cn em série Saúde
martina cavalcanti revista@cidadenova.org.br
A doença
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SAÚDE PRIVADA Com um número de usuários cada vez maior, o modelo apresenta problemas antes restritos ao sistema público. Quais os remédios para essa doença?
dos planos de saúde
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o Brasil, o desejo de ter um plano de saúde só perde para o de adquirir um imóvel e ter acesso à educação de qualidade, segundo pesquisa Datafolha/IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar). A prioridade do tema, a insatisfação com o sistema público e o aumento de renda da população se traduziram na crescente contratação de planos privados nos últimos anos. De acordo com o Instituto Bra si leiro de Geografia e Estatística (IBGE), um quarto dos brasileiros possuía planos de saúde em 2012,
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Cidade Nova • Outubro 2014 • nº 10
quase o triplo de usuários contabilizados dez anos antes. Mas se, por um lado, a maior procura levou ao aperfeiçoamento da regulamentação do sistema privado de saúde pelo Estado, esse aumento também aprofundou a insatisfação quanto ao atendimento nos hospitais particulares. Em 2013, as reclamações dos usuários superaram a marca de 100 mil, número quase cinco vezes maior do que uma década antes. Falta de acesso a procedimentos e até mesmo longos períodos de espera na fila estão agora entre as quei-
xas mais frequentes também do sistema privado. Dados compilados pelo IBGE a pedido do Conselho Paulista de Medicina evidenciam a carência de médicos no país. Somente a região Sudeste cumpre a meta de 2,5 profissionais para cada mil habitantes. “Justamente esse é um dos gargalos da saúde suplementar. As operadoras dos planos não credenciam número suficiente de médicos na mesma velocidade em que cresce o número de usuários”, alerta o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá.