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Waiheke

Waiheke é uma ilha sofisticada, distante de Auckland 40 minutos por ferry, considerada destino perfeito para quem busca belas praias e vinhos incríveis no mesmo lugar. Para ficar uns dois dias ou apenas uma “day trip”, a ilha, conhecida como a “Ilha do Vinho”, que possui mais de 30 vinícolas boutiques com uma estrutura impecável de enoturismo. Minha dica é uma degustação de vinhos seguida de almoço na encantadora vinícola Casita Miro, uma deliciosa lembrança de Barcelona, onde a referência ao Parc Guell não é uma mera coincidência. Após o almoço, um sunset na vinícola Mudbrick garante uma vista incrível do skyline de Auckland no horizonte. Inesquecível ver os contornos dos grandes edifícios e da imponente Sky Tour com a luz dourada da golden hour. Se você tiver a possibilidade de dois dias na ilha, para o dia seguinte, a dica é uma ida a Man O’ War, localizada na ponta oposta da ilha – que não é tão pequena e exige um veículo mais específico para cruzar a estrada de terra –, que produz vinhos incríveis com variedades como Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec e Cabernet Franc.

Voltando a Auckland alugamos um carro para começarmos a aventura pela longa estrada até o sul da ilha Sul. Mas não sem pararmos antes por alguns dias para conhecer as belíssimas praias da Península de Coromandel, que estão entre as mais lindas do mundo.

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Hawke’s Bay

Nosso próximo destino vinícola foi Hawke’s Bay, distante 420km de carro de Auckland, foi o trecho mais distante e exaustivo de toda a viagem. Bem próximo do mar, foi possível entender porque a mineralidade e o frescor dos vinhos são tão evidentes. Nessa região destaque para os tintos elaborados com Syrah – que tem uma pegada totalmente diferente dos australianos – e os frescos Chardonnay, que em nada lembram os pesados e barricados brancos do Novo Mundo.

Em Hawke’s Bays uma visita a Trinity Hill e a grandiosa Craggy Range, com direito a almoço no ótimo restaurante que levou o prêmio de Melhor Restaurante em Vinícola do Ano, é parada obrigatória. Ficamos apenas dois dias, mas poderia até ter ficado mais um. Ao invés de ficarmos hospedados em Napier, a grande cidade da região, optamos pela bucólica Hastings, muito mais agradável, com opções diversas de hospedagens e distantes poucos quilômetros das vinícolas. Se tivesse mais um dia, ainda teria visitado a Church Road e Te Mata, seria perfeito.

Martinborough/ Wairarapa

Seguimos em direção ao sul da ilha Norte para Martinborough, apenas 1h30 de Wellington, a capital da Nova Zelândia. Nessa região a Sauvignon Blanc brilha, mas com características um pouco diferentes dos brancos mais crocantes e ácidos de Marlborough. Ali, o Sauvignon é mais exuberante no aroma e mais redondo no paladar, sendo perfeito para quem não aprecia a acidez mais marcante nos exemplares dos Sauvignon Blancs da ilha Sul. Em Martinborough visitamos as vinícolas Ata Rangi e Palliser, na Palliser vale uma parada mais longa para desfrutar de um almoço, a vinícola é linda. Como as vinícolas são pequenas, o ideal é reservar previamente as degustações de vinhos.

Como queríamos conhecer Wellington, optamos por seguir direto a capital, assim teríamos dois dias para conhecer a cidade. A Nova Zelândia é dividida em duas ilhas, a Norte e a Sul, sendo possível cruzar o Estreito de Cook, braço de mar que separa as duas faixas de terra, numa viagem de ferry que dura 3h30. Foi de lá que pegamos o ferry e cruzamos de carro o Estreito. A viagem por essa hidrovia é considerada uma das mais lindas do mundo, a entrada pelos fiordes da ilha Sul é algo surreal de tamanha beleza.

Marlborough

O ferry desembarca em Picton, a porta de entrada para a região vinícola mais conhecida e importante da Nova Zelândia. Foram os brancos de Sauvignon Blanc que colocaram o país no cenário mundial do vinho. Frescos, crocantes, minerais, com aromas exuberantes e elegantes, é de Marlborough que sai 2/3 da produção de vinhos da Nova Zelândia. Foi a região que passamos mais tempo. Com uma estrutura impressionante de enoturismo, as opções são diversas. Desde passeios de bicicletas entre uma vinícola e outra, ou até caminhando, já que são muito próximas uma das outras, quatro dias em Marlborough quase não chegam a ser suficientes. Para os apreciadores das borbulhas, a parada obrigatória é a vinícola N° 1, onde um herdeiro de uma Maison de Champagne deixou a propriedade da família, para escrever sua própria história produzindo excelentes espumantes pelo método tradicional do outro lado mundo. Cloud Bay, propriedade da gigante LVMH, tem um almoço incrível no Jack’s Raw Bar, com vista para os vinhedos. Outra pedida para almoço é na vinícola boutique Allan Scott, que fica na frente da Cloudy Bay. Na verdade, estas duas vinícolas foram as pioneiras na produção de vinhos na região. Outras dicas para degustar ótimos vinhos são as vinícolas Forrest, Nautilus, Villa Maria, Framingham e Te Whare Ra, onde os brancos elaborados com as variedades brancas aromáticas Riesling, Gewürztraminer, Grüner Veltliner e Pinot Gris, são deliciosos. Em Marlborough, se permita ir além da Sauvignon Blanc e deleite-se com vinhos de outras uvas brancas. É um melhor do que o outro. Sugestão para hospedagem: a pequena cidade de Blenheim.

Canterbury

Seguimos com destino a Christchurch, a cidade onde deixamos o carro para pegar um vôo ainda mais para o sul para Queenstown. Mas antes, no caminho, paramos para caçar trufas em Limestone Hills. Com produção de trufas negras no verão e brancas no inverno, é lá que são produzidas as trufas que estão nos melhores restaurantes do país. Nesta região, chamada Canterbury, são produzidos Chardonnays maravilhosamente elegantes e Pinot Noirs que não podem em nada ser comparados aos do Novo Mundo.

Na verdade, acho que os vinhos da Nova Zelândia não podem ser considerados como estilo do Novo Mundo. Eles estão bem no meio do caminho entre o Novo e o Velho. São mais complexos, elegantes e sofisticados, mas ainda precisam de mais tempo para se enquadrar no padrão dos vinhos europeus. Em Canterbury, destaque para as vinícolas Pegasus Bay e Black Estate, seus vinhos são fora de série.

Central Otago

Desembarcamos em Queenstown, cidade que é margeada pelo lago Wakatipu e belíssimas montanhas e que no inverno vira uma movimentada estação de esqui. É ali, a poucos quilômetros da cidade, que estão os sofisticados e elegantes Pinots Noirs de Central Otago que encantam o mundo e os vívidos Chardonnays que ainda vão dar o que falar. Infelizmente, a produção é tão pequena que é difícil termos acesso a esses vinhos por aqui, para você ter uma ideia, a Nova Zelândia condiz com 1% da produção mundial. A beleza exuberante dessa região vinícola é algo surreal. Creio que foi uma das mais lindas que já conheci. As vinícolas de Otago são as mais continentais e ao sul do país, na verdade, lar dos vinhedos mais ao sul do mundo. Vale conhecer as vinícolas Domaine Thomson, que além de Pinots na pegada de Borgonha – os proprietários também possuem uma propriedade em Gevrey-Chambertin –, tem uma paisagem de tirar o fôlego. Peregrine, Gibbston Valley, Chard Farm e Amisfield também valem a visita, esta última, inclusive, é uma boa pedida para almoçar.

Eu poderia ficar horas escrevendo e falando sobre as belezas da Nova Zelândia. É um país perfeito, que tem tudo: de belezas naturais a belas cidades. Foram abençoados por Deus por tanta beleza e pela educação de um povo alegre e hospitaleiro que dão seu melhor para recebê-lo bem e fazer com que sinta-se em casa. Eu me senti! Espero que minha experiência também te anime a atravessar o mundo para conhecer esse precioso país. Eu, já não vejo a hora de voltar!