A transformação da cidade industrial: reflexões a partir de um estudo na Mooca

A TRANSFORMAÇÃO DA CIDADE INDUSTRIAL R E F L E X Õ E S A PA R T I R D E U M E S T U D O N A M O O C A

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FA C U L D A D E D E A R Q U I T E T U R A E U R B A N I S M O MARIANA RODRIGUES PEREIRA

A TRANSFORMAÇÃO DA CIDADE INDUSTRIAL R E F L E X Õ E S A PA R T I R D E U M E S T U D O N A M O O C A

Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie para obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do Profº Drº Júlio Luiz Vieira

S Ã O PA U L O DEZEMBRO DE 2017

Agradecimentos Passei o último ano ansiosa pelo momento em que poderia registrar o quão grata sou às pessoas que me ajudaram durante esses cinco anos. Não tem como começar, se não for por ele, que me auxiliou e me manteve em pé durante essa jornada, obrigada Deus, por ser tão generoso comigo.

Agradeço também a minha mãe, que sonhou esse sonho antes mesmo de mim, que se empenhou desde que eu era pequenininha para que eu chegasse até aqui. Mãe, você me consolou nas horas difíceis, me fez companhia nas madrugadas e fez suco de laranja para mim. Uma vida é pouco para que eu possa retribuir toda sua dedicação.

Ao meu pai pela serenidade e por sempre perguntar como eu me sentia, e aos meus padrinhos por estarem sempre a postos. Sou feliz por saber que posso contar com vocês para qualquer coisa, qualquer coisa mesmo.

Ao meu companheiro de vida, pela calma, pelo carinho e pelo colo. Lucas, obrigada por estar junto comigo e por me acompanhar nas andanças pela Mooca.

Você foi o meu maior refúgio e seu amor me fez mais forte. Com você, divido mais essa vitória.

Aos meus amigos, por me fazerem rir em meio ao caos, e aos meus familiares por se orgulharem de mim e assim, me motivarem a ser alguém melhor.

Ao meu orientador Júlio, pela atenção, paciência e pelos ensinamentos.

Ao ProUni (Programa Universidade Para Todos) pela oportunidade.

E a todos que direta ou indiretamente me fizeram chegar até aqui, o meu muito obrigada.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............................................................................................7 PARTE I - CONTEXTO HISTÓRICO...........................................................13 1. São Paulo: industrialização e ferrovia..........................................................14 1.1 A industrialização na cidade de São Paulo................................................14 1.2 Reflexos da industrialização no bairro da Mooca......................................23 2. O patrimônio industrial.................................................................................28 2.1 O legado industrial como patrimônio.........................................................29 2.2 Tutela: órgãos de preservação..................................................................34 2.3 Diretrizes de tombamento..........................................................................38

PARTE II - RESSIGNIFICAÇÃO.................................................................41 3. Patrimônio, preservação e uso....................................................................42 3.1 As teorias de preservação e sua relação com o uso.................................42 3.2 Preservação e uso no patrimônio industrial...............................................52 4. Casos...........................................................................................................59 4.1 SESC Pompéia..........................................................................................60 4.2 Cinemateca Brasileira................................................................................71 4.3 Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias...........................................84

PARTE III - LEITURA E PROJETO.............................................................95 5. Análise do território industrial.......................................................................97 5.1 Escala da cidade.......................................................................................98 5.2 Escala do edifício..................................................................................... 112 6. Novas direções..........................................................................................123 6.1 Plano Diretor Estratégico.........................................................................124 6.2 Operação Urbana Bairros do Tamanduateí.............................................128 7. Projeto.......................................................................................................134

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................161 ÍNDICE DE FIGURAS...............................................................................164 ÍNDICE DE MAPAS...................................................................................172 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................173 ANEXOS...................................................................................................178 Anexo 1 – Resolução nº 14/2007...................................................................178 Anexo 2 – Projeto original..............................................................................184

INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho resulta do interesse em estudar territórios urbanos ainda não consolidados, mas em intenso processo de transformação. Nesse contexto foi escolhido um recorte às margens da ferrovia, no bairro da Mooca. Repleto de terrenos vagos e vacâncias deixadas pela indústria, o território a leste do Rio Tamanduateí vem sendo redesenhado e ilustra o debate entre a permanência da memória e a adequação às novas demandas.

O termo “terreno vago” tem origem francesa como “terrain vague” e surgiu no texto Territórios (2003) de Solà-Morales. Nesse texto terrain é definido como uma porção do território maior do que um terreno enquanto vague traz dois significados. O primeiro diz respeito ao vácuo, ao vazio não ocupado enquanto o segundo, derivado do latim vagus significa indeterminado, sem limites claros ou vago.

Esse estudo apresentará uma discussão sobre espaços remanescentes do processo de desindustrialização metropolitana, onde grandes parcelas do território foram esvaziadas gerando uma desestabilização na urbanidade desse território cujo elemento que se destaca como barreira e articulador são as ferrovias.

Os vazios urbanos gerados por essa desocupação permanecem sob a expectativa do novo e são objetos de especulação e transformação. Esses territórios obsoletos e próximos de áreas centrais aparecem como possibilidade para uma nova ocupação e adensamento, como meio para reduzir a periferialização e o espraiamento urbano.

Em uma metrópole como São Paulo grande parte da ocupação é definida pelo setor privado e é ele quem começa a definir as novas características desse território.

Atualmente a maior parte dos empreendimentos feitos nessas áreas se respalda no ideal de “cidade particular” onde grandes condomínios não tem em sua essência qualquer relação com a dinâmica urbana do local em que estão inseridos.

“Em São Paulo, este território em transformação configura-se como a última oportunidade de construção de território metropolitano articulador, que poderia e deveria ser visto como oportunidade ímpar de se construir uma cidade linear. ”

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(LEITE, 2012, p.200)

Em meio ao processo de esvaziamento das zonas industriais edifícios importantes por seu valor histórico ou arquitetônico são deteriorados ou destruídos.

Após observadas demolições em massa de importantes exemplares foram tomadas as primeiras medidas para a preservação do patrimônio industrial. Medidas essas que partem principalmente da população que tem procurado órgãos de preservação afim de garantir a continuidade dessa memória edificada.

Esse estudo pretende discorrer sobre a importância do patrimônio para a cidade, no que diz respeito à possibilidade de interação dos cidadãos com a história do local em que se reside, e atentar para oportunidade de intervir de maneira que esses espaços sejam alvo de uma transformação que seja capaz de atrair uma população, que tem se afastado do espaço público.

“Se reforçarmos a vida na cidade de modo que mais pessoas caminhem e passem um tempo nos espaços comuns, em quase todas as situações, haverá um aumento de segurança, tanto da real quanto da percebida. A presença de ‘outros’ indica que um lugar é considerado bom e seguro... Uma cidade viva se torna uma cidade valorizada e, assim, uma cidade também mais segura. ” (GEHL, 2014, p.99)

Este trabalho visa compreender o território industrial, desde sua formação e configuração morfológica até o posterior esvaziamento e as modificações atuais.

A conformação adotada, prevê um recorte em um território industrial da cidade de São Paulo, correspondente ao bairro da Mooca. Com o objetivo de apresentar as principais questões dentro desse contexto, dez capítulos foram organizados dentro de cinco partes que serão apresentadas da forma a seguir.

A primeira parte trata do contexto histórico do território pós-industrial, investiga quais foram as diversas transformações até que se chegasse a sua forma atual.

A relevância do legado industrial, o esclarecimento de termos usados dentro

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do contexto do patrimônio e o papel dos órgãos de preservação também serão discutidas nesse momento.

A segunda parte apresenta a ressignificação como estratégia para conferir a vitalidade do patrimônio. Para isso serão apresentados conceitos ligados ao tema, e o estudo de três casos: o Sesc Pompéia, projetado por Lina Bo Bardi, a Cinemateca Brasileira, projetada por Nelson Dupré, e o Instituto Criar de Tv, Cinema e Novas Mídias, projetado pela Arq. Fernanda Neiva e pelo Arq. Silvio Oksman, todos em São Paulo.

A terceira parte compreende a leitura urbana do território. Essa leitura será feita de duas maneiras, em um primeiro momento será feita uma análise em grande escala buscando compreender a relação entre os principais articuladores da cidade pós-industrial. Já em um segundo momento, será feita uma análise em escala menor, buscando compreender os vínculos do edifício das “Officinas Casa Vanorden” com seu entorno imediato. Posteriormente serão analisadas as diretrizes adotadas pelo Plano Diretor Estratégico e pela Operação Consorciada Mooca-Vila Carioca para o desenvolvimento das áreas abandonadas pela indústria. O último assunto abordado trata da proposta projetual que foi desenvolvida em paralelo à essa pesquisa.

Em suma, esse trabalho pretende discutir a relevância desses territórios em vacância como potenciais elementos articuladores da dinâmica urbana. Buscase, com a pesquisa indicar a possibilidade de transformação de um território sem suprimir sua memória.

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I

CONTEXTO HISTÓRICO

São Paulo: industrialização e ferrovia Nesse capitulo será apresentado o panorama geral do processo de industrialização da cidade de São Paulo. O mesmo se dividirá em duas partes sendo que na primeira será abordada a questão da cidade como um todo, enquanto a segunda se atentará ao bairro da Mooca, território central dessa pesquisa. Nesse momento serão apontados alguns dos mais notórios remanescentes industriais da região.

As dissertações Territórios da Industria Revisitados (2010), de Juliana di Cesare Margini Marques, e Arquitetura Industrial do Bairro da Mooca (2010), de Wayne de Almeida de Sousa serviram como bibliografia principal para esse capitulo.

1.1 A industrialização na cidade de São Paulo No ano de 1867 foram inauguradas aquelas que seriam a maior contribuição da economia cafeeira para São Paulo, as ferrovias. Elas possibilitavam a ágil circulação de riquezas tanto para agricultura quanto para indústria. A primeira ferrovia, a São Paulo Railway transitava entre Santos e Jundiaí trazendo produtos importados da Europa e levando produtos agrícolas. Não resta a menor dúvida que constituiu uma vantagem inestimável a existência de um aparelhamento ferroviário em perfeito funcionamento (MATTOS, 1958).

O projeto técnico da ferrovia foi desenvolvido por James Brunless e contou com capital e mão-de-obra inglesa. A obra se concentrou na Vila de Paranapiacaba onde seria construído o trecho da Serra do Mar, que venceria em 8km e 800 metros de altura que separam o litoral e o planalto paulista.

Em 1860, no Jardim Público da Luz, se iniciou a construção da primeira estação da São Paulo Railway, de estrutura modesta somente daria lugar a estrutura que observamos hoje em 1901. Apesar de a inauguração oficial ter ocorrido em

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1867 a viagem inaugural ocorreria apenas em 1865, momento em que já estavam construídas as estações da Luz e Mooca.

FIG 1 e 2: Trabalhadores na construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí.

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FIG 3: Mapa da linha fĂŠrrea paulista em 1954, em destaque a SĂŁo Paulo Railway.

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FIG 4: Estrada de Ferro da SPR que ligava Santos a São Paulo (1870).

Nos anos seguintes a linha férrea se desenvolveu rapidamente. A extensão da malha ferroviária passou a acompanhar o desenvolvimento das plantações. Em 1870 se iniciou a construção da companhia paulista das Estradas de Ferro, dois anos após teve início a construção da Estrada de Ferro Sorocabana. No mesmo ano começaram as obras de outra ferrovia que se tornou importante no transporte do café, a Companhia Mogiana de estradas de Ferro.

A passagem da ferrovia valorizou então certas áreas até então não exploradas.

Nas décadas seguintes, nessas áreas apareciam as primeiras construções industriais e de vilas operarias.

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FIG 5: Carta das estradas de ferro de São Paulo em 1878.

A passagem da ferrovia valorizou então certas áreas até então não exploradas.

Nas décadas seguintes, nessas áreas apareciam as primeiras construções industriais e de vilas operarias.

“A condição de metrópole do café, consolidada pela cidade de São Paulo aproximadamente nas três últimas décadas do oitocentismo e nas duas primeiras do século XX, se refletia através de traços particularmente sensíveis na transformação e no engrandecimento no desenvolvimento de suas atividades comerciais e industriais. ” (BRUNO, 1954, p. 1131)

No início a produção cafeeira paulista tinha como base a mão-de-obra escrava, que foi sendo aos poucos substituída pelo trabalho livre, impulsionada pelas políticas

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de imigração do governo. Essa mudança fez com que em 1880 São Paulo fosse uma das cidades que menos se abalou com a abolição da escravatura. A intensa chegada dos imigrantes fez com que a cidade e seus arredores passassem por um rápido crescimento demográfico, e um crescente processo de urbanização.

Teodoro Sampaio (1978) aponta que entre 1886 e 1896 a população da capital mais que triplicou, passando de 45.000 para 140.000 habitantes, acarretando diversos problemas de salubridade uma vez que a cidade não estava preparada para uma grande expansão demográfica.

FIG 6 e 7: Planta da Cidade de São Paulo (1881) e Planta da Cidade de São Paulo (1895) ilustram a acelerada expansão da cidade.

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Os fazendeiros do café tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da indústria paulista uma vez que foram responsáveis pelo desenvolvimento das ferrovias, a introdução da mão-de-obra assalariada e após 1896, quando houve a primeira crise do café, iniciaram seus investimentos na indústria uma vez que deixava de ser vantajoso continuar investindo capital na agricultura cafeeira.

Além da existência da ferrovia, as melhorias realizadas no porto de Santos foram de grande relevância para que São Paulo pudesse sediar o desenvolvimento da indústria uma vez que em um primeiro momento o porto fora responsável por importar maquinário e matéria prima e depois teve a função de exportar os produtos manufaturados na capital paulista.

Até 1920 o processo de industrialização em São Paulo se caracterizou principalmente por uma atividade industrial incipiente: um pequeno número de fabricas produzia apenas bens de consumo de primeira necessidade e de pequena complexidade. Foi entre 1930 e 1940, quando Getúlio Vargas adotou medidas para diversificar a produção industrial no Brasil, que começaram a se desenvolver outros setores da indústria como a produção de máquinas e equipamentos e matéria prima.

Em 1940 se iniciou um intenso processo de desenvolvimento na indústria automobilística, o que levou à construção de grandes rodovias na cidade, elas passaram a ser responsáveis pelo transporte de riquezas do país enquanto as ferrovias ficaram encarregadas de transportar matéria prima, equipamentos e a própria mão-de-obra que se afastava cada vez mais das áreas centrais devido aos altos custos de vida.

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FIG 8: Planta da Cidade de São Paulo e seus arredores (1943), ilustra a dimensão da cidade e suas estradas.

Em 1955, durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi adotado um Plano de metas que intensificou a união do mercado nacional e a consequente expansão da industrialização nacional. Outro importante objetivo foi atrair para o Brasil capital e tecnologia estrangeiros.

Nos anos seguintes aumentou ainda mais a concentração industrial em São

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Paulo enquanto nos estados periféricos do Brasil a indústria se tornava cada vez mais obsoleta.

Durante o governo de Jânio Quadros o país passou por uma crise econômica devido aos altos níveis de inflação e notou-se que a indústria nacional não podia, em muitos setores, competir com a indústria estrangeira que fora instalada aqui. Foi então que procurou-se estabelecer um acordo entre o Brasil e outros países-sede, onde suas industrias seriam interdependentes.

Entre 1964 e 1970 houve um grande crescimento das multinacionais impulsionadas pelo governo no intuito de garantir o investimento de tecnologia estrangeira no país. Já entre 1967 e 1973 houve uma grande aceleração na economia brasileira interrompida pela crise do petróleo neste mesmo ano.

Nos anos seguintes o crescimento das periferias continuou desordenadamente, a medida em que as áreas centrais ficavam cada vez mais caras e restritas as elites. Foi então que, em 1980, o Plano Urbanístico Básico foi criado no intuito de estabelecer um maior equilíbrio entre a população e o trabalho, essas propostas eram baseadas principalmente na aproximação da indústria do transporte público.

Nesse momento, o zoneamento de uso em São Paulo propôs novas concentrações industriais ao longo do eixo leste-oeste, afim de reurbanizar as áreas mais centrais para que essas pudessem comportar apenas as sedes empresariais e um número maior de residências. Isso só foi possível a partir da formação de uma dinâmica industrial onde uma atividade não dependia de que a outra estivesse no mesmo lugar para ocorrer. Assim, nos anos seguintes as industrias se afastaram cada vez mais das áreas centrais.

Posteriormente o governo federal incentivou a locação dos polos industriais fora do âmbito das grandes cidades e esses se transferiram para o interior dos estados ou até mesmo outros estados no interior do Brasil. Enquanto grandes cidades como São Paulo passaram a ser ocupadas apenas pelas sedes empresariais e atividades do terceiro setor.

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ca

1.2 Reflexos da industrialização no bairro da Moo-

Durante a era do café o comércio da cidade de São Paulo foi dominado por numerosos imigrantes, que tinham contato direto com o mercado europeu. Embora a agricultura fosse intensa na cidade, a indústria ainda era incipiente o que acarretava na necessidade de consumir produtos importados.

Nota-se que muitos industriais brasileiros começaram suas atividades como importadores. Isso ocorreu com Francesco Matarazzo que trouxe da Europa, em 1881, um estoque de banha e abriu um comércio em Sorocaba. A partir de então desenvolveu suas industrias impulsionadas por um financiamento do Britsh Bank of South America que possibilitou a construção de um moinho em São Paulo.

Por volta de 1881 já era possível observar o crescimento da cidade em direção oeste e leste. A leste, houve uma pequena aglomeração no bairro do Brás e a existência da rua da Mooca, pouquíssimo ocupada até então. Na época a maior parte dos residentes nessas áreas eram imigrantes de origem italiana.

FIG 9 e 10: Imagens atuais do Moinho Matarazzo no bairro do Brás.

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“Já no início do século, havia 800 mil italianos no Brasil, e na Mooca eram, sobretudo campanos, enquanto a maioria no Bixiga era calabresa, e no Brás se dava muita mistura, sendo que os pugliesi, originados boa parte de San Polignaro al Maro e chamados mais comumente de bareses, se concentravam nas proximidades do mercado municipal. ” (CARTA, 1982, p. 25)

Nesse momento bairros como Pari, Belém, Brás e Mooca (ainda distrito do Brás) começam a se destacar por suas atividades industriais.

“Dentre os edifícios industriais que se instalam no bairro da Mooca, no período que compreende as últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX, na região próxima à Alpargatas, destacam-se como conjuntos de grande interesse arquitetônico: a cervejaria Bavária, por volta de 1890; o Cotonifício Crespi, 1897; os Armazéns Gerais Piratininga, por volta de 1912; os Armazéns Ernesto de Castro, 1918; o Moinho Gamba, década de 1920; os Armazéns das Industrias Reunidas Francisco Matarazzo, de 1927/29.”

(SOUSA, 2010, p. 20)

No mapa da cidade no ano de 1895 pode-se observar que o “cinturão de chácaras” que antes existia ao longo da ferrovia na região da Mooca deu lugar a novos loteamentos para abrigar industrias, vilas operarias e alguns usos especiais como o Hipódromo da Mooca, inaugurado em 1876 e a Hospedaria dos Imigrantes, inaugurada entre 1886 e 1888. “... os senhores do café, no fim do século passado, saiam das suas mansões do Campos Elíseos, Vila Buarque, de Higienópolis e iam de carroça ao Hipódromo da Mooca. Depois, quando a São Paulo Railway construiu um ramal que, ao chegar à altura da atual Radial Leste, se desviava para esquerda e seguia pela rua dos Trilhos

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No ano de 1892, entre a Rua da Mooca e a ferrovia Santos-Jundiaí, são fundadas as instalações da Cervejaria Bavária e em 1904 o complexo é comprado pela Companhia Antarctica Paulistana, que até então se situava no bairro da Água Branca.

Nos anos seguintes foram sendo construídos novos edifícios para complementar as necessidades da empresa, em constante crescimento.

O último edifício construído data de 1983 e em meados de 1990 a fábrica fora desativada.

O processo de tombamento do complexo teve início em 2007 e o efetivo tombamento ocorreu em 2016.

até a Bresser, os senhores passaram a frequentar outro trajeto e a misturar diferentes meios de locomoção. E iam de carroças até a estação da Luz, e de trem, dali até o destino. “ (CARTA, 1982, p. 10)

Em 1867 foi fundada na Rua Taquari uma grande fábrica responsável pela manufatura de tecidos de algodão. A mesma levava o nome de seu proprietário, o imigrante italiano Cotonifício Rodolfo Crespi.

Nos anos em que se aproximava a Primeira Guerra, o desenvolvimento industrial era acentuado e bairros como Brás e a Mooca se consolidavam cada vez mais. Não se sabe ao certo o ano de fundação do bairro da Mooca, alguns livros citam as datas de 1898 e 1896. Mas embora fossem próximos e marcados pela influência italiana, o bairro do Brás sempre foi mais povoado do que o da Mooca, uma vez que esse concentrava um número maior de industrias.

Projetado por Giovanni Battista Bianchi, o edifício era um dos maiores de sua época com cerca de cinquenta mil metros quadrados divididos em quatro andares. A fábrica foi desativada na década de 1960 e em 2003 passou por uma severa reforma para dar lugar a um supermercado.

FIG 13 E 14: Recorte da Planta da cidade de São Paulo em 1881 mostra os primeiros lotes dos bairros do Brás e da Mooca e Recorte da Planta da cidade de São Paulo de 1895 mostra o desenvolvimento das ruas e quadras desses bairros. A edificação assinalada com o número 20 corresponde a Hospedaria dos Imigrantes

A partir do século XX a industrialização se intensifica e a cidade perde cada vez mais os seus traços rurais. Embora industrializados, os bairros Brás e Mooca

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sempre tiveram características humildes e abrigavam operários e nunca a elite ou os próprios senhores das industrias.

Data de 1907 o primeiro projeto da Alpargatas, localizada na Rua da Concórdia (hoje Rua Dr. Almeida Lima), projetada pelo Eng. Júlio Micheli.

Ao longo dos anos a empresa se desenvolveu e novos edifícios complementaram o complexo.

FIG 15 e 16: Recorte da Planta da cidade de São Paulo em 1916 mostra os bairros do Brás e da Mooca em crescimento e Recorte da Planta da cidade de São Paulo em 1943 que apresenta o traçado dos bairros bastante desenvolvidos.

Durante o governo de Kubitschek a política rodoviarista acarreta na decadência das ferrovias e as zonas industriais são diretamente prejudicadas já que suas rodovias são ainda precárias. Nesse momento, as novas industrias passam a se instalar não mais ao longo das ferrovias, mas sim das rodovias. As cidades do ABC e Guarulhos são uma das opções mais requisitadas então.

Em 1960 já podia-se notar a subutilização das plantas industriais e o esvaziamento de grandes glebas, que se tornaram disponíveis para abrigar novos projetos. A partir de 1980, com a melhoria da malha metroviária e a proximidade com o centro da cidade, houve uma grande valorização imobiliária na região da Mooca.

Com o crescimento da especulação imobiliária e a criação de projetos que pouco

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Na década de 1990 a fábrica, já com outras sedes desocupou o conjunto da Mooca, que foi vendido a uma universidade que após grande intervenção ocupa o antigo espaço de uso fabril.

Um único edifício continua sob propriedade da Alpargatas e abriga hoje uma grande loja.

respeitam a memória do bairro, a população se mobilizou e sugeriu ao CONPRESP o mapeamento do patrimônio existente para que o legado industrial pudesse ser preservado. Mesmo com o tombamento e diversas iniciativas da prefeitura, ligadas ao zoneamento e ao Plano Diretor Estratégico, a área ainda é alvo de interesse de grandes incorporadoras.

Em 1909 foi construído também, na esquina entre as ruas Monsenhor João Felippo e Borges de Figueiredo, o complexo da Officina da Sociedade Anônima Casa Vanorden.

Lá funcionou uma das mais importantes tipografias de São Paulo, fornecendo material para repartições públicas e a ferrovia. Não se sabe a data exata em que o complexo perdeu seu uso original e hoje abriga um estacionamento. O seu tombamento ocorreu em 2007.

[Essa obra é objeto de estudo e projeto dessa pesquisa e será detalhada posteriormente].

No ano de 1910 deu-se início a construção do complexo que hoje leva o nome de Grandes Moinhos Minetti-Gamba. Localizado na Rua Borges de Figueiredo e projetado por Jorge Krug, o complexo cresceu rapidamente e novas edificações foram sendo adicionadas, sendo que a construção da última delas data de aproximadamente 1935.

Em 1960 o conjunto perdeu seu uso original (fabril) e houve desmembramento e descaracterização de seus elementos que foram alugados para diferentes locatários e diferentes usos. Em 2007 o moinho foi tombado pelo CONPRESP e em 2013 pelo CONDEPHAAT. Hoje o conjunto aguarda o início das obras para abrigar uma universidade.

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O patrimônio industrial Esse capitulo pretende articular algumas considerações para compreensão de conceitos relacionados ao tema do patrimônio, tendo como foco o patrimônio industrial e suas delimitações. A segunda parte do capitulo pretende esclarecer a função e relevância dos órgãos de tutela para a preservação desse legado. Esse capitulo foi escrito com base nas dissertações: Reconversão do patrimônio industrial e os valores contemporâneos (2010), de Cristine Machado Stuermer, e Estudo do patrimônio industrial com uso fabril da cidade de São Paulo (2011), de Angela Rosch Rodrigues.

No âmbito urbano, principalmente, mesmo que um edifício tenha o seu interior completamente esvaziado sempre haverá elementos que terão significado para um determinado grupo de pessoas, enquanto para outro não haverá significado algum.

Em sua dissertação de mestrado, Angela Rosh Rodrigues usa esse exemplo para esclarecer o significado de patrimônio. “[...] por mais esvaziado que possa estar no plano físico, funcional efetivo, continua a subsistir inteiramente na pratica do imaginário das pessoas [...]” (apud NETTO, 2009, p. 125)

Essa forma de compreensão quanto ao conceito de patrimônio foi desenvolvida a partir da segunda metade do século XIX quando o patrimônio passa a ser discutido não como um bem estático, mas como um ato cultural. Com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa a compreensão sobre o monumento histórico como forma de preservação da memória coletiva e as possibilidades de formas de intervir foram se modificando. “... o patrimônio histórico passou a englobar não apenas os grandes

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monumentos isolados de qualidade excepcional, mas os ambientes urbanos ou rurais inteiros, dando-se maior importância ao tecido urbano e à arquitetura vernacular. Passou a abranger também construções mais recentes, como aquelas incluídas no patrimônio industrial e a herança do movimento moderno (...) “ (KUHL, 1998, p.208)

2.1 O legado industrial como patrimônio O interesse pelo patrimônio industrial teve início em 1950 na Inglaterra. Mas foi em terras francesas, no final do século XVII, que se iniciaram os movimentos para defesa desse patrimônio. Foi quando para proteger elementos importantes do “vandalismo revolucionário” alguns edifícios industriais foram “tombados”.

A Inglaterra também teve iniciativa semelhante quando, após a Segunda Guerra Mundial, muitos exemplares da industrialização foram ameaçados e, após a destruição de uma série de monumentos, se intensificaram as discussões sobre as formas de intervir sobre esse patrimônio.

Kenneth Hudson e Arthur Raistrik (1962) foram teóricos pioneiros no estudo.

Explanavam a importância de documentar essa herança, e quando viável preservála. Nesse momento também foi discutido o recorte temporal que abrangia esse patrimônio, para definição dos exemplares que deveriam ser protegidos. Essa questão foi retomada em diversos momentos, uma vez que os períodos em que a Revolução Industrial aconteceu varia em cada país.

Nos anos 1960, com o intenso crescimento das cidades, ocorrem diversas demolições e em países como Estados Unidos, Suécia, Alemanha e Áustria o interesse pelo tema do patrimônio aumenta e são iniciados uma série de movimentos de defesa ao legado industrial. Segundo François Choay (2001) após 1960 foi feita uma ampla revisão no que deveria ser considerado bem cultural e cada vez

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mais o passado recente foi incorporado. Foi uma década de intensos estudos que culminaram nos princípios da Carta de Veneza, redigida em 1964.

A Carta de Veneza deu início à expansão da noção de patrimônio que não abrangia somente as grandes criações, mas também as obras mais modestas, desde que tivessem relevância cultural. Ela também destaca a importância não só do edifício em si, mas do contexto no qual este está inserido.

Em 1969 na Assembleia Mundial do ICOMOS (International Council on Monuments and Sites) ocorrida no México, houve a primeira mesa redonda abordando a temática do patrimônio industrial e em 1975 a Declaração de Amsterdã esclareceu que o assunto não deveria ser visto de forma marginal, mas como um tema que abrange também as questões de planejamento urbano.

Cristiane Machado Stuermer (2010) explica em sua dissertação que o cenário do patrimônio industrial não abrange um edifício isoladamente, mas a relação entre a edificação e a infraestrutura relacionada ao processo industrial, não podendo um ser compreendido separadamente do outro, mas sim o conjunto como um todo.

Em 1978, na III Conferência Internacional sobre o Patrimônio Industrial, em Estocolmo, foi fundado o TICCIH (The International Committe for the Conservation of the Industrial Heritage) com o objetivo de estudar, documentar e preservar o patrimônio industrial. Hoje o comitê conta com representantes de cerca de cinquenta e quatro países e é consultor especial do ICOMOS. No mesmo ano a Mina de Sal Wieliczka na Polônia se tornou o primeiro bem de caráter industrial inscrito pela UNESCO na lista de patrimônios mundiais.

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FIG 20 e 21 e 22: Foto externa da Mina de Sal Wieliczka, trilhos e capela no interior da mesma.

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Nos anos 1990 já era clara a relevância da discussão relativa ao patrimônio industrial e as discussões giravam entorno das formas de intervir e preservar o mesmo. Para essa discussão foram fundamentais os debates feitos pela UNESCO, ICOMOS e outros. O TICCIH também foi responsável por inúmeras conferências e em julho de 2003, fruto desses encontros, foi elaborada a Carta de Nizhny Ragil (2003) onde estão elucidados conceitos e diretrizes para preservação desse patrimônio. “(...) afirmar que os edifícios e as estruturas construídas para as atividades industriais, os processos e os utensílios utilizados, as localidades e as paisagens as quais se localizavam, assim como todas as outras manifestações, tangíveis e intangíveis, são de uma importância fundamental. Todos eles devem ser estudados, a sua história deve ser ensinada, a sua finalidade e o seu significado devem ser explorados e clarificados a fim de serem dados a conhecer do grande público. Para, além disso, os exemplos mais significativos e característicos devem ser inventariados, protegidos e conservados, de acordo com o espirito da Carta de Veneza, para uso e benefício do presente e do futuro. ” (TICCIH, 2003)

Essa carta não deve ser lida como um documento isolado, mas como fruto de diversas discussões. Nesse documento são abordados sete pontos, são eles: definição do patrimônio industrial, valores do patrimônio industrial, importância da identificação, do registro ou inventário da investigação, proteção legal, manutenção e conservação, educação e formação, apresentação e interpretação.

A carta define e aponta diversos valores relacionados ao patrimônio e por fim dá diretrizes para a manutenção e conservação do mesmo. Cita também a importância da requalificação dos edifícios industriais como estratégia para o desenvolvimento econômico sustentável.

A associação do termo “bem cultural” ao patrimônio industrial é recente e fundamental pois atrela a ele a capacidade de identificação com determinado grupo

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de indivíduos. Logo, para sua manutenção efetiva, é importante que as intervenções visem inseri-lo no contexto da contemporaneidade.

No contexto brasileiro, o SPHAN, atual IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), tombou as ruínas da Fábrica de Ferro Patriótica em Ouro Preto. Tratava-se então do primeiro tombamento a um monumento industrial no país. Em 1964, o mesmo órgão foi responsável por tombar a Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema em Sorocaba.

FIG 23 e 24: Ruinas da Fábrica de Ferro Patriótica em Ouro Preto e Real Fabrica de Ferro São João de Ipanema em Sorocaba.

A publicação de Dean Warren (1976) sobre a Fábrica de Tecidos São Luís de Itu em 1976 marca o início dos estudos teóricos sobre o tema do patrimônio industrial em terras brasileiras. Mas foi a partir de 1980 que se intensificaram os estudos pelo tema nos Seminários Nacionais de História e Energia (1986 e 1999), realizados pelo então Departamento de Patrimônio Histórico da Eletropaulo e mais recentemente pela filiação do Brasil ao TICCIH (2004).

Na década de 1990, o Grupo de História Técnica (GEHT), então ligado à Universidade de Campinas, redigiu a “Declaração de Campinas”, documento que discutia a conservação de bens ligados a indústria. Já em 1999, em decorrência do II Seminário Nacional de História e Energia, a questão do patrimônio foi retomada tendo como foco as transformações do setor energético e as perspectivas de preservação do patrimônio.

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Em 2003 foi fundado o Comitê Brasileiro de Conservação do Patrimônio Industrial, que contava com pessoas de diferentes áreas e propunha discussões informais sobre a temática da preservação. Já em 2004 o Brasil se filiou ao TICCIH e foi fundado um comitê de mesmo nome, mas não mais com caráter provisório como era outrora. Esse comitê tinha como objetivo o intercâmbio de experiências entre profissionais de diversos ramos e localidades e apontar a importância do tema na esfera política e universitária.

Embora haja hoje diversos casos de tombamento e alguns casos de reutilização de edifícios e áreas industriais, o Brasil ainda não tem uma fundamentação teórica e política sobre o tema.

2.2 Tutela: órgãos de preservação O reconhecimento do patrimônio industrial pelos órgãos públicos de preservação e suas respectivas políticas de tombamento foram fundamentais para assegurar a permanência dos exemplares existentes hoje no contexto urbano. Os primeiros estudos para tombamento de bens industriais ocorreram em São Paulo.

A seguir serão apresentadas as primeiras ações preservacionistas de cada uma das instituições: IPHAN (esfera nacional), CONDEPHAAT (esfera estadual) e CONPRESP (esfera municipal).

As iniciativas federais se desenvolveram a partir da década de 1920 quando o governo do Estado Novo incentivou a valorização da arquitetura nacional e despertou interesse para a preservação patrimonial. Nesse momento, Mário de Andrade foi responsável por desenvolver o Anteprojeto do Serviço do Patrimônio Artístico Nacional, que objetivava a criação de uma instância federal que abrigasse trabalhos sobre o tema.

No estudo feito pelo escritor foi proposto, entre outros elementos, um museu que tinha como tema a produção e os benefícios do café e destacava a possibilidade

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de estender esse tipo de experiência para outros produtos agrícola. Posteriormente os critérios adotados pelo serviço não continham a mesma amplitude vislumbrada por Mario de Andrade e foi dada ênfase a arquitetura religiosa e monumentos isolados. Conforme mencionado anteriormente, somente em 1938 o IPHAN passou a reconhecer o patrimônio industrial.

Em 1968 foi criado o CONDEPHAAT (Conselho da Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e os remanescentes da industrialização passaram a ser incorporados em seu catálogo de bens tombados a partir da década de 1980.

Entre 1975 e 1982 o CONDEPHAAT passou a fazer parte da Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia e no mesmo período o patrimônio passou a ser entendido em sua dimensão urbana.

Nos anos seguintes foram iniciados diversos processos de tombamento de remanescentes industriais: a Vila Economizadora (construída entre 1908 e 1925), a Estação da Luz (1867), a Estação do Brás (1897), o Antigo Matadouro da Vila Mariana (1887) e o primeiro conjunto efetivamente relacionado a atividade fabril, remanescentes das Industrias Reunidas Francisco Matarazzo (1920).

FIG 25, 26 e 27: Vila Economizadora no bairro da Luz em 1978, Matadouro da Vila Mariana em 1920 e Parque Industrial das Industrias Reunidas Francisco Matarazzo, data desconhecida.

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Em 1985 foi criado o CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico). Todos os imóveis já tombados nas esferas nacional e estadual foram incorporados ex-officio, e em 1990 foram tombados os primeiros remanescentes industriais por parte do órgão municipal. Se trata da Vila Operaria Triângulo e a Companhia Nacional de Cimento Portland Perus.

FIG 28: Companhia Nacional de Cimento Portland Perus.

Na sequência dessas resoluções, foi iniciado o processo de tombamento do Moinho Matarazzo e da tecelagem Mariângela. A Resolução 38/92 confirma os motivos que justificam o tombamento desses imóveis: o valor urbanístico representado pela ocupação ao longo das ferrovias e o valor histórico-arquitetônico, ambiental e afetivo para os trabalhadores e moradores daquela localidade. A Vila Maria Zélia foi tombada logo em seguida, ainda em 1992.

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FIG 29 e 30: Imagens da inauguração da Vila Maria Zélia no Belenzinho.

Durante a década de 1990 foi tombado um grande volume de edifícios, mas nos anos seguintes houve uma certa estagnação dos processos, principalmente em relação aos remanescentes industriais. Como consequência, nas décadas seguintes houve uma grande supressão da memória industrial, motivada principalmente pelo crescimento das cidades e a valorização imobiliária de seus terrenos.

A partir de 2004 houve um significativo aumento na quantidade de bens tombados, Angela Rosh Rodrigues (2011) afirma que esse crescimento pode estar vinculado a uma ampliação na conscientização a respeito da importância do valor cultural e documental desses bens.

Frequentemente a atuação dos órgãos municipal e estadual é dificultada devido aos embates entre esses e os proprietários, que geram contestações, revisões e até são responsabilizados por demolições criminosas. A pressão imobiliária é cada vez mais intensa, acabando por comprometer a integridade desses bens. Dessa forma, as justificativas das resoluções de tombamento têm se tornado cada vez mais elaboradas afim de ressaltar a importância da preservação do patrimônio e seu contexto urbano.

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2.3 Diretrizes de tombamento Para melhor compreensão do que se estabelece em uma resolução de tombamento e sua relevância, observaremos aqui partes da Resolução nº 14/2007 que tem como objetivo tombar os galpões da Rua Borges de Figueiredo. (Para ver documento na integra, vide ANEXO I desta pesquisa).

Observados os recortes das Plantas da Cidade de São Paulo, pode-se verificar o papel significativo da industrialização na formação do bairro da Mooca, onde a ferrovia serviu como vetor para a ocupação de diversos complexos industriais. Muitos desses conjuntos estão concentrados principalmente nos arredores da estação de trem Mooca-Juventus.

A despeito da importância da memória industrial, como apontado anteriormente, o processo de tombamento desses complexos foi feito apressadamente, uma vez que moradores observavam a supressão de diversas partes do complexo, impulsionada pelo rápido crescimento imobiliário na área.

A primeira parte do documento faz uma série de considerações que justificam o tombamento do conjunto, estão destacadas aqui as duas primeiras: “ Considerando a importância histórica da implantação da antiga linha ferroviária da São Paulo Railway, bem como das instalações industriais e armazéns de matérias primas e mercadorias no processo de industrialização da cidade de São Paulo e para a conformação do bairro da Mooca, a partir do final do século XIX; Considerando a importância urbanística dos conjuntos industriais e assentamentos operários remanescentes do entorno da estação ferroviária da Mooca, como um significativo testemunho do parcelamento e ocupação original daquela área do bairro da Mooca, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX; “

O Artigo 1º visa identificar e dar diretrizes a todos os elementos a serem

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tombados, entre eles as Officinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, objeto central desse estudo: “ 1. Antigas Officinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, situada na rua Monsenhor João Felipo nº 01 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0049), com as seguintes diretrizes: a) Preservação integral do conjunto de dezessete galpões modulares que fazem frente para a rua Borges de Figueiredo e do antigo escritório na esquina da rua Borges de Figueiredo com rua Monsenhor João Felipo (edifício 1), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; “

Os Artigos 2º e 3º estabelecem diretrizes que serão definidas caso a caso, conforme as particularidades de cada parte do conjunto, mas que têm um parâmetro inicial como a altura máxima de 25m de altura para novas edificações dentro dos lotes que abrigam o patrimônio e a preservação da integridade de todos os conjuntos.

E os Artigos 4º e 5º esclarecem que qualquer projeto de intervenção deverá ser analisado pelos órgãos competentes.

O tombamento pretende então, proteger legalmente o bem patrimonial de sua destruição ou descaracterização. Aquele que descumpre as diretrizes estabelecidas por ele fica sujeito a processo que pode definir multas, medidas compensatórias ou até mesmo a reconstrução, quando for o caso. Muitas vezes as medidas estabelecidas não são respeitadas porque o proprietário tem conhecimento de que poderá arrastar o processo por anos. Mesmo assim, o tombamento é ferramenta fundamental para a preservação e manutenção dos exemplares históricos.

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II

RESSIGNIFICAÇÃO

Patrimônio, preservação e uso Neste capítulo será abordada a relação entre o uso, no que diz respeito a manutenção ou implantação de novos programas, e a proteção do patrimônio. Para isso, trataremos inicialmente das mais notórias teorias de preservação, uma vez que essa se faz necessária como primeira preocupação na manutenção do objeto arquitetônico em si.

Na sequência será discutida a relação entre as teorias e o patrimônio industrial, especificamente. Procurando compreender, a partir da arqueologia industrial, o que e como preservar esse legado. Durante esse debate será feita referência, sempre que possível, à questão do uso, que em muitos momentos, é citada como importante ferramenta para assegurar a vitalidade do patrimônio.

uso

3.1 As teorias de preservação e sua relação com o “A arquitetura é a única, entre as artes maiores, cujo uso faz parte de sua essência e mantém uma relação complexa com suas finalidades estética e simbólica. ” (CHOAY, 2001, p.230)

A partir da semiologia, o teórico J. T. Coelho Netto faz uma análise dos espaços físicos e sua utilização, apontando para dois processos: o de semantização, e o de dessemantização. O primeiro ocorre por meio da “prática do espaço” que deve ser contextualizada a partir de um momento histórico, suas relações sociais, econômicas, ideológicas, etc. (NETTO, 2009, p.117).

Já o processo de dessemantização ocorre por meio do desaparecimento de suas funções, e se torna perceptível pelo abandono e degradação de sua

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arquitetura. Nesse momento, um novo conjunto de significados é agregado, não havendo, segundo o autor, espaços neutros em termos de significância. Mas os lugares menos semantizados, são eliminados para dar lugar a outros passíveis de maiores atribuições semânticas. (NETTO, 2009).

Essas considerações são pertinentes para recordar o conceito de patrimônio, já comentado no capítulo dois dessa pesquisa. Considerar um bem arquitetônico como portador de valor tal, que poderia ser equiparado a uma obra de arte, devendo, pois, ser mantido e preservado com integridade para usufruto de gerações posteriores, é uma ideia relativamente recente na história da cultura humana (ZEIN e DI MARCO, 2007).

Um dos aspectos recorrentes na abordagem da preservação patrimonial diz respeito à reintegração do edifício ao seu novo contexto temporal através da utilização do espaço, seja pela manutenção do uso original, ou por intervenções que alterem esse uso, pois é amplamente reconhecida a necessidade de uma destinação útil para a preservação de qualquer bem, já que o abandono é uma das principais causas da degradação (RODRIGUES, 2011, p.36).

O olhar interessado dos construtores sobre o passado amplia-se durante o Renascimento, quando as obras da Antiguidade Clássica (greco-romana) passam a ser cuidadosamente registradas, visando nem tanto à sua preservação, mas o reconhecimento de uma tradição clássica que se desejava retomar. Já no início do século XIX em um cenário que privilegiava o embelezamento de Roma, arquitetos, arqueólogos e historiadores se dedicavam ao levantamento, estudo e restauração dos monumentos existentes, dando origem à fase do “restauro arqueológico” (ZEIN e DI MARCO, 2007).

Nessa época, Giuseppe Valadier ganhou destaque ao redesenhar a Piazza del Popolo, transformando-a num grande espaço oval e, junto à Raffaele Stern, restaurou o Arco de Tito (81 d.C.), onde as fundações existentes determinaram suas proporções definitivas. Nesse projeto, no lugar do mármore grego semelhante ao original, foi usado o travertino. Essa iniciativa, de diferenciar os materiais distinguindo

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as partes originais das restauradas seria, posteriormente, amplamente difundida.

Com o desenvolvimento proporcionado pela Revolução Industrial e as consequências desencadeadas pela Revolução Francesa, a compreensão sobre o monumento histórico enquanto instrumento de preservação e memória coletiva e as respectivas formas de intervir foram se transformando (RODRIGUES, 2011, p.37).

Ludovic Vitet, nomeado primeiro inspetor de monumentos da França, considerava a “não-inovação” como ponto de honra em uma obra de restauração, e o principal mérito de uma restauração seria o passar despercebida. Seu substituto foi Prosper Merimeé, responsável juntamente com Eugène Emmanuel Viollet-leDuc (1814-1879), seu conselheiro para obras de restauração arquitetônica, pela formulação das principais teorias de restauração de meados do século 19 (ZEIN e DI MARCO, 2007).

Viollet-le-Duc considerava o monumento como testemunho de uma época, então buscava devolver a ele seu estado mais “puro”, onde adições posteriores eram suprimidas e na ausência de informações completas, a reconstituição era baseada num modelo ideal abstrato. Tal procedimento foi denominado como “restauro estilístico”.

No verbete “Restauração” publicado entre 1854 e 1868, Viollet-le-Duc defende a necessidade de uso às edificações, e em sua postura intervencionista, justificou que adaptações são necessárias para se obter o conforto contemporâneo.

“Ademais, o melhor meio para conservar um edifício é encontrar para ele uma destinação, e satisfazer tão bem todas às necessidades que exige essa destinação, que não haja modo de fazer modificações. ” (VIOLLET-LE-DUC, 2000, p.65) “Que um arquiteto se recuse a fazer com que tubos de gás passem dentro de uma igreja a fim de evitar mutilações e acidentes é compreensível, pois é possível iluminar o edifício com outros meios; mas que não consinta na instalação de um calorífero, por exemplo,

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sob o pretexto de que a Idade Média não havia adotado esse sistema de aquecimento nos edifícios religiosos, que ele obrigue assim os fiéis a se resfriar por causa da arqueologia, isso cai no ridículo. Uma vez que esses meios de aquecimento exigem tubos de chaminé, ele deve proceder como teria feito um mestre da idade média se estivesse na obrigação de instala-lo [...]”

(VIOLLET-LE-DUC, 2000, p.66)

Na Inglaterra do século XIX ocorre quase concomitantemente um movimento antagônico, na medida em que prezava a valorização dos sinais do tempo, preconizando respeito absoluto pelo edifício e considerando quaisquer acréscimos como igualmente importantes e dignos de preservação; no limite, favorecia quase uma recusa da intervenção, vendo na contemplação a única atitude tolerável, numa crítica à Revolução Industrial emergente (ZEIN e DI MARCO, 2007).

O exponente dessa linha, denominada de “restauro romântico” foi John Ruskin (1819-1900). Que em seu texto “As sete lâmpadas da arquitetura” de 1849, especificamente no Capítulo VI – “A Lâmpada da Memória”, apresentou importantes conceitos que fomentam a postura não intervencionista, onde a conservação é uma necessidade anterior à restauração entendida como último recurso, porém, não há qualquer menção em relação à forma pela qual os edifícios deveriam ser apropriados em termos utilitários. Ruskin se concentrou no aspecto pictórico das ruinas e não considerou, propriamente, a questão funcional dos monumentos em seus escritos (RODRIGUES, 2011, p.37).

Entre esses dois extremos surgiram na Itália, no último quartel do século 19, duas posições intermediárias: o “restauro histórico” – posição defendida por Luca Beltrami; e o “restauro moderno” – defendido por Camillo Boito (1836-1914). Para o restauro histórico, o monumento era um documento, e qualquer intervenção que se fizesse sobre ele, deveria estar baseada em outros documentos e na análise da edificação. Certa margem de subjetividade era permissível, podendo-se assim considerar o restauro histórico como uma alternativa moderada ao restauro estilístico

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(ZEIN e DI MARCO, 2007).

Camillo Boito (1836-1914) desenvolveu trabalhos teóricos relevantes ao restauro, sintetizando de forma crítica a polarização das duas posturas, não intervencionista e intervencionista. O “restauro moderno” chamado também de “restauro filológico”, é caracterizado pela abordagem estritamente documental do monumento e por certa repercussão das ideias positivistas (RODRIGUES, 2011, p.38), priorizando a consolidação e a manutenção do monumento, entendendo a restauração como ato excepcional que só deveria ser concretizada em último caso, devendo sempre ser cuidadosamente documentada (ZEIN e DI MARCO, 2007).

Em “Questioni Pratiche di Belle Arti” (1893), Boito justifica uma suposta diversidade de método, classificando a restauração de obras de arquitetura em três diferentes tipos: arqueológica, pictórica e arquitetônica. De acordo com as características prevalentes do edifício. “...a importância arqueológica para os monumentos da antiguidade, devendo os trabalhos ser voltados para a anastilose e consolidação; as características pictóricas, para os edifícios medievais, sendo importante preservar sua aparência pitoresca, através de trabalhos de consolidação (e não de renovação), preservando o próprio aspecto de vetustez; e a beleza arquitetônica, para os edifícios do Renascimento em diante, edifícios mais próximos temporalmente, que em geral chegam em melhor estado. ” (KÜHL, 2008, p.97)

Boito delineou importantes princípios que embasam a teoria contemporânea, dentre eles, a importância da “distinguibilidade e mínima intervenção”. Contudo, em relação aos aspectos funcionais, Boito não se refere especificamente.

O “restauro cientifico” sucedeu ao restauro moderno a partir da reelaboração, por Gustavo Giovannonni (1873-1843), da teoria de Camilo Boito. Priorizavam-se os valores documentais em ralação aos formais, valorizando o contexto ambiental

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onde o bem se inseria e a importância da arquitetura menor, não documental (ZEIN e DI MARCO, 2007).

Os austríacos Camillo Sitte (1843-1903) e Alois Riegl (1858-1905) contribuíram de maneira fundamental para a conceituação do patrimônio histórico. Sitte abordara em seus escritos, o tema da preservação do tecido urbano tradicional, ressaltando a importância da relação do edifício com o ambiente circundante. Já Riegl fora pioneiro no entendimento de que nas questões de conservação nunca há uma única solução possível, mas várias soluções alternativas pertinentes.

Riegl deu especial destaque à questão do uso. Contemplando os aspectos psicossociais e a recepção e percepção das obras da sociedade, o teórico esquematizou uma série de valores para compreensão dos monumentos, segmentando-os em de “rememoração” ligados ao passado e relacionados à memória e de “contemporaneidade” que pertencem ao presente, dentre os quais se insere o “valor de uso” que segundo ele não pode ser eliminado (RIEGL, 1990).

A partir de análises, Riegl esclarece que a ausência de uma função pode comprometer a integridade do bem. Segundo ele, a sensação de ver uma edificação que possuía um uso e que passou a não tê-lo mais, pode proporcionar um súbito sentimento de destruição violenta. E no caso dos edifícios que já conhecemos sem uso, a falta de uma atividade humana não é perturbadora (como as ruinas de um castelo medieval, ou de um templo romano), distinguindo dessa forma, as obras mais antigas das mais recentes, e de modo semelhante, as obras mais suscetíveis de serem utilizadas ou não (RIEGL (1990) apud RODRIGUES, 2011, p.39).

B. Mugayar Kühl (2008) relembra que, é relevante mencionar que Riegl aponta os potenciais conflitos entre o “valor de uso” e o “valor de antiguidade” que deve ser prioritário, por respeitar a obra de forma mais integral.

Max Dvorák (1874-1921), historiador de arte tcheco, passou grande parte de sua vida em Viena onde foi influenciado por Alois Righl e publicou em 1916 o “Catecismo da Preservação de Monumentos”.

Dvorák (1916) é um dos únicos teóricos que dedicam um tópico especifico sobre

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“A preservação de antigos edifícios ainda sem utilização” e postula a necessidade de uma assistência constante, que pode diminuir a necessidade de restaurações (RODRIGUES, 2011). O autor mostra que as obras do passado podem fazer parte viva e integrante da contemporaneidade: “Isso não significa, como muitas vezes se supõe, que se queira transformar igrejas em museus. Obras de arte são para nós muito mais que simples objetos museológicos. Elas devem, em todos os lugares, embelezar nossa existência, o que torna necessário que estejam em constante relação com a vida e não ser consideradas como algo distante, apreciadas e tratadas como se estivessem de costas para o presente. Por isso, é preciso realizar todos os restauros que se fazem necessários, se não se quer retirar das obras de arte suas antigas funções. ” (DVORÁK, 2008, p.99)

Em 1936, Gustavo Giovannoni (1873-1947) escreve um Verbete para Enciclopédia Italiana em que diferencia os “monumentos mortos”, mais antigos, aos quais normalmente se exclui uma utilização atual, dos “monumentos vivos”, mais recentes, aos quais é oportuno reportá-los uma nova função, não muito diversa da original (GIOVANNONI, 1936).

Essa matriz italiana foi determinante na formulação da Carta de Atenas de 1931 onde “a conferência recomenda que se mantenha a utilização de monumentos, que assegure a continuidade de sua vida, destinando-os sempre a finalidades que respeitem seu caráter histórico ou artístico. ” (SOCIEDADE DAS NAÇÕES apud RODRIGUES, 2011, p.41).

As tristes consequências da 2ª Grande Guerra incrementaram os debates sobre o tema da preservação, introduzindo a questão da ponderação entre a necessidade de reconstrução e a necessidade de modernização das cidades afetadas (ZEIN e MARCO, 2007).

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Nesse contexto, Cesare Brandi (1906-1988) desenvolveu a “Teoria da Restauração”, publicada em 1963, na qual estabelece parâmetros metodológicos para restauração da obra de arte reconhecida como tal. Os enunciados de Brandi, são fundamentados na estética, historiografia e crítica da arte (KÜHL apud RODRIGUES, 2011, p.41).

A teoria brandiana está calcada em alguns princípios fundamentais, e pesquisadores como Carbonara (1997), defendem a aplicabilidade desses na atualidade. São eles: “Distinguibilidade: pois a restauração (que é vinculada às ciências históricas), não propõe o tempo como reversível e não pode induzir o observador ao engano de confundir a intervenção ou eventuais acréscimos com o que existia anteriormente, além de dever documentar a si própria.

Reversibilidade, que mais recentemente tem sido enunciada, de modo mais preciso como ‘re-trabalhabilidade”: pois a restauração não deve impedir, te, antes, de facilitar qualquer intervenção futura; portanto, não pode alterar a obra em sua substancia, devendose inserir com propriedade e de modo respeitoso em relação ao preexistente e de forma a não impedir ou inviabilizar intervenções futuras que se façam necessárias.

Mínima intervenção: pois a restauração não pode desnaturar o documento histórico nem a obra como imagem figurada, devendo respeitar suas várias estratificações.

Compatibilidade de técnicas e materiais: deve-se levar em conta a consistência física do objeto, com a aplicação, para seu tratamento, de técnicas compatíveis que não sejam nocivas ao bem e cuja eficácia seja comprovada através de muitos anos de experimentação. ” (KÜHL, 2008, p.86)

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Assim, foi formulado o “restauro crítico”, apoiado também por Roberto Pane, Pietro Gazzola e Renato Bonelli (ZEIN e DI MARCO, 2007). O restauro passa então a ser considerado como um ato histórico-crítico, que deva compreender de forma concomitante e articulada aspectos materiais, formais e documentais da obra, respeitando suas várias fases e as marcas da passagem do tempo.

A partir desses debates foi formulada a Carta de Veneza (1964), que delineou uma unidade metodológica para as intervenções nos bens culturais, inserindo a restauração no quadro social, econômico e cultural. Esse documento permanece valido até hoje nos países signatários (RODRIGUES, 2011). A questão do uso passou a ter a seguinte recomendação: “ Artigo 5º - A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil a sociedade; tal destinação, portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro destes limites que se podem conceber e se devem autorizar as modificações exigidas pela evolução dos usos e costumes. ” (ICOMOS, 1964)

Giovanni Carbonara aponta, referindo-se a uma expressão de Gaetano Miarelli, o uso como um meio e não como um fim, já que o objetivo principal da intervenção é conservar a obra para transmiti-la da melhor maneira possível ao futuro (CARBONARA in KÜHL, 2008). Nos últimos anos, o interesse pelo patrimônio edificado tem aumentado por diversas razões, que não apenas o interesse histórico, entre elas estão: o aumento demográfico, a saturação territorial e a especulação imobiliária. Assim, o uso do patrimônio edificado tornou-se de grande interesse por aliar aspectos culturais, sociais e econômicos.

No livro “Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização: problemas teóricos de restauro” (2008), B. Mugayar Kühl faz uma análise das tendências teóricas atuais no restauro e as divide em três vertentes principais: “críticoconservativa e criativa” ou “posição central”, “pura conservação” ou “conservação

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integral” e a chamada “manutenção-repristinação” ou “hipermanutenção”. A seguir, será apresentado um apanhado de seus princípios e individualidades.

A primeira, que Carbonara denomina e interpreta como “crítico-conservativa” e Miarelli Mariane chama de “posição-central”, à qual são vinculados ambos autores, tem seus alicerces na teoria brandiana e na releitura de aspectos do chamado restauro crítico. Nessa vertente, a restauração assume uma posição conservativa, mas propõe, quando necessário, o uso de recursos criativos, necessários para tratar questões como a remoção de adições e reintegração de lacunas. É uma postura fundamentada no juízo histórico-crítico, na análise da relação dialética entre as instancias estéticas e históricas, caso a caso.

A segunda vertente mencionada, a chamada “pura conservação” ou “conservação integral”, privilegia a instancia histórica e encara como ações opostas inconciliáveis, a restauração e a conservação, retomando uma discussão que tem suas raízes no século XIX. A remoção de adições ou o tratamento de lacuna com vistas à reintegração da imagem, são iniciativas que a corrente da conservação integral repudia. Para essa vertente, a conformação do bem decorre também da passagem do objeto pelo tempo e a instancia histórica deve ser respeitada de modo absoluto. Desse modo, a matéria é preservada tal qual chegou a nossos dias, não se atuando através de juízo de valor.

A conservação integral, parte, como explica Carbonara (1997), de correntes historiográficas que questionam a existência de testemunhos relevantes, e outros nem tanto, para a história. É enfatizada a teoria de que juízos historiográficos são sempre relativos e o conhecimento do passado é limitado, portanto um juízo histórico-crítico “infalível” não existe. Nesse viés o projeto de transformação de uma obra arquitetônica (para um novo ou mesmo uso) em si, não faz parte do processo de conservação. Também nesse sentido, difere da corrente crítico-conservativa que trabalha de modo articulado com o momento conservativo de inovação. Os autores Marco Dezzi-Bardeschi, Amedeo Bellini, Anna Lucia Maramotti e B. Paolo Torsello são próximos dessa linha de pensamento.

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No polo oposto, encontra-se a chamada “manutenção-repristinação” ou “hipermanutenção” que propõe o tratamento da obra através de manutenções ou integrações, ordinárias e extraordinárias, retomando formas e técnicas do passado.

Esta última postura parte de um pragmatismo de base, parte da própria obra e baseia-se numa lógica indutiva, enquanto a teoria brandiana, parte, ao contrário, de uma lógica dedutiva fundamentada em axiomas éticos e científicos.

Apesar de por vezes operarem de maneira distinta, essas vertentes preconizam um respeito absoluto pelo valor documental da obra, mesmo na pluralidade de suas formulações e dos diversos modos de colocá-las em prática.

“No Brasil, o debate sobre os princípios teóricos da restauração, que deveriam reger a atuação pratica nos bens culturais é recente e incipiente. Os trabalhos, de enorme interesse, que têm acumulado nas últimas décadas se voltam a variados aspectos do problema, como o estabelecimento e transformação dos órgãos de preservação, as políticas públicas patrimoniais, os instrumentos jurídicos existentes, as implicações do tema no campo sociológico, antropológico e historiográfico, a discussão sobre o papel da memória [...]. No entanto, no que respeita às modalidades de intervenção e os princípios teóricos que deveriam regê-las, existe uma lacuna, apesar de vários esforços realizados. ” (KUHL, 2008, p.29)

3.2 Preservação e uso no patrimônio industrial É importante que, preliminarmente, reavivemos que a partir de meados do século XX e principalmente, a partir da Segunda Grande Guerra Mundial, despertouse o interesse pelo patrimônio industrial e foi desenvolvido o campo da chamada arqueologia industrial, cujo objeto é, precisamente, o estudo, levantamento e, por

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vezes, a salvaguarda ou mesmo a reutilização do patrimônio industrial.

Vale ressaltar também que no conceito de patrimônio industrial não estão inclusas somente antigas instalações fabris, mas as instalações, máquinas, utensílios e toda infraestrutura.

A partir de Hudson (1976), B. Mugayar Kühl (1998) comenta que não se deve preservar mais que uma pequena porção do estoque de equipamentos e edifícios industriais obsoletos, pois quanto mais valorizado é o terreno onde o edifício esta, mais difícil é prevenir sua demolição. “[...] não é nem realista nem desejável preservar mais do que uma pequena porção dos sobreviventes de nosso estoque de edifícios e equipamentos industriais obsoletos. [...] O que é possível, em uma escala muito maior, contudo, é procurar fotografar, medir e descrever pormenorizadamente edifícios e maquinas realmente significantes, antes que grupos de demolição e comerciantes de ferro-velho se aproximem, e pressionar para que abrangentes listas do que subsiste em cada localidade sejam feitas e publicadas, para que inventários apropriados possam ser elaborados a tempo, e para que a conservação possa ser o resultado de uma escolha deliberada e judiciosa, não de pânico.”

(HUDSON, 1976 apud KÜHL, 1998, p.231)

A justificação para a salvaguarda e eventual reutilização de determinada estrutura industrial deverá alicerçar-se em vários fundamentos e utilizar vários critérios. A propósito, mantem-se válidos os seguintes princípios, enunciados já no início do presente século: o valor artístico, o valor histórico e o valor de uso (SEIZ in MENDES, 2000, p.204).

Quanto ao valor artístico, há que se prestar atenção no evoluir da arquitetura industrial, desde as antigas oficinas e manufaturas às fabricas de nossos dias.

Os edifícios em tijolo, associados à difusão da energia a vapor, a arquitetura que

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associa o ferro ao vidro possibilitando largas aberturas e coberturas em “shed”, etc., características que permitiram valorizar diversos tipos de edificações.

Do ponto de vista histórico, deverá ter presente que determinada instalação, além de se poder considerar um monumento, é simultaneamente um documento.

Assim, independente do seu valor estético, as estruturas industriais podem transmitirnos informações diversas.

J. A. Mendes destaca também que alguns componentes específicos das instalações fabris podem fornecer informações de grande utilidade e para exemplificar, faz o uso da chaminé, um símbolo característico da industrialização, “ela ‘elucida-nos’ sobre: a) a transição da oficina à fábrica; b) a utilização de uma nova forma de energia, o vapor, ao tempo bastante inovadora e indissociavelmente ligada à primeira revolução industrial; c) uma certa prosperidade da empresa; d) mas também aspectos negativos, relacionados com a poluição” (MENDES, 2000, p.206).

No que diz respeito ao valor de uso, há que se ter em vista as necessidades da comunidade e, simultaneamente, procurar que ela colabora nos projetos de preservação e requalificação a serem desenvolvidos. Não há nesse caso, soluções uniformes, pré-estabelecidas. Em muitos casos, devido as suas dimensões, os elementos industriais poderão ser adaptados a diversas funções, sejam elas de uso comercial, cultural e outros.

O argumento não é, portanto, a preservação indiscriminada, e para tanto R. Angus Buchanan define critérios para a seleção de quais remanescentes efetivamente devam ser preservados a partir de dois pontos preliminares: a quem pertence o monumento e qual será o tipo mais adequado de preservação (RODRIGUES, 2011, P.54). Com esses pontos estabelecidos, Buchanan apresenta critérios para a preservação: “ 1. Grau de unicidade, nesse grupo estaria o exemplar único remanescente (o primeiro, ou o ultimo);

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2. A representação de um tipo distinto, um aspecto particular do artefato que denote uma especificação distinta de uma região, um tipo de arquitetura, um sistema estrutural, aspectos estéticos, ou marcação na paisagem; 3. Tamanho e uso: todo artefato requer espaço, e a validação desse espaço pode ser um importante critério de preservação, já que o valor imobiliário pode condicionar a necessidade de liberação de áreas urbanas.

4. A possibilidade de manutenção de modo sustentável (arrecadando dinheiro para sua manutenção) deve ser aventada através de, por exemplo, uma atração publica; 5. o suporte local, que demonstre termos financeiros positivos, cooperação entre os proprietários, interesse público e privado; 6. associar os remanescentes a personagens ou fatos significativos como um engenheiro ou inovação tecnológica, o que pode construir um bom apelo para preservação. ” (BUCHANAN, 1974 in RODRIGUES, 2011)

Cossons (1978) com uma visão mais integral do conceito cultural de patrimônio industrial, destaca que os requerimentos para a conservação da arqueologia industrial são vários e vão desde o cuidado com o sitio, seu significado histórico e sua preservação enquanto um monumento ou museu, até a necessidade de assegurar que importantes estruturas industriais ainda em uso como pontes e tuneis, não sejam tratadas de forma negligente pelos seus proprietários. Além disso, destaca as possibilidades que os edifícios industriais obsoletos oferecem para adaptação de novos usos (COSSONS, 1978, p.31). É possível constatar que, de modo geral, esses autores, do campo da arqueologia industrial demonstravam (ou demonstram) um interesse crescente e

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comum na conservação e salvaguarda do patrimônio industrial, estabelecendo, em alguns casos, premissas orientativas (RODRIGUES, 2011, p.56).

Em meio a infinitas possibilidades de ações possíveis para manter a vitalidade do patrimônio industrial. J. A. Mendes faz uma reflexão sobre o assunto, tendo em consideração certas experiencias já realizadas.

Em alguns casos, mais do que intervir pontualmente, visou-se a requalificação de toda uma área. Assim sucedeu, por exemplo, em espaços onde tiveram lugar exposições internacionais ou universais – as de Sevilha (1992) e Lisboa (1998).

Trata-se das chamadas “cidades água”, com seus antigos armazéns portuários desativados (MENDES, 2000). A Expo’92 e a Expo’98 impulsionaram a transformação urbanística de Sevilha e Lisboa, a partir de diversos investimentos em infraestrutura e transporte.

FIG 31 e 32: Cidade de Sevilha durante a Expo’92.

FIG 33: Zona norte da Expo’98. Em Lisboa, poucos remanescentes industriais permaneceram após a reforma.

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Outra solução que apresenta inúmeros exemplares em todo o mundo é a criação de ecomuseus. Estes, ao incorporarem instalações e tecnologias de vários tipos e de diversas épocas, assim como atividades e processos de trabalho, contribuem significativamente para reforçar a identidade de suas respectivas comunidades (MENDES, 2000, p.207).

Mais frequente é, no entanto, a readaptação de certos edifícios/monumentos industriais à museus, que tem como objetivo a ligação das novas funções às tradicionalmente desempenhadas pela respectiva estrutura.

A inviabilidade de uma conservação integral dos conjuntos mediante o próprio desenvolvimento da estrutura urbana leva à duas fases cruciais na preservação do patrimônio industrial: a da seleção dos elementos a serem preservados e a da intervenção propriamente dita. A seguir serão estudados três casos de intervenções junto a remanescentes industriais, na cidade de São Paulo.

FIG 34 e 35: Em Lisboa, antiga Central elétrica foi convertida em “Museu da Eletricidade”.

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FIG 36: Museu ferroviário, em Jundiaí.

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Casos Nesse capítulo serão analisados três projetos de intervenções arquitetônicas em complexos industriais. São eles: o SESC Pompéia; a Cinemateca Brasileira; e a sede do Instituto Criar de Tv, Cinema e Novas Mídias.

Esses projetos foram escolhidos por, além de se tratar de intervenções em complexos industriais, serem destinados ao uso cultural e/ou educacional, e estarem inseridos dentro do contexto urbano da cidade de São Paulo, o que facilita a aproximação desse estudo com os mesmos.

Além dos pontos em comum, os projetos foram escolhidos também, por suas particularidades. O SESC Pompéia é o que melhor ilustra a relação entre a escala industrial e novos elementos, já Cinemateca Brasileira passou por um intenso processo de degradação e é, desses, o complexo que melhor exemplifica as questões relacionadas ao restauro. Enquanto o Instituto Criar, projeto de menor escala entre esses, explicita a possibilidade de desenvolver um projeto desse cunho, a partir de um orçamento reduzido.

Serão consideradas questões que evidenciem a adaptação do sítio, de memória industrial, à contemporaneidade. Assim, preliminarmente, procura-se compreender o processo da construção, desde as escolhas feitas em relação ao restauro dos remanescentes industriais, que permitirão verificar a vigência das premissas teóricas relativas à preservação e manutenção do bem, até a implantação de novos elementos, que buscam se relacionar a atual conjuntura urbana.

Outro ponto a ser abordado são os ajustes que a materialidade edificada sofreu ou não, para adaptar-se aos novos usos, e como se deram essas alterações e adições internas. Por fim, será tratada a relação entre os monumentos industriais e as novas construções. Pretende-se assim, chamar a atenção para a importância dos edifícios históricos no contexto da cidade e como podem ser tratadas as questões de intervenção e restauro.

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4.1 SESC Pompéia

Local Pompéia, São Paulo, SP Data de início do projeto 1977 Data de termino da obra 1986 Área do terreno 16.573 m² Área construída 27.288 m² Arquitetura Lina Bo Bardi Uso original Armazéns das Industrias Matarazzo

FIG 40: Imagem desenvolvida a partir de foto aérea, em destaque área do projeto.

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O projeto para a Fábrica da Pompéia foi encomendado pelo SESC com o objetivo de construir um centro comunitário, cultural e esportivo para os trabalhadores do comércio em São Paulo. (MACIEL, GARCIA E MAGALHÃES). Convidada por Renato Requixa e Gláucia Amaral, diretores do SESC à época, Lina mergulhou numa viagem que seria a mais fecunda e prolifica de sua vida, já na idade madura.

(FERRAZ, 2008).

Em 1977, em meio ao canteiro de obras, inicia-se o projeto do SESC Pompéia.

Para o desenvolvimento do projeto um escritório foi montado em meio a obra de forma que projeto, programa eram desenvolvidos concomitantemente. Lina Bo Bardi, reaproxima a arquitetura da construção distanciando-a, assim, da condição de bem escultórico – objeto de um campo autônomo. (MACIEL, GARCIA E MAGALHÃES).

Antes mesmo de se instalar no local Lina Bo Bardi e sua equipe fizeram diversas visitas ao terreno, o que permitiu que eles notassem o ambiente de convívio espontâneo que ali se manifestava.

“Crianças corriam, jovens jogavam futebol de baixo da chuva que caía dos telhados rachados, rindo com os chutes da bola na água.

As mães preparavam churrasquinhos e sanduiches na entrada da rua Clélia; um teatrinho de bonecos funcionava perto da mesma, cheio de crianças. Pensei: isso tudo deve continuar assim, com toda essa alegria.”

(BARDI apud LATORRACA, p.26-40)

Entre 1977 e 1982 ocorreu a primeira etapa do projeto que tratou da recuperação estrutural e adaptação dos galpões da antiga fábrica para as atividades culturais e de lazer. E entre 1982 e 1986 se deu a segunda etapa, momento em que foram construídas as torres de concreto aparente para acomodação do bloco esportivo.

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FIG 41: Planta do projeto, entre 1 e 4 os novos elementos e entre 5 e 16 pré-existências.

Primeira etapa (1977-1982): intervenções em pré-existências Com o objetivo de buscar sua essência, a estrutura fabril foi desnudada com a retirada dos rebocos e a aplicação de jatos de areia nas paredes, a pavimentação em paralelepípedo da rua interna, as telhas cerâmicas da cobertura em shed e as grandes portas de entrada foram recuperadas e os antigos tambores transformados em lixeiras. (MACIEL, GARCIA E MAGALHÃES).

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1 Bloco esportivo 2 Circulação, vestiários, salas de luta, ginástica, dança e palestras 3 Caixa d’agua 4 Deck 5 Armazém 6 Oficinas 7 Laboratórios de fotografia e música 8 Teatro 9 Foyer 10 Restaurante 11 Cozinha industrial 12 Apoio 13 Galpão de atividades gerais 14 Biblioteca 15 Exposições 16 Administração

“A escolha de materiais para as alterações foi feita com critério para que a integração entre o antigo e o novo parecesse natural, porém diferenciada. Nos acréscimos arquitetônicos foram empregadas técnicas modernas sem rebuscamento ou relevo. O concreto utilizado por exemplo possui um aspecto bruto, diferente das vigas e pilares originais; elementos como tijolos de concreto aparente foram utilizados nos ateliês, bibliotecas, salas de músicas e separações internas; a tubulação é aparente e diferenciada por cinco cores e funções. ” (OLIVEIRA, 2007, p.31)

O eixo principal de circulação do SESC se dá por uma rua interna de paralelepípedos margeada por uma vala de concreto e alvenaria revestida com seixos rolados para o escoamento das águas. Quatro polos de atividades culturais ladeiam a rua central: as atividades gerais, o teatro, os ateliês e o restaurante

FIG 42 e 43: Rua interna cercada por galpões, pré-existências industriais.

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O galpão de atividades gerais é o mais amplo do conjunto e abriga exposições, biblioteca, área de leitura, estar e jogos. As interferências no espaço foram singelas, a arquiteta colocou uma lareira e um grande espelho d’água, pequenas alegrias, como ela os batizou. (OLIVEIRA, 2007, p. 41). Além disso, Lina trocou todo o piso por pedra-goiás, e criou volumes de concreto elevados 1,20 metros do chão para abrigar os espaços de leitura, abaixo deles, salas de sessões de vídeo.

FIG 44 e 45: Área de leitura, elevada e espelho d’água, ao fundo a lareira.

O Teatro, ao lado do galpão de atividades gerais, é o local que mais sofreu alterações. O galpão que abriga o Foyer teve suas telhas trocadas por telhas de vidro e seu piso de paralelepípedo cria uma continuidade à rua externa. Um volume de concreto foi construído para abrigar os camarins e o acesso a galeria. O teatro, ou auditório como Lina preferia chamar, é conformado por duas plateias oposta e duas galerias superiores. O palco, projetado por Flávio Império, é desmontável.

FIG 46 e 47: Foyer com loja de conveniência, à direita um dos acesos ao teatro e ao fundo, portão e acesso à galeria.

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FIG 48: Imagem do teatro ou “auditório” como preferia chamar Lina Bo Bardi.

Ao lado do Teatro, o galpão de ateliês é o último voltado para o lado direito da rua. A disposição dos ateliês foi inspirada na obra do arquiteto holandês Aldo Van Eyck, conhecido pelos seus projetos de parques infantis lúdicos. Seus limites são marcados por blocos de concreto, com 2,20m de altura, dispostos em volumes circulares e retilíneos com aberturas desencontradas, favorecendo um percurso que promove mais um jogo, uma brincadeira no espaço. (OLIVEIRA, 2007, p. 47).

Lina e Flávio Império foram responsáveis pela concepção do programa das oficinas, composto por seis atividades: marcenaria, cerâmica, cinzelamento, gravura e serigrafia, tapeçaria e gráfica.

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FIG 49: Galpão de criatividade e técnicas mistas, em cada um dos “nichos” de concreto há suporte para o desenvolvimento de um tipo de atividade.

Do lado esquerdo do conjunto, de quem da rua olha o deck, se encontra o restaurante/choperia. Para cumprir sua função, Lina projetou uma grande cozinha industrial onde se destaca a tubulação colorida responsável pelas instalações pertinentes. Outras importantes intervenções são o forro coberto por placas metálicas e o piso de cerâmica vermelha.

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FIG 50 e 51: Durante o dia, funcionamento do restaurante ou “comedoria” e durante a noite, em alguns dias do mês, o espaço dá lugar a uma nova configuração, a choperia onde ocorrem também apresentações musicais.

Segunda etapa (1982-1986): construção de novos elementos “Uma galeria subterrânea de ‘aguas pluviais’ (na realidade o famoso córrego das Águas Pretas) que ocupa o fundo da área da Fábrica da Pompéia, transformou a quase totalidade do terreno destinado à zona esportiva em área non edificandi. Restaram dois ‘pedaços’ de terreno livre, um à esquerda, outro à direita, perto da ‘torre-chaminé-caixacaixa d’agua’ – tudo meio complicado. Mas, como disse o grande arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright. ‘As dificuldades são nossos melhores amigos’”.

(BARDI, 1996, p. 2)

Assim, a partir do que restou da área non edificandi, foram construídos os três novos elementos do SESC. Para abrigar as atividades esportivas foram construídos edifícios que, além de dispensar qualquer sofisticação de detalhamento, ainda são marcados por gestos fortes. (SANTOS In: SESC, 1996, p. 25).

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FIG 52: Deck (área non edificandi) e os três novos edifícios.

Uma das premissas de Lina para a construção do bloco esportivo foi contrastar a escala dos edifícios novos com as naves horizontais da fábrica restaurada.

A construção de torres de concreto contrastando com a antiga fábrica de tijolos compartilha a obra com o entorno: através da diferença da unidade o conjunto dialoga com o antigo bairro fabril em processo de crescimento vertical divido a especulação imobiliária. (OLIVEIRA, 2007, p.47).

A torre mais comprida e estreia (em planta, ambiente 2) tem onze andares e abriga toda a circulação, vestiários, salas de luta, ginástica, dança e palestras e é marcada pela descontinuidade em suas aberturas.

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Já o bloco destinado a piscina e às quadras esportivas apresenta cinco andares de pé direito duplo (em planta, ambiente 1). Nesse volume estão as célebres “janelasburaco” responsáveis pela circulação cruzada de ar constante. Para conectar os dois objetos, oito passarelas de concreto protendido vencem os vãos de até vinte e cinco metros e criam uma atmosfera feérica, expressionista, evocando Metrópolis, o filme de Fritz Lang. (FERRAZ, 2008).

FIG 53 e 54: Lina Bo Bardi em uma das passarelas que une os edifícios e imagem de bailarinas circulando nas mesmas.

Já o terceiro volume, uma torre cilíndrica de setenta e cinco metros de altura, ilustra a importante troca que ocorreu entre todos os trabalhadores envolvidos no projeto. Lina decide que a torre da caixa d’agua deveria ser uma alusão a chaminé da fábrica, mas não apresenta um projeto acabado. A torre acaba sendo solucionada por técnicos e operários e aprovada pela arquiteta.

No restante da área non edificandi foi traçado um deck de madeira, utilizado como solarium e também dava lugar a eventuais shows. A anos atrás uma calha servia como uma cachoeira ao ar livre o que levou Lina a denominar aquele espaço como “praia” e é esse vazio que une os dois conjuntos.

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A cidade de São Paulo apresenta uma estrutura urbana extremamente heterogênea e descontinua que foi formada a partir dos anos pelo mercado e regras de zoneamento. Coube a Lina Bo Bardi, através da arquitetura e da implantação geral do projeto do SESC, a atitude corajosa de reproduzir esse modelo pragmático de crescimento, acirrar as contradições, forçando sua leitura e entendimento.

(SANTOS In: SESC, 1996, p. 17).

“Assim, numa cidade entulhada e ofendida pode, de repente, surgir uma lasca de luz, um sopro de vento. E aí está, hoje, a Fábrica da Pompeia, com seus milhares de frequentadores, as filas na choperia, o “Solarium-Índio” do deck, o Bloco Esportivo, a alegria da fábrica destelhada que continua: pequena alegria numa triste cidade.”

(BARDI, In: SESC, 1999, p.26-40)

FIG 55 e 56: Imagens do deck vistas de sentidos opostos

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Local Vila Clementino, São Paulo,

4.2 Cinemateca Brasileira

SP Data de início do projeto 1981 Data de termino da obra 2007 Área do terreno 23.286 m² Área construída 1.814 m² Arquitetura Primeiro projeto Fernando José Martinelli e José Osvaldo Vilela, Segundo projeto Marlene Yurgel, Lúcio Gomes Machado e Eduardo de Jesus Rodrigues, Terceiro projeto Nelson Dupré Uso original Matadouro Municipal FIG 57: Imagem desenvolvida a partir de foto aérea, em destaque área do projeto.

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Fundada em 1940, a Cinemateca Brasileira é responsável pela preservação e divulgação da produção audiovisual brasileira, e desde a década de 1990 ocupa uma série de galpões, que inicialmente funcionaram como matadouro, na Vila Clementino.

Em 1884 foi realizado o concurso que apontara uma nova localidade para um matadouro na cidade de São Paulo. O local escolhido era distante das áreas centrais já povoadas, e servido pela linha de bonde, que ligava Santo Amaro ao centro de São Paulo. O projeto vencedor foi o do engenheiro Alberto Kuhlmann, profissional de origem alemã, naturalizado brasileiro (MARCON, 2012, p. 30). Três anos após, o “Matadouro da Vila Mariana” deu início às suas atividades.

FIG 58: Matadouro da Vila Mariana.

O conjunto era composto por três galpões de planta retangular, com seus lados menores alinhados junto ao logradouro e dispostos paralelamente entre si, de forma que o espaçamento entre esses, era oportuna à iluminação e ventilação natural. Além desses, outros dois blocos menores e de tipologia distinta foram arranjados nas laterais, destinados a administração e serviços complementares ao

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funcionamento do conjunto (ALMEIDA).

A partir de sua instalação, a urbanização no entorno do matadouro se intensificou cada vez mais, até que esse crescimento passou a comprometer suas próprias funções. O grande aumento no consumo de carne, questões sanitárias e a ineficiência dos bondes para o transporte de grandes volumes, levaram o matadouro a passar por diversas intervenções a partir de 1906. “[...] foi graças ao Matadouro Municipal que os imigrantes italianos conseguiram seu primeiro emprego quando chegaram aqui na Vila Mariana. Muitos deles enriqueceram vendendo, em carroças, os miúdos pelo bairro”.

(PISANI, CORRÊA, 2009, p.5)

Após quarenta anos de funcionamento, em 1927 o Matadouro da Vila Mariana encerrou suas atividades, que foram transferidas para matadouros particulares, distantes da cidade. Com a desativação, o conjunto passou por diferentes usos e várias adaptações. As destinações de uso e as modificações nos edifícios ocorreram de modo improvisado e concorreram para a descaracterização gradativa das feições originais (ALMEIDA).

Em 1985 o conjunto foi tombado pelo CONDEPHAAT e posteriormente incorporado à lista de bens tombados do CONPRESP. Nas justificativas do tombamento é ressaltada a importância do bem cultural, de interesse histórico e arquitetônico, salientando a qualidade dos materiais e técnicas construtivas e a importância histórica do Matadouro como elemento de estruturação do bairro da Vila Mariana (MARCON, 2012, p. 38).

As intervenções de restauro e mudança se deram a partir de três projetos, ocorridos de forma sequencial em um espaço de vinte anos. O primeiro de natureza mais conceitual e de pesquisa, o segundo pela ordem técnica, pelo trabalho e reforço estrutural e recomposição de alvenarias e o terceiro visando atender as necessidades do novo uso.

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Primeiro projeto (1981-1983) O primeiro projeto foi na verdade um anteprojeto elaborado pelos arquitetos Fernando José Martinelli e José Osvaldo Vilela, e baseia-se em uma investigação histórica, que ampara a proposta de reconstituição das características originais e estabelece critério para as posteriores adaptações.

Para a realização desse anteprojeto foi feita uma intensa investigação a partir de levantamento bibliográfico, observação de fotos antigas e estudos in loco, visando identificar reformas e descaracterizações que o complexo sofreu ao longo de sua história. Foi sugerido também, que as intervenções feitas a partir de 1938 fossem demolidas (MARCON, 2012, p. 41) a fim de recompor a condição primitiva da obra.

“Vale lembrar que essa foi uma postura recorrente, associada às primeiras formulações teóricas acerca do restauro, especialmente à posição de Viollet-le-Duc que teve grande repercussão ao seu tempo e continua fortemente arraigada ao senso comum de restauração, compreendido como cancelamento da passagem de um tempo em favor da reconstituição de um estado primitivo”.

(ALMEIDA)

Segundo projeto (1989-1993) O primeiro projeto não foi concluído, e o conjunto de edifícios anexos passou a ser utilizado pela prefeitura como almoxarifado da Secretaria de Vias Públicas.

Esse programa gerou sérias consequências estruturais às construções, devido às sobrecargas de materiais armazenados.

Em 1988, a administração municipal cedeu o espaço à Cinemateca Brasileira, que se tornou responsável pelo projeto de restauração dos edifícios. O projeto foi desenvolvido pelo escritório comandado por Marlene Yurgel, Lúcio Gomes Machado e Eduardo de Jesus Rodrigues (YMR – AA) (ALMEIDA).

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Em suma, a relação entre as pré-existências e novas intervenções se deu da seguinte maneira: a recuperação das pré-existências era feita a partir da reconstituição dos aspectos originais, e na concepção de edifícios novos eram adotados sistemas construtivos industrializados modulares.

No ano de 1993, com a saída de Marlene Yurgel do escritório, uma nova equipe foi composta pelos membros remanescentes Gomes Machado, Rodrigues Arquitetos Associados (GMR – AA) e o projeto ganhou um novo desdobro.

Nesse projeto, buscou-se evitar conflito entre as novas diretrizes e as propostas no projeto anterior, destacam-se as seguintes operações: restaurar os galpões segundo a arquitetura do início do século; recuperar os espaços externos para a implantação de novo edifício para brigar salas de projeção, sala multiuso e foyer; implantar edifício novo com dois pavimentos semienterrados; e implantar circulações entre as áreas edificadas (MARCON, 2012, p. 44).

Nesse momento, houve um intenso esforço para a reconstituição das alvenarias, que foi feita a partir de um trabalho bastante preciso de contagem de tijolos e comparação com imagens antigas. Foram obedecidos os modelos, desenhos, cores e tamanhos dos tijolos originais (MARCON, 2012, p. 45). Para realização dessa etapa, não foram adotados os critérios de “distinguibilidade” para a recomposição das partes faltantes (ALMEIDA), critérios esses recomendados pelos especialistas, desde Camilo Boito (1836-1914).

Houve também uma preocupação de natureza estrutural. A título do reforço estrutural, foram introduzidos pilaretes e vigas nas empenas de maior extensão, de forma a suportar a trepidação decorrente da grande circulação de veículos. Foi proposta também a construção de quinze módulos independentes para abrigar as demais partes do programa.

“Após alguns anos de obras, em 1990, o Plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, foi um duro golpe na implantação do projeto, e as verbas destinadas à continuidade dos trabalhos foram sistematicamente sendo cortadas, até o momento em que os

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serviços tiveram que ser totalmente paralisados, sem a conclusão total da proposta projetual. ” (PISANI, CORRÊA, 2009, p.10)

Terceiro projeto (2000-2007) A intervenção mais recente, iniciada em 2000, teve como responsável o arquiteto Nelson Duprê, dirigente também do projeto de restauração da Sala São Paulo, na antiga estação Júlio prestes. Semelhante ao que ocorrera com Lina Bo Bardi no projeto do SESC Pompéia, o projeto foi praticamente todo feito à mão, com croquis uma vez que o arquiteto se encontrava permanentemente na obra (MARCON, 2012).

Essa etapa do projeto se concentrou especialmente nos elementos novos, deixando as partes restauradas e lacunas como estavam (ALMEIDA). Quando o projeto teve início o galpão central e o galpão da direita, de quem da rua olha para o edifício, já estavam restaurados e a faixada dos três galpões principais já estavam prontas (MARCON, 2012).

No primeiro momento, o arquiteto formulou a proposta de um plano de ocupação para toda área do terreno, incluindo a parte posterior, que hoje se encontra fechada. Nessa estariam locadas as salas de cinema e toda sua infraestrutura.

Em seu site oficial, o arquiteto descreve as premissas de seu partido arquitetônico: “...a sutileza das intervenções e a evidenciação das alterações realizadas no edifício ao longo doa nos, sem fundamentar a proposta na recuperação da configuração original, mas deixando visíveis os testemunhos da passagem do tempo. ” (DUPRÊ. Disponível em <http://www.duprearquitetura.com.br/ cinemateca.htm> Acesso em 14.09.2017)

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1 Acesso 2 Salão de eventos 3 Sala BNDES 4 Sala Petrobrás 5 Centro de documentação 6 Anexo ao Centro de documentação 7 Pátio interno/Cinema ao ar livre 8 Administração 9 Estacionamento

FIG 60: Planta Geral da Cinemateca Brasileira.

No último galpão a ser restaurado, à esquerda de quem da rua olha o lote (em planta, ambiente 2), estão claramente definidas as intervenções feitas desde 1870 até hoje, as diversas fases estão visíveis pela diferença na materialidade.

Na recomposição dos tijolos, o arquiteto optou por colocar peças idênticas as préexistentes, sendo o que diferencia a intervenção atual é a cor da argamassa.

Outro elemento que se destaca são as tesouras, que foram executadas em aço e têm seus nós articulados. Nessas tesouras apoiam-se elementos construtivos que recompõe o desenho original dos lanternins.

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FIG 61: Salão de eventos e aceso a “Sala BNDES”. Destaque aos pilaretes, alocados no segundo projeto, e as tesouras da última intervenção.

FIG 62: Detalhe de forro e lanternim.

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No mesmo galpão, foram descobertos os antigos trilhos da doca. Os dormentes já haviam desaparecido, mas foram realocados dormentes novos na mesma posição, e sobre eles um piso de vidro, de forma que os mesmos podem ser observados por quem passa pelo local.

FIG 63 e 64: Detalhe dos trilhos.

Aos fundos desse galpão, um outro deu espaço a “Sala de Cinema BNDES”, uma sala de projeção com assentos para 230 pessoas. Nesse ambiente foram mantidas as aberturas que receberam esquadrias de aço e fechamento em vidro, o que tornou visível as marcas das recuperações anteriores (MARCON, 2012). Para escurecer o ambiente cortinas opacas foram colocadas sob todo o perímetro onde há aberturas. “...esse detalhe, do abrir e fechar das cortinas, além de nos remeter às antigas salas de cinema, assume, neste caso em particular, um simbolismo bastante forte, em se tratando de uma obra de restauro, quando se verifica a perfeita conjugação entre o objeto preservado com o novo uso proposto. “ (PISANI, CORRÊA, 2009, p. 12)

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FIG 65: Sala BNDES.

FIG 66: Detalhe de cortina lateral e degrau.

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Na conexão entre os galpões, assim como nos acessos, foram usadas superfícies envidraçadas garantindo a permeabilidade visual entre os galpões e de fora para dentro do conjunto.

FIG 67: Conexão entre os galpões.

Ao lado da “Sala BNDES” uma sala de vidro foi feita internamente as ruinas (em planta, ao lado direito do ambiente 3), para abrigar reuniões e workshops. Ao fundo uma parede indicava uma edificação com cobertura em duas águas o que levou o arquiteto a repetir a solução.

“Eu não vou reconstruir, mas vou identificar como era. Trago a fotografia e enxergo nela a fachada. E se pensar em Cinemateca, tudo faz sentido. Trago uma foto em preto e branco, antiga, registrando aquela frente. Enfim é o recurso que o cinema pode trazer depois de 100 anos, a imagem traz a fachada original e não é preciso reconstituir com tijolos” (DUPRÊ in MARCON, 2012, p. 70)

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FIG 68 e 69: Sala de vidro vista externa e internamente.

A sucessão de projetos ocorridos no Matadouro da Vila Mariana, serve para exemplificar diferentes posturas quanto ao restauro e novas intervenções, que se articulem a pré-existências. As marcas deixadas no conjunto, revelam além da passagem do tempo, a mudança no modo de intervir.

FIG 70: No pátio, dois painéis foram colocados para possibilitar sessões de cinema ao ar livre.

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4.3 Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias

Local Bom Retiro, São Paulo, SP Data de início do projeto 2004 Data de termino da obra 2004 Área do terreno 2.700 m² Arquitetura Silvio Oksman e Fernanda Neiva Uso original Indústria Têxtil

FIG 71: Imagem desenvolvida a partir de foto aérea, em destaque área do projeto.

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O Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, ou apenas Instituto Criar, é uma organização não-governamental que tem por objetivo capacitar jovens de baixa renda, através de cursos técnicos, em profissões ligadas principalmente ao cinema e à televisão.

De lá saem jovens formados em um dos cinco núcleos: Arte (cabelo e maquiagem, figurino e cenário e cenografia, e objeto), Fotografia (câmera e maquinaria, iluminação e elétrica, e fotografia e imagem), Produção, Som e PósProdução (animação, edição, e computação gráfica).

O galpão que hoje abriga o Instituto Criar se localiza no bairro do Bom Retiro, marcado, nos últimos anos, pela migração da atividade têxtil que lá se desenvolvia.

Assim, ocorreu o processo de esvaziamento desse setor da cidade, o que foi visto pelos arquitetos Silvio Oksman e Fernanda Neiva, como uma oportunidade de aproveitar as estruturas urbanas existentes e assim, participar do processo de requalificação da área.

“Outro fator determinante foi a facilidade de acesso, devido à proximidade ao metrô, a corredores de ônibus e à Estação da Luz, fator fundamental para os estudantes da instituição que, na sua maioria, utilizam o transporte público. ” (NEIVA e OKSMAN, 2006)

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13 12 11 10

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8 9 7

14

15

16

29 30

18

17

27

6 5 1

FIG 72: Planta térreo

88

2

3

4

19

20

21

22 26

23

24

25

32 31 28

1 Casa do zelador 2 Cozinha 3 Refeitório 4 Varanda 5 Vestiário Feminino 6 Sanitário Deficientes 7 Vestiário Masculino 8 Sanitário Masculino 9 Sanitário Feminino 10 Produtora Comunitária 11 Administração 12 Almoxarifado 13 Hall 14 Sala de professores 15 Oficina de Figurino 16 Oficina de Cabelo e Maquiagem 17 Oficina de Criatividade 18 Sala de Produção 19 Biblioteca 20 Sala de Informática 21 Sala de Computação Gráfica 22 Sala de edição de Áudio 23 Sala de Edição 24 Sala de edição de Áudio 25 Estúdio B 26 Videoteca 27 Sala de Áudio 28 Estúdio A 29 Sala de Manutenção 30 Cofre 31 Marcenaria/Cenografia 32 Depósito 33 Doca 34 Controle

37 36 43 42

38

35

39

41

35 Área Auxiliar da Cozinha 36 Administração 37 Sanitário 38 Cobertura Oficinas 39 Sala de Leitura 40 Laje Técnica 41 Sala de iluminação 42 Depósito da Marcenaria 43 Laje

40

FIG 73: Planta superior

89

O galpão, remota, provavelmente, ao princípio do século XX e é caracterizado por sua estrutura em alvenaria de tijolos cerâmicos, cobertura em tesouras de madeira e pé direito alto (TAGLIAFERRI e PAREDES apud STUERMER, 2010, p.147). Sabe-se que o edifício abrigou, em sua origem, uma fábrica têxtil e ao longo do tempo teve vários locatários, em sua maioria do setor industrial. Como ocorre na maioria desses casos, a cada nova atividade se sobrepunham novas estruturas à original.

FIG 74: Os galpões de cerâmica e, ao fundo, o galpão azul, abrigam a maior parte do programa.

Além do galpão de pé direito alto, a antiga fábrica contava com um bloco de construções mais recentes, destinadas aos escritórios. O sitio apresenta um formato incomum: tem frente estreita e alarga-se ao fundo para um dos lados, onde está o galpão. Na outra extremidade, prolonga-se além do alinhamento o bloco administrativo, na forma de cunha. Os arquitetos adotaram a estratégia de intervenções mínimas, por isso as áreas de apoio praticamente só foram acomodadas na edificação existente (MELENDEZ, 2005).

90

FIG 75: Bloco de construções mais recente, destinado hoje a administração.

No galpão principal a primeira iniciativa foi a de retirar todas as interferências sobrepostas ao longo do tempo, ou seja, mezaninos, alvenarias e inclusive os sucessivos revestimentos aplicados às paredes, semelhante à “limpeza” que ocorrera no SESC Pompéia, para evidenciar as características originais ao conjunto.

No processo de decapagem, foram descobertas aberturas em arco que haviam sido fechadas em ocupações anteriores. (STUERMER,2010, p.148). Oksman conta que no processo, às vezes, pedaços de tijolos se soltavam (MELENDEZ, 2005), procurou-se então adicionar à técnica de lavagem dos tijolos um produto de concentração da erosão e consolidação das partes soltas (STUERMER, 2010,

91

p.148).

A premissa que direcionou o projeto, segundo os arquitetos, foi a de distribuir as novas instalações interferindo o mínimo possível na construção original e possibilitar uma distinção clara entre a nova intervenção e o esqueleto do antigo galpão (STUERMER, 2010, p.149). Assim, o novo programa, semelhante ao de uma escola, foi distribuído em duas caixas de blocos de concreto estrutural, arrematadas por perfis metálicos, que também estruturam a cobertura e o forro.

FIG 76 e 77: As alvenarias, após a retirada dos revestimentos que se sobrepunham às mesmas. Na segunda imagem o galpão ao lado esquerdo pertence ao conjunto vizinho e não ao projeto.

FIG 78: Novos elementos metálicos se agrupam à estrutura original em tijolo maciço, imagem tirada do eixo de circulação central, olhando para biblioteca.

92

As alas de concreto foram construídas internamente ao galpão principal, de forma que entre eles estivesse uma grande área para circulação, convivência e integração entre os alunos. Este espaço pode ser utilizado ainda para palestras, exposições e atividades multidisciplinares. (NEIVA e OKSMAN, 2006).

Ambos os blocos têm suas aberturas voltadas para o salão central, sendo que um desses possui também aberturas externas de forma a permitir a ventilação cruzada e permeabilidade visual entre os espaços.

FIG 79 e 80: Salão central do galpão, e circulação entre o bloco de concreto e o perímetro do galpão, em alvenaria estrutural.

O pavimento térreo abriga a maior parte do programa, que é dividido entre o galpão principal (estúdios de gravação, oficinas, marcenaria, ilhas de edição, ilhas de finalização, ilhas web, laboratório digital, sala de vídeo, sala de cabelo e maquiagem, sala de figurino, espaço de produção, biblioteca, videoteca, sala para professores, etc.) e o edifício mais recente (almoxarifado, administração, produtora comunitária, vestiário, refeitório, cozinha, etc.).

Ao lado direito de quem adentra o galpão principal, a biblioteca conta com um pequeno espaço para leitura e ao fundo, entre a caixa de concreto e o perímetro do galpão foram locadas estantes para aparar o acervo.

93

FIG 81: Sala de cabelo e maquiagem.

FIG 82 e 83: Ă rea de leitura da biblioteca e ao fundo, acervo.

94

No pavimento superior do galpão principal foi projetado o terraço, áreas técnicas e uma grande sala de leitura aberta, que propicia a integração entre os pavimentos.

Hoje, a sala de leitura foi fechada para dar lugar ao escritório do YouTube.

FIG 84 e 85: A antiga área de leitura foi fechada e abriga hoje uma sala destinada à funcionários do YouTube.

O projeto do Instituto Criar é uma experiência que alia o uso do patrimônio industrial à um projeto contemporâneo de baixo orçamento. Para não comprometer o custo da obra e consequentemente sua atividade-fim, os arquitetos buscaram fazer poucas interferências na pré-existência e associá-la a novas intervenções marcadas pela facilidade de manutenção, racionalidade e eficiência energética.

95

III

LEITURA E PROJETO

98

Análise do território industrial Nesse capítulo serão estudadas as características urbanas de uma porção do território industrial. Na primeira parte, essa porção compreende a área que margeia a linha férrea, antiga São Paulo Railway, desde a região do Centro/Mooca até a região do Ipiranga / Vila Prudente. Como elementos limitadores da área estão a Av. Alcântara Machado ao norte, e a Av. Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello ao sul.

Essa análise pretende uma melhor compreensão da dinâmica urbana ao longo da ferrovia.

Na segunda parte desse capitulo será observada a área que circunda os galpões da antiga Officina da Sociedade Anônima Vanorden, área em que se desenvolve o projeto arquitetônico conjunto à essa pesquisa. Nesse momento objetiva-se verificar as diretrizes urbanísticas sugeridas para o desenvolvimento de um projeto na área.

99

5.1 Escala da cidade A análise na escala da cidade será feita principalmente, a partir da leitura de mapas e da articulação entre esses. O Mapa 1 mostra a localização do recorte a ser estudado dentro da mancha urbana da metrópole paulista.

100

Mapa 1 - Localização da área de estudo dentro da metrópole Área de estudo

0

4

8 km

Fonte: base do Google Earth

No Mapa 2 foram destacadas as quadras que margeiam a ferrovia, e como consequência abrigam mais características da quadra industrial. Nesses quarteirões de grandes dimensões, pode ser observada a presença de grandes lotes onde estão instalados galpões e armazéns. Em alguns momentos e principalmente nas quadras vizinhas, pode-se observar uma situação diferente, trata-se de pequenos lotes, que em sua maioria são ocupados por casas ou comércio de abrangência local.

Além desses casos, começam a aparecer elementos verticais que se destacam na paisagem.

102

Mapa 2 - Malha industrial Quadras que preservam caracterĂ­sticas e imĂłveis industriais

0

250

500m

Fonte: base do Google Earth

No terceiro mapa é possível verificar a existência da linha férrea como elemento de fratura no território, elemento esse que se configura como uma barreira visual, física e administrativa, separando as prefeituras regionais da Sé e da Mooca e, do Ipiranga e da Vila Prudente.

104

Mapa 3 - Limites Administrativos SĂŠ Mooca V Prudente Ipiranga V Mariana

0

250

500m

Fonte: geosampa.prefeitura. sp.gov.br

A hidrografia é marcada pelo Rio Tamanduateí, elemento fundamental para ocupação dos primeiros assentamentos da região. Hoje, em suas margens há a Avenida do Estado que liga a Marginal Tietê e o centro da cidade aos bairros da zona sudeste, os municípios do grande ABC e o sistema Anchieta-Imigrantes. Também pode ser visto o Córrego do Ipiranga margeado pela Av. Ricardo Jafet.

106

Mapa 4 - Hidrografia

Rio TamanduateĂ­ CĂłrrego Ipiranga

0

250

500m

Fonte: geosampa.prefeitura. sp.gov.br

No Mapa 5 estão demarcadas as vias estruturais, elementos fundamentais na articulação do território. Na porção observada estão presentes algumas vias de Nível 3, como a Av. Presidente Wilson e a Rua da Mooca e apenas uma via de Nível 1, a Av. do Estado. Por essas vias passa a maior parte das linhas de ônibus da região.

108

Mapa 5 - Sistema viário

Ferrovia Via Estrutural de Nível 1 (N1) Via Estrutural de Nivel 3 (N3)

0

250

500m

Fonte: Plano Diretor Estratégico

O transporte público da região é ofertado principalmente através da Linha 10 – Brás/Rio Grande da Serra da CPTM, e das linhas de ônibus. Mesmo havendo a circulação de inúmeras linhas na região, a escassez de corredores específicos dificulta a eficácia do transporte sobre rodas, principalmente em horários críticos. O transporte por meio de ciclovias também se limita a pequenas porções do território.

110

Mapa 6 - Transporte

Linha de trem - CPTM Corredor de ônibus Rede cicloviária Estação CPTM

de

trem

-

Terminal de ônibus

0

250

500m

Fonte: geosampa.prefeitura. sp.gov.br

As Zepecs - Zonas Especiais de Preservação Cultural, são áreas definidas pela prefeitura como porções de território destinadas à preservação dos bens de valor histórico, artístico, arquitetônico, arqueológico e paisagístico. Ao integrarem uma Zepec, esses territórios tornam-se patrimônios culturais.

Dentro da malha industrial analisada se destacam os conjuntos da Rua Borges de Figueiredo e da Av. Presidente Wilson.

112

Mapa 7 - Zepecs

Zonas Especiais de Preservação Cultural

BIR

Bens e Imóveis Representativos

BIR - Indicação BIR - APPA

Área de Proteção Paisagistica

AUE

Área de Urbanização Especial

0

250

500m

Fonte: sppatrimonio.com.br

5.2 Escala do edifício A análise na escala do edifício será feita a partir da associação entre mapas e algumas imagens da área. No Mapa 8 estão demarcadas as vias estruturais mais próximas da área do projeto, a Rua da Mooca e a Av. Presidente Wilson. Essa, embora esteja próxima ao local não se articula a esse diretamente, uma vez que está do outro lado da linha férrea.

Estão destacadas também a Ferrovia, a Estação Mooca-Juventus, cujo acesso tanto do lado leste quanto do lado oeste se dá através de pequenas ruas peatonais, e a área do projeto, na esquina entre as ruas Borges de Figueiredo e Monsenhor João Filipo.

114

Mapa 8 - Sistema viário

Ferrovia Via Estrutural Nível 3 (N3) Estação Mooca-Juventus Área do projeto

0

30

60m

Fonte: Plano Diretor Estratégico

116

117

No mapa de uso do solo pode-se observar a predominância de galpões e armazéns, e a marcante presença de edifícios residenciais mais recentes, com uma ocupação distinta e gabarito elevado.

118

Mapa 9 - Uso predominante do Solo Residencial Comercial Misto Institucional Galpões e Armazéns

0

30

Fonte: Própria Autoria

60m

120

121

O Zoneamento tem como objetivo estabelecer diretrizes para a ocupação dos lotes em toda cidade. O terreno do projeto pertence a ZOE – Zona de Ocupação Especial, que são porções do território destinadas a abrigar predominantemente atividades que, por suas características únicas necessitem disciplina especial de uso e ocupação do solo.

No geral, essas obedecem aos mesmos parâmetros de ocupação do que os lotes vizinhos, mas com algumas ressalvas. Especificamente nesse caso, as orientações são estabelecidas pela resolução de tombamento dos galpões da Rua Borges de Figueiredo.

122

Mapa 10 - Zoneamento Lei 16.402/16

ZC - Zona de Centralidade ZM - Zona Mista ZOE - Zona de Ocupação Especial

0

30

60m

Fonte: geosampa.prefeitura. sp.gov.br

124

Novas direções Neste capitulo serão estudadas as diretrizes urbanísticas que objetivam estruturar o desenvolvimento da cidade. Esta reflexão será feita a partir do mesmo perímetro visualizado na primeira parte do capítulo anterior. Para isso, serão analisados os esboços do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, e em seguida da Operação Urbana Bairros do Tamanduateí.

Todas as informações aqui apresentadas foram extraídas da legislação que regulamenta o Plano Diretor Estratégico, Lei nº16.050/2014, e do Projeto de Lei nº 723/2015 que define os objetivos da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí.

125

6.1 Plano Diretor Estratégico “O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE), [...] traz um amplo conjunto de diretrizes, estratégias e medidas para ordenar a transformação da cidade. ” (PMSP, 2014, p.09)

Por ser uma grande cidade, mascada pela heterogeneidade, para garantir o desenvolvimento adequado da mesma o Plano Diretor dividiu-a em duas Macrozonas, a Macrozona de Estruturação da Qualificação Urbana, onde se encontra toda a zona urbana da cidade, e a Macrozona de Proteção e recuperação Ambiental, que demanda de cuidados especiais para sua conservação.

A Macrozona de estruturação da Qualificação Urbana está dividida em quatro Macroáreas: EM – Estruturação Metropolitana, UC – Urbanização Consolidada, QU – Qualificação da Urbanização e RV- Redução da Vulnerabilidade Urbana. A área observada nesse estudo se encontra quase que integralmente na MEM, que abrange áreas das planícies fluviais dos rios Tiete, Pinheiros e Tamanduateí.

A Macroárea de Estruturação Metropolitana passa nesse momento por um processo de mudança nos padrões de uso e ocupação do solo, e é onde há uma grande concentração de oportunidade de trabalho gerado por novas oportunidades de espaços produtivos, além de ainda, suportar uma ampla rede de infraestrutura.

126

Mapa 11 - Macroáreas

Macroáreas da MacroZona de Estruturação e Qualificação Urbana

Macroárea de Urbanização Consolidada Macroárea de Estruturação Metropolitana Macroárea de Qualificação da Urbanização

0

250

500m

Fonte: Plano Diretor Estratégico

A Macroárea de Estruturação Metropolitana é dividida em três setores, o Setor Orla Ferroviária e Fluvial, o Setor Eixos de Desenvolvimento e o Setor Central.

Nesse caso toda a MEM estudada se encontra no Setor Orla Ferroviária e Fluvial para o qual foram estabelecidas onze diretrizes especificas ligadas pincipalmente ao aumento de densidade, recuperação dos sistemas ambientais, produção de HIS, melhora do sistema viário e de transporte coletivo, manutenção do emprego industrial e a recuperação, preservação e proteção de imóveis relacionados ao patrimônio industrial e ferroviário.

O Setor Orla Ferroviária e Fluvial é dividido ainda em Arco Leste, Arco Tietê, Arco Tamanduateí, Arco Pinheiros, Arco Faria Lima – Águas Espraiadas – Chucri Zaidan e Arco Jurubatuba. A porção do território observada se encontra dentro do Arco do Tamanduateí sendo que a Norte pode-se observar uma pequena parte do Arco Leste e do Setor Central.

O Arco do Tamanduateí é um dos subsetores da cidade para o qual foi elaborado um PIU-Projeto de Intervenção Urbana em conjunto com a sociedade, com o objetivo de orientar as transformações estruturais deste território. Essas transformações estão descritas no projeto de lei nº 723/2015 – Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, que tem como premissa o adensamento populacional e construtivo da região para o melhor aproveitamento dos terrenos vagos e das antigas industrias, das redes de transporte existentes e do ativo mercado de trabalho local. Equilibrar a oferta de moradia e emprego, ampliar a rede de equipamentos públicos, promover melhorias urbanísticas e qualificar as orlas fluviais também fazer parte do enunciado da proposta.

128

Mapa 12 - Subsetores

Centro Arco Leste Arco do TamanduateĂ­

0

250

500m

Fonte: Plano Diretor EstratĂŠgico

6.2 Operação Urbana Bairros do Tamanduateí A proposta da OUBT-Operação Urbana Bairros do Tamanduateí tem origem na Operação Urbana Diagonal Sul, prevista pelo Plano Diretor Estratégico de 2002.

A partir de 2012 novos estudos urbanísticos foram abordados para a mesma área, já sob as premissas da Operação Urbana Mooca-Vila Carioca que foi em 2015 rebatizada como OUBT. Para elaboração de projetos específicos a área foi dividida em sete setores: Mooca, Parque da Mooca, Henry Ford, Vila Prudente, Cambuci e Vila Carioca.

O plano da Operação como um todo, está calcado em nove diretrizes, são elas: (i) socializar os ganhos de produção na região; (ii) assegurar o direito à moradia digna para quem precisa; (iii) melhorar a mobilidade urbana; (iv) qualificar a vida urbana nos bairros; (v) orientar o crescimento da cidade nas proximidades do transporte público; (vi) reorganizar as dinâmicas metropolitanas promovendo o desenvolvimento econômico da cidade; (vii) incorporar a agenda ambiental ao desenvolvimento da cidade; (viii) fortalecer a participação popular nas decisões dos rumos da cidade; e (ix) preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas culturais.

Para cada uma dessas diretrizes foram elaboradas diversas estratégias, nos atentaremos nesse momento às estratégias elaboradas com o objetivo de reorganizar as dinâmicas metropolitanas e preservar o patrimônio.

Para reformular as atividades metropolitanas o projeto pretende manter as atividades produtivas industriais com incremento de 8000 empregos no setor Henry Ford, implantar uma plataforma logística para organizar a distribuição de cargas e incrementar 2200 novos empregos no setor Vila Carioca, adquirir edifícios tombados, com restauro e reconversão, para uso voltado a economia criativa, no setor Mooca e incentivar usos mistos comerciais aproximando emprego e moradia dos corredores de centralidade.

Quanto a preservação do patrimônio, ficou definido: que 4% dos recursos da Operação Urbana Consorciada seria destinado à preservação de bens tombados,

130

Mapa 13 - Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí Perímetro da operação Setores

0

250

500m

Fonte: gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br

a intenção de adquirir imóveis tombados para restauro e reconversão de usos, em especial para atividades ligadas à economia criativa, o controle de gabarito dos novos empreendimentos junto a esses, a possibilidade da transferência de potencial construtivo para lotes com bens tombados e o desenvolvimento de projetos urbanos para valorizar os bens tombados.

O Plano Urbanístico foi elaborado dentro de todo o perímetro da Operação, com alguns apontamentos em áreas aproximadas. Dentro do plano geral cada setor apresenta algumas particularidades no projeto.

Dentro do Setor Urbano Mooca estão a maioria dos edifícios industriais tombados e é este setor que deve direcionar suas atividades à economia criativa.

Nesse o projeto está voltado principalmente a proteção do patrimônio histórico industrial, a criação de um parque de areia às margens da ferrovia, implementação de novos equipamentos públicos e parques para drenagem.

A proposta foi elaborada a partir de estudos ambientais, econômicos, de capacidade e do projeto anterior, Diagonal Sul. Após, foram feitas diversas audiências públicas, até chegar ao projeto de lei, que nesse momento aguarda para ser aprovado na câmera dos vereadores e receber a sanção do prefeito, para então ser implantado.

Devido a provável demora na implantação do projeto e até mesmo a incerteza de que esse será implementado, uma vez que seu projeto de lei ainda não fora aprovado, optou-se por desenvolver o projeto arquitetônico em conformidade a situação atual da área.

132

Mapa 14 - Espaรงos Produtivos Polo Criativo Polo Industrial Polo Logistico

0

250

500m

Fonte: gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br

FIG 91: Imagem do projeto no setor Mooca.

134

Mapa 15 - Plano Urbanístico Áreas Verdes

02 Parque Silveira da Mota 03 Parque Porto de Areia 04 Parque São Carlos 05 Parque Foz do Ipiranga 06 Parque Dianópolis 07 Parque Moinho Velho

Edifícios de Interesse Historico 12 Antiga Fábrica Labor 13 Antigas Officinas Casa Vanorden 14 Armazém da Antiga São Paulo Railway

15 Edificios de transposição Requalificação de logradouros públicos Melhoramentos viários ZEIS Hidrografia Novas CPTM

0

Estações

250

da

500m

Fonte: gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br

Projeto A primeira certeza desse estudo foi o tema do patrimônio, que se faz interessante no ponto que converge com as altas densidades que a metrópole procura alcançar. A partir daí foram selecionados os bairros do Brás e da Mooca como possíveis territórios a serem investigados, e depois de alguns dias caminhando pelas longas quadras desses bairros foi escolhido o terreno.

Localizado entre as ruas Borges de Figueiredo e Monsenhor João Felipo, o terreno se encontra junto a Estação Mooca-Juventus, cujo acesso se dá através de uma pequena rua aos fundos do lote. Essa proximidade ao transporte público foi uma das premissas para a escolha do local, a outra foi a presença de uma pré-existência da era industrial dentro do lote.

O conjunto data de 1909-11 e é composto por uma edificação assobradada e 17 galpões, totalizando uma área de 8100m². Seu projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Jorge Krug para abrigar uma das primeiras gráficas da cidade, a Sociedade Anônima Casa Vanorden.

Em 2007, em meio a um cenário de grandes demolições, esse e outros remanescentes industriais da Rua Borges de Figueiredo foram tombados às pressas pelo Conpresp. Hoje o edifício tombado abriga um estacionamento e junto a ele outros dois galpões, não inclusos no tombamento, são utilizados como estacionamento e locadora para veículos de carga.

136

Oficinas da Sociedade AnĂ´nima Casa Vanorden Conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba

C

V

V

V

V

V

V

V

V

Conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba

Conjunto da Cervejaria Antarctica

138

Conjunto de Galpões e Armazéns Conjunto de Depósitos de Café

735

740

735

730

RUA

RUA

735

V

V

V

V

F

V

Conjunto Sociedade Técnica Bremensis e Schmidt Trost

0

50

100

200m

Conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway

139

A escolha do programa se deu após as primeiras leituras sobre o tema do patrimônio industrial. Carlos Leite, apontara em seu livro Cidades sustentáveis, cidades inteligentes (2012), a Economia Criativa como uma possibilidade para áreas industriais impactadas pelo esvaziamento, e a mesma tendência se confirmou através do projeto da Operação Urbana Bairros do Tamanduateí.

Com o objetivo de ter alguma relação com o antigo uso dos galpões industriais (uma gráfica), dentro do nicho da economia criativa optou-se por desenvolver um programa que abrangesse os temas de artes, design, cultura e ensino. Assim foi desenvolvido o programa de uma Escola de Artes e Design.

Antes mesmo de desenvolver detalhadamente esse programa foram analisadas as condicionantes legais às quais o lote está submetido. Em primeira instancia foi analisado o Zoneamento – Lei 16.402/16, no qual a área do lote está definida como uma ZOE – Zona de Ocupação Especial (ver mapa 10). Como citado no Capítulo 5 dessa pesquisa as porções do território assim demarcadas necessitem disciplina especial de uso e ocupação do solo, que nesse caso seriam definidas pelo Projeto de Intervenção Urbana Operação Consorciada Mooca Vila Carioca.

Na ausência da aprovação da legislação que regulamenta a Operação, optouse por considerar os critérios estabelecidos para lotes dentro da Zona Mista, que abrange os demais lotes dentro da quadra. Segundo o Quadro 3 da lei, o CA – Coeficiente de Aproveitamento mínimo para essa área é 0,3, o básico 1 e o máximo 2, já a TO – Taxa de Ocupação máxima é 0,7.

Foi analisada também a Resolução de Tombamento dos Galpões da Rua Borges de Figueiredo que delimita o gabarito máximo de 25 metros de altura para edifícios dessa quadra.

A partir dessa análise deu-se continuidade ao desenvolvimento do programa da escola, que pautado no desejo de constituir um contexto de troca entre diversos estudantes e profissionais teve como foco não apenas os cursos de longa duração, mas principalmente os cursos livres de pequena/média duração que propiciam uma

140

Grandes Ateliers Estúdios

ESPECÍFICO

Livraria Café Praça Alimentação Auditório

COMPARTIL.

PÚBLICO

maior rotatividade de pessoas dentro da escola. O programa ficou então dividido da seguinte maneira:

Laboratórios

Sendo que as salas de aula seriam configuradas não como salas convencionais, mas como ateliês de atividades livres, com grandes pranchetas moveis, possibilitando o uso tanto para aulas mais teóricas quanto para uma infinidade de atividades.

O partido do projeto nasceu do desejo em ocupar os perímetros do lote para constituir uma grande praça interna, e após os primeiros estudos de distribuição do programa nesse espaço notou-se que a vontade de construir um auditório de grande capacidade não seria possível dentro desse recorte. Assim surge a ideia de se apropriar de parte da praça para a construção de um auditório que se abre para essa com o objetivo de atender o maior número de pessoas possível, sendo elas frequentadoras da escola ou não.

141

142

143

Os acessos à área central do projeto foram locados na intenção de possibilitar diferentes passagens para quem vai da calçada em direção à estação de trem, assim há acessos diretos por dentro do conjunto histórico e do foyer que tem duas possibilidades de acesso, um próximo ao edifício histórico e outro coberto, para quem chega de automóvel em dias de chuva.

Outro importante acesso se dá na rua “dos fundos” do projeto e é a mais fácil entrada para quem vem da estação de trem.

Junto à linha do trem foi projetada uma rua que dá acesso ao estacionamento e ao corredor de carga e descarga do edifício, nessa rua não haverá transito de carros com exceção a ocasiões pontuais, o que há deixa livre para os pedestres na maior parte do dia.

144

Na distribuição dos usos o primeiro lugar a ser observado foi o conjunto industrial, e ficou definido que os galpões abrigariam a biblioteca, uma livraria e um café que “explodiria” a fachada do edifício original, esses programas foram escolhidos na intenção de que esse fosse um espaço para ser usado por todos. Já o sobrado de esquina abriga os setores administrativos, incubadoras e empresas junior.

No térreo estão os espaços mais públicos, além dos citados acima, um restaurante, os grandes ateliers, o auditório e o foyer acompanhado de um café, todos ligados pela própria projeção do edifício ou pelo mezanino. No primeiro pavimento estão os laboratórios de matais, polímeros e cerâmica, os estúdios de fotografia e arte têxtil. Já no terceiro e último estão os laboratórios de informática e as salas destinadas a técnicas mistas.

Quanto a materialidade, a estrutura é na maioria das vezes de pilares de concreto e lajes nervuradas e em alguns momentos elementos metálicos aparecem na intenção de reforçar a mesma, como a cobertura e os dois pilares triangulares do auditório que suportam seu fechamento inclinado, outro elemento em metal é a estrutura que suporta os altos fechamentos em vidro do foyer. Os fechamentos são feitos essencialmente em vidro e concreto.

146

IMPLANTAÇÃO

0

25

50m

147

148

3

B

ADM.

A

ATEND.

CAFÉ 0.00

D

D

LIVRARIA 0.00

0.00

S

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

DOCENTES

S

10

S

9 8 7 6 5 4 3 2 1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

ATELIER MADEIRA 0.00

0.00

EQUIPAMENTOS

DML

2

4

DML FOYER 0.00

C

C -1.20

-0.30

-1.20

ATELIER PINTURA 0.00

-0.30

0.00

ATELIER GRAVURA 0.00

S

RESTAURANTE 0.00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

ATELIER ESCULTURA

0.00

0.00

PLANTA TÉRREO

B

A 1

0

5

10

25m

A

C

C

-3.70

S

150

A

PLANTA SUBSOLO

0

5

10

25m

3

B

A

3.00

EMPRESA JR INCUBADORAS 5.00

D

D

18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

14 13

15 16 17

3.00

3.50

S

9 8 7 6 5 4 3 2 1

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

1 2 3 4 5 6

ESTÚDIO FOTOGRAFIA

7 8 9 10 11 12 13 14

5.00

15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DML FOYER 0.00

4

DML

MEZANINO 3.15

C 3.15

-1.20

LABORATÓRIO METAIS

-0.30

C

5.00

LABORATÓRIO POLÍMEROS 5.00

LABORATÓRIO CERÂMICA 5.00

5.00

ATELIER ATIVIDADES MISTAS 5.00

ATELIER ATIVIDADES MISTAS 5.00

30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16

S

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

ATELIER ARTE TÊXTIL 5.00

15

3.00

B

PLANTA 1º PAV

A 1

0

5

10

25m

15.00

10.00

5.00

0.00

-4.00

CORTE A

0

5

10

25m

0

5

10

25m

0

5

10

25m

15.00

10.00

5.00

0.00

CORTE B

15.00

10.00

5.00

0.00

CORTE D

152

3

B

A

D

D

ATELIER TECNICAS MISTAS 10.00 1 2 3 4 5 6

ESTÚDIO AUDIO E VIDEO

7 8 9 10 11 12 13 14

10.00

15 16 17 18 19 20 21 22 23

ATELIER TECNICAS MISTAS

24 25 26 27 28 29 30

10.00

DML

4

DML

C

LABORATÓRIO INFORMÁTICA

ATELIER TECNICAS MISTAS

C

10.00

10.00

LABORATÓRIO INFORMÁTICA 10.00 01

ATELIER TECNICAS MISTAS

LABORATÓRIO INFORMÁTICA

10.00

10.00

10.00

ATELIER TECNICAS MISTAS 10.00

PLANTA 2º PAV

ATELIER TECNICAS MISTAS

ATELIER TECNICAS MISTAS

10.00

10.00

B

30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

ATELIER TECNICAS MISTAS 10.00

15

A 1

0

5

10

25m

15.00

10.00

5.00

0.00

-4.00

CORTE C

154

0

2,5

5

10m

155

15.00

10.00

5.00

0.00

VISTA 2

0

5

10

25m

0

5

10

25m

0

5

10

25m

15.00

10.00

5.00

0.00

VISTA 3

15.00

10.00

5.00

0.00

VISTA 4

156

157

15.00

10.00

5.00

0.00

VISTA 1

158

0

2,5

5

10m

159

RUFO PLATIBANDA .71

PINTURA ELETROSTÁTICA BRANCA

11.29 AGREGADO - PROTEÇÃO MECÂNICA CAMADA DE DRENAGEM .29

MEMBRANA DE IMPERMEABILIZAÇÃO ISOLAMENTO TÉRMICO

.30

BARREIRA DE VAPOR REGULARIZAÇÃO

1.50

PILAR EM CONCRETO BRISE-SOLEIL EM MADEIRA

BRISE-SOLEIL PIVOTANTE EM AÇO CORTEM

A 1.50

A

1.50

.50

.50

PAINEL EM GESSO d= 3,00(l) x 1,50(a) x 0,02(e)

PILAR EM CONCRETO d= 0,4(d) VIDRO TEMPERADO INSULADO

P.D = 4,00m ÁREA = 155.54m²

.15

BRISE-SOLEIL EM MADEIRA SUPORTE GIRATÓRIO

14.86

10.00

TRILHO METÁLICO PISO VINILICO PISO ELEVADO EM AÇO/ CONCRETO CELULAR

LAJE NERVURADA EM CONCRETO

SUPORTE PARA PISO ELEVADO

.30

1.50

ATELIER TÉCNICAS MISTAS

1.50

PILAR DE CONCRETO CABO DE AÇO

ESTRUTURA METÁLICA VIDRO TEMPERADO

1.50

6.00

MONTANTE METÁLICO "C"

1.50

ESQUADRIA EM VIDRO TEMPERADO d= 1,47(l) x 4,55(a) x 0,01(e)

1.50

PLACA DE PISO VINILICO d= 1,00(l) x 1,00(a) x 0,005(e)

.50

ESTRUTURA METÁLICA VIDRO TEMPERADO d= 1,5(l) x 3,0(a) x 0,01(e)

CABO DE AÇO

1.00

1.00

1.00

1.00

1.00

.50

1.00

1.00

CALÇADA PORTUGUESA "FAROFA" DE AREIA E CIMENTO

0

AMPLIAÇÃO ATELIER - PLANTA

1

2

5m

.06 .20 .10 .08

1.00

.05

1.00

.20 .10.08

.50

.50

PILAR EM CONCRETO

LAMINADO EM MADEIRA CABRIÚVA CAIBRO TRAPEZOIDAL CONTRAPISO PEDRA BRITADA

1.33

COBERTURA EM LAJE IMPERMEABILIZADA COM INCLINAÇÃO 3% LAJE NERVURADA EM CONCRETO

.55

PLATIBANDA COM PINGADEIRA DE CHAPA METÁLICA GAVANIZADA i=5%

1.00

16.88

TIRANTE EM AÇO GALVANIZADO ESQUADRIA EM VIDRO TEMPERADO d= 1,47(l) x 4,55(a) x 0,01(e)

FORRO EM GESSO RESISTENTE A FOGO

4.02

4.70

VIDRO TEMPERADO INSULADO d= 1,47(l) x 4,55(a) x 0,02(e)

BRISE-SOLEIL PIVOTANTE EM AÇO CORTEM

4.68

01

BRISE-SOLEIL PIVOTANTE EM AÇO CORTEM PILAR DE CONCRETO d= 0,4(d)

02

PLACA DE PISO VINILICO d= 1,00(l) x 1,00(a) x 0,01(e) PISO ELEVADO EM AÇO / CONCRETO CELULAR 10.00 LAJE NERVURADA EM CONCRETO

.30

.30

SUPORTE PARA PISO ELEVADO

LAJE NERVURADA EM CONCRETO FECHAMENTO EM VIDRO TEMPERADO d= 1,5(l) x 3,5(a) x 0,01(e)

3.50

VIDRO TEMPERADO d= 1,5(l) x 3,5(a) x 0,01(e)

3.00

9.55

ESTRUTURA METÁLICA

VIDRO TEMPERADO d= 1,5(l) x 3,0(a) x 0,01(e)

3.00

PILAR DE CONCRETO d= 0,4(d)

LAMINADO EM MADEIRA CABRIÚVA

03

CONTRAPISO EM CONCRETO

.10

0.00

0

AMPLIAÇÃO ATELIER - CORTE E ELEVAÇÃO

1

2

5m

161

O projeto final conta com aproximadamente 14.150m², instalados em um lote de 8.018m², incluindo o edifício histórico. O Coeficiente de aproveitamento é de 1.76 e a Taxa de Ocupação de 0.74.

162

164

165

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa constituiu num esforço de reflexão acerca da importância do patrimônio industrial, como elemento fundamental para memória e compreensão do desenvolvimento da cidade de São Paulo e mais especificamente, do bairro da Mooca. Procurei ao longo do trabalho estabelecer relações entre a permanência desse legado e os desejos da cidade contemporânea, o que é exemplificado através dos três casos apresentados: o SESC Pompéia, a Cinemateca Brasileira e o Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, que permitiram graças a diversidade de suas características, uma visão ampla das possibilidades.

Conhecendo os conceitos teóricos a partir de princípios elaborados por estudiosos e as indicações das cartas patrimoniais, foi possível compreender que embora existam várias formas de intervir junto ao patrimônio, é fundamental ter total compreensão sob o que se vai preservar.

As primeiras leituras sobre a história do bairro da Mooca, as possibilidades explicitadas pelo Plano Diretor Estratégico e o raso conhecimento prévio sobre os mais conhecidos teóricos, Viollet-le-Duc, John Ruskin e Camillo Boito, serviram como base para a elaboração do projeto desenvolvido em conjunto à essa pesquisa.

Com ele, procurou-se aliar a presença de um elemento da era industrial a novos elementos da contemporaneidade, sem que o novo suprimisse a pré-existência, constituindo assim um todo consolidado.

Ampliando-se a conscientização a respeito desse tema e tendo em vista a manutenção de alguns desses exemplares, é fundamental salientar a importância do uso público desses remanescentes, para que a população há quem pertence o patrimônio possa ter acesso ao mesmo.

Penso no estudo aqui desenvolvido como uma primeira relação com o campo da pesquisa e o tema do patrimônio, no qual pretendo me aprofundar.

169

ÍNDICE DE FIGURAS FIG 1: Trabalhadores na construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí. Disponível em <http://www.jacareitempoememoria.com.br/2013/12/no-tempo-das-diligenciasii.html> Acesso em 23.08.2017.

FIG 2: Trabalhadores na construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí. Disponível em <http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/comecava-a-construcao-da-ferroviasantos-jundiai/#prettyphoto/0/> Acesso em 23.08.2017.

FIG 3: Mapa da linha férrea paulista em 1954, em destaque a São Paulo Railway.

Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/1f/1e/ db/1f1edb244222dfdcc12a08c7f50c70bf.jpg> Acesso em 23.08.2017.

FIG 4: Estrada de Ferro da SPR que ligava Santos a São Paulo (1870). Disponível em <http://patrimoniohistorico.prefeitura.sp.gov.br/porque-o-patrimonio-industrialde-sao-paulo-e-tao-importante/> Acesso em 23.08.2017.

FIG 5: Carta das estradas de ferro de São Paulo em 1878. BARDI, Pietro Maria.

Lembranças do Trem de Ferro. Disponível em <http://www.portaldotrem.com.br/ nossomapa.html> Acesso em 22.05.2017.

FIG 6: Planta da Cidade de São Paulo (1881). Disponível em <http://www. arquiamigos.org.br/info/info20/i-1881.htm> Acesso em 22.05.2017 FIG 7: Planta da Cidade de São Paulo (1895). Disponível em <https://aquipassaumrio. files.wordpress.com/2013/04/mapa-sp-1895.jpg> Acesso em 22.05.2017.

FIG 8: Planta da Cidade de São Paulo e seus arredores (1943), ilustra a dimensão da cidade e suas estradas. Disponível em <http://www.spfcpedia.com.br/mapas/1943. jpg> Acesso em 23.08.2017.

FIG 9: Imagens atuais do Moinho Matarazzo no bairro do Brás. Disponível em <http://static.panoramio.com/photos/original/29763000.jpg> Acesso em 23.08.2017.

FIG 10: Imagens atuais do Moinho Matarazzo no bairro do Brás. Disponível em <https://

170

upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e0/Moinho_Matarazzo_10. jpg/1200px-Moinho_Matarazzo_10.jpg> Acesso em 23.08.2017.

FIG 11: Prédio das adegas da Cia. Antarctica Paulista, por volta de 1930. Disponível em <https://www.ambev.com.br/sobre/nossa-historia/> Acesso em 23.08.2017.

FIG 12: Complexo do Cotonifício Crespi, 1924. Disponível em <https://br.pinterest. com/pin/36591815696595068/> Acesso em 23.08.2017.

FIG 13: Recorte da Planta da cidade de São Paulo em 1881 mostra os primeiros lotes dos bairros do Brás e da Mooca. Disponível em <http://www.arquiamigos.org. br/info/info20/i-1881.htm> Acesso em 22.08.2017.

FIG 14: Recorte da Planta da cidade de São Paulo de 1895 mostra o desenvolvimento das ruas e quadras dos bairros do Brás e da Mooca. Disponível em <https:// aquipassaumrio.files.wordpress.com/2013/04/mapa-sp-1895.jpg> Acesso em 22.08.2017.

FIG 15: Recorte da Planta da cidade de São Paulo em 1916 mostra os bairros do Brás e da Mooca em crescimento. Disponível em <pt.map-of-sao-paulo.com/mapasda-cidade/ex-são-paulo,-1916-mapa> Acesso em 22.06.2017.

FIG 16: Planta da cidade de São Paulo em 1943 que apresenta o traçado dos bairros bastante desenvolvidos. Disponível em <http://www.spfcpedia.com.br/mapas/1943. jpg> Acesso em 22.06.2017.

FIG 17: Edifício do conjunto Alpargatas, data desconhecida. Disponível em <http:// exame.abril.com.br/negocios/a-trajetoria-centenaria-da-dona-da-havaianas-em-11imagens/> Acesso em 23.08.2017.

FIG 18: Officina da Sociedade Anônima Casa Vanorden, 1922. Disponível em <http:// www.saopauloantiga.com.br/casa-vanorden-1922-2015/> Acesso em 24.08.2017.

FIG 19: Fachada do conjunto Grandes Moinhos Minetti-Gamba, data desconhecida.

Disponível em <http://folhavponline.com.br/2017/05/26/projeto-de-faculdade-noantigo-moinho-da-mooca-tem-aval-da-prefeitura/> Acesso em 24.08.2017.

171

FIG 20: Foto externa da Mina de Sal Wieliczka. Disponível em <http://www. panoramio.com/photo/86118564> Acesso em: 25.05.2017.

FIG 21: Trilhos da Mina de Sal Wieliczka. Disponível em <https://nturismo.com/ mina-de-sal-de-wieliczka/> Acesso em: 25.05.2017.

FIG 22: Capela no interior da Mina de Sal Wieliczka. Disponível em <https://i.ytimg. com/vi/OeYH7XoJ2S4/maxresdefault.jpg> Acesso em: 25.05.2017.

FIG 23: Ruinas da Fábrica de Ferro Patriótica em Ouro Preto. Disponível em <http:// patrimonioindustrialbrasil.blogspot.com.br/2012/04/serie-patrimonio-industrial-dobrasil.html> Acesso em 25.08.2017.

FIG 24: Real Fabrica de Ferro São João de Ipanema em Sorocaba. Disponível em <http://img.jornalcruzeiro.com.br/img/2014/03/21/media/147114_ CSA210314A006F03.jpg> Acesso em 05.07.2017.

FIG 25: Vila Economizadora no bairro da Luz em 1978. Disponível em <http://www. arquiamigos.org.br/info/info19/i-logra.htm> Acesso em 28.08.2017.

FIG 26: Matadouro da Vila Mariana em 1920. Disponível em <http:// centrodememoriadobixiga.blogspot.com.br/2014/10/matadouro-1920-bonde-emsanto-amaro.html> Acesso em 28.08.2017.

FIG 27: Parque Industrial das Industrias Reunidas Francisco Matarazzo, data desconhecida.

Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/9d/60/ cc/9d60ccc853879c8a7f3be386014c71e3.jpg> Acesso em 28.08.2017.

FIG 28: Companhia Nacional de Cimento Portland Perus. Disponível em <https:// nidaoesuashistorias.files.wordpress.com/2017/05/primeira-fabrica-de-cimentoportland-perus.jpg> Acesso em 28.08.2017.

FIG 29 e 30: Imagens da inauguração da Vila Maria Zélia no Belenzinho. Disponível em <http://www.saopauloantiga.com.br/vilamariazelia/> Acesso em: 28.08.2017 FIG 31: Cidade de Sevilha durante a Expo’92. Disponível em <https://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/1/1c/Sevilla_Expo_92-Avenida_de_Europa_-1992_05_05.

172

jpg> Acesso em 16.10.2017.

FIG 32: Cidade de Sevilha durante a Expo’92. Disponível em <https://c2.staticflickr. com/6/5026/5592866383_73a1e821d2_b.jpg> Acesso em 16.10.2017.

FIG 33: Zona norte da Expo’98. Em Lisboa, poucos remanescentes industriais permaneceram após a reforma. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/ Exposi%C3%A7%C3%A3o_Mundial_de_1998#/media/File:Lisbonne_Expo98_02. jpg> Acesso em 16.10.2017.

FIG 34: Em Lisboa, antiga Central elétrica foi convertida em “Museu da Eletricidade”.

Disponível em <https://www.visitportugal.com/pt-pt/NR/exeres/FA2B8293-6FAD4D82-9515-4456B348B106> Acesso em 16.10.2017.

FIG 35: Em Lisboa, antiga Central elétrica foi convertida em “Museu da Eletricidade”.

Disponível em <https://www.pinterest.se/explore/museu-da-electricidade/> Acesso em 16.10.2017.

FIG 36: Museu ferroviário, em Jundiaí. Disponível em <http://farm8.static.flickr. com/7177/7122561201_e6d251e5a3.jpg> Acesso em 16.10.2017.

FIG 37: SESC Pompéia. Disponível em <http://www.infoartsp.com.br/guia/museuse-instituicoes/sesc-pompeia/> Acesso em 09.10.2017.

FIG 38: Cinemateca Brasileira. Disponível em <http://passeiosbaratosemsp.com.br/ wp-content/uploads/2016/06/CaioBritoCinemateca-8.jpg> Acesso em 09.10.2017.

FIG 39: Instituto Criar de Tv, Cinema e Novas Mídias. Disponível em <https:// c4.staticflickr.com/4/3651/3643310197_61af9c7391_z.jpg?zz=1> Acesso em 09.10.2017.

FIG 40: Imagem desenvolvida a partir de foto aérea, em destaque área do projeto.

Disponível em Google Earth. Acesso em 17.10.2017.

FIG 41: Planta do projeto, entre 1 e 4 os novos elementos e entre 5 e 16 préexistências. Disponível em <https://images.adsttc.com/media/images/5626/eb86/ e58e/cee6/f000/01d5/slideshow/Pompeia_planta_gral_1er_nivel.jpg?1445391233>

173

Acesso em 02.10.2017.

FIG 42 e 43: Rua interna cercada por galpões, pré-existências industriais. Acervo pessoal.

FIG 44: Área de leitura, elevada. Acervo pessoal.

FIG 45: Espelho d’água, ao fundo a lareira. Disponível em Instagram @anarialadeira Acesso em 09.09.2017.

FIG 46 e 47: Foyer com loja de conveniência, à direita um dos acesos ao teatro e ao fundo, portão e acesso à galeria. Acervo pessoal.

FIG 48: Imagem do teatro ou “auditório” como preferia chamar Lina Bo Bardi.

Disponível em <http://www.fernando.arq.br/image640/sesc_teatro640.jpg> Acesso em 09.09.2017.

FIG 49: Galpão de criatividade e técnicas mistas, em cada um dos “nichos” de concreto há suporte para o desenvolvimento de um tipo de atividade. Disponível em <https://www.sescsp.org.br/files/artigo_galeria/fa453fea-79c7-4033-a053f1d6705a2f4e.jpg> Acesso em 09.09.2017.

FIG 50: Durante o dia, funcionamento do restaurante ou “comedoria. Disponível em <http://vitruvius.com.br/media/images/journal/agenda/grid_9/86cf7d44ce95_ barauna_sesc_fnelson_kon.jpg> Acesso em 09.09.2017.

FIG 51: Durante a noite, em alguns dias do mês, o espaço dá lugar a uma nova configuração, a choperia onde ocorrem também apresentações musicais. Acesso em 09.09.2017.

FIG 52: Deck (área non edificandi) e os três novos edifícios. Acervo pessoal.

FIG 53: Lina Bo Bardi em uma das passarelas que une os edifícios. Disponível em <http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com.br/2015/04/uma-mulher-chamadalina-bo-bardi.html?m=1> Acesso em 09.09.2017.

FIG 54: Bailarinas circulando nas passarelas. Disponível em <https://i.pinimg. com/originals/c4/73/ba/c473ba3be720595974961ecc75e29a31.jpg> Acesso em

174

09.09.2017.

FIG 55: Imagem do deck. Disponível em <http://gizbrasil.com/wp-content/ uploads/2016/10/giz-lina-bo-bardi-sesc-pompeia-3.jpg> Acesso em 09.09.2017.

FIG 56: Imagem do deck. Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/61/30/ e6/6130e673f85906c6e53f257f1131312a.jpg> Acesso em 09.09.2017.

FIG 57: Imagem desenvolvida a partir de foto aérea, em destaque área do projeto.

Disponível em Google Earth. Acesso em 17.10.2017.

FIG 58: Matadouro da Vila Mariana. Disponível em <http://www.pedacodavila.com. br/fotos/materias/foto1526-1.jpg> Acesso em 14.09.2017 FIG 59: Fachada da Cinemateca Brasileira. Acervo pessoal.

FIG 60: Planta Geral da Cinemateca Brasileira. Disponível em <https://arcoweb. com.br/projetodesign/arquitetura/nelson-dupre-centro-cultural-17-03-2009> Acesso em 03.10.2017.

FIG 61: Salão de eventos e aceso a “Sala BNDES”. Destaque aos pilaretes, alocados no segundo projeto, e as tesouras da última intervenção. Acervo pessoal.

FIG 62: Detalhe de forro e lanternim. Disponível em <https://arcoweb.com.br/ projetodesign/arquitetura/nelson-dupre-centro-cultural-17-03-2009> Acesso em 03.10.2017.

FIG 63: Detalhe dos trilhos. Disponível em <http://www.duprearquitetura.com.br/ cinemateca/gd/foto_06.jpg> Acesso em 14.09.2017.

FIG 64: Detalhe dos trilhos. Disponível em <http://wwwo.metalica.com.br/images/ stories/Id7313/Retroft_04.jpg> Acesso em 14.09.2017.

FIG 65: Sala BNDES. Disponível em <https://arcowebarquivos-us.s3.amazonaws. com/imagens/50/87/arq_15087.jpg> Acesso em 14.09.2017.

FIG 66: Detalhe de cortina lateral e degrau. Disponível em <https://arcoweb.com. br/projetodesign/arquitetura/nelson-dupre-centro-cultural-17-03-2009> Acesso em 03.10.2017.

175

FIG 67: Conexão entre os galpões. Acervo pessoal.

FIG 68: Sala de vidro vista externa. Disponível em <https://imagesapt.apontadorassets.com/fit-in/640x480/f7a5af0d647b4fba8c69b5c0c48ad080/cinematecabrasileira-14650697888597760.jpg> Acesso em 14.09.2017.

FIG 69: Sala de vidro vista interna. Disponível em <http://www.duprearquitetura. com.br/cinemateca/gd/foto_08.jpg> Acesso em 14.09.2017.

FIG 70: No pátio, dois painéis foram colocados para possibilitar sessões de cinema ao ar livre. Disponível em <https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2015/11/ cine_cicletada_marcos_finotti_4.jpg> Acesso em 14.09.2017.

FIG 71: Imagem desenvolvida a partir de foto aérea, em destaque área do projeto.

Disponível em Google Earth. Acesso em 17.10.2017.

FIG 72 e 73: <http://www.galeria.arq.br/institucionais/instituto-criar> Acesso em 04.10.2017.

FIG 74: Os galpões de cerâmica e, ao fundo, o galpão azul, abrigam a maior parte do programa. Disponível em <http://www.galeria.arq.br/institucionais/instituto-criar> Acesso em 04.10.2017.

FIG 75: Bloco de construções mais recente, destinado hoje a administração. Acervo próprio.

FIG 76 e FIG 77: As alvenarias, após a retirada dos revestimentos que se sobrepunham às mesmas. Na segunda imagem o galpão ao lado esquerdo pertence ao conjunto vizinho e não ao projeto. Disponível em <http://www.galeria.arq.br/institucionais/ instituto-criar> Acesso em 04.10.2017.

FIG 78: Novos elementos metálicos se agrupam à estrutura original em tijolo maciço, imagem tirada do eixo de circulação central, olhando para biblioteca. Disponível em <http://www.galeria.arq.br/institucionais/instituto-criar> Acesso em 04.10.2017.

FIG 79 e FIG 80: Salão central do galpão, e circulação entre o bloco de concreto e o perímetro do galpão, em alvenaria estrutural. Disponível em <http://www.galeria.

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arq.br/institucionais/instituto-criar> Acesso em 04.10.2017.

FIG 81: Sala de cabelo e maquiagem. Disponível em <http://4.bp.blogspot. com/_myJi8jiv1dQ/TIM3dUhlKfI/AAAAAAAABqU/JHNSP22OMIs/s1600/ Mkahn_0335-729667.jpg> Acesso em 04.10.2017.

FIG 82 e FIG 83: Área de leitura da biblioteca e ao fundo, acervo. Acervo próprio.

FIG 84: Antiga área de leitura. Disponível em <http://www.metropole.arq.br/InstitutoCriar> Acesso em 04.10.2017.

FIG 85: Sala destinada à funcionários do YouTube. Acervo próprio.

FIG 86: Interior da estação Mooca. Acervo próprio.

FIG 87: Rua Monsenhor João Felipo com rua de acesso a estação no canto direito.

Acervo próprio.

FIG 88: Officinas Vanorden (local do projeto). Acervo próprio.

FIG 89: Fachada dos galpões da Officina Vanorden. Acervo próprio.

FIG 90: Novos empreendimentos. Acervo próprio.

FIG 91: Imagem do projeto no setor Mooca. Disponível em <http://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/01/OUCBT_min-ilu_B_20_ visualizacao.pdf> Acesso em 07.11.2017.

FIG 92 a 120: Imagens do Projeto. Acervo próprio.

FIG 121: Projeto - Maquete 1:2500. Acervo próprio.

FIG 122: Projeto - Maquete 1:500. Acervo próprio.

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ÍNDICE DE MAPAS MAPA 1: Localização da área de estudo dentro da metrópole. Base do Google Earth.

MAPA 2: Malha industrial. Base do Google Earth.

MAPA 3: Limites administrativos. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 4: Hidrografia. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 5: Sistema viário. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 6: Transporte. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 7: Zepecs. Disponível em <sppatrimonio.com.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 8: Sistema viário. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 9: Uso do solo. Base do Google Earth.

MAPA 10: Zoneamento. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 11: Macroáreas. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 12: Subsetores. Disponível em <geosampa.sp.gov.br> Acesso em 05.11.2017.

MAPA 13: Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí. Disponível em <gestaourbana.sp.gov> Acesso em 08.11.2017.

MAPA 14: Espaços produtivos. Disponível em <gestaourbana.sp.gov> Acesso em 08.11.2017.

MAPA 15: Plano Urbanístico. Disponível em <gestaourbana.sp.gov> Acesso em 08.11.2017.

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ANEXOS Anexo 1 – Resolução nº 14/2007 O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo - CONPRESP, no uso de suas atribuições legais e nos termos da Lei n° 10.032, de 27 de dezembro de 1985, com as alterações introduzidas pela Lei n° 10.236, de 16 de dezembro de 1986, conforme decisão da maioria dos Conselheiros presentes à 411ª Reunião Ordinária realizada em 17 de julho de 2007, e Considerando a importância histórica da implantação da antiga linha ferroviária da São Paulo Railway, bem como das instalações industriais e armazéns de matérias primas e mercadorias no processo de industrialização da cidade de São Paulo e para a conformação do bairro da Mooca, a partir do final do século XIX; Considerando a importância urbanística dos conjuntos industriais e assentamentos operários remanescentes do entorno da estação ferroviária da Mooca, como um significativo testemunho do parcelamento e ocupação original daquela área do bairro da Mooca, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX; Considerando a importância da expressiva concentração de antigas fábricas, depósitos, construções e equipamentos ferroviários de grande porte, localizados nessa área urbana, em particular ao longo da Rua Borges de Figueiredo e Avenida Presidente Wilson, formando um conjunto arquitetônico referencial de notável presença ambiental e paisagística, valorizada pela situação geográfica e topográfica característica da paisagem urbana da várzea do rio Tamanduateí; Considerando o patrimônio industrial como registro significativo das transformações geradas pela industrialização, que além de reunirem importantes valores históricos, sociais, tecnológicos e arquitetônicos, são testemunhos das técnicas construtivas tradicionais e dos processos produtivos dos primórdios da industrialização paulista;

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Considerando o valor referencial que esse conjunto arquitetônico representa para esse sítio urbano e para a memória social da cidade de São Paulo, situação que se reafirmou na indicação, por parte da sociedade, de sua preservação através do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura da Mooca, em 2004; Considerando que esta Resolução refere-se à proposta de preservação desse conjunto arquitetônico, protegido pela Resolução nº 26/Conpresp/2004, de Abertura do Processo de Tombamento no. 2004-0.297.171-6, relativo a imóveis propostos para enquadramento como ZEPEC pela Lei nº 13.885/2004, conforme o identificados sob os nºs 116, e 118 a 139; e Considerando o contido nos PAs nos 2000-0.012.837-2, 2005-0.036.704-0, 20060.111.388-4 e 2007-0.162.678-6, RESOLVE: Artigo 1º - TOMBAR o conjunto das edificações localizadas no perímetro formado pela Rua Borges de Figueiredo, Rua Monsenhor João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos (Setor 028, Quadra 046), bairro da Mooca, Subprefeituras da Mooca e da Sé, a seguir identificadas: 1. Antigas Officinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, situada na rua Monsenhor João Felipo nº 01 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0049), com as seguintes diretrizes: a) Preservação integral do conjunto de dezessete galpões modulares que fazem frente para a rua Borges de Figueiredo e do antigo escritório na esquina da rua Borges de Figueiredo com rua Monsenhor João Felipo (edifício 1), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; 2. Antigo conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba, (Setor 028, Quadra 046, Lote 0134), área situada na rua Borges de Figueiredo n° 300, com as seguintes diretrizes: a) Preservação dos galpões voltados para a ferrovia (edifício 2a), bem como dos prédios fabris situados na faixa central do terreno, correspondendo ao antigo conjunto das fábricas de óleo, sabão e glicerina (edifício 2b), incluindo os remanescentes

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de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; 3. Antigo conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba (Setor 028, Quadra 046, Lote 0112), área situada na rua Borges de Figueiredo n° 510, com as seguintes diretrizes: a) Preservação integral dos dois agrupamentos de armazéns voltados para a ferrovia, caracterizados pelos edifícios 3a e edifícios 3b, conforme desenho anexo; do prédio do antigo moinho de trigo (edifício 3c), situado na faixa central do lote, além dos prédios do antigo moinho de arroz (edifício 3d), da casa do guarda (edifício 3e) e algumas outras construções situadas no alinhamento com a rua Borges de Figueiredo (edifício 3f), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; b) Preservação do espaço descoberto central do lote (3g), incluindo: b.1. A área de permeabilidade que constitui a atual área verde e os elementos arbóreos de maior porte; b.2. As marcas remanescentes da localização dos antigos silos de trigo bem como os elevadores e outros equipamentos industriais.

4. Antigo conjunto de galpões e armazéns, situado na rua Borges de Figueiredo n° 964 a 1004 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0129), e n° 1030 a 1084 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0130) com as seguintes diretrizes: a) Preservação de todo o agrupamento de galpões voltado para a ferrovia (edifício 4a), para que permaneça constituindo o contínuo de armazéns, incluindo os remanescentes das fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; b) Preservação integral dos quatro galpões situados ao lado do lote 0057 (edifício 4b), incluindo os remanescentes das fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;

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5. Antigo conjunto de depósitos para café, posteriormente pertencentes à CEAGESP, situado na rua Borges de Figueiredo n° 1098 a 1250 (Setor 028, Quadra 046, Lotes 0057 a 0069), com as seguintes diretrizes: a) Preservação de todo o conjunto dos doze galpões modulares (edifício 5), em sua conformação unitária original, incluindo estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; 6. Antigo conjunto Sociedade Técnica Bremensis e Schmidt Trost, situado na rua Borges de Figueiredo n° 1294 e 1358 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0070), com as seguintes diretrizes: a) Preservar todo o conjunto com faces para a ferrovia e para a rua Borges de Figueiredo formado por cinco blocos contíguos centrais (edifícios 6a e 6b), além da portaria e da casa que configura a entrada do conjunto (edifício 6c), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; 7. Conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway, situado ao lado da Estação da Mooca, na avenida Presidente Wilson n° 1009 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0074), com as seguintes diretrizes: a) Preservação do conjunto formado pelos três galpões dispostos paralelamente à linha do trem (edifício 7a), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; b) Preservação do espaço que conforma a praça de acesso à estação de trem (espaço 7b), nas suas características atuais; c) Preservação dos equipamentos de apoio da ferrovia dispostos dentro do terreno (espaço 7c).

Artigo 2º - O gabarito máximo permitido para novas construções, reformas ou ampliações dentro dos limites dos lotes tombados será definido caso a caso, desde que não exceda o limite máximo de até 25 (vinte e cinco) metros de altura, de maneira a manter as referências na paisagem tanto das chaminés remanescentes,

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quanto das construções tombadas de maior porte, tal como o moinho de trigo dos antigos Grandes Moinhos Minetti Gamba.

Parágrafo Primeiro - Fica definida como diretriz de preservação a integridade, em todos os lotes, dos conjuntos arquitetônicos onde se situavam as docas de embarque e desembarque de mercadorias, bem como os ramais ferroviários em cota inferior, procedendo eventualmente a sua recuperação e remoção de construções anexadas e muros que cercam a via férrea dos conjuntos industriais.

Parágrafo Segundo - Fica definida como diretriz geral de preservação, em qualquer intervenção nos lotes, o respeito à característica de conjunto destas unidades fabris e de armazenamento, bem como da volumetria adequada à ambiência de todo o conjunto arquitetônico tombado.

Artigo 3º - A área envoltória de proteção, decorrente do tombamento de que trata a presente Resolução, é assim configurada:

Artigo 4º - Qualquer projeto ou intervenção, incluindo pequenos reparos, nos imóveis tombados identificados no Artigo 1º desta Resolução, deverá ser previamente analisada pelo DPH e aprovada pelo Conpresp.

Artigo 5º - Qualquer projeto ou intervenção nos imóveis definidos como área envoltória pelo Artigo 2º desta Resolução, que implique em alterações espaciais do lote (demolição, construção, reforma, ampliação, regularização, instalação

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de equipamentos), deverá ser previamente analisado pelo DPH e aprovado pelo Conpresp.

Artigo 6º - Fica a Secretaria Executiva do Conpresp autorizada a inscrever os referidos bens no Livro de Tombo respectivo, para os devidos efeitos legais.

Artigo 7º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, revogadas as disposições em contrário.

DOC 21/7/07 – p.62

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Anexo 2 â&#x20AC;&#x201C; Projeto original

Imagem da planta original da esquina e dos primeiros galpĂľes, arquiteto Jorge Krug.

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Imagem da planta original dos galpĂľes anexos, arquiteto Jorge Krug.

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