2014 e 2018, com 1.114 respondentes de todo o Brasil, o resultado apontou o cenário desafiador da busca por emprego vivido pelos ingressantes no mercado de trabalho. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o desemprego afeta principalmente os jovens no país. O índice de pessoas desocupadas em 2018 ficou em 22,6% e foi o dobro da média geral da população. Ainda de acordo com o estudo, 54,49% (607) dos entrevistados estão trabalhando, enquanto 45,51% estão desempregados. Contudo, da taxa dos empregados, apenas 25,49% conseguiram

entrar na área de sua formação em menos de três meses. Porém, 21,27% não tiveram o mesmo destino e, apesar de graduados, migraram para outros campos. Advogados, engenheiros e administradores, por exemplo, são hoje vendedores, motoristas de aplicativo, motoboys, corretores, fazem limpeza, telemarketing, entre outros. “Muitas vezes, o profissional não encontra uma posição no segmento almejado e migra para os demais setores. O motivo geralmente é a falta de experiência, a assombração da juventude ao redor do mundo”, explica o presidente do Nube, Carlos Henrique Mencaci. De fato, o levantamento retrata essa questão. Do total, 58,8% disseram não receber um “sim” na entrevista, porque não tinham a vivência necessária no campo de atuação. “Isso passa por questões específicas de cada empresa e apenas quem vai em busca de cursos extracurriculares e capacitação além da faculdade se destaca.” Além disso, 9,07% também apontaram a distância como um empecilho para ingressar em uma companhia. “Fizemos uma análise nacional e isso revela o problema de muitos com o deslocamento, carência de transportes públicos, trânsito, pouco acesso, falta de verba para a locomoção, entre outros”, assegura. Um dado positivo foi o fato da grande maioria dos participantes, os quais foram cadastrados no site do Nube, terem realizado um estágio antes de concluir a graduação. Assim, 83,3% passaram pela atividade. “Colocar em prática os ensinamentos obtidos em sala de aula é fundamental para identificar se a profissão é correlata com o perfil, entender quais funções serão desempenhadas ao decorrer da vida e fazer o famoso networking”, ressalta Mencaci. Fontes: Pesquisa “Sonho brasileiro”, Box1824 e Núcleo Brasileiro de Estágios. Disponível em: www.nube. com.br/blog/2019/02/28/empregabilidade-entre-osjovens. Acesso em: 1 mar. 2020.

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ATIVIDADES 1. Faça uma pesquisa na sua sala de aula sobre quais são os aspectos que cada um considera mais relevantes para conquistar nos próximos cinco anos. Vocês podem realizar essa pergunta de forma aberta, ou seja, deixar que cada estudante responda livremente, ou fazê-la de forma fechada, dando opções para serem marcadas, tais como: •

ter uma carreira;

ter um emprego com carteira assinada;

ser dono do próprio negócio;

ter o próprio lar;

atuar em causas coletivas;

morar fora do país;

outros que quiserem acrescentar.

Registrem todas as respostas e calculem o número de alunos e a porcentagem das respostas mais desejadas pelos alunos. 2. Façam uma nova rodada de investigação sobre empregabilidade: •

Quantos da turma já trabalharam?

Quantos estão trabalhando hoje? O que os ajudou a conseguir um trabalho?

Quantos já tentaram conseguir emprego e não conseguiram? Quais foram os maiores impedimentos?

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Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

• •

Discuta com os colegas como as poesias ajudaram a expressar sonhos. Os sonhos do seu grupo eram semelhantes ou diferentes dos seus? O que você pode concluir ao ler os sonhos de todos os participantes do seu grupo? Compare os resultados da pesquisa que fizeram em sala de aula sobre os maiores desejos dos jovens para os próximos cinco anos com os resultados da pesquisa da Box 1824 realizada em 2011. Os resultados foram semelhantes? Foram diferentes? Você consegue imaginar por quê? A que conclusões vocês podem chegar observando os dados coletados sobre empregabilidade com as pessoas da turma e comparando-os com os da pesquisa do Nube?

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Dean Drobot/ Shutterstock

Roda de conversa


ATIVIDADE de passagem Conclusão da Dimensão pessoal Na correria do dia a dia, muitas vezes esquecemos de dar atenção e valorizar cada etapa realizada. Por isso, esse é o momento de comunicar para toda a comunidade escolar as aprendizagens e descobertas realizadas com o trabalho da dimensão pessoal. Para isso, nada melhor do que os próprios alunos para organizarem um evento de celebração.

Evento: Performances dos sonhos •

O que é: o evento terá as apresentações das poesias sobre os sonhos, que devem ser transformadas em cartazes os quais ficarão expostos na escola depois do evento. • Como fazer: organizem ou elejam um grupo coordenador da produção do evento com um(a) professor(a) orientador(a). O evento pode ser para os alunos de um ano do Ensino Médio, para toda a comunidade escolar, para os pais e convidados ou apenas para outra turma de alunos convidados. • Pré-requisitos das apresentações: utilizar pelo menos três diferentes formas de expressão artística, como poesia, teatro, música, dança, artes visuais, vídeo, fotografia, entre outros. Vejam o modelo a seguir de planilha de produção sugerida. Ela deve apresentar detalhadamente todas as atividades necessárias para a organização do evento, com responsável, prazo para realização, materiais necessários e uma célula para anotar se já foi realizada. Procurem estudantes que já organizaram eventos dentro ou fora da escola e escutem a experiência que tiveram. O que deu certo? O que deu errado? Como conseguiram contornar as situações desafiadoras?

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EXEMPLO DE PLANILHA DE PRODUÇÃO Etapa

Nome do Cronograma Cronograma Cronograma Cronograma Dia do Responsável Semana – 4 Semana – 3 Semana – 2 Semana – 1 evento

Atividade

1

Definição da data do evento

2

Definição do local do evento

3

Definição do horário do evento

4

Definição do público a ser convidado

5

Como será a elaboração e o envio dos convites?

6

Com quanta antecedência os convites devem ser enviados?

7

Quem fará o design do convite?

8

Que duração o evento terá?

9

Qual será a programação exata no dia?

10

Quem conseguirá a autorização da escola?

11

Quem será o(a) mestre de cerimônias?

12

Quem será o(a) professor(a) orientador(a) homenageado(a)?

13

Quando a equipe de produção irá se reunir e quantas vezes?

14

Quantas performances sobre os sonhos serão apresentadas?

15

Quantas poesias sobre os sonhos serão apresentadas?

16

Como será a decoração?

17

Que equipamentos serão necessários e quem será o responsável?

Outras etapas a serem planejadas

[diagramar como ficha]

CAPÍTULO 3 | UMA VIDA COM SONHOS | 59


2 CIdadã Dimensão

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Expansão e exploração: o encontro com o outro e o mundo »» Onde minha escola está inserida? »» Quem são as pessoas que fazem parte dessa comunidade? »» Qual é o nosso papel na sociedade?

SpeedKingz/ Shutterstock

Neste módulo, você vai analisar sua própria comunidade, planejar uma intervenção cidadã e aprender como participar da política, além de refletir sobre como a diversidade se relaciona com o seu dia a dia.

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1. Mapeando a comunidade 1. O raio X da comunidade Conhecer experiências de comunidades que se organizaram e lideraram projetos de sucesso que garantiram melhoria econômica e de qualidade de vida para seus moradores.

Para iniciar o mergulho na dimensão cidadã, vamos olhar nossa própria comunidade, onde a escola está inserida, e compreender quais são suas características, histórias, relações, fluxos, desafios e fortalezas. Faremos isso a partir do olhar apreciativo, buscando conhecer as riquezas e os talentos locais e colocando atenção também nos pontos que precisam ser melhorados e sonhados. wtondossantos/ Shutterstock

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de vida »» Competência 7: Argumentação

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento crítico »» Resolução de problemas

Escolhemos a comunidade, o bairro, como o menor espaço na cidade para trabalhar, porque é nele que a vida acontece. Antes de começar, vamos entender como uma cidade se planeja, quais são as leis e os espaços de participação que regulam o

62 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ


olhar para o futuro de uma cidade. Assim como você está elaborando o seu Projeto de Vida, as cidades possuem, ou pelos menos deveriam possuir, um projeto de futuro focado na melhoria de vida do cidadão e no equilíbrio das contas públicas.

Estatuto da Cidade A Lei Federal 10.257/01, denominada Estatuto da Cidade, obriga que todo município com mais de 20 mil habitantes e estâncias turísticas elaborem um Plano Diretor que, por sua vez, deve orientar os planos e orçamentos – ou seja, os instrumentos de planejamento financeiro do município. Plano Diretor é o instrumento do município para orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção do espaço e uso do solo, tanto na cidade quanto na zona rural e na oferta de serviços públicos essenciais para a população. O artigo 44 do Estatuto da Cidade dispõe que a gestão orçamentária participativa incluirá obrigatoriamente a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual, ou seja, em todo processo de discussão orçamentária, como condição obrigatória para a sua aprovação pela Câmara Municipal.

Orçamento DA CIDADE O orçamento municipal é tão importante que deveria ser democrático para que o cidadão comum pudesse participar da definição dos destinos da cidade. No orçamento participativo a população pode decidir as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados a cada ano com recursos do orçamento da prefeitura. Além disso, ele estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população para com o bem público e a corresponsabilização entre gestão municipal e sociedade sobre a gestão da cidade. Alguns municípios do Brasil e diversos outros do mundo utilizam o mecanismo do orçamento com a participação popular na tomada de decisão de parte do orçamento das prefeituras. Porto Alegre é uma das cidades referência na prática desse orçamento com a participação de várias representações da sociedade desde 1989 até os dias atuais, mesmo tendo passado por diversas gestões de diferentes partidos.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 63


Saúde e Habitação entre as prioridades do OP na Região Glória (em Porto Alegre) 07/11/2019

Foto: Ricardo Giusti/PMPA

Mais de 400 pessoas participaram na noite de quarta-feira, dia 7, da assembleia da Região Glória do Orçamento da cidade.

Encontro na Região Glória, Porto Alegre, RS, 2019.

As pessoas escolheram o tema de saúde como prioridade para investimentos públicos nas comunidades que compõem a região. Habitação, saneamento básico e pavimentação, nessa ordem, completaram a lista dos mais votados. Fonte: https://prefeitura.poa.br/smri/noticias/saude-e-habitacao-entreprioridades-do-op-na-regiao-gloria. Acesso em: 25 fev. 2020.

ATIVIDADES 1. Se você participasse de uma reunião do orçamento da sua cidade, quais seriam os três temas prioritários que você defenderia para que a prefeitura investisse recursos públicos no seu bairro? 2. Ouça as respostas dos colegas, discutam e elejam três temas em comum para elaborar uma carta de indicação. Depois, pesquisem em sua região quando ocorrem as assembleias do orçamento e elejam um grupo para levar as sugestões da turma.

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A realização do processo de orçamento municipal acontece por meio de diferentes assembleias ao longo do ano com a população, para a definição das prioridades, por meio de discussões e votações. Esse processo é importante porque revela lideranças naturais dos bairros que representam os interesses coletivos dos moradores junto ao poder público. O orçamento da cidade é um dos espaços de participação do cidadão na gestão pública. Existem outros, como participar dos conselhos, por exemplo. Muitos deles foram institucionalizados pela Constituição de 1988, como resultado de uma demanda por mais participação e controle social da população. Para ser membro de um conselho municipal, é preciso se candidatar e ser eleito(a). Os conselhos são formados por representantes da sociedade civil, ou seja, cidadãos comuns, e do poder público municipal, a prefeitura. O papel dos conselhos é propor, decidir e controlar as políticas municipais sobre determinado assunto. Alguns exemplos de conselhos são:

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Atua na construção das políticas municipais voltadas para crianças e adolescentes. Faz o registro das entidades que atuam com este grupo e acompanha se os projetos atendem aos requisitos da legislação. Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência Sua função é elaborar, encaminhar e acompanhar a implementação de políticas públicas de interesse da pessoa com deficiência na saúde, na educação, no trabalho, na habitação, no transporte, na cultura, no lazer, na acessibilidade ao espaço público e nos esportes. O CMPD ainda promove atividades de integração de pessoas com deficiência, além de fazer e receber denúncias de discriminação. Conselho da Juventude Os Conselhos de Juventude são espaços de participação e interlocução da juventude com o poder público no planejamento e acompanhamento da execução das Políticas Públicas de Juventude – PPJ. Os Conselhos de Juventude são ligados ao Poder Executivo e podem ser criados em qualquer uma das esferas, podendo ser conselhos municipais, estaduais ou nacional. É nestes espaços que representantes da juventude organizada podem debater sobre os projetos e as necessidades comuns do segmento e inseri-los na agenda governamental. Atualmente, o Brasil conta com o Conselho Nacional de Juventude – Conjuve, criado em 2005 e vinculado à Secretaria-Geral da Presidência da República, além de dezenas de conselhos estaduais e centenas de conselhos municipais espalhados por todo o país, com diferentes formatos e estruturas de funcionamento.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 65


ATIVIDADES 1. Descubra quais são os conselhos municipais que existem na sua cidade e investigue se há algum no qual você tem interesse em participar. 2. Caso não exista, reflita se você gostaria de criar um conselho municipal que acha relevante. Afinal, a adolescência é a época de experimentar coisas novas!

Acompanhar sessões plenárias na Câmara dos Vereadores Além dos conselhos, outra forma de participação é assistir às sessões plenárias da Câmara dos Vereadores para acompanhar as posições dos vereadores diante de um determinado tema ou projeto de lei que está sendo discutido.

Projeto de Lei de Iniciativa Popular Em uma democracia, o instrumento mais importante de participação dos cidadãos na vida política é o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, por meio do qual eles podem atuar publicamente na criação das normas que os regem. É um mecanismo simples, que permite a qualquer um propor mudanças no funcionamento da estrutura sociopolítica do país. Foi assim que nasceu, por exemplo, o famoso projeto Ficha Limpa, uma iniciativa do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral; eles conceberam a ideia de impedir que políticos envolvidos com a Justiça pudessem conseguir futuras candidaturas. O primeiro passo é a redação do texto que será submetido à apreciação do Congresso; depois é fundamental encontrar um político que encampe o projeto (dependendo da instância englobada pela ideia, recorre-se a um vereador, um deputado estadual ou federal, um senador). No terceiro estágio, o grupo busca o formulário-padrão indispensável para o abaixo-assinado, o qual será encontrado na Câmara ou na Assembleia. Leis nacionais ou estaduais demandam 1% de assinaturas dos eleitores; as leis referentes ao município exigem 5%. É importante, no momento da coleta, contar com o apoio das preciosas redes espalhadas pelo mundo virtual, por exemplo, a Avvaz, entre outras ONGs. Fonte: www.camaraicara.sc.gov.br/a-camara. Acesso em: 25 fev. 2020.

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Comunidade de mobilização online A Avaaz é uma comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para os espaços de tomada de decisão em todo o mundo.

Avaaz, que significa “voz” em várias línguas europeias, do Oriente Médio e asiáticas, foi lançada em 2007 com uma simples missão democrática: mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas quer. A Avaaz mobiliza milhões de pessoas de todo tipo para agirem em causas internacionais urgentes, desde pobreza global até os conflitos no Oriente Médio e mudanças climáticas. O modelo de mobilização

online da Avaaz permite que milhares de ações individuais, apesar de pequenas, possam ser combinadas em uma poderosa força coletiva. (...) Operando em 15 línguas por uma equipe profissional em quatro continentes e voluntários de todo o planeta, a comunidade Avaaz se mobiliza assinando petições, financiando campanhas de anúncios, enviando e-mails e telefonando para governos, organizando protestos e eventos nas ruas, tudo isso para garantir que os valores e visões da sociedade civil global informem as decisões governamentais que afetam todos nós. Disponível em: https://avaaz.org/page/po/about/. Acesso em: 25 fev. 2020.

ATIVIDADE 1 •

Agora que você conhece alguns espaços de participação do cidadão no município, vamos voltar ao bairro e fazer um exercício para aprofundar o entendimento dos pontos fortes e de alguns dos principais desafios que você sonha ver solucionados no futuro próximo. Para isso, dividam-se em grupos de cinco pessoas e vamos começar com uma exploração dos bairros de vocês, usando mapas cognitivos.

O que são mapas cognitivos Mapas cognitivos ou mapas mentais são mapas feitos a partir do que existe na cabeça das pessoas. É o processo pelo qual o ser humano e outros organismos representam o ambiente em seu cérebro, que permite que se localizem no espaço.

O mapa mental parte de uma ideia ou assunto central.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 67


ATIVIDADE 2 1. Vamos começar o mapeamento do bairro ou da comunidade realizando um mapa mental. Cada um com uma folha de papel deverá desenhar com lápis preto o bairro com a maior quantidade de elementos que for capaz de lembrar. Ruas, casas, trabalho, escola, postos de saúde, pontos de ônibus e outras coisas, tudo o que for importante para a sua vida, mesmo que você não as utilize. 2. Escolha uma cor para pintar o que, em sua opinião, funciona bem, outra para o que funciona razoavelmente e uma terceira cor para o que funciona mal ou não existe e faz falta. 3. Não deixe de desenhar as pessoas que se destacam no bairro, consideradas lideranças informais ou formais, ou seja, estão sempre ajudando outras, que lutam pelo direito de todos e procuram soluções, seja junto à prefeitura ou de outras maneiras. 4. Feito isso, faça uma revisão dos pontos abaixo para garantir que não esqueceu de nenhum aspecto: • Infraestrutura: drenagem de água, iluminação pública, equipamentos de saúde, educação, lazer, esporte, cultura, assistência social; • Acessibilidade: acesso para pessoas com deficiência; • Ambiental: áreas verdes, rios e mar, qualidade da água, qualidade do ar, parques e praças, arborização das ruas; • Sistema viário: controle de tráfego, semáforos, faixas de pedestre e sinalização, conservação das ruas e calçadas; • Comércio: lojas, centros comerciais, mercados, farmácias; • Limpeza e jardinagem: coleta de lixo, inclusive seletiva; • Condições de Segurança Pública, em especial perto da escola: sensação de segurança, furtos, assaltos, outras formas de violência; • Segurança alimentar: hortas comunitárias, restaurantes acessíveis para qualquer faixa de renda; • Patrimônio cultural e histórico; • Acesso gratuito à internet; • Condições de emprego, trabalho e empreendedorismo.

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5. Em seguida, pesquisem na internet o mapa do bairro. Compare o mapa da internet com o cognitivo que cada um fez. O que existe em um que não aparece no outro? Alguma coisa foi esquecida? 6. Completem seus mapas com novos elementos que puderam ser identificados. 7. No seu grupo de cinco pessoas, apresentem os mapas uns para os outros e percebam as escolhas que cada um fez para representar o bairro de cada um. O que foi prioritário para cada um e está presente no desenho? 8. Por último, organizem-se em uma grande roda com todos os grupos e conversem sobre: •

O que funciona e o que não funciona no seu bairro?

ATIVIDADE 3 Feita a discussão com toda a turma, você deve escolher como tema um aspecto que mais gosta no bairro e outro que mais quer ver transformado e procurar informações e dados sobre esses dois aspectos. Por exemplo: tenho orgulho da qualidade das áreas verdes do meu bairro. Indicadores a procurar: número de árvores por habitante, tamanho da área verde em comparação à área total, outros. Mais um exemplo: o ponto de que eu menos gosto é a falta de segurança. Procurar número de homicídios por ano; número de roubos e furtos; outros. Além de procurar na internet, você pode entrevistar funcionários da prefeitura para obter dados que reflitam a realidade do bairro. Por último, saiam às ruas conversando com a população de forma respeitosa e amigável para obter informações sobre como os demais moradores se sentem. Montem uma apresentação para toda a turma mencionado os dados que você pesquisou, justificando a escolha do ponto que você mais admira em seu bairro e o ponto

melitas/ Shutterstock

que mais gostaria de ver melhorado.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 69


VOCÊ SABIA Que existem hoje sites e aplicativos que auxiliam e favorecem o diálogo entre os moradores e a prefeitura? Um deles é o Colab.re, uma startup* criada em 2013 com a proposta de aproximar cidadãos de governos por meio de uma plataforma de tecnologia. O Colab.re quer dar à população

o poder de colaborar com questões do setor público por meio de publicações de zeladoria urbana, participação em tomadas de decisão e consultas de avaliação de serviços públicos. A tecnologia e a metodologia foram construídas com mais de 2.500 servidores públicos.

O que é uma startup – Uma startup é uma empresa em estágio inicial que tem um modelo de negócio com potencial de crescer rapidamente, escalar sua atuação e gerar lucros cada vez maiores.

PARA SABER MAIS »» Plano de Desenvolvimento do Bairro – Uma metodologia participativa – Fecomércio SP (www. fecomercio.com.br) – Cartilha para comunidades com uma sugestão de metodologia para a criação do plano de desenvolvimento do bairro. »» Site do Colab.re – www.colab.re. Acesso em: 25 fev. 2020. – Site do aplicativo Colab de participação cidadã. »» Site da Avaaz que pode ser uma ferramenta útil para conseguir a porcentagem mínima de assinaturas para a proposta de um projeto de lei de iniciativa popular (https://avaaz.org/page/po/). »» Como criar um conselho da juventude – Manual (http://prattein.com.br/home/images/stories/ Juventude/GuiadeConselhos_site.pdf).

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • • • •

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Algum espaço de participação chamou mais a sua atenção na sua cidade? Qual e por quê? Qual é o ponto mais forte do seu bairro? Encontre duas lideranças que você admira, descreva quem são e por que você as admira. Qual é o seu maior sonho para o bairro? Como você acredita que pode contribuir para a realização?


2. Comunidades inspiradoras: força pessoal e força coletiva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Como comunidades conseguiram transformar sua realidade para melhor Vamos conhecer casos de sucesso de comunidades que conseguiram se organizar em fortes associações comunitárias, baseadas no esforço coletivo e na generosidade, para articular transformações sem ter que esperar que as soluções viessem de fora.

Caso 1: Banco Palmas de Fortaleza e Conjunto Palmeiras

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de vida »» Competência 7: Argumentação »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania »» Competência específica CHS 1 »» EM13CHS102

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento crítico »» Resolução de problemas

Pmorizio / Wikipedia CC

Você sabe o que são bancos comunitários? São serviços financeiros solidários, em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e renda na perspectiva de reorganização das economias locais, tendo por base os princípios da Economia Solidária. São iniciativas que buscam o desenvolvimento de territórios de baixa renda, por meio do fomento à criação de redes locais de produção e consumo. Baseia-se no apoio às iniciativas da economia popular e solidária em seus diversos âmbitos, como de pequenos empreendimentos produtivos, de prestação de serviços, de apoio à comercialização e o vasto campo das pequenas economias populares. O Banco Palmas foi o primeiro banco comunitário do Brasil e nasceu na comunidade Conjunto Palmeiras, construída em regime de mutirão depois de ser expulsa da Avenida Beira-Mar de Fortaleza em 1973. O Conjunto Palmeiras desenvolveu um forte movimento social de luta por direitos em uma região abandonada pelo Estado.

Compreender como é possível superar desafios e construir soluções coletivas de melhoria de qualidade de vida para os cidadãos e refletir sobre seu posicionamento na sua comunidade.

Banco Palmas, primeiro banco comunitário do Brasil.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 71


Uma segunda onda de expulsão aconteceu na comunidade, mas desta vez pelas forças econômicas, ou seja, a vida nas favelas encarece e as pessoas mais pobres precisam se mudar para favelas ainda mais distantes. A comunidade então teve a coragem de indagar o motivo de ser pobre. Ao ir atrás das causas da pobreza local, por meio de discussões, debates, assembleias e conversas com moradores, descobriu-se que mais de 1 milhão de reais por mês era consumido pelos 20.000 moradores da comunidade na época. Mas apenas 20% desse dinheiro era gasto dentro dela, enquanto os demais 80% eram gastos com compras fora. Eles perceberam que a falta de consumo local enfraquecia a capacidade de gerar renda e trabalho, e com isso era impossível criar um mercado forte sob o seu controle, que ficava dependente de um sistema que os via apenas como fonte barata de mão de obra. Esse

Reprodução

trabalho ganhou o nome de Mapa do Consumo do Conjunto Palmeiras. Com informação nas mãos, a comunidade decidiu então criar um banco para que o dinheiro ali circulasse. Ou seja, um modelo de desenvolvimento do território via produção e consumo local. O banco criou diversos serviços financeiros solidários para estimular o consumo e a produção no bairro e criou para isso uma moeda própria. O Banco Central tentou proibir o funcionamento do Banco Palmas, mas em 2003 este ganhou na Justiça o direito de continuar existindo. De 2011 a 2018, o Banco emprestou 14 milhões de reais sem juros, para 5.600 empreendimentos, 84% liderados por mulheres. Milhares de pessoas abriram sua primeira conta, Cédulas utilizadas pelo Banco Palmas durante o período de 2000 a 2013.

acessaram seu primeiro seguro de vida e receberam formação em educação financeira. Em 2015, o Banco lança o E-dinheiro, plataforma digital de banco comunitário, facilitando o acesso a uma moeda social digital, transferências eletrônicas, compras locais, pagamento de boleto, crédito para celular, microsseguros e mais serviços financeiros solidários com alta tecnologia, sem dispensar a presença e o controle humanizado dos Bancos Comunitários. Além disso, o Banco Palmas fomentou e liderou a criação de outros bancos comunitários no Brasil, hoje são 103 no total. Fonte: Manifesto dos 20 anos do Banco Palmas – Instituto Banco Palmas. www.institutobancopalmas.org/. Adaptado. Acesso em: 25 fev. 2020.

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Caso 2: Comunidade Quilombola de Ivaporunduva, Vale do Ribeira - SP Vamos entender o que são as comunidades quilombolas, quantas são e como estão na luta pela posse da terra.

Foto: Du Amorim/A2fotografia

Quilombo é sinônimo de luta pela terra e liberdade. Há mais de trezentos anos, surgiram as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. Comunidades que sobreviveram até hoje na contracorrente da concentração fundiária e da devastação da Mata Atlântica. Muitos quilombos sobreviveram, mas muitos perderam partes importantes de suas terras para posseiros e grileiros e outros tiveram seus territórios ocupados pelas Unidades de Conservação ambiental, como os Parques de Jacupiranga, PETAR e Intervales. Esta situação limita as possibilidades de sobrevivência e de desenvolvimento dessas comunidades. A luta dos quilombolas pela terra avançou muito a partir da Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo 68, garante a propriedade da terra ocupada pelas comunidades quilombolas. No entanto, de 1988 até hoje poucas comunidades no Brasil receberam o título de propriedade de suas terras. Hoje os quilombolas são exemplos de convívio entre populações humanas e a Mata Atlântica e atores importantes em projetos de desenvolvimento sustentável, mas esta sustentabilidade depende da terra. O título em si é importante, mas o mais importante é o acesso e o usufruto do território que, na maior parte dos casos, depende da retirada, mediante desapropriação, dos ocupantes não quilombolas, o que exige vontade política e dinheiro para as desapropriações.

Quilombo Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, traz consigo a história dos quilombolas.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 73


Hoje se estima que existam cerca de 3.000 comunidades quilombolas no Brasil, das quais pouco mais de 65 receberam título desde 1988. Este problema da terra afeta os quilombolas em todas as regiões do país, e no Vale do Ribeira não é diferente. Comunidades como Porto Velho, Cangume, Galvão, André Lopes, apenas para citar alguns exemplos, tiveram seus territórios reconhecidos como terra de quilombos, mas grande parte está ocupada por não quilombolas, ficando inacessível à comunidade enquanto o governo estadual ou federal não remover estes ocupantes. Fonte: Quilombos do Ribeira. A luta pela terra.

Coivara: técnica agrícola tradicional usada em comunidades tradicionais como quilombolas, indígenas, caiçaras e ribeirinhas caracterizada por poucos anos de cultivo, seguidos de muitos anos de repouso.

Ivaporunduva é uma das poucas comunidades quilombolas que tiveram sucesso na luta e regularização pela posse da terra de seu território. Localizada na cidade de Eldorado, SP, a resistência e a luta pela terra valeram a pena e ela pode ser considerada referência de sucesso. Sua produção de banana, palmito pupunha e arroz, entre outros alimentos, é orgânica e o plantio se dá pelo sistema das roças de coivara, que preserva a Mata Atlântica e permite que a comunidade viva do que a terra produz. A produção é feita por muitos moradores, cada um em um pedaço de terra que fica sob seus cuidados, já que a terra é coletiva. Parte é vendida para prefeituras de outros municípios para compor a merenda escolar. Além disso, a comunidade gerencia uma pousada comunitária, construída com apoio do Governo do Estado de São Paulo na época, para receber grupos de turistas mediante reserva antecipada. Há um rodízio do trabalho na cozinha, na limpeza e na condução dos passeios dos visitantes pela comunidade. Tanto a agricultura quanto o turismo exigem da comunidade uma grande organização interna, com reuniões, rodízios de trabalho e cursos, e somente com uma Associação Comunitária fortalecida e organizada é possível ter sucesso nas atividades, como a comunidade vem tendo. A renda gerada pelo turismo, do mesmo jeito que a proveniente da agricultura, também é dividida garantindo uma vida digna, comunitária, que preserva a natureza e mantém vivas as raízes culturais do povo brasileiro.

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Hoje em dia, há moradores nascidos em Ivaporunduva, formados e estudando na faculdade, em cursos como pedagogia, direito, engenharia, entre outros, que retornam para fortalecer a sua própria comunidade e as vizinhas, ou ganham o mundo para levar a luta para ainda mais gente.

Caso 3: O povo Yawanawá, Acre O povo Yawanawá, no Acre, por meio de organização, capacitação e parcerias, conseguiu, em menos de meio século, viabilizar o “renascimento cultural e espiritual” do seu povo. Nesse período, conseguiram demarcar seu território, expulsar seringueiros e missionários e são conhecidos por parcerias com grandes marcas, por sua presença em fóruns internacionais e pelos festivais xamânicos que promovem.

Há menos de meio século, indígenas do povo Yawanawá viviam praticamente escravizados em seringais do Acre.

ATIVIDADES Em duplas, vocês devem ler e pesquisar mais a respeito da história de uma das comunidades dos casos apresentados. 1. Reúnam-se em grupos com 3 duplas que estudaram histórias diferentes. 2. Cada dupla deve apresentar para os demais colegas a história da comunidade que estudou, o que lembra, o que entendeu, o que descobriu. 3. No grupo reflitam: o que as histórias presentes no trecho da reportagem da BBC News Brasil sobre o povo Yawanawá, no texto do site www.quilombosdoribeira.org.br sobre a comunidade de Ivaporunduva e no Manifesto de 20 anos do Banco Palmas possuem em comum? 4. Abram a roda de conversa para discussão final. Importante: você e seus colegas podem pesquisar outra comunidade inspiradora no Brasil e explicar o porquê. Escreva um texto no seu portfólio explicando que comunidade é essa, onde se localiza, quem são suas lideranças; conte a história desse grupo de forma resumida e destaque os aspectos que fazem você admirar seu trabalho coletivo.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 75


VOCÊ SABIA De acordo com o Censo IBGE de 2010, há 305 povos indígenas que somavam quase 900.000 pessoas, representando cerca de 0,4% da população. Ainda de acordo com o IBGE, 274 línguas indígenas são faladas hoje no país, além do português. Até os anos 1970, acreditava-se que seria impossível evitar o desaparecimento destes povos, que foram assassinados e escravizados por décadas. Porém, na década de 1980, houve uma

Fonte: Censo IBGE 1990 e http://indigenas.ibge.gov.br. . Acesso em: fev. 2020.

Momento de reflexão

PARA SABER MAIS

Consulte o questionário da página 191 e as orientações do seu professor.

Roda de conversa

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Como foi para você estudar os casos mencionados nesse capítulo? Você descobriu algo de que não sabia? De que maneira você acredita que essas histórias se relacionam com a Dimensão cidadã do Projeto de Vida? Como você se posiciona na sua comunidade hoje? Você faz parte de alguma forma de organização comunitária?

NikAndr/ Shutterstock

»» Site do Banco Palmas (www. institutobancopalmas. org) Acesso em: 22 fev. 2020. »» www. quilombosdoribeira. org.br – Site criado pelas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira com apoio do Instituto Socioambiental. Acesso em: 22 fev. 2020.

reversão da curva demográfica na maioria dos povos indígenas. As etnias indígenas mais numerosas e a maior parte dos índios que ainda falam língua própria estão concentradas em terras indígenas reconhecidas pelo governo, segundo o censo do IBGE.


3. Intervindo na comunidade O potencial da juventude A adolescência é uma fase muito importante por ser a etapa da

Alf Ribeiro/ Shutterstock

vida em que começamos a vislumbrar nosso lugar na sociedade.

Manifestantes na Avenida Paulista durante um protesto contra o aumento do valor de passagens de ônibus, trem e metrô. São Paulo, 2013.

Se somarmos a isso a incrível energia que um jovem possui para sonhar e realizar, chegamos a uma fórmula para muitas transformações necessárias para a sociedade, como veremos nos exemplos a seguir. Participar de uma iniciativa concreta em um projeto de intervenção comunitária desenvolve inúmeras habilidades para a vida e para o mundo do trabalho, como iniciativa, liderança, autoconfiança, comunicação, resolução de problemas, criatividade, entre outras. Além disso, a experiência fornece muitos argumentos e histórias para contar em um momento de entrevista. Pode valer tanto ou até mais do que uma experiência de trabalho, que é um dos requisitos que mais impedem os jovens de conseguir o primeiro emprego. Para começar, vamos estudar um caso de sucesso.

O caso do Instituto Elos O Instituto Elos é uma organização premiada que foi criada por jovens sonhadores, quando ainda estudavam arquitetura na cidade de Santos, SP. Durante a faculdade, um grupo de estudantes percebeu que o Museu de Pesca da cidade estava fechado por falta de reforma há vários anos. Reabrir o museu era uma utopia, um sonho

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender como realizar um projeto de intervenção cidadã voltado para o bem comum.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 9: Empatia e cooperação »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento crítico »» Resolução de problemas

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 77


Fabio Luiz A. Silva/ WIKIMEDIA CC

de jovens universitários, segundo Edgar Gouveia Jr., um dos participantes do projeto. (...) Decidiram então criar um projeto de reforma para reabrir o museu. Para isso, o grupo fez três versões, uma bem “pé no chão”, uma segunda um pouco mais elaborada e a terceira foi criada a partir de um exercício de criatividade e imaginação: Edgar pediu para o grupo imaginar um museu sem pensar em limites financeiros, pensar que era um museu em Paris, uma cidade onde a cultura era uma prioridade. Quando apresentaram as três versões, as pessoas adoraram o projeto utópico. A Petrobrás viu uma reportagem na televisão e decidiu patrocinar. Como um dos compromissos do grupo era fotografar e compartilhar tudo o que fizeram, acabaram levando o registro do projeto para Encontros Regional, Nacional e Latino-americano de estudantes de arquitetura, e virou uma comoção nacional, porque muitos alunos faziam projetos para a comunidade, para a Prefeitura, mas nunca acontecia nada. O museu foi reaberto e o processo contou com a participação ativa dos pescadores da cidade que sonharam o museu junto com os estudantes. O processo todo foi tão intenso e poderoso que, após ter atingido seu objetivo, acabou se transformando em um curso de um mês para outros estudantes do mundo todo experimentarem e aprenderem como realizar uma intervenção na comunidade a partir dos sonhos dos moradores. Nasce assim o “Guerreiros sem Armas”, principal programa do que depois se tornou uma associação sem fins lucrativos, o Instituto Elos. De lá para cá, o Instituto Elos já realizou intervenções em mais de 990 comunidades, formou acima de 600 multiplicadores, trabalhou com, ensinou e aprendeu junto de

Museu de Pesca, em Santos, São Paulo, Brasil.

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mais de 3.000 lideranças comunitárias e envolveu jovens de 51 países. O Elos não apenas virou uma organização de muito sucesso, como também se transformou em um caminho profissional que não existia. Aconteceu porque aquele grupo de estudantes foi capaz de imaginar e fazer acontecer o que sonharam para suas vidas. Adaptado de: https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/historia/ historia-de-vida-46845. Acesso em: out. 2020.

» Pesquise também reportagens na TV e escritas que citem o Instituto. » O que você descobriu? » O que você identifica como elementos fundamentais que possibilitaram que o Elos alcançasse seus objetivos?

ATIVIDADE “Sonhar grande, fazer pequeno e começar logo” – Como fazer um projeto de intervenção para o bem comum. Agora que você já conhece uma experiência concreta de sucesso liderada e realizada por jovens, é hora de colocar a mão na massa e sonhar grande, assim como os estudantes de Santos fizeram naquela época. • Passo 1: Divididos em grupos de quatro a seis pessoas, identifiquem um problema que gostariam de ajudar a resolver junto com os demais moradores ou estudantes. Discutam como cada um se sente em relação ao problema e por que isto o incomoda ou afeta. Pode ser o problema pensado na aula Mapeando a Comunidade ou algum outro. • Passo 2: Recolham a maior quantidade de dados que vocês conseguirem sobre o problema. Há quanto tempo existe, como se formou, quantas pessoas são prejudicadas, que tipo de prejuízo acontece no dia a dia de quem é afetado, entre outras. Procurem na internet e façam rodas de conversas com os moradores e estudantes. Registrem tudo bem direitinho, sempre atribuindo o nome de quem deu o depoimento, e lembrem-se de pedir autorização por escrito caso tenham interesse em divulgar esse material. Muitas vezes o anonimato pode ser importante para situações como essa. Tirem fotos e façam vídeos se desejarem. Entrevistem estudantes, professores, pais, comerciantes, lideranças comunitárias para olhar o problema sob diferentes aspectos.

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Esses dados irão compor a “Justificativa” do seu projeto. Registrem depoimentos de impacto, ou seja, que representem bem o problema, sempre sendo fiéis à fala do entrevistado. Passo 3: Tenham uma conversa para sonhar as soluções. Imaginem três, duas mais elaboradas e uma terceira, o sonho ideal. Façam como os fundadores do Instituto Elos, imaginem a solução sem se preocupar com a quantidade de dinheiro necessária ou que vocês conseguiram dinheiro suficiente para realizá-la. Imaginem a solução perfeita, a mais empolgante que sua imaginação conseguir, aquela que vai gerar mais benefícios e felicidade para quem mais precisa e sempre procurem se divertir fazendo isso! Desenhem e escrevam as três soluções imaginadas. Elas irão ajudar a definir o “Objetivo geral” e os “Objetivos específicos” do seu projeto. Passo 4: Anotem todas as atividades de que vocês precisam realizar para alcançar objetivos intermediários que, ao serem atingidos, levarão ao cumprimento do objetivo principal. Vejam no vídeo de um minuto abaixo como os estudantes de Apiúna, SC, conseguiram realizar uma campanha para terminar com as faltas nos exames agendados nos postos de saúde. Assistam no vídeo abaixo como os estudantes de Alagoinha, BA, resolveram o problema de seus amigos não terem confiança para falar em público e se sentirem pouco criativos. Acessem o canal do Criativos na Escola nas plataformas de compartilhamento de vídeos e acesse o vídeo: Educação a favor da saúde (Libras) – Criativos da Escola 2017.

• •

Passo 5: Façam um planejamento de datas e prazos para cumprimento e realização de cada atividade. Utilizar uma planilha é uma ótima forma de elaborar esse calendário, que compõe o “Cronograma” do projeto. Façam uma previsão de em quantos dias, semanas ou meses vocês querem que o objetivo geral seja alcançado. Podem ter como prazo cumprir o projeto até o término do estudo Dimensão cidadã. Passo 6: Definam quem será responsável pelas atividades colocando o nome na planilha ao lado de cada uma delas. Passo 7: Definam outras funções que gostariam de realizar no projeto, que existem a partir dos desejos, sonhos ou talentos de cada um. Lembrem-se de que são jovens e não precisam ter experiência prévia para se tornarem responsáveis por uma determinada atividade. É tempo de experimentar! Passo 8: Definam o primeiro passo concreto de cada um e

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comemorem o término da etapa de elaboração do projeto. Esse projeto pode acontecer paralelamente a todo o curso do Projeto de Vida na escola. Boa sorte e sucesso!

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações de seu professor.

MEU PROJETO DE INTERVEÇÃO CIDADÃ Escreva no portfólio o resumo do seu projeto de intervenção cidadã. Se quiser, consulte o roteiro abaixo: »» Nome do projeto »» Nome dos participantes »» Justificativa: Qual é o problema que meu grupo quer resolver? Quais dados quantitativos e qualitativos eu possuo e preciso levantar sobre esse problema? »» Objetivo geral: Qual é a solução que o meu grupo quer alcançar? »» Atividades: Que ações eu vou realizar para atingir o objetivo do meu projeto?

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Cronograma: Coloque em uma coluna de uma planilha todas as ações a serem realizadas e nas colunas seguintes as datas em que cada uma será cumprida. Acompanhamento, registro e comunicação: Como eu vou registrar as etapas do meu projeto? Como e onde vou comunicar? Metas: Quais são as metas que eu desejo atingir? Avaliação: Que indicadores de resultado eu pretendo medir para mostrar que o objetivo foi alcançado e as metas atingidas?

VOCÊ SABIA Que existe um concurso para projetos de intervenção dos estudantes em suas escolas e bairros? É o Criativos da Escola, que encoraja crianças e jovens a transformarem suas realidades, reconhecendo-os como protagonistas de suas próprias histórias de mudança. O protagonismo, a empatia, a criatividade e o trabalho em equipe são os pilares deste projeto que busca envolver e estimular educandos e educadores de diferentes áreas no engajamento e na atuação em suas comunidades.

A iniciativa faz parte do Design for Change, movimento global que surgiu na Índia e está presente em 65 países, inspirando mais de 2,2 milhões de crianças e jovens ao redor do mundo. Veja o site do programa para se inspirar a inscrever seu próprio projeto. O prêmio dos vencedores de 2019 foi uma viagem para Roma, de 2018 para Fortaleza, sempre para participar de oficinas, vivências e atividades culturais. Veja na seção Para saber mais no site do Criativos da Escola e não deixe de participar do próximo desafio!

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 81


Roda de conversa •

PARA SABER MAIS

4. Objetivos do desenvolvimento sustentável A Agenda 2030 “Encontramo-nos num momento de enormes desafios para o desenvolvimento sustentável. Bilhões de nossos cidadãos continuam a viver na pobreza e a eles é negada uma vida digna. Há crescentes desigualdades dentro dos países e entre países. Há enormes disparidades de oportunidades, riqueza e poder. A desigualdade de gênero continua a ser um desafio chave. O desemprego, particularmente entre os jovens, é uma grande preocupação. Assim começa a descrição do nosso mundo hoje, no documento “Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável”, assinado em setembro de 2015 pelos 193 Estados-membros da ONU em Nova York. Crédito da arte: Ken Robinson/Global Goals

»» Site do Instituto Elos para saber mais sobre o programa Guerreiros Sem Armas – www. institutoelos.org. »» Museu virtual e colaborativo aberto a toda e qualquer pessoa que queira registrar sua história de vida – www. museudapessoa.net. »» O Criativos da Escola é um programa que encoraja crianças e jovens a transformarem suas realidades, reconhecendo-os como protagonistas de suas próprias histórias de mudança – www. criativosdaescola.com.br.

Quais são as lições que podem ser tiradas da história dos jovens sonhadores de Santos? Você já viu uma experiência parecida, liderada por estudantes, acontecer em algum outro lugar? O que você aprendeu sobre si mesmo e sobre seus colegas ao realizar a reflexão sobre como elaborar um projeto para intervir na sua comunidade?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apresentar o histórico da criação dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e das 169 metas estabelecidas pela Agenda 2030 e gerar a reflexão sobre aqueles objetivos que mais dizem respeito ao cotidiano dos estudantes.

Logo das Nações Unidas para a Agenda 2030.

82 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ


Nessa oportunidade, esses países reconheceram que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, e comprometeram-se a tomar medidas ousadas e transformadoras para promover o desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos sem deixar ninguém para trás. A Agenda 2030 é um plano de ação que indica 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e 169 metas para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos dentro dos limites do planeta. Os 17 ODS são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. São como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e todos os cidadãos no caminho para um 2030 sustentável. Nos anos de implantação, os ODS e suas metas irão estimular e apoiar ações em algumas áreas muito importantes para a humanidade: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC » Competência 1: Conhecimento » Competência 6: Projeto de Vida » Competência 10: Responsabilidade e cidadania » Competência específica CNT 1 » EM13CNT106

HABILIDADES DA OMS » Resolução de problemas » Pensamento crítico

Os 17 ODS e as 169 metas

Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são: 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

Reprodução

Os 17 ODS e as 169 metas foram definidos de maneira clara e objetiva, para que todos os países os adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que oriente as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro.

Fonte: https://brasil.un.org/. Acesso em: out. 2020.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 83


3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e Reprodução

promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. 7. Assegurar o acesso confiável, moderno e a preço acessível a energia para todos. 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos. 9. Construir infraestruturas robustas, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, resistentes e sustentáveis. 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. 13. Tomar medidas urgentes para conhecer a mudança do clima e seus impactos. 14. Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos Fonte: https://brasil. un.org/. Acesso em: out. 2020.

e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria

84 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ

global para o desenvolvimento sustentável.


18. Acompanhamento e implementação

Re

A Agenda 2030 não se limitou a propor os ODS e as metas, mas tratou dos meios de acompanhamento e revisão e também da implementação para atingi-los, passando, além disso, por assuntos como financiamento para o desenvolvimento, transferência de tecnologia, capacitação técnica e comércio internacional. No nível global, o principal mecanismo de acompanhamento é o Fórum Político de Alto Nível (HLPF, na sigla em inglês), que se reúne anualmente e cuja principal função é o seguimento das estratégias nacionais de implementação mediante apresentação dos Relatórios Nacionais Voluntários (RNV). Mais de 120 países já submeteram suas contribuições e o Brasil entregou seu primeiro RNV em 2017, no qual tratou das estruturas institucionais colocadas em operação para incorporar os ODS nas políticas públicas nacionais.

p ro du çã o

Fonte: http://www. agenda2030.com.br/sobre/. Acesso em: out. 2020.

ATIVIDADES Consulte e revise seu projeto iniciado no capítulo 15 – Intervindo na comunidade. Agora, classifique-o com tudo o que você aprendeu neste capítulo sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e suas metas. Observe: • O problema que seu grupo decidiu abordar se relaciona com qual (ou quais) dos ODS? • A solução que vocês propuseram se relaciona com qual (ou quais) dos ODS? Às vezes, podemos criar uma solução para um problema e ela acabar ajudando a resolver outros também! • Agora consulte as metas da Agenda 2030 para o(os) ODS com que o projeto de vocês colabora. • As metas da Agenda 2030 podem também se aplicar ao projeto de vocês? A partir delas, crie metas para o projeto que estão desenvolvendo em sua comunidade.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 85


COMO DEFINIR METAS COM MAIOR CHANCE DE SEREM ALCANÇADAS A metodologia SMART é uma das mais consagradas para definição de metas claras e objetivas que aumentem suas chances de sucesso. O nome vem do inglês e suas características são: »» “S” (specific) – Específico – significa que a meta precisa ser claramente definida e não deixar dúvidas. Por exemplo, “vender mais” não é uma meta tão boa quanto “vender mais 10%, 30% ou o dobro”. »» “M” (measurable) – Mensurável – significa que é importante ser algo que possa ser medido. Desta forma, isto pode ser acompanhado ao longo do percurso e os rumos podem ser corrigidos. »» “A” (attainable) – Atingível – as metas precisam ser possíveis de se atingir com os recursos que temos para investir nisto, seja tempo, dinheiro ou outros. Metas inatingíveis desmoralizam e desanimam, enquanto atingir metas possíveis aumenta nossa confiança. »» “R” (relevant) – Relevante – são metas que, se atingidas, vão realmente fazer a diferença. »» “T” (time based) – Temporal – é importante

atribuir um prazo para atingir as metas e ele precisa ser realista. Com um prazo claro, você pode planejar melhor e ir avaliando seu progresso ao longo do tempo. Revise as metas que você estabeleceu para o seu projeto, avaliando se possuem cada uma das qualidades descritas acima. Faça as adaptações que julgar necessárias para que as metas fiquem todas específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e tenham um prazo claro para serem alcançadas. Por fim, não se esqueça de que nem sempre conseguimos atingir as metas. E isto não é o fim do mundo. Aproveite a oportunidade para avaliar se você fez o máximo que podia com os recursos e o prazo que tinha. Se sim, as metas podem ter sido mal definidas (seja em relação à meta em si, ao prazo para executar, aos recursos a empregar). Se não, pode ser uma chance de refletir e mudar sua postura, esforçando-se mais da próxima vez. Registre também os três Objetivos do Desenvolvimento Sustentável com os quais você mais se identifica, mais dizem respeito ao seu cotidiano e algumas ações do seu dia a dia que poderiam contribuir com esses objetivos.

VOCÊ SABIA Formado em 9 de setembro de 2014, o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030 ou GTSC A2030) contém mais de 40 organizações da sociedade civil que atuam no seguimento da implementação e monitoramento da Agenda 2030 no Brasil. Além de atuar na difusão, promoção e monitoramento, ele produz anualmente, desde 2017, o Relatório Luz, que analisa dados oficiais e evidências e mostra o que o Brasil precisa fazer para cumprir os ODS e suas metas até 2030.

86 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ

Em 2017, tendo sido levado ao Fórum Político de Alto Nível daquele ano, representou um grande contraponto ao RNV apresentado pelo governo brasileiro. Em 2018, o que mais chamou atenção foi ter apontado uma regressão em todas as metas pactuadas, em especial o aumento da extrema pobreza. Em 2019, ele ganhou ainda mais importância com a desistência do Brasil em apresentar seu RNV e, assim, se tornou a principal fonte de avaliação sobre os avanços e desafios do país.


Momento de reflexão

PARA SABER MAIS

Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa

A Agenda 2030 representa um esforço e um investimento enorme de muitos países para construírem um mundo melhor. Como você acha que está colaborando hoje para isso? Você visualiza ações na escola, em casa ou na sua comunidade que se relacionam de alguma forma com os ODS? Tendo aprendido sobre eles, consegue pensar em mudanças de atitudes no seu dia a dia?

NikAndr/ Shutterstock

»» Site das Nações Unidas apresentando a Agenda 2030 – https:// nacoesunidas.org/ pos2015/agenda2030. »» Site do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável – https:// gtagenda2030.org.br.

CAPÍTULO 1 | MAPEANDO A COMUNIDADE 87


2. participando na política 1. Os três poderes na política OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apresentar como o Brasil está organizado do ponto de vista político como República federativa (União, estados e municípios) e também a divisão dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

A divisão política Do Brasil O Brasil é uma República federativa formada pela União, pelos estados, municípios e Distrito Federal. Brasil: divisão política Boa Vista

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC » Competência 1: Conhecimento » Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida » Competência 10: Responsabilidade e cidadania

OCEANO ATLÂNTICO

RR

AP

Manaus

AC Rio Branco

PA

Teresina CE PI

Palmas TO

Cuiabá

DF Brasília GO Goiânia

MS Campo Grande

Aracajú

Salvador

MG

ES Belo Vitória Horizonte SP RJ Rio de Janeiro São Paulo Curitiba

PR SC RS

Natal João PB Pessoa PE Recife AL Maceió RN

SE

BA

MT

» Resolução de problemas » Pensamento crítico

88 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ

Fortaleza MA

Porto Velho RO

CAPITAIS

São Luís

Belém

AM

HABILIDADES DA OMS

Fonte: www.ibge.gov.br. Atlas Escolar..

Macapá

N

Florianópolis

O

L S

Porto Alegre 0

400 km 1cm


Federação é uma forma de organização das nações, composta por diversas entidades territoriais com autonomia relativa e governo próprio para assuntos locais, mas unidas numa parceria que visa ao bem comum. Esta parceria é regulada pela constituição de cada país, que estabelece a divisão do poder e a dinâmica das relações entre as unidades federadas. No nosso caso, o que vale é a Constituição Federal, cujo texto final foi aprovado em 1988.

O papel de cada um dos entes federativos União (Governo Federal) A União é a instância mais alta da organização político-administrativa da República Federativa do Brasil. Suas competências são listadas no artigo 21 da Constituição Federal e, dentre elas, podem ser citadas: manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais, declarar guerra e celebrar a paz, assegurar a defesa nacional, emitir moeda, elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social, diretrizes e bases da educação nacional etc. Além disso, só a União pode legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho, e também sobre, entre outras coisas, nacionalidade, cidadania e naturalização, populações indígenas, organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões.

Estados Os estados se organizam e regem suas próprias constituições e leis, mas sempre observando os princípios da Constituição Federal. Ou seja, ela é a lei mais importante e nenhuma outra inferior pode ir contra ela. Basicamente, compete aos estados tudo o que não lhes seja vedado pela Constituição Federal.

Municípios Já os municípios se regem por suas leis orgânicas, observando, neste caso, a Constituição Federal e as legislações estaduais. E compete aos municípios, por exemplo, legislar sobre assuntos de interesse local, suplementar à legislação federal no que couber,

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 89


manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população.

Distrito Federal O Distrito Federal é uma das 27 unidades federativas do Brasil, a menor delas, e a única que não tem municípios, sendo dividida em 31 regiões administrativas. Em seu território está localizada a capital federal do Brasil, Brasília, que é também a sede de governo do Distrito Federal.

A separação de poderes no Brasil Ao longo da história, diversos autores falaram sobre a corrente tripartite, a separação do governo em três. O pioneiro foi o grego Aristóteles, que falou sobre a existências de três órgãos separados a quem cabiam as decisões do Estado: o poder deliberativo, o poder executivo e o poder judiciário.

LEGISLATIVO

EU APLICO AS LEIS

JUDICIÁRIO

EU ADMINISTRO

EXECUTIVO

Romão / M10

EU ELABORO AS LEIS

Os três poderes.

O filósofo, político e escritor francês Montesquieu (Charles-Louis de Secondat), já em 1748, publicou O espírito das leis e sua tripartição e as devidas atribuições são atualmente o modelo mais aceito. Sua tese, válida até hoje, era não deixar em uma única mão

90 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ


as tarefas de legislar, administrar e julgar, já que a concentração de poder tende a gerar o abuso dele.

O Poder Executivo Ao Poder Executivo cabe a administração do Estado, seguindo todas as normas vigentes. Isto é, sua função principal é governar o povo e administrar os interesses públicos. Na União, isto é feito pelo Presidente da República, nos estados pelos governadores e, nos municípios, pelo prefeito. Cada um deles, por sua vez, monta suas equipes, que podem ser constituídas de ministros (União), secretários (União, estados e municípios), conselhos e outros órgãos da administração pública.

O Poder Legislativo Ao Poder Legislativo cabe legislar, ou seja, criar e aprovar as leis, e fiscalizar o Poder Executivo, inclusive controlando os aspectos político-administrativos e financeiro-orçamentários. Na União, quem faz isso são os senadores e deputados federais, nos estados, os deputados estaduais, e, nos municípios, os vereadores.

O Poder Judiciário

LEGISLATIVO

DEPUTADOS FEDERAIS

SENADORES

DEPUTADOS ESTADUAIS

VEREADORES

EXECUTIVO

PRESIDENTE

GOVERNADORES

PREFEITOS

JUDICIÁRIO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

StockSmartStart/ Shutterstock

Ao Poder Judiciário, por sua vez, cabe a função de interpretar as leis, julgar os casos de acordo com a Constituição Federal e as demais leis criadas pelo Poder Legislativo, e aplicar a lei, quando é o caso. O Poder Judiciário é representado pelos ministros, desembargadores, promotores e juízes, cada um em sua instância.

TRIBUNAIS ESTADUAIS

JUÍZES

Os representantes dos três poderes.

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 91


ATIVIDADES 1. Agora que você conhece a atuação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e as instâncias de poder federal, estadual e municipal, liste em seu caderno ou folha quem atualmente ocupa as funções executivas na sua cidade, no seu estado e no país. 2. No Poder Legislativo, tanto municipal como estadual e federal, quem são os representantes que você conhece e estão nos cargos de vereador(a) ou deputado(a)? Quais foram os projetos que apresentaram até o momento? 3. Escolha um(a) vereador(a) da sua cidade e escreva uma carta ou e-mail para ele(a) relatando um problema da sua comunidade com pelo menos uma sugestão de solução ou melhoria. Pode ser o problema escolhido no seu projeto de intervenção na comunidade. Discuta em grupo e peça a revisão do(a) seu(sua) professor(a) antes de enviar. IMPORTANTE Não se esqueça de definir o problema com dados concretos e números para conseguir dar a melhor dimensão possível à relevância do problema e pensar em sugestões de soluções.

VOCÊ SABIA A Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 foi instalada no Congresso Nacional, em Brasília, em 1o de fevereiro de 1987 com a finalidade de elaborar uma Constituição democrática para o Brasil, após 21 anos de governo militar. Ela nasceu como compromisso firmado durante a campanha presidencial de Tancredo Neves, primeiro presidente civil eleito, pelo voto indireto, após a governo militar, e teve como presidente Ulysses Guimarães. Em 22 de setembro de 1988, foi aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte e

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promulgada em 5 de outubro de 1988 a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Exatamente por ter sido concebida no processo de redemocratização, ela ficou conhecida na época como Constituição Cidadã, e algumas das suas principais conquistas foram o restabelecimento da democracia e um dos textos mais avançados do mundo em termos de direitos e garantias fundamentais.


Momento de reflexão PARA SABER MAIS

Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

»» Constituição em vigência no Brasil desde 1988 – www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/ ConstituicaoCompilado. htm.

Roda de conversa »» Você conhecia os três poderes e a função de cada um? »» Você tem vontade de se tornar um vereador, deputado ou senador, prefeito, governador ou presidente da república? »» O que você faria se fosse eleito para algum desses cargos?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

2. Política e participação política

»» Aprender sobre política e participação política, a importância do voto na escolha de nossos representantes nos poderes Executivo e Legislativo e outras formas de participação política em nível nacional.

Política é a ciência de governar um estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. Seu significado é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço e ao interesse público. O cidadão deve agir como um fiscalizador das políticas públicas, não as deixando ser restritas a um grupo determinado de pessoas e interesses. Quando, por desconhecimento, comodismo ou medo da responsabilidade, os cidadãos preferem deixar de lado esta participação e permitir a outros tomarem decisões no lugar deles, deixam de utilizar sua liberdade e de defender seus interesses e aqueles das suas comunidades. De acordo com Giacomo Sani (www.academia.edu/32618751/ Ines Sacramento/ Shutterstock

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania »» Competência específica CHS 2 »» EM13LCHS202

HABILIDADES DA OMS »» Tomada de decisões »» Resolução de problemas »» Pensamento crítico Participação política é um direito e um dever de todos os cidadãos na sociedade.

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 93


dicionario_de_politica_BOBBIO_Norberto_MATTEUCCI_Nicola_ PASQUINO_Gianfranco.pdf, página 888), citado no Dicionário de política de Norberto Bobbio, a participação política se define em três níveis: presença, ativação e decisão. »» Nível presença: são os comportamentos mais passivos, da forma menos intensa, por exemplo, exposição a imagens e propagandas políticas. »» Nível ativação: são as atividades voluntárias que os indivíduos desenvolvem fora ou dentro de uma organização política, por exemplo, participação em campanhas eleitorais e manifestações políticas. »» Nível decisão: é a forma mais ativa, em que o indivíduo contribui direta ou indiretamente para uma decisão política, por exemplo, elegendo um representante ou se candidatando a um cargo governamental. Fonte: https://jus.com.br/artigos/47858/cidadania-e-o-dever-departicipacao-politica. Acesso em: 1 mar. 2020.

O processo de conscientização que conduz a uma participação ativa passa por uma construção e uma recriação da cultura política. Essa participação não é apenas eleitoral e pode ser assumida de diversas formas. Algumas das formas mais comuns e importantes de se influenciar a política no nível nacional serão listadas a seguir.

A votação no Brasil passou a ser eletrônica.

O voto de cada um é importante

Joa Souza/ Shutterstock

As eleições são um dos momentos mais importantes da expressão de nossa cidadania, pois é quando elegemos nossos representantes do Poder Executivo e Legislativo, nos níveis municipal, estadual e nacional. Apesar de ser um momento de muita responsabilidade e também a oportunidade de participação ativa mais óbvia, a grande maioria da sociedade não o leva tão a sério, não faz sua lição de casa e prefere, depois,

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ATIVIDADE Agora que você já está quite com a Justiça Eleitoral, já sabe onde votar e já está com sua documentação em mãos, resta a parte mais trabalhosa, mas garantirá que comece a se tornar um participante ativo na administração pública, elegendo alguém que tenha ideias e projetos com os quais você se identifica e os quais poderá cobrar no futuro: pesquise sobre os candidatos. Veja primeiro quais são os cargos que estarão em disputa nas próximas eleições. Assim, por exemplo, se as eleições forem municipais, os cargos em disputa serão de prefeito e vereadores. Isto se repetirá de quatro em quatro anos. Se, por sua vez, as eleições forem estaduais e federais, os cargos em disputa serão de presidente, governadores, deputados federais, deputados estaduais e senadores (no caso dos senadores, como os mandatos são de 8 anos e as eleições a cada 4, renovam-se um terço numa e dois terços na seguinte).

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 95

rafapress/ Shutterstock

simplesmente reclamar dos políticos e da maneira como o país é administrado. Assim, por ser um momento de muita responsabilidade, é imperativo que cada um dê a devida importância ao dia das eleições e se prepare antecipadamente. Antes de mais nada, é importante atentar-se às questões burocráticas, como os prazos eleitorais, a documentação necessária para votar e os locais de votação. Verifique sempre os prazos para transferir título, justificar voto, votar em trânsito e as datas do primeiro e segundo turnos das eleições. Lembre-se de que, se você não votou por algum motivo nas últimas eleições, não justificou o voto e nem pagou uma multa, está em débito com a Justiça Eleitoral e não poderá votar até resolver isto. Quanto aos documentos, o único obrigatório é um oficial com foto (carteira de identidade, passaporte, carteira de habilitação ou carteira de trabalho). No entanto, você precisará saber também o seu local de votação, assim como a zona e a seção eleitorais, informações que estão no título de eleitor. Se você o perdeu, é possível também acessá-lo pelo site do Tribunal Superior Eleitoral.


A partir daí, pesquise bastante sobre os candidatos com base no estado de seu domicílio eleitoral. Acesse portais de notícias confiáveis, páginas oficiais dos partidos e candidatos, em que é possível encontrar suas propostas e planos de governo, televisão, rádio, entrevistas e debates etc. Há ainda, na internet, diversas ferramentas interessantes para se conhecer o histórico dos políticos. Nelas, é possível ver a atuação de cada um nas casas legislativas, histórico dos políticos nas votações, rankings de políticos, como gastam o dinheiro público e também qual o seu patrimônio e como ele vem crescendo (ou diminuindo) ao longo dos mandatos públicos. Pesquise muito!

Lorelyn Medina/ Shutterstock

Outras formas de participar da política no nível nacional Há inúmeras outras formas de se participar da política no nível nacional, muitas já comentadas em outros capítulos, e algumas delas são: sugerir leis por meio das ideias legislativas ou por meio de uma Lei de Iniciativa Popular (como já comentado no capítulo Mapeando a comunidade), fiscalizar os parlamentares de todas as formas, inclusive por meio das ouvidorias, ocupar os espaços institucionais de participação (como os diversos conselhos municipais e estaduais), praticando o advocacy, uma forma organizada pela qual cidadãos e organizações da sociedade civil pressionam os políticos para defender causas diversas, e muitas outras.

Como tirar seu título eleitoral O voto no Brasil é obrigatório para maiores de 18 anos e facultado a cidadãos de 16 e 17 anos, analfabetos e àqueles que têm mais de 70 anos. Pode tirar o título quem completa 16 anos até a data da eleição, mas fique atento(a), porque a data-limite para tirar o título, normalmente, é até maio do ano em que as eleições acontecem, estas ocorrendo normalmente em outubro.

96 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ


Você terá que fazer um agendamento para comparecer a um cartório eleitoral. Agende pelo site. Para encontrar essa página, entre no site do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.jus.br/justica-eleitoral) e clique na bandeira ou no nome do seu estado. Pronto, você está apto a tirar seu título. Para fazer a inscrição eleitoral e, consequentemente, tornar-se apto para votar, o cidadão deve comparecer ao cartório eleitoral da sua cidade com os seguintes documentos: carteira de identidade, carteira de trabalho ou certidão de nascimento ou de casamento; comprovante de residência original e recente; e certificado de quitação com o serviço militar para os maiores de 18 anos do sexo masculino. A apresentação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou passaporte exigirá complementação documental para suprir os dados necessários à emissão do título.

E-título A emissão de títulos eleitorais já está se digitalizando em todo o Brasil com o e-título, ou título eletrônico. Para acessar o seu e-título, você deve baixar o aplicativo e-Título. Mas atenção: ele não garante o alistamento do cidadão no cadastro eleitoral. Somente permite que a pessoa inscrita e em dia com a Justiça Eleitoral utilize a ferramenta para substituir o documento impresso no momento de votar. Ou seja, quem perdeu o título de papel não precisa ir a um cartório eleitoral para fazer a segunda via, basta fazer o download do e-Título e votar normalmente. Para tirar o título pela primeira vez, é preciso ir ao cartório eleitoral da cidade com os documentos já citados. Se o eleitor já tiver feito o recadastramento biométrico (cadastro das impressões digitais) junto à Justiça Eleitoral, a versão do e-título virá acompanhada da foto do eleitor, captada no momento do cadastro. Nesse caso, o título eletrônico identificará o cidadão na hora do voto, dispensando a apresentação de um documento impresso com foto. Baseado nas informações do site: www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2019/ Novembro/voce-ja-baixou-o-aplicativo-e-titulo. Acesso em: 26 fev. 2020.

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PARA SABER MAIS

ATIVIDADES

»» www.tse.jus.br/ justica-eleitoral – Site do Tribunal Superior Eleitoral em que você encontra todas as informações sobre títulos, eleições, biometria, orientações aos partidos, leis e muito mais.

1. Façam uma lista de quem já tirou o título de eleitor na sua turma e quem ainda não. Dos colegas que não tiraram, escrevam as datas de nascimento de cada um e chequem quem poderá tirar o título, quando, onde e como fazer. 2. Caso ainda não tenha tirado o seu título, faça um desenho de como ele será quando for emitido e escreva abaixo a data que pretende fazer o agendamento para poder tirar seu primeiro título eleitoral.

VOCÊ SABIA Confira os infográficos a seguir e siga as dicas nas próximas eleições. Buscar informações sobre o candidato é tão importante quanto acompanhar como os eleitos se comportam em seus cargos, seja ele o seu candidato ou não. Ou seja, escolher um candidato é só o começo.

COMO ESCOLHER UM CANDIDATO Ficou rico com a política?

À PROCURA DE UM NOME? CONFIRA Propostas

Valores

As promessas são factíveis e compatíveis com o cargo?

Concordo com as preocupações dos candidato?

JÁ TENHO UM NOME PROCURE SABER Já teve mandato?

Partidos e colligações Vice e Suplente Por quais partidos o candidato já passou e com quais legendas ele está associado?

Se sim, pesquise o que essa pessoa fez e falou no cargo que ocupou. Confira projetos apresentados e votados, viagens feitas, frequência em votações.

Qual é o nome e a biografia do vice dos postulantes a governador e a presidente, e dos suplentes de senador?

Quem banca a campanha? O site do Tribunal Superior Eleitoral tem informações básicas sobre todas as candidaturas registradas.

TSE

O TSE traz todos doadores dessa e de campanhas passadas, além de como o dinheiro arrecadado é gasto.

Confira na página do TSE o patrimônio do declarado nessa e em eleições passadas, e avalie a evolução patrimonial.

É candidato de primeira eleição? É ficha suja? Procure informações sobre processos e pendências judiciais nos sites dos tribunais e do Ministério Público.

Pesquisei, escolhi e votei. Cumpri meu papel de cidadão? Buscar informações sobre um candidato é tão importante quanto acompanhar como os eleitos se comportam em seus cargos. Como escolher um candidato é só o começo.

Fonte: www.bbc.com/portuguese/brasil-45196779. Adaptado. Acesso em: 26 fev. 2020.

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Romão / M10

Nas eleições de 2018, a BBC News Brasil em Londres publicou uma interessante matéria: um guia de como escolher um candidato. Além de muito simples e didática, ela ainda apresenta dicas dependendo do status do eleitor: se já escolheu ou não um candidato preferido.


Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa •

Discutam estratégias que visem garantir o respeito em uma conversa sobre política.

corrupção A corrupção não é nenhuma novidade e há registros dela desde a época do descobrimento do Brasil. Um verso que já corria as ruas no início do século XIX era:

Quem furta pouco é ladrão Quem furta muito é barão Quem mais furta e esconde Passa de barão a visconde. GOMES, Laurentino. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma Corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta, 2007.

ATIVIDADES

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1. Pesquise as definições de corrupção e depois discutam em grupo como ela pode ocorrer em nosso dia a dia. 2. Muito tem se avançado no combate à corrupção. Há hoje no Brasil, um número grande de leis que tratam do assunto. Ainda em grupo, busquem e listem algumas dessas leis e o objetivo delas.

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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM » Aprender sobre as notícias falsas (fake news), quais seus tipos, quais as motivações de quem as cria, como são disseminadas, quais as consequências de disseminá-las e como identificá-las.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC

3. Verdade ou mentira? Notícias falsas (fake news) No decorrer da história, muito já se falou sobre notícias falsas, independentemente do nome pelo qual eram conhecidas à época, e seus usos já tiveram inúmeras motivações. Recentemente, no entanto, com a alta velocidade com que a informação se propaga e seu enorme alcance, o tema ganhou maior relevância, na medida em que vem sendo usado de forma indiscriminada com efeitos e consequências muito maiores do que quando era usada por escritores simplesmente para prejudicar a imagem de seus desafetos.

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» Competência 1: Conhecimento » Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida » Competência 7: Argumentação

HABILIDADES DA OMS » Tomada de decisões » Pensamento crítico » Comunicação eficaz

O próprio termo em inglês pelo qual são mais conhecidas atualmente, fake news, é relativamente recente e ganhou mais notoriedade durante a campanha presidencial dos EUA em 2016, quando diversos conteúdos falsos sobre a candidata Hillary Clinton foram compartilhados massivamente, e há quem diga que isso foi decisivo no resultado das eleições. Inúmeros jornalistas, estudiosos e associações vêm estudando o tema, tentando definir mais precisamente o termo fake news, seu funcionamento na cabeça das pessoas e formas de combatê-las. Uma das mais conceituadas, a First Draft News, é uma organização sem fins

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Com a popularidade dos aparelhos móveis, passou-se a difundir cada vez mais as fake news.

lucrativos formada após a união de diversos parceiros internacionais e, depois, incubada pela Harvard’s Kennedy School nos EUA. Em um de seus materiais mais relevantes e citados até hoje, escrito e publicado em fevereiro de 2017 por sua líder em estratégia e pesquisa, Claire Wardle, foi apresentada uma maneira bem estruturada e didática de se entender as fake news. Segundo ela, para compreender o ecossistema de informações atual, é necessário abordar três elementos: »» os diferentes tipos de conteúdo que estão sendo criados e compartilhados; »» a motivação daqueles que criam o conteúdo; »» a maneira como o conteúdo está sendo disseminado. Fonte: https://firstdraftnews.org/latest/fake-news-complicated/. Traduzido e adaptado. Acesso em: 26 fev. 2020.

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Tipos de conteúdo sendo criados e compartilhados Em relação ao conteúdo sendo criado e compartilhado, numa escala crescente quanto à intenção de enganar, ela cita 7 tipos de fake news: »» sátira ou paródia: sem intenção de fazer mal, mas com potencial para enganar; »» falsa conexão: quando as manchetes ou visual das legendas não dão suporte ao conteúdo; »» conteúdo enganoso: informações enganosas para culpar ou incriminar alguém ou modelar um assunto; »» falso contexto: quando um conteúdo verdadeiro é compartilhado com informações contextuais falsas; »» conteúdo impostor: quando fontes verdadeiras são forjadas com conteúdo falso; »» conteúdo manipulado: quando informações genuínas ou imagens são manipuladas para enganar; »» conteúdo fabricado: quando um conteúdo 100% falso é criado com o objetivo de enganar e fazer mal.

A motivação de quem cria as notícias falsas O passo seguinte em seu artigo foi avaliar quem criou as notícias e tentar chegar a padrões que se repetem dependendo das motivações de quem as criou. Ela criou o seguinte esquema: Sátira ou paródia

Falsa conexão

Jornalismo ruim Para fazer paródia Para provocar Por paixão Partidarismo Lucro financeiro Influência política Propaganda

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Conteúdo enganoso

Falso contexto

Conteúdo impostor

Conteúdo manipulado

Quando informações genuínas ou imagens são manipuladas para enganar


Como o conteúdo está sendo disseminado Por fim, é importante entender como as fake news estão sendo disseminadas. “Umas estão sendo compartilhadas a esmo pelas pessoas, sem checar sua veracidade. Algumas estão sendo amplificadas por jornalistas, que estão, como nunca, sob pressão para produzir conteúdo e conseguir competir com a velocidade da internet. Outras, ainda, estão sendo espalhadas por grupos conectados que deliberadamente estão tentando influenciar a opinião pública ou, pior, por sofisticadas campanhas de desinformação, usando até robôs.” Sobre estes mecanismos mais sofisticados, a estratégia mais comum passa pela criação de perfis falsos nas mídias sociais, parecidos com o de pessoas reais, pela utilização de bots, robôs que são programas de computador criados para repetir mensagens e publicar informações falsas, até que os conteúdos viralizem e atinjam o maior número de pessoas possível, dando a impressão de que a notícia é verdadeira.

Exemplos e consequências das notícias falsas Ao longo da história, a divulgação de fake news tem se mostrado algo perigoso, e alguns casos ficaram famosos por suas consequências. Em 2014, começou a circular nas redes sociais o boato (fake news) de que uma mulher estaria sequestrando crianças para realizar rituais de magia negra na cidade de Guarujá, no estado de São Paulo. Ela foi confundida com este retrato, linchada e assassinada por mais de 100 pessoas. Cinco dos envolvidos no linchamento foram presos e logo se descobriu que o retrato falado que foi divulgado havia sido feito dois anos antes pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Fonte: www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/veja-o-passo-a-passo-danoticia-falsa-que-acabou-em-tragedia-em-guaruja.shtml.

Esse foi um caso que ficou marcado na memória dos brasileiros como uma tragédia que começou nas redes sociais, mas, aqui e no mundo, têm ficado evidentes os efeitos nocivos das fake news na manipulação de eleições e outros processos políticos, culturais, econômicos e sociais, prejudicando a democracia e a cidadania, em assuntos de saúde e segurança pública, na criação de falsos ídolos e na destruição de reputações e vidas.

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Como identificar notícias falsas É importante que as pessoas tenham consciência de que há notícias verdadeiras e falsas circulando nos meios de comunicação, na internet, nas redes sociais. É necessário também que as pessoas compreendam que repassar informações falsas ou mentirosas é de responsabilidade de cada um e também as consequências que podem ser geradas por atos, às vezes, irresponsáveis. A primeira ação que se deve tomar para evitar repassar informações falsas é identificar se as notícias são ou não verdadeiras. A Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias divulgou um interessante diagrama em que dá dicas de como identificar notícias falsas:

Fonte: Diagrama IFLA (Federação Internacional das Associações e Instituições Bibliotecárias).

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ATIVIDADEs

1. Dê uma busca pela notícia acima. Essa publicação, realizada no dia 8 de maio de 2019, obteve naquela época mais de 2,2 milhões de visualizações e 80 mil compartilhamentos. 2. Procure a versão verdadeira e a falsa dessa notícia. • O que exatamente era a versão verdadeira? • Quantos acessos e compartilhamentos teve a notícia verdadeira? • Quantos acessos e compartilhamentos teve a notícia falsa? DICA: Para ajudar, busque no portal e-farsas.com. 3. Anote no portfólio o que fazer antes de compartilhar uma notícia alarmante que recebeu pelas redes sociais. 4. Liste os sites para checagem se uma notícia é falsa ou verdadeira.

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“Moradores revoltados jogaram um vereador no esgoto em Salvador/BA (2019)”

VOCÊ SABIA Por conta da proliferação das fake news, da velocidade com que elas são disseminadas, principalmente na internet e nas redes sociais, e pelos efeitos cada vez mais relevantes que elas vêm causando, inúmeras iniciativas em todo o mundo foram criadas para ajudar a checar se uma notícia que circula pelas redes sociais é verdadeira ou não. Esse número de iniciativas se tornou tão grande que surgiu a necessidade de se criar um código de conduta e princípios éticos e, neste sentido, foi criada uma rede mundial de checadores, a International Fact-Checking Network (IFCN). As iniciativas que resolvem se alinhar a estes princípios recebem então

um selo e podem divulgar que fazem parte desta rede e seguem seu código de conduta e princípios éticos. Os cinco princípios do código de conduta da IFCN são: » » comprometimento com apartidarismo e equidade; »» comprometimento com a transparência de fontes; »» comprometimento com a transparência de recursos e de organização; »» comprometimento com a transparência de metodologia; »» comprometimento com uma aberta e honesta política de correção.

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PARA SABER MAIS »» Uma lista de oito agências, iniciativas jornalísticas e ferramentas que ajudam a checar se uma notícia que circula pelas redes sociais é verdadeira – www.techtudo.com.br/noticias/2018/10/comoidentificar-fake-news-oito-sites-para-checar-se-noticia-e-verdadeira.ghtml. »» Filme: Privacidade hackeada. Direção: Karim Amer, EUA, 2019. 110 min. – O escândalo da empresa Cambridge Analytica examinado por várias pessoas afetadas por ela. »» Agência de checagem de fatos – http://aosfatos.org. »» Site para checagem de notícias – www.boatos.org. »» Site para desmistificar histórias que circulam na internet – www.e-farsas.com.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM Aprender sobre os diversos documentos e legislações que descrevem os direitos humanos, os direitos fundamentais e os direitos diretamente relacionados à criança, ao adolescente e ao jovem, para a cobrança e o engajamento na luta pela garantia desses direitos.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento crítico »» Relacionamento interpessoal »» Autoconhecimento

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • •

Que tipo de consequências podem acontecer a partir do compartilhamento de notícias falsas? Cite exemplos de consequências para uma pessoa ou várias a partir de notícias falsas.

5. Meus direitos Direitos dos cidadãos Os direitos dos cidadãos são conquistas que foram sendo conseguidas ao longo da história, adaptando-se às necessidades de cada época. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), “os direitos humanos são garantias jurídicas universais que protegem os indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana”. Com suas origens na antiguidade e tendo sido de fato registrado e escrito algumas Representação dos direitos humanos: grande grupo de pessoas vistas de cima reunidas em forma de escalas de justiça.

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Declaração Universal dos Direitos Humanos

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Após o final da Segunda Guerra Mundial, em 24 de outubro de 1945, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com a intenção de impedir outro conflito como aquele. Um de seus primeiros produtos foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pelos seus então 51 estados-membros em 10 de dezembro de 1948. Ainda que não seja um documento com obrigatoriedade legal, ela serviu como base para inúmeros tratados internacionais e constituições, que têm força legal, e é considerada a definidora das expressões “liberdades fundamentais” e “direitos humanos”. Ela é formada por um preâmbulo e 30 artigos que tratam dos direitos inalienáveis que devem garantir a liberdade, a justiça e a paz es

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vezes na história, chegamos ao que hoje conhecemos como Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi assinada em 1948. Conceitualmente, quando os direitos humanos são firmados em determinado ordenamento jurídico, como na nossa Constituição Federal, eles passam a ser chamados de direitos fundamentais. Nossa Constituição de 1988, então, é o resultado de conquistas históricas progressivas, que costumam ser chamadas de gerações de direitos e garantias fundamentais: »» Direitos civis e políticos: foram os primeiros a ser conquistados e incluem o direito ao voto e as liberdades civis, como a religiosa. »» Direitos sociais e coletivos: conquistados pelos movimentos sociais, incluem, por exemplo, o direito à igualdade e a positivação de outros direitos humanos. »» Direitos transindividuais: referem-se aos mais amplos e recentes, como o direito ao meio ambiente e a preocupação crescente com a infância e a juventude. É absolutamente importante que todos nós conheçamos bem nossos direitos garantidos por lei e lutemos para que eles não fiquem no papel, mas que sejam realmente assegurados a todos os cidadãos. Ainda hoje, muitos direitos humanos são assegurados em diversas regiões do mundo e é nossa responsabilidade lutar contra isto. Vamos, dessa forma, passar por alguns dos mais importantes documentos que garantem direitos a você, estudante: »» Declaração Universal dos Direitos Humanos; »» Constituição Federal; »» Estatuto da Criança e do Adolescente; »» Estatuto da Juventude.


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mundial, como igualdade, dignidade, alimentação, moradia e ensino. Hoje é considerado o documento mais traduzido do mundo. Em 2018, no site da ONU, falava-se em 508 idiomas e dialetos.

Constituição Federal A Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 foi instalada no Congresso Nacional, em Brasília, em 1o de fevereiro de 1987 com a finalidade de elaborar uma Constituição democrática para o Brasil, após 21 anos de governo militar. Ela nasceu como compromisso firmado durante a campanha presidencial de Tancredo Neves, primeiro presidente civil eleito, pelo voto indireto, após a ditadura, e teve como presidente Ulysses Guimarães. Em 22 de setembro de 1988, foi aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte e promulgada em 5 de outubro de 1988 a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Exatamente por ter sido concebida no processo de redemocratização, ela ficou conhecida na época como Constituição Cidadã, e algumas de suas principais conquistas foram o restabelecimento da democracia e um dos textos mais avançados do mundo em termos de direitos e garantias fundamentais. Os direitos fundamentais se referem aos direitos propriamente ditos na Constituição. Os principais são: direito à vida, direito à liberdade, direito à igualdade, direito à segurança e direito à propriedade. Já as garantias fundamentais se referem a medidas previstas e visam proteger os direitos. Os direitos e garantias fundamentais estão dispostos no Título II da Constituição Federal de 1988 e, de modo geral, nos seguintes artigos: »» Direitos e deveres individuais e coletivos – artigo 5º; »» Direitos sociais – artigos 6º a 11º; »» Direitos de nacionalidade – artigos 12º e 13º; »» Direitos políticos – artigos 14º a 16º.

Estatuto da Criança e do Adolescente O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi instituído pela Lei 8.096, em 13 de julho de 1990, e regulamenta os direitos das crianças e dos adolescentes inspirados pelos projetos fornecidos pela Constituição Federal de 1988 e adotando regras internacionais como a Declaração dos Direitos da Criança, Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras de Beijing) e Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil. 108 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ


O Estatuto se divide em 2 livros, sendo que o primeiro trata da proteção dos direitos fundamentais à pessoa em desenvolvimento e o segundo trata dos órgãos e procedimentos protetivos. Em resumo, ele é a legislação que explicita a implementação da proteção integral constitucionalmente estabelecida no artigo 227 e estabelece medidas concretas para a garantia dos direitos das crianças e adolescentes, indicando as medidas sociais, protetivas e socioeducativas que devem ser utilizadas para garantir seu bem-estar. Seu texto contém importantes disposições sobre os direitos fundamentais, dentre eles: garantia à vida, saúde, integridade, liberdade, convivência familiar e comunitária, proteção contra a violência e exploração, dentre outros. De acordo com esta lei, entende-se por criança a pessoa com idade até 12 anos e adolescente entre 12 e 18 anos de idade.

O Estatuto da Juventude foi instituído pela Lei 12.852, de 5 de agosto de 2013, e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e as diretrizes das políticas públicas da juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE. De acordo com esta lei, entende-se por jovem as pessoas entre 15 e 29 anos de idade. Entre os principais desafios que a juventude enfrenta estão o desemprego e a baixa qualidade da educação e da segurança. Para superá-los, é necessário que os jovens estejam saudáveis, educados, produtivos e engajados, quebrando um ciclo de pobreza e deixando de estar expostos às grandes vulnerabilidades sociais. Os 11 direitos previstos no Estatuto da Juventude são: » Direito à Diversidade e à Igualdade; » Direito ao Desporto e ao Lazer; » Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão; » Direito à Cultura; » Direito ao Território e à Mobilidade; » Direito à Segurança Pública e ao Acesso à Justiça; » Direito à Cidadania, à Participação Social e Política e à Representação Juvenil; » Direito à Profissionalização, ao Trabalho e à Renda; » Direito à Saúde; » Direito à Educação; » Direito à Sustentabilidade e ao Meio Ambiente.

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Estatuto da Juventude


ATIVIDADEs

PARA SABER MAIS » Declaração Universal dos Direitos Humanos – https://nacoesunidas. org/wp-content/ uploads/2018/10/DUDH. pdf. » Constituição Federal de 1988 (texto oficial) – www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. » Estatuto da Criança e do Adolescente (texto oficial) – www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/ l8069.htm. » Estatuto da Juventude (texto oficial) – www. planalto.gov.br/ CCIVIL_03/_Ato20112014/2013/Lei/L12852. htm.

1. Pensando no Estatuto da Juventude, dividam a turma em 11 grupos e, por escolha ou sorteio cada um dos grupos fica responsável por um dos direitos lá previstos para ser apresentado para o restante da turma. Discutam e avaliem os seguintes pontos: • Qual a importância deste direito em particular para suas vidas e para a da sua comunidade? • No que vocês acham que ele vem sendo garantido? • No que vocês acham que ele não vem sendo garantido? • Pensem em situações concretas da vida de vocês que exemplifiquem quando ele vem sendo garantido ou não. • Quando acharem que eles não vêm sendo garantidos, pensem em possíveis soluções ou propostas que possam resolver este problema. • Apresentem para os demais grupos e troquem experiências. 2. Após ouvir as apresentações de todos os grupos, escolha três dos direitos que você considera mais importantes para sua vida e para a vida da sua comunidade e anote no seu portfólio. 3. Anote também alguns exemplos concretos do que é garantido ou não desses três direitos e possíveis propostas e soluções, quando for o caso.

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VOCÊ SABIA A carreira de Direito é uma das mais importantes na defesa dos direitos citados neste capítulo. Ao cursar uma faculdade de Direito, o profissional pode escolher se tornar um advogado e seguir carreira pública ou particular, ou seja, trabalhar para o governo ou para empresas, ou ainda ter a sua própria empresa. Na carreira pública, é preciso prestar concursos públicos, depois de formado, para exercer a profissão. No ramo público do Direito, algumas das carreiras que os profissionais podem seguir são: » Juiz: tem a função de processar e julgar as ações judiciais resultantes do conflito entre pessoas jurídicas e/ou físicas, entre entes públicos e entre particulares e públicos. É necessário prestar concurso público, e há concursos para se tornar juiz estadual, federal, trabalhista e militar.

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Promotor de Justiça: é o principal representante do Ministério Público dentro dos tribunais e pode ser considerado um defensor dos interesses da sociedade, zelando para que a justiça seja feita e que os crimes contra a ordem social sejam esclarecidos. É também o responsável pela acusação nos julgamentos. Defensores públicos: são os advogados que o Estado indica para representar pessoas que não podem pagar por um advogado. Ou seja, eles prestam assistência jurídica gratuita. A Constituição Federal assegura o atendimento gratuito para quem declarar incapacidade de custear os serviços de um advogado.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa

• •

Com quais direitos vocês se identificaram mais e consideraram mais relevantes para o bem-estar de sua comunidade? Vocês se sentem bem amparados e protegidos em relação a eles? Há algo que vocês, como comunidade, poderiam fazer para melhorar essa situação?

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CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 111


6. Construindo políticas públicas OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM »» Aprender sobre as políticas públicas, sobre quem são os atores na sua construção e qual o ciclo delas.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania

O que são políticas públicas? Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado direta ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades ou outros bens materiais ou imateriais. De maneira simples, a política pública é um processo (com suas etapas e regras) que tem por objetivo resolver um problema de natureza pública (neste caso, que tenha a ver com o bem e o interesse público, não necessariamente realizado pelo poder público).

HABILIDADES DA OMS PLANOS

»» Tomada de decisões »» Resolução de problemas »» Pensamento crítico

ATIVIDADES

PROGRAMAS

POLÍTICAS PÚBLICAS

GOVERNO

AÇÕES

LEGAL

As políticas públicas normalmente estão constituídas por instrumentos de planejamento, execução, monitoramento e avaliação, encadeados de forma integrada e lógica da seguinte forma: planos, programas, ações e atividades. Os planos estabelecem diretrizes, prioridades e objetivos gerais a serem alcançados em períodos relativamente longos. Os programas estabelecem, por sua vez, objetivos gerais e específicos

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focados em determinado tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. As ações visam ao alcance de determinando objetivo estabelecido pelo programa e a atividade, por sua vez, visa dar concretude à ação. Por fim, vale destacar os quatro tipos e exemplos de políticas públicas que impactam nossas vidas diariamente. Vamos citar a classificação e os exemplos dados pela organização da sociedade civil Todos pela Educação: 1. Políticas públicas distributivas: sua principal função é distribuir certos serviços, bens ou quantias a apenas uma parcela da população. Um exemplo seria o direcionamento de dinheiro público para áreas que sofrem com enchentes. Na educação, poderiam ser as cotas. 2. Políticas públicas redistributivas: sua principal função é redistribuir bens, serviços ou recursos para uma parcela da população, retirando o dinheiro do orçamento de todos. Um exemplo disso seria o sistema previdenciário. Na educação, a política de financiamento educacional, na qual há um fundo em que todos os municípios e estados colocam dinheiro, mas que depois é repartido conforme as matrículas, e não de acordo com a contribuição de cada um. 3. Políticas públicas regulatórias: essas medidas estabelecem regras para padrões de comportamento. São bastante conhecidas, pois tomam a forma de leis. Um exemplo muito comum são as regulações de trânsito. Na educação, pode ser citada a lei que organiza a pasta, como a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 4. Políticas públicas constitutivas: são as que estabelecem as “regras do jogo”, isto é, elas dizem como, por quem e quando as políticas públicas podem ser criadas. Apesar de o conceito parecer complicado, atingem a vida de todos, e um bom exemplo é a distribuição de responsabilidades entre municípios, estados e a federação. Na educação, por exemplo, os municípios são responsáveis pela Educação Infantil e pelo Ensino Fundamental I, os estados pelo Ensino Fundamental II e Médio e o governo federal pelo Superior. Fonte: www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/o-que-e-uma-politicapublica-e-como-ela-afeta-sua-vida. Acesso em: 26 fev. 2020.

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 113


Essas políticas públicas se organizam da seguinte forma:

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Quem faz as políticas públicas?

Representação dos grupos participantes.

As políticas públicas são tão relevantes que são sempre feitas com a participação de muitos atores e participantes. Do lado público, de modo geral, elas são definidas pelo Poder Legislativo, sendo propostas e aprovadas por vereadores e deputados, dependendo da esfera do governo. O Poder Executivo, prefeitos, governadores, o presidente e suas equipes, apesar de também poder propor, é normalmente responsável pela execução. O lado privado, a sociedade e seus vários grupos (imprensa, grupos de interesse, sindicatos etc.), além de gerarem as demandas e propostas em seus diversos segmentos, acompanham o processo de decisão e participam também da implantação. Em alguns casos, como na educação e na saúde, a participação da sociedade é assegurada pela própria lei que as institui e a sociedade participa nos Conselhos municipal, estadual e nacional. Audiências públicas, encontros e conferências setoriais são também instrumentos que vêm se afirmando como formas de participação da sociedade. A Lei Complementar 131/2009 (conhecida como Lei da Transparência) determinou, ainda, quanto à participação da sociedade:

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.

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II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público. Desta forma, não mais por uma preferência política do gestor, mas por uma obrigação do Estado e um direito da população, todos os poderes públicos em todas as esferas e níveis da administração pública estão obrigados a assegurar a participação popular.

1. Divididos em grupos e pensando no seu projeto Intervindo na Comunidade, iniciado no capítulo 1, pensem em como as soluções que vocês criaram para os problemas de sua comunidade podem ser extrapolados para o município e se transformar em política pública municipal. Discutam coisas como: • O problema que identificamos em nossa comunidade ocorre também em outras do município que justifiquem que a solução vire uma política pública? • É possível mensurar isso? • Quais (e quantos) seriam os maiores beneficiados? • É possível estimar o custo para implantar a solução? • Quais seriam os próximos passos para transformar isso em uma política pública municipal? 2. Registre no seu portfólio as conclusões a que chegaram sobre a possibilidade de transformar o seu projeto Intervindo na Comunidade em uma política pública para o seu município. 3. Avalie, mais uma vez, sua posição como protagonista dos rumos de sua comunidade e o que mais pode ser feito.

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 115

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ATIVIDADEs


VOCÊ SABIA

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O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde as coisas mais simples, como avaliar uma pressão arterial, até as mais complexas, como o transplante de órgãos. Com sua criação, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando à prevenção e à promoção da saúde. Ele foi criado com a Constituição Federal de 1988, que diz: “a Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior, o sistema público de saúde prestava assistência apenas a trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, cabendo o atendimento aos demais cidadãos a entidades filantrópicas. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde, englobando a atenção primária, média e alta complexidades, os serviços de urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e os serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.

Camaçari, Bahia / Brasil - 17 de outubro de 2019: fachada do Centro de Saúde da Criança no bairro Poc 2 em Camaçari.

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A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da federação: a União, os estados e os municípios. A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, empresas etc.). Também tem a função de planejar, elaborar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os gestores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento à saúde em seu território. São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município formula suas próprias políticas de saúde e também


é um dos parceiros na aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que pode oferecer. Os três princípios do Sistema Único de Saúde são: »» Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurá-lo, sendo que o acesso às ações e aos serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. »» Equidade: o objetivo desse princípio

é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. »» Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

PARA SABER MAIS

Roda de conversa •

• •

Após ver como as políticas públicas são feitas e qual é a possível participação de cada um, como você se insere nesse contexto? Você tem sido ativo na construção de uma comunidade, de uma cidade e de um mundo melhor? O que mais você (ou vocês, como um coletivo, o que é ainda mais poderoso) poderia fazer neste sentido?

»» Sistema Único de Saúde – www.saude.gov.br/. »» Todos pela Educação – www. todospelaeducacao.org. br/conteudo/o-que-euma-politica-publica-ecomo-ela-afeta-sua-vida.

CAPÍTULO 2 | PARTICIPANDO NA POLÍTICA 117


3. respeito À diversidade e igualdade de direitos e oportunidades OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

1. Diversidade

Aprofundar a discussão sobre diversidade por meio de dados demográficos, conceitos e compreender o que é possível fazer para construir uma sociedade mais justa, com respeito à diversidade em todos os seus aspectos.

“Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.” SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 56.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC » Competência 1: Conhecimento » Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida » Competência 9: Empatia e cooperação » Competência 10: Responsabilidade e cidadania » Competência específica CHS 1 » EM13CHS102

Os seres humanos, em suas preferências, pensamentos, ideias, hábitos, são diferentes e plurais. Há pessoas que não comem carne, outras sim. Há pessoas que não acreditam em Deus, outras sim, e outras ainda acreditam que Deus mora dentro de cada um ou que existem vários deuses. Há pessoas que torcem para o Flamengo, outras para o Santos e há quem nem goste de futebol. A essa pluralidade damos o nome de diversidade. O Brasil, de acordo com o artigo 5º, inciso VI, da Constituição Federal, garante a liberdade religiosa para todos os brasileiros.

HABILIDADES DA OMS » Pensamento crítico » Resolução de problemas

118 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ


Porém, como podemos ver no site www.infojovem.org.br, que trata de temas relacionados à juventude, “a tendência de considerar a diferença como uma inadequação de valores defendidos por um grupo específico ou por uma cultura é gerar uma série de comportamentos prejudiciais no desenvolvimento e relacionamento entre os indivíduos: o preconceito, a discriminação e a intolerância que por sua vez podem gerar violência e exclusão social”. A falta de respeito à diversidade é fonte de injustiças, violência e até assassinatos. A discussão sobre a importância do respeito à diversidade e garantia de direitos se intensificou e ganhou o apoio de muitas pessoas, pensadores, líderes políticos, alguns governos e mais recentemente de algumas empresas, que passaram a criar comitês e grupos de afinidade para tratarem desse tema internamente. Mas, ainda assim, essa luta está longe de conseguir garantir igualdade de direitos e oportunidades para todos e por isso é tão importante aprofundar o assunto. Alguns dos temas mais comuns quando se fala em diversidade são: »» Etnia: relacionado à igualdade de direitos e oportunidades entre negros, indígenas e brancos. »» Gênero: relacionado à igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. »» Pessoas com deficiência: relacionado à igualdade de direitos e oportunidades entre pessoas sem e com algum tipo de deficiência física, intelectual ou sensorial. »» Idade: relacionado à igualdade de direitos e oportunidades entre pessoas de diferentes idades. »» Classe social: relacionado à igualdade de direitos e oportunidades para pessoas de diferentes classes sociais, independentemente de renda, patrimônio ou nível salarial.

melitas/ Shutterstock

No Brasil, a discriminação racial, por exemplo, é crime desde 1989. E, embora não haja uma lei específica para a homofobia, em 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser considerada um crime. Os ministros determinaram que a conduta passe a ser punida pela Lei do Crime Racial (7.716/1989).

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 119


ATIVIDADE Com base no texto apresentado, pesquise dados sobre o homicídio de pessoas transgênero no Brasil. O que você descobriu? O que precisa ser feito, em sua opinião, para termos um país mais justo em relação ao respeito à diversidade?

Diversidade no mercado de trabalho Um dos estudos mais conhecidos que tem se debruçado sobre o impacto nos negócios de empresas com equipes diversas é o “Entregando resultados por meio da diversidade”, da consultoria McKinsey. De acordo com esse estudo, “Diversidade de gênero gera 21% e diversidade étnica e cultural geram 33% mais chances de que os retornos financeiros sejam acima da média do mercado” (Relatório Entregando resultados por meio da diversidade – McKinsey & Company, 2018). A principal ideia deste estudo diz respeito ao fato de que, quando as empresas se comprometem a ter uma liderança diversificada, elas são mais bem-sucedidas. A McKinsey acredita que empresas diversificadas são capazes de conquistar profissionais de maior talento, aumentar sua orientação para os desejos do cliente e a satisfação dos funcionários e melhorar a tomada de decisões. Há ainda muito o que ser feito para que a liderança das empresas reflita e represente a população brasileira. E você pode ser um importante ator nesse processo! No Brasil, o Instituto Ethos e parceiros como o Movimento Mulher 360, o CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e a REIS (Rede Empresarial de Inclusão Social) realizam estudos junto às 500 maiores empresas do país, por meio da elaboração de indicadores e publicação de referências de melhores práticas nas áreas de diversidade e inclusão. As quatro maiores áreas que tratam os estudos do Instituto Ethos são: equidade de gênero, equidade racial, inclusão da pessoa com deficiência e promoção de direitos da pessoa LGBTQIAP+. Existem outras organizações criadas para a promoção da diversidade nas empresas. Vamos conhecer algumas delas: »» Movimento Mulher 360: É uma associação sem fins lucrativos que nasceu para propor uma visão 360 graus sobre o empoderamento feminino, abordando a atuação das mulheres em todos os seus papéis. A iniciativa foi criada por por um grupo de empresas. »» CEERT: Criado em 1990, o Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades atua nas áreas de equidade racial e de gênero no trabalho;

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educação, com programas de pesquisa e promoção da igualdade racial nas escolas; justiça, para produzir conhecimento, mobilizar e subsidiar operadores do Direito, bem como envolver instituições jurídicas no debate sobre a aplicação da legislação antidiscriminação e promocional da igualdade racial, além de propor ações judiciais favoráveis aos direitos e interesses da população negra e de vítimas de intolerância religiosa; formação acadêmica, para evidenciar futuras lideranças negras que estão nas universidades públicas e privadas, por meio de estratégias de fortalecimento e permanência acadêmica, além de estabelecer diálogos e pontes com o mercado de trabalho; e realização de eventos. »» ONU Mulheres: Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres. A ONU Mulheres é a nova liderança global em prol das mulheres e meninas. A sua criação, em 2010, foi aplaudida no mundo todo e proporciona a oportunidade histórica de um rápido progresso para as mulheres e as sociedades. A ONU Mulheres trabalha com as premissas fundamentais de que as mulheres e meninas ao redor do mundo têm o direito a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza, e de que a igualdade de gênero é um requisito central para se alcançar o desenvolvimento. »» REIS – Rede Empresarial de Inclusão Social: Reúne empresas para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Você se interessou? Siga-as nas redes sociais e aprenda ainda mais sobre as novidades nesse assunto!

ATIVIDADE Pesquise o site das organizações não governamentais cidadãs citadas e escolha uma informação, notícia, evento, estudo que lhe chamar atenção, relacionado(a) ao tema deste capítulo. Prepare uma apresentação, a fim de fazer para a sua turma, sobre o que você descobriu.

Pessoas com deficiência O Brasil possui uma legislação avançada tanto em relação à obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiência, quanto à educação inclusiva. O que falta é tornar a lei realidade. E você que ingressará no mercado de trabalho em breve, ou já ingressou, pode ser um importante agente de mudança, criando as condições necessárias para que mais pessoas com deficiência possam ter oportunidades de trabalhar e ter uma vida digna e financeiramente ativa.

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 121


A Lei de Cotas nas empresas para pessoas com deficiência

Pessoas com defiiência no mercado de trabalho

175 mil deficientes físicos 73 mil surdos 30 milhões

de pessoas com deficiência tem idade para trabalhar

Desse total,

22 mil cegos

330

mil têm carteira assinada.

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4 mil com mais de uma deficiência

Romão / M10

Pelo menos 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, de acordo com levantamento feito pelo IBGE em 2019, ou seja, quase 25% da população. Destes, mais de 10 milhões possuem algum tipo de deficiência auditiva. No Brasil, a lei que determina cotas para as empresas contratarem pessoas com deficiência entrou em vigor em 1991. É a lei 8.213, que exige que as grandes empresas tenham um número mínimo de colaboradores com deficiência nos seus quadros: de 2% a 5% do número total de funcionários, na seguinte proporção: »» De 100 a 200 funcionários: 2% »» De 201 a 500 funcionários: 3% »» De 501 a 1.000 funcionários: 4% »» De 1001 em diante: 5% O que acontece na prática é que poucas empresas realmente seguem essa lei da forma correta. Além do grande número que descumpre, há uma série de organizações que dão um jeitinho de cumprir a cota sem ter que se preocupar com o desenvolvimento dos funcionários e evitando contratar pessoas com deficiências específicas. A falta de informação sobre as diferentes deficiências é uma das maiores dificuldades que impedem as empresas de contratar, treinar seus colaboradores e garantir a permanência e o sucesso delas com deficiência nas empresas.


ATIVIDADE Se, de acordo com o IBGE, 45 milhões de pessoas possuem alguma deficiência no Brasil e, sendo que 10 milhões possuem a auditiva, então qual a porcentagem destes? Quantos % da população brasileira possuem algum tipo de deficiência?

Diferença entre diversidade e inclusão “Diversidade é convidar para a festa. Inclusão é convidar para dançar.” A frase acima tem aparecido em diversos cursos e palestras sobre o tema diversidade e inclusão. Enquanto diversidade é garantir a presença de pessoas que representem a diversidade da população brasileira (54% pessoas negras, 51,7% mulheres e 23% com algum tipo de deficiência), inclusão é garantir a permanência e o sucesso dessas pessoas nas organizações. Nos Estados Unidos, áreas de diversidade nas empresas têm já o nome de Diversidade, Inclusão e Pertencimento (DI&B – Diversity, Inclusion and Belonging).

ATIVIDADES 1. Divididos em grupos, vocês devem escolher um tema relacionado à diversidade e compor o comitê de raça, o comitê de pessoas com deficiência, o comitê de mulheres, o de idade, entre outros. O objetivo será realizar uma campanha nos corredores da escola para informar toda a comunidade escolar sobre os direitos de cada grupo. Algumas sugestões de aspectos para serem abordados na campanha são: • quem são e como se define cada grupo; • dados demográficos que provam a representatividade desses grupos na população total; • conquistas na legislação; • exemplos de ameaça à vida e à liberdade; • quais são as organizações e os grupos na sua cidade que lutam para defender os direitos dessas populações; • desafios no mercado de trabalho; • desafios no cotidiano; • exemplos de casos de sucesso de soluções encontradas; • histórias de vida de personagens líderes dos movimentos.

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 123


PARA SABER MAIS »» Site do Centro de Estudos das Relações de Trabalho de Desigualdades que que produz conhecimento, desenvolve e executa projetos voltados para a promoção da igualdade de raça e de gênero – www.ceert.org.br.

Lembre-se: quanto mais profunda for a pesquisa, melhor será a campanha. Dediquem-se com afinco à etapa de pesquisa, checando dados, verificando sempre a veracidade das informações, fontes, revisem o que escreverem e bom trabalho! 2. No seu portfólio, depois de estudar esse capítulo, reflita e escreva sobre situações que você viveu no seu cotidiano, que passaram despercebidas e que hoje você teria um novo olhar para elas. 3. Liste pelo menos três ações que qualquer organização pode fazer para garantir o respeito e a pluralidade de ideias em seu ambiente de trabalho.

VOCÊ SABIA Assumir o cabelo black vai muito além da estética e é conhecido como transição capilar, ou seja, deixar de alisar para assumir os cachos e o cabelo crespo. “É histórico que os negros para serem aceitos nos espaços sociais e no mercado de trabalho eram diretamente influenciados pelos padrões estéticos que beneficiavam aqueles mais próximos da estética branca. Daí o alto contingente de mulheres negras com cabelos alisados. Aliás, muitas destas mulheres sofreram ojeriza aos seus cabelos crespos, vítimas de preconceitos, principalmente no início da escolarização”,

explica Ivy Guedes, professora universitária e fundadora da Marcha do Empoderamento Crespo de Salvador, no artigo Estética AfroDiáspora e o Empoderamento-Crespo. Assumir o cabelo crespo é, portanto, um processo, na maioria das vezes, desafiador de aceitação e busca da identidade. Esse processo tem contribuído para a melhoria da autoestima, para a afirmação da estética negra e para o empoderamento de meninas e mulheres. Parar de alisar os cabelos ainda é um ato que enfrenta resistência nas famílias, nas ruas, nos ambientes de trabalho e nas redes sociais.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa •

124 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ

Você sofreu ou conhece pessoas que sofreram discriminação por causa dos cabelos, por ter alguma deficiência, pela cor da sua pele ou por ser mulher? O que deve ser feito para termos uma sociedade justa para todos?


2. Desigualdade racial OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Racismo é crime No Brasil, a discriminação por raça é crime desde 1989, previsto pela Constituição Federal, nos termos do Artigo 5º, Inciso XLII: “A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. A lei 7.716/1989 define como crime o ato de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Também regulamentou o trecho da Constituição Federal que torna inafiançável e imprescritível o crime de racismo, após dizer que todos são iguais, sem discriminação de qualquer natureza. Legalmente, é proibido recusar ou impedir acesso a estabelecimentos comerciais, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador (reclusão de 1 a 3 anos); impedir que crianças se matriculem em escolas (3 a 5 anos); impedir o acesso ou uso de transportes públicos (1 a 3 anos); impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social (2 a 4 anos); fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo (reclusão de 2 a 5 anos e multa). Embora com legislação vigente no Brasil desde 1989, a ideia de que “racismo não existe” ainda persiste, e conhecer os dados demográficos do nosso país, divididos por raça e por raça e gênero, já que as mulheres negras são as que mais sentem o peso da desigualdade, é fundamental para fazermos juntos os esforços necessários para uma sociedade melhor para todos.

Aprofundar a discussão sobre a desigualdade racial no Brasil por meio de dados demográficos, conceitos, e compreender o que é a luta antirracista, bem como o que é possível fazer para construir uma sociedade mais justa.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento crítico »» Resolução de problemas

Carlos Alberto Caó de Oliveira era jornalista, advogado e militante do movimento negro. Caó regulamentou o trecho da Constituição Federal que torna o racismo inafiançável e imprescritível. Faleceu em 2018.

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 125


ATIVIDADES 1. Pesquise na internet e leia integralmente a lei do racismo no Brasil. Você descobriu algo que não sabia? 2. Investigue os casos mais recentes de denúncias de racismo no Brasil e escolha um para apresentar para a turma. Qual é a sua opinião sobre o ocorrido?

Racismo estrutural “O racismo é uma forma de discriminação que leva em conta a raça como fundamento de práticas que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual pertençam.” ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/92/edicao-1/racismo. Acesso em: out. 2020.

O racismo estrutural extrapola a discussão se um indivíduo é ou não racista para a comprovação de todo um sistema que reproduz o racismo, e como diz Silvio Almeida, produz o sujeito racista. Ao abolir a escravidão e não garantir nenhum direito aos negros, como terra, direito à educação e muitos outros, eles foram condenados a um lugar desfavorecido na sociedade, dos trabalhos mais árduos e das piores condições de vida. Diferente de imigrantes europeus, que chegaram ao Brasil nas ondas imigratórias do início do século XX, nas quais alguns ganharam terra e animais, os negros seguiram sem acesso aos meios de produção e pouco ou nada foi feito para mudar essa situação durante muito tempo. De acordo com a cartilha Tocando no Assunto sobre conscientização racial do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil: “racismo estrutural é o retrato de inúmeras ações discriminatórias, que dispõem de iniciativa histórica e são apresentadas em uma dimensão estrutural de desfavorecimento à população negra, caracterizando déficit na ascensão do negro na sociedade. Neste cenário, são destinados a menor taxa de escolaridade, aos menores salários, a menor taxa de acesso à saúde e a maior taxa de desemprego. A contribuição da sociedade, paralelamente com o “Estado”, se faz necessária na construção de ações afirmativas e políticas públicas eficazes, a fim de desconstituir privilégios para determinado grupo étnico, proporcionando atuações de recorte racial e atuando categoricamente na manutenção e prevenção dos direitos de uma população cuja vulnerabilidade econômico-social ainda é notória e preocupante. Fonte: Tocando no assunto – Vamos falar sobre conscientização racial. Disponível em: https://drive. google.com/file/d/125_yuk50_Ebasctq7HDXAvDo3jbfvRQ3/view. Adaptado. Acesso em: 26 fev. 2020.

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O QUE SÃO AÇÕES AFIRMATIVAS As ações afirmativas têm como objetivo a reparação e o ressarcimento de prejuízos causados no passado a determinado grupo social. Visa distribuir direitos e vantagens entre a coletividade com base em critérios de equidade e proporcionalidade, estabelecendo um equilíbrio nas mais diversas áreas da sociedade. Conceitualmente, a ação afirmativa é aquela que, a partir da identificação de uma desigualdade, cria políticas para alterar esse cenário de forma a garantir acesso a direitos, bens e serviços semelhante ao restante da população. Fonte: Tocando no assunto – Vamos falar sobre conscientização racial. Disponível em: https://drive.google. com/file /d/125_yuk50_Ebasctq7HDXAvDo3jbfvRQ3/view. Acesso em: 26 fev. 2020.

O sistema de cotas para pretos e pardos nas universidades públicas é um dos exemplos de ações afirmativas, e pode

haver outros, como a divulgação de vagas de trabalho para grupos específicos. O resultado dessa ação, por exemplo, pode ser verificado nos dados a seguir: em 17 anos, de 2000 a 2017, o número de negros graduados aumentou mais de 4 vezes, passou de 2,2% para 9,3%, e pela primeira vez, em 2018, pretos e pardos são maioria nas universidades públicas.

Distribuição das pessoas que frequentam o ensino superior, segundo a rede de ensino (%)

Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil, IBGE, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov. br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf. Acesso em: 26 fev. 2020.

ATIVIDADE

PARA SABER MAIS

Pesquise argumentos a favor e contra as ações afirmativas raciais no Brasil. Organizem em sala de aula um debate, combinando previamente as regras de respeito ao diálogo. Após o debate e a pesquisa, qual é a sua opinião sobre o assunto?

A luta antirracista

»» Youtube, CANAL PRETO – O qué é o racismo estrutural. https:// www.youtube.com/ watch?v=lryL8ZAMq-E. O vídeo explica as origens e o conceito de racismo estrutural.

Diante do quadro de desigualdade existente no país, é fundamental que a luta antirracista seja uma luta de todos. É necessário que o Estado, o setor privado, os cidadãos e a sociedade civil organizada empreguem esforços contínuos e cotidianos para corrigir o desequilíbrio histórico brasileiro.

Divulgação

Angela Davis

Divulgação

“Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista.”

Angela Yvonne Davis é educadora e ativista pelo direito das mulheres negras.

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 127


ATIVIDADES

Divulgação

Leia o banner da OAB do Rio Grande do Sul para o Dia da Consciência Negra de 2019.

PARA SABER MAIS LIVRO: »» SANTANA, Bianca. Quando me descobri negra. São Paulo: SESISP, 2015. O livro trata de situações cotidianas de racismo vividas pela autora e por outras pessoas.

FILME: »» Selma: a marcha da liberdade. Direção: Ava DuVernay, Buena Vista Pictures, 2015. Filme sobre as marchas de Selma a Montgomery lideradas por James Bevel, Hosea Williams, Martin Luther King Jr. e John Lewis, no ano de 1965.

SITES: »» Site do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – www. ceert.org.br. Criado em 1990, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) é uma organização não governamental que produz conhecimento, desenvolve e executa projetos voltados para a promoção da igualdade de raça e de gênero.

Banner da OAB do Rio Grande do Sul sobre o Dia da Consciência Negra.

1. Reflita em grupo: • Qual é a porcentagem de advogados negros no Brasil? • Qual é o rendimento médio mensal da população negra? E da população branca? • Em relação aos 10% da população de menor renda, quantos % são pretos ou pardos? E no 1% da população de maior rendimento?O que se pode concluir analisando os dados acima? • Como você imagina que o Brasil chegou a uma configuração de sociedade como a refletida pelos dados acima? • O que é possível fazer para transformar o quadro de desigualdade em um país mais justo e melhor para todos? 2. Reflita e crie um banner com o tema Igualdade Racial para colocar no seu portfólio.

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Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • •

Qual é a sua opinião sobre o tema? Como você pretende lidar com a questão da igualdade de direitos e oportunidades na sua vida profissional?

3. Enfrentamentos da adolescência OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Bullying nas escolas

Mergulhar em enfrentamentos da adolescência, tais como bullying e transtornos mentais nesta fase da vida e compreender como e onde buscar ajuda.

Apesar de o termo ser relativamente novo e ter sido criado na década de 1970 pelo psicólogo sueco Dan Olweus, a prática de intimidação e violência nas escolas, ou bullying, existe há muito tempo. Como os jovens estão em processo de formação, muitas vezes vivenciam necessidade de autoafirmação e ainda não estão acostumados a conviver com diferenças, tornando o ambiente muito propício a esta prática de discriminação. Apesar de normalmente serem praticadas longe das autoridades, na entrada e saída dos prédios, nos pátios na hora do lanche ou quando os professores não estão por perto, podem acontecer Doloves/ Shutterstock

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado »» Competência 9: Empatia e cooperação

HABILIDADES DA OMS »» Comunicação eficaz »» Relacionamentos interpessoais »» Empatia »» Lidar com sentimentos e emoções »» Lidar com estresse

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 129


também de forma silenciosa, na presença do professor, com gestos, bilhetes etc. As formas de intimidação podem ser diversas e incluem, por exemplo: dar empurrões e pontapés, insultar e xingar, criar boatos humilhantes e situações vexatórias, inventar apelidos, ameaçar presencialmente e por mensagens, excluir de atividades sociais ou pedagógicas, captar e difundir imagens, inclusive pela internet etc.

Efeitos e consequências do bullying Tanto vítimas quanto agressores podem sofrer consequências psicológicas, quando não são físicas, tais como: baixa autoestima, dificuldade de aprendizado, dificuldade de socialização, medo, ansiedade e depressão. Em casos mais graves, pode levar a tragédias, como agressões físicas que levam à morte e suicídio das vítimas. Muitas vezes, as vítimas de bullying têm vergonha e medo de falar para alguém da escola ou da família e permanecem caladas, sofrendo em silêncio e gerando cicatrizes que podem influenciar suas vidas. Assim, torna-se ainda mais importante que todos estejam atentos ao dia a dia dos estudantes e aos sintomas e sinais que possam demonstrar para tentar prevenir e combater esse mal.

Sinais do bullying É importante que toda a comunidade, estudantes, pais e familiares, amigos, professores, funcionários e diretores das escolas, esteja atenta aos sinais de bullying e tente agir no combate e prevenção desta prática. Alguns sinais que tipicamente são observados em estudantes vítimas de bullying são: recusa de ir para a escola, tendência ao isolamento, falta de apetite, insônia e dor de cabeça, queda no desempenho escolar, febre e tremor etc. Outro sinal frequente é chegarem em casa sempre com fome, pois podem ter roubado seus lanches.

Agressores e vítimas Os agressores, na maioria dos casos, são estudantes com baixo rendimento escolar, maior porcentagem de reprovação e, muitas vezes, com relações familiares ou comunitárias desestabilizadas. Assim, apesar de terem consciência de seus atos e de que as vítimas não gostam deles, agridem como forma de se

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destacar de alguma forma no grupo, de se sentirem populares e de terem o poder com esses atos. Ainda que os danos causados sejam sempre maiores nas vítimas e quase nunca se fale sobre isto, também é importante olhar para o agressor. Antes de simplesmente acusar e castigar, é preciso avaliar suas condições e sua história, buscando a melhor forma de agir. Olhar mais para os agressores, ou os potenciais agressores, pode ser a prática mais eficiente na prevenção do bullying. Quanto ao perfil das vítimas, normalmente os agressores selecionam aqueles que destoam da maioria, ou deles mesmos, por alguma peculiaridade. Alguns dos alvos preferenciais são os alunos novos, os muito tímidos, os que têm traços físicos que fogem do padrão e os que têm alta performance escolar, o que provoca ainda mais inveja naqueles que se destacam menos.

Combate ao bullying O bullying tem tido muito destaque nas mídias e muitas frentes de combate estão sendo desenvolvidas. Uma lei específica, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática e que será comentada a seguir, foi aprovada no Brasil em 2015. No entanto, o maior combate vem da prática diária, nas escolas, na comunidade e em casa, de ações que visem derrubar preconceitos, aceitar a diversidade, incentivar a cooperação e criar uma cultura de paz. Esta própria disciplina Projeto de Vida, ao tratar de temas tão diversos com o objetivo de desenvolver competências socioemocionais e habilidades de vida nos estudantes, quem dera gere impactos importantes também na prevenção e combate à prática de bullying.

Lei Antibullying (Lei 13.185/2015)

buffaloboy/ Shutterstock

Complementando as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente, do Marco Civil da Internet e do Código Penal, o Brasil aprovou a Lei 13.185/2015, conhecida como Lei Antibullying, que obriga escolas e clubes a adotarem medidas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate ao bullying, em português chamado de intimidação sistemática. De acordo com a lei:

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Divulgação/ Muse Entertainment Enterprises Gaiam

O bullyng por meio da internet é um fenômeno crescente na sociedade atual.

Considera-se bullying todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Ainda de acordo com a lei, o bullying pode ser classificado como: verbal, moral, sexual, social, psicológico, físico, material ou virtual. Este último, inclusive, o chamado cyberbullying, com a popularidade das redes sociais, vem aumentando de forma considerável e preocupante nos últimos anos. A lei foi um notável avanço na discussão do bullying, mas, em particular no que diz respeito às práticas a serem adotadas, ainda é bastante vaga e deve ser aprimorada ao longo do tempo. Apresenta como objetivo, por exemplo, prevenir e combater o bullying na sociedade, mas não ficam claras as formas para que isso aconteça. Tem o dever de escolas e clubes em prevenir e combatê-lo, mas não determina qualquer sanção para os que descumprirem.

ATIVIDADES

FILMES: »» As melhores coisas do mundo. Direção: Laís Bodansky, Brasil, 2010. Filme sobre a história de um grupo de rapazes de 15 anos num colégio de classe média de São Paulo. »» Um grito de socorro. Holanda, 2013. Filme que aborda o bullying sofrido por um aluno na escola.

1. Em dupla, criem um cartaz ou banner eletrônico de combate ao bullying na sua escola. • Que imagens vocês podem escolher? • Que frases são mais impactantes? • Quais são os canais de apoio que existem hoje na escola? Se não existirem, que tal criar? 2. Reúnam as produções de todas as duplas e organizem uma campanha “Bullying não” na escola para o combate e prevenção ao bullying. 3. Além dos banners e cartazes, que tal convidar especialistas para falar, passar em todas as salas esclarecendo os pontos mais importantes sobre o bullying e comunicando o canal de apoio da escola? Como vimos em casos de bullying, criticar, xingar, reforçar qualidades negativas de uma pessoa podem gerar marcas para toda a vida. 4. Escreva no seu portfólio Projeto de Vida uma lista de ações práticas que você pode fazer para não alimentar casos de bullying que estejam acontecendo agora na escola ou que possam vir a acontecer, quais são os sinais de alerta para

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identificar que uma brincadeira pode virar uma ofensa e o que fazer para auxiliar alguém que esteja sofrendo ou praticando bullying. • Como não alimentar casos de bullying? • Quais são os sinais de alerta para identificar que uma brincadeira passou do limite? • Como ajudar alguém que esteja sofrendo bullying? 5. Compartilhe com seus colegas e analisem as que forem diferentes daquelas que pensou.

VOCÊ SABIA Em 2019, a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico realizou uma pesquisa com 250 mil professores e líderes escolares em 48 países ou regiões e alguns dados do Brasil chamaram atenção. Em uma aula normal, os professores passam apenas 67% do tempo ensinando e o resto todo é dedicado a tarefas administrativas ou disciplinares. A média no estudo foi de 78% e o Brasil só ficou na frente de África do Sul e da Arábia Saudita. O impacto disto é direto, pois a perda de alguns minutos por dia, somados, representam a perda de vários dias no ano escolar e, assim, o volume de conhecimento que pode ser passado aos estudantes será proporcionalmente menor.

Outro ponto que chamou atenção é que 28% dos diretores escolares brasileiros relataram casos de bullying entre alunos, o dobro da média do estudo. E, semanalmente, 10% das escolas brasileiras registram processos de abuso contra educadores, contra uma média de apenas 3%. Segundo a principal pesquisadora do estudo, Karine Trembley, “o impacto disto no aprendizado é muito grande pois, de um lado, quando os estudantes não se sentem seguros em suas escolas, não conseguem aprender, e, de outro, professores com altos níveis de estresse ou, por não se sentirem seguros, querendo abandonar ou abandonando a profissão, também não conseguem ensinar”

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • •

Você já sofreu ou presenciou casos de bullying? Há alguma prática na escola, liderada pelos alunos, que possa ser criada para diminuir o bullying no dia a dia?

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 133


Transtornos mentais na adolescência

Conhecer e conversar sobre os TMC é essencial.

Graphicaffe/ Shutterstock

PARA SABER MAIS »» Site do Centro de Valorização da Vida, organização sem fins lucrativos, fundada em 1962, que realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas por dia – www.cvv.org.br. »» Portal de saúde e bemestar – www.minhavida. com.br.

Transtornos Mentais Comuns (TMC) se caracterizam por um conjunto de sintomas como depressão, ansiedade, insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e outras queixas somáticas, isto é, pensamentos, sentimentos ou comportamentos anormais que geram sintomas físicos não explicados por questões médicas. Diversos estudos mostram que cerca de um terço da população sofre de algum tipo de TMC, que transtornos de ansiedade se iniciam, em média, aos 13 anos e que, de modo geral, são persistentes, ou seja, serão carregados para a vida adulta se não forem precocemente identificados e tratados. Mostram também que representam um importante problema de saúde pública por serem tão frequentes e pelos graves efeitos sobre o bem-estar pessoal, familiar, profissional ou escolar e uso de serviços de saúde. A etapa da adolescência pode ser muito complicada, pois é cheia de mudanças: nos campos biológico, psicológico, social e intelectual. E, como as TMC podem se manifestar em diferentes momentos e com sintomas pouco específicos, muitas vezes é difícil para pais, familiares, professores, gestores escolares e até mesmo para o próprio adolescente identificar que se trata de um quadro de, por exemplo, depressão ou ansiedade. Assim, é importante que todos – os próprios adolescentes, os colegas e amigos da escola ou da comunidade, os pais e familiares e os professores e gestores escolares – estejam sempre atentos aos sinais e sintomas, sempre presentes e busquem, quando identificados, ajuda profissional na escola e no sistema de saúde.

ATIVIDADES 1. Faça uma pesquisa sobre os dados de depressão na adolescência no Brasil e quais são os principais transtornos mentais nessa fase da vida, observando conceitos, sintomas e, principalmente, como e onde buscar ajuda. 2. Liste no seu portfólio Projeto de Vida a rede de apoio à saúde mental que existe na sua cidade. 3. Use essa lista quando precisar saber para quem e onde pedir ajuda, caso identifique qualquer sinal de desequilíbrio que você ou um colega possa estar sentindo. • Na escola: • Na rede de saúde:

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No Centro de Valorização da Vida: www.cvv.org.br ou ligue 188.


VOCÊ SABIA as meninas, 9 em cada 10 se sentem infelizes com seus próprios corpos e pensam até em cirurgias plásticas. Outro assunto que vem sendo pesquisado é o FoMO (“Fear of Missing Out”, em inglês, ou medo de perder algo), o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem, incentivando as pessoas a ficarem sempre conectadas para saber de tudo e compartilhar novidades. Alguns sintomas são checar as redes sociais a cada poucos minutos, ir para eventos já pensando no que vai postar e não desgrudar os olhos do celular, perdendo até mesmo boa parte do próprio evento, ficar mais distraído ao conversar pessoalmente, em casa, nas aulas ou em reuniões etc. Overearth/ Shutterstock

A relação entre o uso intenso de redes sociais e transtornos mentais de jovens e adolescentes, como ansiedade e depressão, tem sido alvo de pesquisa em diversos países. Como o assunto é relativamente novo, os estudos ainda não são conclusivos, mas há relativo consenso de que o uso excessivo pode gerar o agravamento dos transtornos por diversos motivos. Em maio de 2019, a The Royal Society for Public Health publicou um estudo em que afirmou que as redes sociais são tão viciantes quanto o álcool e o cigarro e, dentre elas, rede de fotografiass foi avaliado como a mais nociva à mente dos jovens. Baseado em fotos e imagens, a rede de fotografias se tornou o palco ideal para as pessoas (e os influenciadores digitais) exporem suas “vidas perfeitas”. Apesar de obviamente representarem um recorte enviesado da realidade, são inevitáveis a competição e a comparação e, assim, é normal as pessoas se sentirem mal, pois não têm aquela vida perfeita ou aquele corpo perfeito. Num universo de quase 1.500 voluntários entre 14 e 24 anos, 7 em cada 10 disseram que o Instagram os fez se sentirem pior em relação à sua própria autoimagem e, entre

O medo de perder o que está acontecendo nas redes sociais acaba aprisionando os jovens.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • •

O que você descobriu sobre enfrentamentos na adolescência? Você sabe onde e como pedir ajuda no caso de identificar sintomas em si mesmo ou em algum amigo?

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 135


ATIVIDADE de passagem Conclusão da Dimensão cidadã A etapa de estudo da Dimensão cidadã dentro do Projeto de Vida passou por muitos assuntos e atividades. Você explorou com mais profundidade temas ligados à diversidade e encarou os dados de desigualdade de raça no Brasil. Teve contato com casos de sucesso de comunidades organizadas inspiradoras, aprendeu como mapear e intervir na própria comunidade, mergulhou no funcionamento do Estado brasileiro (como funcionam os três poderes), entendeu direitos do cidadão, aprendeu como se dá a elaboração de políticas públicas, tratou de corrupção e transparência, fake news, conheceu os objetivos do desenvolvimento sustentável, pesquisou e descobriu como buscar ajuda ao se deparar com enfrentamentos sofridos na adolescência. Você não só ampliou seu repertório sobre assuntos atuais, como utilizou todo esse conhecimento para buscar soluções para problemas no seu bairro que o incomodam.

Proposta Como os projetos de intervenção podem abordar vários dos temas tratados nessa dimensão, de maneira prática, visando à resolução de um problema, a sugestão é compartilhar com toda a comunidade escolar, demais estudantes, pais, gestores públicos e outros professores as diferentes intervenções escolhidas e realizadas pelos grupos. Para isso, a ideia é ocupar a escola para realizar diversas apresentações concomitantes, mostrando a todos as soluções encontradas pelos estudantes e suas aprendizagens.

Evento: Ocupação de soluções •

136 | MÓDULO 2 | DIMENSÃO CIDADÃ

O que é: um evento no qual os alunos do Projeto de Vida, divididos em pequenos grupos, ocuparão diferentes espaços da escola, como salas de aula, pátios, corredores, quadras e outros e oferecerão uma apresentação participativa aos visitantes sobre os projetos de intervenção na comunidade que criaram. Não pode ser palestra. A apresentação participativa deve engajar o visitante de alguma forma. Ou seja, o grupo deve proporcionar uma vivência ao visitante de cerca de 15 minutos. Pré-requisitos das apresentações: utilizar pelo menos três diferentes formas de expressão artística, como poesia, teatro, música, dança, artes visuais, vídeo, fotografia, entre outros. Como fazer: escolham, com a direção da escola, um dia e período em que os espaços da escola possam ser utilizados para o evento,


com antecedência mínima de dois meses para a organização e preparação dos grupos. Definam uma sala ou espaço da escola para cada grupo expor seu trabalho. Vocês deverão organizar diversas apresentações da sua intervenção naquele período, definir quantas pessoas podem entrar por vez e qual é o tempo de duração. Cada grupo é responsável pela decoração da sala, materiais, formato da apresentação, organização da fila e como conduzirá a apresentação e a roda de partilha sobre as aprendizagens de terem realizado o projeto. Definam uma abertura coletiva, com os alunos como protagonistas do evento, para todos os convidados, homenageando todos os grupos e professores envolvidos. Em seguida, encaminhem os visitantes para explorarem os projetos espalhados pela escola. Estimule-os a conhecer a maior quantidade de projetos possível. Vejam o modelo a seguir de planilha de produção sugerida. Ela deve apresentar detalhadamente todas as atividades necessárias para a organização do evento, com responsável, prazo para realização, materiais necessários e uma célula para anotar se já foi realizada. EXEMPLO DE PLANILHA DE PRODUÇÃO Etapa Atividade 1

Definição da data do evento

2

Definição do local do evento

3

Definição do horário do evento

4

Definição do público a ser convidado

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Nome do Cronograma Cronograma Cronograma Cronograma Dia do Responsável Semana – 4 Semana – 3 Semana – 2 Semana – 1 evento

Como será feita a elaboração e o envio dos convites e cartazes? Com quanta antecedência os convites devem ser enviados e os cartazes afixados? Quem fará o design do convite? E dos cartazes? Que duração o evento terá? Qual será a programação exata no dia? Quem conseguirá a autorização da escola? Quem será o(a) mestre de cerimônias da abertura? Quem será o professor orientador ou homenageado? Quando a equipe de produção irá se reunir e quantas vezes? Quantos projetos de intervenção na comunidade serão apresentados e de que maneira? Qual será o espaço na escola para cada grupo apresentar?

16

Como será a decoração?

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Que equipamentos serão necessários e quem será o responsável?

18

Outras etapas a serem planejadas

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Como e onde será feito o encerramento?

CAPÍTULO 3 | RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES 137


3

138

DimensĂŁo

profissional


Planejamento: o encontro com o futuro e o nós »» O que quero para minha vida? »» O que posso fazer para atingir meus objetivos? Neste módulo, você vai refletir sobre as áreas da vida, conhecer histórias de pessoas que conquistaram seus sonhos e o que fará depois do Ensino Médio.

139


1. Equilíbrio e conquistas OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Iniciar o processo de planejamento olhando para as quatro esferas da vida: pessoal, profissional, educacional e social.

1. Esferas da vida No começo do programa, você preencheu a sua roda da vida. Para iniciar o planejamento das diferentes esferas da sua vida, você deve rever sua roda da vida hoje e compará-la com a inicial. Faça isso antes de prosseguirmos.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado

ATIVIDADE 1. Desenhando novamente sua roda da vida. Desenhe a roda da vida no seu portfólio Projeto de Vida e pinte as áreas correspondentes.

HABILIDADES DA OMS »» Pensamento crítico »» Pensamento criativo »» Resolução de problemas

140 | MÓDULO 3 | DIMENSÃO PROFISSIONAL


Olhando para a roda da vida, podemos visualizar quatro dimensões principais: »» Pessoal: família, diversão, criatividade, plenitude, felicidade, espiritualidade, paz interior, equilíbrio emocional e saúde. »» Profissional: carreira, leituras, práticas, criatividade, recursos financeiros e trabalho. »» Educacional: professores, escola, estudos, cursos, leituras e outros. »» Social: família, amigos, namoros e contribuição social. Para avaliar como você está em cada uma dessas esferas, dividam-se em grupos de quatro pessoas, virados um de frente para o outro com uma mesa ou cadeiras de braço para apoiar, com lápis e papel.

Zerkalov/ Shutterstock

2. Rodadas de escuta sobre as esferas da vida. Vocês terão 10 minutos em quatro rodadas diferentes para conversar sobre cada uma das dimensões. A pergunta orientadora para a primeira rodada é: • Rodada 1: levando em conta os aspectos pessoais listados, de que maneira você avalia a sua vida hoje? Que nota atribui? O que você acredita que é possível fazer para agregar ainda mais realização e equilíbrio nessa área? Todos devem falar, um de cada vez, sem interrupções nem conselhos por 2 minutos e meio. Cada um deve falar dentro do limite do que entende como desejo de compartilhar, respeitando não revelar nada pessoal que não deseje. Caso alguém não queira falar, isso deve ser respeitado. Quem escuta não deve interromper, nem aconselhar. Apenas ouvir. Uma pessoa deve ser o guardião do tempo e avisar quando faltarem 10 segundos para interromper. Todas as rodadas se repetem neste mesmo modelo. Agradeçam e troquem de lugar.

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 141


Iakov Filimonov/ Shutterstock

Rodada 2: levando em conta os aspectos profissionais listados, como você avalia sua vida hoje? O que você acredita ser possível fazer para agregar ainda mais realização e equilíbrio nessa área? Agradeçam e troquem de lugar. • Rodada 3: levando em conta os aspectos educacionais, como você avalia sua vida hoje? O que é possível fazer para agregar ainda mais realização e equilíbrio nessa área? Agradeçam e troquem de lugar. • Rodada 4: levando em conta o aspecto social da sua vida, como você a avalia hoje? O que você faria para agregar ainda mais realização e equilíbrio nessa área? Agradeçam e troquem de lugar. • Reforçando: todos devem apenas escutar quem fala, sem conselhos ou interrupções. A escuta é muitas vezes o maior presente que se pode dar a alguém. Para concluir, você vai participar de uma roda de apreciação voltando ao seu grupo inicial de 4 pessoas da rodada 1. 3. Roda de apreciação Você fez uma profunda reflexão sobre a sua vida e escutou muitos outros colegas com sentimentos e vivências semelhantes ou diferentes dos seus. Agora é hora de apreciar cada pessoa que se expressou nas rodas. A pessoa que for receber a apreciação deve ficar sentada no meio e os outros três ao redor. Durante um minuto, os três devem falar as qualidades que essa pessoa possui. E uma delas deve anotar em um papel tudo o que for falado para entregar ao estudante e outra deve ser o guardião do tempo. Ao final, abram uma grande roda e, juntos, façam o grito de guerra e uma salva de palmas para todos. 4. Cenas dos sonhos Agora que você refletiu sobre as suas esferas e escutou vários colegas, dedique um tempo, em casa, de reflexão sobre seus desejos e sonhos para cada uma delas. Deixe sua imaginação trazer o que você anseia mais fortemente. Faça uma lista imaginando, para cada uma, você em uma cena na qual a conquista já aconteceu. Revise sua lista de conquistas e sonhos e tenha certeza de que não falta nada. Podem ser acontecimentos grandes ou pequenos, não importa, não deixe nada de fora. Quando terminar, procure colocar ao lado de cada desejo o prazo em que você gostaria de alcançá-lo. Anote ao lado a quantidade de meses ou 1 ano, 3 anos,

142 | MÓDULO 3 | DIMENSÃO PROFISSIONAL


5 anos, 10 anos para cada sonho, classificando-os com o prazo correspondente. Meus sonhos na esfera pessoal:

Prazo para alcançá-lo

Meus sonhos na esfera educacional:

Prazo para alcançá-lo

Meus sonhos na esfera profissional:

Prazo para alcançá-lo

Meus sonhos na esfera social:

Prazo para alcançá-lo

ATIVIDADES • •

Examine a lista inteira no link acima, pesquisando na internet. Há alguma dessas carreiras que lhe interessa? Quais seriam os primeiros passos a serem dados para que você alcance um dia uma das posições citadas na lista?

VOCÊ SABIA De acordo com o levantamento da consultoria PageGroup, divulgada no site UOL em 14 de janeiro de 2020, apesar dos altos níveis de desemprego em 2019 no Brasil (eram 12,4 milhões de pessoas desempregadas), algumas carreiras poderiam ter mais chances de contratação. A lista completa possuía 38 profissões que estimavam estar em alta em 2020. As vinte citadas primeiramente são: 1. Geofísico na área de Óleo e Gás 2. Engenheiro de reservatório 3. Geólogo de exploração 4. Gerente de desenvolvimento de negócios 5. Controller 6. Líder em planejamento financeiro de

fusões e aquisições 7. Diretor financeiro 8. Gestor de vendas 9. Gerente nacional de vendas 10. Gerente de fusões e aquisições 11. Especialista em aquisição de talentos 12. Diretor médico 13. Gerente de acesso 14. DTO – Data Protection Officer – Profissional de Avaliação e Administração de Dados 15. Gerente de programação 16. Engenheiro de software 17. Advogado sênior 18. Gerente de produtos 19. Gerente de transformação digital 20. Gerente de compras

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 143


Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa •

Conhecer as histórias de Nina Silva e Rick Chesther e identificar fatores que contribuíram para seu sucesso, além de aprofundar o conhecimento sobre carreira na área de tecnologia. Incentivar a pesquisa e a reflexão sobre outras histórias de sucesso para você.

2. Histórias de conquistas Reprodução

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Fonte: https://exame.com/pme/da-discriminacao-ao-empreendedorismonina-silva-e-o-movimento-black-money/. Acesso em: out. 2020.

HABILIDADES DA OMS » Pensamento crítico » Pensamento criativo » Resolução de problemas

Reprodução

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC » Competência 1: Conhecimento » Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida » Competência 5: Cultura digital » Competência específica LGG 4 » EM13LGG401 Competência específica CHS 3 » EM13CHS303

Como foi refazer sua roda da vida? O que mudou de lá para cá? O que você aprendeu com essas mudanças? Como foi olhar hoje para as suas quatro esferas e começar a planejar com base nas suas vivências e nos seus sonhos?

Fonte: https://revistapegn.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/11/ tecnologia-tem-que-ser-voltada-para-sociedade-diz-nina-silva.html#: ~:text=Porque%20a%20tecnologia%20tem%20que,quem%20precisa%20 alcan%C3%A7ar%E2%80%9D%2C%20afirma. Acesso em: out. 2020.

A história de Nina Silva Nina nasceu no Jardim Catarina, em São Gonçalo, RJ – na época, a maior favela plana da América Latina. Desde muito nova, sempre se espelhou na irmã, seis anos mais velha e a primeira da família a cursar faculdade. Seu pai, que na época ainda não tinha finalizado o segundo grau, percebia esse talento e incentivava a filha. Quando iam juntos

144 | MÓDULO 3 | DIMENSÃO PROFISSIONAL


ao mercado, era Nina quem fazia as contas para que o pai não gastasse demais – se sobrasse dinheiro, ela saía no lucro, ganhando seu biscoito favorito. Apesar de gostar de matemática desde pequena, Nina não se considera “de exatas”, muito menos tem o perfil da executiva de TI que programava desde os 5 anos de idade.

“EU VEJO A TECNOLOGIA MUITO VOLTADA PARA HUMANAS, MUITO VOLTADA AO ENTENDIMENTO DO QUE SÃO AS PESSOAS, DO QUE SÃO AS NECESSIDADES DAS PESSOAS E COMO QUE A GENTE PODE MELHORAR A VIDA DELAS A PARTIR DA TECNOLOGIA.”

Nina Silva foi indicada pela revista Forbes como uma das 20 mulheres mais influentes do Brasil e premiada como uma das 100 pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo, de acordo com o Prêmio Most Influential People of African Descent.

Divulgação

Nina virou executiva de tecnologia por acaso. Inicialmente, queria ser juíza para trazer justiça ao mundo, mas a irmã, que a via como líder, sugeriu administração, para influenciar outras pessoas. Nina cursou Administração na Universidade Federal Fluminense e teve seu primeiro contato com a tecnologia durante um emprego em uma empresa na época da faculdade, que se transformou no cargo de consultora júnior. Nina sempre se cobrou muito para atingir a perfeição em tudo o que fizesse porque sabia que tinha que provar ser capaz o tempo todo, em virtude do preconceito que enfrentou inúmeras vezes.

“SE VOCÊ É PRETO, VOCÊ É O PIOR; SE VOCÊ É MULHER, VOCÊ SABE MENOS; SE VOCÊ É POBRE, VOCÊ NÃO TINHA QUE ESTAR AQUI. COMO EU SEMPRE FUI ESSAS TRÊS COISAS JUNTAS, SER PERFEITA ERA, NO MÍNIMO, MINHA OBRIGAÇÃO, SABE?” Além de ser da área de TI, Nina é membro honorário da Academia de Letras de Araçariguama e região por ter se tornado escritora. E é fundadora do Movimento Black Money, que visa estimular o desenvolvimento do ecossistema afroempreendedor. Nina entende que a comunidade negra tem um poder de consumo cada vez maior, mas que, quando se trata de tentar empreender, as barreiras são muito grandes.

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 145


“MESMO SENDO A MAIORIA DOS EMPREENDEDORES, NÓS NÃO CONSEGUIMOS CRÉDITOS NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, ISSO PORQUE NÓS TEMOS COR, NÓS TEMOS UMA IMAGEM, E ESSA IMAGEM NUNCA É VINCULADA À RIQUEZA, AO DINHEIRO, À PROSPERIDADE.” Nina não gosta da palavra inclusão e prefere que os negros possam criar a realidade por si mesmos, uma vez que são maioria no país.

“POR QUE A GENTE MESMO NÃO FAZ ISSO? POR QUE A GENTE NÃO PARA DE PEDIR INCLUSÃO, PARA DE PEDIR BÊNÇÃO? POR QUE A GENTE NÃO CRIA A REDE, E A REDE SE FORTALECE E COMEÇA A ESCALAR COM OUTROS PRETOS E PRETAS NO MUNDO QUE PASSAM PELAS MESMAS COISAS EM NAÇÕES DIFERENTES?” Texto inspirado e com trechos da reportagem de COUTINHO, Dimítria. Influente, acessível e humilde: conheça a história de Nina Silva. Disponível em: https://ada.vc/?s=nina+silva. Acesso em: 27 fev. 2020.

ATIVIDADE Em grupos, identifiquem no texto e pesquisem na internet: • Quais foram os reconhecimentos e prêmios que Nina Silva já recebeu? • Como é o lugar onde ela nasceu? • O que é “sucesso”, em sua opinião, e como é possível identificá-lo na história de Nina Silva? • Quais foram os fatores externos que mais influenciaram a história de sucesso de Nina Silva? • Na sua opinião, quais foram as características pessoais que ajudaram Nina Silva a obter sucesso? • O que, na história de Nina Silva, o inspira e o que você é capaz de imaginar para a sua própria história de vida futura, agora que você conheceu a história de Nina? Lembre-se de que a imaginação não tem limites.

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Reprodução

A história de Rick Chesther

praphab louilarpprasert/ Shutterstock

Rick Chesther, vendedor de água da cidade do Rio de Janeiro, que abandonou a escola para trabalhar, gravou um vídeo que viralizou na internet contando como ganhar dinheiro vendendo água pedindo para um amigo 10 reais emprestados. Com o sucesso do vídeo, assinou contrato publicitário, tornou-se garoto propaganda de um grande banco, palestrou em diversos locais, incluindo Harvard, e em 2018 lançou seu primeiro livro, Pega a visão. Nesse livro, ele conta toda a sua história e traz muitas lições do que aprendeu e que o levou ao sucesso. Dentre elas, algumas lições que Rick divulga são: 1. Leia todos os dias – é algo que vai diferenciá-lo. 2. Não espere as oportunidades. Crie-as. 3. Ou você é parte da solução ou parte do problema. Identifique o erro. Aceite que o erro é seu. Corrija-o. Não o cometa novamente. 4. O que é o topo para você? Ganhar dinheiro? Para ele o topo é quando você consegue transformar o mundo onde vive. Tem a ver com inspiração mais do que com posse. 5. Cerque-se de pessoas fortes. “Aquele que não se fortalece enfraquece a energia do fortalecido.” 6. 80% do negócio é relacionamento e 20% é talento. 7. A lei da semeadura. Aprendeu desde criança. Não é possível plantar um dia e colher no outro. Você vai colher o que plantou. 8. Esteja preparado para cair. A vida vai jogá-lo no chão. Preparese para levantar depois da queda.

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 147


ATIVIDADES 1. Pesquise na internet os três tipos de pessoas que Rick Chesther definiu e avalie qual é o tipo que você quer ser depois que sair da escola. 2. O que é sucesso para você? 3. Que outras histórias de sucesso você conhece? Compartilhe com a sua turma o que é sucesso para você e um exemplo de uma pessoa que é referência para você nesse aspecto. 4. Manchete da minha vida • A partir das manchetes das notícias sobre as histórias de vida de Rick Chesther e Nina Silva, crie no seu portfólio Projeto de Vida a manchete de uma notícia sobre a sua vida. Você é a personagem entrevistada e terá conquistado inúmeros resultados na sua vida pessoal e profissional. • Escreva a manchete e a notícia imaginando o que pode acontecer na sua vida e na sua carreira que irá inspirar muitos estudantes e um dia até compor um material didático para ajudar jovens do Ensino Médio a sonhar!

VOCÊ SABIA De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), no estudo “Achados e recomendações para formação educacional e empregabilidade em TIC”, divulgado em agosto de 2019, em 2024 poderia haver um déficit de 290 mil profissionais no Brasil na área de Tecnologia da Informação. A projeção se deu com base nos seguintes dados: »» Existem atualmente 845 mil empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil, sendo que a maioria (42,9%) está concentrada em São Paulo. »» A demanda anual por novos talentos projetada entre 2019 e 2024 está em 70

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»»

mil profissionais. Porém, apenas 46 mil pessoas se formam ao ano no Ensino Superior com o perfil necessário para atender a essas vagas. Do total de graduados, o principal curso finalizado é o de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, com 32% de formados. Sistemas de Informação está no segundo lugar (20%), seguido de Ciência da Computação (19%), Gestão de Tecnologia da Informação (11%), Redes e Internet (8%) e Engenharia da Computação (5%). Os 5% restantes compõem outras graduações como Banco de Dados e Engenharia de Telecomunicações.


Conheça algumas das áreas mais promissoras no mercado de Tecnologia da Informação (TI). Gestão de TI O papel do Gestor de Tecnologia da Informação é agregar valor ao negócio da empresa por meio da aplicação de tecnologias. Esse profissional é responsável por aliar a administração à infraestrutura de TI e aprimorar a competitividade no mercado.

Programação de sistemas O programador é o profissional que realiza a criação e o desenvolvimento de sistemas computacionais. É graças ao trabalho dele que são criados todos os aplicativos que utilizamos no dia a dia. Essa posição pode desenvolver soluções para o público interno da empresa ou para clientes.

Banco de dados RaiDztor/ Shutterstock

Atualmente, informações são geradas em um grande volume e de forma rápida. O profissional de banco de dados é o responsável por projetar e desenvolver soluções de armazenamento para lidar com gigantescas massas de dados.

Segurança da informação A segurança da informação tem conquistado um papel fundamental dentro das empresas. Com o aumento do número de ataques por parte de cibercriminosos, a busca por esses profissionais vem aumentando.

CAPÍTULO

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VectorForever/ Shutterstock

Cloud Computing A computação em nuvem deixou de ser uma tendência para virar realidade. Com a oportunidade de utilizar uma grande infraestrutura de TI por menores custos, boa parte das empresas já adotou a nuvem como plataforma e, com isso, aumenta a demanda por gente especializada nesse tipo de ferramenta.

Jogos digitais O sonho de inúmeros jovens – trabalhar com jogos digitais – se transformou em realidade. Em nosso país, o mercado está aquecido e muitas empresas estão buscando por desenvolvedores, designers e roteiristas de games. Fonte: impacta.edu.br . Acesso em: 27 fev. 2020.

PARA SABER MAIS »» Movimento Black Money – O Movimento Black Money é um hub de inovação para inserção e autonomia da comunidade negra na era digital junto a transformação do ecossistema empreendedor negro, com foco em comunicação, educação e geração de negócios pretos – https:// movimentoblackmoney.com.br/. »» Ada é um site criado por três jornalistas que tem como missão mostrar que o mundo digital pertence às mulheres, e ajudá-las a compreendê-lo para fazer as melhores escolhas ao navegar por ele – www.ada.vc. »» Blog de incentivo a mais mulheres na computação –www.mulheresnacomputacao.com.

ATIVIDADES 1. Construa uma página no seu portfólio Projeto de Vida com o seu Salão da Fama. Salão da Fama ou Hall da Fama são locais onde pessoas, individual ou coletivamente, são reconhecidas pela excelência ou sucesso em suas carreiras. 2. Decore sua página do Salão da Fama com troféus, medalhas, pódiuns e crie uma lista de nomes de pessoas que, para você, são profissionais de sucesso que o inspiram.

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Coloque sempre as características que o inspiram nessa pessoa e a razão pelas quais você a admira. Lembre-se de que esse exercício é para ajudá-lo a visualizar que também é capaz de alcançar seus sonhos e se tornar referência para outros jovens. Já citamos, ao longo desse, livro algumas histórias de vida como a de Nina Silva. Você colocaria alguma delas no seu Hall da Fama? Há outras pessoas que gostaria de colocar? Lembre-se de que você pode completá-lo sempre que conhecer uma nova história que o inspirar! O pedido “fale o nome de alguém que o inspira ou que você admira e o porquê” é comum em processos de seleção. Refletir e escrever no seu portfólio Projeto de Vida irão prepará-lo para esse momento!

No meu Hall da Fama tem o nome de:

Eu admiro essa pessoa porque ela é (características pessoais)

Eu admiro a história de vida dessa pessoa porque ela viveu, fez, experimentou, conquistou, superou (eventos externos):

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as informações do professor.

Roda de conversa • •

Como foi conhecer a história de Nina Silva e Rick Chesther? O que você sentiu, aprendeu, conheceu? Como você acha que seria a sua vida se você se permitisse acreditar que a área de tecnologia da informação pode ser uma opção para você? Inicie a elaboração do seu Hall da Fama com pelo menos 3 pessoas e, em grupos de quatro colegas, apresentem uns aos outros os seus Salões da Fama.

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 151


2. E depois do Ensino Médio? 1. A difícil escolha OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender sobre as trilhas de estudo no Brasil, desde o Ensino Infantil até a pós-graduação, suas características e algumas informações que ajudem o estudante a pensar sobre o melhor caminho a seguir.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida

HABILIDADES DA OMS »» Tomada de decisões »» Pensamento crítico »» Autoconhecimento

A difícil escolha No Brasil, até o final do Ensino Médio, os cursos são homogêneos em seu formato para todas as crianças e adolescentes. Assim, apenas neste momento, quando se termina o Ensino Médio, é que o estudante encara, pela primeira vez, a possibilidade de escolher e decidir como vai prosseguir seu desenvolvimento acadêmico. Essa escolha pode dar um “frio na barriga” por diversos motivos: pode ser a primeira grande escolha que o jovem vai fazer, são muitas opções e alternativas, as informações sobre cada uma delas não são sempre facilmente encontráveis, parece que isso vai definir todo o futuro daquele jovem, sua vida inteira. Ainda que possa realmente direcionar o estudante, é importante saber que nada é um caminho sem volta e não significa que, uma vez escolhida, não se pode optar por outra carreira no futuro. Na realidade, num mundo em tão constante e rápida transformação, provavelmente o profissional do futuro vai precisar se adaptar muitas vezes para se manter atualizado. Em resumo, a escolha é importante, sim, mas não se desespere! Pensar desta forma já vai tirar um pouco do peso das suas costas. A maior dica é pesquisar bastante sobre todas as suas opções e alternativas e tentar focar naquilo de que você gosta e que lhe faz bem. Uma frase atribuída ao pensador chinês Confúcio já dizia: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”.

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A trilha da educação no Brasil Para ajudá-lo a pensar nesta decisão, vamos explicar, rapidamente, quais são as trilhas da educação no Brasil, um pouco de suas características e quais os requisitos para se chegar lá. Confira este infográfico que criamos para facilitar sua escolha e, mais para frente, as explicações sobre cada um dos cursos: Educação no Brasil

Curso técnico A primeira alternativa são os cursos técnicos. Eles são de nível médio (não superior), com durações entre poucos meses e até 3 anos, são bastante práticos e voltados ao mercado de trabalho. Os cursos técnicos podem acontecer de três formas: » Integrado: é direcionado ao estudante que terminou o Ensino Fundamental e que, junto com o Ensino Médio, quer aprender uma profissão. Ou seja, o curso técnico já é o

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Ensino Médio e tem a mesma duração de três anos. »» Concomitante: nesta forma de ingresso, o estudante cursa as disciplinas de formação técnica enquanto faz o Ensino Médio em outra instituição. Pode ter duração de poucos meses até dois anos. »» Subsequente: é um curso destinado aos estudantes que já concluíram o Ensino Médio e sua duração pode ser de até dois anos, geralmente em módulos. O governo brasileiro tem investido bastante na formação de profissionais de nível técnico e um exemplo disto é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico em Emprego (Pronatec). O Pronatec oferece cursos gratuitos em escolas públicas federais, estaduais e municipais, nas unidades de ensino do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), em instituições privadas de ensino superior e de educação profissional técnica de nível médio.

Ensino Superior Outra opção para quem terminou o Ensino Médio ou por meio do Encceja (ver mais no boxe abaixo) é partir para o Ensino Superior, ou Graduação, e há três caminhos para isto: »» Bacharelado: com duração entre 4 e 6 anos, forma profissionais focados no mercado de trabalho, ou seja, que realizam o exercício da profissão que escolheram. »» Licenciatura: com duração também de 4 a 6 anos, o objetivo é formar profissionais que ensinem seu ofício, em particular nos Ensinos Fundamental e Médio (hoje, para dar aula no Ensino Superior, é necessário ter uma pós-graduação). »» Tecnologia: os cursos de graduação tecnológica são mais voltados para as demandas do mercado de trabalho e têm duração mais curta, de dois a três anos. Os estudantes que se formam são chamados de tecnólogos. Suas grandes vantagens são que duram menos tempo, em geral são mais baratos e permitem que os estudantes comecem a trabalhar mais rapidamente. Não há um que seja melhor do que o outro, mas um deles pode ser melhor do que o outro para você, para suas características, 154 | MÓDULO 3 | DIMENSÃO PROFISSIONAL


suas fortalezas e seu projeto de vida. Quando se fala em Ensino Superior, sempre se pensa em bacharelado (e até existe muito preconceito com as demais, principalmente em relação à graduação tecnológica), mas a licenciatura e a graduação tecnológica podem ser ótimos caminhos se encaixarem nos seus planos. O Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) é um exame realizado para pleitear certificação no nível de conclusão do Ensino Fundamental e Ensino Médio para aqueles que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos na idade apropriada. A participação é voluntária e gratuita, destinada aos jovens e adultos residentes no Brasil e no exterior, inclusive às pessoas privadas de liberdade.

Pós-Graduação Para os estudantes que optaram pelo Ensino Superior, em qualquer uma de suas três variedades (bacharelado, licenciatura ou tecnológico), após sua conclusão, é possível prosseguir na trilha acadêmica cursando uma pós-graduação. Há dois tipos: »» Stricto sensu: significa “em sentido limitado” e em geral é indicada para aqueles que seguirão carreira acadêmica, seja dando aulas ou atuando em projetos, pesquisas etc. Em geral, primeiro, em um mestrado de até 3 anos, obtém-se o grau acadêmico de mestre após a apresentação de uma dissertação. Depois, em um doutorado de até 5 anos, obtém-se o grau de doutor após a apresentação de uma tese, um trabalho acadêmico que traga contribuição inédita para o conhecimento. Após o doutorado, ainda existem os pós-doutorados, especializações que podem durar até 2 anos e vão complementando as titulações do estudante. »» Lato sensu: significa “em sentido amplo” e é mais voltado para aqueles que trabalham, seja para auxiliar na sua profissão, no seu emprego atual ou para buscar novas oportunidades, como reposicionamento no mercado de trabalho. Há cursos de aperfeiçoamento, com carga horária de pelo menos 180 horas, que são indicados para quem deseja otimizar algum aspecto específico de sua atuação, ou seja, são cursos práticos, voltados para técnicas que podem ser

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usadas no dia a dia. Há também os cursos de especialização, reconhecidos pelo MEC e que dão um título de especialista, que têm uma carga horária mínima de 360 horas e, no final, é obrigatória a apresentação de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Os famosos MBA (Master in Business Administration) são, em geral, cursos de especialização com foco em gestão e negócios.

Atividades 1. Divididos em quatro grupos, discutam, relacionem e apresentem para a turma as principais características de cada um dos quatro caminhos apresentados para dar continuidade à sua carreira acadêmica: cursos técnicos e os cursos superiores (bacharelado, licenciatura e tecnológico). Pensem em aspectos como: • Vantagens e desvantagens; • Maiores desafios (custo, distância, processo de ingresso etc.). 2. Aproveitem e listem os principais cursos de cada uma das modalidades para que isto vire um guia para a turma consultar enquanto toma suas decisões. Neste caso, pensem em aspectos como: • características principais; • perfil e vocação dos que deveriam fazer cada curso; • oferta de vagas e dificuldade de ingresso; • mercado de trabalho.

VOCÊ SABIA De acordo com o último Censo da Educação Superior (2018), das matrículas no Ensino Superior, 68% foram no bacharelado, 19% na licenciatura e 13% na graduação tecnológica. Os tecnológicos tiveram o maior crescimento, aumentando 9,9%. Em países com altas taxas de escolarização, como Alemanha, Estados

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Unidos e Coreia do Sul, 50% das matrículas se encontram em cursos superiores voltados para o mercado de trabalho e com uma duração menor, o que seria equivalente às graduações tecnológicas no Brasil.


Para saber mais »» Guia da carreira – www.guiadacarreira.com.br/carreira/ como-escolher-a-profissao/. »» Ranking das universidades – https://ruf.folha.uol.com.br/2019/ ranking-de-universidades/principal/. »» Cursos Tecnólogos – https://querobolsa.com.br/revista/ gestao-e-negocios-melhores-cursos-tecnologos. »» Cursos de licenciatura – https://querobolsa.com.br/revista/ os-melhores-cursos-de-licenciatura-do-pais-segundo-o-guia-da-faculdade.

Atividade •

Anote no seu portfólio Projeto de Vida os principais pontos que você estudou sobre as formas de prosseguir sua carreira acadêmica e quais são os pontos favoráveis e negativos de cada uma das alternativas. Liste também algumas alternativas de cursos, dentro das várias modalidades, que você acha serem sua opção no futuro e o porquê. Ao longo do tempo, vá sempre revisando esta lista a cada oportunidade em que tiver acesso a mais informações e, em algum momento, você terá tomado sua decisão.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa »» Você tinha conhecimento dessas diferentes formas de avançar em sua carreira acadêmica? »» Você reconhece, no seu círculo de conhecidos, família, amigos, vizinhos etc., pessoas que tenham passado por esses diferentes caminhos? Que tal conversar com elas e perguntar como foi?

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2. Mercado de trabalho OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender sobre a conquista de direitos das mulheres no Brasil e compreender, por meio de dados e pesquisas, as desigualdades ainda existentes entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 10: Responsabilidade e cidadania »» Competência específica LGG 5 »» EM13LGG503 Competência específica CHS 4 »» EM13CHS401

Igualdade de gênero no Brasil e na América Latina O Brasil ocupa a 130ª posição na lista de 153 países que analisa igualdade salarial entre mulheres e homens que desempenham trabalho semelhante, de acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 17/12/2019, que analisa a desigualdade de gênero. Além disso, o estudo mostra que o Brasil possui apenas 20% das empresas com mulheres em elevados cargos de gestão. No ranking geral do estudo de desigualdade de gênero, que considera outros fatores, como empoderamento político das mulheres, saúde, educação, o Brasil aparece na 92ª posição e na 22ª pior posição dentre os 25 países da América Latina, ficando à frente apenas dos países Paraguai, Belize e Guatemala. As mulheres representam 51,7% da população brasileira, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, PNAD 2018, e homens 48,3%. Vejamos mais alguns números da América Latina:

HABILIDADES DA OMS »» Resolução de problemas »» Pensamento crítico

Fonte: www.bbc.com/ portuguese/brasil-47490977.

No Brasil, de acordo com um estudo feito pela consultoria SpencerStuart, que compara a realidade das companhias

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brasileiras a empresas de outros 20 países, a participação das mulheres nos conselhos de administração de empresas não chega a 10%. O estudo analisou 187 empresas listadas em Bolsa.

Fonte: CEPAL, BBC.

Mesmo com um número expressivo de mulheres formadas em Direito, a porcentagem delas nos tribunais superiores de justiça ainda é muito baixa e no Brasil não mudou nos últimos 8 anos, de acordo com o relatório.

A luta por equidade de direitos das mulheres no Brasil O século XX foi importante para a conquista de alguns direitos das mulheres no Brasil. Antes as mulheres não podiam: • Tirar carteira de motorista sem a permissão do marido; • Divorciar-se – conquistaram a partir da década de 1970; • Ter conta em banco; • Ter acesso a crédito; • Receber herança.

O direito ao voto foi conquistado em 1932 no Brasil e, com a Constituição de 1988, houve equiparação total de direitos entre homens e mulheres. Um exemplo de legislação avançada recente sobre equidade de gênero no mercado de trabalho pode ser visto na Suécia, que em 2019, aprovou uma lei que multa empresas que tiverem desigualdade salarial entre homens e mulheres no mesmo cargo.

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Objetivo do Desenvolvimento Sustentável número 5 Igualdade de Gênero Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas A consultoria Catho realizou um estudo chamado “Profissionais da Catho” que afirma que as mulheres ganham menos do que os homens em todas as ocupações, o que piora nos cargos de maiores níveis hierárquicos.

Os sete princípios do empoderamento das mulheres A ONU Mulheres e o Pacto Global das Nações Unidas criaram sete princípios para o meio empresarial promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em todos os níveis. As empresas podem ser signatárias destes princípios e assumir publicamente que defendem e realizam ações práticas para alcançar a equidade de gênero em seu quadro de colaboradores. Os 7 princípios são: 1. LIDERANÇA: estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade entre gêneros; 2. IGUALDADE DE OPORTUNIDADE, INCLUSÃO E NÃO DISCRIMINAÇÃO: tratar todos os homens e as mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação; 3. SAÚDE, SEGURANÇA E FIM DA VIOLÊNCIA: assegurar a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras; 4. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO: promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional para as mulheres; 5. DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL E PRÁTICAS DA CADEIA DE FORNECEDORES: implementar o desenvolvimento empresarial e práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres; 6. LIDERANÇA COMUNITÁRIA E ENGAJAMENTO: promover a igualdade por meio de iniciativas comunitárias e de defesa; 7. ACOMPANHAMENTO, MEDIÇÃO E RESULTADO: medir e publicar relatórios dos progressos para alcançar a igualdade entre gêneros.

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Gênero, escolaridade e renda Estima-se que 12 trilhões de dólares podem ser adicionados ao PIB global até 2025, com a promoção da equidade para as mulheres (Relatório Mckinsey, 2015). No Brasil, desde 2015, o Instituto Ethos e o Movimento Mulher 360 desenvolveram uma série de indicadores para que as empresas possam mensurar, orientar e estimular a promoção da equidade de gênero e empoderamento feminino nas instituições. Esses indicadores fazem parte do estudo Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas. De acordo com o estudo, só alcançaremos equidade de gênero no ambiente de trabalho em 80 anos, e racial em 150 anos.

Mulheres já estudam mais do que os homens, mas ainda ganham menos De acordo com o IBGE, em relação aos estudos, 21,5% das mulheres na faixa dos 25 a 44 anos de idade tinham completado a graduação, contra 15,6% dos homens. Desagregando-se a população de 25 anos ou mais com Ensino Superior completo por cor ou raça, as mulheres brancas estão à frente, com 23,5%, seguidas pelos homens brancos, com 20,7%; bem abaixo estão as mulheres pretas ou pardas, com 10,4% e, por fim, os homens pretos ou pardos, com 7,0%. De acordo com um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em agosto de 2019, as mulheres na América Latina e Caribe recebem, por hora trabalhada, em média 17% menos do que os homens. No Brasil, a diferença é ainda maior: as brasileiras ganham em média 25% menos por hora trabalhada do que os brasileiros, tanto nos empregos formais quanto nos autônomos. Já de acordo com um estudo feito pelo IBGE, divulgado no dia internacional da mulher, 8 de março de 2019, as mulheres empregadas na faixa entre 25 e 49 anos recebiam R$ 2.050,00, enquanto os homens, no mesmo grupo, ganhavam R$ 2.579,00. Essa diferença tem diminuído nos últimos anos, porém a diferença ainda é acima da média da América Latina. Embora o Instituto Ethos faça uma pesquisa com as 500 maiores empresas do país, o IBGE, a OIT, a ONU, as grandes consultorias empresariais e o Fórum Econômico Mundial lancem relatórios todos os anos com dados claros, métodos e fontes transparentes, deixando evidente que a desigualdade de gênero com ênfase na diferença salarial entre homens e mulheres é realidade no Brasil.

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Mulheres trabalham mais nos afazeres da casa e em cuidados com os parentes O estudo Outras formas de trabalho 2018, publicado pelo IBGE em abril de 2019, afirma que as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais a afazeres ou cuidados com os parentes, enquanto os homens dedicam 10,9. Se somadas as horas da jornada de trabalho mais as tarefas domésticas e cuidado de pessoas, as mulheres trabalham 3,1 horas a mais que os homens, somando 53,3 horas semanais de trabalho, e os homens 50,2. Apesar da diferença, o trabalho doméstico dos homens vem melhorando nos últimos dois anos, de acordo com o estudo. Em relação a 2016, mais 11,1 milhões de homens passaram a participar também dos cuidados com a casa. Segundo a pesquisa, 92,2% era a taxa de afazeres domésticos das mulheres e 78,2% a dos homens em 2018, ou seja, uma diferença de 14 pontos percentuais. Em 2016, essa diferença era de 17,9, o que demonstra a mudança e maior participação dos homens em casa.

Barreiras da indústria na promoção das mulheres Há vários estudos que discutem quais são as principais barreiras que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho para alcançar cargos de liderança. Algumas delas são: »» Falta de referências: como há menos mulheres em cargos de liderança, faltam exemplos para chegar ao topo. Uma pesquisa da empresa mostra que o exemplo feminino é importante para incentivar a ascensão de mais mulheres a cargos de chefia. “Mulheres que possuem outras mulheres como chefes têm mais chances de avançar na carreira. Se eu sou uma analista, a chance de ser promovida a gerente sobe de 32% para 61% se a liderança é feminina”, explica. »» Autoconfiança: a educação de meninas é diferente da de meninos. As meninas ainda ganham brinquedos que reforçam o cuidado com a casa e com a família, enquanto os meninos ganham máquinas e carros. Esse e muitos outros incentivos que são feitos aos homens, e não para as mulheres, ao longo da vida e desde muito cedo se refletem no mercado de trabalho futuramente. Um estudo da empresa HP, feito em 2011 em um processo seletivo, concluiu que homens se candidatavam com 60% dos

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requisitos para a vaga, enquanto mulheres se candidatavam com 100% dos requisitos. E outros estudos mostram que mulheres pedem menos aumento e promoções do que os homens. »» Dificuldade em balancear a vida pessoal e profissional: quando as mulheres chegam à idade de ter filhos, muitas enfrentam uma difícil escolha para conciliar a vida profissional e os cuidados com as crianças, saindo do mercado de trabalho nesse período. Além disso, lideranças ainda preferem contratar homens para não correr o risco de terem as mulheres da sua equipe afastadas na licença-maternidade. Na contramão dessa barreira, empresas como a Natura dobraram a licença-paternidade de 20 dias, prazo previsto no novo Marco Legal da Primeira Infância, para 40 dias. E aderiu ao programa Empresa Cidadã, no qual as empresas concedem licença-maternidade de 6 meses para as mulheres. As empresas ganham incentivos fiscais ao aderirem às licenças estendidas. Elas podem deduzir de impostos federais a remuneração integral do empregado afastado. A resistência à liderança feminina é outra barreira apontada pelos estudos.

Atividade 1. Pesquise com seus colegas como nasceu o Dia Internacional da Mulher. Por que é comemorado no dia 8 de março? 2. Dividam-se em grupos e estudem as histórias de vida das seguintes mulheres: Cleópatra, Marie Curie, Alice GuyBlaché, Amelia Earhart, Frida Kahlo e Marta por meio dos vídeos do canal no YouTube “O álbum das mulheres incríveis”, por Natalia Milano. 3. Organizem uma aula de apresentações para toda a turma, envolvendo todos os grupos, contendo: • A história do dia 8 de março; • Histórias de mulheres incríveis; • A desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho no Brasil; • O que tem sido feito para acelerar o processo de igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho?

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VOCÊ SABIA Uma pesquisa realizada pela agência Énóis Inteligência Jovem, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog e o Instituto Patrícia Galvão, revelou que 39% das jovens mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de preconceito na escola ou faculdade relacionado ao seu gênero. “Dentro de salas, quadras e laboratórios, não pode haver coisas de menino ou de menina. E, quando surgirem conflitos relacionados a gênero, o assunto deve ser abordado de forma clara, para que sejam convertidos em aprendizado”, conclui o estudo. Há diversas iniciativas abordando o tema da equidade de gênero. Algumas dela são: Portal Meninas Líderes – www.meninaslideres.org.br A organização sem fins lucrativos Plan International criou o Portal Meninas Líderes, em que as meninas podem criar seu perfil, dar palpites sobre o que quer saber mais, pedir ajuda, bater papo com outras meninas líderes, turbinar conhecimentos, ser líder por um dia em um espaço político e descobrir referências culturais. O portal divulga ainda uma lista de 11 meninas que mudaram o mundo. ONU Mulheres – www.onumulheres.org.br Criada em 2010 para unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres. Segue o legado de duas décadas do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) em defesa dos direitos humanos das mulheres, especialmente

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pelo apoio a articulações e movimentos de mulheres e feministas, entre elas mulheres negras, indígenas, jovens, trabalhadoras domésticas e trabalhadoras rurais. São seis áreas prioritárias de atuação: »» Liderança e participação política das mulheres »» Empoderamento econômico »» Fim da violência contra mulheres e meninas »» Paz e segurança e emergências humanitárias »» Governança e planejamento »» Normas globais e regionais A ONU mulheres tem sede em Nova York, nos Estados Unidos. Possui escritórios regionais e em países da África, Américas, Ásia e Europa. Nas Américas e Caribe, o escritório regional está situado no Panamá. No Brasil, o escritório opera em Brasília. Escola ELAS de Liderança Feminina – www.programaelas.com.br A escola ELAS é a primeira escola de liderança e desenvolvimento feminino do Brasil. Oferece workshops gratuitos de duas horas sobre autoconfiança e influência e cursos mais aprofundados para quem está no mercado de trabalho e quer crescer. Movimento Mulher 360 – www.movimentomulher360.com.br É o movimento empresarial pelo desenvolvimento econômico da mulher. Possui uma rede de grandes empresas associadas que discutem e implementam ações pela equidade de gênero.


PARA SABER MAIS »» Site do portal Meninas Líderes criado pela organização Plan International com a lista de 11 meninas que mudaram o mundo – https://meninaslideres.org.br/app/fala-menina/54. »» Documentário: Precisamos falar com os homens – uma jornada pela igualdade de gêneros – www.youtube.com/watch?v=SSUlT39fMVY »» Documentário: O silêncio dos homens – https://youtu.be/NRom49UVXCE. »» A Think Olga é uma organização não governamental de inovação social com foco em criar impacto positivo na vida das mulheres do Brasil e do mundo por meio da comunicação – www.thinkolga.com. »» https://economia.estadao.com.br/noticias/geral-ibge-mulheres-trabalham-quase-o-dobro-de-horasque-homens-nos-cuidados-da-casa-e-parentes.70002805268 »» Filme: Malala – Este documentário conta a história de vida de Malala Yousafzai, jovem paquistanesa atacada pelo Talibã por falar sobre a educação das mulheres e suas consequências, incluindo seu discurso na ONU.

Momento de reflexão Consulte a página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • Como o assunto deste capítulo se relaciona com a sua vida hoje? • Como você se sente ao tratar desse assunto? • De que maneiras você acredita que o tema da igualdade de gênero no mercado de trabalho pode afetar a sua vida profissional? Como você pretende lidar com isso?

Atividade 1. Liste mulheres adultas que você conhece e admira. Pergunte a elas e anote as respostas em seu portfólio Projeto

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de Vida: como foi balancear a vida profissional e pessoal? 2. Faça uma pesquisa em empresas a que você tem acesso com as seguintes perguntas: • Quantos homens e quantas mulheres trabalham na empresa? • Quais são os cargos que as mulheres ocupam e quais são os dos homens? • O que a alta liderança desta empresa pensa sobre mulheres em cargos de chefia?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender sobre empreendedorismo no Brasil e também alguns dados, informações e dicas que podem auxiliar no momento de decidir entre buscar um emprego ou empreender.

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3. Ter um emprego ou empreender? Empreendedorismo no Brasil O relatório GEM – Global Entrepreneurship Monitor 2018, em uma pesquisa com 2.000 entrevistados, apontou, mais uma vez, que o brasileiro tem vocação para empreender, sendo o 10º país com a maior taxa de empreendedores em estágio inicial dos 49 países pesquisados. Em relação à faixa etária, mostrou também que os jovens entre 18 e 35 anos representam 50,5% dos empreendedores iniciais no país e, em particular, a faixa entre 18 e 24 anos foi a que mais cresceu, indo de 18,9% para 22,2%. Nesse mesmo relatório, ao indagar sobre o sonho de cada um, o de “ter o próprio negócio” passou de 18% a 33% e é o 4º sonho do brasileiro. Já “fazer carreira numa empresa” foi de 17% a 19% e é o 8º sonho do brasileiro. Como referência, os três primeiros são “comprar a casa própria” (49%), “viajar pelo Brasil” (45%) e “comprar um carro” (34%).

Abrir ou não um negócio Apesar de estar crescendo no Brasil, o empreendedorismo jovem ainda apresenta uma série de desafios, e abrir ou não um negócio pode ser uma decisão bastante difícil. Todo ano um estudo chamado Juventude e Conexões é feito por uma Instituição junto ao IBOPE no qual é possível conhecer muitos dados e informações interessantes.

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Consultados os jovens entre 15 e 29 anos, eles apontaram as principais razões para se abrir um negócio em suas opiniões. Os dois principais, empatados na última versão, foram ampliar a renda individual e colocar em prática os sonhos.

Fonte: Juventude e conexões. Fundação Telefônica Vivo; Rede Conhecimento Social; IBOPE Inteligência. São Paulo: Fundação Telefônica Vivo, 2019.

Os mesmos jovens apontaram também razões para não abrir um negócio; os dois principais são falta de recursos financeiros para investir e falta de conhecimento/habilidade para gerir um negócio/não estar preparado/necessidade de estudar mais.

Fonte: Juventude e Conexões. Fundação Telefônica Vivo; Rede Conhecimento Social; IBOPE Inteligência. São Paulo: Fundação Telefônica Vivo, 2019.

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Quando indagados a respeito do que significaria alcançar sucesso com um empreendimento, 60% dos entrevistados concordaram que sucesso é ter um negócio de impacto, que traz benefícios pessoais e para a sociedade, enquanto para 56% trata-se de obter um bom lucro.

Ter um emprego ou empreender? Tomar a decisão entre buscar um emprego ou empreender, quando não é feita por absoluta necessidade (ver boxe abaixo), é realmente muito difícil, pois muitos fatores precisam ser levados em consideração. Se, por um lado, a escolha pelo empreendedorismo abre caminho para um retorno financeiro maior do que uma carreira profissional, além da autonomia e superação de desafios envolvidos diariamente, também é recheada de dificuldades. Fora a questão da instabilidade financeira, que é extremamente relevante, o empreendedor precisa lidar diariamente com a possibilidade de fracasso, ouvir repetidos “nãos” de clientes, sofrer pressão de familiares, ser responsável direto pela qualidade de vida de funcionários e mais uma lista considerável de outros riscos envolvidos. Ainda que a decisão seja difícil, segue uma pequena lista de dicas ou pontos de atenção para quando chegar o seu momento de escolher. Quando se fala em empreendedorismo, é importante destacar que nem todo mundo se lança na criação de um novo negócio por um sonho. Há muitos empreendedores no Brasil que criam alternativas de geração de renda por necessidade, ou seja, por não conseguirem empregos dignos. Empreendedor por oportunidade O empreendedor por oportunidade cria um negócio porque identifica uma oportunidade de mercado e decide empreender. É alguém que tem a possibilidade de escolher entre ser empregado ou empreender, mas escolhe começar um novo negócio. Esse

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empreendedor vê nesta oportunidade as chances de aumentar sua renda, realizar um sonho ou alcançar independência profissional. Empreendedor por necessidade Já o empreendedor por necessidade é aquele que decide investir em um negócio próprio porque está sem alternativas para sobreviver. Pode ser também aquele profissional que ficou longe do mercado de trabalho por muitos anos e está com dificuldades para conseguir uma recolocação no mercado. O empreendedorismo por necessidade é uma forma de gerar renda e superar os problemas financeiros.


Empreender não é para todos Assim que você começar a empreender, saiba que existe um risco grande. Se nas grandes empresas o seu medo é ser demitido, no empreendedorismo também é possível passar por algo traumático assim: perder todos os clientes. Ou fazer uma má gestão financeira e falir. As coisas podem dar errado. Empreender pode ser muito mais arriscado do que ser um empregado. Muito mais demandante também. Para empreender, você precisa estar no auge físico (para aguentar as noites inteiras que você terá que trabalhar) e no auge mental (para suportar toda a pressão do mercado). É necessário ter perfil de empreendedor e estar sempre antenado às tendências para não ser engolido pela concorrência.

Empreender é a chance de ter algo recompensador Empreender é dar a chance de ter algo extremamente recompensador na sua vida. Sua empresa é uma espécie de filho que, quando estiver gerando vendas e crescendo, vai lhe dar muito orgulho. Trabalhar para si mesmo, como empreendedor, é muito mais empolgante para a maioria das pessoas do que se sentar em um escritório de uma grande empresa. É também importante ressaltar que empreendedores criam empregos e fazem a economia crescer. Saber que você está fazendo bem para tantas pessoas envolvidas no seu negócio certamente é uma motivação muito grande. Empreender não é apenas benéfico para você, é bom para toda a sociedade brasileira.

Autoconhecimento é necessário O autoconhecimento é fundamental para que possamos fazer escolhas mais assertivas, lembrando que não há escolhas certas ou erradas. Somente assim, tomamos contato com qualidades e defeitos para encontrar onde nos encaixamos melhor. Nesse processo, é válido fazer um teste vocacional ou falar com seus pais, psicólogos, professores etc., sobre o que deseja realizar para sua vida. Também poder falar com outros empreendedores e funcionários de empresas de diferentes portes e startups sobre o que eles fizeram e como eles se sentem.

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Atividade Divididos em grupos, pensem num negócio que vocês poderiam criar. Pode ser pequeno (como vender bolos ou salgados) ou grande. Pode ser tradicional ou social, um que pudesse, por exemplo, ajudar a resolver algum problema de sua comunidade. Discutam alguns pontos como: • Qual a ideia de produto ou serviço a oferecer? Por quê? Qual a oportunidade visualizada? Qual o tamanho do mercado? • Quem pode tocar cada parte do negócio (produção, marketing, vendas, finanças etc.)? Quais as habilidades e competências necessárias para cada uma das funções? • Quanto precisa de investimento para começar esse negócio? E para mantê-lo por alguns meses (o famoso capital de giro)? • Quais os maiores fatores de risco do negócio? O que pode ser feito para mitigar ou reduzir esses riscos?

VOCÊ SABIA De acordo com a definição do Sebrae, os objetivos de um negócio social são causar um impacto positivo em uma comunidade, ampliar as perspectivas de pessoas marginalizadas pela sociedade e gerar renda compartilhada e autonomia financeira para indivíduos de classe baixa. De maneira mais simplificada, são soluções de negócios para problemas socioambientais. As principais características de um negócio social são: »» Há comprometimento do empreendedor e de sua equipe em melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda ao vender um produto ou serviço que contribui para isso;

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Esse produto ou serviço principal é capaz de sustentar financeiramente a empresa, de forma que ela não dependa de doações ou captação de recursos para suas operações; »» Apresenta inovação no modelo de negócio; »» Tem potencial de alcançar escala e opera de maneira eficiente. Os negócios de impacto social têm movimentado cerca de US$ 60 bilhões no mundo e registrado um aumento aproximado de 7% ao ano, segundo levantamento da Ande Brasil (Aspen Network of Development Entrepreneurs), uma rede de empreendedores de países em desenvolvimento.


Ainda, de acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), foram alocados US$ 1,3 bilhão em investimentos de impacto na América Latina em 2014 e 2015 e o Brasil foi o segundo mercado da região. Crescendo principalmente entre jovens que começam a olhar para a base da pirâmide como uma oportunidade para atender também um anseio de contribuir para uma causa, os negócios sociais são uma

possibilidade de, com um modelo de gestão tradicional e sustentável, gerar ao mesmo tempo impacto para a sociedade. Esse mercado está crescendo muito e, no seu processo de escolha e decisão quanto à sua carreira profissional, vale a pena pesquisar e se aprofundar no assunto. Afinal, quem sabe não está no seu sangue a vocação de ser um empreendedor de sucesso e ainda trazer soluções inovadoras para resolver os problemas sociais do Brasil?

PARA SABER MAIS »» Global Entrepreneurship Monitor – https://datasebrae.com.br/wp-content/uploads/2019/02/GEM2018-Apresenta%C3%A7%C3%A3o-SEBRAE-Final-slide.pdf. »» Pesquisa Juventudes e Conexões – http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/ juventudes-e-conexoes-3edicao-completa.pdf. »» Negócios sociais – www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/negocios-sociais-na-praticaconheca-algumasiniciativas,9172ebb38b5f2410VgnVCM100000b272010aRCRD. »» Site da Aliança Empreendedora, organização que apoia empresas, organizações sociais e governos a desenvolver modelos de negócios inclusivos e projetos de apoio a microempreendedores que atuam em comunidades de baixa renda – www.aliancaempreendedora.org.br. »» Site da Junior Achievement, uma das maiores organizações sociais incentivadoras de jovens do mundo. Estimula e desenvolve estudantes para o mercado de trabalho por meio do método “aprender fazendo” para o empreendedorismo e preparação para o mercado de trabalho – www. jabrasil.org.br.

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • Você já tinha pensado em empreender? E agora, depois de estudar este capítulo e realizar a atividade de montar um negócio? • Como você se sente em relação a empreender? Acha que tem vocação para isso?

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 171


Atividade 1. No seu portfólio, registre o negócio em que vocês pensaram ao longo da atividade do capítulo e, em particular, como você se sentiu participando desse exercício. Comece, desta forma, a colher dados e informações sobre você mesmo para, em algum momento, decidir se o melhor será conseguir um emprego em uma empresa ou empreender. 2. Registre, por exemplo, quais são suas habilidades e fortalezas para ser um empreendedor e quais são os fatores em que você precisaria melhorar ou que precisaria estudar mais. 3. Por fim, converse com pessoas que você conhece que trabalhem em empresas ou que sejam empreendedores, e registre também sua impressão sobre suas histórias e como eles se sentem em relação às suas escolhas.

4. Profissões do futuro profissões OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender sobre as profissões que estão sendo previstas como as mais demandadas no futuro.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Pensamento criativo »» Pensamento crítico

Uma outra pesquisa, feita em janeiro de 2020, indica as quinze profissões em alta em 2020. Treze das quinze profissões indicadas estão ligadas aos setores de tecnologia da informação e internet, com o gestor de redes sociais ocupando a primeira posição do ranking. 1. Gestor de mídias sociais: lidera a equipe de mídias sociais de uma empresa. Planeja a estratégia de conteúdo, monitora acesso e interação dos usuários com a empresa e avalia dados coletados nas redes sociais. Precisa ter conhecimento em marketing digital, redes sociais, Adobe Photoshop e Illustrator. Os setores que contratam são publicidade e marketing e mídias on-line. 2. Engenheiro de cibersegurança: segurança cibernética é o que garante a proteção contra invasões de hackers. O(a) engenheiro(a) de cibersegurança cria mecanismos e sistemas para garantir a segurança dos dados da empresa. Precisa ter conhecimento em Docker Products, Ansible DevOps, Amazon Web Services, AWS e Kubernetes.

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3. Representante de vendas: como o nome já diz, atua na área de vendas da empresa. Responsável pela comunicação frequente com o cliente. De acordo com o LinkedIn, precisa ter conhecimento em prospecção, pré-vendas, vendas internas, outbond marketing e inbound marketing (estratégia externa tradicional de marketing e estratégia de conteúdo de marketing digital para atrair consumidores, respectivamente). 4. Especialista em sucesso do cliente: responsável por garantir que a relação entre a empresa e seu cliente final gere os resultados que o consumidor espera. Conhecimentos exigidos em relações com o cliente, marketing digital e experiência do cliente. Setores de TI e de desenvolvedores de software são os que mais devem ter demanda para esse profissional. 5. Cientista de dados: são especialistas analíticos que possuem grande conhecimento em matemática e programação e são bons observadores para analisar e entender tendências. É o profissional que irá analisar o big data da empresa. Big data é a área de conhecimento que estuda como tratar, analisar e obter informações a partir de conjuntos de dados grandes demais para serem analisados por sistemas tradicionais. A análise de big data pode ajudar a definir estratégias de marketing, aumentar a produtividade e reduzir custos. Precisa ter conhecimento de linguagem Python, linguagem R e ciência de dados. Áreas de TI, serviços de internet, bancos e desenvolvedores de software têm forte demanda por esse profissional. 6. Engenheiro de dados: cientistas de dados analisam os dados e engenheiros de dados são responsáveis pela construção da infraestrutura de dados, ou seja, construção e manutenção de sistemas de armazenamento e processamento de dados. Precisa ter conhecimento em Apache Spark, Apache Hadoop, grandes bancos de dados, Apache Hive e linguagem Python. 7. Especialista em Inteligência Artificial: é responsável por desenvolver e pesquisar novos algoritmos para criar sistemas inteligentes por meio da programação. Precisa ter conhecimento sobre machine learning (campo de estudo que dá aos computadores a habilidade de aprender sem serem explicitamente programados, por meio do reconhecimento

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 173


PARA SABER MAIS

Sergey Nivens/ Shutterstock

»» O Draft é um projeto editorial dedicado a cobrir a expansão da inovação disruptiva no Brasil. Uma plataforma de conteúdo, serviços e eventos montada para fazer a crônica da Nova Economia, da Cultura Maker, dos novos empreendedores brasileiros – www. projetodraft.com. »» 21 profissões do futuro para se conhecer hoje: compilado feito no Guia do Estudante com base no relatório do Center for the Future of Work (Centro para o Futuro do Trabalho) – https:// guiadoestudante.abril. com.br/carreiras/21possiveis-profissoesdo-futuro-paraconhecer-hoje/?utm_ source=email.

de padrões), deep learning, linguagem Python, ciência de dados e inteligência artificial. 8. Desenvolvedor em JavaScript: responsável por programar e implementar sistemas em JavaScript, uma das três principais tecnologias do mundo da Internet. 9. Investidor Day Trader: é o profissional que compra e vende ações no mesmo pregão, ou seja, no mesmo dia, para lucrar de forma rápida na variação do preço. Precisa ter familiarização com a Bolsa de Valores, análise técnica, investimentos, mercado de capitais e investimento de curto prazo. Observação: hoje em dia, existem várias plataformas de investimento em fundos e ações on-line que investidores pequenos podem usar. Antigamente uma pessoa que quisesse investir dependia dos bancos para realizar esse tipo de investimento, além disso, apenas investidores com muito capital conseguiam fazer esse tipo de investimento. Quem quiser se especializar nessa área pode buscar cursos de administração de empresas, economia e engenharia. 10. Motorista: essencial para a logística de qualquer empresa, é responsável pela entrega e por trazer mais agilidade para a operação. Precisa ter conhecimento de serviço ao cliente, Microsoft Word, Excel, liderança e vendas. Setores de vendas on-line, transportes terrestres e ferroviários e serviços de facilidades ao cliente são os que mais devem contratar. As outras cinco profissões em alta de acordo com o estudo são: consultor de investimentos, assistente de mídias sociais, desenvolvedor de plataforma de Salesforce, recrutador especialista em tecnologia da informação e coach de metodologia agile (metodologia para simplificar e agilizar processos de desenvolvimento de produtos, softwares ou serviços). Estudo “Profissões emergentes”, feito pelo LinkedIn em 2020 (adaptado).

Tecnologia, automação, criatividade, resolução de problemas: novas habilidades e conhecimentos serão necessários para as profissões do futuro.

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Atividade Diversos estudos indicam que a maioria das profissões que as crianças de hoje terão no futuro ainda não existe, por causa da revolução tecnológica.

E é consenso em boa parte dos estudos pesquisados para este livro que, dentre as aptidões esperadas para quem for integrar o mercado de trabalho nas próximas décadas, o conhecimento sobre tecnologias digitais e a habilidade de estar sempre aprendendo são dois pré-requisitos para quem quiser ter sucesso, uma vez que as mudanças acontecerão cada vez mais rapidamente. Fonte: Estudo Projetando 2030: uma visão dividida do futuro encomendado pela Dell Technologies ao IFTF (Institute For The Future).

Com isso em mente: 1. Imagine, dentro das suas metas e sonhos profissionais já construídos no capítulo Esferas da vida, como é possível relacioná-los com diferentes áreas da tecnologia, apresentadas neste capítulo? 2. Como você pode incluir a habilidade de continuar aprendendo ao longo do seu percurso de vida? O que gostaria de aprender, mesmo depois de começar a trabalhar?

Momento de reflexão Consulte a tabela da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • Como você acredita que estará o Brasil em 2030? • Como será o mercado de trabalho para jovens como você? • Que aspectos da mudança tecnológica foram positivos para você e para a sociedade? • Que aspectos da tecnologia não foram positivos para você e para a sociedade?

CAPÍTULO

1 | EQUILÍBRIO E CONQUISTAS | 175


3. Finalizando o projeto de vida OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender conceitos básicos de planejamento financeiro, sua importância e seu impacto na vida e algumas dicas e ferramentas para começar cedo a se organizar financeiramente.

COMPETÊNCIAS GERAIS BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida

HABILIDADES DA OMS »» Tomada de decisões »» Resolução de problemas »» Pensamento crítico

1. C oMeçar cedo é o melhor planejamento financeiro Não gastar mais do que se ganha parece a dica mais simples do mundo, não é? No entanto, de acordo com o SPC – Serviço de Proteção ao Crédito, 46% dos brasileiros com idade entre 25 e 29 anos têm dívidas em atraso e estão inadimplentes. E, entre os com idade entre 18 e 24 anos, são 19%. Juntos, representam 12,5 milhões de pessoas. Isto acontece porque pouco se ensina planejamento financeiro aos jovens e, assim, quando eles começam a ter sua renda, com seus primeiros estágios ou empregos, não estão preparados e não têm conhecimento ou disciplina para administrar a vida financeira. Por isso, é importante desde cedo começar a aprender, pelo menos, os conceitos mais básicos sobre gestão financeira e colocar em prática algumas dicas.

Avalie sua situação atual Para começar, é bom entender seu ponto de partida. Se você realiza alguma atividade, ganha algum dinheiro esporádico ou realiza algum estágio.

OrganizE as contas Aprender a organizar contas numa planilha ou usando uma das diversas ferramentas gratuitas hoje disponíveis na internet é importante para nos ajudar a analisar melhor, por exemplo, como

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estamos gastando o dinheiro. Podem ser moradia, alimentação, transporte, estudo, saúde, lazer etc. Há alguns conceitos básicos que você deve aprender. De forma corriqueira, receita é aquilo que você ganha, que pode ser seu salário, se você for empregado de uma empresa, pode ser a distribuição de lucros ou o pró-labore, se você for um empreendedor ou sócio de empresa, ou uma receita financeira de alguma aplicação que você tem etc. Já a despesa é aquilo que você gasta no dia a dia, o aluguel de sua casa, as contas de água, luz, telefone fixo e celular, a mensalidade de sua escola ou de seus filhos, o supermercado, a farmácia, a gasolina do carro ou as passagens de transporte público, as idas a lanchonetes ou restaurantes, o cinema, as viagens etc. Além das despesas e das receitas, você pode colocar na sua planilha seu saldo em conta, suas aplicações financeiras e outros bens principais que você possa ter (carro, casa, por exemplo) e, por outro lado, suas dívidas, que podem ser cheque especial, cartão de crédito, empréstimos de bancos, de amigos ou de familiares etc.

Fazer um bom planejamento ajuda a prever receita, despesas e a planejar metas.

Planeje seus gastos e faça um orçamento

SARAVOOT LENG-IAM/ Shutterstock

Mantenha um controle do que você tem de gasto no mês, podendo ser o do bilhete de condução ou a recarga do seu celular, por exemplo. Faça anotações, guarde os recibos e monitore seus gastos. Depois, avaliando seus gastos usuais, já divididos em algumas categorias, monte uma previsão para os próximos meses, indicando quanto pretende gastar com cada item.

CAPÍTULO

3 | FINALIZANDO O PROJETO DE VIDA | 177


Analise seus hábitos de consumo O consumo, de modo geral, é um hábito que criamos e, portanto, é algo que podemos mudar se for preciso. Avalie se você precisa mesmo comprar alguma coisa, uma roupa mais cara ou um aparelho de celular. Optar por diminuir as refeições fora de casa, perto da escola ou do serviço, e levar comida de casa pode gerar uma grande economia. Verificar se o uso diário do carro não pode ser trocado pelo transporte público ou caronas solidárias também. E você pode procurar diversas opções de lazer gratuitas, como teatros, cinemas, museus, praças e parques. Nada disso significa que você não pode se divertir ou comprar coisas legais que queira, mas crie um hábito de consumo compatível com seu orçamento.

escolha para construir um mundo melhor. O consumo consciente é uma questão de hábito: pequenas mudanças em nosso dia a dia têm grande impacto no futuro. Assim, o consumo consciente é uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. shopplaywood/ Shutterstock

Todo consumo causa impacto (positivo ou negativo) na economia, nas relações sociais, na natureza e em você mesmo. Consumo consciente é feito com o entendimento sobre o seu impacto e voltado à sustentabilidade. Ao ter consciência desses impactos na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de

Fonte: Ministério do Meio Ambiente.Disponível em: www.mma.gov.br/. Acesso em: 27 fev. 2020.

Defina metas Sabendo como está sua situação financeira, fica mais fácil planejar o futuro. Além disso, criar metas vai lhe dar motivação para ser mais disciplinado e se esforçar em seguir seu planejamento e orçamento. Suas metas podem ser juntar dinheiro para ir a um show, para uma viagem, comprar um tênis novo, fazer um curso ou, simplesmente, começar a guardar dinheiro. Após definir suas metas, pense também nas ações e estratégias que vão ajudá-lo a atingi-las; outra dica é separá-las entre metas de curto, médio e longo prazo.

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Tenha disciplina e autocontrole A disciplina e o autocontrole são seus aliados para manter o que você planejou e atingir suas metas. Por meio delas, você vai conseguir se distanciar dos hábitos desnecessários, respeitar seu orçamento e manter seu bem-estar financeiro.

Invista no seu crescimento Apostar em educação e em capacitação que vão aumentar suas chances de sucesso no mercado de trabalho não são um custo, mas um investimento na sua carreira. O que se espera é que, investindo nisso, seus rendimentos aumentem e o investimento seja rapidamente recuperado. O Tesouro Direto (www.tesourodireto.com.br) é um programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3, nossa bolsa de valores, para a venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% on-line. Lançado em 2002, o programa surgiu com o objetivo de democratizar o acesso aos títulos públicos, permitindo aplicações a partir de R$ 30,00. Além de acessível e de apresentar muitas opções de investimento, o Tesouro Direto oferece boa rentabilidade e liquidez diária com aplicações de baixo risco.

ATIVIDADES 1. Divididos em grupos, pensem e discutam algumas mudanças de hábitos de consumo que sejam mais conscientes. Fiquem atentos, principalmente, aos impactos que foram gerados ou que serão gerados por conta de suas escolhas. Questionem: • Aquilo precisa realmente ser consumido? • Quem produziu se preocupa com o meio ambiente e toma medidas de proteção? Quanto de poluição foi gerado para produzir? E de emissão de gás carbônico, por exemplo? • Pensa nos seus funcionários? Paga de forma justa e os trata adequadamente? • Quem produziu é uma grande empresa, nacional ou estrangeira? Ou é um pequeno produtor, uma simples comunidade, e minha opção por este produto pode também fomentar o desenvolvimento deles ou da comunidade?

CAPÍTULO

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A pessoa ou empresa de quem estou comprando tem as mesmas preocupações? Paga corretamente seus impostos, que deverão ser revertidos em benefícios para a sociedade? • Após o consumo, vai sobrar algum resíduo a ser jogado fora? Descartá-lo vai gerar muita poluição? 2. Chegou a hora de começar seu planejamento financeiro. No seu portfólio Projeto de Vida, comece definindo e anotando algumas metas de curto, médio e longo prazo para seu planejamento financeiro. 3. A partir delas, pense em uma estratégia e algumas ações que pretende tomar para atingir todas as metas que você definiu. Curto prazo

Médio prazo

Longo prazo

META

VOCÊ SABIA O PODER DOS JUROS COMPOSTOS, PARA O BEM OU PARA O MAL Herança da época da hiperinflação, mais ou menos entre 1980 e 1994, o Brasil é hoje um dos poucos países do mundo em que se usam os juros compostos e não os juros simples. Sabe a diferença? Vamos usar um exemplo simples. Imagine que você aplicou R$ 1.000,00 a 10% ao ano. Ao final do primeiro ano, você terá R$ 1.100,00, certo? Nos juros simples, -no final do segundo ano, você terá mais R$ 100,00 (os 10% dos juros sobre o que aplicou) de juros, ou seja, R$ 1.200,00. Nos juros compostos, no final do segundo ano, os juros do segundo ano serão 10% sobre o saldo que você tinha no final do primeiro ano, ou seja R$ 110,00, e seu saldo final será de R$ 1.210,00. Pode parecer pouco, mas, passados vários períodos, a diferença pode ser significante, para o bem ou para o mal. Se você estiver

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aplicando dinheiro, terá um rendimento mais alto do que com juros simples. Já se estiver devendo para um banco, por exemplo, no cheque especial ou no cartão de crédito, sua dívida também crescerá mais e ficará cada dia mais difícil pagar. Isto dito, do lado do mal, reforce a ideia de que se endividar é ruim. Do lado do bem, comece a poupar cedo, ainda que pequenos valores, e o resultado pode ser surpreendente. Tempo é o segredo. Vamos ver um exemplo. Imagine que você consegue poupar R$ 100,00 todo mês e investir a uma taxa de 0,50% ao mês. Ao final de 5 anos (60 meses), você terá investido R$ 6.000,00, certo? E sua aplicação valerá R$ 6.977,00. Em 10 anos, R$ 16.387,93. Em 20 anos, R$ 46.204,09. E, em 30 anos, após aplicar nominalmente R$ 36.000,00 em 360 meses, seu investimento valerá R$ 100.451,50!


Momento de reflexão Consulte a página 191 e as informações do professor.

Roda de conversa • •

Você faz algum planejamento financeiro e tem suas finanças organizadas? Já tem renda própria, fruto de seu trabalho ou recebe uma verba ou mesada para bancar suas pequenas despesas, como transporte, lanches etc.? Como você se organiza para não acabar tudo antes de terminar o mês? Daria para fazer algo diferente e até permitir que você, seus pais ou quem o ajuda economize um pouco?

2. Elaborando o currículo

CAPÍTULO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender como elaborar um currículo.

COMPETÊNCIA GERAL DA BNCC »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Pensamento criativo

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ProStockStudio/ Shutterstock

Currículo é o documento que resume as principais informações para alguém que está procurando um emprego. Ele é o primeiro passo no sentido de iniciar um processo seletivo para uma vaga de trabalho ou emprego. Além disso, pensando no processo inverso, ele pode ser uma boa avaliação pessoal e um diagnóstico objetivo de onde você está e o que falta para poder se tornar mais competitivo e disputar aquelas vagas que deseja no seu futuro. Após fazer esta avaliação, crie um plano para preencher as lacunas, fazendo cursos, por exemplo. De acordo com as consultorias especializadas em recrutamento e seleção, um currículo precisa ser objetivo, com diagramação organizada e fácil de ler, sem erros de português e com informações completas o suficiente para se conhecer o perfil do profissional.


VOCÊ SABIA A palavra currículo tem origem em curriculum vitae, que quer dizer trajetória de vida. Pesquisas indicam que o primeiro currículo foi elaborado em 1482 por Leonardo da Vinci. Naquela época, o currículo era como uma carta de apresentação e foi se modificando até chegar ao formato que tem hoje.

ATIVIDADE Redija seu currículo e, em duplas, façam a revisão de acordo com os pontos mencionados neste capítulo.

NOME COMPLETO Telefone

xxxxxx@xxxxx.com

Idade Bairro

Cidade

OBJETIVO XXXXXXXX

RESUMO DAS QUALIFICAÇÕES »» Ótima capacidade de relacionamento pessoal »» Excelente habilidade de comunicação »» Conhecimento em ferramentas como (acrescentar seu domínio de ferramentas de tecnologia) »» Flexibilidade e bom humor para atender a públicos diferentes »» Domínio de escrita para públicos diferentes »» Inglês intermediário

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL EMPRESA – jan. 2018/mar. 2019 Cargo »» Atuei em _____________________ por __________ meses consecutivos. »» Participei ativamente de __________.

FORMAÇÃO ACADÊMICA 2012 – 2020 NOME DA INSTITUIÇÃO (Cidade, Estado) – Ensino Fundamental 1º ao 9º ano 2009 – 2011 NOME DA INSTITUIÇÃO (Cidade, Estado) – Educação Infantil

INFORMAÇÕES ADICIONAIS »» Vivência de __meses em __________. »» Participação em programa de __________. »» Curso de __________. »» Eleito representante de classe no ano de __________. »» Membro do grupo de __________ da escola __________.

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Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • • • •

PARA SABER MAIS

Alguma vez você já havia elaborado um currículo? Como foi elaborá-lo ou atualizá-lo? Como você se sentiu ao ter um documento que o apresenta profissionalmente? Você se sente mais confiante para redigir seu currículo e revisá-lo junto a seus colegas e professor(a)?

3. Minha apresentação pessoal Já foi mencionado neste livro que nosso cérebro demora ¼ de segundo para julgar se podemos confiar em alguém. Depois desse momento infimamente curto, que tem a ver com os nossos vieses inconscientes, é preciso falar do jeito certo e as coisas certas para ganhar de vez a confiança do seu público. Por exemplo, o que um professor fala nos primeiros minutos ao ter contato pela primeira vez com sua turma é fundamental para a imagem que os estudantes construirão sobre ele. Em uma busca por emprego, na apresentação de um projeto ou em qualquer outra oportunidade de falar em público não é diferente. Nesta aula, você vai treinar como se apresentar de maneira positiva, persuasiva e marcante, e poderá fazer isso de maneira divertida, apoiando seus colegas a melhorar ainda mais suas maneiras de se apresentarem. Uma autoapresentação curta e poderosa dá aos participantes uma ideia de onde você vem e permite que eles depositem sua confiança em você. Os elementos de uma apresentação marcante são: »» seu nome; »» sua escola ou organização; »» sua etnia (se for relevante à situação); »» o papel que você vai desempenhar no grupo, no projeto ou na entrevista; »» uma história curta do seu passado que mostre por que você se importa com esse assunto ou vaga e como ele se conecta

CAPÍTULO

»» Site da organização Junior Achievement, uma das maiores organizações sociais incentivadoras de jovens por meio do empreendedorismo – www.jabrasil.org.br.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender e praticar como fazer uma apresentação pessoal poderosa.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 4: Comunicação »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida »» Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado »» Competência específica LGG 3 »» EM13LGG301

HABILIDADES DA OMS »» Autoconhecimento »» Comunicação eficaz »» Pensamento crítico »» Pensamento criativo »» Empatia

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com seus objetivos e valores pessoais; »» algo que você acredita sobre as capacidades do grupo com o qual vai trabalhar ou sobre as qualidades do local onde você pretende trabalhar; »» pratique sua apresentação com um amigo ou colega e peça feedback. Faça a apresentação com entusiasmo e não tenha medo de falar bem de si mesmo(a)! Exemplo Olá, meu nome é José. Eu sou de uma organização chamada “Parceiros para o empoderamento de jovens” e vou ser o facilitador da sua oficina de escrita criativa. Quando eu era adolescente, estava enfrentando muitas dificuldades. Meus pais eram divorciados, eu me sentia distante dos meus amigos e perdi o interesse na escola. Graças a uma professora, eu entrei em um clube de escrita criativa. Eu aprendi técnicas que tornavam fácil e divertido expressar os pensamentos e emoções mais loucos por meio das palavras. Eu descobri que, quando escrevia, começava a me sentir melhor comigo mesmo, e então as coisas na minha vida melhoravam também. Desde então, eu venho escrevendo e isso se tornou uma parte importante do meu dia a dia, que me mantém lúcido e entusiasmado com a vida. Quando comecei a escrever, eu achava que não ia conseguir, mas encontrei minha voz e sei que cada um de vocês vai encontrar a sua. Se você é capaz de ligar para um amigo e contar o que aconteceu no final de semana, também pode contar histórias. Eu acredito que todos vocês têm coisas importantes a dizer e que cada um tem um escritor interno, pronto para aflorar. Então é para isso que estamos aqui – para começar a escrever e nos surpreender com a qualidade do que conseguimos fazer. Mal posso esperar para começarmos. Obrigado. Fonte: TAYLOR, Peggy; MURPHY, Charlie Murphy. Catch the Fire An Art-Full Guide to Unleashing the Creative Power of Youth, Adults and Communities.

ATIVIDADE 1. Escreva, em uma folha de papel, sua apresentação pessoal de acordo com os elementos descritos anteriormente e use o exemplo para se inspirar. Caso o “papagaio” da crítica interna volte a falar coisas no seu ouvido, espante-o rapidamente e permita-se experimentar. Você merece dominar uma ótima apresentação!

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Você deve levar cerca de dez minutos para elaborar o seu texto. 2. Sem ler o papel, apresente-se para os colegas no seu grupo de três pessoas. Aplausos são fundamentais assim que terminar qualquer apresentação pessoal. 3. Seus colegas deverão oferecer feedbacks positivos, começando com a seguinte frase: “Uma coisa que me conectou com você quando se apresentou foi...”. Exemplos de conexão podem ser: a forma como você os olhou nos olhos, seu sorriso, sua empolgação ao falar sobre o que deseja, a sua história pessoal conectada com a razão do seu discurso, como você finalizou sua apresentação engajando todos que o ouviam ao seu objetivo etc. 4. Após a primeira rodada e ao escutar os demais participantes do seu grupo, faça pequenas modificações em sua apresentação pessoal se esforçando para conquistar a empolgação do seu público e reconhecer isso na expressão facial deles. Não se esqueça de começar sorrindo e terminar sorrindo. Sua história pessoal está conectada com o que você deseja convocar no final da sua fala? 5. Faça agora uma segunda rodada de apresentação pessoal, lembrando dos feedbacks positivos que seus colegas lhe deram. Uma boa apresentação pessoal necessita de treino. Quanto mais você treinar, checando se todos os elementos estão ali, melhor ela ficará. Quando um grupo ficar muito empolgado com uma apresentação pessoal, peça para o colega se reapresentar para toda a turma, a fim de que todos possam sentir a ressonância emocional que aquela fala foi capaz de gerar. É isso que buscamos em uma apresentação pessoal poderosa!

Momento de reflexão Consulte o questionário da página 191 e as orientações do professor.

Roda de conversa • • •

Como foi elaborar a apresentação pessoal? Houve algum momento desafiador? Que aspectos você admirou na fala de colegas que pode incorporar ao seu discurso?

CAPÍTULO

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Você se sente mais seguro(a) para fazer uma apresentação depois dessa aula?

Lembre-se: quanto mais vezes você treinar em voz alta, melhor ficará a sua apresentação. Treine em casa, sozinho(a) para o espelho ou gravando no celular, para sua família e para seus amigos! Quando tiver uma oportunidade para realizá-la, você vai ver como já estará bem preparado(a)!

PARA SABER MAIS »» Portal Seja Trainee com dicas sobre como fazer sua apresentação pessoal – https:// sejatrainee.com.br/5dicas-para-desenvolversua-apresentacaopessoal/.

ATIVIDADE Minha apresentação pessoal 1. Escreva no seu portfólio Projeto de Vida a sua apresentação pessoal de acordo com o roteiro deste capítulo. 2. Compartilhe com seus familiares o resultado do trabalho desse capítulo e ouça as sugestões que eles têm a oferecer.

VOCÊ SABIA Algumas perguntas são muito comuns em entrevistas de emprego. Veja aqui como se preparar para responder bem a cada uma delas. Observe também, em seguida, boas perguntas para fazer aos recrutadores depois que a entrevista já tiver abordado todos os pontos sobre você. QUAIS SÃO OS SEUS PONTOS FORTES? Na Dimensão pessoal deste livro, você teve a oportunidade de explorar bastante seus pontos fortes. Quando seus colegas lhe deram um retorno sobre sua apresentação pessoal também. Entrevistadores podem testar seu nível de autoconhecimento com essa pergunta. Conecte-se com suas qualidades, que você ouviu de seus colegas e sabe que possui, e responda com tranquilidade e confiança! Fale sobre pontos fortes que serão úteis para a organização que o está contratando. Por exemplo, se for uma vaga

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de contato com cliente ou vendas, ressalte suas habilidades de comunicação, empatia, capacidade de trabalhar em grupo ou alegria. QUAIS SÃO OS SEUS PONTOS FRACOS? Aqui novamente é um teste de autoconhecimento, para checar como você enxerga e lida com suas vulnerabilidades e pontos a melhorar. Seja honesto e não force a barra com respostas comuns, por exemplo, dizer que é perfeccionista, trabalha demais ou não tem defeitos. Fale um ponto que você gostaria de melhorar, relacionado ao trabalho e sobre o qual já está fazendo esforços. Por exemplo, timidez, e que vem treinando a fala em público em oficinas na escola ou em casa, ou desorganização e que possui uma agenda ou baixou um aplicativo para não se esquecer de nenhum compromisso.


ONDE VOCÊ SE VÊ DAQUI A CINCO ANOS? O entrevistador que faz essa pergunta quer checar suas ambições e se você é capaz de fazer planos. Lembre-se da sua roda da vida e do exercício que fez sobre planejamento e sonhos nas esferas da vida. Releia-os antes das entrevistas que for fazer. Foque em metas que sejam viáveis e, de preferência, que tenham a ver com as oportunidades naquele empregador. Sonhe com cargos mais altos, em cinco anos você terá se desenvolvido bastante, não duvide. VOCÊ TEM ALGUMA PERGUNTA QUE GOSTARIA DE FAZER? Aqui o entrevistador quer checar se você é uma pessoa curiosa e proativa. Sempre se prepare com algumas perguntas que mostram que você tem interesse pela empresa e pela vida profissional do entrevistador. Algumas perguntas que ajudam a demonstrar curiosidade e proatividade são: »» De que você mais gosta trabalhando nesta empresa? »» Como um profissional pode se destacar nessa vaga e crescer? »» O que outros colaboradores fizeram no passado nesse cargo para ter sucesso? »» Você pode me dar um exemplo de como eu poderia contribuir nesta empresa? »» Como você conquistou seu primeiro emprego? »» O que fez você ter sucesso na sua vida profissional? QUAL É SUA PRETENSÃO SALARIAL? Pesquise no mercado a faixa salarial para aquela vaga. Fale uma faixa, por exemplo, de tal a tal valor, assim sua resposta fica menos restrita e com menos chance de não se adequar. Não deixe de perguntar se esta faixa corresponde ao que a empresa oferece.

O QUE VOCÊ GOSTA DE FAZER NO SEU TEMPO LIVRE? Aqui o empregador quer saber quais são seus interesses, que revelam um pouco dos seus valores e se estão alinhados à organização que o está entrevistando. Lembre-se do seu exercício de “coisas que eu mais gosto” feito na Dimensão pessoal do Projeto de Vida. Esportes, xadrez, atividades relacionadas à criatividade, oficinas de que você mais gostou na escola, livros de que você gostou, filmes, tecnologia, comunicação, debates, trabalhos em grupo... Dê exemplo de um momento empolgante que você viveu em uma dessas atividades. PARA FINALIZAR, ALGUMAS DICAS IMPORTANTES: »» Nunca fale mal de um antigo emprego, colega ou empregador em uma entrevista. Cair nessa armadilha tem grandes chances de prejudicar sua candidatura. Prefira contornar situações dizendo que chegou a hora de se arriscar mais, que não havia oportunidades de crescimento onde você estava, entre outros. »» Sempre pesquise sobre a organização à qual você irá se candidatar para conhecer a história e as principais características. »» Seja pontual e se prepare sempre para chegar pelo menos 10 minutos antes do horário marcado. »» Sorria e lembre-se de que esse entrevistador é mais uma pessoa importante para você se conectar na sua vida profissional.

CAPÍTULO

3 | FINALIZANDO O PROJETO DE VIDA | 187


Atividade de DESFECHO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Celebrar o momento de encerramento dos capítulos da Dimensão profissional do Projeto de Vida, experimentar uma oportunidade de planejar, executar e liderar uma apresentação participativa para visitantes sobre a solução de um problema da comunidade e aprender sobre a produção de um evento.

COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC »» Competência 1: Conhecimento »» Competência 4: Comunicação »» Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida

Conclusão da Dimensão profissional e do Projeto de Vida A etapa de estudo da Dimensão profissional dentro do curso de Projeto de Vida passou por muitos assuntos e atividades. Você teve contato com histórias de sucesso de profissionais que travaram uma carreira com conquistas financeiras e ainda contribuíram com a sociedade; analisou as diferentes esferas da sua vida e aprendeu ferramentas para traçar objetivos e metas SMART que podem acompanhá-lo ao longo da vida; ampliou seu repertório conhecendo possibilidades diferentes de estudo depois do Ensino Médio; mergulhou no universo do empreendedorismo e do emprego; conheceu as profissões do futuro; aprendeu sobre a realidade das mulheres no mercado de trabalho; realizou seu planejamento financeiro; aprendeu a elaborar seu currículo e treinou sua apresentação pessoal.

Evento: Feira de profissões •

HABILIDADES DA OMS »» Comunicação eficaz »» Liderança »» Pensamento criativo »» Resolução de problemas

188 | MÓDULO 3 | DIMENSÃO PROFISSIONAL

O que é: um evento no qual os alunos de Projeto de Vida, divididos em duplas ou pequenos grupos, organizarão uma feira de profissões. Com cartazes elaborados sobre uma profissão e atendendo em mesas, duplas de alunos escolherão uma delas e explicarão para os estudantes que passarem por ali o que faz aquele profissional e qual é a sua trajetória de formação, bem como a média salarial no mercado de trabalho e, ainda, qual é a demanda de vagas dessa profissão e em quais regiões há maior procura por profissionais da área. Os alunos devem escolher alguns profissionais que admiram e convidá-los para fazer uma roda de conversa e explicar as características daquela profissão e do mercado de trabalho. Como fazer: junto com a direção da escola, escolham um dia e período em que os espaços da escola possam ser utilizados para o evento, com antecedência mínima de dois meses para a organização e preparação dos grupos. Definam uma sala ou espaço da escola para cada grupo expor seu trabalho. Vocês deverão organizar


diversas apresentações da sua intervenção naquele período. Cada grupo é responsável pela decoração do seu local de atendimento, materiais, formato da apresentação. Definam uma abertura coletiva com os alunos como protagonistas do evento para todos os convidados e homenageando os grupos e professores envolvidos. Em seguida, encaminhem os visitantes a explorarem as profissões espalhadas pela escola. Estimule-os a conhecer a maior quantidade de profissões possível. Cada aluno deverá também fazer em papel A3 a capa ampliada do seu portfólio Projeto de Vida para ser exposta em algum lugar de destaque na escola. A capa deve ter esse título e o nome do estudante, bem como símbolos, palavras, frases que mais têm significado agora que teve essa etapa finalizada. Vejam o modelo abaixo de planilha de produção sugerida. Ela deve apresentar detalhadamente todas as atividades necessárias para a organização do evento, com responsável, prazo para sua realização, materiais necessários e uma célula para anotar se já foi realizada. EXEMPLO DE PLANILHA DE PRODUÇÃO

Etapa

Atividade

1

Definição da data do evento.

2

Definição do local do evento.

3

Definição do horário do evento.

4

Definição do público a ser convidado.

5

Como será feita a elaboração e o envio dos convites e cartazes?

6

Com quanta antecedência os convites devem ser enviados e os cartazes afixados?

7

Quem fará o design do convite? E dos cartazes?

8

Que duração o evento terá?

9

Qual será a programação exata no dia?

10

Quem conseguirá a autorização da escola?

Nome do Cronograma Cronograma Cronograma Cronograma Dia do Responsável Semana – 4 Semana – 3 Semana – 2 Semana – 1 evento

CAPÍTULO

3 | FINALIZANDO O PROJETO DE VIDA | 189


Etapa

Atividade

11

Quem será o(a) mestre de cerimônias da abertura?

12

Quem será o professor orientador ou homenageado? Quem serão os profissionais convidados para as rodas de conversa?

13

Quando a equipe de produção irá se reunir e quantas vezes?

14

Quantas profissões serão apresentadas e de que maneira?

15

Qual será o espaço na escola para cada grupo apresentar?

16

Como será a decoração?

17

Que equipamentos serão necessários e quem será o responsável?

18

Outras etapas a serem planejadas.

19

Como e onde será feito o encerramento?

Nome do Cronograma Cronograma Cronograma Cronograma Dia do Responsável Semana – 4 Semana – 3 Semana – 2 Semana – 1 evento

Mensagem final dos autores Desejamos a você, estudante, um futuro com muitas realizações; que possa alcançar tudo o que for capaz de imaginar para si, para sua comunidade e para o mundo em que você sonha viver. Não duvide do seu potencial nem deixe ninguém dizer que não é capaz. A força da sua juventude pode surpreender as pessoas que estão ao seu redor, inclusive você mesmo, se você se permitir experimentar! Que você se desenvolva na sua vida pessoal, que crie relacionamentos profundos e saudáveis, para o apoiarem durante a vida toda, estude e aprenda tudo o que tiver curiosidade, acesse todos os lugares que quiser conhecer e trabalhe em algo que lhe traga satisfação financeira e profunda realização pessoal. Nada menos do que isso é o que desejamos para você. Sucesso!

190 | MÓDULO 3 | DIMENSÃO PROFISSIONAL


Momento de reflexão Você deve registrar em seu caderno ou fichário as reflexões sobre a aula de hoje. Faça um quadrinho de autoavaliação abaixo do produto final de cada aula, reflita e desenhe a carinha que corresponder melhor:

Refletindo: •

O que me marcou nesse assunto?

Aprendendo: •

Hoje eu aprendi que (completar) e portanto eu vou (completar)

Conteúdo: • • • • •

Eu compreendi o objetivo e conteúdo da aula de hoje? Não compreendi Compreendi parcialmente e preciso de ajuda Compreendi suficientemente e consigo demonstrá-lo sem precisar da ajuda Compreendi totalmente e colaborei com informações ou meu ponto de vista

Relações interpessoais e Empatia: •

Como foi meu relacionamento com colegas e professor(a)?

Lidando com minhas emoções: •

Como me senti? Entendi o que estava sentindo? Consegui expressar meus sentimentos e opiniões?

CAPÍTULO

3 | FINALIZANDO O PROJETO DE VIDA | 191


Referências Bibliográficas BRASIL. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Página da BNCC no site do Ministério da Educação. BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. Editora Civilização Brasileira, 1998. Livro traz propostas de jogos de teatro. BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. Editora Sextante, 2016. Livro sobre coragem e vulnerabilidade. EVARISTO, CONCEIÇÃO. Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2017. Coletânea de poemas de Conceição Evaristo. MURPHY, Charlie e TAYLOR, Peggy. Catch the Fire: An Art-Full Guide to Unleashing the Creative Power of Youth, Adults and Communities, 2014. Livro com a metodologia do Modelo do Empoderamento Criativo. RAMPAZZO, Adriana Vinholi e ICHIKAWA, Elisa Yoshie. Bricolage: a busca pela compreensão de novas perspectivas em pesquisa social. II Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade. ROBINSON, Ken. Somos todos criativos: os desafios para desenvolver uma das principais habilidades do futuro, de. Benvirá, 2019. Livro explora a questão da criatividade. ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não-Violenta. Editora Ágora, 2006. Livro sobre Comunicação Não-Violenta. SANTANA, Bianca. Quando me descobri negra. Editora SESI-SP, 2015. Livro com relatos e lembranças vividas pela autora e por outras pessoas sobre a descoberta da sua identidade negra.

Sites https://nacoesunidas.org Site da ONU - Organização das Nações Unidas. No link: https://www.who.int/mental_health/media/en/30.pdf, você encontra o Relatório da ONU sobre as habilidades de vida. https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_study_on_ happiness?language=pt TED TALK: O poder da vulnerabilidade, Brené Brown. https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_study_ on_happiness?language=pt TED TALK: O que torna uma vida boa, ROBERT WALDINGER. http://pjm.mec.gov.br Sobre o Parlamento Juvenil do Mercosul. http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/ juventudes-e-conexoes-3edicao-completa.pdf Pesquisa Juventudes e Conexões Fundação Telefônica Vivo referente ao comportamento jovem e seus hábitos.

Filme As Melhores Coisas do Mundo (2010), de Laís Bodansky. Filme sobre a história de um grupo de rapazes de 15 anos num colégio de classe média de São Paulo.

192 | REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


manual do

professor


Sumário

Introdução............................................................................................. 195 Projeto de Vida no Ensino Médio......................................................... 196 Abordagem teórico-metodológica....................................................... 197 Bricolagem..................................................................................... 197 Modelo do Empoderamento Criativo............................................ 197 Repertório...................................................................................... 198 O professor como facilitador................................................................ 199 Sugestão de perfil do professor para liderar o projeto........................ 200 Como está organizado este material.................................................... 200 BNCC: competências gerais................................................................. 206 Habilidades de vida............................................................................... 206 1. Dimensão pessoal............................................................................. 208 2. Dimensão cidadã............................................................................... 225 3. Dimensão profissional....................................................................... 235 Referências bibliográficas...................................................................... 240

194 | MANUAL DO PROFESSOR


Introdução Livro do Professor “Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina, escritora, poetisa e contista brasileira. Este livro está organizado para apoiar você, professor(a), da melhor maneira a engajar os estudantes em um mergulho que traga participação, reflexão, ação, aprendizagem e alegria, promovendo, assim, uma formação para resolver demandas, simples ou complexas do cotidiano, exercer a cidadania e atuar no mercado de trabalho. Seu principal objetivo é estimular a autonomia, o protagonismo e a responsabilidade dos estudantes para que sejam capazes de fazer escolhas e tomar decisões em relação a seus projetos presentes e futuros, formando uma sociedade mais ética, justa, inclusiva, sustentável e solidária. O material do(a) professor(a) está todo voltado para apoiá-lo(la) a ser um(a) facilitador(a) que ajudará os estudantes a se abrirem a novas experiências, se expressarem de forma amigável, confiante e entusiasmada, para que desenvolvam seu autoconhecimento e compreendam melhor o que sentem. Desejamos um ótimo trabalho, belas descobertas e planos de vida para cada um dos estudantes que participarem deste processo. Os autores

PARTE GERAL | 195


Projeto de Vida no Ensino Médio Entendemos que conduzir o trabalho com Projeto de Vida é a oportunidade de participar, em primeira mão, de uma verdadeira mudança na lógica do ensino no Brasil. Mais do que apenas pensar em conteúdos de conhecimento, o que se tem agora é o foco em competências. Considerando a Base Nacional Comum Curricular, o livro tem como eixo central o trabalho com as competências gerais 6 e 7: Competência 6: Trabalho e Projeto de Vida “Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.” (BNCC, 2017) Essa competência envolve a capacidade de gerir a própria vida, identificando seus desejos e objetivos para se organizar, estabelecer metas e ter determinação para realizar seus projetos, o que inclui entender o mundo do trabalho e como pode se inserir nele futuramente. Já a segunda competência norteadora deste livro é a seguinte: Competência 7: Argumentação “Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.” (BNCC, 2017). Esta competência envolve argumentação, conclusão ou opinião de maneira qualificada para debater com respeito às colocações dos outros em contextos amplos, considerando sustentabilidade social e ambiental e direitos humanos. No início de cada subcapítulo, no Livro do aluno, você vai encontrar tanto as habilidades de vida da Organização Mundial da Saúde, que são amplamente usadas para embasar diferentes pesquisas e práticas de desenvolvimento 196 | MANUAL DO PROFESSOR

profissional ou educacional no mundo, quanto as competências gerais da BNCC trabalhadas na proposta apresentada. Além da competência 6, que está em todos os capítulos, e da 7, bastante frequente, há menção do desenvolvimento de outras competências gerais da BNCC em menor intensidade. São elas:

Competência 1: Conhecimento Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Competência 4: Comunicação Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Competência 8: Autoconhecimento e autocuidado Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Competência 10: Responsabilidade e cidadania Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. A estratégia escolhida para desenvolver tais competências considera como objetivo para o(a) professor(a), dar apoio aos estudantes, como um(a) facilitador(a) do processo. Esse apoio envolverá o estímulo à reflexão, criação de oportunidades de expressão do universo interno dos alunos, oferecimento de conteúdos para ampliação de repertório de ferramentas de


autoconhecimento, cidadania e universo do trabalho e prática de atividades engajadoras voltadas para o desenvolvimento de habilidades, em um ambiente de confiança e vínculos profundos que serão estabelecidos com você e entre a turma. Para esclarecer concretamente como isso pode acontecer, você encontrará mais adiante neste manual os objetivos de todo esse trabalho de forma mais detalhada para serem compartilhados com os alunos. São eles:

OBJETIVOS DO CURSO PROJETO DE VIDA PARA OS ALUNOS 1. Refletir sobre desejos e sonhos no presente e no futuro. 2. Aumentar o conhecimento sobre si mesmos. 3. Ampliar o repertório para entenderem seu papel como cidadãos e criar oportunidades de intervenção na escola, nos seus bairros e em suas cidades. 4. Ampliar o repertório sobre o mundo do trabalho e da educação depois do ensino médio. 5. Produzir um portfólio para o Projeto de Vida de cada estudante a partir da arte e da criatividade, que auxilie na tomada de decisão sobre o futuro.

Abordagem teórico-metodológica A abordagem teórico-metodológica desta obra inspira-se em três conceitos/metodologias bastante práticos do campo da educação e da pesquisa em Ciências Humanas e Sociais: bricolagem, empoderamento criativo e repertório, que serão comentados mais detalhadamente em seguida. A aplicação destes conceitos/metodologias, em conjunto, torna esta abordagem algo inovador e uma ferramenta poderosa no engajamento do aluno e em seu potencial de torná-lo protagonista em sua busca de conhecimento e na construção de seu próprio projeto de vida, acolhido em suas singularidades e pluralidades.

Bricolagem

Empoderamento criativo

Repertório

Abordagem teórico-metodológica

Bricolagem O termo bricolagem foi utilizado primeiramente por Claude Lévi-Strauss para definir um tipo de conhecimento até então chamado de primitivo, ou seja, guiado pela intuição e pela vontade de conhecer o que está no mundo. Mais tarde, Joe Lyons Kincheloe ajustou e aprofundou este conceito para tratar da pesquisa dentro da dinâmica de um mundo complexo em que existe uma diversidade de fatores atuando. O centro desta concepção são a criatividade, a interdisciplinaridade e a inserção do pesquisador, no caso o estudante, no contexto da investigação de seu próprio projeto de vida. Assim, o objeto de pesquisa é inseparável de seu contexto social, cultural ou histórico na medida em que é o estudante quem desenha a pesquisa, quem decide o que é ou não relevante para seu projeto e quem cria seu modelo, não seguindo procedimentos predefinidos. Durante este processo, o ponto de vista, a posição social e a própria história pessoal são levados em conta.

Modelo do Empoderamento Criativo O Modelo do Empoderamento Criativo é uma metodologia criada pela organização Parceiros para o Empoderamento da Juventude, que por mais de vinte anos vem formando adultos que trabalham com jovens, em diversos países, PARTE GERAL | 197


para desenvolver no estudante a capacidade de ganhar força e autoconfiança para imaginar e fazer acontecer a vida que deseja para si mesmo, para sua comunidade e para o mundo.

A experiência prática gera novas perspectivas. A participação e a reflexão acendem possibilidades, oferecem insights e transformam atitudes, comportamentos e crenças. APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL

EMPODERAMENTO – aumentar a força e a confiança para promover a vida que imaginamos para nós mesmos, nossas comunidades e o mundo.

EMPODERAMENTO

As pessoas prosperam em um ambiente rico em artes. Atividades fáceis de conduzir, extraídas de formas de arte como poesia, artes visuais, música e teatro, para aumentar o vínculo e a criatividade, criar motivação e trazer alegria ao aprendizado.

PRÁTICAS BASEADAS EM ARTES

FACILITAÇÃO DE VANGUARDA

Facilitação de vanguarda. O crescimento social e empático acontece melhor em grupos bem facilitados. As técnicas mais atuais em liderança e dinâmica de grupo preparam os profissionais para criar grupos poderosos.

Baseada no tripé aprendizagem experiencial, práticas baseadas nas artes e facilitação de vanguarda, a metodologia parte sempre da convocação da imaginação do estudante. As atividades são construídas para que eles mergulhem e acessem universos interiores e os expressem por meio da participação. Esse fluxo gera um compromisso por parte do estudante porque, ao participar, ele passa a ser coautor e protagonista do que está sendo produzido.

Imaginação - Participação - Compromisso Repertório Entendido como o acervo de todo o conhecimento que o estudante acumula durante a vida por meio de suas experiências, por tudo o que viu, aprendeu e conheceu dentro de seu meio e de sua cultura, o repertório tem papel fundamental ao ampliar possibilidades na construção de seu projeto de vida. Por um lado, este livro pretende transmitir pinceladas de repertório baseado na cultura popular brasileira, na cultura de paz, em experiências que gerem reconhecimento e fortalecimento da identidade e em temas contemporâneos transversais. Por outro, pretende também estimular a curiosidade e a investigação, fornecendo ferramentas, métodos e fontes de pesquisa de forma bastante plural, para que cada estudante possa se aprofundar nos assuntos que mais lhe interessarem e que mais possam contribuir para a construção de seu projeto de vida. 198 | MANUAL DO PROFESSOR


Matérias recentes de jornais, revistas e sites, indicações de vídeos na internet, organizações inovadoras, pesquisas atuais que são referência sobre o futuro do trabalho e o profissional do século XXI, o funcionamento do governo e as formas de participação do cidadão com exemplos de sucesso de mobilização coletiva, tudo isso e mais foram fontes de informação e estão citadas e relacionadas a mais pesquisas que o estudante pode fazer para que o ajude a refletir e compreender seus gostos, compondo assim, parte por parte, seu projeto de vida como pessoa, cidadão e profissional. Por último, não podemos deixar de citar o trabalho inspirador do Instituto Fazendo História, que tem como missão colaborar com o desenvolvimento de crianças e adolescentes com experiência de acolhimento, a fim de fortalecê-los para que se apropriem e transformem suas histórias. Seu trabalho inovador no Programa Fazendo Minha História, que oferece meios de expressão para que cada criança ou adolescente acolhido conheça e se aproprie da sua história de vida, acontece por meio de encontros entre voluntários formados pelo Instituto e as crianças e adolescentes para que registrem em um álbum suas histórias de vida. O trabalho do Instituto Fazendo História nos inspirou a explorar neste livro propostas de aprendizagem que favoreçam a conexão de cada jovem com a sua própria história. Tanto a história do passado quanto a que deseja escrever para si mesmo no futuro. Os Temas Contemporâneos Transversais abordados na BNCC são Ciência e Tecnologia, D ir e i to s d a C r ia n ç a e d o A d o l e s c e nte; Diversidade Cultural, Educação Alimentar e Nutricional, Educação Ambiental; Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais Brasileiras; Educação em Direitos Humanos; Educação Financeira; Educação Fiscal; Educação para o Consumo; Educação para o Trânsito; Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso; Saúde; Trabalho e Vida Familiar e Social. (BRASIL, 2017).

O professor como facilitador Muito se fala da transformação do papel do(da) professor(a) com as mudanças rápidas que o mundo vem passando com a quar ta revolução industrial. Mais do que transmitir conteúdo, amplamente acessível pela internet, o(a) professor(a) precisa ser um(a) atento(a) facilitador(a) do desenvolvimento de habilidades e competências nos estudantes para prepará-los para a vida e para o mercado de trabalho. Por isso, a proposta dessa obra é dar ferramentas para o(a) professor(a) atuar como um(a) facilitador(a) de seu grupo. Para o facilitador, os estudantes possuem conhecimento e sabedoria para compartilhar e conseguem fazer emergir o conhecimento do grupo, tanto quanto o(a) professor(a), além de interferir e transmitir sua bagagem e repertório para ampliar os limites do grupo. Um dos pontos-chave do(da) professor(a) facilitador(a) é ser capaz de criar um ambiente seguro de aprendizagem. Uma das melhores formas de fazer isso é por perguntas inteligentes e pela criação de um campo de diálogo de maneira que permita aos participantes expressarem conhecimento, perspectivas e opiniões com segurança. Encorajar e elogiar cada colocação faz uma grande diferença nessa dinâmica. Estar atento(a) para convocar de forma acolhedora as vozes mais tímidas também. Respeitar quem não deseja falar em determinado momento é outra forma de ser um bom mediador de diálogo. Além disso, saber colocar seu próprio conhecimento e dividir seu ponto de vista quando isso der apoio ao desenvolvimento de um estudante ou do grupo todo é fundamental. O papel do estudante na relação com o(a) professor(a) facilitador(a) é ser ativo na aprendizagem por meio da escuta profunda, da participação nas atividades propostas e na partilha com o grupo dos seus pensamentos, sentimentos e pontos de vista sobre o que aprendeu, sobre si mesmo e sobre as experiências vividas.

PARTE GERAL | 199


A facilitação de grupos é especialmente útil para o trabalho de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, empoderamento, desenvolvimento da criatividade, trabalho em equipe e projeto de vida e carreira.

Quadro Resumo Papel do(da) professor(a) facilitador(a)

Facilitador(a) do desenvolvimento de competências e habilidades nos estudantes.

Onde está o conhecimento

O conhecimento está nos estudantes, no professor e na força de grupo. A aprendizagem se dará por meio da observação, reflexão, conexão do grupo e da análise de dados.

Ambiente

Papel do estudante

O(A) professor(a) facilitador(a) é capaz de criar um ambiente seguro de aprendizagem. Escutar profundamente, participar plenamente e dividir suas reflexões.

Sugestão de perfil do professor para liderar o projeto A fim de atender aos objetivos propostos pelo projeto, deseja-se que o(a) professor(a) tenha o perfil de facilitador(a), ou seja, que goste e se sinta confiante em conduzir diálogos, que seja um(a) excelente ouvinte e, ao mesmo tempo, que cuide do tempo de cada atividade, que seja um(a) bom(boa) formulador(a) de perguntas inteligentes, capazes de engajar os alunos no assunto. Que goste muito de trabalhar em grupo com jovens, seja acolhedor(a) para fazer emergir o melhor de cada um. Que seja ativo(a) em práticas de autoconhecimento ou esteja aberto(a) para iniciar e refletir sobre si mesmo(a). Que tenha sensibilidade para identificar o que está acontecendo individualmente e no grupo para conduzir sempre a turma para o aprofundamento e a descoberta positiva que alicerce a identidade positiva e o crescimento. Que 200 | MANUAL DO PROFESSOR

esteja conectado(a) com as tendências do mundo do trabalho e da educação, seja um(a) leitor(a) e pesquisador(a) ativo(a). Que se comunique com clareza e assertividade e tenha uma postura positiva diante da vida. E que, acima de tudo isso, acredite fortemente no potencial dos estudantes. Professores(as) de artes, filosofia, educação física, português, história, geografia, entre outros, podem ser ótimos(as) facilitadores(as) do Projeto de Vida.

Como está organizado este material As três dimensões: pessoal, cidadã e profissional Este livro didático está organizado de forma a ser um guia norteador para o estudante elaborar o seu Projeto de Vida e está dividido em três módulos: dimensão pessoal, dimensão cidadã e dimensão profissional.

Dimensão Pessoal Neste módulo, o foco é o autoconhecimento, o encontro consigo. Conhecer-se é a busca contínua pela compreensão de si mesmo e envolve aprender a se aceitar, a se valorizar, desenvolvendo, assim, a capacidade de confiar em si, de se apoiar nas próprias forças e compreender as próprias limitações.

Dimensão Cidadã Neste módulo, a busca é por uma compreensão do bem comum, das questões envolvidas na convivência e na atuação coletiva. Compreender-se, de forma mais sistematizada, como parte de um coletivo e como parte interdependente de redes locais e virtuais, e perceber-se como um cidadão, que integra a construção da vida familiar, escolar, comunitária, nacional e internacional.

Dimensão Profissional Neste módulo, o que está em foco é identificar interesses, habilidades e conhecimentos


que correspondam às aspirações profissionais, abrindo caminho sólido à elaboração de metas e estratégias viáveis. Dirigir o olhar à sua inserção no mundo do trabalho, sensibilizando-o para a autorrealização e para a necessidade de planejamento. O manual apresenta formas de engajar os estudantes, sugerindo maneiras de trabalhar os temas dos capítulos, conduzindo um processo profundo de reflexão individual para favorecer a aprendizagem. Para os capítulos da Dimensão Pessoal, o manual apresenta um plano de aula sugerido para cada tema. Para as dimensões Cidadã e Profissional, as atividades estão todas explícitas no Livro do aluno, com exceção da aula sobre “Enfrentamentos da Adolescência”, que aborda os transtornos mentais mais comuns nessa fase, com materiais de referência apenas aos(às) professores(as) e uma sugestão de como abordar o tema que requer o(a) professor(a) como um(a) importante facilitador(a) da temática.

Atividades de passagem Por último, para concluir cada uma das dimensões e fazer a transição para a próxima, o livro propõe a realização de uma atividade de passagem, ou seja, um evento na escola que deve ser protagonizado pelos alunos. Eles devem produzir e apresentar suas produções para a comunidade escolar. O(A) professor(a) será o(a) apoiador(a) desse processo e pode se valer das orientações específicas sobre cada uma das atividades sugeridas contidas neste material.

Trazendo o mundo para dentro da escola: convite a profissionais de sucesso e visitas pela cidade Como o trabalho com Projeto de Vida é bastante voltado à vida real, sugerimos que, uma vez por mês, ou na frequência que você achar adequada, com seus alunos, de preferência valorizando o protagonismo deles e com a sua orientação e supervisão, vocês convidem um profissional a vir à escola, compartilhar sua trajetória e esclarecer as dúvidas sobre aquela profissão em uma roda de

conversa. Procurem, discutam e escolham juntos quem convidar. Quais ex-alunos da escola poderiam ser chamados? Como será feito o convite? Quem fará? Como será preparada a sala de aula para receber esse profissional? Quem ficará encarregado dessa organização? Quem fará a fala de abertura e os agradecimentos finais? Preparem antes de recebê-lo(a) as perguntas inteligentes que gostariam de fazer! Há alguma lembrança feita pela turma que vocês gostariam de entregar ao final? Todas essas são oportunidades dos alunos estarem à frente das atividades, desenvolvendo habilidades e competências para a vida e para o trabalho. Outra sugestão é organizar saídas da turma pela cidade para visitar locais importantes relacionados ao futuro profissional dos estudantes. Visitar locais de ensino técnico e superior para entrevistar estudantes e diretores ou professores é uma proposta. Ou mesmo selecionar uma organização do primeiro setor, ou setor público, que seja relevante. Nas aulas da dimensão cidadã, há menção do papel relevante dos órgãos públicos. Esclarecer seu funcionamento pode ser uma experiência inesquecível aos alunos e pode abrir a possibilidade de sonharem este caminho. Em seguida, pode ser selecionada uma organização do segundo setor, ou setor privado, uma empresa, um comércio, que são referência na sua cidade, pelo modelo de negócio, pelo seu perfil inovador e como trabalha com tecnologia, por empregar muitas pessoas, pela sua conduta sustentável ou por seus valores. E, por último, pode ser selecionada uma organização do terceiro setor, ou setor das organizações sem fins lucrativos, que cause um impacto positivo na sociedade. Todos esses são caminhos possíveis para os jovens trilharem. Para você que está prestes a iniciar o trabalho com Projeto de Vida com seus estudantes, desejamos muito sucesso em sua jornada. As informações a seguir são voltadas para colocar mãos, corpo e cabeça à obra!

Momento de reflexão No final do Livro do aluno, você encontrará um modelo de autoavaliação para ser feita pelo estudante. Ele deve registrar no seu Portfólio Projeto de Vida, ou seja, no material externo, as PARTE GERAL | 201


respostas das reflexões diárias. Esse hábito contribuirá para o desenvolvimento da competência 8 da BNCC – autoconhecimento e autocuidado –, bem como alicerçará as aprendizagens do dia.

Como começar De acordo com o Modelo do Empo ­ deramento Criativo, um começo poderoso é fundamental para qualquer processo de grupo. Os primeiros momentos do(da) professor(a) como líder do grupo dará o tom, criará interesse ou não dos alunos e dará ao(à) professor(a) facilitador(a) a legitimidade necessária para fazer um trabalho profundo e divertido se bem construído. Quando um começo de trabalho é bem facilitado, os participantes vão passando de uma atividade para outra sem perceber que estão sendo conduzidos e ficam cada vez mais à vontade e motivados a participar. Existem técnicas bastante concretas para fazer esse processo acontecer e aqui compartilharemos algumas delas. Faça do começo um ritual. Prepare-se internamente antes de entrar na aula, conecte-se sempre com a sua intenção e seus objetivos para aquele momento. A intenção da primeira aula do projeto de vida pode ser conseguir criar um clima de confiança no(na) professor(a), conexão com os outros alunos e com a proposta, alegria e descontração no grupo. Há várias maneiras de fazer isso. Pode ser fechando os olhos e imaginando uma cena que represente isso acontecendo, pode ser uma frase ou outra forma que o(a) deixe mais à vontade. Em sala, sugerimos começar com o corpo e com poucas palavras. Peça para todos ficarem em pé em roda e caso tenha algum estudante de inclusão com deficiência, peça para ele ou ela fazer da maneira que for confortável.

Ritmo Coletivo Uma ótima maneira de começar é com uma atividade corporal que você pode buscar no seu repertório. No Modelo do Empoderamento Criativo, um ritmo coletivo corporal tem se mostrado uma das melhores formas de começar. 202 | MANUAL DO PROFESSOR

Ao final do ritmo corporal é importante dizer que ao entrar em sintonia rítmica nossos corpos passam a compor um todo a partir do ritmo individual de cada um. Precisamos estar centrados no nosso ritmo individual e ao mesmo tempo sermos capazes de sentir o ritmo coletivo, como a vida é. E quando sintonizamos nossos corações a partir da música e da dança, temos menos chance de entrar em conflito e nos sentimos conectados uns aos outros. Materiais: apenas nossos corpos Formas de fazer um ritmo corporal: • Forme um círculo. • O líder começa batendo palmas em um ritmo bem simples com duas ou três palmas ou estalos de dedos. O grupo repete três vezes. • Após as três repetições a pessoa ao lado vai liderar e os outros irão repetir. • Encoraje o grupo elogiando e fique atento(a) para que todos liderem uma vez. • Caso queira arriscar, peça para alguém liderar um ritmo mais complexo e cheque se a turma consegue repetir. Finalize com uma grande salva de palmas, elogiando toda a turma. Os estudantes possuem conhecimento sobre inúmeros ritmos e a atividade pode ser invertida, eles ensinando o(a) professor(a) a fazer o ritmo que escolherem. Como esta é uma atividade que dura cinco minutos, ela pode ser repetida em todas as aulas, desafiando um novo aluno a conduzi-la a cada aula até que todos tenham experimentado liderar um ritmo no grupo.

Engajando a voz de todos os estudantes Após conduzir o ritmo, peça que todos se sentem e que cada aluno se apresente com o nome, onde nasceu e faça um gesto de alguma coisa de que gosta bastante de fazer. A roda deve repetir o gesto mostrando que compreendeu. Essa repetição se chama “espelhamento” e é uma importante ferramenta de acolhimento, para todos se sentirem vistos como parte respeitada do grupo.


Essa atividade é importante logo no começo para garantir que todas as vozes sejam ouvidas desde o princípio do trabalho e transmitir a mensagem que todas as vozes importam e serão ouvidas.

Objetivos e acordos Depois de entrar em sintonia rítmica e engajar a voz e o corpo de todos na roda de apresentação, é hora de apresentar o Projeto de Vida e fazer alguns acordos que podem garantir o bom funcionamento do grupo. A importância de estabelecer acordos no início do trabalho é poder voltar a eles relembrando-os sempre que algo sair um pouco do combinado futuramente. Esta será a parte da aula mais falada e em seguida os estudantes voltarão para uma atividade em grupo de integração bastante dinâmica. Apresente cada um dos objetivos e acordos e acrescente outros que forem importantes para a sua condução. Objetivos sugeridos para serem apresentados aos estudantes: • Refletir sobre desejos, necessidades e sonhos no presente e no futuro – O incentivo à capacidade de sonhar é fundamental para esse momento da vida dos adolescentes e jovens. Começamos a vislumbrar nosso lugar no mundo dos 14 aos 24 anos. Portanto, a juventude é a idade mais crítica para o desenvolvimento de habilidades que levam ao sucesso pessoal de longo prazo e ao desenvolvimento da capacidade de optar por interferir no planeta e na sociedade. O papel do(da) professor(a) de acreditar no potencial dos alunos pode ter mais influência em conquistas futuras na sua vida do que o conhecimento meramente teórico ou técnico transmitido. O(A) professor(a), ao trabalhar com o Projeto de Vida, será um(a) facilitador(a) do processo de reflexão e um(a) incentivador(a) à capacidade de cada aluno de sonhar e elaborar desejos para si. Portanto, esse objetivo é um convite a sonhar grande, a abrir as portas para os desejos e necessidades verdadeiros que existem dentro de cada um e ajudarmos uns aos outros para construir o caminho até conquistá-los.

Aumentar o conhecimento sobre si mesmos – conseguimos fazer escolhas melhores e sermos mais felizes quando conhecemos mais sobre nós mesmos. Esse tipo de consciência nos abre o caminho para a busca no equilíbrio pessoal. É entender o que nos motiva e ter clareza sobre comportamentos que nos fazem mal e como lidar com eles. Nossa capacidade de nos observarmos também pode ser importante para sabermos quando pedir ajuda, em momentos em que podemos não dar conta sozinhos ou quando precisamos celebrar pequenas conquistas. O autoconhecimento nos ajuda a estarmos atentos(as) a quais momentos nos acalmam e nos fazem feliz no dia a dia para garantirmos equilíbrio mental e emocional. Ampliar o repertório para os jovens entenderem seu papel como cidadãos e criar oportunidades de intervenção na escola, nos seus bairros e cidades – Conhecer a legislação brasileira que assegura os direitos do cidadão e da criança e do adolescente, espaços de participação social e mecanismos de funcionamento da política e das políticas públicas. Além disso, o livro apresentará modelos e exemplos de projetos de intervenção cidadã que deram certo para comunidades inteiras, inclusive liderados por jovens, e instrumentalizará os jovens com formas de intervenção para serem testadas na prática durante o curso de Projeto de Vida. Ampliar o repertório sobre o mundo do trabalho e da educação depois do ensino médio – Pode parecer difícil escolher uma profissão ou carreira na adolescência. Além disso, ninguém escolhe o que não conhece. Esse material apresentará possíveis caminhos para ajudar os estudantes a identificarem o que mais gostam e podem desejar para si mesmos. Produzir um Portfólio para o Projeto de Vida de cada estudante a partir da arte, inovação e da criatividade – são sugeridas ao longo do trabalho atividades práticas que devem ser realizadas pelos estudantes em um caderno ou fichário para montarem seus portfólios pessoais de Projeto de Vida. Diferentes formas PARTE GERAL | 203


de expressão artística serão usadas para que, aula após aula, o músculo da criatividade seja alongado em todos os estudantes.

Acordos •

Não diminuir a si mesmo nem aos outros – “Nada nos constrange mais do que uma pessoa apontar uma crítica em público. Portanto, o primeiro acordo é não diminuir ninguém em público. Porém há uma coisa pior do que ser criticado por outra pessoa. Trata-se da nossa capacidade de criticarmos a nós mesmos. A autocrítica é uma voz interna que nos diz: você não pode, você não consegue, você não merece, ou isso é ridículo demais para você. Ou ainda isso é difícil demais para você. Aqui nós não vamos precisar dessa voz interna nos atrapalhando. Portanto vamos imaginar que essa voz é um papagaio que fica em nosso ombro. Olhe para ele e espante-o. Peça que vá dar uma volta e só retorne ao final. Quem for mais ousado pode pedir para ele não retornar mais, porém quando menos esperamos ele volta. Sempre que isso acontecer, lembre-se de espantá-lo novamente e não o deixe te impedir de fazer o que você quer! (Engajar a imaginação é um passo fundamental para desenvolver a criatividade, portanto peça aos alunos que imaginem e espantem seus papagaios da autocrítica!).” Ouvir com atenção – “Rubem Alves, escritor premiado, dizia que não basta ter ouvidos para escutar. É preciso silenciar a alma para ouvir. Portanto nas atividades, como faremos um mergulho no que existe de mais precioso, o universo interno de cada um, esse acordo vem para pedir respeito e uma escuta profunda. Olhos nos olhos, e todas as partes do seu corpo demonstrando que você está dando um presente para quem falar.” Falar com intenção e compartilhar suas reflexões – “Na hora de falar, é preciso refletir e pensar na sua intenção ao comunicar algo. Respeitando os acordos anteriores e expressando o que é verdade para os outros, você também presenteará a sala. Sua 204 | MANUAL DO PROFESSOR

ideia pode inspirar outra pessoa, incentivar alguém que pense como você ou mesmo estimular alguém que sente ou pensa completamente diferente.” Participar plenamente e experimentar coisas novas – “Estar presente significa participar plenamente das atividades. Quanto mais você participar e garantir sua atenção plena na aula, maior será a profundidade da aprendizagem para você e seus colegas. Celular na aula tira nossa presença e não é bem-vindo. Sobre experimentar coisas novas, essa é uma das melhores práticas para desenvolver a criatividade. Toda vez que você sentir um frio na barriga para participar, entenda como um sinal que essa é a hora de você experimentar se expressar. Certamente você vai se surpreender com o resultado.” Sempre nos divertirmos! – “Rollo May, psicólogo, já dizia que ao nos expressarmos sem a preocupação de sermos bons ou perfeitos, nos enchemos de alegria e nosso sistema imunológico canta! Esse acordo tem como objetivo nos divertirmos durante essa jornada. Há um ditado chinês que diz que a maior sabedoria é a alegria constante. Sabemos que não podemos ser felizes o tempo todo, mas alegria traz leveza, e sermos capaz de dar risada de nós mesmos ao nos depararmos com uma dificuldade, pode ser o primeiro passo para a resolução dos nossos problemas.” Fonte: Modelo do Empoderamento Criativo. Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

Um fechamento poderoso: o poder das rodas de conversa Uma das ferramentas mais poderosas para o(a) professor(a) facilitador(a) auxiliar seus estudantes a de fato desenvolverem o autoconhecimento, é a capacidade de fazer perguntas inteligentes. Sugerimos que o(a) professor(a) reserve alguns minutos ao final de cada aula para provocar a reflexão sobre a experiência do aluno.


Existe uma forma estruturada de fazer perguntas inteligentes que ajudem a reflexão a se tornar profunda o suficiente para gerar pensamentos que podem ser relevantes para o aluno fazer descobertas sobre si mesmo e colaborar com sua autoconfiança para elaborar e realizar seu Projeto de Vida. Para iniciar o processo de reflexão, abra sempre uma roda em que todos possam se ver. É um princípio da roda de conversa não ter ninguém atrás de ninguém, garantindo o mesmo poder de fala e escuta para todos os participantes. Comece com uma pergunta focada na atividade realizada. Como foi fazer a atividade? Faça uma ou duas perguntas bastante concretas, pergunte se alguém quer compartilhar o que produziu. Explique aos estudantes que as respostas devem ser sempre em primeira pessoa. Não queremos tirar teorias generalistas sobre como a humanidade se comporta diante de algum desafio e, sim, como cada indivíduo ali se comportou e o que aprendeu sobre isso. Caso alguém não fale “Para mim...”, relembre a turma de que as respostas precisam ser em primeira pessoa. Depois de aquecido o grupo sobre os passos concretos que deram na atividade, acrescente uma pergunta sobre o que eles sentiram ao fazer essa atividade: “O que você sentiu ao...?”. Escute mais algumas vozes. Cada pergunta deve ter como intenção dar um passo mais profundo na reflexão do aluno e fazê-lo partir da atividade realizada para uma reflexão de como isso se aplica na vida e no dia a dia. Você pode acrescentar em qualquer momento, para engajar opiniões divergentes, a pergunta: “Alguém teve alguma experiência totalmente diferente das que foram faladas até o momento?” Essa pergunta encoraja pessoas que podem ter tido experiências ou pensamentos diferentes do padrão falado até então. As atividades da dimensão pessoal não possuem certo ou errado, elas foram feitas para dar oportunidade para os alunos viverem e expressarem seu universo interior que certamente terão uma ampla diversidade. Para dar mais um passo no aprofundamento da reflexão, vale perguntar: “Alguém se surpreendeu consigo mesmo(a)?” Para pessoas que não

acreditavam na própria capacidade, essa pergunta pode ser um convite a afirmar que saíram da zona de conforto e conseguiram acreditar em algo que antes parecia impossível. E, por último, a pergunta: “Alguém aprendeu algo sobre si mesmo(a), com essa atividade?” Ou: “O que você aprendeu sobre si mesmo(a), com essa atividade?”. Ou, ainda, “Como você aplica o que aprendeu aqui em sua vida?”. Apresentamos sugestões de perguntas par a que os es tudantes reflit am sobre a atividade. Entretanto, uma roda de conversa bem conduzida por um(a) professor(a) f ac ili t a d o r (a) p re p ar a d o (a), q u e s ig a a s orientações aqui contidas, consegue ajudar os estudantes a darem os passos necessários para esse mergulho mais profundo, de maneira muito mais eficaz do que apenas questões no livro. A ordem de perguntas aqui sugeridas, bem como algumas perguntas estratégicas, é uma possibilidade de fazer com que esse mergulho seja realmente transformador para o estudante. Para encerrar o momento de roda de conversa, é importante realizar uma atividade que deixe claro o momento de encerramento, fechando a reflexão. Pode ser uma pergunta em uníssono, pode ser passar uma roda na qual todos respondam em voz alta: “Hoje eu aprendi que... e, portanto, eu vou...”, pode ser o grito de guerra da turma, definido na primeira aula que tenha a ver com Projeto de Vida. Revisando: passos para uma boa roda de conversa de encerramento da aula: »» Garantir uma roda bem redonda na qual todos possam se ver. »» Pedir que quem for responder sempre fale em primeira pessoa, compartilhando sua experiência individual. »» Partir da experiência concreta, na primeira pergunta, mais fácil de responder, e ir acrescentando níveis de profundidade até chegar na pergunta sobre o que aprenderam sobre si mesmos. »» Engajar diferentes opiniões para não intimidar pessoas que sintam ou pensem completamente diferente do que foi falado inicialmente: “Alguém que teve uma experiência PARTE GERAL | 205


»

»

completamente diferente gostaria de falar?” Engajar as vozes mais tímidas: “Alguém que ainda não falou gostaria de falar?” para evitar que apenas os mesmos que têm facilidade de se expressar tomem conta do tempo de roda de conversa todas as aulas. Encerrar a roda de conversa agradecendo, pedindo uma salva de palmas para todos que participaram e fechando a reflexão com uma das propostas descritas acima. Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

BNCC: competências gerais As competências gerais da BNCC – Base Nacional Comum Curricular – são apontadas no Livro do estudante. Para se aprofundar na BNCC, vale a pena consultar o material oficial, mas adiantamos as competências gerais. 1. Conhecimento. 2. Pensamento científico, crítico e criativo. 3. Repertório cultural. 4. Comunicação. 5. Cultura digital. 6. Trabalho e Projeto de Vida. 7. Argumentação. 8. Autoconhecimento e autocuidado. 9. Empatia e cooperação. 10. Autonomia. (BNCC, 2017, p. 9)

206 | MANUAL DO PROFESSOR

Habilidades de vida Há diversas definições e abordagens para ha­ bilidades de vida, como da Parceria para o Século 21 (Partnership for 21st Century), Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD – Organization for Economic Cooperation and Development), Hilton Pellegrino, Cola­ boração para Aprendizado Acadêmico, Social e Emocional (CASEL – Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), entre outras. Resolvemos, no entanto, adotar a abordagem e definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), por ser aquela que mais tem estudos so­ bre o impacto do desenvolvimento de habilida­ des de vida no comportamento de jovens. De acordo com a OMS, habilidades de vida são definidas como capacidades para compor­ tamentos adaptativos e socialmente adequados que permitam negociar eficazmente com as de­ mandas e os desafios do cotidiano. As dez habilidades bem como suas explica­ ções estão no Livro do aluno e são: autoconhecimento; empatia; comunicação eficaz; relacionamento interpessoal; tomada de decisões; resolução de problemas; pensamento criativo; pensamento crítico; lidar com os sentimentos e emoções; lidar com o estresse. Assim, em cada capítulo, serão apontadas quais destas habilidades tendem a ser mais tra­ balhadas e desenvolvidas, de acordo com seu conteúdo e as atividades sugeridas. Será uma boa oportunidade para discutir um pouco mais do assunto com o estudante e, ao final, ele es­ tará bastante familiarizado com os termos e as definições de cada uma delas.


ANotaÇÕES PARTE GERAL | 207


1 pessoal Dimensão

Autoconhecimento: o encontro consigo Sugestão de cronograma SUGESTÃO

CAPÍTULOS

TEMAS / PROPOSTAS

CAPÍTULO 1

1. Meu Projeto de Vida

2

Apenas lousa ou cartazes com os objetivos, acordos e plano de aula escritos antes da aula para serem apresentados.

2. Meu RG

2

Papel e lápis de cor ou canetinha e o álbum Projeto de Vida que cada estudante está construindo em seu fichário ou caderno.

3. De onde venho

2

Lápis ou caneta e papel.

4. Meu potencial criativo

2

Folhas de papel A4 ou A3 (se possível) para desenho e giz de cera ou giz pastel ou lápis de cor coloridos. Caixa de som com música instrumental, calma.

1. O que são valores

2

10 tirinhas de papel para cada estudante escrever um valor em cada uma. Livro do estudante com a lista de valores.

2. O que me faz feliz

2

Papel e lápis ou caneta.

3. Comunicando bem

2

Caderno e lápis ou caneta para o exercício do Livro do Estudante.

4. Eu em um poema

2

Caderno e lápis ou caneta para escrever o poema.

DE AULAS

CONSTRUINDO MINHA IDENTIDADE

CAPÍTULO 2 MEUS VALORES

RECURSOS E MATERIAIS


CAPÍTULO 3 UMA VIDA COM SONHOS

1. Minha vida como um rio.

2

Papel A4 e lápis de cor ou canetinha para desenhar o rio.

2. Roda da vida.

2

Caderno ou papel e lápis de cor para desenhar e colorir a roda da vida.

3. Soltando a imaginação no teatro.

2

Lousa para escrever as três regras do teatro do improviso Canetas como objeto para começar o jogo Isso é um... e também...

4. M eus sonhos em um poema.

2

Lenços, maquiagem, enfeites variados que os estudantes tiverem em casa para as performances.

Atividade de passagem.

4

Papel ou caderno e caneta para organizar a produção do evento.

Capítulo 1 1. Meu projeto de vida Objetivo para o(a) professor(a) • Apresentar o tema Projeto de Vida, o que é, seus objetivos, por que se tornou obrigatório para o Ensino Médio e está presente na BNCC e iniciar as atividades com os alunos, criando um campo de confiança por meio de acordos e de uma poderosa atividade de vínculo e integração. • Engajar todos os alunos no projeto pedagógico do Projeto de Vida. Material necessário • Lousa ou Flip-Chart previamente preparados com os objetivos, acordos e plano de voo escritos e um grande Bem-vindos(as) ao Projeto de Vida! Preparação prévia Planejar e praticar a condução do ritmo corporal. Definir as perguntas desejadas para a roda de apresentação. Escrever na lousa, computador para projeção ou em cartazes para colar nas paredes os objetivos, acordos, plano de voo de todo o curso Projeto de Vida e preparar as perguntas da roda de conversa. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

RITMO

Ge r ar s into nia r í t mic a no grupo e começar de forma surpreendente.

Consulte no início deste Manual como conduzir um ritmo.

RODA DE

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente brevemente com o nome e o gesto de alguma coisa que gosta de fazer. Todos devem repetir o gesto.

OBJETIVOS

Apresentar os objetivos do Projeto de Vida.

Veja nas páginas anteriores como apresentar os objetivos sugeridos.

ACORDOS

Apresentar os acordos para que o projeto se desenvolva bem ao longo dos dois anos.

Veja nas páginas anteriores como apresentar os acordos sugeridos.

PLANO DE VOO

Como o Projeto de Vida será trabalhado na escola.

Apresentar o tempo que os alunos terão para elaborar o projeto e com o apoio de quais professores(as) eles contarão.

APRESENTAÇÃO

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 209


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

ATIVIDADE DE

Gerar vínculo, de forma afetuosa, profunda e divertida entre os alunos e o(a) professor(a) e dar o primeiro mergulho de reflexão pessoal.

Nessa atividade, o(a) professor(a) pode subir em uma cadeira com cuidado, ou ficar no nível mais alto da sala, se houver, para conseguir ter uma visão do grupo todo e apoiar melhor os alunos. Abrir um grande espaço sem cadeiras e pedir para os alunos caminharem livremente na sala, respirando fundo, sem direção, em silêncio e olhando para o chão. “Ocupem todo o espaço. Lembrem-se do que fizeram para conseguir estar hoje na escola, como acordaram, como foi o trajeto, como foi o início do dia. Ótimo. Respirem profundamente. Comecem a erguer os olhos em silêncio profundo, e observar as pessoas que passam por você. Como são? Parecidas ou diferentes de você? Você conhece essas pessoas bem ou mal? O que será que elas têm em comum ou de muito diferente de você? Admirem as diferenças e as semelhanças e comecem a prestar atenção em um olhar que irá te fisgar ou você fisgará o olhar de alguém com quem tem curiosidade de conhecer melhor. Ao encontrar esse olhar, você ficará costas com costas e os braços entrelaçados.” O(A) professor(a) vai demonstrar com um aluno. Observe se todos têm duplas. Se alguém ficar sem par, o(a) professor(a) fará a dupla com essa pessoa. “Ótimo. Respirem fundo, sintam as costas. São do mesmo tamanho que as suas? São diferentes? Mais uma inspiração profunda e vocês irão ouvir uma pergunta, refletir sobre a resposta e quando estiverem prontos, virarão de frente e responderão essa pergunta primeiro dizendo o nome e depois contando ao seu colega. Alguma dúvida?

INTEGRAÇÃO SUGERIDA

A primeira pergunta é: “Pense em uma brincadeira de criança que você gostava. Com quem brincava, onde brincava, por que você gostava tanto dessa brincadeira?” Quando estiverem prontos, virem de frente, se apresentem e boa conversa. “Muito bom! Agradeçam seu par, virem de frente e voltem a caminhar.” (deixe os estudantes caminharem por mais alguns segundos e peça sempre silêncio). “Já sabem, devem encontrar novamente um olhar e entrelaçar os braços de costas.” O(A) professor(a) deve fazer mais quatro rodadas com as perguntas: “Cite uma pessoa que você admira e por quê. Pode ser alguém que esteja vivo e seja da sua convivência diária ou uma pessoa que já partiu. Uma pessoa talvez que você nunca tenha conhecido também vale. Não se esqueça de contar quem é ela e as razões pelas quais você a admira.” “Um desafio que você superou – algum momento em que você se viu em uma situação desafiadora e conseguiu superá-la. Exponham apenas o que tiverem vontade. E como fizeram para superar aquele momento.” “Um momento de grande realização.” O professor Antônio Carlos Gomes da Costa, que foi um pedagogo e pensador importante da educação, um dos principais colaboradores e defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente, dizia que nós temos momentos na vida em que o ser abraça o nosso querer ser. As pessoas com sorte vivem 3 ou 4 momentos como esse. É o momento em que éramos a pessoa certa, na hora certa, fazendo a coisa certa! “Um sonho que você deseja alcançar. Pode ser já, daqui a um mês, anos ou até muitos anos. Algo que você tem certeza que quer contar para si mesmo(a) e para os outros que conseguiu atingir.” Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

210 | MANUAL DO PROFESSOR


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

FECHAMENTO

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Proponha um momento de reflexão em que os alunos realizem o questionário presente no material complementar. Conduzir a roda de conversa e fechar a roda com uma palavra cada pessoa e, ao final, escolher uma palavra de toda a turma como grito de guerra que represente a jornada da elaboração do Projeto de Vida. Desafie um aluno que queira se arriscar criativamente a abrir o próximo tema, conduzindo na classe o ritmo corporal. Treine, se possível, antes com o aluno.

2. Meu RG Objetivo para o(a) professor(a) • Criar um ambiente de vínculo, diversão e confiança. • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre sua identidade, identificando características que fazem cada um ser único. • Apoiar os alunos na elaboração de seus RGs. Material necessário • Papel. • Lápis de cor ou canetinha. • O álbum Projeto de Vida que cada estudante está construindo em seu fichário ou caderno. Preparação prévia • Trazer o Portfólio Projeto de Vida. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um aluno que tenha participado do ritmo anterior, que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente brevemente com o nome e o gesto de como está se sentindo. Todos devem repetir o gesto antes do próximo aluno falar.

Objetivo da atividade Carteira de Identidade

Apresentar o objetivo da elaboração da Carteira de Identidade.

Vide no Livro do estudante o desenvolvimento da atividade. Apresente o objetivo da atividade com uma fala introdutória sobre a importância do autoconhecimento. Incentive todos os alunos a participarem sem se preocuparem em serem bons ou perfeitos no desenho. Lembre-os que essa não é uma prova de artes. É apenas mais uma forma de expressão que vamos usar. Temos o compromisso de experimentar coisas novas. Vamos espantar o papagaio da autocrítica, dos acordos deste curso, nosso crítico interno, e vamos tentar! Depois de 10 minutos para o preenchimento da Carteira de Identidade, peça que os estudantes formem duplas para apresentarem seus autorretratos e conversarem sobre as respostas que cada um deu. O texto de Perfil comportamental deve ser usado como forma de ampliar o autoconhecimento dos alunos, mas com cuidado de lembrá-los de que não temos um perfil rígido, mas ele se adapta aos momentos que estamos vivenciando.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Propor o momento de reflexão com a construção do questionário do material complementar. Conduzir a roda de conversa lembrando-se de sempre agradecer e elogiar o trabalho da turma no dia. Feche a roda com uma palavra de cada pessoa e faça o grito de guerra escolhido daquela turma.

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 211


3. De onde venho Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre sua identidade por meio de um mergulho na família e nas referências de pessoas que admira. Material necessário • Lápis ou caneta. • Papel. Preparação prévia • Peça que cada aluno leve um objeto antigo da família; pode ser uma foto, uma roupa, um brinquedo, pode ser a lembrança de uma brincadeira de infância dos pais ou avós, uma cantiga, algo que faça a conexão com o passado mais antigo da família que o estudante conseguir conectar. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo.

Música – Saiba, de Arnaldo Antunes. Se possível, coloque a música e peça para todos os alunos encontrarem juntos um ritmo de estalos de dedos para acompanhar e ouvir a letra com atenção. Terminando, peça aos alunos que leiam em voz alta o poema de Conceição Evaristo, do Livro do estudante. Dê as boas-vindas e apresente o objetivo do trabalho – todo mundo nasceu de um pai e de uma mãe, teve avós e avôs mesmo que não os tenha conhecido. O tema de hoje trabalhará sobre as famílias.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente mostrando o objeto ou descrevendo a lembrança mais remota da família. Acolha e oriente os que não têm família presente ou objetos que fazem parte de sua história. Aprecie todas as memórias e objetos levados.

Árvore Genealógica

Desenhar a ár vore genealógica.

Pedir que os alunos se lembrem da atividade de integração do primeiro dia do curso de Projeto de Vida em que, em duplas, tiveram que pensar em uma pessoa que admiram e por quê. Alguém se emocionou pensando ou ouvindo um colega falar sobre uma pessoa da família e gostaria de contar aqui? Em seguida, peça aos estudantes que desenhem sua árvore genealógica em um papel para ser colocado no álbum Projeto de Vida, nomeando as pessoas da família e escrevendo um valor que reconhece em cada uma delas. Caso haja pessoas que não são da família, mas que têm profunda relevância para o estudante, enfatize que ele deve colocá-las na árvore genealógica.

Diálogo em trios

Troca em trios.

Em trios, cada um deve apresentar sua árvore genealógica e quem são as pessoas de maior relevância.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa: Na grande roda, peça que cada um conte como foi realizar a atividade. Pergunte quem são as pessoas que têm maior relevância para os estudantes e por quê. Ao final, comente sobre a importância de entendermos de onde viemos, das diferentes histórias familiares e lembre que antes da sua avó, veio a avó da sua avó e antes dela a avó dela em um ciclo longo, que vai passando de geração em geração. Pergunte aos estudantes o que eles querem passar para frente e o que desejam romper nessa linha infinita da família. Caso histórias de dor venham à tona, combine com os alunos uma palavra de acolhimento para esse momento. Outra sugestão é apenas repetir o nome do estudante e completar – “Nome do estudante, nós te ouvimos e te acolhemos”. Fechar a roda com uma palavra em uníssono.

4. Meu potencial criativo Objetivo para o(a) professor(a) Facilitar o processo de mergulho interno e a conexão com seu potencial criativo. Facilitar o processo de expressão da própria criatividade a partir da visualização por meio do desenho, diálogo em duplas e da roda de conversa. Material necessário • Folhas de papel A4 ou A3 (se possível) para desenho. • •

212 | MANUAL DO PROFESSOR


• •

Giz de cera ou giz pastel ou lápis de cor coloridos. Caixa de som com música instrumental, o mais calma e lenta que puder, para o momento de condução da visualização e do desenho. Preparação prévia • Treinar a condução da visualização antes e levar o Livro do professor como apoio para leitura. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um aluno que tenha participado do ritmo anterior, que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente brevemente com o nome e o gesto de como está se sentindo. Todos devem repetir o gesto antes do próximo aluno falar.

Visualização Guiada

Entrar em contato com seu potencial criativo por meio da visualização guiada.

Como introduzir a visualização – Se quiser, escolha uma música instrumental bem suave e lenta e coloque de fundo. Comece dizendo aos participantes que eles vão embarcar numa viagem para onde mora o seu espírito criativo – ou seja, a parte em você que faz as coisas acontecerem. Essa parte está viva! Lembre que todos terão uma experiência diferente na visualização. Para alguns, é como um sonho vívido, para outros é mais vago, mais como uma impressão. Algumas pessoas não veem nada. Não importa de que forma você experimenta o processo, desde que siga a visualização da melhor forma que pode. Relaxamento Peça que os participantes encontrem uma posição confortável e fechem seus olhos (dê a opção de não fechar os olhos se preferirem). Inicie: “Tome consciência da sua respiração, sinta o ar entrando e saindo de seu corpo. Agora, respire mais profundamente, respire bem fundo, até encher sua barriga. Sinta sua barriga encher de ar e diminuir quando você expirar.” Você pode acrescentar coisas como: “Inspire energia calma, clara e expire qualquer tensão ou preocupação.” Peça que os participantes sintam o contato de seu corpo com o chão ou a cadeira. Com cada respiração, o corpo fica mais pesado.” Visualização Peça que os alunos imaginem que estão de frente para uma porta e diga: “Observe a porta por um minuto. De que cor é? De que é feita? Qual a textura? Como é a moldura da porta? Existe alguma coisa escrita na porta? Em alguns momentos, vou pedir que você abra a porta e você verá o lugar onde vive seu espírito criativo. Agora, abra a porta devagar e entre. Veja por um minuto o que está ao seu redor. Como é o ambiente? É um espaço grande ou pequeno? Que cores você vê? Agora localize a presença de seu espírito criativo e diga alô para ele. Tome um minuto para notar a aparência do seu espírito criativo. Que idade tem? Qual seu tamanho? É masculino ou feminino? Como você se sente quando olha para ele? Agora converse com seu espírito criativo. O que ele ou ela precisa para viver uma vida de plena atividade? Que conselho ele ou ela tem para você para que você mesmo possa viver uma vida mais criativa? Pergunte o que quiser agora para seu espírito criativo, o que vier à sua mente. Finalmente, agradeça seu espírito criativo por ter conversado com você esse tempo, diga adeus, sabendo que a qualquer momento você pode retornar para esse lugar. Agora, volte à porta, feche-a, e, devagar, bem devagar, retorne à sala. Mexa seus dedos dos pés e das mãos e, quando estiver pronto, abra seus olhos”.

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 213


Desenho

Desenho individual da visualização.

Diálogo em duplas

Troca em duplas.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes

Com folhas de papel sulfite e giz de cera, peça que os estudantes desenhem o que viram, sentiram ou experimentaram durante a visualização, ainda em silêncio profundo, apenas com a música de fundo. Peça para que coloquem símbolos, palavras, cores, desenhem a porta se quiserem, a forma como viram o espírito criativo se quiserem, o presente. Peça que se sentem em duplas e oriente-os a comentarem o que conseguem apreciar no desenho do outro. Os dois devem fazer.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa com respeito, pedindo silêncio profundo: Como foi visualizar? Quem conseguiu enxergar a porta, como ela era? E ao abrir, o que encontraram? Como foi encontrar o espírito criativo? Alguém viu com clareza? Alguém não viu, mas sentiu algo? O que foi dito? Vocês fizeram algo juntos? Quem viu o presente? Incentive quem participa pouco a falar na roda. Obrigado(a) por terem se aventurado nessa experiência, vamos encerrar hoje falando bem baixinho e celebrando esse momento. Escolham uma palavra para finalizar o encontro do dia e digam juntos bem baixinho, em roda.

Capítulo 2 1. Meus valores Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre seus valores pessoais e ampliar o repertório de valores. Material necessário • 10 pedacinhos de papel para anotar um valor em cada. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um aluno que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente dizendo nome e um valor que julga importante para si e para sociedade onde está inserido.

Objetivo da aula

Trabalhar valores pessoais.

Apresente os objetivos da aula.

Atividade

Reconhecer valores prioritários.

Peça aos alunos que leiam a lista de valores pessoais do seu livro e escolham os dez valores mais relevantes para si. Podem escrever um valor em cada pedacinho de papel e deixar em cima da mesa. Peça que imaginem que estão em um barco em uma travessia e há um problema com ele e, por isso, será preciso jogar cinco valores fora para o barco ficar mais leve. Peça para jogarem ao mar (no chão) os valores menos importantes, que terão que abrir mão. O barco consegue seguir viagem, mas uma nova tormenta acontece e mais três valores terão que ser jogados ao mar. O barco novamente recupera o prumo e continua a viagem. Porém um iceberg atinge o barco e mais um valor terá que ser jogado fora. Cada pessoa, portanto, ficará com um único valor, o mais importante.

214 | MANUAL DO PROFESSOR


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO Peça que os alunos anotem os seus dez valores mais importantes, dando destaque para os cinco mais importantes e mais destaque ainda no valor mais importante de todos, no Portfólio Projeto de Vida. Esta atividade foi inspirada na dinâmica da Escola de Liderança Feminina – Programa ELAS – www.programaelas.com.br.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa: Como foi abrir mão dos valores? Qual foi o valor mais importante para você no final da atividade? Fechar a roda com uma palavra em uníssono.

2. O que me faz feliz Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre sua identidade por meio das coisas que mais gostam e do que não gostam e refletir sobre o conceito de felicidade. Material necessário • Papel. • Lápis ou caneta. Preparação prévia • Pedir que os alunos assistam ao vídeo TED TALK – O poder da vulnerabilidade, de Brené Brown, para a próxima aula. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um aluno que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente dizendo o nome e “uma coisa que me faz feliz é...”.

Vídeo.

Uma sugestão é passar a TED Talk – O que torna uma vida boa?, de Robert Waldinger – Diretor da pesquisa mais antiga sobre felicidade da Universidade de Harvard – e debater: Quem se identificou com os resultados da pesquisa? Quem gostaria de trazer um ponto de vista diferente?

Objetivo da aula

Identificar coisas que nos fazem feliz e não nos fazem feliz.

Atividade do Livro do estudante – Pedir aos alunos que listem cinco coisas que os fazem felizes e cinco coisas que não gostam, em silêncio e individualmente, e faça você também o exercício para compartilhar.

ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Partilha em duplas.

Oriente os estudantes a ficarem em duplas e partilharem suas respostas. Lembre-os de que não há necessidade de dar conselhos ou consertar nada. Apenas escutar com toda atenção, esse será um presente para o seu par. Ao final, lembrá-los de agradecer a dupla por ter sido visto e ouvido. Lembre-os de colocarem em seus Portfólios do Projeto de Vida suas duas listas

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduza a roda final propondo as questões e incentive que façam as colocações que gostariam de dividir com a turma. Fechar a roda com uma palavra em uníssono escolhida pela classe.

Fechamento

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 215


3. Comunicando bem Objetivo para o(a) professor(a) • Criar um ambiente de vínculo, diversão e confiança. • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre suas histórias e qualidades. • Instrumentalizar os alunos sobre comunicação e praticar exercícios sobre ouvir e não ouvir e comunicação não violenta. Material necessário • Papel. • Caneta. Preparação prévia • Estudar as atividades 1 e 2 de comunicação antes de dar a aula. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um novo aluno que tenha participado do ritmo na aula anterior, que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada aluno se apresente brevemente com o nome e o gesto de como está se sentindo. Todos devem repetir o gesto antes do próximo aluno falar.

Objetivo da atividade

Atividade 1 Desenvolver habilidade de comunicação.

Objetivo da atividade

Atividade 1 Desenvolver habilidade de comunicação.

216 | MANUAL DO PROFESSOR

Apresente os objetivos da atividade. Divida a sala em trios e peça que todos levem caderno e caneta ou lápis. Defina quem será o comunicador, quem será o ouvinte e quem será o observador. Comunicador e ouvinte devem sentar-se de costas um para o outro. Observador fica em pé e observa. Comunicador deverá desenhar em seu papel, em um minuto, uma figura utilizando as formas círculo, triângulo e quadrado. E não deve mostrar para ninguém. Em seguida, terá 3 minutos para comunicar ao ouvinte, na maior quantidade de detalhes possível, o seu desenho, para que o ouvinte desenhe uma figura idêntica à do comunicador. O observador ficará atento para ver o que o comunicador está falando e o que o ouvinte está compreendendo. Depois dos 3 minutos, as duplas devem comparar as figuras e, com a ajuda do observador, identificar o que ajudou na comunicação a cumprir o objetivo ou o que impediu de cumprir o objetivo.

Abra uma grande roda, faça perguntas para provocar uma reflexão com as questões sugeridas ou outras que julgar adequadas: Como foi? O que você aprendeu sobre comunicação? Alguém aprendeu algo sobre si mesmo nesse exercício? Alguém se surpreendeu com o resultado do colega? O que isso quer dizer? Alguém teve uma experiência totalmente diferente das relatadas até agora? Alguém que não falou ainda quer falar? Se preferir, faça uma única roda de reflexão ao final. Obs. Atividade da Escola de Liderança Feminina – Programa ELAS www.programaelas.com.br


ATIVIDADE

OBJETIVO Atividade 2 Ouvir e não ouvir.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

DESENVOLVIMENTO Peça para que se dividam em duplas. Definam quem é A e quem é B. A falará por 3 minutos sobre um assunto que é importante para si. B tem a função de simplesmente não ouvir. Não deve nem olhar para A. Só não pode sair da cadeira e A não pode tocar em B para fazê-lo ouvir. Troca. Repete a mesma atividade com A não ouvindo e B tentando falar algo que é importante para si. Reflexão: como se sentiram? O que acontece no nosso corpo quando não somos ouvidos? Que sentimentos temos? Anotar na lousa. Segunda parte: Novas duplas. A vai falar por 5 minutos algo relevante para si. B vai ouvir completamente, com seus olhos, ouvidos e todo o corpo. Com seu coração. Como um presente que é dado. Troca as duplas e ambos têm a chance de falar.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa: Como foi? Que sentimentos tivemos dessa vez? Como foi não ser ouvido? Como foi não ouvir? Alguma relação com situações do dia a dia? Fechar a roda com o grito de guerra daquela turma, escolhido na primeira aula.

4. Eu em um poema Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre sua identidade e expressá-la por meio da poesia. Material necessário • Papel. • Lápis ou caneta. Preparação prévia • Sugerimos que o(a) professor(a) faça a reflexão e escreva seu próprio poema “De onde eu venho” antes de conduzir a aula. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um estudante que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte

Pedir que cada estudante se apresente dizendo o nome e um poeta ou cantor que diz coisas com as quais você se identifica.

Objetivo da aula

Facilitar a reflexão dos alunos sobre como escrever sobre a infância por meio da poesia.

Apresentar o objetivo da aula.

Atividade

Leitura em voz alta.

Leitura por um estudante da poesia “De onde eu venho” de George Ella Lyon. Sugestão: o(a) professor(a) facilitador(a) pode colaborar com a discussão do que podemos identificar na infância da autora por meio da poesia. Vide Livro do estudante.

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 217


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Exercício Individual

Elaborar as poesias individuais “De onde eu venho”.

Sugestão: Oriente os estudantes a silenciarem e escreverem suas próprias poesias “De onde eu venho”. Lembre-os de espantar o papagaio da autocrítica caso ele apareça no ombro falando coisas desnecessárias na aula de hoje.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa final e fechar a roda com uma palavra em uníssono escolhida pela classe.

Capítulo 3 1. Minha vida como um rio Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre sua trajetória de vida. Material necessário • Papel. • Lápis de cor ou giz de cera ou canetinha. Preparação prévia • Sugerimos ao(à) professor(a) que desenhe sua vida como um rio antes de conduzir a aula. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma surpreendente.

Pedir a um aluno que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

O b j e t i vo d a aula

Trabalhar a reflexão sobre a vida por meio da metáfora e do desenho de um rio.

Atividade

Minha vida como um rio.

Pedir que cada aluno se apresente dizendo o nome e o nome de um rio que é importante para si mesmo ou que existe em sua cidade.

Apresente o objetivo da aula. Peça aos estudantes que fechem os olhos e façam uma retrospectiva de sua própria vida: Sugestão: “Qual a lembrança mais remota que possui? Entre na infância, lembre-se do que gostava de brincar, com quem morava, com quem brincava e do quê? Aconteceram coisas importantes na sua infância que formaram a pessoa que você é hoje? E na adolescência, o que marcou essa mudança? Como você percebeu que estava mudando de fase? Onde estudou, quais foram seus melhores amigos e amigas? Onde morou e com quem? Ótimo, muito bom, vou pedir para cada um representar sua vida como um rio, de acordo com as orientações que estão no seu livro. Lembrando que não é uma prova de aptidão artística e, sim, mais uma forma de você expressar e observar sua trajetória para auxiliar a se conhecer melhor e projetar a vida que deseja para si mesmo.” Dois minutos antes de terminar, peça que cada aluno vá acrescentando os últimos símbolos e cores ao seu desenho e voltem a ficar em duplas.

218 | MANUAL DO PROFESSOR


ATIVIDADE

Fechamento

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Partilha em duplas.

Nas duplas, oriente-os a partilhar o que se sentirem confortáveis e, ao final, peça que fiquem em roda novamente.

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa e fechar a roda com uma palavra em uníssono.

2. Roda da vida Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de reflexão dos estudantes sobre diferentes dimensões da sua vida e avaliar o que pode ser feito para melhorar o que está em desequilíbrio. Material necessário • Papel. • Lápis colorido ou canetinha. Preparação prévia • Sugerimos que o(a) professor(a) desenhe e pinte sua roda da vida antes de conduzir a aula. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo e começar de forma energética.

Pedir a um estudante que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos para se sentirem parte.

Pedir que cada estudante se apresente dizendo o nome e uma nota de zero a dez de como anda a vida nesse momento.

Objetivo da aula

Facilitar a reflexão e o preenchimento pelos estudantes da ferramenta Roda da Vida.

Explicar o preenchimento da Roda da Vida – pintar desde o pontinho central, toda a fatia até a nota que o estudante atribuir para aquela área da sua vida.

Atividade

Troca em trios.

Em trios, os estudantes devem apresentar suas Rodas da Vida e avaliar em qual área devem interferir para impactar positivamente nas demais áreas.

ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa final e lembrar os estudantes de que essa é uma ferramenta que pode ser revista sempre que sentirem vontade. Ela é como uma fotografia da vida naquela data. A vida é dinâmica e é importante ter consciência do que queremos em nossa fotografia. Fechar a roda com uma palavra em uníssono escolhida pela classe.

3. Soltando a imaginação no teatro Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de imaginação dos estudantes por meio do teatro para apoiá-los no início da elaboração dos sonhos. Material necessário • Lousa para escrever as três regras do teatro do improviso. • Canetas como objeto para começar o jogo “Isso é um... e também...”.

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 219


Preparação prévia • Promova antes da aula pelo menos uma vez cada jogo de teatro para garantir que você compreendeu e que as explicações sejam claras e concisas. • Escreva as regras do improviso no computador para projeção, na lousa ou em cartazes. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo.

Pedir a um estudante que conduza o grupo nessa atividade.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada estudante se apresente dizendo o nome e um gesto de como está se sentindo.

Objetivo da aula

Facilitar o processo de imaginação dos estudantes por meio do teatro para apoiá-los no início da elaboração dos sonhos.

Apresentar o objetivo da aula tendo clareza que o mundo do teatro está cheio de atividades especialmente úteis que você pode usar para:

Jogos de teatro para o aquecimento.

Sugerir dois jogos de teatro para o aquecimento: “Vamos começar com alguns jogos de imaginação e depois conversar um pouco sobre eles.” Peça aos participantes que formem círculos de 8 a 10 pessoas. Jogo 1: Isto é um(a)... e também... Tempo: 5 minutos para 10 pessoas. Objetivos: imaginação, relaxamento, risada e diversão, risco criativo. Materiais: Um bastão, garrafa de água, caneta grossa ou objeto similar para cada grupo. Instruções: Peça para os participantes formarem círculos com 8 a 12 pessoas e um líder em cada grupo. 1. O líder segura o bastão (ou outro objeto) e diz: “Isto é um bastão, e também um(a) ______ (pente, por exemplo). Então ele demonstra isso, usando o bastão como um pente, fazendo os movimentos e sons apropriados.

Jogos de teatro para o aquecimento.

2. O líder passa o bastão para a pessoa à sua esquerda. 3. A segunda pessoa repete a demonstração do pente, copiando os movimentos e sons o mais fielmente possível, enquanto diz: “isto é um pente e também é ______ (por exemplo, uma tesoura). Ela demonstra a tesoura com movimento e sons, e passa o bastão para a próxima pessoa à esquerda. 4. A terceira pessoa repete a demonstração da segunda, copiando os sons e movimentos, enquanto diz “isto é uma tesoura, e também é...” Então ela dá uma nova identidade ao objeto e a demonstra com movimento e som. E assim vai, passando por todo o círculo. Dicas: Enfatize a importância de usar movimentos exagerados e sons fortes para demonstrar o objeto. Estimule os participantes a copiar a pessoa anterior o mais fielmente possível. Se algum participante disser que todas as suas ideias já foram usadas, lembre que o bastão pode ser qualquer coisa. Use uma forma imaginativa para compor novos grupos de 8, como dizer: “quando eu disser ‘já’, andem na ponta do pé em silêncio total para formar novos grupos”. Ou: “vejam se conseguem formar novos grupos enquanto eu conto até 5”. Jogo 2: O que você tá fazendo? Tempo: 20 segundos por pessoa. Objetivos: imaginação, relaxamento, risada e diversão, risco criativo, memorizar nomes. Instruções: Peça aos participantes para formarem círculos de 8 a 12 pessoas. Avise que eles vão saber os nomes das pessoas que estão ao lado, e dê um tempo para conferirem se lembram. Peça que usem sempre o nome das pessoas quando estiverem jogando. 1. O(A) líder imita um movimento fácil de ser entendido, como varrer o chão com uma vassoura. 2. A pessoa do lado pergunta: “[nome], o que você tá fazendo?” 3. O(A) líder responde algo diferente do seu movimento. Por exemplo, se ela está imitando varrer o chão, pode dizer: “estou lavando a louça”. 4. A pessoa que perguntou, então, começa a fazer mímica de lavar a louça, e a pessoa ao lado dela pergunta: “[nome], o que você está fazendo?” O movimento que ela está fazendo é de lavar a louça, mas ela também fala que está fazendo uma coisa diferente. Pode dizer, por exemplo: “estou empinando uma pipa”. 5. A terceira pessoa, então, faz o movimento de empinar uma pipa, e assim por diante ao redor do círculo. Agora vamos jogar um jogo que demonstra a conexão entre a imaginação e nossas sensações físicas.

220 | MANUAL DO PROFESSOR

• • • •

Trazer energia para o seu grupo. Engajar a imaginação. Pensar fora da caixa. Ajudar os participantes a se sentirem mais confortáveis para falar em público.


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Discussão

Facilitar a discussão dos jogos de imaginação.

Peça a todos que se sentem para discutir esse primeiro conjunto de jogos. Algumas perguntas: – Seu estado emocional mudou depois de jogar esses jogos? Como? – Alguém se sente diferente fisicamente? – Como você se sente em relação aos outros participantes? O que aconteceu? – O que dificultou/facilitou as atividades? – Alguém teve alguma dificuldade em ter ideias durante algum dos jogos? Questão que pode ser abordada: muitas vezes, jogando “isto é... e também...” com jovens, depois de 4 ou 5 pessoas terem jogado, alguém diz “todas as minhas ideias já foram usadas”. Se você simplesmente estimular, vão pensar em alguma coisa e o fluxo retorna. Na verdade, as possibilidades são infinitas. Uma coisa interessante sobre a imaginação é que quanto mais você usa, mais você tem. É um pouco como o amor. Por isso, jogar esses jogos de imaginação dá mais acesso à fonte de criatividade de cada um.

Apresentar as três regras do improviso

Agora que você já aqueceu sua turma e refletiu sobre como foi, apresente as três regras do teatro do improviso do Livro do estudante.

Facilitar a prática do jogo teatral Sim, e...

E com o aquecimento e as regras vá para o último jogo da aula Jogo 1: Sim, e… Tempo: 10 minutos para um grupo de 3 ou 4. Objetivo: imaginação, escuta, atenção, habilidades de narração, coesão do grupo. Instruções: Este jogo fácil de narrativa vai convencer a todos que são contadores de histórias. O jogo desperta a imaginação e ensina a primeira regra da improvisação teatral: diga sim às ideias dos outros. Este jogo deixa as pessoas relaxadas e dando risada, e ajuda a levar os participantes do campo do “não, mas...” em direção à possibilidade do “sim, e...” É um ótimo jogo para levar à conexão imediata. Peça aos participantes para formarem grupos de 3 a 4 pessoas e decidir quem vai começar (Pessoa A). 1. A Pessoa A começa inventando uma história. Pode ser qualquer história, no passado, presente ou futuro, e pode ser sobre qualquer coisa. A história deve ser o mais fantástica possível, com elefantes voadores, baleias douradas e muito mais! Depois de criar o contexto da história com 3 ou 4 frases, a Pessoa A para no final de uma frase. 2. A Pessoa B retoma a história e a única regra é começar com as palavras “Sim, e...” e torná-la ainda mais fantástica. Então ela continua contando a história na mesma voz que a Pessoa A. Isso quer dizer que, se a história começou a ser narrada na primeira pessoa (eu fui, eu vi), deve continuar assim. Depois de acrescentar 3 ou 4 frases à história, a segunda pessoa para no final de uma frase. 3. A história continua a ser contada ao redor do círculo, com cada pessoa retomando a narrativa com as palavras “Sim, e...” 4. Deixe a contação de histórias seguir por 7 a 10 minutos e termine o jogo pedindo para os grupos pararem. Dicas: 1. Veja se os participantes entenderam que eles precisam chegar ao final de uma frase para passar a história adiante para a próxima pessoa. 2. Demonstre o que você quer dizer quando diz para todos no círculo utilizarem a mesma voz narrativa. 3. Você pode enfatizar o uso do “Sim, e...” fazendo o grupo praticar as palavras “sim, e” juntos algumas vezes. 4. Estimule os participantes a ficarem de pé durante este jogo. As pessoas naturalmente trazem mais energia e gestos quando estão em pé. Sim e... sobre os sonhos pessoais Peça aos estudantes para fazerem mais uma rodada do jogo “Sim e...”, agora considerando seus sonhos. Diga que se imaginem com 50 anos de idade e cada um vai contar de forma mais fantástica e otimista possível, onde sua vida o(a) levou, nos últimos 35 anos, imaginando que esse grupo de 4 pessoas ficou sem se ver todo esse tempo.

MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 221


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes.

Conduza o fechamento da aula incentivando-os a dizerem sim na vida. Dizer sim à sua capacidade de sonhar, dizer sim a experimentar coisas novas para que mais portas se abram para sua vida e seu futuro. Fechar a roda com uma palavra em uníssono escolhidapela classe.

Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

4. Meus sonhos em um poema Objetivo para o(a) professor(a) • Facilitar o processo de imaginação dos sonhos dos estudantes por meio da metáfora, poesia e performance em grupo. Material necessário • Lenços, maquiagem e enfeites variados que os estudantes tiverem em casa para as performances. Preparação prévia • Peça aos estudantes que tragam os textos “Sim, e...” dos seus sonhos revisados conforme está previsto no Livro do estudante. Plano sugerido ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo.

Fazer uma palma simples para todos copiarem.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Pedir que cada estudante se apresente dizendo o nome e um gesto de como está se sentindo.

Objetivo da aula

Facilitar o processo de imaginação dos estudantes por meio da metáfora, poesia e performance em grupo.

Sugestão: Apresente o objetivo da aula dizendo que hoje vocês irão construir juntos o desafio criativo e não será diferente do que já fizeram até agora. Peça que relembrem as metáforas da aula Minha Vida Como um Rio e diga que irão começar por elas. Quem se lembra o que é uma metáfora e gostaria de dar um exemplo?

Atividade sugerida

Poema em grupo.

Peça que se reúnam em 4 grupos na sala. Distribua folhas de papel A4 ou solicite que separem uma folha do caderno. Peça que escrevam no topo da folha uma metáfora para sua vida no futuro. Por exemplo, completando a frase: Eu vejo minha vida melhor no futuro. Vejo minha vida como um... (colocar a metáfora que representa sua vida no futuro. Imagens da natureza podem ser boas inspirações. Pense em um substantivo e adicione um adjetivo que possa qualificar como você quer que seja o seu futuro).

222 | MANUAL DO PROFESSOR


ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Atividade sugerida

Poema em grupo.

Cada estudante deve escrever apenas uma frase simples e passar para o lado direito. Quem receber a folha, vai dar um pequeno espaço e escrever uma segunda frase, um verso, inspirado pela frase escrita no papel. Se travar, relembre-os que são capazes, que devem espantar o papagaio da autocrítica e que procurem se divertir enquanto escrevem. Oriente-os que antes de passar ao colega seguinte, dobrem a primeira frase que o colega anterior escreveu, deixando apenas a sua visível para o colega da direita. Passe a folha. Ao receber a folha do seu colega da esquerda, escreva um novo verso. Façam isso até que todos tenham escrito uma frase em cada folha. Ao terminar, leiam todas as poesias escritas no grupo.

Performance.

Informe o grupo que a tarefa final é inventar uma forma de apresentar um dos poemas ao resto da classe, utilizando pelo menos três formas de expressão artística (desenho, música, poesia, dança etc.) e eles têm 15 minutos para preparar uma apresentação de no máximo 5 minutos em que todos devem participar. Monte um espaço par a apresent ações e prepare - se par a ser surpreendido(a).

Apresentações.

Separe um espaço para o palco e inicie as apresentações. Não se esqueça de aplaudir calorosamente cada performance e convocar toda a sala para fazer o mesmo.

Roda de conversa.

Momento de reflexão: questionário no material complementar do aluno. Conduzir a roda de conversa. Você pode comentar que se tivesse dito no início da aula que eles teriam que bolar uma performance, com três formas de expressão artística, a partir de uma poesia, utilizando metáfora sobre os próprios sonhos, provavelmente muitos iriam travar, mas da forma como foi feita, foi possível. Grito de guerra e celebração com aplausos para todos os grupos.

Fechamento

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes com o grito de guerra da turma.

Fonte: Material traduzido e adaptado do Manual do Facilitador dos Parceiros para o Empoderamento da Juventude.

Atividade de passagem Para a atividade de passagem, sugerimos que o(a) professor(a) divida os alunos da sala em grupos, cada um com uma função diferente na produção do evento: • Logística e produção – grupo 1. • Divulgação do evento e marketing – grupo 2. • Mestre de cerimônias – 1 pessoa. • Decoração no dia do evento – grupo 3. Crie os grupos e as funções que julgar necessárias. Lembre-se de deixar os alunos protagonizarem essa produção. Durante a aula, discutam e preencham a planilha abaixo. Peça para os alunos se organizarem nos grupos e planejarem inicialmente o que for possível para ser apresentado e validado para toda a classe. Deixe claro que a instância de decisão é a sala toda e cada grupo é responsável por propor sugestões e agilizar a execução do que foi decidido. Marquem os nomes dos responsáveis de cada grupo para tarefas que não puderem ser definidas durante a aula e um X no prazo para aquela atividade ser cumprida, nas colunas das semanas. Utilize a primeira aula para planejar e a segunda aula para a tomada de decisão sobre cada linha. Façam a previsão do que mais será necessário organizar, que horas chegar com antecedência, o que cada um fará no dia do evento, quem confeccionará os cartazes das poesias e onde serão realizadas as performances. MÓDULO

1 | DIMENSÃO PESSOAL | 223


NOME DO CRONOGRAMA CRONOGRAMA CRONOGRAMA CRONOGRAMA DIA DO RESPONSÁVEL SEMANA – 4 SEMANA – 3 SEMANA – 2 SEMANA – 1 EVENTO

ETAPA

ATIVIDADE

1

Definição da data do evento.

Grupo 1

2

Definição do local do evento.

Grupo 1

3

Definição do horário do evento.

Grupo 1

4

Definição do público a ser convidado.

Todos

5

Como será feita a elaboração e envio dos convites?

Grupo 2

6

Com qual antecedência os convites devem ser enviados?

Grupo 2

7

Quem fará o design do convite?

Grupo 2

8

Qual a duração do evento?

Grupo 1

9

Qual será a programação exata no dia?

Grupo 1

10

Quem conseguirá a autorização da escola?

Grupo 1

11

Quem será o(a) mestre de cerimônias?

1 pessoa

12

Quem será o(a) professor(a) orientador(a) ou homenageado(a)?

13

Quando a equipe de produção irá se reunir e quantas vezes?

14

Quantas performances sobre os sonhos serão apresentadas?

Grupo 1

15

Quantas poesias sobre os sonhos serão apresentadas?

Grupo 1

16

Como será a decoração?

Grupo 3

17

Quais equipamentos serão necessários e quem será o responsável?

Grupo 3

Outras etapas a serem planejadas.

224 | MANUAL DO PROFESSOR


2 CIdadã Dimensão

Expansão e exploração: o encontro com o outro e o mundo Sugestão de cronograma CAPÍTULOS

TEMAS / PROPOSTAS

SUGESTÃO DE AULAS

RECURSOS E MATERIAIS

CAPÍTULO 1

1. O raio X da comunidade

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

2. Comunidades inspiradoras força pessoal e força coletiva

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

3. Intervindo na comunidade

3 – uma para a exploração do assunto e início do projeto e duas para finalização do projeto.

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

4. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

1

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

1. Os três poderes na política

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

2. Política e participação política

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

3. Verdade ou mentira?

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

4. Meus direitos

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

5. Construindo políticas públicas

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

MAPEANDO A COMUNIDADE

CAPÍTULO 2 PARTICIPANDO NA POLÍTICA


CAPÍTULO 3

1. Diversidade

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

2. Desigualdade Racial

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

3. Enfrentamentos da adolescência

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

Atividade de passagem

2

Internet para pesquisa (se possível). Caderno e lápis ou caneta.

RESPEITO À DIVERSIDADE E IGUALDADE DE DIREITOS E OPORTUNIDADES

A sugestão de procedimentos para o(a) professor(a) trabalhar os assuntos contidos nas dimensões cidadã e profissional é a mesma da dimensão pessoal. Como há um padrão, disponibilizamos o quadro a seguir com a estrutura de aula sugerida e o que irá mudar são os repertórios descritos no Livro do estudante e as atividades, que seguem listadas de forma resumida abaixo. Estrutura sugerida: ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Aquecimento

Gerar sintonia nos alunos e engajar o corpo.

Ritmo corporal descrito no módulo 1 ou qualquer outra atividade de aquecimento corporal liderada pelo(pela) professor(a) ou pelos alunos.

Objetivo da aula

Apresentar o objetivo da aula.

Presente no Livro do estudante.

Ampliação de repertório

Apresentar a proposta de conteúdo sobre o tema contido no Livro do estudante.

O Livro do estudante sugere algumas possibilidades de abordagem do conteúdo. O(A) professor(a) pode e deve alternar em cada aula. Todos os conteúdos estão listados a seguir, com sugestões de procedimentos, e estão desenvolvidos no Livro do estudante.

Atividade

Propor uma atividade de reflexão e elaboração do conteúdo.

O(A) professor(a) pode propor a atividade contida no Livro do estudante ou criar outra atividade que se adapte melhor à sua turma. Todas as atividades estão listadas a seguir e descritas com mais detalhes no Livro do estudante.

Roda de conversa

Conduzir a roda de conversa descrita no Módulo 1 do Manual do professor.

Realizar a roda de conversa partindo das perguntas concretas para as de maior abstração que proporcionam a reflexão e saltos de consciência e aprendizagem sobre os conteúdos. Prestar atenção para engajar as vozes mais tímidas e sempre lembrar que os estudantes precisam sair do curso com a certeza de terem sido vistos e ouvidos.

Fechamento

Realizar o fechamento da aula.

Encerrar de forma clara a atividade, engajando as vozes de todos os alunos.

Procedimentos possíveis para engajar o estudante Formato de organização da sala Para a realização de todas as atividades e propostas do Projeto de Vida, sugerimos iniciar as aulas com o formato das cadeiras da sala em círculo, e alterá-lo para as atividades serem feitas em duplas ou pequenos grupos. Depois das atividades, sugerimos retornar o círculo ao final da aula para a roda de conversa e o encerramento. O formato de filas de cadeiras não favorece a metodologia e a proposta participativa, de vínculo, em que todos precisam ser vistos e ouvidos.

226 | MANUAL DO PROFESSOR


Atividades sugeridas para engajamento dos alunos É impor tante se lembrar do modelo Imaginação – Participação – Compromisso em que se baseia esse livro. Ao engajar a imaginação dos jovens, eles tendem a participar mais, e ao participar se tornam mais comprometidos. Cinco possibilidades de convocar a imaginação e a participação do Modelo do Empoderamento Criativo seguem abaixo. Você pode alterná-las em suas aulas, trazendo mais diversão e engajamento dos alunos: 1. Lembre-se de sempre engajar as vozes mais tímidas – Leitura individual em silêncio, seguida de discussão: nesse modelo mais convencional, é importante que o(a) professor(a) – facilitador(a), depois de algumas vozes, faça as perguntas: Alguém que ainda não falou gostaria de falar? Ou encorajar: Eu gostaria de ouvir uma voz nova, alguém que se arrisque a falar sem ter feito isso antes. Isso evita que sempre os mesmos alunos falem nas discussões em sala. 2. Desenho – Leitura em subgrupos seguida de produção em desenho do conteúdo compreendido e apresentações dos pontos principais pelos subgrupos para posterior discussão: Neste modelo, o(a) professor(a) engaja a imaginação dos alunos por meio da expressão das artes visuais. Um tempo deve ser destinado à leitura e outro para a elaboração de um desenho que represente os pontos principais. As oportunidades frequentes de apresentação em público vão ajudar os alunos que sentem que possuem barreiras em relação a isso, a desconstruí-las. O aplauso como incentivo e reconhecimento deve vir por parte do(da) professor(a)-facilitador(a) bem como dos demais estudantes. Caso não queira que a sala fique muito barulhenta, compartilhe o aplauso em LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais – e faça dele um hábito da sua sala. O resultado

é o incentivo e reconhecimento, porém sem palavras ou barulho. 3. Performances com outras formas de expressões artísticas – Leitura em subgrupos seguida de produção de performance do conteúdo aprendido e apresentações: retomar as aprendizagens e sensações da aula de teatro da dimensão pessoal e pedir que os alunos criem uma performance com diferentes expressões artísticas como música, dança, ritmo corporal, poesia ou outro. Não é necessário deixar muito tempo para a preparação das performances em uma aula. Você vai se surpreender se deixar 5 ou 10 minutos para o grupo preparar sua apresentação. A criatividade ama limites. Experimente! Pode ser até mais fácil de criar em tão pouco tempo do que em um tempo muito grande. 4. Pesquisa do repertório prévio da classe e desenho - Antes da leitura é possível começar indagando o que os alunos sabem sobre aquele assunto. Você pode pedir a um estudante que desenhe na lousa o que os colegas irão falar e montar um painel com todos os conteúdos. Depois, basta acrescentar novos conhecimentos trazidos por você ou pelo texto do livro. 5. Poesia coletiva - Leitura em subgrupos seguida de discussão e posterior elaboração de poesia coletiva. Depois do mergulho no conteúdo proposto e condução da discussão em roda para aprofundamento, peça aos estudantes que escrevam no topo de uma folha de papel ou no caderno uma primeira frase dada por você sobre o assunto. Nos seus grupos, os alunos deverão escrever uma segunda sentença abaixo, inspirada pela primeira. Não é necessário rimar nem se preocupar com os erros nesse momento. Lembre-os para apenas deixarem soltar a imaginação. Cada um passa o seu papel para a direita e uma nova rodada de MÓDULO

2 | DIMENSÃO CIDADÃ | 227


frases deve ser acrescentada ao papel do

ticipação cidadã no município e comunicação

colega. Lembre os estudantes de escreve-

com o poder público.

rem como se estivessem dando um lindo presente para o dono do papel. Todos vão

Comunidades inspiradoras -

acrescentando uma nova frase até o seu

força pessoal e força coletiva

papel retornar para o escritor que iniciou a poesia. Cada um escreve um último verso

Ampliação de repertório – os casos do Banco Palmas de Fortaleza, comunidade de Ivapo-

para encerrar o seu poema escrito coleti-

runduva do Vale do Ribeira e o povo Yawa-

vamente. Oriente-os para fazerem a leitura

nawá do Acre.

de todos os poemas. E se houver tempo,

fazerem a performance do poema elabo-

sobre as comunidades citadas ou ou-

rado para os demais.

tras que forem do conhecimento dos estudantes ou do(da) professor(a), com-

Capítulo 1 - Mapeando a comunidade

preender quais elementos favorecem que uma comunidade consiga se trans-

O objetivo do capítulo é ensinar o estudante

formar para melhor.

a fazer uma análise da própria comunidade; conhecer exemplos de sucesso de organizações comunitárias; aprender a planejar e executar uma ação de intervenção cidadã relacionada aos

Intervindo na comunidade •

Ampliação de repertório – o caso do Instituto Elos sobre intervenção na comunidade e a re-

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

forma do Museu de Pesca em Santos feita por estudantes de arquitetura. Apresentação de

O raio X da comunidade •

estrutura de projeto de intervenção cidadã.

Ampliação de repertório – pesquisa e discus-

são sobre orçamento participativo, estatuto

intervenção cidadã conforme modelo

Atividade de escolha de temas que le-

sugerido ou outro que o(a) professor(a)

variam ao orçamento participativo da cidade. •

Ampliação de repertório sobre conselhos

desejar. •

desenvolvem projetos de intervenção

Atividade de pesquisa sobre quais são

na escola.

os conselhos do município do estudante que ele tem interesse. •

Ampliação de repertório sobre lei de iniciativa popular e sessões plenárias na câmara dos vereadores. •

Atividade de desenho dos mapas cognitivos do bairro, identificando pontos fortes e fracos.

Ampliação de repertório: apresentação do caso Colab.re, aplicativo de melhoria da par228 | MANUAL DO PROFESSOR

Ampliação de repertório – o concurso Criativos da Escola – para estudantes que

municipais. •

Atividade: definição de um desafio comunitário e elaboração de projeto de

da cidade e plano diretor. •

Atividade: pesquisa e apresentação

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável •

Ampliação de repertório – A Agenda 2030, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e as 169 metas. •

Atividade: Revisão do projeto de intervenção cidadã, elaborado nas aulas anteriores, e identificação dos ODS com os quais o projeto mais estabelece relação.


podem ser utilizadas pelas autoridades no

Capítulo 2 - Participando na Política

combate à corrupção. •

O objetivo deste capítulo é apoiar o estu-

corrupções, pesquisa e apresentações

dante a aprender sobre o funcionamento do governo e formas de participação política; ana-

Atividade – reflexão sobre pequenas

Ampliação de repertório – prevenção e com-

lisar a corrupção e como podemos contribuir

bate à corrupção.

para extingui-la; discutir sobre fake news e suas

Pesquisa e análise de um caso de cor-

consequências no mundo atual; compreender e

rupção que aconteceu no município.

refletir sobre os direitos universais e particula-

Apresentação no formato de telejornal.

res da juventude e sobre o que são e como se

Ampliação de repertório – documentário Dishonesty e a pesquisa Experimento Matrix

constroem as políticas públicas.

sobre pequenas corrupções.

Os três poderes na política Ampliação de repertório – o papel de cada um dos entes federativos, a separação de pode-

Verdade ou Mentira •

Ampliação de repertório: notícias falsas (fake

res no Brasil.

news), quais seus tipos, quais as motivações

Atividade: pesquisa sobre lideranças dos

de quem as cria, como são disseminadas,

poderes executivo e legislativo na cidade,

quais as consequências de disseminá-las e

estado e município e elaboração de carta

como identificá-las.

ao vereador.

rida na cidade de Salvador em 2019.

Federal de 1988.

Analisar se é falsa ou verdadeira.

Política e Participação Política •

Ampliação de repertório – O que é política

Meus direitos

e o que é participação política.

Pesquisa por uma notícia sugerida ocor-

Ampliação de repertório – A Constituição

Ampliação de repertório – documentos e le-

Atividade: Pesquisa sobre cargos das

gislações que descrevem os direitos humanos,

eleições passadas e candidatos para as

os direitos fundamentais e os direitos direta-

próximas eleições.

mente relacionados à criança, ao adolescente

Ampliação de repertório – Outras formas

e ao jovem, para a cobrança e o engajamento

de participação: sugestão de lei por ideias

na luta pela garantia desses direitos.

legislativas, lei de iniciativa popular, ouvido-

rias, o que é advocacy, como tirar seu título

Atividade: pesquisa e apresentações dos 11 direitos do Estatuto da Juventude.

eleitoral. •

Atividade: lista e cálculo de quantos alu-

Construindo Políticas Públicas

nos já têm ou não o título eleitoral e che-

cagem de data para realizar o agenda-

quem são os atores na sua construção e qual

mento daqueles que não tiraram ainda.

o ciclo das políticas públicas.

Corrupção •

Ampliação de repertório – políticas públicas,

Reflexão e discussão sobre como o pro-

Ampliação de repertório – conceito de cor-

jeto de intervenção cidadã elaborado

rupção, pequenas corrupções, o papel de

anteriormente pelos alunos poderia se

cada um no combate à corrupção e leis que

transformar em uma política. MÓDULO

2 | DIMENSÃO CIDADÃ | 229


Ampliação de repertório – Políticas públicas de

nação por gênero, raça ou outra carac-

saúde no Brasil, o caso do SUS.

terística. •

pessoas com deficiência.

Capítulo 3 - Respeito à diversidade e igualdade de direitos e oportunidades O objetivo deste capítulo é apoiar o estudante a compreender e discutir o respeito à di-

Ampliação de repertório – Legislação sobre •

Atividade: Cálculo da população brasileira com algum tipo de deficiência e cálculo da participação de pessoas com deficiência auditiva dentro da população de pessoas com deficiência.

Ampliação de repertório – Diferença entre diversidade e inclusão.

versidade e como isso interfere na vida e no dia

a dia dos jovens, bem como o que está sendo

Atividade: composição dos comitês de diversidade, da mesma forma que as

feito no país sobre o assunto; entender enfrenta-

maiores empresas têm feito de 2015

mentos típicos da juventude tais como bullying

em diante, e apresentações na escola

e transtornos mentais comuns da adolescência e como pedir ajuda.

sobre dados levantados sobre o assunto

Diversidade

panha na escola. Reflexão sobre o que

qualquer organização pode fazer para

de cada comitê para realização de cam-

Ampliação de repertório – conceitos relacio-

garantir mais respeito à diversidade no

nados ao tema diversidade, dados demográ-

ambiente de trabalho.

ficos e o que é possível fazer para construir uma sociedade mais justa, com respeito à diversidade em todos os seus aspectos.

Desigualdade Racial

Atividade: pesquisa sobre homicídios de

mo previsto na legislação brasileira.

pessoas transgêneras no Brasil e discussão. •

Ampliação de repertório – Diversidade no

Atividade: pesquisar e ler a legislação

mercado de trabalho, dados da pesquisa da

na íntegra. Pesquisa e discussão sobre

consultoria McKinsey “Entregando resulta-

casos recentes de denúncia de racismo

dos por meio da diversidade”.

no Brasil.

Ampliação de repertório – o crime de racis-

Pesquisa sobre notícias com esse tema

Ampliação de repertório – a luta pela igual-

nos sites indicados e apresentações em

dade de raça no Brasil. O caso do tuíte de

sala de aula.

Gilberto Porcidonio: “Se o racismo acabasse

Ampliação de repertório – Vieses incons­cientes,

hoje, o que você faria?”.

conceito, explicação e pesquisa realizada com

Gilberto Porcidonio e discussão.

dois currículos idênticos para serem analisados, apenas trocando um nome masculino para um

Atividade: Resposta em sala do tuíte de

Ampliação de repertório – os números da

nome feminino.

desigualdade no Brasil, o conceito de racis-

Atividade: análise dos conceitos e pes-

mo estrutural, o que são ações afirmativas.

quisa e discussão sobre casos conheci-

dos de pessoas que sofreram discrimi-

230 | MANUAL DO PROFESSOR

Atividade: Debate sobre as ações afirmativas.


Ampliação de repertório – A luta an­tirracista, os cinco mecanismos de defesa do ego de Grada Kilomba e a discussão se racismo reverso existe ou não.

Atividade: leitura do banner da OAB na semana da consciência negra de 2019, análise dos dados e cálculos sobre os números do Brasil. Discussão. Criação de banner sobre igualdade racial para compor o Portfólio.

Ampliação de repertório – Expressões da língua portuguesa que carregam discriminação racial.

Enfrentamentos da Adolescência: Bullying •

Ampliação de repertório – Enfrentamentos da adolescência tais como bullying e transtornos mentais nessa fase da vida e esclarecimento sobre como e onde buscar ajuda.

Atividade: criação de cartaz ou banner eletrônico sobre bullying, convite a um especialista para falar na escola organizado pelos alunos, criar, se não houver, e comunicar para toda a escola o canal de apoio antibullying.

Ampliação de repertório – Pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico com 250 mil professores e líderes escolares em 48 países sobre bullying e dados do Brasil no estudo

Transtornos mentais na adolescência.

Objetivo para o(a) professor(a): •

Facilitar o processo de compreensão pelos alunos sobre os Transtornos da Adolescência e orientá-los sobre como identificar e pedir ajuda.

Sugestão de plano de aula

ATIVIDADE

OBJETIVO

Ritmo

Gerar sintonia rítmica no grupo.

Roda de apresentação

Engajar a voz de todos os alunos para se sentirem parte.

Objetivo da aula Atividade sugerida

Fechamento

DESENVOLVIMENTO Fazer uma palma simples para todos copiarem. Pedir que cada estudante se apresente dizendo o nome e um gesto de como está se sentindo. Apresentar o objetivo da aula explicando que este é um tema que quanto mais conversado, mais pode ajudar a todos que precisam.

Análise em grupos dos transtornos.

Dividir os estudantes em 6 grupos e pedir que cada grupo leia e discuta um dos 5 transtornos: ansiedade, estresse, depressivo, obsessivo-compulsivo e disruptivo e o “você sabia que...” que trata de “redes sociais, depressão e ansiedade”.

Apresentações e discussão.

Peça que o grupo elabore uma apresentação de 5 minutos sobre o transtorno escolhido, referente à identificação de sinais que podem indicar a presença do transtorno, e pesquisem sobre a rede de apoio à vida presente na cidade ou nas cidades vizinhas para esses casos.

Ritualizar o encerramento do encontro valorizando novamente todas as vozes com o grito de guerra da turma.

Roda de conversa para esclarecimento de que esse tema, quanto mais conversado, mais pode ajudar quem precisa. Esclarecimento dos canais de apoio na área de saúde da cidade. Grito de guerra e celebração com aplausos para todos os grupos.

MÓDULO

2 | DIMENSÃO CIDADÃ | 231


É importante lembrar que o(a) professor(a) é a pessoa que está mais próxima dos alunos e pode ser quem mais rápido identifica algum comportamento diferente. Cabe à escola prover apoio ao(à) professor(a), para que ele(ela) possa discutir com a coordenação pedagógica, pais, orientador, como conduzir e apoiar o aluno. De acordo com a neuropsicóloga Juliana Certain Dreyfuss, diretora e fundadora do Grupo Can, Dedicação ao Bem-Estar e Desenvolvimento Humano, o(a) professor(a) não deve dar exemplos da sua própria história de vida nesses casos, ou buscar aconselhar o aluno sem que seja treinado(a) para isso. O(A) professor(a) deve abrir espaço de escuta, discutir com a direção e orientação e encaminhar para os profissionais de saúde capacitados para lidar com os casos que apresentem sinais de que algo está em desequilíbrio.

Materiais de apoio aos professores sobre

O que fazer se houve um caso de suicídio ou tentativa? “Estudos mostram que quando há um caso de suicídio na escola, duas semanas depois haverá uma segunda tentativa se nada for feito”, aponta Sheila Cavalcante, da Unifesp. “Adolescentes podem encarar o ato de tirar a própria vida como uma espécie de heroísmo ou exemplo a ser seguido”, completa. Como medida de prevenção, a escola deve convocar um especialista para elaborar o luto de toda a turma e das famílias. “As famílias e a escola devem estar prontas para acolher o jovem, dando espaço para que ele expresse sentimentos como tristeza, raiva e culpa sem julgamentos”, diz a especialista. Apoio: •

disponibiliza gratuitamente um manual com-

saúde mental •

pleto de combate ao suicídio http://www.

Prevenção do suicídio: manual para profes-

flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?nume-

sores e educadores, Organização Mundial da

ro=14#page/1.

Saúde – link para baixar o arquivo em PDF https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_educ_port.pdf. Ou coloque na barra de busca do Google: Prevenção do suicídio: manual para professores e educadores. • Saúde Mental nas Escolas - https://www. appai.org.br/saude-mental-nas-escolas/. •

A Sociedade Brasileira de Psiquiatria também

Programa Cuca Legal – http://cucalegal.org. br/ – iniciativa ligada ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) que visa à promoção de saúde mental e à prevenção de transtornos mentais em ambientes de ensino, por meio do desenvolvimento de programas de intervenção baseados em evidências científicas.j4

232 | MANUAL DO PROFESSOR

A lei de combate ao bullying nas escolas, sancionada em maio, altera um trecho da Lei 9.394, de 1996, e amplia as obrigações das escolas no combate à prática. Além das instituições de ensino, clubes e agremiações têm o dever de desenvolver medidas de conscientização, prevenção e combate

ao bullying. http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-05/temer-sanciona-lei-de-combate-ao-bullying-nas-escolas. Fonte: Fundação Telefônica Vivo – Quatro maneiras de falar sobre suicídio nas escolas


ATIVIDADE DE PASSAGEM - Conclusão da dimensão cidadã Evento: Ocupação de soluções Cheque no Livro do estudante todas as informações sugeridas para o evento e adapte-o como for mais adequado para a sua escola. Reforce para os alunos que para essas apresentações cada grupo deve utilizar pelo menos 3 diferentes formas de expressão artística, como poesia, teatro, música, dança, artes visuais, vídeo, fotografia, entre outros. Para a atividade de passagem, sugerimos que o(a) professor(a) divida os alunos da sala em grupos, cada um com uma função diferente na produção do evento: • Logística e produção – grupo 1 • Divulgação do evento e marketing – grupo 2 • Mestre de cerimônias – 1 pessoa • Decoração no dia do evento – grupo 3 Crie os grupos e as funções que julgar necessárias. Lembre-se de deixar os alunos protagonizarem essa produção. Durante a aula, discutam e preencham a planilha abaixo. Peça para os alunos se organizarem nos grupos e planejarem inicialmente o que for possível para ser apresentado e validado para toda a classe. Deixe claro que a instância de decisão é a sala toda e cada grupo é responsável por propor sugestões e agilizar a execução do que foi decidido. Marquem os nomes dos responsáveis de cada grupo para tarefas que não puderem ser definidas durante a aula e um X no prazo para aquela atividade ser cumprida, nas colunas das semanas. Utilize a primeira aula para planejar e a segunda para a tomada de decisão sobre cada linha. Façam a previsão do que mais será necessário organizar, que horas chegar com antecedência, o que cada um fará no dia do evento, quem confeccionará os cartazes das poesias e onde serão realizadas as performances. Tenham um ótimo evento! Exemplo de planilha de produção ETAPA

ATIVIDADE

NOME DO

CRONOGRAMA CRONOGRAMA CRONOGRAMA CRONOGRAMA DIA DO

RESPONSÁVEL

SEMANA - 4

SEMANA - 3

SEMANA - 2

SEMANA - 1

EVENTO

1

Definição da data do evento.

Grupo 1

2

Definição do local do evento.

Grupo 1

3

Definição do horário do evento.

Grupo 1

4

Definição do público a ser convidado.

Todos

5

Como será feita a elaboração e envio dos convites e cartazes?

Grupo 2

6

Com qual antecedência os convites devem ser enviados e os cartazes afixados?

Grupo 2

7

Quem fará o design do convite? Grupo 2 E dos cartazes?

8

Qual a duração do evento?

Grupo 1

MÓDULO

2 | DIMENSÃO CIDADÃ | 233


ETAPA

ATIVIDADE

NOME DO

CRONOGRAMA CRONOGRAMA CRONOGRAMA CRONOGRAMA DIA DO

RESPONSÁVEL

SEMANA - 4

SEMANA - 3

SEMANA - 2

SEMANA - 1

EVENTO

9

Qual será a programação exa- Todos ta no dia?

10

Quem conseguirá a autorização da escola?

Grupo 1

11

Quem será o(a) mestre de cerimônias da abertura?

1 pessoa

12

Quem será o(a) professor(a) orientador(a) ou homena- geado(a)?

1 pessoa

13

Quando a equipe de produção irá se reunir e quantas vezes?

Grupo 1

Quantos projetos de intervenção na comunidade serão apresentados e de que maneira?

Todos

14

15

Qual será o espaço na escola para cada grupo apresentar?

Grupo 1

16

Como será a decoração?

Grupo 3

17

Quais equipamentos serão necessários e quem será o responsável?

Grupo 3

18

Outras etapas a serem planejadas.

19

Como e onde será feito o encerramento?

Grupo 1

234 | MANUAL DO PROFESSOR


3

Dimensão

profissional

Planejamento: o encontro com o futuro e o nós Sugestão de cronograma CAPÍTULOS

TEMAS / PROPOSTAS

SUGESTÃO DE AULAS

RECURSOS E MATERIAIS

CAPÍTULO 1

1. Esferas da vida.

1

Lápis de cor.

EQUILÍBRIO E

2. Histórias de conquistas.

2

Caderno e caneta ou lápis.

CAPÍTULO 2

1. A difícil escolha.

2

Caderno e caneta ou lápis.

E DEPOIS DO

2. Mercado de trabalho.

2

Caderno e caneta ou lápis.

3. Ter um emprego ou empreender?

2

Caderno e caneta ou lápis.

4. Profissões do futuro.

3

Caderno e caneta ou lápis.

1. Começar cedo é o melhor planejamento financeiro.

2

Caderno e caneta ou lápis.

2. Elaborando o currículo.

4

Computador.

3. Minha apresentação pessoal.

2

Caderno e caneta ou lápis.

Atividade de passagem.

4

SUCESSO

ENSINO MÉDIO?

CAPÍTULO 3 FINALIZANDO O PROJETO DE VIDA

A sugestão de procedimentos para o(a) professor(a) trabalhar os assuntos contidos nas dimensões cidadã e profissional é a mesma da dimensão pessoal. Como há um padrão, disponibilizamos o quadro a seguir com a estrutura de aula sugerida e o que mudará são os repertórios descritos no Livro do aluno e as atividades, que seguem listadas de forma resumida abaixo.


Estrutura sugerida: ATIVIDADE

OBJETIVO

DESENVOLVIMENTO

Aquecimento

Gerar sintonia nos alunos e engajar o corpo.

Ritmo corporal descrito no módulo 1 ou qualquer outra atividade de aquecimento corporal liderada pelo(pela) professor(a) ou pelos alunos.

Objetivo da aula

Apresentar o objetivo da aula.

Presente no Livro do estudante.

Ampliação de repertório

Apresentar a proposta de conteúdo sobre o tema contido no Livro do Estudante.

O Livro do aluno sugere algumas possibilidades de abordagem do conteúdo. O(A) professor(a) pode e deve alternar em cada aula. Todos os conteúdos estão listados a seguir, com sugestões de procedimentos, e estão desenvolvidos no Livro do Aluno.

Atividade

Propor uma atividade de reflexão e elaboração do conteúdo.

O(A) professor(a) pode propor a atividade contida no Livro do Estudante ou criar outra atividade que se adapte melhor à turma. Todas as atividades estão listadas a seguir e estão descritas com mais detalhes no Livro do Estudante.

Plenária

Conduzir a plenária descrita no Módulo 1 do Manual do professor.

Realizar a plenária partindo das perguntas concretas para as de maior abstração que proporcionam a reflexão e saltos de consciência e aprendizagem sobre os conteúdos. Prestar atenção para engajar as vozes mais tímidas e sempre lembrar que os estudantes precisam sair do curso com a certeza de terem sido vistos e ouvidos.

Fechamento

Realizar o fechamento da aula.

Encerrar de forma clara a atividade, engajando as vozes de todos os alunos.

Procedimentos possíveis para engajar o estudante Formato de organização da sala Para a realização de todas as atividades e propostas do Projeto de Vida sugerimos iniciar as aulas com o formato das cadeiras da sala em círculo, e alterá-lo para as atividades serem feitas em duplas ou pequenos grupos. Depois das atividades, sugerimos retornar para a roda ao final da aula para a plenária e o encerramento. O formato de filas de cadeiras não favorece a metodologia e a proposta participativa, de vínculo, em que todos precisam ser vistos e ouvidos. Atividades sugeridas para engajamento dos alunos É im por t a nte se lembr ar do modelo Imaginação – Participação – Compromisso em que se baseia este livro. Ao engajar a imaginação dos jovens, eles tendem a participar mais, e ao participar, se tornam mais comprometidos. Seguem abaixo cinco possibilidades de convocar a imaginação e a participação do Modelo do Empoderamento Criativo. Você pode alterná-las

236 | MANUAL DO PROFESSOR

em suas aulas, trazendo mais diversão e engajamento dos alunos: 1. Lembre-se de sempre engajar as vozes mais tímidas – Leitura individual em silêncio, seguida de discussão: nesse modelo mais convencional, é importante que o(a) professor(a)-facilitador(a), depois de algumas vozes, faça as perguntas: Alguém que ainda não falou gostaria de falar? Ou encorajar: Eu gostaria de ouvir uma voz nova, alguém que se arrisque a falar sem ter feito isso antes. Isso evita que sempre os mesmos alunos falem nas discussões em sala. 2. Desenho – Leitura em subgrupos seguida de produção em desenho do conteúdo compreendido e apresentações dos pontos principais por cada subgrupo para posterior discussão: Neste modelo, o(a) professor(a) engaja a imaginação dos alunos por meio da expressão das artes visuais. Um tempo deve ser destinado à leitura e outro para a elaboração de um desenho que represente os pontos principais. As oportunidades frequentes de apresentação em público vão ajudar os alunos que sentem que possuem barreiras em relação a isso a desconstruí-las. O aplauso como incentivo e reconhecimento deve vir por parte do(da) professor(a)-facilitador(a) bem como


dos demais estudantes. Caso não queira que a sala fique muito barulhenta, compartilhe o aplauso em LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais – e faça dele um hábito da sua sala. O resultado é o incentivo e reconhecimento, porém sem palavras ou barulho. 3. Performances com outras formas de expressões artísticas - Leitura em subgrupos seguida de produção de performance do conteúdo aprendido e apresentações: retomar as aprendizagens e sensações da aula de teatro da dimensão pessoal e pedir que os alunos criem uma performance com diferentes expressões artísticas como música, dança, ritmo corporal, poesia ou outro. Não é necessário deixar muito tempo para a preparação das performances em uma aula. Você vai se surpreender se deixar 5 ou 10 minutos para o grupo preparar sua apresentação. A criatividade ama limites. Experimente! Pode ser até mais fácil criar em tão pouco tempo do que em um tempo muito grande. Pesquisa do repertório prévio da classe e desenho - Antes da leitura é possível começar indagando o que os alunos sabem sobre aquele assunto. Você pode pedir a um deles que desenhe na lousa o que os colegas irão falar e montar um painel com todos os conteúdos. Depois, basta acrescentar novos conhecimentos trazidos por você ou pelo texto do livro. 4. Poesia coletiva - Leitura em subgrupos seguida de discussão e posterior elaboração de poesia coletiva. Depois do mergulho no conteúdo proposto e condução da discussão em roda para aprofundamento, peça aos estudantes que escrevam no topo de uma folha de papel ou caderno uma primeira frase dada por você sobre o assunto. Nos seus grupos, os alunos deverão escrever uma segunda sentença abaixo, inspirada pela primeira. Não é necessário rimar nem se preocupar com os erros nesse momento. Lembre-os para apenas deixarem soltar a imaginação. Cada um passa o seu papel para a direita e uma nova rodada de frases deve ser acrescentada ao papel do colega. Lembre os estudantes de escreverem como se estivessem dando

um lindo presente para o dono do papel. Todos vão acrescentando uma nova frase até o seu papel retornar para o escritor que iniciou a poesia. Cada um escreve um último verso para encerrar o seu poema escrito coletivamente. Oriente-os para fazerem a leitura de todos os poemas. E se houver tempo, fazerem a performance do poema elaborado para os demais.

Capítulo 1 - Equilíbrio e sucesso O objetivo deste capítulo é iniciar o processo de planejamento olhando para as quatro esferas da vida: pessoal, profissional, educacional e social, bem como apresentar as histórias de Nina Silva e Rick Chesther e identificar fatores que contribuíram para seu sucesso, além de aprofundar o conhecimento sobre carreira na área de tecnologia. E por último, incentivar a pesquisa e reflexão sobre outras histórias de sucesso para o estudante.

Esferas da vida •

Ampliação de repertório – apresentação das diferentes esferas da vida e o que compõe cada uma delas. • Atividade 1: Preenchimento da roda da vida pela segunda vez no curso e avaliação por parte do estudante, o que mudou desde a primeira vez que preencheu. Rodadas de discussão sobre cada esfera em subgrupos. •

Atividade 2: Reflexão sobre os sonhos para cada esfera por meio da imaginação de cenas concretas do estudante

realizando aquele sonho. Ampliação de repertório – Pesquisa da consultoria PageGroup sobre 38 profissões estimadas estarem em alta em 2020.

Histórias de conquistas •

Ampliação de repertório – as histórias de Nina Silva e Rick Chesther.

MÓDULO

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Pós-Graduação. Dados do Censo da Educação Superior de 2018. • Atividade 1: pesquisa e análise de vanta-

Atividade 1: pesquisa sobre os dois profissionais apresentados no livro. Discussão sobre o que é sucesso.

gens e desvantagens dos quatro caminhos:

Atividade 2: Manchete da minha vida –

Curso Técnico, Bacharelado, Licenciatura

oriente os estudantes a criarem manchetes

ou Tecnológico. Apresentações.

sobre suas vidas, inspirados pelas manche•

tes da vida de Nina Silva e Rick Chesther. Ampliação de repertório – Estudo “Achados e Recomendações para Formação Educacional e Empregabilidade em TIC”, que afirma que em 2024 poderá haver um déficit de 290 mil profissionais na área de TI e áreas mais promissoras no mercado de Tecnologia da Informação (TI). • Atividade: Salão da Fama – oriente os

Atividade 2: lista elaborada pelos alunos dos principais cursos.

Mercado de Trabalho •

estudantes a criarem em seus Portfólios de Projeto de Vida seu Salão da Fama com as pessoas que, individual ou coletivamente, são reconhecidas pela exce-

Ampliação de repertório – dados do Brasil no relatório de desigualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial. Datas importantes da conquista de direito das mulheres no Brasil. Os sete princípios do empoderamento feminino da ONU. Dados do estudo “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas”, do Instituto Ethos. •

lência ou sucesso em suas carreiras na

Atividade: Pesquisa sobre a origem do Dia Internacional da Mulher; pesquisa sobre

opinião do estudante.

Cleópatra, Marie Curie, Alice Guy-Blaché, Amelia Earhart, Frida Kahlo e Marta por meio dos vídeos do canal no YouTube – O

Capítulo 2 E depois do Ensino Médio? Esse capítulo tem como objetivo ensinar sobre as trilhas de estudo no Brasil, desde a educação infantil até a pós-graduação, suas características e algumas informações que ajudem o estudante a pensar sobre o melhor caminho a seguir. Aborda também as conquistas de direitos das mulheres no Brasil e revela, por meio de dados e pesquisas, as desigualdades ainda existentes entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Em seguida, apresenta as diferenças, os pontos fortes e fracos entre buscar um emprego ou empreender para que o jovem possa refletir com qual possibilidade mais se identifica e, por último, trata das profissões que são ditas como mais demandadas no futuro.

A difícil escolha •

Ampliação de repertório – a trilha da educação no Brasil, Curso Técnico, Ensino Superior, 238 | MANUAL DO PROFESSOR

Álbum das Mulheres Incríveis por Natalia Milano e apresentações para a sala de aula.

Ter um emprego ou empreender •

Ampliação de repertório – Vantagens e desvantagens entre empreender ou ter um emprego; estudos sobre empreendedorismo entre jovens; empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade; o que são negócios de impacto social. • Atividade: imaginando a possibilidade de criar um negócio.

Profissões do futuro •

Ampliação de repertório – Pesquisa LinkedIn sobre as 15 profissões em alta em 2020; Pesquisa do Institute for the Future (Instituto para o futuro). • Atividade: levando em conta todos os estudos que afirmam que a tecnologia modificará o mercado de trabalho em um futuro próximo, imagine como será possível relacionar tecnologia aos so-


nhos que você imaginou quando abordou o tema Esferas da Vida.

Capítulo 3 Finalizando o Projeto de Vida Este capítulo tem como objetivo ensinar conceitos básicos de planejamento financeiro, sua importância e seu impacto na vida e algumas dicas e ferramentas para começar cedo a se organizar financeiramente. Além disso, o capítulo deve ensinar os estudantes a elaborarem um bom currículo e fazerem uma apresentação pessoal poderosa.

Começar cedo é o melhor planejamento financeiro •

Ampliação de repertório – Dados do Serviço de Proteção ao Crédito no Brasil sobre endividamento. Como organizar as contas e fazer um orçamento. Como analisar hábitos de consumo. Definir metas e autocontrole. Atividade: Discussão sobre hábitos de consumo e definição de metas de curto, médio e longo prazo.

Elaborando o currículo •

Ampliação de repertório – O que é um currículo. Como elaborar um currículo. Cuidados ao elaborar um currículo. • Atividade: Preenchimento do modelo de currículo e revisão. Sugerimos duas aulas e que todos os alunos elaborem seus currículos na primeira e façam a revisão dos currículos uns dos outros na segunda aula.

Minha apresentação pessoal •

Ampliação de repertório – Elementos fundamentais para uma poderosa apresentação pessoal. • Atividade: Elaboração por escrito da apresentação pessoal, treino em duplas e apresentações para todo o grupo.

ATIVIDADE DE desfecho Evento: Feira de profissões Cheque no Livro do aluno todas as informações sugeridas para o evento e adapte-o como for mais adequado para a sua escola. Reforce para os alunos que cada dupla terá um espaço na escola para explicar para os demais membros da comunidade escolar informações sobre a profissão que escolheram pesquisar. E além das apresentações das duplas, eles devem escolher profissionais que serão convidados para fazerem rodas de conversa com os alunos sobre aquela profissão. Além dessas duas atividades, os estudantes deverão fazer em formato A3 a capa ampliada dos seus Portfólios de Projeto de Vida para expor na escola. Para a atividade de passagem, sugerimos que o(a) professor(a) divida os alunos da sala em grupos, cada um com uma função diferente na produção do evento: • Logística e produção – grupo 1 • Divulgação do evento e marketing – grupo 2 • Mestre de cerimônias – 1 pessoa • Decoração no dia do evento – grupo 3 Crie os grupos e as funções que julgar necessárias. Lembre-se de deixar os alunos protagonizarem essa produção. Durante a aula, discutam e preencham a planilha abaixo. Peça para os alunos se organizarem nos grupos e planejarem inicialmente o que for possível para ser apresentado e validado para toda a classe. Deixe claro que a instância de decisão é a sala toda e cada grupo é responsável por propor sugestões e agilizar a execução do que foi decidido. Marquem os nomes dos responsáveis de cada grupo para tarefas que não puderem ser definidas durante a aula e um X no prazo para aquela atividade ser cumprida, nas colunas das semanas. Utilize a primeira aula para planejar e a segunda para a tomada de decisão sobre cada linha. Façam a previsão do que mais será necessário organizar, que horas chegar com antecedência, o que cada um fará no dia do evento, quem confeccionará os cartazes das poesias e onde serão realizadas as performances. Tenham um ótimo evento! MÓDULO

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Referências bibliográficas • BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. MEC, 2017. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec. gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 16 fev. 2020. Documento que rege o conjunto de conteúdos e sua progressãode aprendizagem para todos os alunos da Educação Básica. • www.partnersforyouth.org Site da organização Parceiros para o Empoderamento da Juventude cuja metodologia é a base deste livro. • Catch the Fire: An Art-Full Guide to Unleashing the Creative Power of Youth, Adults and Communities. Charlie Murphy e Peggy Taylor. Livro com a metodologia do Modelo do Empoderamento Criativo - base metodológica deste livro. • Disciplina Positiva para adolescentes. Jane Nelsen e Lynn Lott Livro sobre psicologia positiva. • https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/ Site da Organização Mundial da Saúde. • http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/ lei/l13185.htm Lei de combate à intimidação sistemática (bullying). • h t t p : / / w w w . f l i p 3 d . c o m . b r / w e b / p u b / c f m / index9/?numero=14#page/1. Manual de Combate ao Suicídio – Sociedade Brasileira de Psiquiatria. • www.cvv.org.br Site do Centro de Valorização da Vida com atendimento gratuito para pessoas em depressão ou com tendências suicidas. • https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/ suicideprev_educ_port.pdf Manual de Prevenção ao Suicídio para professores e educadores da Organização Mundial da Saúde. • https://www.appai.org.br/saude-mental-nas-escolas/ Site da Associação Beneficente dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro com conteúdo sobre saúde mental nas escolas. • http://cucalegal.org.br/ Site do Projeto Cuca Legal – iniciativa ligada ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) que visa à promoção de saúde mental e à prevenção de transtornos mentais em ambientes de ensino. • Bricolage: a busca pela compreensão de novas perspectivas em pesquisa social. Rampazzo, Adriana Vinholi e Ichikawa, Elisa Yoshie – II Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade. ORGANIZAÇÕES QUE TRABALHAM COM FOCO EM JUVENTUDES • www.institutoayrtonsenna.org.br Site do Instituto Ayrton Senna com o programa Superação Jovem. • www.institutounibanco.org.br Site do Instituto Unibanco com o projeto Jovem de Futuro.

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• www.fundacaotelefonica.org.br Site da Fundação Telefônica Vivo que tem como missão criar oportunidades de desenvolvimento para educadores, jovens e crianças enfrentarem os desafios do mundo contemporâneo, por meio de projetos de educação, empreendedorismo e voluntariado. • https://www.cocacolabrasil.com.br/institutococacolabrasil Site do Instituto Coca-Cola Brasil com o programa Coletivo Jovem. • http://icebrasil.org.br/ O Instituto de Corresponsabilidade pela Educação – ICE é uma entidade sem fins econômicos criada em 2003 por um grupo de empresários motivados a conceber um novo modelo de escola e resgatar o padrão de excelência do então decadente e secular Ginásio Pernambucano, localizado em Recife. • www.unitedwaybrasil.org.br Site da United Way Brasil, organização sem fins lucrativos que investe estrategicamente na educação de crianças e jovens para que desenvolvam habilidades e competências para a vida, por meio da articulação entre as empresas, governos, sociedade civil e indivíduos. • www.cipo.org.br Site da CIPÓ – Comunicação Interativa, organização fundada em 1999 em Salvador por comunicadoras que tinham um sonho: transformar a vida de meninas e meninos de classes populares por meio da comunicação. • www.comcultura.org.br Site do Comunicação e Cultura – Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos, com sede em Fortaleza e atuação nacional que trabalha com educomunicação para jovens. • www.oficinadeimagens.org.br Organização da sociedade civil de Belo Horizonte (MG) que atua há 15 anos para garantir os direitos de crianças, adolescentes e jovens. • https://www.agenciajovem.org/wp/ Iniciativa colaborativa que envolve diversas organizações, movimentos e projetos sociais e escolas no Brasil e no exterior. Promovida pela Viração Educomunicação. • https://plan.org.br/ Com 80 anos de história, a Plan International é uma Organização não governamental, não religiosa e apartidária que defende os direitos das crianças, adolescentes e jovens, com foco na promoção de igualdade de gênero. • http://www.jabrasil.org.br Site da Junior Achievement, uma das maiores organizações sociais incentivadoras de jovens do mundo. Estimula e desenvolve estudantes para o mercado de trabalho pelo método “aprender-fazendo” para o empreendedorismo e preparação para o mercado de trabalho. • https://www.fazendohistoria.org.br/ O Instituto Fazendo História apoia crianças e jovens separados de suas famílias para que se tornem capazes de construir histórias de vidas potentes, interrompendo um ciclo de abandono, ruptura e violência.




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