Alexandre Alves Costa

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(…) Estes anos heróicos da Teoria e História deram novas perspectivas a uma futura abordagem da história da arquitectura, encarada pelo lado da arquitectura e não da história tradicional, pelo lado do espaço, matéria da arquitectura, e não pela escultura decorativa, pelo lado dos sistemas construtivos e do seu significado e não pela nomenclatura e classificação dos elementos estruturais, pelo lado da crítica de arquitectura e não pela narrativa dos elementos que a conformam. Falava-se do livro de história sobre o estirador, mas ninguém sabia o que isso queria dizer! 4. AS AGRURAS DA LIBERDADE OU A ACEITAÇÃO INSTITUCIONAL DA EXPERIMENTAÇÃO PEDAGÓGICA —1974 A recusa do desenho transformou-se na reivindicação do desenho. Iniciou-se a reestruturação do curso com base no antigo e reassumido património, sobretudo de debate, acumulado na memória da Escola. 5. FINALMENTE A HISTÓRIA DA ARQUITECTURA PORTUGUESA (…) É objectivo da disciplina o encontro com a realidade concreta de uma tradição nacional, a abordagem das questões ao nível de uma leitura contínua das formações estilísticas e dos períodos de transição, bem como o entendimento da temporalidade em que decorre a actuação do arquitecto. Uma leitura das leituras, também. Trata-se da aprendizagem de meios para o reconhecimento e a formulação das questões, na perspectiva de abrir caminho para uma edificação conceptual autónoma. Trata-se, como refere Heidegger, de um recuo positivo ao passado no sentido de uma apropriação produtiva. (…) A história da arquitectura para futuros arquitectos deve ser o estudo das condições e dos processos de desenho que produziram as obras objecto de análise e crítica, exemplos concretos em que se aprende o como, não transformáveis em modelos, porque libertas do vírus contagioso da forma contemporânea. Esta perspectiva informativa e formativa deve servir, prioritariamente para qualificar o desenho de cada um como projecção estruturada do pensamento. (…) A solução vai ser procurar adequar o percurso do ensino ao progresso natural do conhecimento. No âmbito restrito de uma só cadeira, esta progressividade deve ser substituída por um esforço simultâneo em vários registos, dependendo do seu ajustamento a única possibilidade de ensinar. E actuamos com a convicção de que não pode haver regras invioláveis, nem talvez método, mas antes um inevitável pluralismo metodológico. E por Heidegger sabemos que: quando apenas se toma posse de algo que é oferecido, não se está verdadeiramente a aprender, o que só se começa a fazer quando se experimenta o que se apanha como o que em si mesmo já se tem, ou seja, quando, exercitando-se com o que é pressuposto, se inicia uma apropriação de algo através do uso que se faz da própria razão. 6. AMIGOS E COMPANHEIROS HISTORIADORES Estudamos história da arquitectura pelo prazer de compreender a arquitectura, não como reflexão especulativa, mas como reflexão a partir do interior, pensando o que deve ser feito e como fazer. Porque fazendo, em concertado diálogo e travessas rupturas, são continuados os percursos que nos foram legados. Necessitamos deles, espaços e formas, dos seus lugares e dos seus autores, porque são como um espelho e medida de tudo o que de novo vai sendo feito. (…) Emprestar o nosso olhar para compreender, num processo de leitura complexa do objecto em si e na sua relação comparada com outros objectos. (…) Finalmente, fornecer o instrumento imprescindível para esta apropriação inteligente — o desenho — que sendo uma síntese específica de comunicação de uma ideia formal, tem também a capacidade de se revelar como um auxiliar do processo analítico de leitura do objecto arquitectónico. Para o conhecimento da realidade construída, o desenho é incontornável. Sem ele não se entenderá o que está feito e como foi feito. Com ele, e complementando outros saberes, se entenderá porquê e, sobretudo, como fazer.

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PRÁTICA(S) DE ARQUITECTURA PROJECTO, INVESTIGAÇÃO, ESCRITA

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ALEXANDRE ALVES COSTA


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