3 minute read

SHAKESPEARE e sua obra imortal

TRARÁ RENOMADOS

ESPECIALISTAS AO GCC PARA UM BATE-PAPO SOBRE O GÊNIO DA POESIA E DRAMATURGIA

Em 2023, o mundo comemora 400 anos de publicação do Primeiro Fólio de William Shakespeare, a primeira edição de suas peças de teatro reunidas. Para participar das celebrações, o Graciosa Country Club promove um bate-papo entre dois grandes fãs do bardo, Fernanda Medeiros e Rodrigo Lacerda, acompanhado de leituras da obra pelo ator Walter Lima Torres.

RODRIGO LACERDA é escritor, tradutor, editor e ex-aluno de Barbara Heliodora. Entre seus livros estão O mistério do leão rampante (1995), O fazedor de velhos (2008) e Hamlet ou Amleto? Shakespeare para jovens curiosos e adultos preguiçosos (2015, prêmio Jabuti), todos, de um jeito ou de outro, relativos a Shakespeare. Em 2022, pela editora 34, lançou uma tradução de Rei Lear.

FERNANDA MEDEIROS é professora associada de Literatura Inglesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autora de inúmeros artigos e capítulos de livros sobre temas relacionados ao universo shakespeariano, foi também coeditora convidada do número dedicado a Shakespeare do periódico Tradução em Revista (2018) e co-organizadora do livro O que você precisa saber sobre Shakespeare antes que o mundo acabe, com Liana Leão (Nova Fronteia, 2021).

WALTER LIMA TORRES NETO é professor titular da UFPR, ator e diretor. Formou-se em Artes Cênicas pela UNIRIO em 1989; estudou na Sorbonne e na New York University.

Cultura

NA ENTREVISTA A SEGUIR, FERNANDA E RODRIGO FALAM SOBRE SHAKESPEARE, CONSIDERADO O MAIOR ESCRITOR

Do Idioma Ingl S E O Mais Influente Dramaturgo Do Mundo

Graciosa Country Club : Por que ler Shakespeare hoje?

Fernanda Medeiros: É relevante ler Shakespeare porque realizamos dois trabalhos de uma só vez: lemos o próprio Shakespeare, autor de obras que ainda nos traduzem politicamente, psiquicamente e poeticamente; e lemos um dos autores mais citados do globo, o autor aludido pelas cabeças que formaram a cultura ocidental moderna –Freud e Marx, por exemplo –; o autor que autores literários como Goethe, Joyce e Machado de Assis idolatram; o autor que a cultura midiática revisita frequentemente em frases proverbiais, videoclipes, web-stories. Shakespeare transcendeu em muito os limites do seu tempo e espaço, e mesmo da linguagem escrita: Shakespeare pode ser visto, escutado. É certo que ao dizermos isso não estamos falando de suas 38 peças, 154 sonetos e de toda a sua poesia, mas estamos falando de uma porção da obra que tem, sim, circulação planetária.

Rodrigo Lacerda: Sempre vale a pena ler os grandes clássicos. Cada um a seu modo, eles conseguem "envelhecer bem". No caso do Shakespeare, acho que há questões humanas e políticas que nunca deixarão de ser pertinentes.

GCC: O cinema ajuda a chegar a Shakespeare? Pode recomendar dois ou três filmes para os iniciantes?

FM: Sim, o cinema é um ótimo canal para chegar a Shakespeare. O cinema nos deu presentes como o Macbeth, de Akira Kurosawa (o título em português é Um trono manchado de sangue), e o Romeu e Julieta, de Zeffirelli, que ainda encanta gente de todas as idades. Para iniciantes, dois filmes imperdíveis são Shakespeare apaixonado (o roteiro de Tom Stoppard é genial e a reconstrução de época primorosa), e Ricardo III - um ensaio um docudrama de Al Pacino, em que ele entrevista especialistas e conversa com o povo da rua sobre Shakespeare, além de interpretar de modo impecável cenas do arquivilão Ricardo de Gloucester, o rei Ricardo III.

RL: A mim, o cinema ajudou muito! Não é fácil, mesmo para quem fala inglês contemporâneo, se acostumar com o inglês dos séculos XVI e XVII, então o cinema pode ser uma boa maneira de você chegar no texto já sabendo as linhas mestras da história de cada peça. Eu recomendo: Rei Lear, dirigido pelo Laurence Olivier, e Romeu e Julieta, dirigido pelo Franco Zefirelli.

GCC: Qual é o seu Hamlet favorito no cinema?

FM: Meu Hamlet favorito no cinema é um Hamlet pouco ortodoxo, nada acadêmico, mas que me parece ter conseguido fazer a escalação perfeita para o papel do Príncipe, e aliás, de todos os personagens. É Hamlet 2000, de Michael Almereyda, com Ethan Hawke fazendo Hamlet e Julia Stiles como Ofélia. O filme atualiza a Dinamarca para uma Nova Iorque do século XXI, transformando o reino que tem algo de podre em uma grande empresa, a Denmark Corporation. O nem tão jovem príncipe, ao invés de teatro, é ligadíssimo em vídeos e imagens, e sua "Ratoeira" é um curta-metragem. Além dessas atualizações espertas, o filme mantém o texto em inglês elisabetano, produzindo uma sobreposição muito viva de tempos e linguagens. Não é uma obra-prima, mas é um filme comercial caprichado, com muitas qualidades. É o meu favorito.

This article is from: