Revista Reação - Edição 95 (Anuário 2013/2014)

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web ligada à Fundação para a Ciência e a Tecnologia, pertencente ao Ministério da Educação e Ciência Português. E é essa ferramenta que vamos usar. É com a experiência desse parceiro que a Revista Reação vai contar para dar início a esse trabalho do Ranking Brasileiro de Acessibilidade na Web e, futuramente, criar o “Observatório Brasileiro”. O trabalho será iniciado agora, divulgando a partir desta edição alguns resultados que Hudson já tem. “A finalidade disso não é mostrar quem está fazendo errado ou não, é levar informação para essas empresas e órgãos públicos, prefeituras e governos, que existe um público, uma parcela considerável da população, que necessita desse serviço disponível na Web”, afirma Hudson Lima. Ele conta ainda, que a ideia é colocar todas as informações pesquisadas posteriormente em um site e desenvolver, inclusive, um validador nacional, de fácil uso, para que qualquer interessado coloque seu endereço e fique sabendo se o seu site é suficientemente acessível ou não. Lima está procurando patrocínio para esse projeto, que será o “Observatório Brasileiro de Acessibilidade na Web”, em parceria com a Revista Reação. “O diferencial do nosso Observatório é que ele não vai pensar só na acessibilidade, mas em outras questões como: o site está adaptado pra funcionar no celular ? O site carrega em qualquer conexão ? Isso é importante, por exemplo, para quem vende através da Web, porque um comerciante do Pará vai ter uma conexão diferente do de São Paulo. Por isso, nosso objetivo é analisar os sites de e-commerce também... e por outro lado, as pessaos com deficiência também têm o direito de comprar pela Internet”, afirma o pesquisador. Mais informações a respeito do trabalho desenvolvido por Hudson Lima podem ser acessadas em: www.hudsonaugusto.wordpress.com Para começar essa ideia fantástica do “Observatório”, a Revista Reação e Hudson Lima trazem, nessa edição, para começar, as maiores cidades paulistas e os 10 maiores bancos, e a sua avaliação de Acessibilidade na Web. E na próxima edição será a vez da análise dos sites das montadoras de veículos. Acompanhem !!!

Acessibilidade na Web e as dificuldades de uma advogada cega Nossa articulista carioca, Deborah Prates, sente na pele os problemas de Acessibilidade na Web. Ela é advogada e cega há 7 anos, e se considera banida da profissão pela implementação do peticionamento eletrônico ser inacessível aos leitores de tela web que, de forma gradativa, foi sendo implantado, tornando-se obrigatório. “Não posso enviar petições, acessar/fazer login em alguns sites da Justiça e outros procedimentos. Até mesmo a consulta de processos se tornou desgastante, já que tenho que me valer de ‘olhos amigos/solidários’ para praticar qualquer ato. Logo, o que já estava difícil, tornou-se impossível”, afirma Deborah, que fez até uma manifestação pública sobre o assunto em 13 de novembro último, na porta do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro/RJ. A Lei Nº 11.419, de dezembro de 2006, ordenou a informatização do processo judicial. De forma gradativa a comunicação de atos e transmissão de peças processuais passaram a ser feitos na forma do diploma legal. Daí houve desdobramentos como, por exemplo, assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica. “Certo é que o contexto foi ficando cada dia mais complicado para as pessoas com deficiências visuais que trabalham com a Justiça. Para o Poder Judiciário, esse segmento é invisível”, atesta a advogada. Ela conta também que as audiências estão sendo feitas com um monitor na mesa, onde os advogados navegam pelo processo virtual. “Ora, sem acessibilidade nos sites, como desempenhar esse importante mister ?”, pergunta. “Uma verdadeira humilhação diante do cliente, juiz etc. A maioria esmagadora da sociedade, incluindo o próprio Poder Judiciário, nem tem ideia/noção da existência de leitor de telas para cegos, razão pela qual não se preocuparam com a necessária instalação do mesmo”, alerta Deborah. Para ela, os sites foram construídos fora do padrão internacional de acessibilidade para web. Um grupo de advogados e juristas irá propor ao Conselho Nacional de Justiça a adoção do Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) no Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT), uma ferramenta criada por um grupo de grandes empresas multinacionais para padronizar o desenvolvimento de páginas na internet e torná-las acessíveis a pessoas com deficiência visual. O processo de reconstrução do sistema com o uso da ferramenta está em estudo por uma equipe técnica do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

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